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Condenada por corrupção,

ex-juíza federal cumpre


pena em 'prisão das
estrelas' de SP
Maria Cristina de Luca Barongeno favoreceu empresas com
dívidas milionárias em sentenças

27.mai.2019 às 8h00

Frederico Vasconcelos

SÃO PAULO Condenada em 2016 a seis anos e oito meses de prisão por
corrupção passiva, a ex-juíza federal Maria Cristina de Luca
Barongeno (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1800111-tribunal-manda-prender-juiza-por-
venda-de-sentencas.shtml) cumpre pena desde março deste ano no presídio

feminino de Tremembé, na região do Vale do Paraíba, em São Paulo.

A prisão no interior paulista concentra criminosos sob risco de


morte em unidades prisionais padrão, como Suzane von Richthofen
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/05/suzane-e-jatoba-deixam-presidio-para-o-dia-das-maes-

entenda-o-beneficio.shtml), condenada pela morte dos pais, e Anna Carolina


Jatobá (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/03/livro-aponta-uma-serie-de-falhas-na-apuracao-
oficial-do-caso-isabella.shtml), condenada pela morte de Isabella Nardoni. 

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região havia decretado a sua


aposentadoria compulsória em 2009, mas ela recorreu em
liberdade.

Trata-se do terceiro magistrado a cumprir pena a partir de fatos


revelados pela Folha desde 1999, quando a corrupção no Judiciário
foi definida como uma das prioridades nas investigações
jornalísticas.

A então juíza federal Maria Cristina Barongeno em seu escritório em São Paulo - Moacyr
Lopes Junior - 22.ago.2000/Folhapress

Maria Cristina foi investigada na Operação Têmis, que desbaratou,


em 2007, uma quadrilha de advogados e empresários que negociava
a venda de sentenças para burlar o fisco. A magistrada foi acusada
de receber um veículo que pertencia a um dos advogados.

Em 2016, o TRF-3 determinou a perda do cargo e a prisão dela em


regime inicial semiaberto. Com isso, ela pode trabalhar durante o
dia, em uma colônia agrícola, e retornar ao presídio à noite.

Dois anos depois, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo


Tribunal Federal, indeferiu pedido para suspender a decisão do
ministro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça, que
determinara o início imediato da execução provisória da pena.

O último recurso contra a prisão foi rejeitado pelo STJ em fevereiro


deste ano. A partir de então, a Polícia Federal fez várias buscas nas
fazendas da família dela em Mato Grosso do Sul. Um mês depois, ela
se apresentou à Polícia Federal, em São Paulo.

Então titular da 23ª Vara Federal Cível, Maria Cristina havia sido
denunciada sob a acusação de agir em cumplicidade com advogados
—entre os quais seu pai, Joaquim Barongeno. Ela proferia sentenças
favorecendo empresas com dívidas milionárias junto à Fazenda
Pública e à Previdência Social.

Um advogado propunha ação, em nome de um laranja, com pedido


de liminar para usar apólices da dívida pública do início do século
20, os chamados "títulos podres", já prescritos.

Quando a ação era distribuída para a vara de Maria Cristina, ela


concedia liminar, autorizando a utilização dos títulos para
liquidação de débitos, suspensão de cobranças ou compensação de
créditos.

Em seguida, advogados incluíam na ação empresas que passavam a


se beneficiar da liminar. Com isso, obtinham certidões negativas de
débito, o que lhes permitia emitir notas fiscais, para acobertar
outras operações e participar de licitações públicas.

Em um dos casos, uma professora aposentada, portadora de


antigas apólices da dívida pública, cedeu parte dos títulos para
empresas, entre as quais o frigorífico Friboi, do Grupo JBS —
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, investigados anos depois na
Lava Jato.

O pai de Maria Cristina, Joaquim Barongeno, que prestou serviços


de advocacia à Friboi, também foi denunciado. A juíza não se
declarou suspeita para julgar as ações da Friboi e, em
2002, concedeu liminar à empresa para usar títulos emitidos em
1932 pela "Cie. Du Chemin de Fer Victoria a Minas", suspendendo a
cobrança de tributos ou de contribuições previdenciárias da filial do
frigorífico em Andradina (SP).

O prazo para resgate, nos bancos, de títulos emitidos em francos


pelo governo brasileiro na França havia se esgotado em 1951. O
advogado Francisco de Assis e Silva, do Grupo JBS-Friboi, afirmou à
Folha, na época, que Joaquim Barongeno não era advogado da
empresa nos processos na 23ª Vara Federal Cível. Ele foi excluído do
processo que condenou a filha.

Procurados agora, os advogados da ex-juíza não quiseram se


manifestar.

OUTROS JUÍZES CONDENADOS

Além de Maria Cristina de Luca Barongeno, dois outros juízes


federais foram condenados à prisão a partir de reportagens da
Folha: João Carlos da Rocha Mattos e Paulo Theotonio Costa.
O jornal antecipou investigações sobre o então juiz Rocha Mattos
(https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2018/05/16/stf-nega-habeas-corpus-a-rocha-mattos/), que
foram confirmadas em 2003, quando a Operação Anaconda
desbaratou uma quadrilha que negociava sentenças judiciais. Rocha
Mattos foi acusado de ser o mentor da organização.

O então juiz foi preso e condenado a 12 anos de prisão. Ficou cerca


de oito anos em regime fechado, passando para prisão domiciliar
em 2011. Em 2006, também foi condenado por peculato a quatro
anos e seis meses de reclusão. Em 2015, foi condenado a 17 anos de
prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Foragido da Justiça e alvo de dois mandados de prisão, o agora ex-


juiz foi preso em 2016, no seu apartamento, no centro de São Paulo.
Foi transferido para o Cadeião de Pinheiros, na zona oeste.

Em 1999, a Folha revelou que o então juiz federal Paulo Theotonio


Costa (https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2019/02/16/personagem-do-livro-juizes-no-banco-dos-
reus-e-condenado-por-lavagem/), do TRF-3, ostentava um patrimônio que
contrastava com o padrão comum de magistrados.

Ele era proprietário da "Morada dos Pássaros", conjunto residencial


de sete prédios, e de uma fazenda, em Campo Grande (MS). Possuía
imóveis na cidade de São Paulo e em um condomínio em Guarujá
(SP).

Em 2008, foi condenado a três anos de reclusão, em regime aberto,


por corrupção passiva. Ele distribuiu para si, fraudulentamente, um
recurso do Bamerindus, beneficiando o banco com a compensação
parcial de créditos no valor de R$ 150 milhões.

Um advogado amigo do então juiz, Ismael Medeiros, subscreveu o


recurso, tendo recebido R$ 1,5 milhão. Parte foi repassada sob a
simulação de empréstimo a empresas de Theotonio Costa.
Em setembro de 2015, a Justiça Federal declarou extinta a
punibilidade de Theotonio Costa, que cumprira metade da pena
imposta, em regime aberto, tendo recolhido a multa aplicada.

Pelos mesmos fatos, em fevereiro deste ano, o juiz federal Bruno


Cezar da Cunha Teixeira, de Campo Grande, condenou Theotonio
Costa a oito anos de prisão, em regime fechado, pelo crime de
lavagem de dinheiro.

O juiz sustentou que os empréstimos de Ismael Medeiros “são


perfeitamente legítimos e foram quitados”. Cabe recurso da decisão.

ENDEREÇO DA PÁGINA

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/condenada-por-
corrupcao-ex-juiza-federal-cumpre-pena-em-prisao-das-estrelas-de-
sp.shtml

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