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CURSO DE LICENCIATURA: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA GRADUADOS

NÃO LICENCIADOS

Disciplina: Didática Geral


Discente: Hélio de Souza Júnior
ORIENTAÇÕES

Com base em tudo o que você leu, refletiu e registrou, escreva um ensaio crítico, de
no mínimo 2 páginas (tamanho 12, espaçamento 1,5cm) e no máximo 4 páginas,
utilizando a imagem acima como referência do seu trabalho como docente.

Ensaio Crítico

É comum vermos, principalmente no mês de outubro, homenagens àqueles que


escolheram como profissão a docência. Atribui-se aos docentes a responsabilidade
pela formação básica que pode levar os indivíduos a se profissionalizarem. Ou seja,
se hoje alguém ocupa alguma profissão socialmente reconhecida, ele em algum
momento deve isso a um professor.
Pensando, conforme afirma Paulo Freire (2002), que ensinar é uma atividade
essencialmente humana, é necessário pensar como a escolha do magistério como
ofício desenvolve saberes e práticas que repercutem de diferentes maneiras na
formação dos indivíduos.
Baseados no princípio marxista de que o trabalho que nos identifica enquanto
humanos e ao transformar um objeto, transformamos também a nós mesmos, tendo
o trabalho um papel fundamental na formação da identidade dos indivíduos. Do
mesmo modo, a atividade da docência é também formadora de uma identidade, e se
o trabalho modifica a identidade do trabalhador, modifica também seu saber trabalhar,
como afirma Maurice Tardif (2005).
Para que se formem os professores, é necessário uma longa jornada de
escolarização para fornecimento de conhecimentos teóricos e técnicos para a
atuação. Porém, é na atuação prática que o professor se forma como professor. É a
prática cotidiana ao longo do tempo que possibilita o desenvolvimento dos saberes
que serão utilizados para o desenvolvimento do exercício da docência.
A concepção de Tardif (2005) é que, com o tempo, certas práticas vão se
tornando saberes que auxiliarão na resolução de problemas na atuação dos
professores e lhes farão atribuir sentido àquilo que realizam.
Percebe-se que, o mínimo domínio dos conteúdos historicamente
sistematizados, não faz de nós professores. A formação nos cursos de licenciatura,
por mais que problematizem os elementos da prática docente, só se materializa
quando vamos para a prática. Aqueles que não se formaram como docentes
(cursaram licenciatura), por vezes acreditam que o domínio dos conteúdos
apreendidos durante a graduação, são suficientes para torna-los professores, porém,
ao deparar com a vivência em sala de aula, percebem que outros elementos envolvem
a docência para além dos conteúdos.
A leitura de Paulo Freire (2002), deixa claro que estamos também em formação
quando nos aventuramos à docência. Temos que ter em mente que não somos os
donos do conhecimento e que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a sua construção ou sua produção. O conhecimento não é como
um depósito que fazemos nos estudantes e depois podemos tirar um extrato. “Quem
forma se forma e re-forma ao formar quem e quem é formado forma-se e forma ao se
formar”, ou seja, não há docência sem discência. O título de graduados não faz de
nós professores. Ensinar é uma relação dialógica.
É desafio da docência fazer com que os educandos não percam a sua
criatividade e curiosidade. E para isso é necessário rigor metodológico para que a
curiosidade se torne curiosidade epistemológica, que supera a ingenuidade. É
necessário considerar os saberes que os educandos trazem de suas vivências para
poder transformar sua realidade.
Quando conseguimos realizar a verdadeira aprendizagem os educandos vão
se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução dos saberes, e
precisamos estar conectados para que esses saberes não se percam e passem a
fazer parte da nossa atividade docente.
Um outro elemento importante trazido por Freire (2002), é que precisamos estar
comprometidos em realizar uma educação que permita aos educandos reconhecerem
suas condições e quererem transformá-la. Precisamos respeitar e ajudar os
estudantes a construírem sua autonomia, além de respeitar as diferentes
individualidades de modo a evitar qualquer discriminação.
Ensinar exige comprometimento com a ética, com a compreensão de que
somos inacabados e não sabemos de tudo. Não há formula mágica ou receita de bolo,
os saberes dos profissionais docentes são distintos, mas é necessário um
compromisso ético-político com o desenvolvimento da autonomia dos estudantes.
São diferentes as fontes dos saberes que os professores desenvolvem ao longo
da docência e que vão fazer deles, dialeticamente, se constituindo como docentes.
Não são frutos exclusivamente da pesquisa ou da formação universitária, porém
desempenham, de formas distintas, importantes papeis na realização dessa atividade
que é tipicamente humana. A experiência dos pares é também fonte dos saberes
docentes.
Nem sempre as condições de trabalho de todos os docentes são ideais, o que
dificulta a realização de propostas criativas e muitas vezes limita a condição criativa
do próprio professor, fazendo com que o mesmo não consiga estimular curiosidade e
criatividade nos estudantes e gerando frustração entre os mesmos.
Ao pensar na relação de identidade entre o trabalho e o indivíduo, Tardif (2005),
ao analisar relatos recolhidos entre docentes, percebeu que existem diferentes facetas
entre os saberes profissionais e a carreira e que essa relação está diretamente ligada
ao tempo de exercício da docência. A atividade exige que o professor tenha um
autoconhecimento e um reconhecimento daqueles que o cercam, visto que a docência
é um ato social.
O saber vindo da experiência é um saber temporal e constantemente
construído. É importante que ele leve em conta um compromisso com as pessoas e
não com o mercado. Precisamos aprender a ensinar para transgredir. Como estamos
na base da formação de todas as profissões, precisamos ter o compromisso ético-
político em educar para a construção de sujeitos autônomos, que reconheçam o papel
socialmente construído da profissão que atuam e possam olhar com criticidade a
realidade que os cerca, à ponto de querer transformá-la.
Existem empecilhos para a realização de uma educação emancipadora,
principalmente nos tempos sombrios que estamos enfrentando. Por isso Paulo Freire
nunca foi tão atual. Precisamos nos comprometer não somente em levar nossos
educandos para o mercado de empregos, mas para que se reconheçam em seu
trabalho e que consigam modificar a realidade que os oprime, sem se tornarem
opressores.

Referências

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25ª


ed. São Paulo (SP): Paz e Terra, 2002.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 5ª ed. Petrópolis (RJ): Editora


Vozes, 2005.

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