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Trabalho para APS

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (S.T.J.) e relator do caso em tela, Sr. Moura Ribeiro,
votou por negar provimento ao recurso, ou seja, decidiu que os interditos possessórios são
adequados à discussão da melhor posse entre particulares, ainda que relativamente a terras
públicas, a despeito da jurisprudência do próprio Tribunal não admitir a ação possessória em tais
casos por entender que são situações de mera detenção.
Entendo que o eminente ministro resolveu a celeuma de forma lapidar. Não desconheceu a
jurisprudência de sua Corte, mas demonstrou, de forma simples e clara, que situações como aquela
não poderiam ser tratadas como sendo de mera detenção, já que o “animus domni” do invasor é
evidente, ainda que impossível. O Sr. Moura Ribeiro trouxe à baila doutrina que conceitua a mera
detenção, inclusive a de Savigny, estudada por nós em classe, para demonstrar que o caso não
poderia ser mais tratado como de mera detenção.
Caso o entendimento anterior do S.T.J. permanecesse, em sua forma rígida, a própria Corte
violaria o princípio constitucional da função social da propriedade, previsto no artigo 5º, inciso
XXIII da CF, e que abriga os demais princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e
da igualdade (art. 1º, inciso III e art. 5º, caput, todos da CF). A Justiça não cumpriria sua função
maior, deixando um cidadão completamente desabrigado e desassistido.
Os demais ministros acompanharam o relator, formando importante decisão unânime que teve
por mérito ocasionar uma reviravolta na jurisprudência consolidada do Tribunal da Cidadania.
Importante frisar, também, o papel do egrégio Tribunal do Distrito Federal que, ao cassar a
decisão do juiz singular, trouxe à tona a possibilidade de o interessado resguardar a posse do
imóvel, já que a discussão não tratava da propriedade do imóvel público em face do poder público
(essa sim, insuscetível de interditos possessórios).
Trabalho para Aula

O caso é emblemático porque flexibiliza a frequente jurisprudência do próprio Superior Tribunal


de Justiça.
Em verdade, o acórdão do STJ esclareceu o seguinte: continua valendo a regra de que é vedada a
usucapião de bens públicos. Com esse entendimento, a jurisprudência balizou-se no sentido de
que não existe “posse” em face dos bens públicos, apenas “mera detenção”.
No entanto, se permanecesse o entendimento austero, em sua forma rígida, a própria Corte violaria
o princípio constitucional da função social da propriedade. Portanto, a melhor e mais razoável
alternativa é a de conceder os efeitos da proteção possessória daquele que, embora esteja em um
imóvel público, precisa defendê-lo contra um particular. Contudo, isso só poderá emergir contra
um terceiro, e não contra a entidade federativa titular do imóvel.
A conclusão, portanto, é de que a propriedade continuará sendo da União, mas dado um litígio do
imóvel entre particulares, como é o caso em comento, a relação será de posse e seus efeitos, a fim
de atender a função social da propriedade, princípio previsto no artigo 5º, inciso XXIII da CF, e
que abriga os demais princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da igualdade
(art. 1º, inciso III e art. 5º, caput, todos da CF).

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