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CÂMPUS PELOTAS

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Profissional e Habilitação para a


Docência

OS USOS DA BIBLIOTECA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO SUL-RIO-


GRANDENSE – CÂMPUS PELOTAS: EXTENSÃO DA SALA DE AULA E ESPAÇO
DE SOCIALIZAÇÃO

Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu


em Educação Profissional com Habilitação para a Docência
do IFSul–Câmpus Pelotas, como requisito parcial à obtenção
do título de Especialista em Educação Profissional sob a
orientação do professor Dr. Jair Jonko Araújo.

DALVA ROSANE CRUZ RODRIGUES

Pelotas, 2016
OS USOS DA BIBLIOTECA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO SUL-RIO-
GRANDENSE – CAMPUS PELOTAS: EXTENSÃO DA SALA DE AULA E ESPAÇO
DE SOCIALIZAÇÃO

RODRIGUES, Dalva1
ARAÚJO, Jair Jonko2

Resumo:
Este trabalho tem como objetivo investigar os usos que os alunos fazem, em seu
cotidiano escolar, da biblioteca do Instituto Federal de Educação Sul-rio-grandense –
Câmpus Pelotas. Nesta perspectiva, este trabalho busca compreender a
organização da biblioteca, identificar a frequência e a forma de utilização pelos os
estudantes e identificar as motivações para frequentá-la. Trata-se de uma pesquisa
explorativa e qualitativa que utilizou como instrumentos para pesquisa de campo,
observações e entrevista estruturada com 32 estudantes de diferentes níveis de
ensino. Tendo como pressuposto inicial que a biblioteca era um espaço de leitura,
percebi ao longo do trabalho, que a biblioteca é um lugar de comunicação, aberto ao
meio social que a rodeia, uma extensão da sala de aula e um local de socialização
do aluno em de seu ambiente de formação; um importante fator constituindo-se
como ciclo de formação entre professores, alunos, disciplinas e Instituição. Enfim,
descobri que a biblioteca, objeto deste estudo é um importante espaço sociocultural,
um coração do Câmpus.

Palavras chaves: biblioteca, espaço sociocultural, socialização.

1
dalvaross1@hotmail.com
2
jair.jomko@gmail.com
INTRODUÇÃO

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense e


seus espaços é o local de investigação deste trabalho. Este instituto tem sua origem
em1942, quando foi criado para oferecer formação profissional aos alunos.
Passando por várias adequações ao longo dos anos transformou-se em Escola
Técnica, Escola Técnica Federal, CEFET e hoje IFSul. (Fonte:Relatório Interno;
dados consolidados em Fevereiro de 2015)
Na cidade de Pelotas existem dois Câmpus do IFSul: o Câmpus Visconde da
Graça, antiga Escola Vinculada da Universidade Federal de Pelotas, localizado na
zona suburbana da cidade, e o Câmpus Pelotas, localizado na zona central da
cidade. Este último, Pelotas, é o local de realização desta pesquisa, no qual tratarei
aqui apenas como Câmpus.
O Câmpus vem se adequando ao longo do tempo às exigências educacionais
e ao mundo do trabalho, ofertando atualmente ensino técnico de nível médio em
três modalidades - Integrado, Subsequente e Concomitante, ensino superior de
graduação e pós-graduação. São dezenove cursos de ensino médio, seis de
graduação e cinco de pós Graduação, incluindo um Mestrado Profissional em
Educação e Tecnologia. (Fonte:Relatório Interno; dados consolidados em Dezembro
de 2014)
O Câmpus possui uma área construída de 50.000m², é equipado com
laboratórios, salas de aula, quadras e ginásio de esportes, jardins, oficinas, auditório,
mini auditórios, salas administrativas, refeitório, cantina, CTG e uma biblioteca
localizada no interior do prédio. A biblioteca foi construída no centro da Instituição.
(Fonte: Plano de Desenvolvimento Institucional Agosto de 2014 a Julho de 2019)

MOTIVAÇÃO PELO TEMA

Meu interesse pela biblioteca surge durante alguns trabalhos realizados ainda
na minha Graduação. Em minha jornada como pesquisadora, surgiu a
(re)descoberta do espaço da Biblioteca não apenas como um espaço na estrutura
da escola e sim incluído no processo de formação. A partir de um trabalho realizado
na biblioteca escolar de uma escola pública de ensino Fundamental em Pelotas, tive
a oportunidade de refletir sobre a importância deste ambiente.
As primeiras impressões e inquietações foram de que em algumas escolas os
alunos utilizam a biblioteca como local de estudo, em outras, os alunos buscam
material para realizar os trabalhos solicitados pelos professores. No entanto, existem
estudantes que sequer conheciam a bibliotecária de sua escola. Partindo dessas
experiências, percebi meu desejo sobre o tema, instigada pelo potencial de
mudança que o ambiente pode causar no aluno.
Observei ainda que nesta instituição os alunos frequentam o espaço da
biblioteca. Inicialmente supunha que a biblioteca era utilizada como um local de
leitura e realizações de trabalhos. À medida que visitava a biblioteca e conversava
com os alunos percebi que ela é concebida como ambiente de interação e
socialização entre os alunos.
Juntei-me, então, aos estudantes que frequentam a biblioteca e todos seus
espaços. É perceptível o bem- estar dos estudantes dentro desse ambiente.
Estariam eles buscando leituras e referências literárias, reunidos em grupos de
estudo, realizando trabalhos ou simplesmente se encontram por hábito na
biblioteca? Teriam eles este hábito desde o começo da vida estudantil nas escolas
de ensino Fundamental ou adquiriram no ensino médio? Foi somente dentro desta
Instituição que fizeram deste espaço uma extensão de sua sala de aula? Qual seria
a participação do professor neste processo?
É nesse contexto que foi constituído este trabalho, o qual tem como objetivo
investigar os usos que os alunos fazem da biblioteca do Câmpus em seu cotidiano
de estudos.
Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivos específicos compreender
a organização da biblioteca; identificar a frequência e a forma de utilização da
biblioteca para os estudantes; e identificar as motivações dos estudantes para
frequentar a biblioteca.
Tratando-se de uma pesquisa explorativa e qualitativa, que segundo Flick
(2009, p.8)[...]visa a abordar o mundo “lá fora" (e não em contextos especializados
de pesquisa, como laboratórios), e entender, descrever e, ás vezes, explicar os
fenômenos sociais “de dentro”, de diversas maneiras diferentes [...], assim, começo
pela observação do cotidiano dos alunos coma pretensão de trazer dados e relatos
de estudantes dos três turnos da Instituição.
A metodologia foi estruturada inicialmente com as visitas semanais, realizadas
entre os meses de Setembro de 2014 a Março de 2015. A partir da observação, em
conjunto com os estudos teóricos sobre a biblioteca ,elaborou-se um instrumento de
entrevista: um questionário com questões fechadas e abertas. Este instrumento
objetivava a construção do perfil do estudante que frequenta a biblioteca e o uso que
fazem deste ambiente. Foram entrevistados 32 estudantes durante o período de
quatro meses, em dias alternados, entre as 10 h e 12 h, 14 h e 16 h, 18 h e 20 h,
sempre na última semana de cada mês.

REFERENCIAL TEÓRICO

Para compreender o lócus da pesquisa, buscamos estudiosos que


analisassem o uso da biblioteca, não somente como espaço de leitura, mas também
como um elemento a mais na formação do estudante. Ainda em outro enfoque, além
do espaço de leitura, muitos autores inferem no tema, usos diferentes trazendo ao
trabalho um tema que não se esgota e sim que foi mudando, como mudaram através
do tempo o aluno, professores e instituição.
Segundo Gusdorf (1977, p. 31), “O homem deixou de ser somente o homem
que fala e se tornou o ser que escreve o que lê". Essa afirmação sustenta parte
deste trabalho, mostrando um novo olhar sobre o uso da biblioteca nas escolas. Os
leitores tornaram-se mais subjetivos e a Instituição buscou adequar-se a este
movimento.
Midlin (2009.p.13) ressalta que para uma grande parte da população, o
acesso ao livro não é fácil e ter livros em casa não deve ser condição única para a
leitura. Para ele, o Brasil deve criar um número cada vez maior de bibliotecas
públicas e escolares, para que qualquer pessoa possa ter acesso ao livro. Esta seria
a principal finalidade de uma biblioteca escolar: a formação de leitores.
A intimidade com os livros é culturalmente direcionada à escola, uma vez que,
segundo os alunos que fizeram parte desta pesquisa, a maioria dos lares não é
formada por leitores ativos. Sendo assim, a escola recebe esse papel: o de introduzir
o aluno, desde criança, ao mundo dos livros e da leitura. Este fator possivelmente
mudou com o tempo também o perfil do estudante no ambiente escolar.
De acordo com Silva (2002, p. 66), “O ato de escrever (simbolizar) permite ao
outro compartilhar daquilo que vi; ao ler (compreender), compartilho daquilo que o
outro viu”. Integrar leitura, pessoas e mundo assim como integrar alunos e escola, é
parte do comprometimento com a educação. Então, percebemos que a linguagem
se dá entre os sujeitos em qualquer espaço do ambiente de ensino. Compartilhar,
interagir e buscar por influência ou não do professor, um local que, segundo os
estudantes, pode ser de todos e para todas as necessidades. Para haver interação,
a linguagem e o ambiente se fazem por meio dos espaços compartilhados pelos
sujeitos.
O uso da biblioteca como espaço de formação de leitores prepara prováveis
futuros escritores. O incentivo por parte dos docentes para publicações dos alunos é
chave no processo de produção, uma vez que a partir da leitura, coletiva ou
individual estimulada pelo professor, o aluno apropria-se de um facilitador para sua
escrita, não seria somente o folhear de um livro prazeroso, mas também a leitura em
um computador e a troca de conhecimentos entre os estudantes.
Leitores indisciplinados (MIDLIN, 2009, p.13) precisam de estímulo. Um
ambiente de leitura proporciona curiosidade e busca por respostas. A facilidade do
contato com material escrito aproxima o aluno do hábito de ler. Se o aluno busca
informações por meios tecnológicos além do ambiente de leitura, agrega
conhecimento sobre o assunto. O professor é mediador no processo de adquirir o
hábito de ler pelos alunos e sua intimidade com os livros. O autor sugere que se
pense em sua história de vida e pergunta: Quem ou o que o levou aos livros? Isso
mostra a eficiência do professor e sua instituição de ensino em formar leitores
escritores, mesmo que sejam eles alunos da era digital. Estimular a leitura é só um
dos motivos de incentivar o aluno a frequentar a biblioteca.
Na busca por publicações que subsidiassem a ideia do uso da biblioteca
como uma extensão da sala de aula, encontrei no estado de São Paulo, um projeto
do SESI que mantém uma equipe técnica para supervisão das bibliotecas das
escolas desta Instituição com a missão de planejar e supervisionar as atividades
técnico-administrativas das Bibliotecas Escolares. Este trabalho facilita o processo
de ensino e aprendizagem dos alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio do sistema Escolar SESI-SP. Segundo o relato de Enisete Malaquias
(2007), o trabalho é realizado com foco no plano de aula do professor, visando
favorecer parceria entre professor e bibliotecário.
Para Sánches-Fortún (2003, p.76) a biblioteca é ainda um espaço de
comunicação, aberto ao meio sociocultural que o rodeia, configurando-se por isso
como um espaço dinamizador de cultura. Glória Roca (2010) argumenta que ela
representa também uma janela para o mundo, permitindo que o aluno possa viajar a
países longínquos ou penetrar em outros ambientes.
A função plenamente educativa da Biblioteca escolar, porque sua utilização
está vinculada à finalidade de apoiar o desenvolvimento pessoal e social
dos alunos em aspectos intelectuais e emocionais, a fim de possibilitar a
aprendizagem e o exercício continuado da leitura com grande diversidade
de recursos materiais.(ROCA, 2010, pg.12)
A função social como espaço aberto à comunicação social, de interação,
receptividade ao novo e suas rupturas ao convencional, serão sempre aliadas
ações relacionadas às práticas educacionais. Propiciar um bom espaço de estudo e
leitura pode ser sinônimo de propiciar interação, formação de cidadão e firmar as
relações entre os indivíduos entre si, em grupos e com o saber.
A chegada da era digital vem movimentando a estrutura e as políticas
pedagógicas das escolas. Atualmente, um laboratório de informática, por exemplo, é
tão importante no acesso à informação, quanto à busca nos livros.
Segundo Mindlin (2009, p.13) "[...] não é só a leitura, mesmo com toda a sua
importância, que deve ser objeto de ponderação e estímulo”. O mundo digital
transformou o ensino e com ele mudou o leitor. A informação pode estar com o
aluno em qualquer lugar e situação. O espaço biblioteca pensado para o aluno como
ambiente virtual aproxima e qualifica a Instituição com o aluno. O Câmpus Pelotas
possui uma rede de internet e computadores de fácil acesso para os alunos.
Frequentemente os professores utilizam as redes sociais para dar continuidade de
seu trabalho de sala de aula ou atividades orientadas para os estudantes.
Em um futuro próximo, não saber usar a internet será como não saber abrir
um livro, não sabermos algo que nos permita viver e conviver uma cidadania em
sua plenitude e tudo que o mundo oferece. Para Midlin (2009,p.13), o
conhecimento do mundo, a possibilidade de entender e se beneficiar do progresso
científico e tecnológico de que somos contemporâneos são obviamente muito
importantes
A biblioteca é segundo Glória Roca (2010), de função social como espaço
aberto à comunidade educacional. Interação e ações que diminuam a desigualdade
social entre alunos e toda a comunidade escolar, promovem uma relação educação
e a necessidade educacional. Essas relações entre alunos, professores e servidores
dentro do espaço escolar, promovem também relações de saberes.
Bernard Charlot (2005, p.45), nos fala dessas relações. Ele diz que
[...] a relação com o saber é o conjunto das relações que um sujeito
estabelece com um objeto, “um conteúdo de pensamento”, uma atividade,
uma relação interpessoal,, um lugar, uma pessoa, uma situação, uma
ocasião, uma obrigação, etc., relacionados de alguma forma com o
aprender e o saber-consequentemente, é também relação com a
linguagem, relação com o tempo, relação com a atividade no mundo e sobre
o mundo, relação com os outros e relação consigo mesmo, como mais ou
menos capaz de aprender tal coisa, em tal situação.
Freire (1997, p.127) mostra que uma das tarefas principais da prática
educacional é o desenvolvimento de uma curiosidade crítica, é preciso cultivar a
curiosidade como inquietação indagadora como busca de esclarecimento. A
curiosidade é movida pelo estímulo, assim, a inquietação do estudante do Câmpus
pode ser uma aliada das relações de saberes.

O ESPAÇO, OS PROCESSOS E RECONHECIMENTO DA BIBLIOTECA

A biblioteca atende aos estudantes de todos os níveis de ensino, funcionários,


docentes, técnico-administrativos, servidores terceirizados e a comunidade externa.
Ela está instalada em dois pisos: no piso superior está localizada a administração e
o acervo, distribuídos em uma área de aproximadamente 480m 2, e no piso inferior
estão instalados o salão de estudos em grupo e o espaço para estudos individuais
(aproximadamente 270m2)3, além do clube de xadrez. Para atender aos usuários a
biblioteca funciona das 8 h às 22 h e conta com 12 servidores: 6 bibliotecários, 2
auxiliares de bibliotecas e 4 servidores administrativos. Seu acervo é formado por
livros, enciclopédias, periódicos, dicionários, catálogos, folhetos, normas técnicas,
atlas, mapas, apostilas, manuais, relatórios, arquivos digitais, CDS e DVDS e outros.
Na parte interna inferior conta com computadores, mesas coletivas e
individuais. Espaço fechado para leitura silenciosa, computadores para consulta e
uma estrutura apropriada para conexão de muitos aparelhos ao mesmo tempo. O
jardim que separa a Biblioteca do prédio é usado pelos alunos como interação dos
grupos dos três turnos.
A parte superior contém o acervo, porta com detectores, armários e
computadores. Uma equipe trabalha na parte superior do prédio em tempo integral

3
Fonte: Plano de Desenvolvimento Institucional agosto de 2014 a julho de 2019
de funcionamento. Ao lado o acervo, mesas para estudo e leitura, também ampliada
para uso de computadores da própria Instituição e do aluno. O crachá de
identificação do aluno é seu cartão da biblioteca. Todo o aluno que ingressa
matriculado no Câmpus é automaticamente associado na biblioteca e tem livre
acesso ao acervo.
Neste momento da investigação, percebi o quanto o acesso a biblioteca ainda
é consideravelmente frágil para os alunos deficientes físicos, principalmente aquele
que precisa locomover-se com cadeira de rodas. É possível chegar ao piso superior
por elevadores que sobem do térreo para o segundo andar de corredores de outro
espaço do Câmpus. Este mesmo fica atrás do acervo superior do ambiente, ou seja,
o aluno cadeirante precisa sair da biblioteca, deslocar-se até outro setor para usar o
elevador para usar o acervo, que fica no andar de cima. Chamou-me a atenção o
fato de que, alguns professores e alunos da Instituição, desconhecem essa opção
para alunos deficientes físicos. Aponto como colaboração relevante desta pesquisa,
um maior esclarecimento para estes alunos inclusos nos ambientes de ensino.
A cada retirada de material literário, são enviados e-mails confirmando a data
de entrega e renovação do material. Os processos de reserva e renovação podem
ser realizados pela internet. Buscando adequar-se as transformações tecnológicas:
atualmente, além da gestão computadorizada do acervo, os servidores e estudantes
podem acessar online e acervo.
Conforme já citado, essa pesquisa começou pela observação do ambiente
foco do trabalho, a biblioteca do Câmpus. As visitas semanais eram também
momentos de registros fotográficos e conversas informais com alguns
frequentadores do espaço. As conversas com os servidores da biblioteca do
Câmpus também foram importantes para compreender a dinâmica da biblioteca.
Foram selecionados, aleatoriamente, alguns alunos durante os três turnos de
funcionamento da biblioteca, para responderem a um questionário. Estes alunos, do
turno da manhã, tarde e noite, são de diversos cursos da Instituição, de idades
variadas, bolsistas ou trabalhadores e foram entrevistados em grupo ou
individualmente.
Este instrumento foi elaborado, junto ao orientador, durante as visitas a
biblioteca. Inicialmente no período de observação, buscava registrar os momentos
de leitura, estudos e produções dos alunos do
Câmpus. Com o avanço do trabalho percebendo os diferentes usos da biblioteca, o
foco da pesquisa foi mudando, desejei assim entrevistar e registrar os motivos,
tempo de permanência, horários, curso, idade, sexo, turno e avaliação dos
estudantes sobre esse espaço. O questionário promove uma ideia de quem são os
alunos que frequentam a biblioteca, com que frequência, se mantinham esse hábito
ou adquiriram na Instituição. Apresento como colaboração, a oportunidade de
acompanhamento e exploração dos docentes neste espaço visto pelo estudante
como parte de sua vida estudantil.
O questionário elaborado para esse estudo foi entregue em horários
alternados para alunos que se encontravam na biblioteca. O aluno não foi
identificado, apenas (se fosse de acordo) indicava a seu curso, turno, idade e sexo.
A frequência que usa o espaço da biblioteca é um os pontos-chave para o
instrumento, que questiona a expectativa, crítica ou sugestões ao funcionamento e
espaço da biblioteca. O questionário começou a ser aplicado no segundo semestre
do ano de 2014 estendendo-se até março de 2015, período de investigação de
campo desta pesquisa.
Na figura 1, observa-se que quase o mesmo número de alunos do gênero
masculino e feminino que frequenta a biblioteca. Uma pequena parte dos estudantes
preferiu não registrar este item no questionário. É importante relatar que na maioria
das vezes os estudantes se organizam em grupos de ambos os gêneros.

Figura 1 – Entrevistados –Gênero-Fonte: elaborado pelo autor


Em relação à idade dos entrevistados, observa-se na figura 2 que são maioria
estudantes até 19 anos, grande parte possui até dezesseis anos de idade e uma
pequena parte optando por não informar esse dado no questionário. Na cor lilás,
percebemos o número bem menor de alunos acima de vinte anos de idade.
Figura 2– Entrevistados –Idade-Fonte: elaborado pelo autor

Ao tabular os instrumentos, verificamos que os alunos do curso de


eletrotécnica são os mais assíduos na biblioteca, totalizando quase a metade dos
entrevistados. Em segundo lugar ficam os alunos do curso de Engenharia Elétrica
enquanto os cursos de Edificações e Química ocupam o terceiro lugar passando
para o curso de Eletrônica a quarta posição entre os entrevistados. No quadro acima
ainda percebemos que os cursos de Eletromecânica, Pós Graduação e
Comunicação visual totalizam o menor número de alunos que frequentam a
biblioteca. O curso de Eletrotécnica é o que está localizado mais próximo da
biblioteca e talvez por isto os estudantes considerem a biblioteca uma extensão do
espaço do curso.

Curso comunicação visual


eletromecânica
eletrônica
eletrotécnica
engenharia elétrica
pós graduação
química
edificações

Figura 3– Entrevistados: Cursos-Fonte: elaborado pelo autor

Em relação à frequência com que o aluno usa o espaço, as opções


apresentadas eram diariamente, semanalmente, mensalmente ou eventualmente.
Podemos perceber na figura 4, o uso da biblioteca pelos alunos.
Frequência de uso

diariamente

semanalmente

mensalmente

eventualmente

Figura 4-Uso da biblioteca-Fonte: elaborado pelo autor

Constatou-se que os estudantes entrevistados frequentam a biblioteca com


regularidade: quase metade dos entrevistados frequentam a biblioteca diariamente.
O resultado do turno de uso encontra-se na figura 5, é maior a frequência no
turno inverso das aulas.

Turno de uso

durante o turno
final do turno
intervalo
turno inverso

Figura 5- Turno usado pelo estudante na biblioteca-Fonte: elaborado pelo autor

O maior uso da biblioteca ocorre durante o período das aulas, não em


momentos de intervalo entre elas como horário de almoço ou final de tarde. Pode se
inferir que aluno muitas vezes por dificuldade de locomoção de sua casa até o
Instituto faz uso do espaço durante o turno de suas aulas antes ou depois de seus
intervalos.
Em conversa informal, os estudantes relataram que é costume falar sobre as
provas, notas e conteúdo; neste espaço se encontram antes das aulas, no intervalo
ou no final das mesmas, para organizar seus trabalhos ou grupo de estudos.
Quando usam durante o período de aula, relatam que é uma prática individual para
não evadirem das aulas em grupos. No final do turno, os grupos se encontram com
alguma frequência, para socializar e planejar seus trabalhos enquanto que no
intervalo, a procura é menor pela maioria dos entrevistados.
O resultado para a resposta sobre o incentivo dos professores para com o uso
da biblioteca pode ser observado na figura

Professores estimulam?

não
sim

Figura 6-Estímulo dos professores-Fonte: elaborado pelo autor

A maioria dos entrevistados, responderam não receber este estímulo pelos


educadores. Uma parte dos estudantes afirma que, ao receber indicações literárias o
professor incentiva a busca pelo espaço do Câmpus.
A seguir, na Figura 8, observamos o predomínio dos alunos que não
mantinham o hábito de usar a biblioteca de sua escola anterior ao Câmpus. Muitos,
durante a entrevista, relataram nem conhecerem a bibliotecária da escola. Em
grande maioria, buscavam o material solicitado por um professor não fazendo uso
do espaço a não ser para retirada e entrega do mesmo.
Uso - Escola anterior

não
sim

Figura 7- O uso da biblioteca em sua escola anterior ao IFSUL-Fonte: elaborado pelo autor

Os motivos que levam o estudante a utilizar a biblioteca são apresentados na


figura 9. O discente do IFSul seja em grupo ou individualmente, busca o espaço com
finalidades diferentes.

Utilização buscar outros


materiais
estudar e fazer
trabalhos
leituras

pegar material
exigido
usar internet

encontrar os colegas

passar o tempo

Figura 8- Objetivo da permanência do estudante no ambiente-Fonte: elaborado pelo autor

A procura do aluno pelo espaço vai desde a busca por material solicitado pelo
professor para leitura até a realização de trabalhos. A maioria dos estudantes
entrevistados vai a biblioteca buscar também outros serviços que vão além do
acervo disponível, como por exemplo, acesso a internet. O ambiente proporciona
além da informatização, mesas e tomadas distribuídas para os alunos reunirem-se
em grupos ou trabalharem individualmente. A facilidade do material online reduziu a
busca pelo acervo sem diminuir o objetivo do aluno na realização de seu trabalho
escolar no espaço da biblioteca. O uso para leitura ou para passar o tempo,
encontros regulares para estudo ou jogo de Xadrez, a biblioteca é um espaço
organizado especificamente para cada atividade com mesas, tabuleiros, áudio
visual, computadores e acervo.
A biblioteca do Instituto tem um professor responsável para aulas de xadrez,
que tem disponível material visual em projeção digital para realização dos jogos
virtuais, e ao final da aula de xadrez os alunos relatam o quanto a atenção e
raciocínio são trabalhados e o estudante também apresenta suas leituras e autores
que falam sobre táticas de jogo. Essas estratégias facilitam o desenvolvimento do
aluno em um ambiente que seria designado para outras atividades, elevando o
conceito da biblioteca como centro de recursos. Esses recursos não desviam os
alunos do objetivo da Instituição em sua biblioteca e sim, proporcionam experiências
que somam à sua formação indicando que toda mudança Tecnológica leva,
implicitamente, a uma mudança cultural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando iniciei este trabalho, via a biblioteca como espaço de leitura e


estudos. Ao frequentar o ambiente regularmente, passei a percebê-la com outro
olhar: um espaço de extensão de sala de aula e socialização do aluno dentro de seu
ambiente de formação, trazendo como um de seus resultados a relação do
estudante com a biblioteca em sua vida estudantil. É por si uma biblioteca diferente,
com identidade. O acervo, separadamente das salas de estudo e leitura, é uma
característica do Câmpus. Os livros não estarem a vista do estudante desde o
primeiro momento em que se entra no ambiente, já mostra que esta biblioteca tem
um diferencial para os alunos e motivou este trabalho de pesquisa.
A biblioteca passou a ser vista como local que proporciona círculos de
amizade e estudos, onde os sujeitos se apropriam de seu espaço e em seus jardins.
Em conversa informal com a funcionária da biblioteca do IFSul, em alguns
períodos que diminuíram a retirada de livros, não foi constatada uma diminuição na
frequência da biblioteca para realização de pesquisas e leituras. O uso da internet e
suas instalações leva o aluno a se sentir "congelado" sem a biblioteca do Câmpus.
Essas palavras foram de um dos entrevistados, que durante o período de greve era
impossibilitado de estar no espaço com seu grupo de estudos.
São muitos os sujeitos presentes no espaço da biblioteca: existe o aluno
leitor, o aluno do trabalho em grupo, o aluno internauta e o aluno que busca se
apropriar do espaço para diferentes tipos de aprendizagem. Os alunos digitais não
são nativos na Instituição, o acesso e suas facilidades afirmam que, não usar o livro
não significa não usar a biblioteca, e não ter acesso a internet em sua casa não
exclui o estudante da biblioteca nesta instituição.
Existem vários grupos dentro da Instituição, um deles o clube do xadrez, que
mantém um espaço reservado na biblioteca para alunos e torneios internos, que
segundo eles, relaxa e estimula o raciocínio.
Fiz de minha própria experiência durante este trabalho, um aperfeiçoamento
pessoal dentro de minha sala de aula. A importância dada aos livros e na formação
de futuros leitores, precisa ser tão grande quanto o incentivo, trabalho e uso de
todos os espaços da escola, como ambiente de aprendizagens e interação. A
sociedade mostra constante preocupação contra a desigualdade, muitas vezes no
ambiente de ensino entre os alunos, e pode o professor, diminuir a distância entre
eles, e porque não dizer entre eles e os professores.
Procurar a biblioteca para outros fins vai de encontro com perspectivas de um
processo de ensino competente, socializador e de interação, e buscar em todos os
seus espaços um dispositivo a mais para a formação do cidadão e profissional.
Falar de formação de leitores não foi entanto, o objetivo desta pesquisa.
O trabalho está focado no comportamento do aluno e da importância de um
espaço de socializar além da realização de grupos de leitura e estudos. Alguns
entrevistados em seus relatos, afirmam que não mantinham o hábito de ir a
Biblioteca, ou pela falta de estrutura ou de incentivo.
No Câmpus, o folhear do livro ou o uso da tecnologia, é indispensável e
prazeroso fazer dentro da biblioteca. A investida do aluno na busca de informações
pode ter influência do professor, que usa a biblioteca como uma extensão de sua
sala de aula.
Ao refletir sobre os questionamentos iniciais deste artigo, cheguei a conclusão
de que os estudantes não praticam seu papel discente sem a biblioteca do Câmpus.
Este ambiente é parte da sala de aula, dos corredores, de troca e aprendizado.
Segundo eles, aquele que adquire o hábito de estar na biblioteca tem um
aliado a mais na sua formação, um fator importante que consolida um ciclo entre
professores, alunos, disciplinas e Instituição: a biblioteca tornou-se um importante
espaço sócio cultural, o coração do Câmpus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARLOT, Bernard; Relação com o saber, formação de professores e


Globalização, questões para educação hoje. Porto Alegre, Artmed(2005).

FLICK, Uwe; Qualidade na Pesquisa Qualitativa.Porto Alegre: Artmed (2009).

FREIRE, Paulo; Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. São Paulo: Paz e Terra. (1997).

MALAQUIAS, Enisete; A Biblioteca Escolar sob a visão do Pedagogo e do


diretor da Escola(2007).

MINDLIN, José;No Mundo dos Livros. São Paulo: Editora Agir (2009).

Plano de Desenvolvimento Institucional. (Agosto de 2014 a Julho de 2019)

PEREIRA, Leda CastelloTessari; Leitura de estudo: ler para aprender a estudar e


estudar para aprende a ler.São Paulo Editora Alínea (2003).

ROCA, Glória Durban; Biblioteca Escolar Hoje. Barcelona: Editora Graó de IRIF
(2010).

SANCHÉZ, José Fortún; Literatura infantil: claves para laformación de la


competencia literária. Málaga: Aljibe, (2003).

SILVA, Ezequiel Theodoro da; Leitura& Realidade Brasileira. Porto Alegre, Editora
Mercado Aberto, (1988).

SILVA, Ezequiel Theodoro da; Ato de Ler:FundamentosPsicológicos para uma


nova Pedagogia da Leitura. Editora Cortez(2011).
ANEXO A – Instrumento de pesquisa

Curso de Especialização em Educação Profissional com Habilitação para Docência


-Câmpus Pelotas-
Instrumento de Pesquisa (Questionário)

Curso: _____________________________________________________ Turno: ____


Idade: _____ Gênero:( ) F ( ) M Bolsista: ( ) Não ( ) Sim

1. Com que frequência usa a biblioteca?


( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) eventualmente

2. Quando usa o espaço da biblioteca?


( ) Intervalo ( ) final do turno ( ) turno inverso ( ) durante o turno

3. Seus professores estimulam o uso da Biblioteca?


( )sim ( )não

4. Em sua Escola anterior você fazia uso regular da Biblioteca?


( ) sim ( )não

5. Marque utilizações que você faz da biblioteca


( ) estudar para provas e fazer trabalhos
( ) encontrar os colegas
( ) usar internet
( ) leituras
( ) pegar material bibliográfico exigido pelas disciplinas (livros, artigos, ...)
( ) buscar outros materiais não obrigatórios ....
( ) outro: citar: __________________

6.Você possui alguma atividade extra curricular?


()bolsa de pesquisa
()bolsa de extensão
()bolsa de iniciação científica
()outros: citar:_______________________

7. Você avalia o espaço como adequado?


() sim
( ) não O que poderia melhorar: __________________________________________

Obrigada pela sua contribuição!


ANEXO B – Fotografias da biblioteca do IFSul- Câmpus Pelotas

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