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ANUÁRIO ESTATÍSTICO

ABRACOPEL
ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA
2019 - ANO BASE 2018
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA
OS PERIGOS DA ELETRICIDADE
ABRACOPEL
Presidência
Gilberto Alvarenga

Diretoria Executiva
Edson Martinho
Meire Biudes Martinho
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA
OS PERIGOS DA ELETRICIDADE
ABRACOPEL

Escritório Central
Rua Europa, 1464,
Jardim Celani – CEP: 13326-110
Salto/SP – Brasil
www.abracopel.org.br
Tel: (55-11) 94114-9559
E-mail: abracopel@abracopel.org.br
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DIRETORIAS REGIONAIS
Rio de Janeiro
Fernando Pinto

Bahia
Antonio José Silva de Souza
Pernambuco
Antiógenes Cordeiro
Rio Grande do Norte
Walquiria Joseane da Silva
Alagoas
João Macário de Omena Netto
Equipe editorial
Meire Biudes Martinho
Execução
Associação Brasileira de Conscientização para os
Perigos da Eletricidade (Abracopel)
Colaboração
Procobre- Instituto Brasileiro do Cobre
APRESENTAÇÃO
O Anuário Estatístico apresenta a evolução dos
acidentes de origem elétrica no país, com dados
de 2018, oferecendo à sociedade brasileira, ao
setor de energia e ao poder público um importante
instrumento de referência sobre os riscos inerentes
à eletricidade, especialmente os relacionados às
instalações elétricas e ao seu manuseio.
Concebido em 2013, o Anuário resguarda seu
objetivo inicial de conscientizar (i) a população
sobre a importância de renovar as instalações
elétricas residenciais e comerciais para que a
rotina de quem lida com a eletricidade seja segura;
(ii) as concessionárias de energia para promover
técnicas, modelos e padrões que possam ser
adotados por seus colaboradores, a fim de que
estejam protegidos ao manusear as redes de
distribuição e transmissão de eletricidade e; (iii) as
autoridades municipais, estaduais e federais, entre
outras entidades, sobre a necessidade de atualizar
parâmetros e regras referentes às instalações
elétricas - inclusive quanto ao uso de materiais
certificados - e reforçar a fiscalização, de forma
a prevenir incêndios por sobrecarga e omissões
quanto à regulamentação elétrica vigente.
Tais objetivos não perdem de vista suprir a falta
de informações consolidadas, sistematizadas e
confiáveis a que o Anuário se propõe ao compilar
e analisar na sua publicação os dados de natureza
estatística e geográfica, levando ainda em conta
aspectos sociais e demográficos, entre outros
recortes necessários para o conhecimento
ordenado dos acidentes de origem elétrica em
todo o país.
A presença do Brasil no rol dos 10 países que mais consomem
energia no mundo – de acordo com a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), mais de 472 TWh em 2018 – releva ainda
mais a importância do Anuário como fonte inequívoca para a
promoção de melhorias quanto à produção do conhecimento
e à qualidade da informação, para a inserção de novos temas
na agenda de discussão da sociedade civil e dos órgãos
públicos, especialmente quanto à formulação de políticas
de prevenção. Por isso, os dados aqui apresentados, embora
retratem um cenário sombrio de acidentes com eletricidade,
constatam as evidências empíricas de que as fatalidades
podem sim ser evitadas, bastando para isso a mobilização
dos agentes envolvidos.
Apesar da inestimável importância das informações contidas
nesse Anuário, faz-se uma ressalva: os dados apresentados
espelham parcialmente a gravidade do problema, haja
vista a existência de casos não reportados ou divulgados
na imprensa e situações que, mesmo depois de todos os
esforços empreendidos, não podem ser categoricamente
classificadas como sobrecargas (caso dos incêndios que
têm os curtos-circuitos como causas aparentes, mas não
legitimadas). Tais exemplos ilustram, brevemente, alguns dos
desafios metodológicos para contabilizar de maneira efetiva
os acidentes de origem elétrica e os incêndios por sobrecarga
nas 27 unidades da federação, relegando aos veículos de
comunicação o papel quase que exclusivo de fonte primária
para coleta de dados e posterior tratamento estatístico.
Ao mapear e tornar conhecidas as carências menosprezadas
no trato da eletricidade, o Anuário conjuga também um olhar
crítico, que traz uma janela de oportunidade para indução
de mudanças, constituindo-se em uma contribuição singular
de influência para a segurança das instalações elétricas no
Brasil.
Além das informações compreendidas na edição impressa,
este conteúdo está disponível para download no portal da
Abracopel, no endereço www.abracopel.org.br, e na página
de seu parceiro, Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), no
endereço www.procobre.com.br.

Gilberto Alvarenga
Presidente Abracopel 2019-2021
SUMÁRIO GERAL
GUIA DE LEITURA 08

SUMÁRIO DE SEÇÕES 09

SUMÁRIO DE GRÁFICOS 10

MENSAGEM DA ABRACOPEL 11

PONTO DE VISTA 12
A segurança do usuário e o direito de acesso à energia

IMPRESSÕES INSTITUCIONAIS DE MERCADO 15

DADOS ESTATÍSCOS ABRACOPEL 25


Metodologia de coleta de dados

SEÇÃO 1 27
PANORAMA GERAL DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA

SEÇÃO 2 41
SÉRIE HISTÓRICA – DADOS COMPARADOS

SEÇÃO 3 51
CONSIDERAÇÕES RELEVANTES
GUIA DE LEITURA
Dois critérios básicos orientam a estruturação do Anuário
Estatístico Abracopel de Acidentes de Origem Elétrica 2018:
os dados de mortes por choques elétricos e os incêndios
por sobrecarga no período de 1º de janeiro de 2018 a 31 de
dezembro de 2018.
As informações aqui presentes estão organizadas em três
seções, duas delas se desdobram na exposição desses
dois temas e são acompanhadas por gráficos comentados
dispostos após o Sumário de Seções. Uma breve introdução
antecede cada seção, a fim de que o leitor conheça o que
será abordado.
O primeiro tema retratado traz o total de acidentes com as
mortes em decorrência de choques elétricos, com recortes
regionais e com o tipo de edificação ou logradouro onde os
acidentes acontecem. As estatísticas também apontam a
faixa etária e o tipo de ocupação dos acidentados.
De forma similar, o segundo tema é exposto, com as
informações referenciadas para os incêndios gerados a
partir de sobrecargas e curtos-circuitos. Ambos os dados
conformam o cenário dos acidentes de origem elétrica no
Brasil no ano de 2018.
A segunda seção, por sua vez, é mais abrangente por trazer
uma análise comparada da série histórica dos choques
elétricos e dos incêndios por sobrecarga nos anos de 2013 –
data de início do levantamento – até 2018.
As considerações relevantes sobre o panorama de acidentes
de origem elétrica são manifestadas na terceira seção e
trazem à luz o que pode ser feito pela sociedade civil, agentes
econômicos e poder público para prevenir os acidentes com
eletricidade que ainda vitimam às centenas.

8 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
SUMÁRIO DE SEÇÕES

SEÇÃO 1 27
PANORAMA GERAL DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA
• Total de Acidentes de Origem Elétrica
• Choques Elétricos
• Incêndios por Sobrecarga

SEÇÃO 2 41
SÉRIE HISTÓRICA - DADOS COMPARADOS
• Dados Gerais
• Choques Elétricos
• Incêndios por Sobrecarga

SEÇÃO 3 51
CONSIDERAÇÕES RELEVANTES

9
SUMÁRIO DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Dados gerais de acidentes de origem elétrica – porcentagem por tipo 28

Gráfico 2: Dados gerais de acidentes de origem elétrica – fatais e não fatais 28

Gráfico 3: Número de mortes por região 29

Gráfico 4: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Norte 30

Gráfico 5: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Centro-Oeste 30

Gráfico 6: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Nordeste 30

Gráfico 7: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Sudeste 31

Gráfico 8: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Sul 31

Gráfico 9: Morte por choque elétrico por tipo de edificação ou logradouro 32

Gráfico 10: Acidentes fatais por faixa etária 33

Gráfico 11: Choques elétricos por tipo de ocupação 34

Gráfico 12: Choques elétricos fatais em redes aéreas 35

Gráfico 13: Choques elétricos fatais mês a mês 36

Gráfico 14: Número total de incêndios e mortes por Região 36

Gráfico 15: Mortes por tipo de edificação ou logradouro 37

Gráfico 16: Incêndios por curto-circuito mês a mês, por região 38

Gráfico 17: Comparativo de acidentes de origem elétrica de 2013 a 2018 42

Gráfico 18: Evolução dos acidentes fatais por choque elétrico por região 42

Gráfico 19: Total de acidentes por choque elétrico – fatal/não fatal 2013 a 2018 43

Gráfico 20: Fatalidades por choque elétrico por tipo de edificação ou logradouro 44

Gráfico 21: Mortes por choque elétrico na rede aérea por tipo de ocupação 45

Gráfico 22: Mortes por choque elétrico por tipo de ocupação 46

Gráfico 23: Total geral de mortes por choque elétrico e por faixa etária 47

Gráfico 24: Incêndios gerados a partir de sobrecargas elétricas 47

Gráfico 25: Mortes por incêndios por tipo de edificação 48/49

10 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
MENSAGEM DA ABRACOPEL
O ano de 2018 foi marcado por dois incêndios de grandes proporções. Um deles,
no Largo do Paissandu, centro da capital paulista, pôs abaixo os 24 andares do
Edifício Wilton Paes de Almeida, vitimando nove pessoas. Tombado em 1992, o
prédio modernista, um dos primeiros com fachada de vidro na cidade de São
Paulo, era considerado “bem de interesse histórico, arquitetônico e paisagístico”.
Passados pouco mais de quatro meses da tragédia em São Paulo, em setembro,
foi a vez de o Museu de História Natural do Brasil, o mais antigo do país, criado por
D. João VI em 1818 e localizado na zona norte do Rio de Janeiro, arder em chamas
e transformar em cinzas 200 anos de história e milhões de itens de coleções de
geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia, arqueologia, etnologia
e biológica.
Em razão das condições elétricas inadequadas das edificações, as suspeitas de
curto-circuito recaíram como possíveis causas para as duas catástrofes. Os riscos
de incêndio eram conhecidos e nada foi feito preventivamente para evitá-los. Em
escala menor, essa condição de precariedade das instalações elétricas, muitas
delas antigas e sem manutenção, repete-se nas moradias brasileiras e, todos os
anos, produzem vítimas fatais e trazem a sensação inquietante de “déjà-vu”.
O número elevado de acidentes de origem elétrica, como consequência do
desconhecimento da população e da falta de qualificação de profissionais técnicos,
foi justamente o grande motivador para a criação da Abracopel - Associação
Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade -, que, em fevereiro
de 2019, completou 14 anos dedicados a levar informação aos usuários da
eletricidade para promover uma mudança de cultura sobre a segurança, desde o
projeto à manutenção das instalações elétricas.
Ao longo desses anos, a Abracopel fomentou ações que passaram a fazer parte
do cotidiano de muitas empresas e profissionais, repercutindo os fundamentos
da eletricidade segura por meio de eventos, webinares, palestras e congressos,
prêmios, concursos, entre outras atividades. O Anuário Estatístico Abracopel de
Acidentes de Origem Elétrica também é fruto dessa disposição, que busca reverter
o cenário atual, emitindo um alerta sobre o quanto ainda precisamos fazer para
alcançar o ideal “acidente zero”.

Edson Martinho
Diretor executivo da Abracopel

11
PONTO DE VISTA
A SEGURANÇA DO USUÁRIO
E O DIREITO DE ACESSO À ENERGIA
O Brasil deixou o ano de 2018 amargurando tristes constatações. Foram registrados
537 casos de incêndios causados por curto-circuito, totalizando 61 mortes. Um
crescimento de mais de 20% em relação ao ano de 2017. A maioria absoluta desses
incêndios foi causada por instalações elétricas mal planejadas. São números
que realmente chocam e, infelizmente, ao que tudo indica, só tendem a piorar.
O início de 2019 dá sinais nesse sentido. Já em fevereiro, o país acordou com a
estarrecedora notícia de que 10 jovens atletas do Flamengo tiveram suas vidas
brutalmente ceifadas. A causa? Curto-circuito em aparelho de ar-condicionado.
Quando esses e outros casos são expostos à sociedade, uma pergunta
imediatamente vem à tona: de quem é a responsabilidade? Com um pouco mais
de atenção, o leitor ainda pode questionar: existem regras que parametrizam as
instalações?
Não há dúvida de que o consumidor de energia é responsável pela qualidade e pela
adequação das instalações que utiliza. Porém, a segurança das instalações não está
somente relacionada ao papel que ele, o consumidor, deve desempenhar. Outras
variáveis são fundamentais para essa análise, tais como a qualidade dos produtos
postos no mercado e utilizados nas instalações e/ou a contratação de profissional
qualificado para elaborar e implementar os projetos. Não se pode esquecer, ainda,
da responsabilidade de quem fiscaliza as instalações e do operador que faz a
primeira ligação. Todos esses atores, cada qual dentro das suas responsabilidades,
devem zelar pela adequação das instalações elétricas.
De outro lado, deve ser respondido que sim, existem regras direcionadas à
adequação das instalações elétricas. E isso não é de hoje. A distribuição da energia
é uma atividade complexa e cercada de riscos. Sabendo disso, desde a década de
1910 o Brasil toma medidas para regular a matéria1. A mais recente normalização
é a dada exclusivamente pela ABNT NBR54102. Uma norma técnica sofisticada e
adequada aos rigores internacionais.
Isso significa dizer que o Brasil, ao mesmo tempo em que possui umas das mais
sofisticadas normas técnicas, na prática apresenta um quadro catastrófico a
respeito da segurança das instalações elétricas. Daí revela-se outra constatação:
se há todo esse regramento, de que modo acidentes como aquele do Flamengo
ocorrem?

1 A primeira norma brasileira de que se tem notícia a respeito do assunto data de 1914, o Código de Instalações Elétricas. Após,
em 1941, o Brasil passou a contar com a “Norma Brasileira para Execução de Instalações Elétricas”, cujo objetivo primordial era
o “estabelecimento das condições que contemplassem as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança
de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação de bens”. Nas décadas seguintes, referida
normatização passou por cinco revisões, respectivamente nos anos de 1960, 1980, 1990, 1997, 2004 e 2008 e foi adequada a
parâmetros internacionais.

2 A referida norma segue padrões internacionais. Ela prescreve as regras necessárias para o projeto de execução e para a
verificação das instalações de baixa tensão. Seu objetivo é estabelecer a segurança das pessoas, dos animais e dos bens contra
os perigos suscetíveis de ocorrer quando não há adequação técnica das instalações elétricas. Além disso, o sistema brasileiro de
energia elétrica ainda conta com a Portaria n.º 51, expedida pelo Inmetro. Esta portaria visa oferecer aos cidadãos os requisitos
de avaliação de conformidade (RAC) para instalações elétricas de baixa tensão. De acordo com Portaria 51, o RAC seria realizado
por meio de “certificação”.

12 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
A resposta a essa pergunta exige que o leitor perceba que o problema da
adequação das instalações elétricas não está ligado à ausência de normas técnicas
ou mesmo à abstenção na distribuição de responsabilidades (de quem projeta,
instala e fiscaliza). O ponto central parece ser a falta de conscientização – ora
dos consumidores quanto aos riscos que assumem, ora das autoridades públicas
competentes acerca de suas respectivas responsabilidades/deveres – sejam eles
operacionais ou fiscalizatórios.
Diante desse diagnóstico, desde 2014 a Abracopel passou a concentrar esforços
para auxiliar na solução dos problemas inerentes à ausência de responsabilidade
e à omissão dos atores ligados ao sistema de distribuição de energia elétrica. As
iniciativas são de três ordens: regulatória, jurídica e legislativa.
No âmbito regulatório, a associação promoveu estudos aprofundados sobre a
regulação incidente no setor e, a partir deles, traçou um panorama acerca das
responsabilidades das operadoras de mercado no que diz respeito ao “dever de
fiscalização das instalações elétricas domésticas”3.
A conclusão dos estudos foi de que “o Brasil não apenas possui normatização
técnica adequada e moderna, como o próprio arcabouço regulatório do setor
de distribuição de energia elétrica tem previsão clara e pontual a respeito da
fiscalização das condições de segurança das instalações elétricas. Esse dever
de fiscalização cabe, sobretudo, à concessionária”. Além disso, a Abracopel
evidenciou que há claros indícios de que os custos da fiscalização já estariam
inseridos na tarifa praticada. Isto é, o consumidor já estaria, inclusive, pagando
pela fiscalização.
Com base nos resultados alcançados, para fins de elucidação e coleta de
dados, algumas distribuidoras de energia elétrica foram notificadas e, em duas
ocasiões, a própria Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Ao final, após a
sedimentação dos dados levantados, a Abracopel peticionou à Aneel abertura de
consulta pública para fins de discussão do tema. Até o momento, a solicitação não
foi satisfatoriamente respondida pela agência.
No que diz respeito ao plano jurídico, a Abracopel levou o resultado dos seus
estudos para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec. O dossiê
apresentado para o instituto enfatizou que, embora as regras regulatórias tragam
orientações claras a respeito da adequação das instalações, o tema é capturado nas
fases de implementação da regulação e não encontra eco na fase de aplicação das
sanções. Com isso, deixam de existir a fiscalização concreta e o estabelecimento
de penalidades que induzam o cumprimento do que está previsto na regulação
setorial4.
Os prejuízos advindos daí para os consumidores são variados e imediatos. Em alguns
casos, é possível constatar que o consumidor sequer tem acesso às informações
mínimas de adequação das instalações elétricas. Em outros, seu direito de ter a
unidade consumidora devidamente fiscalizada é solenemente negligenciado. O
interesse público vinculado à adequação técnica de segurança do serviço prestado
3 Nos estudos, as seguintes indagações foram trabalhadas: a) Existem dispositivos normativos ou regulatórios que obrigam a
observância das normas técnicas vigentes pelos agentes de mercado e pelos consumidores? b) Existem dispositivos normativos
ou regulatórios que determinam a obrigatoriedade de fiscalização da adequação das instalações elétricas de baixa tensão
àquelas normas técnicas?; e c) Se tais dispositivos existem, quem detém referida competência fiscalizatória?

4 A previsão acerca do dever de fiscalizar está expressa principalmente nos termos da Resolução 414, da ANEEL, bem como nos
próprios termos das concessões firmadas pela respectiva agência e as distribuidoras.

13
– o bem estar dos consumidores – é suprimido, ora por interesses da distribuidora
– que foge da implementação (informar e fiscalizar) –, ora por omissão do órgão
regulador – que se falta em induzir e fiscalizar as normas postas. Com base nessas
informações, a Abracopel solicitou ao Idec a avaliação das informações e a tomada
de medidas judiciais para proteger o interesse dos consumidores.
No legislativo, a associação tornou seus estudos conhecidos junto a vários
representantes de cargos eletivos. Um dos encontros promovidos gerou resultado
concreto, com o projeto de lei que estabelece a “política nacional de segurança
das instalações elétricas de baixa tensão”, de autoria do deputado federal Rogério
Peninha Mendonça. O objetivo da proposta é determinar as condições para a
elevação do nível de adequação das instalações elétricas domésticas. Dentre
outras providências, o projeto prevê a inspeção técnica e periódica nas unidades
consumidoras e elenca direitos e deveres dos prestadores do serviço público de
distribuição e dos usuários.
O trabalho da Abracopel é de fôlego. Isso porque os desafios inerentes à
adequação das instalações estão diretamente relacionados à cultura brasileira. A
má-adequação das instalações elétricas é a causa direta de mortes. Compreender
a dimensão dessa afirmação tem sido um obstáculo para as autoridades que
detêm competência fiscalizatória sobre a matéria. Em cada acidente noticiado
a perplexidade aumenta. Porém os espaços para diálogo parecem cada vez
menores. A bandeira levantada pela associação, portanto, impõe-se contra esse
estado cultural das coisas e de ouvidos moucos da administração pública.
A despeito do que foi até agora feito, a Abracopel não pode ficar sozinha num
embate que é de interesse coletivo. Daí a necessidade de que suas iniciativas sejam
cada vez mais popularizadas. O dever de fiscalização das unidades consumidoras
não configura mera obrigação na sistemática da prestação do serviço público em
questão. Sua dimensão é muito mais ampla. Trata-se de um direito, um direito de
fiscalização, que, além de compreender a condição para a materialização do direito
de acesso à energia, também abrange a adequação das instalações elétricas aos
padrões técnicos definidos por órgãos competentes, cujos efeitos atingem toda a
coletividade e cerca inúmeras vidas. A da minha família e a da sua, inclusive.

José Augusto Medeiros


Doutorando em Direito Econômico pela Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo (FD-USP) e Mestre em Direito
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

14 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
IMPRESSÕES
INSTITUCIONAIS
DE MERCADO
É impossível pensar em qualidade de vida sem
a presença da eletricidade. A essa que é uma
das mais notáveis invenções da civilização
estruturou-se uma vasta cadeia de suprimentos
com indústrias especializadas na fabricação de
materiais e componentes, serviços profissionais
para instalação e manutenção das instalações
elétricas, órgãos certificadores e de suporte à
normalização, entre outros necessários para o
consumo seguro das aplicações que tornam
possível desde um simples acender de lâmpada
ao uso da internet e de outras plataformas que
dependem de circuitos elétricos.
Nesta edição, o Anuário Estatístico de
Acidentes de Origem Elétrica Abracopel
reúne 13 dessas entidades para expressar suas
Impressões Institucionais de Mercado quanto ao
mapeamento de dados realizado em 2018 e ao
que pode ser feito para suprir as carências ainda
tão negligenciadas no trato da eletricidade.
Esse esforço conjunto revela ópticas diferentes
sobre como mudar a realidade da segurança
das instalações elétricas no Brasil para que nos
próximos anos seja possível trilhar um caminho
diverso desse que hoje representa a escalada
crescente de acidentes.
Reconhecer quais os gargalos que precisam de
atenção da sociedade, dos agentes econômicos
e do poder público é um primeiro passo
para demover a segurança das instalações
elétricas do patamar que se encontra para
um mais elevado. Esse desafio, que prevê
a disponibilidade de energia em condições
ideais de acesso com instalações elétricas
adequadas, previamente dimensionadas e
uso de componentes certificados, é o que
deve prevalecer, por representar o vetor de
desenvolvimento social e econômico que é a
eletricidade.
As impressões institucionais de mercado estão
listadas a seguir por entidade.

15
ABRAMAT
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

O registro apresentado pela Abracopel é de grande relevância para a sociedade


brasileira, pois reforça a importância da conformidade técnica dos materiais de
construção e da adequada capacitação dos profissionais do setor, temas que
estão entre os principais pilares da atuação da Abramat - Associação fundada
em 2004, que congrega mais de 40 empresas associadas, representantes de
mais de 20 setores da indústria e com aproximadamente 350 fábricas presentes
em todo o país. A conscientização dos consumidores - pessoas físicas, jurídicas
e Governos - sobre os riscos à segurança das instalações elétricas é fundamental
para estimular as boas práticas de projeto, especificação, execução e manutenção
nas obras, prevenindo acidentes e evitando perdas de vidas.”

Rodrigo Navarro
Presidente da Abramat
www.abramat.org.br

SINDUSCON-SP
SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
DO ESTADO DE SÃO PAULO

É preciso zelar pela conformidade e pela qualidade. Não há como negar a gravidade
das causas que motivam os acidentes de origem elétrica e que provocam
mais de 600 vítimas fatais por ano no Brasil. Daí a importância do trabalho da
Abracopel, disseminando informações relevantes para uma cultura preventiva
de segurança em projeto, instalação, verificação e manutenção de instalações
elétricas. O fato de o número de acidentes entre choques elétricos, incêndios por
curtos-circuitos e descargas atmosféricas ter aumentado 41,4% entre 2013 e 2018
demonstra o desafio que todos os elos da cadeia produtiva do setor têm pela
frente. Também na indústria da construção somos vítimas desta situação, uma
vez que os choques elétricos constituem uma das maiores causas de acidentes
de trabalho em canteiros de obras. Por esse motivo, o SindusCon-SP busca
conscientizar suas associadas a zelarem pela conformidade dos componentes,
equipamentos e sistemas elétricos a serem instalados nas obras, bem como pela
qualidade e segurança do serviço das empresas instaladoras. Entendemos ser
nossa responsabilidade combater todo tipo de não conformidade, para reduzir
o número absurdo de acidentes que ainda ocorrem no país, bem como para dar
segurança aos usuários finais dos nossos empreendimentos. Fica aqui registrado
nosso apoio integral às iniciativas da Abracopel, entre as quais a publicação deste
importante Anuário.”

Renato Genioli Jr.


Coordenador do CTQ
(Comitê de Tecnologia e Qualidade)
www.sindusconsp.com.br

16 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
SINDINSTALAÇÃO
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS,
GÁS, HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

A falta de projeto para execução das instalações elétricas ou mesmo o


descumprimento do que foi planejado, além do uso de produtos não certificados,
aumentam em muito os riscos de acidentes com eletricidade. As estatísticas do
Anuário mostram o quanto subestimamos o perigo e nos expomos a ele na crença
falível de que o pior nunca vai acontecer. O SindInstalação representa mais de
3.500 empresas de diferentes portes no estado de São Paulo e compartilha o
objetivo da Abracopel de elevar o nível de capacitação da mão de obra que
trabalha com instalações elétricas. A contratação de profissionais habilitados e o
uso de produtos certificados em sistemas elétricos projetados dentro das normas
são, sem dúvida, a melhor forma de prevenir acidentes com a eletricidade.”

José Silvio Valdissera


Presidente do SindInstalação
www.fiesp.com.br/sindinstalacao

ABRAVA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE REFRIGERAÇÃO,
AR CONDICIONADO, VENTILAÇÃO E AQUECIMENTO

Este Anuário estatístico de acidentes de origem elétrica constatados em 2018


pela Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos
da Eletricidade), dá grande visibilidade às questões relacionadas com falta
de atenção necessária para a execução de boas instalações elétricas, mal
dimensionamento das instalações, falta de corretos dispositivos de segurança e
orientações inadequadas de uso.

Aplicação inadequada das tecnologias atualizadas e práticas inadequadas de


engenharia são os pontos fundamentais a serem insistentemente desenvolvidos.
E com base nisso, é importante a interação com entidades e associações que têm
sinergia de atuação e que comungam dos mesmos princípios de trabalharem
para neutralizar os riscos de acidentes pessoais. A Abrava sente-se motivada e
comprometida em dar maior ênfase às questões relacionadas com segurança
elétrica.

A melhor maneira de atingir esses objetivos é dando visibilidade, promovendo


discussões e ações esclarecedoras, como a edição deste anuário”.

Parabéns pelo excelente trabalho.

Arnaldo Basile
Presidente
www.abrava.com.br

17
ABRAFAC
ASSOCIAÇÃO RASILEIRA DE FACITILIES

A segurança elétrica é um dos temas centrais da Abrafac e o Anuário Estatístico de


Acidentes da Abracopel reforça a importância das iniciativas que realizamos junto
aos nossos membros e associados, representados por instaladores, mantenedores
e operadores destes tipos de instalação. Conscientizar as empresas e os agentes
relacionados ao nosso setor a respeito dos temas que versam sobre os perigos
da eletricidade rememora o profissional do dever de busca por capacitação,
principalmente os envolvidos com atividades de instalações e sistemas elétricos.
Quando confrontamos os números do Anuário e vemos que o maior índice de
acidentes por choques e sobrecargas ocorre em ambientes domésticos, fica ainda
mais evidente a importância desse trabalho para a segurança das pessoas e dos
imóveis. A partir da informação de qualidade, podemos atuar como protagonistas
e catalisadores do desenvolvimento do setor de facilities, com ações efetivas que
ampliem a eficiência no combate aos acidentes de origem elétrica e na redução
das perdas, tanto materiais quanto de vidas humanas.”

Thiago Santana
Presidente da Abrafac
www.abrafac.org.br

COBEI/ABNT
COMITÊ BRASILEIRO DE ELETRICIDADE, ELETRÔNICA, ILUMINAÇÃO E
TELECOMUNICAÇÕES

O Cobei fornece suporte técnico, econômico e financeiro às atividades de


normalização do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-003) e de
normalização técnica do setor eletroeletrônico, participando ativamente no
Brasil e no exterior de conselhos, comitês e subcomitês do IEC - International
Eletrotechnical Commission. Nesse contexto, o Anuário da Abracopel é bastante
útil para os trabalhos de elaboração das normas técnicas do setor elétrico, que
distinguem cada vez mais, além da inovação tecnológica, a segurança de seus
produtos, sistemas e instalações elétricas. Parabenizamos a Abracopel pelo
esforço despendido em prol do setor elétrico e dos usuários da eletricidade. Nós
do Cobei nos solidarizamos com essa causa, sempre comprometidos em mobilizar
empresas e entidades do complexo eletroeletrônico para apoiar atividades de
normalização técnica que possam trazer ganhos para a segurança e o bem-estar
da população.”

José Sebatião Viel


Superintendente do Cobei
www.cobei.org.br

18 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
PROCOBRE
INSTITUTO BRASILEIRO DO COBRE

Há pelo menos duas décadas, o Procobre vem trabalhando pela elevação


do patamar da qualidade e segurança das instalações elétricas no Brasil. Em
2005, lançamos o “Programa Casa Segura” com o objetivo de difundir para a
sociedade os perigos de uma instalação elétrica inadequada. Em 2006, a partir
de um levantamento nacional, apresentamos a situação caótica das instalações
elétricas existentes no país, posteriormente atualizado em 2014 com a publicação
do “Panorama da Situação das Instalações Elétricas Prediais no Brasil. Em 2017,
em parceria com a Abracopel, publicamos o “Raio X das Instalações Elétricas
Residenciais”. Ao diagnóstico dos problemas encontrados nos sistemas e
instalações elétricas residenciais, somaram-se sugestões para melhoria, alertas
aos agentes públicos para definição de políticas e meios de fiscalização e um
chamado à sociedade, no papel de protagonista para adoção de medidas
preventivas contra choques elétricos, curtos-circuitos e incêndios por sobrecarga.
Os dados apresentados no Anuário 2018 da Abracopel, no entanto, retratam
ainda a negligência no manuseio da eletricidade e centenas de vítimas como
resultado dessa omissão. Nossas normas técnicas - a exemplo da multiplicidade
de leis vigentes em nosso país, insuficientes para conter o avanço da violência
- cobrem produto, instalação, projeto, entre outros aspectos de segurança nas
edificações, mas mostram-se pouco eficazes quando contrapostas à realidade
revelada pelo Anuário. Em 2018, incêndios por curto-circuito apagaram parte
de nossa história com a queima do Museu Nacional. Este ano, já temos casos,
como o do CT do Flamengo, que apagaram parte de nosso futuro. As centenas
de tragédias relatadas pelos números da Abracopel exigem a criação de um
mecanismo eficiente e compulsório para a certificação das instalações elétricas
no Brasil, que também precisam ser fiscalizadas com mais rigor. As normas
técnicas têm que ser aplicadas, principalmente na execução das instalações; os
produtos certificados precisam ser conformes e é indispensável a montagem da
instalação ser realizada por profissional habilitado para que o sistema elétrico
seja confiável e seguro. Sem o devido envolvimento das autoridades, sem uma
regulação que permita uma maior e mais ampla fiscalização e sem a manutenção
periódica das edificações, o passar dos anos irão tornar as instalações elétricas
prediais defasadas e, possivelmente, o Anuário contabilizará mais vítimas às
suas estatísticas. O Procobre parabeniza a Abracopel pela iniciativa e anseia o
engajamento de todos os setores para a adoção de medidas preventivas que
reflitam na segurança predial e dos cidadãos.”

Glycon Garcia Jr
Diretor Executivo do Procobre
www.procobre.org

19
ABRASIP
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE SISTEMAS PREDIAIS

Uma das estatísticas apuradas pelo Anuário Abracopel diz respeito ao número
de vítimas fatais em decorrência de acidentes com redes aéreas de distribuição,
ao todo 172 em 2018. Em São Paulo, os cabos suspensos de energia elétrica se
estendem por 41 mil km e, no que depender do decreto de outubro de 2006,
vão continuar assim por muito tempo, haja vista o descumprimento por parte
das concessionárias de enterrar anualmente 250 km de cabos de iluminação.
Essa, no entanto, é apenas uma medida que poderia contribuir para reduzir a
exposição da população e, especialmente, dos profissionais eletricistas ao perigo.
Mais efetivas, para eles, estão o uso compulsório de itens de proteção pessoal, o
rigor no cumprimento de normas e regulamentos, a adoção de procedimentos de
conduta técnica e a atualização do conhecimento de forma permanente. A Abrasip
tem uma preocupação permanente com este tema e atualizações periódicas
acontecem em nossos Projetos de Instalações Elétricas, assim como reuniões
com as concessionárias, acompanhamento de normas na ABNT e o cumprimento
de todas essas normas e regulamentos. Nosso foco é o conhecimento técnico
de ponta. Mas não basta um projeto correto se ele não for executado à risca (as
built) e se o usuário leigo (leia-se consumidor final) não receber as instruções
necessárias para que acidentes fatais ligados à eletricidade sejam evitados.”

Maria Luisa Kuntz Lima Passerini


Vice Presidente de Comunicação da Abrasip
www.abrasip.org.br

ABILUX
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ILUMINAÇÃO

A Abilux, em nome da indústria de iluminação aqui instalada, parabeniza a


iniciativa da Abracopel em publicar, nesta edição do seu Anuário, além de dados
atualizados sobre os números de acidentes elétricos ocorridos no Brasil em 2018,
os impactos causados por choques e incêndios que, na sua grande maioria,
acontecem em consequência de  instalações elétricas inadequadas ou produtos
não certificados. São informações que acreditamos contribuirão para que a
sociedade, governos, indústrias e empresas que integram o setor trabalhem unidas
para que números tão assustadores de sinistros e mortes deixem de fazer parte
de estatísticas futuras. Tenham a certeza de que a Abilux e as indústrias do nosso
segmento farão o melhor uso das informações aqui contidas. Compartilhamos
com vocês o desejo de que em um futuro próximo possamos vivenciar uma nova
realidade.“

Carlos Eduardo Uchôa Fagundes


Presidente
www.abilux.com.br

20 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
SINDICEL
SINDICATO DA INDÚSTRIA DE CONDUTORES ELÉTRICOS, TREFILAÇÃO E
LAMINAÇÃO DE METAIS NÃO FERROSOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Fechamos mais um ano e o número de acidentes com origem elétrica continua


subindo. Os casos registrados em 2017 apontavam aumento de 5,2% sobre total
de 2016 e agora com fechamento de 2018, apuramos aumento de 5,8%. Quando
analisamos os dados por região a situação fica mais alarmante ainda, com os
estados do nordeste do país perfazendo 42% de todos os casos registrados no
Brasil. Os casos de incêndio provocados por sobrecarga elétrica, praticamente
dobraram em relação a 2017, chegando a alarmantes 62 mortes registradas no
período de um ano. Quando analisamos as causas, temos diversas possibilidades:
falta de informação da população, profissionais sem treinamento adequado,
produtos fora de especificação técnica. Falando de fios e cabos elétricos,
elemento importantíssimo nessa equação, atualmente o mercado apresenta a
maioria de seus produtos em situação de atendimento à conformidade e com
selo do Inmetro. No entanto, ainda existem empresas que, embora declarem
que o produto é certificado, oferecem ao mercado produtos em desacordo
com as especificações técnicas. Em todo território nacional, percebemos uma
tendência, por parte das empresas que fabricam produtos fora de conformidade,
de direcionar suas vendas para construtoras, evitando assim as auditorias do
Inmetro no ponto de venda. Infelizmente, esses fabricantes desonestos utilizam
o selo de conformidade do Inmetro e despejam no mercado toneladas de fios e
cabos elétricos sem as especificações técnicas certificadas, causando prejuízo
inestimável e enormes riscos de acidentes elétricos e incêndios a consumidores
e empresas idôneas, como às construtoras envolvidas. Quanto custa a segurança
da sua casa e da sua família? Essa deveria ser a principal pergunta do consumidor
ao adquirir fios e cabos elétricos. Muitas vezes, na busca por preços baixos, o
consumidor acaba colocando em risco a sua vida e a de seus familiares. Ação
recente realizada pelo Ministério Público do Paraná obrigou a substituição dos
produtos vendidos por esses fabricantes e utilizados pelas construtoras em
suas obras (prédios/casas/conjuntos empresariais), incluindo o Programa Minha
Casa, Minha Vida e empreendimentos já finalizados (prazo de até 2 anos). Os
prejuízos para cumprir essas penalidades são vultosos. O Sindicel apoia as ações
de combate ao mercado ilegal de fios e cabos elétricos efetuadas pelo Ministério
Público, Inmetro e Delegacias de Direito do Consumidor.”

Enio Rodrigues
Diretor Executivo do Sindicel
www.sindicel.org.br

21
ABRINSTAL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PELA CONFORMIDADE
E EFICIÊNCIA DE INSTALAÇÕES

A Abracopel tem contribuído enormemente para a contínua construção de


uma sociedade mais segura e eficiente, sempre presente nas ações que visam
à qualificação do mercado e da mão de obra no tocante às instalações prediais.
Seu Anuário é uma referência ímpar para que ações, como as desenvolvidas pelo
BIP (Building Installation Performance), de fomento à qualificação da mão-de-
obra, controle de produtos, avaliação de projetos e certificação de empresas
certificadoras, sejam direcionadas aos elementos com maior incidência de não-
conformidades, otimizando recursos para a construção de um mercado mais
maduro. Apesar desse trabalho grandioso, a publicação da Abracopel mostra
uma situação ainda muito precária das instalações elétricas em nosso país. É
inadmissível que em pleno século 21 tenhamos mais de 600 mortes por ano no
Brasil relacionadas à eletricidade, 168 mortes devido a choques elétricos dentro
da própria residência e mais de 500 incêndios provocados por sobrecarga com
62 vítimas fatais. Reverter esse cenário depende da ação conjunta de empresas,
quanto ao cumprimento de diretrizes de conformidade e eficiência das instalações
prediais, dos agentes públicos, para implantar políticas públicas, e da sociedade
civil, quanto à promoção de melhorias em sua unidade familiar.”

Eng. José Jorge Chaguri Jr.


Presidente do Conselho da Abrinstal
www.abrinstal.org.br

FIESP
FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

É uma constante preocupação a incidência de acidentes em decorrência do


mau uso e da falta de manutenções periódicas da qualidade dos componentes
em uma edificação, o que evidencia ainda mais a necessidade da realização de
inspeções periódicas.

O Departamento da Indústria da Construção e Mineração – Deconcic da Fiesp, por


meio de seu Grupo de Trabalho de Segurança e Sistemas Prediais tem trabalhado
em ações visando garantir a segurança do usuário e a manutenção da qualidade
das edificações mais antigas e a redução do número de acidentes nelas. O grupo
considera este anuário como uma consistente fonte de informações, agrupando
dados sobre as causas e impactos de acidentes em edificações em todo o
território brasileiro. Trata-se de um importante trabalho inédito desenvolvido pela
Abracopel. Parabéns”

Carlos Eduardo Marchesi Trombini


Diretor do Deconcic e Coordenador do Grupo
de Trabalho de Segurança e Sistemas Prediais
www.fiesp.com.br

22 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
QUALIFIO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PELA QUALIDADE DE FIOS E CABOS ELÉTRICOS

Ao longo de quase três décadas, a Qualifio tem trabalhado em conjunto com


as Divisões de Fiscalização e Verificação da Conformidade e a Divisão de
Acreditação de Organismos de Certificação do Inmetro para monitorar e alertar
as autoridades competentes sobre os problemas de segurança que podem
advir da má qualidade dos fios e cabos elétricos de baixa tensão fabricados no
Brasil. A má qualidade dos fios e cabos pode ocasionar problemas de segurança
como demostrado nos dados estatísticos da Abracopel. Os fios e cabos elétricos
com alta resistência elétrica e baixa resistência de isolamento aquecem mais
que o normal e podem ser uma das causas destes acidentes. Fios e cabos não
confiáveis, além de causarem mortes por choque elétrico, também podem causar
incêndios devido à sobrecarga com consequente aquecimento das instalações,
uma das causas possíveis para os curtos-circuitos. A Qualifio monitora as marcas
vendidas no comércio, inclusive de todos os seus associados. Nos últimos três
anos todos os associados foram avaliados e apresentaram resultados de acordo
com as normas vigentes. No ano de 2018, a Qualifio coletou 611 amostras de
produtos nos mais diversos locais e os resultados foram preocupantes: 57%
deles estavam em desacordo com as normas vigentes, ou seja, impróprios para
o uso a que se destinavam. Atualmente, existem 153 empresas certificadas por
organismos credenciados pelo Inmetro. A certificação é compulsória e abrange
produtos que - por razões de segurança, interesse nacional e meio ambiente -
precisam atender às normas estabelecidas pelo governo. O consumidor, antes de
definir a compra, deve consultar o site do Inmetro ou da Qualifio para confirmar
se o fabricante, naquele dado momento, está certificado e tem o registro do
produto que está sendo oferecido.”

Maurício Sant’ana
Secretário Executivo da Qualifio
www.qualifio.org.br

23
24 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL
DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
DADOS
ESTATÍSTICOS
ABRACOPEL

METODOLOGIA DE COLETA
DE DADOS
A Abracopel faz uso da informação eletrônica,
disponível nos meios de comunicação, como
forma de identificar os acidentes de origem
elétrica que acontecem no país. Ao difundirem
a notícia sobre os acidentes e incêndios de
origem elétrica ocorridos na região de cobertura
de seus respectivos veículos de imprensa,
os profissionais de mídia - apresentadores,
repórteres, radialistas, articulistas, entre outros
formadores de opinião - contribuem para os
registros contidos no Anuário Abracopel.
A essa fonte de informação está incorporada
a ferramenta de alerta de notícias criada pelo
Google, o que permite à Abracopel acompanhar
palavras-chaves específicas de interesse para
captação de dados.
Outros colaboradores espalhados pelo país
são os eletricistas e profissionais técnicos do
setor elétrico, que também informam sobre
os acidentes em suas regiões de atuação,
ampliando nossa base de dados. De posse
dessas informações, uma equipe depura cada
uma das notícias recebidas, para constatar
a veracidade do fato. Depois de tudo
devidamente checado, os dados extraídos são
segmentados por data, estado, cidade, gênero,
faixa etária, ocupação, tipo de acidente, entre
outros parâmetros de tratamento levados em
consideração para registro consolidado durante
o ano. Dessa forma, o cenário de acidentes de
origem elétrica no Brasil é retratado.

25
SEÇÃO 1
Panorama Geral de Acidentes
de Origem Elétrica no Brasil
A primeira seção do Anuário traz o número total de acidentes de origem
elétrica no país e se desdobra em dois grandes temas: Choques Elétricos
e Incêndios por Sobrecarga (Curto-Circuito). A abordagem de cada tema
contempla recortes por região geográfica e estado da federação, faixa
etária das vítimas, tipo de ocupação, tipo de logradouro onde houve a
ocorrência e a evolução mensal dos acidentes.

27
TOTAL DE ACIDENTES DE
ORIGEM ELÉTRICA
1424 ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA - 2018

DESCARGA
ATMOSFÉRICA (raio)
3%

INCÊNDIOS POR
SOBRECARGA
38%

CHOQUES
59%

Gráfico: 1: Dados gerais de acidentes de origem elétrica – porcentagem por tipo


CHOQUES INCÊNDIOS POR SOBRECARGA DESCARGA ATMOSFÉRICA (raio)

DADOS GERAIS DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA


FATAIS E NÃO FATAIS

1600 1424
1400
1200
1000 836
800 622
537
600 475
400
214
200 61 38 51
13
0

Gráfico 2: Dados gerais de acidentes de origem elétrica – fatais e não fatais

28 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
COMENTÁRIO:
Os eventos com choque elétrico lideram o ranking de acidentes de
origem elétrica no país, com 836 registros, seguidos pelos incêndios
por sobrecarga, com 537 ocorrências e os acidentes por descargas
atmosféricas, que somaram 51 episódios. Estes números somam os casos
fatais e não fatais. As causas mais comuns atribuídas aos acidentes
são as gambiarras elétricas, as instalações elétricas antigas, a falta de
manutenção e o uso de uma mesma tomada para conexão de diversos
equipamentos ao mesmo tempo.

CHOQUES ELÉTRICOS

NORD ESTE
68

NORDESTE
261

CENTRO
OESTE
73 SUDESTE
123

SUL
97
Gráfico 3: Número de mortes por região

COMENTÁRIO:
O Nordeste continua sendo, pelo terceiro ano consecutivo, a região que
mais registra casos de mortes por choques elétricos, com 42% do total. O
desconhecimento dos riscos que a eletricidade oferece é um dos grandes
fatores para estes números, mas é possível afirmar que o descaso com a
eletricidade configura como o maior vilão. O Sudeste ocupa a 2ª posição,
com 20% do total de acidentes com mortes, seguido de perto pela região
Sul, com 15%, pelo Centro-Oeste, 12% e pela região Norte, com 11% do total
de vítimas fatais. A prática de contratar profissionais qualificados para a
realização de uma instalação elétrica poderia aumentar a qualidade das
instalações e torná-las mais seguras, evitando os eventos fatais, ainda tão
frequentes.

29
MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO
NORTE 2018

25 21
20 NORTE

68
15 11 11
9
10 7 7
5 2
0
25 21
20 AC AM AP PA RO RR TO NORTE

68
15 11 11
Gráfico 4: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região
9 Norte
10 7 7
25
5 21 2
20 NORTE

68
0
30 27
MORTE
15 ACPOR CHOQUE
AM
11
25
AP ELÉTRICO
PA RO
11 RR TO CENTRO
9 OESTE
10
20 7
CENTRO-OESTE 20187

73
15
5 2
10
0 6
AC AM AP PA RO RR TO
0
30 27
DF
25
GO MS MT
CENTRO
20
OESTE

73
15

10 6 27
30 25 CENTRO
0
20
OESTE

73
DF GO 15
MS MT
80
10 6
Gráfico 5: Acidentes
60 NORDESTE
fatais com choque elétrico por estado - Região Centro-Oeste

261
60
0 45
40 38
DF GO MS 33 MT
21 23 27
20
MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO 7 7
0
80
NORDESTE 2018
AL BA
60 CE MA PB PE PI RN SE NORDESTE

261
60
45
40 38
33
21 23 27
80
20
7 7
60 NORDESTE

261
60
0
80 AL BA CE MA PB 45
PE PI RN SE
40 38 65
33 SUDESTE

123
60 21 23 27
20
40 33 7 7
0 18
20 AL 7 BA CE MA PB PE PI RN SE
0
80
Gráfico 6: Acidentes fataisMG
com choque elétrico por estado
65 - Região Nordeste
ES RJ SP SUDESTE

123
60

40 33
18
80
20
7 65
SUDESTE

123
60
0
40 37
ES MG RJ 34 SP
40 33 SUL

97
30 26
18
20
20 7
0
10
ES MG RJ SP
30 ANUÁRIO
0
40
ESTATÍSTICO ABRAPEL
37
DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE342018
PR RS SC SUL
30 26
20

80
0
21 23 27
33

7 7
261
AL
MORTE BA CE
60 CHOQUE
POR MA PB
ELÉTRICOPE PI RN SE NORDESTE

261
60
45
SUDESTE
40 2018 38
33
21 23 27
20
7 7
0
80 AL BA CE MA PB PE PI RN SE
65
SUDESTE

123
60

40 33
18
20
7
80
0
65
ES MG RJ SP SUDESTE

123
60

Gráfico
40 7: Acidentes fatais 33
com choque elétrico por estado - Região Sudeste
18
20
7
0
40 37
MORTE PORES CHOQUE
MGELÉTRICO RJ 34 SP
SUL

97
30
SUL 2018 26
20

10

0
40 37
PR RS 34
SC SUL

97
30 26
20

10

0
PR RS SC

Gráfico 8: Acidentes fatais com choque elétrico por estado - Região Sul

COMENTÁRIO:
Os estados do São Paulo (65), Bahia (60), Rio Grande do Sul (37), Mato
Grosso (27) e Pará (21), encabeçam a lista, em suas respectivas regiões,
como os que mais registraram acidentes com vítimas fatais por choques
elétricos. Apesar de a Bahia ter aproximadamente 1/3 da população do
estado de São Paulo, apenas cinco acidentes separam o estado nordestino
do mais populoso do país. No outro extremo, o estado de Roraima é o que
soma menos ocorrências, com dois registros.

31
MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO
POR TIPO DE EDIFICAÇÃO OU LOGRADOURO - 2018

outros 1
Usina 0
Shopping center 0
Rios / lagos / açudes 27
Super / hipermercado 1
Subestações 5
Sí�o, chacara ou fazenda 40
Residência unifamiliar - casa 168
Residência mul�familiar - área comum 0
Residência mul�familiar - apto 1
Parque de diversão/clube 3
Praças, largos 12
Região Litorânea 1
rede aérea de transmissão 2
Rede aérea de distribuição 172
indústria de médio ou pequeno porte 16
Igreja 0
Empresa Pública/Presídios 3
Escola 6
Construção civil - acidentes internos 11
Comércio - outros 3
Comércio pequeno porte 30
Área urbana - postes, ruas, avenidas 59
Área Rural Externa 61
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Gráfico 9: Morte por choque elétrico por tipo de edificação ou logradouro

COMENTÁRIO:
De acordo com os dados, os ambientes residenciais (somatória de
unifamiliar+multifamiliar+sítios e fazendas) registram 209 mortes
superando os acidentes que envolvem as redes aéreas de distribuição
(172). Ainda em 2017, o “Raio X das Instalações Elétricas”, publicado pela
Abracopel em conjunto com o Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre)
alertava para a condição preocupante de apenas 29% das residências
brasileiras possuírem projeto elétrico, pouco mais de 50% das moradias
contarem com condutor de proteção (fio terra) instalado e apenas 27%
dessas edificações terem DR, um dispositivo de proteção que interrompe
a fuga de corrente e reduz o risco de choque elétrico. À época, o estudo
apontou também que 60% das moradias com idade média de 20 anos de
construção nunca haviam passado por reforma e apenas 35% dos imóveis
adotavam o padrão de tomada de três polos, vigente no Brasil. O estudo
completo pode ser revisitado no endereço: http://programacasasegura.
org/blog/2017/05/04/raio-x-das-instalacoes-eletricas-residenciais-
brasileiras.

32 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
MORTES POR FAIXA DE IDADE

Não iden�ficado 0

Acima de 50 anos 104

41 a 50 anos 106

31 a 40 anos 160

21 a 30 anos 144

16 a 20 anos 37

11 a 15 anos 37

6 a 10 anos 14

0 a 5 anos 20

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Gráfico 10: Acidentes fatais por faixa etária

COMENTÁRIO:
Em 2018, 160 vítimas fatais de choques elétricos tinham de 31 a 40 anos
de idade, sendo essa a faixa etária mais afetada, com 26% de acidentes.
Os jovens adultos, de 21 a 30 anos, compõem a segunda população que
mais sofreu a incidência de choques mortais, com 144 vítimas ou 23%
das ocorrências. Entre os indivíduos de 41 a 50 anos, houve 106 mortes e
entre os acima de 50 anos, 104 fatalidades, respondendo cada uma por
aproximadamente 17% dos eventos. As faixas etárias de 11 a 15 anos e 16 a
20 anos registraram 37 (6%) mortes cada. Entre as crianças de 0 a 10 anos
foram 34 as vítimas (5%), sendo 20 delas de 0 a 5 anos (3%).

33
CHOQUE ELÉTRICO TOTAL E FATAL
POR PROFISSÃO/OCUPAÇÃO - 2018

180
168 164
160

140
125
118
120 111
105
100
85
80
67 63 64
57 56
60 50 52
44 40
37 37
40 27 23 24 20
20 13 9 7 13 16
5 9 7
0

total fatal

Gráfico 11: Choques elétricos por tipo de ocupação

COMENTÁRIO:
Os acidentes fatais por choques elétricos vitimaram mais de uma centena
de agricultores. Muitas dessas mortes ocorreram em decorrência do
manuseio, instalação e manutenção de bombas de poços artesianos
e bombas de sucção. Entre os pedreiros e os pintores, as causas mais
comuns de acidentes com vítimas são a desatenção com o manuseio de
materiais metálicos (barras de ferro ou extensores dos rolos) próximo
às redes de energia elétrica. Ao tocarem a rede, acontece a fatalidade.
Crianças e adolescentes por não possuírem profissão determinada são
classificados, metodologicamente, como estudantes. A denominação
“Outros” é aplicada sempre que não é possível identificar a profissão do
acidentado.

34 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO
EM REDES AÉREAS - 2018

35
30
30
29
25
23
20
15 18
15
10 13
10
8 9 9
5 1
4 3 0
0

Gráfico 12: Choques elétricos fatais em redes aéreas

COMENTÁRIO:
Apesar de todos os esforços das concessionárias de distribuição de energia
elétrica em alertar sobre os riscos da proximidade com a rede de energia,
parte da população continua colocando a vida em perigo ao construir
moradias próximas às linhas de transmissão. No caso dos agricultores, o
manuseio de máquinas agrícolas próximas a essas linhas são as principais
causas de acidentes. Ainda que em número menor, os acidentes com
eletricistas funcionários de empresas de energia continuam acontecendo
mesmo com todo conhecimento que o exercício da profissão requer.

35
CHOQUES ELÉTRICOS FATAIS POR MÊS - 2018

90
80 79
70
65 62 66
60 58
57
50 44
40 42
40 38
30 32
31
20
10
0

Gráfico 13: Choques elétricos fatais mês a mês

COMENTÁRIO:
Curiosamente, os dados agregados mostram um aumento no número de
acidentes fatais nos meses que iniciaram o ano de 2018 e os próximos do
seu término. Os dois períodos concentram as estações mais quentes do
ano, as férias escolares e algumas das festividades mais representativas
da cultura popular, caso do Carnaval e do Ano Novo.

INCÊNDIOS POR SOBRECARGA


INCÊNDIOS/MORTES POR SOBRECARGA - POR REGIÃO - 2018

9
Sul
142

26
Sudeste
155

5
Centro Oeste
60

18
Nordeste
124

3
Norte
56

61
Total
537

Morte Incêndio

Gráfico 14: Número total de incêndios e mortes por Região

36 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
COMENTÁRIO:
Em 2018, foram registrados 537 incêndios por sobrecarga em todo o país.
O Sudeste liderou o ranking regional, com 155 eventos e 26 fatalidades.
Na região Sul, embora os incêndios por curto-circuito também tenham
sido bastante numerosos (142), as mortes, num total de 9, foram menos
frequentes que no Nordeste, que registrou 18 vítimas fatais para um total
de 124 incêndios por sobrecarga. As regiões Centro-Oeste e Norte foram
as que menos tiveram incidentes, com 60 e 56, respectivamente, e 5 e 3
mortes.

INCÊNDIOS POR SOBRECARGA DE ACORDO


COM TIPO DE EDIFICAÇÃO OU LOGRADOURO

Outros 0
4
Super / hipermercado 0
2
Shopping center 0
6
Residência Mul�familiar - apto 14
45
Residência Unifamiliar - casas+sí�os 44
207
Indústria de pequeno ou médio porte 1
46
Igrejas 0
7
Hospitais 0
17
Escola/Universidade 0
29
Empresa Pública/Presídios 1
44
Comércios pequeno porte/outros 1
130

Fatal Incêndio

Gráfico 15: Mortes por tipo de edificação ou logradouro

COMENTÁRIO:
As residências unifamiliares são o tipo de edificação que mais registraram
incêndios por curto-circuito/sobrecarga, com 207 eventos e 44 mortes.
Nos prédios residenciais, os incêndios por sobrecarga deixaram 14 mortos
e a incidência foi de 45 ocorrências. Em comércios (sejam de pequeno ou
grande porte) os dados revelam 130 incêndios ao longo do ano de 2018,
com uma morte, permitindo afirmar que os incêndios por sobrecarga
ocorrem, majoritariamente, em ambientes residenciais e comerciais.

37
INCÊNDIOS POR SOBRECARGA POR MÊS E REGIÃO 2018

20
19
18 18 18 18
17 17
16
20 16
19 15 15
14
18 18 18 18 14
17 13 13 13 17 13
12
16 12 12 12 16 12 12
11 11 11 15 15
10
14 10 10 14
9 9 9 13 13 9 13 13
128 12 12 8 8 12 8 12 8 12 8 8
7 11 7 11 11 7
106 6
10 10 6 6 6
9 9 9 5 9
84 4 8 8 4 8 4 8 8 8 4
73 3 3 7 3 7
62 6 2 6 6 2 6 2 2
5 1
40 4 4 4 4
3 3 3 3
2 2 2 2 2
1
0

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

70
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 61
MORTES
60

50
70
40 61
60
30
50
20 16
40 9
10 7 5 6 6
4 4 2
30 1 0 1
0
20 16
9 7
10 4 5 6 6
4 2
1 0 1
0

Gráfico 16: Incêndios por curto-circuito mês a mês, por região

38 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
COMENTÁRIO:
O número de incêndios por curto-circuito reflete a defasagem das
instalações elétricas nas edificações. Esses eventos, na maioria das vezes,
têm início pela sobrecarga em condutores que, ao terem ultrapassado seus
limites de condução de corrente, aquecem e perdem a isolação, dando
origem ao fogo. Se atualizadas, as instalações passam a ter dispositivos de
proteção que interrompem a sobrecarga evitando o acidente (disjuntores
ou fusíveis corretamente dimensionados). O ano de 2018 apontou mais do
que o dobro de mortes quando comparado com 2017. Vale ressaltar que
dentre os registros apurados, 9 mortes referem-se às vítimas do incêndio
ocorrido no Edifício Wilton Paes de Almeida, na capital paulista.

39
40 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL
DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
SEÇÃO 2
Série Histórica
Dados Comparados
Outro corte para análise de dados refere-se ao acumulado anual abrangendo
os anos de 2013, início da série histórica, a 2018, para fins de comparação. O
método historiográfico permite, de maneira facilitada, entender a evolução
dos acidentes de origem elétrica no Brasil e identificar pontos de maior
vulnerabilidade, que requerem maior atenção quanto às ações preventivas.

41
DADOS GERAIS
TOTAL DE ACIDENTES

1600
1387 1424
1400 1319
1223 1248
1200
1038
1000
800
600
400
200
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018
2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 17: Comparativo de acidentes de origem elétrica de 2013 a 2018

COMENTÁRIO:
A série histórica de dados mostra uma escalada crescente de acidentes
de origem elétrica no país, com incremento de 37,2% em 2018 em relação
a 2013, ano de início da pesquisa. Em números absolutos, esse percentual
representou um aumento de 386 acidentes. Anualmente, os acréscimos
para os períodos 2013-2014, 2014-2015, 2015-2016, 2016-2017 e 2017-2018
foram, respectivamente, 17,82% (185), 2,04% (25), 5,68% (71), 5,15% (68) e
2,67% (37).

CHOQUES ELÉTRICOS
COMPARATIVO MORTES POR CHOQUE ELÉTRICO POR REGIÃO - 2013
A 2018

700
627
627

622
599
592

590

600

500

400
287

300
271

261
259
266
258

200
133
123

125
123
116

118

109
109

98
97
88

94

100
73
74

65
69
66
68

60
54
54

52
43
44

0
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul TOTAL

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 18: Evolução dos acidentes fatais por choque elétrico por região

42 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
COMENTÁRIO:
A única região que apresenta menos acidentes fatais por choques
elétricos em 2018 em relação à 2013 é o Sudeste (2013: 133; 2018:123). No
acumulado, nota-se também a diminuição de cinco eventos em relação à
2017, número insuficiente para determinar a melhora nas condições das
instalações elétricas prediais.

CHOQUES ELÉTRICOS - FATAIS E NÃO FATAIS - 2013 A 2018

Fatais Não fatais

173 196 215 224 214


123

592 627 590 599 627 622

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 19: Total de acidentes por choque elétrico – fatal/não fatal 2013 a 2018

COMENTÁRIO:
O ano de 2015 foi o que registrou menos acidentes com choques elétricos
em toda a série e, embora os casos com vítimas fatais em 2018 tenham
sido mais numerosos do que 2013 (41 ocorrências a mais), no ano passado
houve 05 mortes a menos do que em 2017. No acumulado de acidentes
com choque elétrico, 2018 teve 85 eventos a mais se comparado a 2017.

43
MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO POR TIPO DE EDIFICAÇÃO OU
LOGRADOURO 2013 A 2018

1
4
Outros 2
5
4
3
0
12
Shopping center/praças 7
11
0
0
28
24
Rios, lagos, açudes/praia 26
17
2
3
1
3
Super/hipermercado 0
1
1
2
209
218
Residência unifamiliar+sí�os,chácaras, fazendas+Apto 173
163
214
198
7
0
Subestações/transmissão 0
9
3
6
172
181
Rede áerea de distribuição 218
213
109
170
16
12
Indústria 14
19
12
22
0
5
Igreja/convento/hospitais 8
2
0
0
3
3
Empresa pública/presídio 5
5
3
0
9
4
Clube/parque/escola 8
3
4
5
11
16
Construção civil (interno) 14
12
0
0
33
47
Comércio (pequeno/outros) 37
39
79
44
59
49
Área urbana 20
36
112
66
61
50
Área rural 69
55
81
75

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 20: Fatalidades por choque elétrico por tipo de edificação ou logradouro

44 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
COMENTÁRIO:
As residências são o tipo de edificação onde o choque elétrico fatal
acontece com mais frequência (1175 mortes), superando até mesmo a
rede aérea de distribuição (1063 mortes).

COMPARATIVO: CHOQUE ELÉTRICO FATAL EM REDE AÉREA

Outro 18 33 36 36 24 59

Aposentado 9 11 10 11 0

Soldador / Serralheiro 04 30
3
Vidraceiro

Motorista de caminhão 15 10 16 22 20

Curioso 9 16 21 12 9 0

Agricultor 30 15 11 12 0

Pintor / ajudante 23 15 13 14 8 6

Pedreiro / operário /ajudantes 29 48 36 42 23 26

Instalador TV a cabo/telefonia
8 5 13 6 8 13
placas/toldos/calhas

podador de árvore 3 3 210

Faxineira, domés�ca
128 213
dona de casa

Estudante 13 11 17 16 23 22

Eletricista profissional
4 13 15 14 9 12
empresa

Eletricista ou técnico
10 9 11 17 20 28
autônomo

0 50 100 150 200 250

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 21: Mortes por choque elétrico na rede aérea por tipo de ocupação

COMENTÁRIO:
Apesar de todo o trabalho de conscientização sobre os riscos do
manuseio de materiais sem manter a devida distância das redes aéreas de
distribuição de energia, muitos profissionais ligados às áreas da construção
civil e comunicação visual continuam se acidentando. Pedreiros, pintores
e instaladores de fachada são as vítimas mais frequentes dos acidentes
com mortes por choque elétrico.

45
COMPARATIVO MORTE POR CHOQUE ELÉTRICO POR PROFISSÃO
2013 A 2018

0
0
39
Aposentado 40
33
50
0
15
9
Soldador / Serralheiro 21
10
7
0
2
24
Motorista de caminhão 20
14
16
0
33
17
Curioso 31
30
40
0
0
56
Agricultor 90
72
105
10
23
16
Pintor / ajudante 31
18
24
55
60
58
Pedreiro / ajudantes 71
67
37
20
20
17
Instalador cabo/telefonia/placas/toldos/calhas 39
10
13
0
4
1
podador de árvore 6
10
7
72
41
33
Faxineira, domés�ca dona de casa 40
37
56
117
79
76
Estudante 93
76
118
29
16
22
Eletricista profissional empresa 33
18
5
71
54
61
Eletricista ou técnico autônomo 59
45
57

0 20 40 60 80 100 120 140

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 22: Mortes por choque elétrico por tipo de ocupação

COMENTÁRIO:
Diferentemente da condição anterior, que avalia os acidentes computados
na rede aérea de distribuição, os acidentes, em geral, têm como principais
vítimas estudantes (pessoas sem profissão definida), agricultores, os
próprios profissionais autônomos da área elétrica e as donas de casa
(aqui também computadas as trabalhadoras domésticas).

46 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
TOTAL DE MORTES POR FAIXA ETÁRIA EM 6 ANOS - 2013 A 2018

Acima de 50 anos 565


41 a 50 anos 615
31 a 40 anos 970
21 a 30 anos 839
16 a 20 anos 229
11 a 15 anos 204
6 a 10 anos 97
0 a 5 anos 138

0 200 400 600 800 1000 1200

Gráfico 23: Total geral de mortes por choque elétrico e por faixa etária

COMENTÁRIO:
De 2013 a 2018, 3.657 pessoas foram vitimadas por choques elétricos
fatais no Brasil, o que significa 1,67 morte/dia. Só entre as crianças e
adolescentes (de 0 a 15 anos) foram 439 mortes. Os adultos jovens (de 21
a 40 anos) representam quase a metade do total de vítimas de acidentes
fatais por choques elétricos.

INCÊNDIOS POR
SOBRECARGA/CURTO-CIRCUITO
COMPARATIVO INCÊNDIOS/MORTES ORIGINADOS POR
SOBRECARGA - 2013 A 2018

537
451
448
441
295
200

61
33

33

30
20
16

2013 2014 2015 2016 2017 2018


INCÊNDIO MORTE

Gráfico 24: Incêndios gerados a partir de sobrecargas elétricas

COMENTÁRIO:
De 2013 a 2018, os incêndios por sobrecarga e curto-circuito mais que
duplicaram e as mortes quase quadruplicaram. Em relação ao ano anterior,
2018 registrou um aumento de 18,84% no número de incêndios e pouco
mais que 100% no número de mortes.

47
COMPARATIVO INCÊNDIOS/MORTES CAUSADOS POR SOBRECARGA
- 2013 A 2018

16
0
0
2
FATAL 0
0
0
0
14
2013

250
8
4
8
I N C Ê N D IO 20
11
47
75
77

20
0
0
0
FATAL 0
0
0
0
20
2014

298
3
4
9
I N C Ê N D IO 3
14
25
104
136

33
0
0
0
FATAL 0
0
0
2
31
2015

441
8
4
13
I N C Ê N D IO 14
23
31
149
199

Total Shopping/Supermercado Outros


Indústrias Hospitais/Igrejas Escola
Empresa Pública Comércio peq/outros Casa/Apto/Sí�os/Fazendas

Gráfico 25: Mortes por incêndios por tipo de edificação

48 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
33
0
1
0
FATAL 0
0
1
1
30
2016

448
12
21
21
I N C Ê N D IO 22
28
28
104
212

30
0
0
0
FATAL 1
0
0
8
21
2017

451
15
4
22
I N C Ê N D IO 20
18
22
135
215

61
0
0
1
FATAL 0
0
1
1
58
2018

537
8
4
46
I N C Ê N D IO 24
29
44
130
252

COMENTÁRIO:
Os ambientes mais susceptíveis à ocorrência de incêndios por sobrecarga
e curto-circuito, de acordo com os dados acumulados, são os ambientes
residenciais e os pequenos comércios, com 1091 e 697 eventos,
respectivamente.

49
50 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL
DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
SEÇÃO 3
Considerações
Relevantes
Nessa seção, estão especificadas as ações de mobilização
conduzidas pela Abracopel e que podem ser difundidas para minorar
o número de acidentes com eletricidade no país e as que podem ser
implantadas, visando à melhoria nas condições de segurança das
instalações elétricas das edificações.

51
CONSIDERAÇÕES
RELEVANTES
Os dados do Anuário 2018 mostram o quanto a população brasileira ainda
é carente de informação sobre os riscos que a eletricidade pode oferecer
quando mal-empregada. Não fosse assim, a maioria dos acidentes
apurados nesse levantamento poderia ter sido evitada, poupando
centenas de vítimas.
Embora instalações elétricas inadequadas não impeçam, muitas vezes,
um equipamento de funcionar, o desconhecimento e a negligência
dos proprietários de imóveis e até dos próprios profissionais da área
elétrica sobre os riscos relacionados às instalações antigas, ao uso de
fios e cabos não certificados, às gambiarras elétricas, são fatores que
colocam em perigo a vida do usuário da eletricidade.
A importância desse Anuário está em espelhar essa realidade, por meio
dos números apresentados, e realçar a necessidade de mudança de
cultura para a segurança das instalações elétricas, de forma a reduzir a
exposição a acidentes por choque ou incêndios por sobrecarga.
Além do Anuário, a Abracopel realiza diversas ações para levar o conceito
da eletricidade segura para os profissionais do setor e para o público
em geral. Os seminários, workshops, encontros técnicos, congressos,
roadshows e palestras são voltados à capacitação da mão de obra, para
que adote as boas práticas de mercado no dia a dia de trabalho, de forma
a conseguir um resultado de qualidade, sinônimo de segurança.
Durante os 13 anos de atuação da Abracopel, mais de 35 mil profissionais
puderam manter-se atualizados em todo o Brasil por meio das ações
promovidas pela entidade. Quando somadas as iniciativas on-line, esse
universo duplica.
Por meio do Conadse, Congresso Nacional Abracopel de Atualização
Docente em Segurança com Eletricidade, a Associação também
participa da qualificação de professores, levando informação sobre novas
tecnologias, normalizações e tudo de mais atual que está acontecendo
no setor. Dessa forma, ao retornarem às suas instituições, os docentes
podem replicar os conhecimentos adquiridos a seus pares e alunos.
Para a sociedade, as ações de conscientização incluem o Concurso
Nacional de Redação e Desenho e o Prêmio Abracopel de Jornalismo, cujo
objetivo é cultivar e disseminar a cultura da segurança com eletricidade
junto à população.
A ideia de criar um concurso nacional voltado para crianças e adolescentes
era um sonho antigo da Abracopel, que almejava chegar até a base da
sociedade para incutir nesse público um conceito correto sobre as boas
práticas em segurança pra lidar com a eletricidade.

52 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
O projeto, iniciado em 2012, incentiva alunos e professores de escolas
públicas de todo o país a trabalhar o tema segurança elétrica nas salas de
aula, desenvolvendo desenhos, redações e vídeos - categoria inserida em
2018. A criança consciente influencia de forma benéfica todos ao seu redor.
A entrega das principais premiações do concurso é feita diretamente nas
escolas, mesmo em localidades remotas.
Outra ação desenvolvida para conscientizar a população é o Prêmio
Abracopel de Jornalismo, que tem os profissionais da área e os formadores
de opinião como principais interlocutores. A iniciativa completa este ano
o 13º aniversário e foi pensada para difundir informação relevante junto à
mídia. Os profissionais da imprensa, ao pautarem matérias que abordam
os temas relacionados aos perigos das instalações elétricas precárias,
prestam um serviço à população, orientando-a.
A esse trabalho, somam-se ainda parcerias sinérgicas, como o Programa
Casa Segura (www.programacasasegura.org.br) e o Programa Eletricista
Consciente (www.eletricistaconsciente.com.br).
O Programa Casa Segura é uma iniciativa do Procobre em prol da
valorização da vida, da defesa do patrimônio e da segurança da família.
Trata-se de um projeto de conscientização e orientação sobre os riscos
de acidentes causados por instalações elétricas inadequadas e o impacto
dessas instalações no consumo excessivo de energia, na desvalorização
das edificações e na falta de segurança dos imóveis.
O Programa Eletricista Consciente, por sua vez, é uma iniciativa de
cooperação entre a Abracopel, o Procobre e a Revista Potência e
incentiva os eletricistas participantes a se atualizarem profissionalmente
e adquirirem formação para a condução de seus negócios e atividades.
O Programa permite interações no site, acúmulo de pontos e troca de
pontos por prêmios.
O trabalho da Abracopel também versa sobre a participação da
Associação na formulação de regulamentações e normalizações, para
prover a sociedade de apoio técnico e jurídico nos assuntos relacionados
à eletricidade.
Um ponto relevante, que foge à conscientização, porém, está no fato de
os brasileiros ignorarem as leis, regulamentos e normas que orientam
a construção das instalações elétricas. Nesse sentido, o Anuário serve
ao propósito de alertar a população para o trato da eletricidade com
segurança, e das autoridades, a fim de que tomem providências quanto
às adequações necessárias, inclusive de fiscalização, para que as
regulamentações vigentes sejam efetivamente cumpridas.
A união da sociedade, dos agentes econômicos, órgãos de imprensa e do
poder público pode contribuir para que o número de acidentes de origem
elétrica seja reduzido. Profissionais atualizados, produtos de qualidade e
contratantes preocupados são a base para que essa meta seja alcançada.

53
A certeza que move a Abracopel é de que as ações conduzidas por ela
já preservaram milhares de vidas ao evitar um número incontável de
acidentes. E, nesse sentido, cabe um agradecimento especial a todos os
que, direta ou indiretamente, contribuíram para que isso fosse possível.
A Abracopel despende esforços perseguindo esse propósito e, com vistas
a concretizá-lo em um horizonte próximo, algumas medidas emergenciais
precisam ser colocadas em prática. São medidas simples, mas com
potencial para interromper o avanço do número de acidentes fatais por
choques elétricos e os incêndios por curto-circuito, que tanto sensibiliza
a todos por gerar um passivo - emocional ou financeiro – na maioria das
vezes evitável:
• Padronizar procedimentos e metodologias seguras de trabalho;
• Difundir princípios básicos de controle de riscos elétricos;
• Conscientizar profissionais envolvidos e promover melhoria na
atitude e no comportamento dos trabalhadores do setor;
• Ampliar a divulgação das boas práticas em segurança elétrica em
escolas, comunidades carentes, associações de bairro, de forma
a minimizar os acidentes que acontecem por absoluta falta de
informação e conscientização;
• Reforçar a fiscalização da NR-10, norma regulamentadora do
Ministério do Trabalho, que rege as regras para o trabalho com
eletricidade de forma segura.

54 ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAPEL


DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA 2019 - ANO BASE 2018
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