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INTRODUÇÃO

Este trabalho de investigação científica é fruto de uma pesquisa aturada em volta do


tema: Cultura e Tradição, sob orientação do Docente da Disciplina de Língua
Portuguesa procura-se de um modo não muito abrangente, mas de forma sucinta e
resumida para melhor entendimento do que se vai apresentar, espelhar todos os aspectos
inerentes ao tema.

Entende-se por cultura todo aquele complexo que inclui o conhecimento,


as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades
adquiridos pelo homem como membro da sociedade".

Assim, para se alcançar de modo pleno os objectivos de realização do presente


trabalho, traçou-se os seguintes objectivos gerais e específicos.

Objectivo Geral:

 Conhecer o o fenómeno cultural e a tradição como elementos caracterizadores


de um povo, uma nação e uma sociedade;

Objectivos Específico:

 Saber o que é a cultura, como se manifesta e se caracteriza na sociedade;


 Compreender o que é a tradição e como se manifesta;
 Determinar cada elemento constitutivo da cultura;
 Definir cada um dos conceitos de cultura e tradição;

O método criteriosamente acolhido na pesquisa é o da revisão bibliográfica, que


corresponde a pesquisa em livros e artigos científicos.

Quanto a estrutura do trabalho, inicialmente, temos a introdução, seguida do


referencial teórico, ou desenvolvimento, onde é espelhado e desenvolvido o trabalho na
íntegra, depois vem as conclusões, seguida das referências bibliográficas.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: TRADIÇÃO E CULTURA

1.1 Conceitos e Definições:

1.1.1 Cultura

Etimologicamente, a palavra cultura, provém do latim, é um conceito de várias


acepções, sendo a mais corrente, especialmente na antropologia, a definição genérica
formulada por Edward B. Tylorsegundo a qual cultura é "todo aquele complexo que
inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros
hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade".

Embora a definição de Tylor tenha sido problematizada e reformulada


constantemente, tornando a palavra "cultura" um conceito extremamente complexo e
impossível de ser fixado de modo único. Na Roma antiga, seu
antepassado etimológico tinha o sentido de "agricultura" (do latim culturae, que
significa “ação de tratar”, “cultivar” e "cultivar conhecimentos", o qual originou-se de
outro termo latino, colere, que quer dizer “cultivar as plantas”), significado que a
palavra mantém ainda hoje em determinados contextos, como empregado por Varrão,
por exemplo.

1.1.1.2 Cultura como Manifestação Artística de Um Povo:

A cultura é também comumente associada às formas de manifestação artística


e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão "Kultur"
– "cultura" – se aproxima mais desta definição).

Definições de "cultura" foram realizadas por Ralph Linton, Leslie


White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski e outros cientistas sociais. Em um
estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn encontraram, pelo menos, 167
definições diferentes para o termo "cultura". Clifford Geertz, discutia negativamente a
quantidade gigantesca de definições de cultura, considerando um progresso de grande
valor o desenvolvimento de um conceito que fosse coerente internamente e que tivesse
um argumento definido. Assim, definiu cultura como sendo um "padrão de significados
transmitidos historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções
herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam,
perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação a vida."

1.1.1.3 Cultura como factor de Desenvolvimento:

Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a


cultura, muitas vezes, se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons
costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização
foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura
se referia a um ideal de elite. Ela possibilitou o surgimento da dicotomia ( e,
eventualmente, hierarquização) entre "cultura erudita" e "cultura popular", melhor
representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário
das sociedades ocidentais.

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1.2 AS DIVERSAS ACEPÇÕES DO TERMO CULTURA
1.2.1 A Cultura nas Ciências Sociais:

Do ponto de vista das ciências sociais (isto é, da sociologia e da antropologia),


sobretudo conforme a formulação de Tylor, a cultura é um conjunto de ideias,
comportamentos, símbolos e práticas sociais artificiais (isto é, não naturais ou
biológicos) aprendidos de geração em geração por meio da vida em sociedade. Essa
definição geral pode sofrer mudanças de acordo com a perspectiva teórica do sociólogo
ou antropólogo em questão.

De acordo com Ralph Linton, "como termo geral, cultura significa a herança
social e total da Humanidade; como termo específico, uma cultura significa determinada
variante da herança social. Assim, cultura, como um todo, compõe-se de grande número
de culturas, cada uma das quais é característica de um certo grupo de indivíduos".
Enquanto a definição de Tylor é muito genérica, podendo causar confusão quando se
propõe uma reflexão mais aprofundada do que é cultura, outras definições são mais
restritivas. Os autores debatem se o termo se refere mais corretamente a ideias (Boas,
Malinowski, Linton), comportamentos (Kroeber) ou simbolização de comportamento,
incluindo a cultura material (L. White). Vale lembrar que, em algumas concepções de
cultura, o comportamento é apenas biológico, sendo a cultura a forma como esse
conjunto de fatores biológicos se apresentam nas sociedades humanas. Em outras
concepções (como onde cultura é entendida como conjunto de ideias), cultura exclui os
registros materiais dos homens como tais da classificação (ex. um sofá ou uma mesa
não seriam “cultura”) – posição fortemente criticada por White.
1.2.2 Na Filosofia:

Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a


natureza ou comportamento natural. No cotidiano das
sociedades civilizadas (especialmente a sociedade ocidental) e no vulgo costuma ser
associada à aquisição de conhecimentos e práticas de vida reconhecidas como melhores,
superiores, ou seja, erudição; este sentido normalmente se associa ao que é também
descrito como "alta cultura", e é empregado apenas no singular (não existem culturas,
apenas uma cultura ideal, à qual os homens indistintamente devem se enquadrar).
Dentro do contexto da filosofia, a cultura é um conjunto de respostas para melhor
satisfazer as necessidades e os desejos humanos.

Cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos


que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros. A cultura é o resultado
dos modos como os diversos grupos humanos foram resolvendo os seus problemas ao
longo da história. Cultura é criação. O homem não só recebe a cultura dos seus
antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura é um fator de
humanização. O homem só se torna homem porque vive no seio de um grupo cultural.
A cultura é um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e
que conferem sentido à vida dos seres humanos.

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1.2.3 Segundo a Antropologia

Antropologia - esta ciência entende a cultura como o totalidade de padrões


aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira de Edward
Burnett Tylor, sob a etnologia (ciência relativa especificamente do estudo da cultura) a
cultura seria "o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes
e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade".
Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus
costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência
e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.

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1.3 FENÓMENOS CULTURAIS

3.3.1 Mudanças Culturais:

A cultura é dinâmica. Como mecanismo adaptativo e cumulativo, a cultura sofre


mudanças. Traços se perdem, outros se adicionam, em velocidades distintas nas
diferentes sociedades. Dois mecanismos básicos permitem a mudança cultural:
a invenção ou introdução de novos conceitos, e a difusão de conceitos a partir de outras
culturas. Há também a descoberta, que é um tipo de mudança cultural originado pela
revelação de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide adotar.
A mudança acarreta normalmente em resistência. Visto que os aspectos da vida
cultural estão ligados entre si, a alteração mínima de somente um deles pode ocasionar
efeitos em todos os outros. Modificações na maneira de produzir podem, por exemplo,
interferir na escolha de membros para o governo ou na aplicação de leis. A resistência à
mudança representa uma vantagem, no sentido de que somente modificações realmente
proveitosas, e que sejam por isso inevitáveis, serão adotadas evitando o esforço da
sociedade em adotar, e depois rejeitar um novo conceito. O ambiente exerce um papel
fundamental sobre as mudanças culturais, embora não único: os homens mudam sua
maneira de encarar o mundo tanto por contingências ambientais quanto por
transformações da consciência social.

1.3.2 Cultura Pública


Segundo Bernhard Peters, cultura pública pode ser entendida como senso
comum, porém não no sentido pejorativo, e sim como um conjunto de símbolos e
sentidos disponíveis publicamente e compartilhados pela sociedade ou por uma
comunidade específica. Sendo assim, a cultura pública também se relaciona com a ideia
de comunicação pública, no sentido de ser livre de restrições ou condições e não ser
privada ou confidencial. A comunicação pública é o pano onde a cultura pública ganha
visibilidade e se desenvolve, pois é debatida e reproduzida.
A cultura pública pode ser discursiva ou expressiva. Ela será discursiva quando
se articular na Linguagem escrita ou falada e poderá ser contestada. Por outro lado, será
expressiva quando for articulada por meio de Símbolos não linguísticos, práticas
simbólicas e usos figurativos da linguagem.

1.3.3 Cultura Versos Entretenimento

Há uma relevante distinção entre cultura e entretenimento. Segundo Mario Vargas


Lhosa o objetivo do entretenimento é divertir e dar prazer, sem referenciais culturais
concretos. Sendo assim, pode-se conceber que haja entretenimento sem cultura.
Antigas culturas zelavam por suas tradições com o intuito de não se perder o registro de
dadas experiências vividas por aquele grupo humano, ou em outras palavras, com o
intuito de preservação de sua cultura. No entanto, este não é um costume de todos os
grupos humanos. Muitas vezes, o entretenimento substitui a cultura para um
determinado povo e assim muitas tradições culturais acabam por serem esquecidas.
Atualmente muitos organismos e iniciativas internacionais trabalham pelo resgate e
preservação da cultura de distintos povos.
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3.4 TIPOS DE CULTURAS

Cultura de Massa:

Cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo


como ponto de partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. É transmitida sem
considerar as especificidades locais ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos. Esse
comportamento típico do capitalismo, foi expandido de maneira drástica a partir dos
séculos XIX e XX.

Cultura Erudita:

Diferente da cultura de massa, a cultura erudita é resultado do conhecimento


adquirido por meio da pesquisa e do estudo nos mais diferentes campos.
Não é ofertado massivamente, está disponível a poucos e representa uma forma de
diferenciação social permitida pelo acesso ao conhecimento.

Cultura Popular:

A cultura popular está intimamente relacionada com as tradições e os saberes, os


quais são determinados pelo povo.
Em oposição à cultura erudita, ocorre de forma espontânea e orgânica. Portanto, ela não
está associada aos equipamentos culturais, por exemplo, museus, cinemas, bibliotecas,
etc.

Cultura Material

É um campo de estudos interdisciplinares que examina a relação existente entre


pessoas, coisas, a história dos objetos, a fabricação e preservação. Na prática, foca nas
disciplinas como museologia, arqueologia, antropologia e história da arte.
Também são alvo de estudos os elementos arquitetônicos, a literatura, objetos de uso
pessoal e coletivo.

Cultura imaterial

Trata dos elementos que não têm um resultado material. Como exemplos,
podemos citar as tradições, as festas populares, os saberes e valores partilhados por um
grupo social, sua música e dança, as comidas, lendas e até mesmo o “jeito de ser” de
uma população.

Cultura Corporal

A cultura corporal analisa o comportamento dos seres humanos em seus mais


diferentes grupos. Reúne as práticas relacionadas ao movimento, como danças, jogos,
atividades, medicina, comportamento sexual e festividades.
Cultura Organizacional

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3.5 CULTURA ANGOLANA

A cultura angolana é por um lado tributária das etnias que se constituíram no


país há séculos - principalmente
os Ovimbundu, Ambundu, Bakongo, Côkwe e Ovambo. Por outro lado, Portugal esteve
presente na região de Luanda e mais tarde também em Benguela a partir do séculos
XVI, ocupando o território correspondente à Angola de hoje durante o século XIX e
mantendo o controle da região até 1975. Esta presença redundou em fortes influências
culturais, a começar pela introdução da língua língua portuguesa e do cristianismo. Esta
influência nota-se particularmente nas cidades onde hoje vive mais de metade da
população. No lento processo de formação uma sociedade abrangente e coesa em
Angola, que continua até hoje, registam-se por tudo isto "ingredientes" culturais muito
diversos, em constelações que variam de região para região.
Origem: O continente africano é considerado como o berço da humanidade. O
território do actual estado angolano, é habitado desde o PaleolíticoSuperior, como
indica a presença dos numerosos vestígios desses povos recolectores dos quais se deve
salientar a existência de numerosas pinturas rupestres que se espalham ao longo do
território. Os seus descendentes, os povos San ou Khm, também conhecidos pela
palavra bantu mukankala (escravo) foram empurrados pelos invasores posteriores, os
bantu, para as areias do deserto do Namibe. Estes povos invasores, caçadores,
provinham do norte, provavelmente da região onde hoje estão a Nigéria e Camarões.
Em vagas sucessivas, os povosbantu começaram a alcançar alguma estabilização e a
dominar novas técnicas como a metalurgia, a cerâmica e a agricultura, criando-se a
partir de então as primeiras comunidades agrícolas. Esse processo de fixação vai até aos
nossos dias, como é o caso do povo Côkwe ouKioko, que em pleno século XX se
espalhou pelas terras dos povos designados como Ganguela.
A fase de estruturação dos grupos étnicos e a consequente formação de reinos,
que teriam começado a ficar autónomos, decorreu sobretudo até ao século XIII. Por
volta de 1400, surgiu o Reino do Kongo. Mais tarde destacou-se deste, no sul, o Reino
do Ndongo. O mais poderoso foi oReino do Kongo, assim chamado por causa do
povo Kongo que vivia, então como agora, nas duas margens do curso final do Rio
Kongo. OMani Kongo, ou rei Kongo, tinha autoridade sobre o noroeste da
moderna Angola, governando através de chefes menores responsáveis pelas províncias.
O Reino do Ndongo era habitado pela etnia Ambundu, e o seu rei tinha o título
de Ngola. Daí a origem do nome do país. Outros reinos menores também se formaram
nesse período. Os reinos surgem da efectivação de um poder centralizado num chefe de
linhagem (Mani, palavra de origem bantu) que ganhou o respeito da comunidade com
seu prestígio e poder económico. Os reinos começam a conquistar autonomia
provavelmente a partir do século XII.

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1.6 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA

Entre as principais características da cultura, podemos destacar:


Mecanismo adaptativo: significa que os indivíduos são capazes de mudar seus
hábitos para se adaptarem ao meio onde vivem, o que produz manifestações e mudanças
culturais;

Mecanismo cumulativo: as gerações mais antigas transmitem esse conjunto de


conhecimentos às gerações seguintes, criando uma continuidade dos costumes naquele
grupo. Nessa transmissão, a cultura perde alguns elementos, mas incorpora outros
aspectos, sendo transformada;

Transformação permanente: a cultura não é estática, pois é influenciada por


novos hábitos e maneiras de pensar que surgem com o desenvolvimento do ser humano
e da própria sociedade.

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2. TRADIÇÃO

2.1 Conceito e Definições:

2.1.1 Tradição:
O Termo tradição provém do latim, traditio, tradere = "entregar", "passar
adiante") é a continuidade ou permanência de uma doutrina, visão de
mundo, costumes e valores de um grupo social ou escola de pensamento.
Ao nível da etnografia, a tradição revela um conjunto
de costumes, comportamentos, memórias, rumores, crenças, lendas, música, práticas, do
utrinas e leisque são transmitidos para pessoas de uma comunidade, sendo que os
elementos passam a fazer parte da cultura.
O italiano Julius Evola, citando António Sardinha em nota que consta de sua
obra "Os homens e as ruínas", salienta que o pensador português acertou ao afirmar que
a Tradição não é apenas o Passado, mas, antes, a "permanência no desenvolvimento", a
"permanência na continuidade'".

Ainda, no ponto de vista dos latinos “latim” traditĭo, a tradição é o conjunto


de bens culturais que se transmite de geração em geração no seio de uma comunidade.
Trata-se de valores, costumes e manifestações que são conservados pelo facto de serem
considerados valiosos aos olhos da sociedade e que se pretende incutir às novas
gerações.

A tradição, por conseguinte, é algo que se herda e que faz parte da identidade
cultural e social. A arte característica de um grupo social, nomeadamente a sua música,
as suas danças, os seus contos e provérbios, faz parte do que é tradicional, à semelhança
da gastronomia.

O folclore e tudo o que é considerado como fazendo parte da sabedoria popular


também pertencem à tradição. Convém destacar que, muitas das vezes, a tradição é
associada ao conservadorismo, pois implica manter, ao longo do tempo, determinados
valores. Neste sentido, tudo aquilo que não é tradicional pode ser encarado como algo
de estranho ou não convencional.

2.2.2 A Tradição do Ponto de Vista Sociológico:

Os sociólogos assinalam, porém, que a tradição deve ser capaz de se renovar e


de se actualizar de modo a manter o seu valor e a sua utilidade. Posto isto, uma tradição
pode perfeitamente adquirir novas expressões sem ter necessariamente de perder a sua
essência.

Por exemplo: comer ovos de chocolate na Páscoa ou bacalhau no Natal, almoçar


em casa dos pais ou dos sogros ao Domingo ou ainda vestir-se de preto durante o luto
são algumas das tradições que ainda perduram em vários países.
No âmbito do direito, a tradição é o acto que consiste em entregar uma coisa a uma
pessoa física ou jurídica. Neste sentido, a tradição pode constituir um modo de
transferência.

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2.2 A TRADIÇÃO COMO O APANÁGIO DA RELIGIÃO

Para muitas religiões, a tradição é o fundamento, conservado de forma oral ou


escrita, dos seus conhecimentos acerca de Deus e do Mundo, dos seus preceitos
culturais ou éticos.

Em grego, na acepção religiosa do termo, corresponde à


expressão paradosis (παραδοσις), que é a transmissão de práticas e de
valores espirituais, ou o conjunto das crenças, que são conservados e seguidos com
respeito ao longo de muito tempo entre diferentes famílias.

Baseia-se em dois pressupostos antropológicos: a) as pessoas são mortais; b) a


necessidade de haver um nexo de conhecimento entre as gerações.

A tradição toma feições peculiares em cada crença e mesmo pode-se destacar a


sua forte presença nos grandes grupos
religiosos: judaísmo, cristianismo, islamismo, hinduísmo.
Segundo a doutrina católica, a transmissão ininterrupta e fiel da Revelação divina e
imutável fez-se, com a assistência sobrenatural do Espírito Santo, por uma dupla
tradição (que em latim significa entrega ou ato de confiar; confira II
Tessalonicenses 2,15):

Tradição oral, radicada essencialmente no testemunho dos apóstolos à revelação


de Jesus Cristo, aos quais Jesus "deixou o encargo de levar
o Evangelho da Salvação a todas as criaturas, testemunho depois assumido" e
transmitido pelos bispos, unidos com o Papa, que são os autênticos sucessores
dos doze Apóstolos.

Tradição escrita ou a Bíblia, que são produto do registo escrito da tradição oral
pelos quatro evangelistas e outros escritores sagrados, sempre inspirados pelo
Espírito Santo.

Nem toda a tradição oral foi registada, sendo ela hoje ainda transmitida de
geração para geração pelos Bispos em união com o Papa. A Tradição, seja ela oral ou
escrita, é interpretada e aprofundada autêntica e progressivamente, à luz da Revelação,
pela Igreja Católica. Foi com base nesta interpretação que a Igreja "definiu quais os
livros que fazem parte do cânone das Escrituras". Esta autoridade de poder interpretar a
tradição e consequentemente de formular dogmas e outras doutrinas chama-se
"magistério".

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CONCLUSÃO

Chegamos a conclusão que a cultura envolve um conjunto multidimensional e


diversificado de fatores que nos permitem compreender as sociedades humanas no seu
específico contexto espacial e temporal.

As crenças, os valores, as tradições, os costumes, a linguagem, a comunicação, a


organização social, a ciência e a tecnologia e a arte nas suas mais variadas formas de
expressão, constituem um amplo acervo de manifestações culturais.

Através da educação, da aprendizagem e de outros mecanismos de adaptação e


conformação sociais, os elementos culturais vão sendo transmitidos de geração em
geração formando um conjunto estruturado e coerente em que cada pessoa é
simultaneamente recetora e produtora de cultura.

No entanto, também entendemos que o substantivo tradição provém do


latim traditio, de tradere, que finalmente, deu origem ao comum verbo trazer em
português. Fazendo uma interpretação imediata deste trajecto etimológico, podemos
concluir que a tradição consiste em um aspecto do imaginário que se traz consigo desde
muito atrás. E o que se proferiu em relação a essa sumúla que nós portamos do antanho,
permanece, outrossim, válido para os citados legados tradicionais, que consistem em
continuidades e rupturas na citada tradição.

Ao senso comum, a resposta parece óbvia, para ele, a referida tradição e seus
legados estão relacionados com o acervo cultural que levamos connosco, da língua, à
cozinha, às instituições, como relações de parentesco a técnicas de abrigo, de trabalho e
de defesa, dentre demais elementos, como crenças religiosas.

As gentes trazem consigo, em sua memória colectiva e individual, esse vasto e


compósito capital e o transmitem umas às outras de geração em geração.

Deste jeito, agora já segundo a interpretação do antropólogo, ela se reportará


obviamente ao passado e chega a nós, antes de tudo, pela via oral. Ela nos relata os
mitos acerca das origens do universo, dos homens, os arquétipos que estes acarretam, a
importância dos heróis fundadores e dos antepassados, as divindades da natureza, a
religião, a magia, as suas representações mentais, os cultos da vida e da morte, o
sagrado e o profano, os seus vínculos com os costumes e hábitos do quotidiano e tantas
outras coisas que, no conjunto, definem a indentidade de um grupo social específico.

Neste contexto da tradição, o peso do mito e das suas linguagens, se torna ainda
mais claro para nós, quando descobrimos que ele nos mostra os laços fundamentais
entre os seres humanos e o cosmos que nos rodeia e de que fazemos parte. Por causa de
significado que nos transcende, o mito comanda os ritos, que incluem no campo social
actos, que se repetem quase espontaneamente, e determinam as cerimónias decisivas, no
campo do sacro, da vida, portanto do corpo e do espírito, como o nascimento, a
iniciação, a doença, o extraordinário ou o óbito e até em âmbito mais profano, a etiqueta
na relação com um mais-velho ou um superior. Desta argumentação, se infere que a
tradição e os seus legados se convertem em traço essencial de uma qualquer cultura que
os recebem, como que inconscientemente, do passado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AYALA, M. e AYALA, M.I. Cultura popular no Brasil. São Paulo, Ática, 1987.

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DIAS Jill, 1998, «Angola» in Valentim Alexandre e Jill Dias (coords.), Império
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FREUDENTHAL Aida, 2001, «Angola», in A. H. de Oliveira Marques (coord.), O


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dirigida por Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques. Lisboa, Editorial Estampa, pp.
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soziologie und historischen kasuistik der umsturtzbewegungen. Berlin, Dietrich Reimer
Verlag.

RANDLES W. G. L., 1968, L’ancien royaume du Congo dès origines à la fin du XIX
siècle. Paris - La Haye, Mouton & Co.

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
Objectivo Geral: ...................................................................................................................... 1
Objectivos Específico: ............................................................................................................. 1
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: TRADIÇÃO E CULTURA ....................................... 2
1.1 Conceitos e Definições:................................................................................................ 2
1.1.1 Cultura ................................................................................................................... 2
1.1.1.2 Cultura como Manifestação Artística de Um Povo: ............................................. 2
1.1.1.3 Cultura como factor de Desenvolvimento: ............................................................ 2
1.2 AS DIVERSAS ACEPÇÕES DO TERMO CULTURA .............................................. 3
1.2.1 A Cultura nas Ciências Sociais: ................................................................................ 3
1.2.2 Na Filosofia: ................................................................................................................. 3
1.2.3 Segundo a Antropologia ............................................................................................... 4
1.3 FENÓMENOS CULTURAIS......................................................................................... 5
3.3.1 Mudanças Culturais:............................................................................................... 5
1.3.2 Cultura Pública ................................................................................................................. 5
1.3.3 Cultura Versos Entretenimento .................................................................................... 5
3.4 TIPOS DE CULTURAS ................................................................................................. 6
Cultura de Massa: ................................................................................................................... 6
Cultura Erudita:...................................................................................................................... 6
Cultura Popular: ..................................................................................................................... 6
Cultura Material ..................................................................................................................... 6
Cultura imaterial ..................................................................................................................... 6
Cultura Corporal .................................................................................................................... 6
3.5 CULTURA ANGOLANA ....................................................................................................... 7
1.6 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA .................................................................................. 8
2. TRADIÇÃO ......................................................................................................................... 9
2.1 Conceito e Definições: ................................................................................................. 9
2.1.1 Tradição: ............................................................................................................... 9
2.2.2 A Tradição do Ponto de Vista Sociológico: .............................................................. 9
2.2 A TRADIÇÃO COMO O APANÁGIO DA RELIGIÃO ...................................... 10
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 12

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