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DIREITO PROCESSUAL PENAL I

PARTE I (P1)
CONDUTA + TIPICIDADE + ILICITUDE + CULPABILIDADE1 = CRIME → PENA

1. CRIME – PROCESSO – JURISDIÇÃO – PENA


O processo é um instrumento para que o Estado juiz possa aplicar o direito penal material, isto é, as
normas penais, as penas – tal ideia está ligada ao princípio da necessidade, visto que para aplicar a pena o
Estado NECESSITA do processo, chegando assim à jurisdição; em outras palavras, é a necessidade da instrumen-
talização do processo para possibilitar a aplicação da pena. Em suma, o processo penal é tido como um
conjunto de princípios que conduzem a essa instrumentalização até a decisão do juízo penal; na teoria, deve
ser um sistema de garantia do cidadão (quem está sendo submetido a ele), para evitar excessos e a arbitrariedades
por parte do Estado, porém, na prática, É O MAIS DESIGUAL. A jurisdição, por sua vez, é o poder que alguém
(atrelado a um órgão, que em regra será o Poder Judiciário), ou o juiz, tem de julgar outrem, quando devidamente
provocado; para alcançar a jurisdição, é necessário um veículo, que será o processo.

2. NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO


Como não há uma teoria geral do processo penal, faz-se uso de algumas teorias para tentar construí-la,
como a de Bulow, que fala sobre a RELAÇÃO JURÍDICA – aponta uma relação jurídica de direitos e obrigações
recíprocas, entre o juiz, o autor e o réu (partes), que formam o processo. Já Goldschmdit refuta Bulow, dizendo que
a ideia de processo não é uma reciprocidade de direitos/obrigações entre as partes do processo; é uma SITUAÇÃO
JURÍDICA, onde cada uma das partes (autor e réu) tem um compromisso de apresentar provas (cargas probatórias)
para conseguir um provimento favorável no final. Na prática, no processo penal, quem tem o ônus, isto é, quem tem
a obrigação de provar no processo penal é a acusação. Por fim, tem-se o PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO
de Fazzalari, que proporciona a igualdade de fala, isto é, quanto mais o processo for reforçado com a igualdade de
fala, com o direito de se comunicar e contra argumentar, mais é possível se aproximar de um processo democrático
– tal ideia é a que mais se aproxima da natureza jurídica do processo penal atual.

A IGUALDADE DE FALA SUPÕE UM PROCESSO DEMOCRÁTICO

1Um dos elementos da culpabilidade é a IMPUTABILIDADE, assim, não serão imputáveis aqueles que sofrerem de doença
mental; os menores de 18 anos (inimputabilidade); e, em alguns casos, por embriaguez (Arts. 26 a 28, CP). No 1º caso, será
aplicada, ao invés da pena, uma medida de segurança e no 2º caso, uma medida socioeducativa.

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3. OBJETO DO PROCESSO PENAL
É uma pretensão acusatória, pois existe uma figura que tem a função de acusar, e um instrumento
próprio para acusar alguém. Portanto, ao falar de pretensão acusatória, a acusação pretende acusar alguém; e essa
acusação é levada ao juiz, pois só ele tem o jus puniendi. Na prática, há uma discussão entre pretensão acusatória
e a pretensão punitiva – esta é a ideia tradicional do objeto do processo, isto é, quando o órgão acusador oferece
sua denúncia (Ministério Público, através de ação penal pública) ou queixa crime (querelante por seu advogado
através de ação penal privada), entendia-se que tal figura tinha a pretensão de punir, por isso o nome; só que, quem
tem o poder de punir é o Estado, motivo pelo qual mudou-se o nome do objeto do processo, o chamando de
“acusatória” – a acusação não pune, e sim acusa, quem acusa é o juiz. Assim, o processo de inicia a partir do
momento em que o autor da demanda (MP/querelante) a propõe ao Estado juiz, que após a análise das condições
recebe a inicial acusatória.

AUTORIA + MATERIALIDADE

(binômio que constrói o processo penal)

4. SISTEMAS PROCESSUAIS
4.1 SISTEMA INQUISITÓRIO (NÃO DEVE SER USADO)

É o sistema mais duro, que modificou não só a Europa, como o Brasil. Busca um “infrator”, que poderia ser
aquele que violasse os dogmas da Igreja Católica. Tem como características (a) funções concentradas – função
de investigar, acusar e julgar (função tríplice); aquele que julga é responsável pela investigação, ou seja, há uma
falta de divisão nas funções (b) ato sigiloso – os procedimentos penais ocorrem sob sigilo, não havendo qualquer
tipo de publicidade; não há, ainda, contraditório nem ampla defesa (c) prova confissão → tortura como método –
a “verdade” pode ser compreendida dependendo da ótica de quem esta avaliando a prova; para tal sistema, a maior
prova é a confissão do réu, chamada de rainha das provas, mas a forma de obter tal confissão é a tortura, permitida
normativamente (d) réu → objeto do processo – réu não é uma pessoa, e sim um objeto, por isso suscetível a
qualquer tipo de prática para descobrir a verdade real, inclusive a tortura.

■ O sistema processual atual tem algum indicativo de que é um sistema


inquisitório? Conforme o Art. 156, CPP “a prova da alegação incumbirá a quem a
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a
ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida. Outro exemplo
encontra-se no Art. 5º, CPP, que afirma que “nos crimes de ação pública, o inquérito
policial será iniciado: I – de ofício; II – mediante requisição da autoridade judiciária ou
do MP (...)”.

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4.2 SISTEMA ACUSATÓRIO (MODELO ADOTADO PELA CF)

Tem por base as garantias estabelecidas nas constituições. Tem como características (a) funções distin-
tas e definidas entre os personagens do processo – juiz tem função de julgar (não investiga, não busca prova,
só julga, pois precisa ser imparcial, e quem busca a própria prova não o é); a acusação, de acusar e a defesa, de
defender (b) publicidade – o processo penal não ocorre mais em sigilo, sendo também obrigatório o contraditório, a
ampla defesa e o devido processo legal (c) provas seguem procedimento normativo, isto é, seguem a livre
persuasão racional motivada, também chamado de livre convencimento motivado do juiz; o juiz não está obrigado a
seguir esta ou aquela prova, pois todas as provas possuem o mesmo patamar de importância; não existe uma prova
mais importante (que antes era a confissão) (d) réu considerado como pessoa. No Brasil, a ideia de processo
democrático é baseada no sistema acusatório, por isso, tal modelo é adotado pela CF (Art. 5º, CF), porém,
na prática, isto é, na dinâmica do processo, isso não acontece.

4.3 SISTEMA MISTO (NÃO DEVE SER USADO)

Alguns autores não o consideram como um 3º sistema, visto que o mesmo procurou conjugar referências
de ambos os sistemas anteriores – é o sistema da França, por exemplo. Tem como características (a) funções
distribuídas – há separação de funções entre réu, autor e juiz (b) participação do juiz (investigação) – o juiz que
julga na fase de instrução também investiga na fase de investigação, ou seja, já sabia dos específicos do caso antes
mesmo do contraditório; pode realizar atos que seriam próprios das partes2 (c) garantias limitadas ou
relativizadas – a igualdade (isonomia) das partes é relativizada, visto que a acusação parece ter mais direitos que a
defesa. Em regra, há publicidade (Art. 156, CCP).

INVESTIGAÇÃO (1ª FASE DO PROCESSO) INSTRUÇÃO (2ª FASE DO PROCESSO)

- Autoria (o sujeito praticou mesmo o crime?) - Aplicação dos princípios constitucionais, como ampla
defesa, contraditório, publicidade, mas isso pode ser
- Materialidade (o fato criminoso existiu e como?)
violado, visto que o juiz pode realizar atos das partes.

Verdade Real x Verdade Formal: A verdade é importante no processo penal para


provar se o sujeito que é apontado como autor do crime, de fato, cometeu o crime; e descobrir a
materialidade, a comprovação do fato crime, isto é, se o crime ocorreu naquelas circunstâncias
realmente. A verdade real (material) é ilusória, pois ficou no passado, é um fato histórico, que
não pode ser reproduzido no processo – o processo não tem verdade real. Por isso, o
processo acaba se contentando com as versões apresentadas pelas partes, e o juiz irá extrair
dessas versões o seu posicionamento, isto é, o processo se contenta com a verdade formal
(processual). A VERDADE REAL É ILUSÓRIA, MAS LEVA À BUSCA DA VERDADE.

2Devido a isso, alguns autores consideram que o Brasil adotou o sistema misto, por conta do Art. 156, CPP, por exemplo.
Porém, isso não é verdade; o sistema brasileiro é o acusatório.

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5. SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
FATO CRIME → DELEGACIA POLICIAL → REGISTRO DE OCORRÊNCIA

É uma infração de menor potencial ofensivo, isto é, é um crime com a pena máxima não é superior a 2
anos? Se sim, será lavrado um TERMO CIRCUNSTANCIADO, onde se fala de forma resumida sobre o que
aconteceu e os envolvidos; depois, irá para o JECRIM automaticamente. Se não for uma infração de menor
potencial ofensivo, a autoridade policial irá, primeiro, verificar a procedência da informação (é ilícito penal ou não?)
e, se de fato for um ilícito penal, será dado inicio ao INQUIÉRITO POLICIAL, para apurar autoria e materialidade,
que será encaminhado para o MP e este, se achar que existem fatos necessários para tanto, irá oferecer a
denúncia, que irá para o juiz – do contrário, o inquérito será arquivado.

O juiz irá citar o réu para tomar conhe-cimento da imputação, isto é, da acusação que pesa sobre ele; o
réu deverá então procurar a DP ou um advogado para elaborar a resposta à acusação (contestação, no processo
civil), que será encaminhada ao juiz. A partir daí, com a acusação e a resposta à acusação, o juiz irá decidir se
absolve o réu (nesta fase, chama-se absolvição sumária)3 ou marca uma audiência de instrução e julgamento (AIJ),
onde tem-se a oitiva da vítima, das testemunhas de acusação, das testemunhas de defesa e, por último, do réu
(interrogatório do acusado), nesta ordem (do contrário, será nulo o processo). Depois, haverá debates orais, ou,
caso prefira o juiz, por conta da complexidade do caso, alegações finais escritas (primeiro da acusação, depois da
defesa). Por fim, tem-se a sentença – se esta é condenatória, irá o processo para Vara de Execuções Penais,
perante um juiz da VEP, que será responsável por resolver tudo sobre o caso a partir daí.

Pré Processual Ministério Público Processual Sentença Recurso (TJ/TRF)

A pessoa vai até a Delegacia fazer o Instrução → Ação Penal Se a ação for estadual, irá para o TJ;
registro de ocorrência se federal, irá para o TRF

2º Grau de Jurisdição

DENÚNCIA OU QUEIXA CRIME FIM DA FASE INSTRUTÓRIA

1ª Grau de Jurisdição

■ Após a sentença/recurso, tem-se a FASE EXECUTÓRIA, isto é, a execução penal, na Vara de


IMPORTANTE

Execução Penal – também é considerada 1ª grau de jurisdição.

■ A queixa crime é a peça inaugural de iniciativa privada, enquanto noticia crime é a informação de um
crime a autoridade policial e tal comunicação pode ser qualquer espécie de ação penal.

■ No inquérito policial, o sujeito é chamado de INDICIADO ou SUSPEITO, pois não existe acusado no
inquérito. Se houver acusação penal (denúncia ou queixa crime), esta será recebida pelo juiz, que irá citá-
lo para apresentar sua defesa – a partir daí, o sujeito será chamado de ACUSADO.

3 É o caso de legítima defesa, estado de necessidade, etc.

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6. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
Poderes Investigatórios/Instrutórios do Juiz: No processo penal, a função do juiz é JULGAR,
e não investigar – a ideia de juiz investigador é do sistema inquisitório, e não do acusatório, modelo
seguido pela CF. Assim, o poder do juiz é instrutório (e não investigatório); tal afirmação faz referência à
fase de instrução, que busca garantir um processo legal, democrático e justo. O juiz deve, ainda, ser
NATURAL e IMPARCIAL.

Garantias Básicas do Processo Criminal: Segundo o garantismo penal, no processo criminal


existem garantias, como: nullum iudicium sine acusacione (não há processo sem acusação) nullum
accusatio sine probatione (não há acusação sem prova); nulla probatio sine defensione (nula há a
prova sem defesa).

Presunção de Inocência (Art. 5º, LVII, CF)4: Segundo tal artigo, ninguém é considerado
culpado até o transito em julgado de sentença penal condenatória. Há regras de tratamento em
relação ao acusado e a presunção de inocência: a 1ª é INTERNA, que diz respeito ao juiz diante do réu,
deve trata-lo como inocente; a 2ª é EXTERNA, que se refere á publicidade – não pode ser excessiva ao
ponto de atrapalhar o processo e prejudicar o réu. Nos textos internacionais, não se fala sobre o
trânsito em julgado da sentença para que o sujeito seja considerado culpado. Essa é uma opção do
Brasil, usada na CF. Porém, na prática, o STF afirma que essa questão pode ser analisada no 2º
grau de jurisdição.

“Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se


presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas (DIDH)”.

“Qualquer pessoa acusada de uma infração presume-se


inocente enquanto a sua culpabilidade não tiver sido legalmente
provada (CEDH)”.

Contraditório (Art. 5º, LV, CF): Possui 2 perspectivas, a INFORMAÇÃO – IMPUTAÇÃO5, que diz
respeito a todo procedimento criminal (sem informação, como a parte vai reagir?), isto é, tudo que uma
das partes afirmar tem que ser sabido pela outra, estas precisam dialogar; sem a formulação clara sobre o
suposto autor e o fato crime, a denúncia ou queixa crime não poderá ser recebida; a REAÇÃO da parte
em relação ao que foi dito pela outra, ou seja, a reação sobre as informações dadas pelo MP ou
querelante.

4 Nota de Remissão: Art. 63, CP e Arts. 283, 386, CPP


5 O que o MP ou o querelante está imputando contra mim?

5
Ampla Defesa6: É o direito que todos têm de apresentar seus argumentos livremente e tal
manifestação pode ser dar em 2 vias: no silêncio (manifestação tácita) ou na fala oral, escrita ou por
gestos. Ainda, tal princípio pode ser dividido em 2 subprincípios: AUTODEFESA (Art. 186, CPP), feita pelo
próprio réu, que pode ser positiva, quando o réu apresenta seus argumentos, tentando convencer o
julgador (interrogatório do réu) ou negativa (Art. 5º, II, LXIII, CF), que é o direito do réu de ficar em
silêncio7; e DEFESA TÉCNICA (Arts. 133 (advogado privado), 134 (defensoria pública), CF e Súmula 14,
STF8) que é feita por um profissional habilitado – é indispensável até no Juizado Especial (criminal, pois no
cível não é necessário), podendo gerar a nulidade do processo caso não ocorra.

■ O interrogatório do réu sempre foi tido como meio de prova,


porém, depois da CF/88, o interrogatório se tornou muito mais que isso; é um
meio de defesa e, por isso, não pode ser limitado/violado/afastado – caso
seja, estará violando o princípio constitucional da ampla defesa, poden-
do gerar a nulidade do processo.

7. DA PROVA ILÍCITA
No processo penal, autor e réu almejam provar suas alegações buscando convencer o magistrado – o
direito de produzir provas das partes está inserido no âmbito do devido processo legal. Em matéria criminal,
considerando a presunção de inocência do acusado, o ônus da prova cabe a acusação, o que não impede que a
defesa as produza. Além das partes poderem requerer tal produção, pode o juiz determinar de ofício a realização de
provas, conforme o Art. 156, CPP. O direito à prova, mesmo sendo de fulcro constitucional, NÃO É ABSOLUTO,
apresentando limitações tanto em relação ao objeto quanto aos meios de produzi-la. Sua admissibilidade consiste
em uma valoração prévia com o objetivo de evitar que elementos ou meios de provas vedados pelo ordenamento
adentrem no processo e sejam considerados pelo juiz em seu julgamento. No que tange a tais limitações, há a
chamada prova ilícita.

A CF/88 determinou no Art. 5º, LVI, CF que são inadmissíveis as provas obtidas por meio ilícito no
processo penal. No mesmo sentido, o Art. 157, CPP determina: "São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". A prova
ilícita configura-se quando sua obtenção infringir direito material ou principio constitucional, como por exemplo
a prática de tortura para conseguir alguma informação, a escuta telefônica ou a quebra de sigilo bancário sem
autorização judicial. Além da prova ilícita em si, há a que decorre dela, a prova ilícita por derivação, positivada no
Art. 157, §1º, CPP – a construção doutrinária consiste na inadmissão de prova, ainda que produzida licitamente,
mas que decorra de uma prova considerada ilícita. Havendo prova ilícita esta deve ser inadmitida, sem obstaculizar
a continuidade regular do processo criminal que contenha provas livres de ilicitude e que não tenham sido
contaminadas por aquela.

6 Nota de Remissão: Art. 5º, LV, CF, Art. 186, CPP, Lei 12.654
7 É o direito de não produzir provas contra si mesmo, isto é, a não auto incriminação (nemo tenetur se detegere).
8 A polícia judiciária é a policia investigativa, sua função é investigar.

6
Uma 2ª teoria que se encontra no CPP (Art. 157, §2º, CPP) trata da prova autônoma, definindo que será
apta a prova obtida por fonte independente da que originou a prova ilícita. Com o advento da CF/88, a doutrina e a
jurisprudência posicionaram-se no sentido de que em hipótese nenhuma a prova ilícita poderia ser aceita por
mais relevante fato por ela apurado, em razão não só da previsão constitucional, mas da proteção ao cidadão que
tal vedação representa contra eventuais ações abusivas do Estado. Atualmente, a doutrina se diverge quanto ao
tema. Alguns entendem que em função da unidade do ordenamento jurídico, não é possível admitir a prova ilícita,
pois a CF e o CPP vedam expressamente. Entretanto, há doutrinadores e julgados que vêm conferindo
maleabilidade à vedação constitucional no intuito de impedir distorções que poderiam ser causadas em casos
excepcionais – o argumento seria que tais provas poderiam ser admitidas em casos excepcionais visando a
proteção de valores mais relevantes do que os violados quando da colheita da prova.

O juiz poderia lançar mão do princípio da proporcionalidade e admitir uma prova ilícita na medida em
que no caso em concreto, em um inevitável conflito de valores, a admissão se faça imprescindível para salvaguardar
um bem maior em detrimento de um menor, em prol da busca pela verdade e justiça. No entanto ESSA NÃO É A
CORRENTE MAJORITÁRIA da doutrina e jurisprudência. Apesar da previsão constitucional, a prova ilícita vem
sendo considerada em alguns casos esporádicos ainda que a corrente majoritária legalista desconsidere sua
possibilidade em defesa da segurança jurídica garantida pelo estado democrático de direito e suas garantias
fundamentais.

8. INVESTIGAÇÃO PENAL
Ao trabalhar com a investigação penal, trabalha-se com o binômio AUTORIA e MATERIALIDADE. A
materialidade é a comprovação do fato crime (existiu? é fato crime mesmo?), que não se confunde com o
objeto/matéria do crime, ou seja, os vestígios deixados pela infração penal, também chamado de corpo de delito,
por exemplo, o cabelo da vítima, a substância entorpecente, um documento falso, o hematoma ou a pólvora na mão
da vítima são corpos de delito – é submetido à perícias técnicas, como o exame grafotécnico, a balística e o
médico legal. Para fazer a denúncia ou decretar uma medida cautelar (antecipatória, como a prisão
preventiva)9, é necessário fortes indícios de autoria e materialidade; para condenar, é necessário de provas,
e não indícios.

8.1 ESPÉCIES

1. Código de Processo Penal Militar (Art. 15, CPPM): É a legislação especifica para os militares que
cometerem infrações (Art. 9º, CPPM), tanto das forças armadas (marinha, aeronáutica e exército)
como do âmbito estadual (bombeiro e policia militar). No inquérito policial militar, o responsável
pela investigação nem sempre é bacharel em direito; no inquérito comum, é uma exigência que os
delegados sejam formados em direito. Só serão julgados pelo

9 Para ser decretada, é necessário, além da autoria e da materialidade, a possibilidade do suspeito fugir, ou estar impedindo a
investigação, por exemplo (Art. 312, CPP).

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2. Comissão Parlamentar de Inquérito (Art. 58, §3º, CF): Também é um órgão investigativo, podendo
a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal investigar as infrações praticadas por seus membros,
por exemplo.

3. Tribunal Penal Internacional (Arts. 15, 53, Estatuto de Roma): O Brasil assinou tal estatuto,
concordando que seus nacionais seriam submetidos ao TPI, desde que cometessem crimes contra a
humanidade (crimes de guerra, por exemplo).

4. Controle de Atividade Financeira (Lei 9.613/98): Foi criado a partir de tal lei (lei de lavagem de
dinheiro) e, atualmente, faz parte do Ministério da Justiça; permite a investigação de qualquer sujeito
suspeito de lavagem de dinheiro.

5. Inquérito Policial e Inquérito Policial Federal (Arts. 4º ao 23, CPP): É um conjunto de diligências
realizado pela polícia judiciária, com o fim de obter autoria e materialidade para que o titular da ação
penal (MP, se a ação penal for pública; ou querelante, se a ação penal for privada) possa ingressar
em juízo – o material investigativo também interessa a defesa, para que o suspeito possa contra
argumentar sobre aquilo que está sendo acusado de ter feito.

8.2 INQUÉRITO POLICIAL

A polícia judiciária é a polícia que investiga, isto é, atua após o crime e pode ser federal (polícia federal)
ou estadual (polícia civil) – se o sujeito praticou um crime de moeda falsa, a competência será federal, pois é de
interesse da União; um furto ao INSS também será de competência federal, pois este é um órgão federal, o que não
for de competência federal, isto é, o que não for bem ou interesse da União, será de competência estadual. Existe,
também, a polícia que atua antes do crime, que é a polícia preventiva, por exemplo, a polícia militar, os
bombeiros militares, a polícia rodoviária militar e a polícia federal (é mista, pois também pode ser judiciária). Para
que serve a investigação pré-processual (procedimento administrativo, não judicializado)? Qual o objetivo do
inquérito? Serve para a admissibilidade da acusação, isto é, para que a acusação (denúncia ou queixa crime) seja
admitida pelo juiz e medidas cautelares, isto é, autorizar medidas antecipatórias nessa fase, como a prisão
temporária ou preventiva e a busca e apreensão.

Art. 144, CF → Segurança Pública

Art. 109, CF → Competência Federal na Área Penal

Definição/Natureza Jurídica

É um conjunto de diligencias/investigações feito pela POLÍCIA JUDICIÁRIA (policia investigativa), que


pode ser a Polícia Federal ou Polícia Civil (Estadual), com o fim de apurar autoria e materialidade; seu objetivo
principal é levar esse material probatório para o titular da acusação (MP ou querelante) para que este possa
ingressar em juízo. Não é judicial, tendo cunho administrativo.

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Características

 Inquisitorial: A ideia de inquérito é oposta ao contraditório, por isso, não é possível admitir que
o CPP é totalmente acusatório.

 Oficialidade (Art. 144, §4º, CF): Faz referência a segurança pública, visto que a policia judiciária
é um órgão publico oficial, conforme tal artigo.

 Indisponível (Art. 17, CPP): A polícia não pode dispor do conteúdo da investigação, determi-
nando, por exemplo, o arquivamento dos autos do Inquérito.

 Dispensável (Art. 12, CPP): O inquérito não é indispensável, por exemplo, quando a acusação
tem provas suficientes para fazer a queixa ou a denúncia.

 Escrito (Art. 9º, CPP): O inquérito, conforme tal artigo, deve ser escrito, não podendo ser feito
na forma oral, por exemplo.

 Sigiloso (Art. 7º, XIII, XIV, Lei 8.906 + SV 14, STF + Art. 20, CPP): Segundo o CPP, o inquérito
é sigiloso, menos para o defensor/advogado – podem ter acesso.

Movimentação dos Atos


Ocorre quando tem-se uma infração de
menor potencial ofensivo, isto é, a pena
Termo Circunstanciado máxima do tipo não supera 2 anos.
Comunicação Lei 9.099 VAI DIRETO PARA O JECRIM
Art. 5º, CPP

É a verificação da procedência da informação – se o fato


Fato Crime V.P.P. realmente aconteceu, se a informação é um ilícito penal.
Art. 5º, §3º, CPP
D.P.
Segundo a lei, se o indiciado está solto, deve acabar em 30 dias;
R.O. se está preso, em 10 dias (Art. 10, CPP)

PRAZOS
É um formulário padrão onde a autoridade
policial explica o que aconteceu, através da Inquérito Policial Diligências M.P. (P.I.P.)
comunicação feita pela vítima ou outros.
Indiciamento
NÃO SE DIZ “DAR QUEIXA”
Ocorre quando a infração é mais grave. Juiz
Demora mais, pois existem diversas Art.Art.
23, CPP
23, CPP
diligências, feitas para provar a autoria e a
A notícia do crime pode chegar pela vítima materialidade do crime
(ou por seu advogado), por terceiro, pelo
MP ou pelo delegado de polícia.
M.P.
Art. 5º, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I – de ofício; II – mediante
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
Passado os 30 dias, se não estiverem completas as
quem tiver qualidade para representá-lo (cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos, nesta ordem).
diligências, a autoridade policial deve encaminhar para
§3º. Qualquer pessoaque tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba o juiz, que irá mandar para o MP opinar sobre o
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, aumento do prazo – determina o prazo. Se este acabar
verificada a procedência das informações (VPI) mandará instaurar inquérito. de novo, deverá ser feita a mesma coisa (não há limite).

NÃO OCORRE MAIS NO RJ


NOTÍCIA CRIME (VÍTIMA OU REPRESENTANTE) OU DELATIO CRIMINIS (TERCEIRO)
SERÁ ACOMPLADO AO REGISTRO DE OCORRÊNCIA

9
Nem a autoridade policial nem o MP podem arquivar
inquérito policial; isso é feito pelo juiz, a pedido do MP. Se
não concordar com o arquivamento, deve encaminhar os
autos do inquérito para o chefe do MP, que tomará uma das
providencias do Art. 28, CPP.
RECEBE A DENÚNCIA/QUEIXA
Não há recurso cabível dessa decisão; para o
PEDIDO DE ARQUIVAMENTO denunciado tentar impedir o início da ação penal, só
pela via do habeas corpus para tentar trancar o
M.P. (P.I.P.) Juiz processo.
OFERECER DENÚNCIA/QUEIXA

Agora, no RJ tem-se as CENTRAIS DE INQUÉRITO (PIP), que


trabalha em conjunto com a polícia judiciária, requisitando REJEITA A DENÚNCIA/QUEIXA
diligências, concedendo aumento de prazo para o inquérito.
Assim, na fase de investigação, em regra, o inquérito não Pode o MP recorrer da decisão através de um
passa pelo juiz. recurso em sentido escrito.

Arquivamento e Desarquivamento do Inquérito Policial

Quando o MP recebe o inquérito policial relatado, pode pedir o arquivamento, oferecer denúncia ou
queixa, ou pedir novas diligências. Assim, o arquivamento do I.P. é requerido pelo MP, que será encaminhado
para o juiz analisar. Se o juiz CONCORDAR com o pedido de arquivamento do MP, o inquérito estará arquivado e
só pode ser desarquivado se houver novas provas (Art. 18, CPP); se NÃO CONCORDAR, deverá encaminhar o I.P.
para o procurador geral de justiça, isto é, o chefe do MP, para que este tome uma das 3 providências previstas no
Art. 28, CPP, quais sejam: (a) o próprio procurador oferece a denúncia no lugar do promotor que se mostrou
contrário ao início da ação penal; (b) o procurador designa outro MP (outro promotor) para oferecer denúncia no
lugar daquele que opinou pelo arquivamento; ou (c) o procurador insiste no arquivamento, concordando com o
promotor anterior, e o juiz será obrigado a arquivar.

Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se
de outras provas tiver notícia.

Art. 21, CPP. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e
só será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir –
a ideia é deixar o indiciado sem comunicação com as pessoas, para que seja possível ser feita a
investigação; não é permitida no Estado de Defesa, que é um estado de exceção (Art. 136, §3º,
IV, CF) – ou seja, o Art. 21, CPP está em confronto com a CF, por isso, deve ser descon-
siderado, também, no Estado de Direito. NÃO É APLICADO!

Art. 28, CPP. Se o órgão do MP, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento
do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e (a) este oferecerá a denúncia, (b) designará outro órgão do MP para oferecê-
la, ou (c) insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

Art. 13-A, CPP. Nos crimes previstos nos Arts. 148, 149 e 149-A, 158, §3º e 159, CP e no Art.
239, Lei 8.069 (ECA), o membro do MP ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais
da vítima ou de suspeitos – sem autorização judicial.

Art. 13-B, CPP. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do MP ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem os meios técnicos adequados – sinais, informações e outros – que permitam a
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

10
O arquivamento implícito é o caso do concurso de pessoas – 4 pessoas praticaram uma infração penal,
e estas são apontadas no inquérito policial, mas o MP só apontou 3, isto é, só denunciou 3 (implícito subjetivo) –
ou do concurso de crimes – 4 infrações penais investigadas pelo MP (estupro, roubo, falsificação e resistência a
prisão), mas este só oferece denúncia em relação a 3 (implícito objetivo). Já o arquivamento indireto é quando o
MP deixa de oferecer denúncia, pois o juiz é incompetente para aquela causa. NENHUM DOS DOIS É ACEITO
PELA DOUTRINA.

Prazos do Inquérito Policial

 Art. 10, CPP → 10 (preso) /30 (solto) dias


 Art. 20, CPPM → 20 (preso) /40 (solto) dias
 Art. 20, Lei 11.343 → 30 (preso) /90 (solto) dias
 Art. 60, Lei 5.010 → 15 dias

8.3 PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei 7.960)

Existe a PRISÃO PROCESSUAL (provisória ou cautelar), que é aquela custódia determinada antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória, como: flagrante (espécie de pré-cautelar); temporária; e preventiva. E
a PRISÃO PENAL, privativa de liberdade, que ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Assim,
a prisão temporária é um tipo de prisão processual, própria do inquérito policial, ou seja, só pode ser decretada
nesta fase, quando existe inquérito policial instaurado. Se o sujeito for indiciado por um dos crimes do rol taxativo do
Art. 1º, III, Lei 7.960, o delegado de polícia ou o MP podem requerer a prisão temporária e o juiz pode decretar pelo
prazo de 5 dias, prorrogado por mais 5 dias em caso de extrema e comprovada necessidade (Art. 2º, Lei 7.960) – o
inciso III deve ocorrer em conjunto com o inciso I ou II.

Art. 1°, Lei 7.960. Caberá prisão temporária: I – quando imprescindível para as investigações do inquérito
policial; II – quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade; III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio
doloso (Art. 121, caput, §2º); b) sequestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, §1º, §2º); c) roubo (Art. 157,
caput, §1º, §2º, §3º); d) extorsão (Art. 158, caput, §1º, §2º); e) extorsão mediante sequestro (Art. 159, caput,
§1º, §2º, §3º); f) estupro (Art. 213, caput + Art. 223, caput, § único); g) atentado violento ao pudor (Art. 214 +
Art. 223, caput, § único); h) rapto violento (Art. 219 + Art. 223, caput, § único); i) epidemia com resultado de
morte (Art. 267, §1º); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado
pela morte (Art. 270, caput + Art. 285); l) quadrilha ou bando (Art. 288); m) genocídio (Arts. 1º, 2º, 3º, Lei
2.889); n) tráfico de drogas (Art. 12, Lei 6.368); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.492); p) crimes
previstos na Lei do Terrorismo.

Art. 2º, §4º, Lei 8.072. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei 7.960, nos crimes previstos neste
artigo, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade
– também deve ser combinado aos incisos I ou II do Art. 1º, Lei 7.960; é até 30 dias, ou seja, o juiz pode
decidir por menos.

SE NÃO ESTIVER NESTES ROLS, NÃO CABE PRISÃO TEMPORÁRIA, AINDA QUE
O INCISOS I E II ESTEJAM PRESENTES.

11
8.4 PRISÃO EM FLAGRANTE (Art. 301 s/s, CPP)

Flagrante → Definições Legais e Hipóteses

A prisão/custódia provisória ocorre antes do trânsito em julgado (legislação processual penal), enquanto
que a definitiva após (legislação penal), onde tem-se a pena privativa de liberdade através do regime fechado,
semiaberto ou aberto. Pode a 1ª espécie ser temporária, preventiva (ambas consideradas cautelares) ou em
flagrante (pré cautelar) – esta última não precisa de mandado, pois se autoriza/legitima pela própria circunstância
da captura, isto é, pela própria prática delitiva; já as demais precisam, isto é, o mandado judicial é obrigatório. O
flagrante é parecido com uma chama, assim, quanto maior a chama, mais latente e real é o flagrante. Em suma,
conforme o Art. 302, I, CPP, quem está em flagrante, está cometendo a infração penal, está cometendo o verbo
nuclear do tipo penal. Quando a pessoa está cometendo a infração penal (inciso I) e é surpreendido, ou acabou de
cometer (inciso II), tem-se um FLAGRANTE REAL/PRÓPRIO.

Quando o sujeito é perseguido logo após (inciso III), como é o caso do policial que ouviu um tiro (situação
jurídica), não sabe o que aconteceu, mas vê alguém correndo e resolve perseguir, ou seja, crime aconteceu, já foi
praticado, mas ocorre uma perseguição logo após, que pode perdurar por dias e, desde que não haja interrupção,
o sujeito estará em flagrante10; neste caso, tem-se um FLAGRANTE IMPRÓPRIO. Quando o sujeito é encontrado
logo depois do crime com instrumentos, armas ou objetos que façam presumir ser ele o autor da infração (inciso IV),
tem-se um FLAGRANTE FICTO, isto é, não foi perseguido, mas foi encontrado com uma faca coberta com o
sangue da vítima, por exemplo; é o caso, também, de um vizinho que denúncia, pois percebeu algo estranho e
chama a policia, que encontra instrumentos que parecem os usados no crime. Assim, a definição de flagrante é
toda pessoa que é surpreendida cometendo a infração penal, acaba de cometê-la, é perseguido logo após
ou encontrado logo depois.

A prisão em flagrante realizada de forma ilegal deverá ser relaxada.

Art. 301, CPP. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito – se alguém do
povo prende o sujeito em flagrante, mantendo-o em cárcere, haverá uma excludente
de ilicitude, o exercício regular do direito, conforme o (é uma faculdade, enquanto que
no caso dos policiais é uma obrigação, o estrito cumprimento do dever legal).

Art. 301, CPP c/c Art. 23, III, CP

Art. 302, CPP. Considera-se em flagrante delito quem: I – está cometendo a infração
penal; II – acaba de cometê-la; III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração; IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.

Art. 303, CPP. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência – são os crimes que se perpetuam no tempo,
como o caso do sequestro e do cárcere privado, assim, enquanto o agente manter a
vítima em cárcere, o crime está se consumando.

10 Não existe escapar do flagrante em 24 horas.

12
Sujeitos da Captura → Executor/Condutor/Conduzido: O sujeito ativo é quem executa a
prisão em flagrante, isto é, o policial ou qualquer do povo – o executor e o condutor podem ser a
mesma pessoa, por exemplo, o caso do policial que prende o sujeito em flagrante, que está
executando o flagrante, e conduz o sujeito até a delegacia – e o sujeito passivo é o custodiado
ou preso.

Espécies Doutrinárias de Flagrante11

1. Flagrante Provocado (Súmula 145, STF): É o caso, por exemplo, de policiais, com o intuito de prender
certas pessoas, mas sem prova efetiva ou sem possibilidade que aquilo ocorra, interferem na atuação
criminosa, provocando uma situação flagrancial – há uma clinica de aborto e os polícias querem fazer
um flagrante (que precisaria de mandado judicial), mas com receio de entrar na casa e não encontrar
nada, os policiais destacam uma policial grávida para que esta, disfarçada, vá até lá com o objetivo de
abortar, porém, isso não vai ocorrer, pois sua intenção não é abortar, e sim fazer um flagrante; tem-se um
CRIME DE ENSAIO12, pois tal flagrante é provocado e, portanto, ILEGAL. Em suma, se os agentes
policiais – ou qualquer pessoa, se provado que esta jamais vai provocar aquela infração – fingem
que vão provocar uma infração penal, isto é, fingem ser um suposto criminoso, tal ato será ilegal,
pois será um caso de flagrante provocado (um teatro para prender alguém).

2. Flagrante Forjado: Neste caso, tem-se um flagrante ILEGAL, pois os policiais criam provas para prender
alguém em flagrante, isto é, criam uma situação – é o caso do policial que coloca maconha no carro de
alguém que é parado em uma blitz. É difícil quebrar o flagrante forjado, pois os policiais gozam de fé
pública.

3. Flagrante Postergado, Diferido ou Retardado: Neste caso, tem-se um flagrante LEGAL, pois está na
norma, mais especificamente no Art. 53, II, Lei 11.343 (Lei de Drogas), que permite que seus agentes
façam uso de métodos de investigação para solucionar, evitar ou impedir práticas criminosas relacionadas
a entorpecentes e uma delas é a AÇÃO CONTROLADA13 (e autorizada) – é o caso dos policiais que
sabem que naquele local há um intenso fluxo de drogas e várias pessoas envolvidas e, para conseguir
prender todo mundo, os policiais, ao invés de prenderem uma única pessoa que está ali naquele momento
(que é sua obrigação, isto é, deve prender a pessoa quando vê que a mesma cometendo um crime),
espera as demais aparecem, isto é, a autoridade policial posterga a captura em flagrante para
prender em outro momento, quando conseguir provas dos demais elementos. Outro exemplo de
flagrante postergado é a INFILTRAÇÃO DA POLÍCIA para conseguir informações, sem fazer qualquer
tipo de prisão, observada no Art. 53, I, Lei 11.343.

11 Não se confunde com conceito.


12 É um crime putativo por obra do agente provocador ou crime impossível, conforme o Art. 17, CP.
13 Nota de Remissão: Art. 8º, 9º, Lei 12.850

13
4. Flagrante Esperado: Neste caso, tem-se um flagrante LEGAL, pois agentes policiais só aguardam para
prender a pessoa em flagrante, não havendo participação, influência ou provocação dos agentes
policiais ou de quem quer que seja na atividade criminosa – os policiais estão investigando há algum
tempo, isto é, existe um serviço de inteligência (escuta telefônica, por exemplo) e sabem que o crime irá
acontecer em determinado local e hora e se organizam para prender em flagrante.

SE NÃO FOR O CASO DE FLAGRANTE ESPERO OU POSTERGADO, SERÁ ILEGAL.

Flagrante nas Infrações de Menor Potencial Ofensivo

São as infrações com pena máxima menor que 2 anos, que tem um procedimento diferente do flagrante.
Digamos que o sujeito deu um soco no outro em uma festa (lesão corporal simples – Art. 129, caput, CP). Na
delegacia, não se lavrará o APF e sim o TERMO CIRCUNSTANCIADO (Art. 69, Lei 9.099) – se o suposto autor do
fato assinar tal termo, se comprometendo a comparecer no Juizado Especial (JECRIM) na data marcada, não se
imporá prisão em flagrante e nem se arbitrará fiança, ou seja, o sujeito assina e vai embora. Se o sujeito não
comparecer após intimação formulada, o procedimento do JECRIM será encaminhado para uma vara criminal
comum e seguirá um rito diferente. O porte para uso de drogas também é crime de menor potencial ofensivo,
assim, seguirá o mesmo caminho – assina o termo e vai embora.

8.5 AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (Resolução 213, CNJ)14

A Resolução 213, CNJ (Conselho Nacional de Justiça) determinou que todo preso em flagrante deve ser
conduzido perante a uma autoridade judiciária após a lavratura do APF (auto de prisão em flagrante), para que o juiz
possa (a) analisar as condições do flagrante e a preservação dos direitos constitucionais do preso e (b) avaliar a
situação do flagrante, isto é, saber se deve relaxar a prisão, quando esta for ilegal; conceder a liberdade provisória,
se a prisão for legal; decretar prisão preventiva; ou aplicar medida cautelar diversa da prisão (monitoramento
eletrônico ou fiança, por exemplo - Art. 310, CPP). Essa situação jurídica de encaminhar o preso perante a um juiz
se chama AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (Art. 8º, Resolução 213, CNJ).

Art. 301, CPP → Art. 302, I, CPP → Conduz à DP (APF) → IML → Audiência de Custódia

8.6 AUTO DE RESISTÊNCIA (Art. 284, 292, CPP)

Conforme o Art. 284, CPP não será permitido o emprego da força (pela polícia ou quem captura), salvo a
indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso, ou seja, a polícia reage à resistência – se o
sujeito está com uma arma, a polícia pode atirar. Se a polícia pratica atos para, em tese, conter a violência praticada
pelo resistido, deveria, após, ir a delegacia e instaurar um inquérito, para saber se foi usado força ou excesso de
força. Porém, na prática, o policial mata um suposto “suspeito”, alega legítima defesa e que houve resistência a
prisão; a ocorrência é registrada como “auto de resistência” e as testemunhas são os próprios policiais que
participavam da ação, por isso, o crime quase nunca será investigado.

14 Convenção Interamericana dos Direitos Humanos

14
Principais Direitos do Preso → Arts. 286, 306, §2º, CPP + Art. 5º, LVIII, LXI, LXII,
LXIII, LXIV, LXV, LXVI, CF

Art. 5º, CF. LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei LXI – ninguém será preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei; LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada; LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial – nota de culpa (Art. 306, §2º, CPP); LXV – a prisão ilegal
será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI – ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;

9. AÇÃO PROCESSUAL PENAL (Art. 100 s/s CP e Art. 24 s/s, CPP)


A ação é um direito subjetivo, abstrato, público de se provocar a prestação jurisdicional; para provocar
essa prestação jurisdicional, é necessário um instrumento e tal instrumento é o PROCESSO. Assim, uma pessoa
(ofendido/querelante) ou um órgão (no âmbito penal, será o MP) tem o direito de provocar a tutela jurisdicional, para
que o Estado juiz aplique o direito penal objetivo, isto é, o Código Penal (crimes e penas) 15. A ação penal de
iniciativa pública é promovida pelo MP (Estado), que ingressa em juízo através de uma DENÚNCIA, considerada
a peça inaugural de tal ação - caberá denúncia tanto na ação condicionada quanto na incondicionada, pois
ambas são de iniciativa pública. Na ação penal pública INCONDICIONADA, o MP não necessita de qualquer
condição específica de procedibilidade16 para o exercício da ação penal, bastando os indícios suficientes de autoria
e materialidade e os requisitos da lei. Já ação penal pública CONDICIONADA, há condições específicas de
procedibilidade, ou seja, o MP está submetido à exigência de procedibilidade (representação ou requisição, que são
exigências/condições especificas para o MP proceder; sem isso, não pode oferecer denuncia).

Em regra, será ação penal pública incondicionada, isto é, quando não há menção na lei, será
incondicionada - neste caso, não precisa de condições, mas precisa de indícios de autoria e materialidade.
Assim, um crime é de ação penal pública condicionada quando está condicionado à representação (do ofendido ou
representante legal17, como é o caso do Art. 130, §2º, CP) ou à requisição (do Ministério da Justiça, como é o caso
do Art. 145, Parágrafo único, CP) e tal informação está expressa no tipo, ou seja, para haver denúncia em tal crime,
é necessária a representação da vítima ou a requisição do MJ; sem tais condições, o MP não pode oferecer
denúncia, mesmo havendo indícios de autoria e materialidade. Se a lesão corporal for leve (Art. 129, caput,
CP) ou culposa (Art. 129, §6º, CP), será ação penal pública condicionada, conforme o Art. 88, Lei 9.099.

15 É possível haver pena sem processo? Suponha que um sujeito danificou o carro de alguém, que viu quem provocou o dano
e foi a D.P. registrar a ocorrência (crime de dano); tem-se um termo circunstanciado, que vai para o JECRIM, onde acontece
uma audiência para ocorrer a composição dos danos civis entre a vítima e o suposto autor do fato - não há processo.
16 Condição que o MP tem de denunciar, ou seja, se não tiver tal elemento (condição), não poderá ajuizar a demanda penal.
17São estes o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, nesta ordem; morrendo o ofendido, o direito de representação para o
cônjuge; sem este, para os ascendentes; sem estes, para os descendentes; sem estes, para os irmãos.

15
A requisição do MJ (condição de procedibilidade) não obriga o MP a oferecer a denúncia; para isso, irá
analisar se existem indícios de materialidade e autoria. Já na ação penal de iniciativa privada, cabe à vítima ou
seu representante legal oferecer a QUEIXA CRIME, considerada uma petição inicial nos crimes de ação privada, de
titularidade do particular (ofendido), chamado de querelante, enquanto que o réu, quem supostamente praticou a
infração penal, é o querelado. O querelante não tem capacidade de postular em juízo, assim, faz isso por
intermédio de seu advogado ou defensor público (Art. 44, CPP)18. Na ação penal privada PROPRIAMENTE DITA,
tanto o ofendido quanto seu represente legal (Cônjuge; Ascendente; Descendente; Irmão) podem oferecer a queixa
crime; por sua vez, na PERSONALISSIMA, não há direito para o representante legal apresentar queixa crime, ou
seja, tal direito é só do ofendido (era o caso do adultério, que foi revogado; mas o Art. 236, Parágrafo único, CP
ainda está em vigor); já na SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA é uma espécie originariamente pública, que se tornou
privada, pois o legislador assim definiu através do Art. 29, CPP - dá oportunidade ao cidadão de promover ação
penal quando o MP deixar de promover, ou seja, ficar inerte (Art. 46, CPP); ingressará em juízo através da
queixa crime (subsidiária), feita por um advogado ou defensor em até 6 meses, a contar fim do prazo do MP,
conforme o Art. 38, CPP.

9.1 DECADÊNCIA, PRESCRIÇÃO E PEREMPÇÃO

A decadência é a perda do direito de oferecer queixa na ação penal privada ou representação na


demanda pública condicionada, em razão do decurso do tempo - esse prazo é de 6 meses, a contar da descoberta
pelo ofendido do autor do crime (Art. 38, CPP) - é de ordem privada, pois o interesse é da vítima, e não do Estado.
A prescrição, por sua vez, no âmbito penal, não tem a ver com o ofendido, e sim com o Estado, isto é, é a perda do
direito de punir ou de executar a pena pelo Estado em razão do decurso do tempo - é de ordem pública, assim, uma
vez verificada, pode ser declarada a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo juiz (Art. 107, CP). Já a perempção
é um instituto de natureza privada, estando presente só na ação privada - se o querelante não observar os prazos e
exigências legais (Art. 60, CPP), o juiz poderá extinguir a punibilidade do querelado.

9.2 RENÚNCIA E PERDÃO DO OFENDIDO (NA AÇÃO PENAL PRIVADA)

São institutos de natureza privada. A renúncia se verifica antes de se propor a queixa, isto é, antes do
início da ação penal e significa a minha vontade de renunciar o direito de querela, por isso, é unilateral, visto que só
depende da vontade do ofendido - seu objetivo é extinguir a pretensão acusatória. O perdão, por sua vez, só ocorre
após o início da ação penal, ou seja, o ofendido já ingressou em juízo; é o caso em que a vítima quer perdoar o
querelado, porém, este é bilateral, isto é, o querelante quer perdoar o querelado tem que aceitar, do contrário, o
processo continua - se aceitar, o juiz deve extinguir a punibilidade, pondo fim ao processo e revogando os atos
praticados. O perdão pode ser EXPRESSO (querelante se manifesta, dizendo que quer perdoar, verbalmente ou por
escrito, por exemplo, uma petição nos autos) ou TÁCITO (no curso do processo, chama o querelado para ser
padrinho de casamento; tira uma foto do convite, por exemplo); pode ser PROCESSUAL ou EXTRAPROCESSUAL,
desde que seja demonstrado nos autos. O perdão concedido a um, será concedido a todos, pois este é
indivisível, conforme o Art. 51, CPP; se perdoar todos, e um deles não aceitar, segue o processo em relação
a todos.

18 Na 2ª fase da OAB, tem que elaborar a procuração (outorgante, outorgado, poderes especiais e menção do fato criminoso).

16
9.3 RETRATAÇÃO

A retratação também é uma causa extintiva de punibilidade relativa a representação (Art. 25, CPP); é uma
manifestação de vontade do ofendido na ação penal pública condicionada, que deve ocorrer antes do MP
oferecer denúncia (oferecendo a denúncia, não pode mais se retratar).

9.4 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL

Sobre a ação penal pública, tem-se a OFICIALIDADE (a demanda é promovida por um órgão oficial do
Estado, que é o MP) OBRIGATORIEDADE (o MP, constatando a existência de indícios suficientes de autoria e
materialidade, deve iniciar a ação penal; para alguns, o MP, verificando se tratar de bagatela, pode ignorar a
obrigatoriedade para oferecer denúncia), INDISPONIBILIDADE, o MP não pode dispor do conteúdo material da
acusação, assim como não pode dispor do recurso que haja interposto. Sobre a ação penal privada, tem-se a
CONVENIÊNCIA (ou oportunidade), onde o querelante tem a possibilidade de analisar se é oportuno iniciar a ação
penal, a INDIVISIBILIDADE, visto em que promover contra todos os autores da infração (se C ficar de fora, a defesa
de A e B vai acusar a quebra do princípio da indivisibilidade, exigindo a exclusão da punibilidade) e a INTRANS-
CENDÊNCIA, que afirma que a acusação não pode pagar da pessoa que supostamente praticou o crime.

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