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Sumário
1 - O Pai-Nosso e Nova Aliança.......................................................................................................................2
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1 - O Pai-Nosso e Nova Aliança
Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes
repetirem de cor e de modo completo. Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus
apenas quis transmitir-lhes um conjunto de ensinamentos, a fim de eles aprenderem a
falar com Deus com critérios de Nova Aliança.
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Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus quis ensiná-los a falar com Deus
tal como ele falava com o seu Pai querido. Por outras palavras, o Pai-Nosso reúne um
conjunto de critérios capazes de fazer que a oração dos discípulos se processe em
forma de uma oração com sabor a Nova Aliança.
São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são
filhos e herdeiros em relação a Deus Pai e co-herdeiros em relação ao Filho de Deus
(Rm 8, 14-17; cf. Gal 4, 4-7). Por outras palavras, ao ensinar o Pai-Nosso aos
discípulos, Jesus quis que eles se sentissem membros da Família de Deus.
É como membros da Família que nós devemos dialogar com Deus. É o próprio
Espírito Santo que nos convida a orar, introduzindo-nos no próprio diálogo de Deus
com seu Filho. Eis alguns aspectos teológicos importantes que a oração do Pai-Nosso
nos transmite:
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2 - Pai-Nosso que Estais no Céu.
A bíblia diz que Deus é amor (1 Jo 4, 7). Por outras palavras, Deus pode tudo o
que o amor pode realizar, pois Deus é amor omnipotente. No entanto, Deus não pode
negar-se a si mesmo e, portanto, não pode nada contra o amor.
Por ser amor, Deus está a exprimir-se sempre de maneira nova. Nunca se
repete. Além disso, o amor é essencialmente inventivo e criador. Eis a razão pela qual
Deus, ainda antes de ter iniciado a génese criadora do Universo, já era um Deus
Criador. O Amor, de facto é criador e inesgotável, pois tem a capacidade de se auto
alimentar e, portanto, de nunca se esgotar. Por outras palavras, o amor é sempre novo,
pois manifesta-se em atitudes que não se repetem.
Antes do início da marcha criadora, o Céu era uma comunhão amorosa de Três
pessoas. Actualmente é uma comunhão de três pessoas divinas, milhões de pessoas
humanas e outras que possam existir.
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3 - Santificado Seja o Vosso Nome
Eis a razão pela qual não podemos nomear Deus, pois não nos é possível
abarcar a sua plenitude. Eis as palavras os Livro do Êxodo: “Deus disse a Moisés: Eu
sou aquele que sou” (Ex 3, 14). Moisés entendeu estas palavras como sendo o modo
de Deus dizer que o seu jeito de ser é estar sempre a ser sem nunca se repetir.
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4 - Venha a Nós o Vosso Reino
Esta foi a grande aspiração do povo Hebreu durante cerca de mil anos. Tudo
começou quando o profeta Natã anunciou a David que o Senhor Deus lhe ia suscitar
um filho, o qual construiria um templo para Deus e reinaria com grande poder e
majestade. Deus prometeu a David adoptar este seu filho como filho de Deus,
fazendo que o seu reino permaneça para sempre (2 Sam 7, 12-16).
Esta expectativa permaneceu até à vinda de Jesus. Eis as palavras que o anjo
comunica a Maria no momento em que lhe comunica que ela vai ser a mãe do
Messias: “Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele
será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de
seu Pai David. Reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá
fim” (Lc 1, 30-33).
“Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em
dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler. Entregaram-lhe o livro do profeta
Isaías e, desenrolando-o deparou com a passagem em que está escrito: “O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista.
Enviou-me para libertar os oprimidos e a proclamar um ano favorável do Senhor
(…). Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que
acabais de ouvir” (Lc 4, 18-21).
Era normal que, perante uma compreensão destas eles aspirassem aos lugares
mais importantes na corte messiânica. E foi assim que Tiago e João seu irmão se
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dirigiram a Jesus pedindo-lhe que lhes cedesse os dois lugares mais importante na
corte. Os outros dez, ao verem este comportamento começaram a protestar.
No evangelho de São João, Jesus afirma que ele e o Pai fazem um (Jo 10, 30).
Por outro lado, Jesus faz com a Humanidade uma união orgânica, pois ele é a cepa da
videira da qual nós somos os ramos (Jo15, 1-7). A união orgânica que nos une a Jesus
Cristo é idêntica, diz o evangelho de São João, à união que existe entre Cristo e o Pai.
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“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me
come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).
Podemos dizer que o Reino de Deus é a plenitude da Vida Eterna com o nosso
Deus, como diz o Apocalipse: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra. O primeiro
céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi descer do céu, de
junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, preparada, qual noiva adornada
para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a
morada de Deus entre os homens. Ele habitará com os homens, e estes serão o seu
povo. Deus será o seu Deus e estará com eles enxugando todas as lágrimas dos seus
olhos. Então não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor, pois as primeiras
coisas passaram. O que estava sentado no trono disse: eu renovo todas as coisas” (Jo
21, 1-5).
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5 - Que a Vossa Vontade se Faça
A vontade de Deus a nosso respeito é a nossa salvação, diz a Carta aos Hebreus
(Heb 10, 9-10). O universo não é uma pessoa, mas o Homem emergiu nesta terra
pequenina como um ser que faz parte da cúpula personalizada do Universo. Isto
torna-se mais fácil de entender se tivermos presente que a génese do Universo é obra
de Deus.
Deus é três pessoas em comunhão amorosa. Podemos dizer que o Universo traz
consigo as impressões digitais do seu Criador. Na verdade, ainda antes de existir o
Universo já existia o Amor, dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e
como meta a comunhão familiar de três pessoas.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Eu desci do céu, não para
fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. A sua vontade é esta:
que eu não perca nenhum daqueles que me deu, mas o ressuscite no último dia.
Portanto, a vontade do meu Pai é esta: que todo aquele que vê o filho e crê nele tenha
a vida eterna. E eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6, 38-40).
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6 - O Pão Nosso de Cada Dia nos Dai Hoje
A pessoa não precisa apenas do pão material. Necessita também, dizia Jesus, da
Palavra de Deus, a qual é a fonte de sabedoria que conduz à comunhão e à
fraternidade universal (Mt 4, 3-4; Lc 4, 4). O milagre da multiplicação dos pães
ensina-nos que, no gesto da partilha, o pão chega para todos e ainda sobra (Mt 14, 15-
20; Mc 6, 31-34; Lc 9, 10-17; Jo 6, 1-13). Eis a razão pela qual Jesus se recusou a
transformar as pedras em pão. Fazer isto seria negar a verdade da providência de
Deus e da abundância que brota da partilha.
Na leitura teológica que São João faz da multiplicação dos pães, a partilha
conduz os seres humanos ao essencial que é a abundância, a comunhão fraterna, a
qual culmina na comunhão com Deus: “Vós procurais-me, não por teres entendido os
sinais de Deus, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Ponde o vosso
empenho, não no alimento que perece, mas no que perdura para a vida eterna. É este
o alimento que o Filho do Homem vos dará (...). Não foi Moisés que vos deu o pão
do céu. O meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu, aquele que desce do céu e
dá a vida ao mundo (...). Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome.
Quem crê em mim jamais terá sede (Jo 6, 26-35). A plenitude da pessoa não está em
si, mas na comunhão. Reduzida a si, a pessoa está em estado de malogro ou perdição.
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7 - Perdoai-nos as Nossas Ofensas
Esta afirmação não significa que Deus só nos perdoa na medida em que
perdoamos. Se assim fosse nunca estaríamos plenamente perdoados. Esta afirmação
do Pai-Nosso significa é algo de muito profundo, isto é, o mistério da reciprocidade.
Deus é amor e, portanto, perdão incondicional. Mas o Homem só é capaz de se
apropriar deste dom incondicional na medida em que ele mesmo caminha no sentido
da reconciliação e do perdão.
Por outras palavras, ninguém chega de modo isolado à comunhão com Deus. É
na medida em que fazemos uma comunhão orgânica com Cristo que damos fruto e
atingimos a meta da comunhão com o Pai: “Porque se perdoardes aos vossos irmãos
as suas ofensas, também o vosso pai celeste vos perdoará. Se, porém, não perdoardes
aos vossos irmãos as suas ofensas, também o vosso Pai do Céu vos não perdoará as
vossas ofensas” (Mt 6, 14-15).
Isto quer dizer que o nosso coração é capaz de comungar com Deus na medida
em que comunga com os irmãos. Na medida em que procurarmos viver a dinâmica da
reconciliação com os irmãos, o perdão de Deus é pleno e incondicional: Eis as
palavras da Segunda Carta aos Coríntios: “Se alguém está em Cristo é uma nova
criação, pois o que era velho passou. E tudo isto nos vem de Deus que nos
reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens”
(2 Cor 5, 17-19). Quando estávamos mortos pelos nossos pecados, diz São Paulo,
Deus vivificou-nos em Cristo, perdoando-nos e reconciliando-nos consigo (Col 2,
13).
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8 - Não nos Deixeis Cair em Tentação.
Pedir a Deus que não nos deixe cair na tentação é o mesmo que pedir ao
Espírito Santo que não nos deixe ficar enredados nos meandros subtis da tentação. Na
verdade, a vitória sobre a tentação foi-nos oferecida por Jesus Cristo ressuscitado,
mediante o dom do Espírito Santo. No entanto, o Espírito Santo não se nos impõe.
Por outras palavras, o Espírito Santo não nos substitui: interpela, ilumina, chama e
convida no íntimo da nossa consciência.
São Paulo deu provas de entender muito bem a dinâmica do Espírito Santo em
nós quando disse que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos
corações (Rm 5, 5). Como sabemos, é o Espírito Santo quem faz ecoar no nosso
coração a Palavra de Deus. Isto quer dizer que é ele quem nos capacita para
valorizarmos as coisas e os acontecimentos segundo os critérios de Deus e não
segundo as insinuações da tentação.
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9 - Mas Livrai-nos do Mal.
Mal é tudo o que impede O Homem de emergir na sua riqueza de pessoa livre,
consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa. Por outras palavras, mal é
tudo o que impede ou bloqueia a humanização do Homem. A lei da humanização é a
seguinte: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a
comunhão universal.” Por emergência pessoal devemos entender crescimento da
pessoa na sua densidade pessoal-espiritual e na sua capacidade e interagir
amorosamente.
Eis a razão pela qual o mal é tudo o que impede a humanização do Homem,
bloqueando ou condicionando as suas possibilidades de comungar eternamente na
Família de Deus. O mal moral, isto é, o pecado, é a recusa da pessoa a ser mais
humana através do amor. Recusar a sua humanização é recusar-se a ser mais pessoa e,
portanto, empobrecer as suas possibilidades de comunhão com as demais pessoas
humanas e as divinas. O mal moral ou o pecado tem consequências eternas, pois
limita a nossa participação na festa do Reino de Deus.
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