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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

AJUDÂNCIA-GERAL

SEPARATA
DO
BGPM

Nº 61

BELO HORIZONTE, 13 DE AGOSTO DE 2013.

Para conhecimento da Polícia Militar de Minas


Gerais e devida execução, publica-se o
seguinte:
CADERNO DOUTRINÁRIO 1

INTERVENÇÃO POLICIAL, PROCESSO DE


COMUNICAÇÃO E USO DE FORÇA

MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL
nº 3.04.01/2013-CG
CADERNO DOUTRINÁRIO 1

INTERVENÇÃO POLICIAL, PROCESSO DE


COMUNICAÇÃO E USO DE FORÇA

MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL
nº 3.04.01/2013-CG

Belo Horizonte - MG
Academia de Polícia Militar
2ª Edição revisada
2013
Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).
Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.
Circulação restrita

Governador do Estado: Antonio Augusto Junho Anastasia


Comandante-Geral da PMMG: Cel. PM Márcio Martins Sant´ana
Chefe do Estado-Maior: Cel. PM Divino Pereira de Brito
Chefe do Gabinete Militar do Governador: Cel. PM Luis Carlos Dias Martins
Comandante da Academia de Polícia Militar: Cel. PM Sérgio Augusto Veloso Brasil
Chefe do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação: Ten.-Cel. PM Sílvio José de Sousa Filho

Tiragem: 3.000 exemplares

M663iMINAS GERAIS. Polícia Militar de. Intervenção Policial, Proceso de


Comunicação e Uso de Força - Belo Horizonte: Academia de Polícia
Militar, 2013.
110 p.: il. Manual Técnico-Profissional (MTP).

1. Intervenção policial. 2. Uso de força. 3. Atuação policial. 4. Técnica


e tática policial militar. 5. Verbalização policial. I. Título. II. Série.

CDU 355.014
CDD 363.22

Ficha catalográfica: Rita Lúcia de Almeida Costa – CRB – 6ª Reg. n.1730

ADMINISTRAÇÃO:
Centro de Pesquisa e Pós Graduação
Rua Diábase 320 – Prado Belo Horizonte – MG
CEP 30410-440
Tel.: (0xx31)2123-9513
E-mail: cpp@pmmg.mg.gov.br

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Seção de Planejamento do Emprego Operacional (EMPM/3)
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa/Edifício Minas, Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n
– 6º andar – Bairro Serra Verde – Belo Horizonte – MG – Brasil – CEP 31.630-900
Telefone: (31) 3915-7799.
RESOLUÇÃO N° 4115, DE 08 DE NOVEMBRO DE 2.010.

Aprova o Caderno Doutrinário 1 – Intervenção


policial, verbalização e uso de força .

O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS


GERAIS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso I,
alínea I do artigo 6°, item V, do Regulamento aprovado pelo Decreto n°
18.445, de 15Abr77 – (R-100), e à vista do estabelecido na Lei Estadual
6.260, de 13Dez73, e no Decreto n° 43.718, de 15Jan04, RESOLVE:

Art. 1° - Aprovar o Caderno Doutrinário 1 – Intervençaõ policial,


verbalização e uso de força.

Art. 2° - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3° - Revogam-se as disposições em contrário.

QCG em Belo Horizonte, 08 de novembro de 2.010.

(a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL
Equipe de Colaboradores 1ª Edição 2010:

Coronel PM Fábio Manhães Xavier


Coronel PM Antônio Leandro Bettoni da Silva
Tenente-Coronel PM Marcelo Vladimir Corrêa
Major PM Alfredo José Alves Veloso
Major PM Wágner Eustáquio da Silva Almeida
Major PM Eduardo Domingues Barbosa
Major PM Eduardo Felisberto Alves
Major PM Édson Gonçalves
Capitão PM Arnaldo Affonso
Capitão PM Marco Aurélio Zancanela do Carmo
Capitão QOS Fabrízia Lopes Brandão Pereira
Capitão PM Rodolfo César Morotti Fernandes
Capitão PM Renato Salgado Cintra Gil
Capitão PM Wanderson Garcia Costa Neves
1º Tenente PM Édson H. Rabello de S. Mendes
1º Tenente PM Rodrigo Saldanha
1º Tenente PM Molise Z. Fonseca de Souza
1º Tenente PM Luciana do Carmo S. Nominato
2º Tenente PM Anderson Pereira de Sousa
2º Ten PM Ricardo Pereira de Araujo Gomes
1º Sargento PM Antônio Geraldo Alves Siqueira
2º Sgt PM Rinaldo Araújo Marçal
3º Sargento PM Ricardo Martins Lopes
3º Sargento PM Márcia Daniela Bandeira Silva
3º Sargento PM Nadja Alves de Sousa
3º Sargento PM Edna Márcia Costa Mendonça
Cabo PM Elias Sabino Soares
Soldado PM Leonardo Giori de Oliveira
Soldado PM Aline Vanessa Alves
Professor Hugo de Moura
Professora Maria Sílvia Santos Fiúza
Pedagoga Isabel Cristina de P. Moreira Nazareth
Ass. Jurídica Maria Amélia Pereira

Colaboradores 2ª Edição 2013


Tenente-Coronel PM Sílvio José de Sousa Filho
Major PM Eugênio Pascoal da Cunha Valadares
Major PM Cleverson Natal de Oliveira
Capitão PM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux
1º Tenente PM Helivelton Salvador Santana
Subtenente PM Antônio Geraldo Alves Siqueira
2º Sargento PM Danilo Teixeira Alcântara
2º Sargento PM Luiz Henrique de Moraes Firmino
Cabo PM Elias Sabino Soares
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 15

2 PREPARO MENTAL.......................................................................................................................... 21

2.1 Estados de prontidão................................................................................................................ 22

2.1.1 Classificação dos estados de prontidão.......................................................................... 22

2.2. Estados de prontidão e a atuação policial militar.......................................................... 25

3. AVALIAÇÃO DE RISCOS................................................................................................................ 31

3.1 Metodologia de avaliação de riscos .................................................................................... 31

3.2 Aplicação........................................................................................................................................ 33

4 PENSAMENTO TÁTICO .................................................................................................................. 37

4.1 Quarteto do pensamento tático............................................................................................ 37

4.1.1 Leitura do ambiente............................................................................................................... 40

4.1.2. Alinhamento do estado de prontidão ........................................................................... 41

4.2 Processo mental da agressão ................................................................................................ 43

5 INTERVENÇÃO POLICIAL.............................................................................................................. 49

5.1 Níveis de intervenção................................................................................................................ 49

5.2 Etapas da intervenção............................................................................................................... 50

5.3 Abordagem policial.................................................................................................................... 52

5.3.1 Fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude suspeita................... 54


5.4 Requisitos básicos para atuação e intervenção policial militar ................................ 55

6. PROCESSO DE COMUNICAÇÃO................................................................................................ 59

6.1 Comunicação na abordagem policial................................................................................. 60

6.2 Verbalização do policial militar face ao comportamento do abordado.................. 66

6.2.1 Abordado cooperativo.......................................................................................................... 66

6.2.2 Abordado resistente passivo.............................................................................................. 68

6.2.3 Abordado resistente ativo.................................................................................................... 70

6.2.4 Verbalização no caso de prisão.......................................................................................... 71

6.3 Considerações finais ................................................................................................................. 72

7 USO DE FORÇA ............................................................................................................................... 75

7.1 Princípios do uso de força ...................................................................................................... 76

7.1.1 Níveis de comportamento da pessoa abordada ............................................................ 78

7.1.2 Uso diferenciado de força.................................................................................................... 80

7.1.3 Modelo do uso de força ....................................................................................................... 84

7.1.4 Responsabilidade pelo uso de força................................................................................. 86

7.2 Uso da arma de fogo ................................................................................................................ 87

7.2.1 Regras gerais de controle..................................................................................................... 87

7.2.2 Normas de segurança........................................................................................................... 88

7.2.3 Usar ou empregar arma de fogo........................................................................................ 88


7.2.4 Atirar ou disparar arma de fogo ........................................................................................ 90

7.2.5 Objetivo do disparo ............................................................................................................... 91

7.2.6 Procedimentos para o disparo da arma de fogo ......................................................... 94

7.2.7 Circunstâncias especiais para o disparo de arma de fogo ....................................... 95

7.2.8 Procedimentos após o disparo de arma de fogo....................................................... 100

GLOSSÁRIO ....................................................................................................................................... 101

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 109


REFERÊNCIAS

SEÇÃO 1

APRESENTAÇÃO
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

1 APRESENTAÇÃO

Os fundamentos aplicados neste “Manual Técnico-Profissional” estão em


conformidade com a legislação brasileira e com os documentos oriundos
da Organização das Nações Unidas (ONU), aplicáveis à função policial,
quais sejam: Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de
Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF), o
Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL),
o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP), o Pacto
Internacional dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais (PIDSEC) e
a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanas ou Degradantes. .

Expressar toda a complexidade da atividade policial militar em um conjunto


de textos é desafiador. Cada intervenção é singular e exige flexibilidade
do profissional. Mas é necessário ter parâmetros bem definidos que
deem sustentação às ações policiais militares, mesmo considerando essa
versatilidade. Diante dessa realidade, caracterizada por tantas variáveis, é
imprescindível respeitar os princípios legais e éticos que conferem identidade
e legitimidade à profissão policial militar e aplicar técnicas e procedimentos
consolidados pela experiência de seus integrantes. A construção do escopo
doutrinário declara o que esta atividade tem de essencial, constante e estável;
uma estrutura sólida que servirá de guia sobre a atividade operacional da
Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

Registra-se ainda que o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência


devem se mostrar no esforço e energia diária desprendidos por todos militares
na garantia da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício
profissional deve traduzir-se também, individualmente, na disciplina militar,
lealdade, honestidade, espírito de corpo, iniciativa, dedicação, equilíbrio
emocional, coragem, abnegação, vigor físico, civismo e patriotismo.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) apresenta um conjunto de


Manuais Técnicos-Profissionais que estabelecem métodos e parâmetros
que propiciam suporte à sua prática profissional e, por isso, consistem em
instrumentos educativos e de proteção, tanto para o policial quanto para o
cidadão.

15
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Este Manual Técnico-Profissional 3.04.01 (MTP 01) – Intervenção Policial,


Processo de Comunicação e Uso de Força tem como finalidade apresentar
orientações básicas para a efetividade das intervenções policiais e deve ser
tomado como referencial obrigatório para os demais Manuais Técnicos-
Profissionais.

A seção 2 deste manual, trata do preparo mental e dos estados de prontidão,


ressaltando a importância de o policial militar ensaiar possibilidades para
antecipar respostas e observar sua capacidade de reação para as diferentes
situações do cotidiano operacional.

A seção 3 traz a metodologia para proceder à avaliação de riscos, ferramenta


necessária para diagnosticar as diversas situações de ameaça e as condições
de segurança para uma intervenção.

O pensamento tático é outro recurso importante para o diagnóstico de cada


ocorrência, fornece elementos para analisar e controlar as diferentes áreas
do “teatro de operações” e buscar interferir no processo mental do agressor,
subsidiando o planejamento da intervenção. Será desenvolvido na seção 4,
em complemento à seção anterior.

A seção 5 aborda o tema intervenção policial militar, suas etapas e


classificação em três níveis diferentes, em função dos objetivos e riscos
avaliados. A abordagem policial, como exteriorização da intervenção,
também é tratada nesta seção, contudo, de forma introdutória, pois será
retomada mais detalhadamente nos outros “Cadernos Doutrinários”, devido
à sua importância na atividade policial militar.

O Processo de Comunicação é tema da seção 6, destacando a importância


dos elementos verbais e não verbais do processo de comunicação, como
instrumento facilitador em qualquer intervenção, aplicável em todos os
níveis de uso de força pela Polícia Militar.

Finalizando, a seção 7 dispõe sobre o uso de força, seus diferentes níveis,


além de trazer considerações e orientações sobre o uso de arma de fogo
e de força potencialmente letal, consistindo num referencial para que o
policial militar tenha segurança em utilizá-la, desde que em conformidade
com os princípios éticos e legais que regem seu emprego.

16
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Este conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais operacionais denomina-se


Prática Policial Militar Básica e será composto pelos seguintes documentos:

Manual Técnico-Profissional 3.04.01 – Intervenção Policial, Processo de


Comunicação e Uso de Força (MTP - 01).

Manual Técnico-Profissional 3.04.02 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e


Tratamento às Vítimas (MTP - 02).

Manual Técnico-Profissional 3.04. 03 – Blitz Policial (MTP - 03).

Manual Técnico-Profissional 3.04. 04 – Abordagem a Veículos (MTP - 04).

Manual Técnico-Profissional 3.04. 05 – Escoltas Policiais e Conduções Diversas


(MTP - 05).

17
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 2

PREPARO MENTAL
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

2 PREPARO MENTAL

É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a


torna única. Cada intervenção é singular, exigindo que o policial militar seja
versátil e capaz de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do cotidiano
operacional. Nesse contexto, a segurança do policial militar, na execução das
suas tarefas, está diretamente relacionada ao seu preparo mental1.2.

Considera-se preparo mental o processo de pré-visualizar os prováveis


problemas a serem encontrados em cada tipo de intervenção policial militar
e ensaiar mentalmente as possibilidades de respostas. Essa antecipação
desencadeia um conjunto de alterações fisiológicas e psicológicas, colocando
o policial militar num estado de prontidão que ampliará sua capacidade de
resposta a cada situação.

A falta do preparo mental do policial militar durante uma intervenção


prejudicará o seu desempenho, levando a um aumento de seu tempo de
resposta à agressão e, assim, o uso de força poderá ser inadequado (excessivo
ou aquém do necessário para contê-la). Num cenário mais grave, o policial
militar pode ser levado a uma paralisia ou a um bloqueio na sua capacidade
de reagir, comprometendo, consequentemente, a segurança e o resultado da
ocorrência.

Visualizar as situações e respostas possíveis prepara o policial militar para


a tomada de decisões. Mesmo em circunstâncias adversas (por exemplo,
ferido ou sob estresse), o policial militar bem treinado terá como responder
adequadamente, dentro dos padrões técnicos, legais e éticos.

O treinamento policial militar baseado em situações práticas que se


aproximam do cotidiano profissional, somado à análise crítica de erros e
acertos vivenciados na experiência real contribuem para o desenvolvimento
da habilidade do policial militar pensar sobre como ele agiria nas diversas
situações, visualizando mentalmente suas respostas e definindo previamente
o seu procedimento básico. Dessa forma, ele criará rotinas seguras para sua
atuação.

Por isso, o treinamento policial militar deve ser contínuo, valorizando o


preparo mental, tanto quanto todas as atividades da capacitação profissional.

1 No Manual de Prática Policial – Geral / Volume 1 (2002), o termo utilizado no Título do


Capítulo II é “condicionamento mental”.

21
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

LEMBRE-SE: Ao desenvolver o preparo mental, o policial


militar antecipa-se, fazendo uma avaliação preliminar das
ameaças e considerando possibilidades de atuação.

2.1 Estados de prontidão231

Na atividade profissional, o policial militar lida com diversas situações


caracterizadas por diferentes níveis de risco e complexidade. Cada momento
exigirá dele uma habilidade de antecipar e reagir ao perigo e atuar em um
estado de prontidão diferente.

Os estados de prontidão são definidos por um conjunto de alterações


fisiológicas (frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e
das funções mentais (concentração, atenção, pensamento, percepção,
emotividade) que influenciam na capacidade de reagir às situações de
perigo. É importante destacar que os estados de prontidão dependem de
fatores subjetivos, tais como experiências anteriores, domínio técnico e
relacionamento com a equipe de trabalho, que influenciam no modo como
cada policial militar percebe e responde a um mesmo estímulo.

2.1.1 Classificação dos estados de prontidão

Os diferentes estados de prontidão são classificados da seguinte forma:

a) Estado relaxado

É caracterizado pela distração em relação ao que está acontecendo ao


redor, pelo pensamento disperso e pelo relaxamento do policial militar.
Pode ser ocasionado por crença na ausência de perigo ou mesmo por
cansaço. É representado pela cor branca.

O policial militar encontra-se despreparado para um eventual confronto


e, caso uma intervenção seja necessária, aumentará consideravelmente
os riscos e comprometerá a sua segurança individual e a de sua
guarnição.

2 No Manual de Prática Policial – Geral / Volume 1 (2002) são chamados de “estados de alerta”. De um
modo geral é tratado internacionalmente como “Early Warning System”, ou seja, sistema de alarme prévio,
utilizado em várias atividades, principalmente em Defesa Civil.

22
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Exemplo: o policial militar de folga almoçando com sua família pode


se encontrar no estado relaxado. Por outro lado, num patrulhamento,
escutando música com fone de ouvido ou conversando ao celular
assuntos diversos do policiamento executado, colocará a sua segurança
e a de seu grupo em risco, caso tenha que fazer uma intervenção
inesperada.

ATENÇÂO! Na atividade operacional ou em deslocamento


fardado, o policial militar NÃO deve estar no estado
relaxado (branco).

b) Estado de atenção

Neste estado de prontidão, o policial militar está atento, precavido, mas


não está tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância
das pessoas, dos lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio
de uma observação multidirecional e da atenção difusa (em 360º). É
representado pela cor amarela.

No estado de atenção, o policial militar estará preparado para


empregar ações de respostas adequadas às situações de normalidade.
Não há identificação de um ato hostil e, embora não haja um confronto
iminente, o policial militar está ciente de que uma agressão seria
possível. Percebe e avalia constantemente o ambiente, atento a
qualquer sinal que possa indicar uma ameaça em potencial.

Exemplos: o policial militar, realizando patrulhamento em sua área


de responsabilidade e interagindo com comerciantes, orientando-os
quanto a dicas de segurança e, ao mesmo tempo, estando atento a
toda a movimentação de pessoas dentro e fora do estabelecimento
comercial; o deslocamento do policial militar fardado durante sua
folga.

c) Estado de alerta

Neste estado de prontidão, o policial militar detecta um problema


e está ciente de que um confronto é provável. Embora ainda não
haja necessidade imediata de reação, o policial militar se mantém
vigilante, identifica se há alguém que possa representar uma ameaça

23
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

que exija uso de força e calcula o nível de resposta adequado (ver


Uso de força – seção 7). É representado pela cor laranja.
Manter-se no estado de alerta diminui os riscos do policial militar ser
surpreendido, propiciando a adoção de ações de resposta, conforme
a situação exigir. Deve-se avaliar se é necessário pedir apoio de outros
policiais militares e identificar prováveis abrigos (proteções) que
possam ser utilizados.
Exemplos: o policial militar acionado pelo rádio (CICOP) para atender a
uma ocorrência de uma briga entre vizinhos devido à perturbação do
sossego (barulho de música e conversa alta), em um local considerado
zona quente de criminalidade ou de um roubo à mão armada ocorrido
na sua região de patrulhamento, desloca-se a fim tentar realizar a
prisão dos agentes.

d) Estado de alarme
Neste estado de prontidão, o risco é real e uma resposta do Polícial
Militar é necessária. É importante focalizar a ameaça (atenção
concentrada no problema) e ter em mente a ação adequada para
controlá-la, com intervenção verbal, uso de técnicas de menor
potencial ofensivo ou força potencialmente letal, conforme as
circunstâncias exigirem. É representado pela cor vermelha.
O preparo mental e o treinamento técnico recebido possibilitarão
ao policial militar condições de realizar sua defesa e a de terceiros e,
mesmo em situações de emergência, decidir adequadamente.
Exemplos: o policial militar intervindo no atendimento de uma
ocorrência, como num conflito entre vizinhos, e um deles ameaça o
outro com uma arma de fogo; ou quando se depara com um veículo que
acaba de ser tomado de assalto, iniciando-se um acompanhamento a
veículo em fuga.

e) Estado de pânico
Quando o policial militar se depara com uma ameaça para a qual não
está preparado ou quando se mantém num estado de tensão por
um período de tempo muito prolongado, seu organismo entra num
processo de sobrecarga física e emocional. É representado pela cor
preta.

24
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Nesse caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação,


comprometendo sua capacidade de reagir adequadamente à ameaça
enfrentada. Isso caracteriza o estado de pânico .

O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma reação


desproporcional, portanto ineficaz. É chamado assim porque a mente
entra em uma espécie de “apagão”, o que impossibilita ao policial
militar dar respostas apropriadas ao nível da ameaça sob a qual estaria
exposto.

Durante o estado de pânico, poderá ocorrer o retorno parcial e


momentâneo ao estado de alarme, o que até poderá propiciar
alguma capacidade de reação. Contudo, é importante interpretar
essas oscilações dos estímulos fisiológicos (percepção, atenção ou
pensamento) como um grave sinal de perigo e esgotamento mental, e
não como indicativos de que o policial militar suporta bem o estresse
oferecido pela situação.

Exemplo: o policial militar poderá abandonar um abrigo e atracar-se


fisicamente com um agressor, utilizar a arma de fogo sem controle,
atirando de maneira instintiva e descontrolada, ou, até mesmo, entrar
em uma situação de letargia física ou paralisia momentânea, deixando
de acompanhar sua guarnição, quando em deslocamento no local da
ocorrência.

2.2 Estados de prontidão e a atuação policial militar

O estado de atenção (amarelo) é o estado de prontidão no qual o policial


militar deve operar durante uma situação de normalidade (exemplo:
patrulhamento ordinário), dando prioridade para a identificação de possíveis
riscos. Durante uma intervenção, policiais militares podem ser feridos em
decorrência de situações de riscos que não anteciparam, não viram ou não
estavam mentalmente preparados para enfrentar. No transcorrer da ação,
quando uma mudança de estado de prontidão é exigida, aumentando o
nível de atenção e concentração do policial militar (para o estado de alerta
- laranja ou alarme - vermelho), a partida do estado de atenção (amarelo)
é muito mais fácil do que um salto do estado relaxado (branco). Como já foi
dito anteriormente, nesse último caso, partindo do estado relaxado (branco),
o policial militar estaria tão despreparado que poderia até entrar numa
situação de pânico (preto).

25
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Ressalta-se que o estado de atenção (amarelo) pode ser mantido por um


período mais prolongado sem sobrecarregar as funções físicas e mentais.
Contudo, o estado de alerta (laranja) e o estado de alarme (vermelho)
podem ser mantidos pelo organismo e pela mente apenas por períodos
de tempo relativamente curtos, pois exigem um dispêndio maior de
energia. Operar continuamente nesses avançados níveis de prontidão pode
desencadear reações adversas, tanto no âmbito físico quanto psicológico,
levando a síndromes de esgotamento (estresse crônico).

Caso a ocorrência tenha exigido atuação no estado de alarme (vermelho),


quando cessada a situação de ameaça, é importante incentivar o policial
militar a retornar ao estado de atenção (amarelo), se as condições de
segurança do ambiente assim permitirem. Essa medida favorece o retorno
do organismo às condições de funcionamento normal, sem muito desgaste.

Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo
próprio comandante da guarnição, incentivando o grupo a conversar sobre
a experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e da confiança
entre líder e liderados são fatores importantes para minimizar o desgaste do
profissional.

Posteriormente, durante os horários de folga, os policiais militares devem


ser incentivados a buscar um repouso (estado de relaxamento – branco), a
participação em atividades junto à família ou amigos, a prática de esportes,
atividades culturais, ou outros hábitos de vida mais saudáveis e até mesmo o
contato com profissionais da área de saúde..

Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial militar estará mais
propenso a desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos
de irritabilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns e, agindo
sobre os efeitos deste quadro, o policial militar poderá responder de forma
impulsiva quando se deparar com situações de ameaça e perigo, ou ainda,
com reações exageradas mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e
complexidade (nível de força incompatível com a análise de risco e reação
do abordado). Tudo isso pode favorecer o surgimento de estados de pânico
(preto) durante o serviço operacional. Medidas que incentivam o retorno ao
estado relaxado (branco) e de atenção (amarelo) são, portanto, estratégias
que contribuem tanto para a prevenção da saúde mental do profissional de
segurança pública quanto para evitar a banalização de atos de violência nas
intervenções policiais militares.

26
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Assim, o estado de prontidão do policial militar é considerado tão


fundamental quanto os equipamentos e armamentos colocados à sua
disposição no serviço ou patrulhamento, pois, juntamente com o domínio
técnico e o condicionamento físico, é ele que determinará sua condição de
resposta à situação apresentada.

Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial militar


terá para:

tEFUFDUBSTJOBJTEFSJTDPTFBNFBÎBT

tDPMPDBSTFOPFTUBEPEFQSPOUJEÍPBQSPQSJBEPBDBEBTJUVBÎÍP

tUFS BVUPEPNÓOJP QBSB QBTTBS QBSB VN OÓWFM NBJT BMUP PV NBJT
baixo de prontidão, de acordo com a evolução da intervenção.

27
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 3

AVALIAÇÃO
DE RISCOS
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

3 AVALIAÇÃO DE RISCOS

Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser
considerado pelo policial militar. O risco é a probabilidade de concretização
de uma ameaça contra pessoa e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação
exigirá que ele se mantenha no estado de prontidão compatível com a
gravidade dos riscos que identificar. Uma ponderação prévia irá orientar o
policial militar sobre a necessidade e o momento de iniciar a intervenção,
escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.

Toda ação policial militar deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos
envolvidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização
do dano e de todos os aspectos de segurança que subsidiarão o processo
de tomada de decisão em uma intervenção, formando um componente
importante do diagnóstico da intervenção (ver Pensamento Tático - seção 4).

O policial militar deverá ter em mente que, em qualquer processo de tomada


de decisão em ambiente operacional, a Polícia Militar tem o dever funcional
de servir e proteger a sociedade, preservar a ordem pública e a incolumidade
das pessoas e do patrimônio, garantindo o cumprimento da lei3.51.

3.1 Metodologia de avaliação de riscos

Esta metodologia compreende cinco etapas, sendo elas:

a) Etapa 1 - identificação de direitos e garantias462sob ameaça:


consiste em identificar quais são os indivíduos expostos ao
risco, os bens móveis e imóveis sujeitos a algum tipo de dano,
as circunstâncias e o histórico dos fatos, o comportamento das
pessoas envolvidas, o tipo de delito e a possibilidade de evolução
do problema.

b) Etapa 2 - avaliação das ameaças: consiste em avaliar as caracte-


rísticas dos fatores que ameaçam direitos e garantias. Para tanto, o
policial militar deve:

tPCUFSJOGPSNBÎÜFTTPCSFPBHSFTTPSFNQPUFODJBMFEPTFOWPMWJEPT
(idade, sexo, compleição física, estado emocional e psicológico,

3 Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira.


4 Os direitos e garantias são os previstos na Constituição Federal de 1988.

31
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

motivação para o ato, armas empregadas, trajetória criminal, registro


anterior de agressão ou da ação contra policiais, entre outros);

c) Etapa 3 – classificação de risco: a classificação de risco permite


ao policial militar agir dentro de padrões de segurança, auxilia na
escolha do comportamento tático mais adequado, além de lhe
propiciar melhores condições para assegurar os direitos e proteger
todos os envolvidos. A classificação de risco está estruturada em 3
níveis:
t SJTDP OÓWFM * caracterizado pela reduzida possibilidade de
ocorrerem ameaças que comprometem a segurança. Este nível
de risco está presente em situações rotineiras do patrulhamento
e intervenções de caráter preventivo, educativo e assistencial. O
estado de prontidão coerente com o risco de nível I é o estado de
atenção (amarelo);

t SJTDP OÓWFM ** caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem


ameaças que comprometem a segurança. São situações nas quais
existe fundada suspeita, mas que a intervenção policial militar
consiste numa averiguação preventiva. O estado de prontidão
coerente com o risco de nível II é o estado de alerta (laranja);
t SJTDP OÓWFM *** caracterizado pela concretização do dano ou pelo
risco real e iminente. São situações nas quais a intervenção policial
militar é de caráter repressivo5.71O estado de prontidão coerente
com o risco de nível III é o estado de alarme (vermelho).

d) Etapa 4 – análise das vulnerabilidades: consiste em analisar os


recursos que existem para responder à ameaça, dentre eles:

tDPNQFUÐODJBTQSPöTTJPOBJTEPTQPMJDJBJTNJMJUBSFTFEBFRVJQFDPNP
um todo para agir no cenário em função das técnicas e táticas
adequadas aos tipos de ameaças;

t FGFUJWP QPMJcial militar suficiente para atuar com supremacia de


força;

5 A palavra “repressivo” admite conotação depreciativa relacionada, principalmente, a fatores históricos,


políticos, culturais e ideológicos referentes à tríade classe, raça e gênero. Contudo, no âmbito da atividade
policial militar, o termo é empregado para caracterizar ações de cunho técnico e profissional voltadas a
coibir atos ilícitos que ameaçam direitos fundamentais.

32
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

t NFJPT EF RVF P QPMJDJBM NJMJUBS EJTQÜF QBSB JOUFSWJS EF GPSNB
efetiva e segura (armamento, colete balístico, equipamento para
comunicação, veículos, entre outros);

t SFBÎÍP EB QPQVMBÎÍP MPDBM EJBOUF EB JOUFSWFOÎÍP QPMJDJBM NJMJUBS


(positiva ou negativa).

F
&UBQBBWBMJBÎÍPEFQPTTÓWFJTSFTVMUBEPT é a análise da relação
custo-benefício da intervenção policial militar diante de cada situação
de risco. Cabe ao policial militar calcular quais serão os resultados de
suas ações e seus reflexos na defesa da vida e das pessoas, no reforço
de um cenário de paz social e na imagem da PMMG.

3.2 Aplicação

A Avaliação de Riscos possibilita o uso de técnicas e táticas adequadas às


diversas formas de intervenção policial (ver Intervenção policial – seção 5).

Para cada OÓWFM EF SJTDP determinado, haverá uma conduta operacional
estabelecida como referência para a ação policial militar, cabendo-lhe
selecionar os procedimentos mais adequados a cada situação.

Cada atuação da Polícia Militar é cercada de particularidades. Não existem


ocorrências iguais, contudo é possível desenhar um conjunto de “situações
básicas” que podem servir de modelos aplicáveis ao treinamento.

A sistematização das respostas esperadas a partir da identificação e


classificação de riscos em uma intervenção policial militar viabiliza a seleção
e a aplicação de procedimentos adequados à solução de problemas, como
será visto na seção seguinte.

LEMBRE-SE: não é possível afastar completamente o risco


em uma intervenção policial militar, mas o preparo mental, o
treinamento e a obediência às normas técnicas garantem
uma probabilidade maior de sucesso.

33
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 4

PENSAMENTO
TÁTICO
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

4 PENSAMENTO TÁTICO

Pensamento tático é o processo de análise do cenário da intervenção policial


militar (leitura do ambiente). Consiste em mapear as diferentes áreas do
“teatro de operações” em função dos riscos avaliados, identificar perímetros
de segurança para atuação, priorizar os pontos que exijam maior atenção e
tentar interferir no processo mental do agressor.

Enquanto o preparo mental ocorre antes da intervenção e consiste numa


análise de possibilidades, o pensamento tático consiste num diagnóstico
que utiliza os dados e informações concretas obtidas por meio da avaliação
de riscos de um “teatro de operações” específico. Num processo dinâmico,
atualiza-se em função da evolução da ocorrência.

AVALIAÇÃO DE RISCOS + PENSAMENTO TÁTICO =

DIAGNÓSTICO DA INTERVENÇÃO

4.1 Quarteto do pensamento tático

O pensamento tático é norteado pelo quarteto: área de segurança, área de


risco, ponto de foco e ponto quente.

FIGURA 1 – Quarteto do pensamento tático

37
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Ao aplicar esses conceitos, o policial militar terá melhores condições para


avaliar e reagir adequadamente aos riscos que possa vir a enfrentar, mesmo
sob estresse.

O emprego do pensamento tático permite ao policial militar:

tEJWJEJSFNEJGFSFOUFTOÓWFJTEFQFSJHPPMPDBMPOEFTFFODPOUSBPVQBSB
onde se dirige (“teatro de operações”);

tGPSNVMBSVNQMBOPEFBÎÍP

tFTUBCFMFDFS QSJPSJEBEFT QBSB EJSJHJS B BUFOÎÍP F EFUFSNJOBS QPOUPT


que devam ser controlados;

tNBOUFSBTFHVSBOÎBJOEJWJEVBMFEBFRVJQFOPEFTFOSPMBSEBPDPSSÐODJB

tDPOUSPMBSBNFBÎBTRVFQPTTBNTVSHJS

Os conceitos que se seguem devem ser entendidos de maneira ampla e


sistêmica, sendo adaptáveis às diversas situações operacionais.

a) Área de segurança

É a área na qual a Polícia Militar têm o domínio da situação, não havendo,


presumidamente, riscos à integridade física e à segurança dos envolvidos. É
o espaço onde o policial militar deve, primeiramente, se colocar durante a
intervenção, evitando se expor a perigos desnecessários.

Exemplo: arredores de uma residência já cercada por policiais militares


devidamente protegidos onde, no interior da edificação, se encontra o
suspeito da prática de um delito.

b) Área de risco

Consiste num espaço físico delimitado, no “teatro de operações”, onde


podem existir ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo a
integridade física e a segurança dos envolvidos. É a área na qual o policial
militar não detém o domínio da situação, por ainda não ter realizado
buscas, sendo portanto, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e por
isso requer que os riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados (ver
Avaliação de Riscos – seção 3).

38
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Exemplo: o interior de uma residência onde se encontram suspeitos da


prática de um delito, considerando que os policiais militares já dominaram os
arredores da edificação.

ATENÇÃO: o policial militar somente deverá transpor a


área de segurança e adentrar na área de risco, depois de
certificar-se de que tem o controle das fontes de perigo
que lá se encontram.

c) Ponto de foco

Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem


monitoramento específico e demandam imediata atenção do policial militar,
uma vez que deles podem surgir ameaças que representem risco à segurança
dos envolvidos. Portas, janelas, escadas, corredores, veículos, obstáculos
físicos, escavações, uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de
atuação que possa oferecer ameaça, mesmo que não imediatamente visível
ou conhecida, podem ser considerados como pontos de foco.

Exemplo: Uma porta que dá acesso a um dos cômodos do interior da


residência, considerando que os policiais encontra-se no interior da residência
executando um adentramento tático.

d) Ponto quente

Os pontos quentes são partes do ponto de foco que possuem um maior


potencial de se tornarem fontes reais de agressão e que, por isso, devem
ser cautelosamente monitorados para garantir a segurança de todos os
envolvidos. O policial militar direcionará sua atenção, energia e habilidade
para essas fontes a fim de responder adequadamente, considerando os
princípios e as regras para o uso de força (ver Uso de Força – seção 7) .

Seguindo o exemplo do item “c) Ponto de Foco”, o ponto quente será o


suspeito da prática de um delito, que está posicionado na porta que dá
acesso a um dos cômodos.

39
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

É necessário compreender que a definição do que será ponto de foco e


ponto quente ocorre de maneira contínua e dinâmica, decorrente da
avaliação de riscos. Isso permite ao policial militar reclassificá-los à medida
que os locais de onde podem partir as ameaças vão sendo identificados e/ou
controlados, mais especificamente.

No exemplo anterior, no primeiro momento, o suspeito na porta foi definido


como um ponto quente. Contudo, quando o policial militar identifica que
ele está com uma arma de fogo, a partir de então, o abordado será considerado
como um ponto de foco e suas mãos passam a ser o ponto quente.

Outro exemplo: um veículo suspeito será considerado ponto de foco e um


indivíduo que está em seu interior o ponto quente. Esse mesmo indivíduo
poderá tornar-se o ponto de foco e suas mãos serão definidas como o ponto
quente. Igual atenção deverá ser dada às janelas, portas e porta-malas, pois
são locais prováveis para o surgimento de ameaças (pontos quentes).

4.1.1 Leitura do ambiente

Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que
levam à identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:

t0OEFFTUÍPPTSJTDPTQPUFODJBJTOFTUBTJUVBÎÍP 

Ao se aproximar de uma residência para atendimento de uma


ocorrência, uma mulher sai correndo de dentro da casa na direção
EPQPMJDJBMNJMJUBS$POTJEFSFBNVMIFS FNTJNFTNB ÏVNBBNFBÎB 
Onde estão as portas e janelas das quais o policial militar pode ser
WJTUP F BUJOHJEP QPS BMHVÏN RVF TF FODPOUSF EFOUSP EB SFTJEÐODJB 
2VFPVUSPTMPDBJTQPEFNBCSJHBSVNBHSFTTPSRVFOÍPGPJWJTUP 

t&TTFTSJTDPTFTUÍPDPOUSPMBEPT 

Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial militar ainda


não controla. Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle
visual de pelo menos um policial militar é um risco que não se controla.
No exemplo, o policial militar não deve se colocar parado no passeio
em frente à residência, exposto a tais pontos de foco, pois aumenta o
perigo potencial de sofrer um ataque.

40
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

t4FFTTFTSJTDPTOÍPFTUÍPDPOUSPMBEPT DPNPGB[ÐMP 

Nesse exemplo, o policial militar pode considerar os possíveis abrigos


próximos: uma grande árvore, uma coluna de varanda, um carro
estacionado, uma caçamba ou outro meio de proteção. Abrigado
numa área de segurança, o policial militar utiliza a verbalização
para identificar e direcionar a mulher para uma posição segura e,
simultaneamente, checa, periodicamente, o ambiente em sua volta,
avalia a área de risco, identifica os pontos de foco e visualiza os
pontos quentes.

LEMBRE-SE: ao se colocar num estado de prontidão adequado,


passando do estado de atenção (amarelo) para o estado
de alerta (laranja) ou para o estado de alarme (vermelho),
quando necessário, o policial militar estará melhor preparado
para identificar os pontos de foco e seus pontos quentes.

4.1.2 Alinhamento do estado de prontidão

É possível alinhar os conceitos do pensamento tático com o estado de


prontidão. Quando o policial militar se aproxima da área de risco e começa
a analisá-la, o seu estado de prontidão deve ser o de alerta (laranja),
precavendo-se contra situações adversas e estando consciente de que o
perigo pode estar presente.

Ao chegar ao local de intervenção, é necessário avaliar a área de risco,


procedendo à identificação dos pontos de foco e seus pontos quentes. O
policial militar deve questionar se é possível controlar todos os pontos (todas
as pessoas e suas mãos, casas e suas janelas e portas, dentre outros).

Ao identificar um ponto de foco, o policial militar deverá esforçar-se ainda


mais para manter o controle visual da situação. O estado de prontidão
poderá subir para o estado de alarme (vermelho), conforme o caso. O
policial militar deverá estar atento e preparado para fazer uso de força diante
de uma possível agressão.

Quando localiza um ponto quente, o estado de prontidão deverá atingir,


definitivamente, o estado de alarme (vermelho), contribuindo para que o
policial militar esteja em condições de controlar a ameaça.

41
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Em algumas situações, a avaliação de riscos leva o policial militar à conclusão


de que não possui condições suficientes (efetivo de policiais, armamento,
treinamento, entre outros) para agir imediatamente (etapa 4 da avaliação de
riscos). Nesse caso, recomenda-se ao policial militar não adentrar a área de
risco.

O objetivo do policial militar em uma ocorrência é, de modo geral, impedir


o agravamento de qualquer situação e solucionar os problemas. Quando o
policial militar não se expõe a perigos desnecessários e trabalha sem invadir
a área de risco, identificando e controlando os pontos de foco, ele possui
mais chances de evitar confronto direto e terá mais tempo e maior segurança
para decidir quando e como agir.

Em situações em que há mais de um policial militar, é possível dividir os


pontos de foco de uma área de risco. O número de policiais militares
empregados em uma intervenção deve ser, sempre que possível, capaz de
proporcionar o controle de todos os pontos de foco e seus pontos quentes.

Algumas vezes, policiais militares se concentram em um mesmo ponto de


foco deixando outros sem controle. Todos os pontos de foco devem estar
sob vigilância e, para isso, deverá ocorrer uma ação coordenada por parte dos
policiais. Jamais um ponto de foco pode ser desconsiderado.

O policial militar que verbaliza manterá contato visual com o abordado,


sempre olhando para ele. Isso interferirá no processo mental do agressor,
reduzindo sua capacidade de reação.

Se uma ameaça real surge de um ponto de foco, a habilidade e o preparo


mental para entender e controlar os seus pontos quentes serão os suportes
para a resposta correta do policial militar. Nesse sentido, duas considerações
são importantes:

t/ÍPEJTQFSTBSFOÍPEJWJEJSB"5&/±°0

Pode ser possível monitorar mais de um ponto de foco, ao mesmo


tempo, pelo policial militar, dependendo da situação, da distância
em que se encontram e do tempo necessário para a reação. Mas ele
não conseguirá controlar, plenamente, mais de um ponto quente

42
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

por vez. O estado de alarme (vermelho) demanda muita atenção


quando um ponto quente é identificado, sendo necessário avaliar
qual ameaça é a mais séria e imediata e nela concentrar esforços.
Estando ela dominada, a probabilidade de agressão diminui.

t/ÍPDPOGVOEJSBUFOÎÍPDPODFOUSBEBDPNiWJTÍPFNUÞOFMw

Em uma situação de risco iminente, o policial militar deve concentrar


toda a sua força e energia para controlar a ameaça o mais rápido
possível. Por outro lado, a “visão em túnel” ocorre quando o policial
militar fixa seu olhar e sua atenção em apenas um ponto, perdendo
a capacidade de percepção do que se encontra à sua volta. Como
consequência, poderá eleger um objetivo incorreto ou um conjunto
de ações inadequadas para atingi-lo.

O policial militar, na sua prática operacional diária, deve lidar com a


probabilidade de riscos, preparando-se para enfrentar ameaças onde quer
que elas possam ocorrer. Não é possível eliminar todos os riscos da sua
atividade, mas, usando corretamente os princípios do pensamento tático,
haverá uma redução substancial do perigo.

4.2 Processo mental da agressão

Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o
policial militar, da seguinte maneira:

tJEFOUJöDBS captar o estímulo por meio da visão, dos sons ou de


outra forma de perceber a presença do policial militar;

tEFDJEJS definir o que fazer, isto é, preparar-se para o ataque ou


ocultar-se;

tBHJS colocar em prática aquilo que decidiu.

Conhecer esse processo é identificar os estágios de pensamento que uma


pessoa seguirá para agredir o policial militar. Utilizar essa informação no
contexto das ações e operações possibilita minimizar ou evitar uma ameaça
direta.

Usualmente, as etapas do processo mental da agressão percorridas pelo


suspeito ocorrem nesta sequência (IDENTIFICAR, DECIDIR E AGIR), porém,

43
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

ocasionalmente, podem não ocorrer nesta ordem. Exemplo: o suspeito pode


estar com a arma pronta para disparar, apontada para a esquina de um beco
em um aglomerado urbano, antes mesmo de identificar um alvo.

Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo
de pensamento para percorrer. Isso coloca o policial militar em desvantagem,
pois, enquanto o agressor passa por TRÊS passos para executar o ataque, o
policial militar terá, necessariamente, QUATRO fases, a fim de responder a
ameaça.

IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR

Após identificar a provável agressão, o policial militar terá, obrigatoriamente,


que se certificar de que o agressor está, de fato, iniciando um ataque, para
depois decidir e agir em consonância com os princípios do uso de força
(legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência), e
com os parâmetros éticos (ver Uso de força – seção 7.1).

O conhecimento do processo mental do agressor propicia a construção de


ideias em um pequeno espaço de tempo para antecipar o perigo, identificar
e entender o ato de agressão que está ocorrendo. Sabendo que o tempo
para reagir é curto, a melhor maneira de trabalhar com essa desvantagem é
alongar e manipular o processo mental do agressor.

Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as possíveis desvantagens


entre os processos mentais do agressor e do policial militar:

a) ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o policial


militar está, ele terá dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque.
Assim, poderá atirar ou atacá-lo a esmo, em um “esforço cego” para
atingi-lo, mas, muito provavelmente, sua tentativa será inútil, caso
o policial militar se encontre devidamente abrigado e coberto
(oculto) na área de segurança.

b) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção


do abordado em relação ao policial militar, ou seja, é uma ação
inesperada para o suspeito, surpreendendo-o e reduzindo seu
tempo de reação.

44
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

c) distância: de uma maneira geral, o policial militar deverá manter-


se a uma distância que dificulte qualquer tipo de ação por parte
do abordado. Certamente, se um ataque físico é a preocupação,
quanto maior a distância a ser percorrida pelo agressor para atacar,
mais tempo ele demorará para atingir o policial militar que, por sua
vez, terá mais tempo para identificar, certificar, decidir e repelir a
ameaça. Quanto mais próximo de um agressor, maiores são as
chances do policial militar ser atingido. O policial militar estará mais
seguro, quando permanecer a uma distância adequada e sob a
proteção de um abrigo.

d) autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os policiais


militares, frequentemente, abreviam boas táticas ou se lançam
dentro da área de risco na presença de um suspeito potencialmente
hostil. Por outro lado, se o policial militar faz com que ele venha
até a área de segurança, que está sob seu controle, estará
provavelmente interferindo em todo o processo de pensamento do
agressor, desarticulando, desse modo, suas ações.

e) proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre


todos. Se o policial militar pode posicionar-se atrás de algo que
verdadeiramente o proteja dos tiros e, ao movimentar-se utiliza
abrigos, um agressor terá muita dificuldade em atacá-lo com
sucesso. O abrigo também lhe dará mais tempo para identificar
qualquer outra ameaça que se apresente.

Em resumo, o policial militar deve procurar aumentar o tempo de decisão


do agressor, enquanto simplifica e encurta o seu próprio processo mental.
Entender este processo ajudará a avaliar as áreas de risco, estabelecendo
perímetros de segurança e determinando corretamente as prioridades,
segundo os respectivos pontos de foco que se apresentarem.

ATENÇÃO: o policial militar deve adentrar a área de


risco somente depois de se certificar de que detém o
controle de todas as ameaças que ela possa oferecer,
transformando-a em uma área de segurança.

45
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 5

INTERVENÇÃO
POLICIAL
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

5 INTERVENÇÃO POLICIAL

Entende-se por intervenção policial, a ação ou a operação que empregam


técnicas e táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo como objetivo
prioritário a promoção e a defesa dos direitos fundamentais da pessoa. Toda
intervenção policial deve ser transformadora da realidade, objetivando, de
modo geral, a prevenção e a resolução de conflitos, o combate ao crime e à
violência, a preservação da ordem e a garantia do cumprimento da lei.

Uma intervenção da Polícia Militar pode ter como objetivos: o esclarecimento


de dúvidas ou o fornecimento de informações junto a um transeunte; a
realização de uma busca pessoal, em um veículo ou em uma edificação; uma
ação de auxílio a uma pessoa acidentada ou perdida; o cumprimento de
mandado de prisão; a imobilização, a algemação e a condução de pessoas;
disparar arma de fogo de acordo com os princípios do uso de força e outras
formas de contato do policial militar com a sociedade.

Ao iniciar uma intervenção, o policial militar deve observar os aspectos


éticos, normativos e técnicos que regulam e orientam a sua execução. O
conhecimento do conjunto normativo, somado ao treinamento diuturno,
garantirá o sucesso dessas ações.

/ÓWFJTEFJOUFSWFOÎÍP

Os OÓWFJT EF JOUFSWFOÎÍP são classificações em função da respectiva


avaliação de risco (ver Avaliação de Riscos – seção 3), que podem ser
adotadas como referência para a atuação policial militar. Estão estruturados
em três níveis:

B
*OUFSWFOÎÍPOÓWFM adotada nas situações de caráter preventivo,
educativo e assistencial. A finalidade das ações policiais militares
neste nível é promover um ambiente seguro por meio de
patrulhamento ordinário e contatos com a comunidade, para
prevenir, educar e assistir SJTDP OÓWFM *
. No entanto, é sempre
necessário lembrar que as situações rotineiras não podem provocar
diminuição no nível de atenção do policial militar. O estado de
prontidão, neste tipo de intervenção, deverá ser o estado de
atenção (amarelo). O policial militar deve estar preparado para o
caso da situação evoluir e ser necessário o uso de força (ver Uso de
força – seção 7).

49
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

C
 *OUFSWFOÎÍP  OÓWFM  adotada nas situações em que haja a
necessidade de verificação preventiva. Neste caso, a avaliação de
riscos indica que existe indício de ameaça à segurança (do policial
militar ou de terceiros). Assim, o policial militar deverá manter-se
em condições de respondê-la. (SJTDP OÓWFM ** F FTUBEP EF BMFSUB
- laranja). Neste tipo de intervenção, além das ações descritas
no nível 1, podem ser realizadas buscas em pessoas, veículos ou
edificações, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações com
algum risco já conhecido (indício) e o policial militar deverá estar
pronto para enfrentá-lo.

Exemplo: abordagem a pessoa ou veículo com características


semelhantes às de envolvidos em delitos; execução de
patrulhamento e verificações em locais com histórico de violência.

D
*OUFSWFOÎÍPOÓWFM: adotada nas situações em que há certeza do
cometimento da infração, caracterizando ações repressivas. Neste
caso, a avaliação de riscos indica a iminência de algum tipo de
agressão SJTDPOÓWFM***FFTUBEPEFBMBSNFWFSNFMIP
. Os policiais
militares deverão estar prontos para o emprego de força, quando
assim a situação exigir, sempre com segurança, e observando os
princípios da legalidade, necessidade e proporcionalidade. (ver Uso
de força - seção 7).

Exemplo: um infrator avistado no momento de uma ameaça direta


à vítima ou que, logo após, empreende fuga e é acompanhado
pela polícia; um agente de crimes procurado pela Justiça e que é
identificado pelo policial militar.

5.2 Etapas da intervenção

Uma intervenção policial militar deve ser dividida em etapas para garantir o
seu sucesso:

a) Etapa 1 - diagnóstico: elaborado a partir das informações sobre o


motivo, o abordado e o ambiente, obtidas por meio da avaliação de
risco e da análise do cenário feitas a partir do pensamento tático.

b) Etapa 2 - plano de ação: consiste na decisão, acerca das atribuições


de cada policial militar , dos métodos e procedimentos para alcançar
objetivos da intervenção. Os policiais militares, trabalhando em

50
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

equipe, devem ter atitudes coerentes entre si, fruto de uma mesma
avaliação de risco e um consequente escalonamento da força. É
imprescindível considerar os dados que subsidiaram o diagnóstico,
os fundamentos da abordagem, os princípios do uso de força e os
recursos disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de ação
deve ser elaborado de forma simples e verbal, ou exigir maior
estruturação, conforme a avaliação da complexidade (ver avaliação
de riscos – seção 3).

O policial militar precisa responder às seguintes perguntas:

t 1PSRVFFTUBNPTJOUFSWJOEP 

t 2VFN PVPRVFJSFNPTBCPSEBS 

t 0OEFTFEBSÈBJOUFSWFOÎÍP 

t 0RVFGB[FS 

t $PNPBUVBS 

t 2VBMBGVOÎÍPFQPTJÎÍPEFDBEBQPMJDJBMNJMJUBS 

t 2VBOEPJOUFSWJS 

c) Etapa 3 - execução: é a ação propriamente dita, resultante das fases


anteriores. Consiste na aplicação prática do plano de ação, bem
como da adoção de medidas decorrentes da própria intervenção
(prestação de auxílio ou orientação, busca pessoal, prisão e/ou
condução do agente e o registro do fato em BO/REDS).

d) Etapa 4 - avaliação: as condutas individuais e do grupo, os resultados


alcançados e as falhas notadas em cada intervenção devem ser,
posteriormente, discutidas e analisadas, e possíveis correções
devem ser apresentadas, visando aperfeiçoar as competências
profissionais.

51
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Figura 2 - Etapas da intervenção policial

5.3 Abordagem policial

Na relação cotidiana entre a Polícia Militar e a comunidade, a abordagem


policial é a forma de intervenção policial mais comum, sendo executada
em todos os níveis, como veremos a seguir.

Trata-se de um conjunto de ações policiais militares ordenadas e qualificadas


para que o policial militar possa se aproximar de pessoas, veículos ou
edificações com o intuito de orientar, identificar, advertir, realizar buscas e
efetuar detenções. Para tanto, utiliza-se de técnicas, táticas e meios apropriados
que irão variar de acordo com as circunstâncias e com a avaliação de risco.

Qualquer contato do policial militar com as pessoas, decorrente da atividade


profissional, é considerada abordagem. Exemplos: orientações diversas,
coleta de informações, contatos comunitários, medidas assistenciais, buscas
pessoais, imobilizações físicas, prisão e condução.

52
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

O contato físico, necessário e inevitável em alguns tipos de abordagem


(aquelas que geram busca pessoal, principalmente), se torna um momento
crítico, tanto para os policiais militares quanto para os envolvidos. Por um
lado, o abordado pode se sentir constrangido pela intervenção à qual foi
submetido e, por outro, pode oferecer riscos ao policial militar. Por isso, ao
realizar este procedimento, deve-se atuar, respeitando a dignidade e os
direitos fundamentais, sem descuidar-se das medidas de segurança.

Na abordagem policial, a busca pessoal, prevista e fundamentada no Código


de Processo Penal, é realizada de ofício a partir de circunstâncias de fundada
suspeita e que se impõe, independentemente, de concordância da pessoa
(ver MTP 02).

A posição em que o policial militar sustenta sua arma durante a abordagem


dependerá da avaliação de riscos da intervenção. O policial militar deve
manter-se sempre atento ao comportamento do abordado e não descuidar
da sua segurança.

Quando, inicialmente, o abordado não apresentar indícios de suspeição,


como nos casos de orientação ou assistência, a abordagem deverá ser iniciada
com a arma no coldre.

ATENÇÃO! Em relação às posições das armas 1, 2, 3 e 4, descritas


na seção 7.2.3 sobre o uso de arma de fogo, LEMBRE-SE SEMPRE:

ARMA LOCALIZADA: possibilidade de ruptura da normalidade,


sensação que a situação pode agravar-se – RISCO NIVEL II;

ARMA EM GUARDA BAIXA OU ALTA: possibilidade de risco à


segurança do policial militar e terceiros (análise subjetiva) –
RISCO NIVEL II;

ARMA EM PRONTA RESPOSTA: está ocorrendo ameaça real à


segurança do policial militar e terceiros (percepção objetiva) –
RISCO NÍVEL III.

53
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

5.3.1 Fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude


suspeita

Ao realizar este tipo de abordagem, o policial militar deverá observar os


fundamentos que seguem, para potencializar suas ações e assegurar que o
objetivo proposto seja alcançado:

a) segurança: caracteriza-se por um conjunto de medidas adotadas pelo


policial militar para controlar, reduzir ou, se possível, eliminar os riscos
da intervenção policial (ver Avaliação de Riscos - seção 3). Antes de
agir, o policial militar deverá identificar a área de segurança e a área
de risco, monitorar os pontos de foco, controlar os pontos quentes
e certificar-se de que o perímetro está seguro (ver Pensamento tático
- seção 4). Sempre que possível, o policial militar deverá agir com
supremacia de força;

d) surpresa: caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do


abordado em relação ao policial militar , ou seja, é uma ação inesperada
para o suspeito, surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de reação.

c) rapidez: é a velocidade com que a ação policial militar é processada,


o que contribui substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não
se pode confundir rapidez com afobamento ou falta de planejamento.
Em uma abordagem que resulta em busca pessoal, o policial militar
deve usar todo o tempo necessário para uma verificação exaustiva por
objetos ilícitos ou indícios de crime;

d) ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta do policial militar na ação,


por meio de uma postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não
se confunde com truculência. O policial militar deve ser firme e direto,
porém cortês, sereno, demonstrando segurança, educação e bom
senso adequado às circunstâncias da intervenção;

e) unidade de comando: é a coordenação centralizada da intervenção


policial militar que garante o melhor planejamento, fiscalização
e controle. Da mesma forma, cada policial militar envolvido na
abordagem deve conhecer sua tarefa e qual a sua função específica
naquela intervenção, interagindo de forma harmônica, sabendo a
quem recorrer, respeitando a cadeia de comando.

54
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

LEMBRE-SE: O treinamento constante propicia


condições ao policial militar para agir com
rapidez, sem descuidar dos princípios da
segurança.

A aplicação dos conceitos apresentados nesta seção e a observação das


etapas da intervenção e dos fundamentos da abordagem são essenciais para
o resultado satisfatório das intervenções policiais.

A educação e a polidez devem sempre ser observadas nas abordagens, uma


vez que alguns desfechos são agravados pela postura inadequada adotada
pelo policial militar.

5.4 Requisitos básicos para atuação e intervenção policial militar61

a) Conhecimento da missão: o desempenho das funções de Policiamento


Ostensivo impõe, como condição essencial para eficiência operacional,
o completo conhecimento da missão, que tem origem no prévio
preparo técnico-profissional, decorre da qualificação geral e específica
e se completa co o interesse do indivíduo.
b) Conhecimento do local de atuação: compreende o conhecimento dos
aspectos físicos do terreno, do interesse policial-militar, assegurando a
familiarização indispensável ao melhor desempenho operacional.
c) Relacionamento: compreende o estabelecimento de contatos com os
integrantes da comunidade, proporcionando a familiarização com seus
hábitos, costumes e rotinas, de forma a assegurar o desejável nível de
controle policial-militar, para detectar e eliminar as situações de risco,
que alterem ou possam alterar o ambiente de tranquilidade pública.
d) Postura e compostura: a atitude, compondo a apresentação pessoal,
bem como, a correção de maneiras no encaminhamento de qualquer
ocorrência influem decisivamente no grau de confiabilidade do público
em relação à Corporação e mantém elevado o grau de autoridade do
policial militar, facilitando-lhe o desempenho operacional.
e) Comportamento na ocorrência: o caráter impessoal e imparcial da
ação policial-militar revela a natureza eminentemente profissional
da atuação, em qualquer ocorrência, requer que seja revestida de
urbanidade, energia serena, brevidade compatível e, sobretudo, isenção.

6 Conforme "Procedimentos Básicos" do Manual Básico de Policiamento Ostensivo.

55
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 6

PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

6 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é um processo de interação estabelecida no mínimo entre


duas pessoas, construindo entre ambas um intercâmbio de sentimentos
e ideias. Este processo, por si só, já remete a uma série de interpretações
diferenciadas, pois, com características únicas que temos, podemos entender
distintamente as mensagens.

A maior dificuldade de interpretação está em fatores como a escolha de


palavras utilizadas na fala e na escrita, gestos e postura corporal, bem como o
meio pelo qual a mensagem é transmitida e estabelecida. Este canal também
pode estar sujeito aos ruídos (celulares que tocam em hora errada, barulho
do trânsito, tom de voz alto ou baixo demais) e tantos outros problemas que
atrapalham a compreensão da mensagem enviada. A falta de clareza e a
adequação para o tipo de público, a impropriedade da técnica, a urgência
com que a mensagem é transmitida, e outros fatores, podem dificultar ou
mesmo impossibilitar a compreensão.

ATENÇÃO: Para que a comunicação atinja o seu


objetivo, o melhor caminho é a simplicidade.

Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o


receptor de forma clara, fácil e possível de ser entendida.

t&NJTTPSÏBRVFMFRVFGBMB FTDSFWF EFTFOIB GB[NÓNJDBÏPQPOUPEF


onde parte a mensagem.

t3FDFQUPS Ï BRVFMF RVF RVFS PV QSFDJTB PVWJS F BQSFFOEFS Ï P


destinatário da mensagem.

t.FOTBHFNÏPDPOUFÞEPEPRVFTFRVFSEJ[FSFDPNVOJDBS

O processo de comunicação, como um dos fatores mais importantes das


intervenções policiais militares, se bem realizado, é um grande facilitador para
o sucesso da abordagem. Por isso, o policial militar deve dar atenção a este
processo, para maximizar resultados positivos na sua atividade profissional.

59
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Uma das formas da comunicação é a verbalização. Verbalizar791significa


expressar ou exprimir algo na forma de palavras. Na técnica policial militar, o
conceito de verbalização diz respeito ao uso da fala e de comandos verbais
que, apesar de constituírem um dos níveis de uso de força, conforme seção 7,
estarão presentes em todo tipo de intervenção policial militar.
Além da palavra falada, as pessoas transmitem uma gama significativa de
informações por meio da postura, gestos, atitudes, aparência e até mesmo
vestimentas. Consequentemente, parte dos resultados de uma comunicação
vem do comportamento não verbal. Corre-se o risco de uma ideia ser
expressa em discordância com o que o locutor desejaria, por interferência
de outros indicativos físicos e psicológicos (elementos não verbais). Portanto,
no processo de comunicação, não pode haver preocupação apenas com as
palavras de forma isolada, mas também com toda a mensagem veiculada.
Nas teorias de comunicação, diz-se que, uma informação somente é eficaz
quando apresenta, dentre outras, duas características fundamentais:
a) clareza: utilização de linguagem de fácil compreensão;
b) precisão: grau de detalhamento suficiente para produzir o resultado
desejado (ser prático, objetivo, direto).
As técnicas de comunicação estabelecem que antes mesmo de haver a troca
de palavras propriamente dita entre as pessoas, existem elementos verbais
e não verbais que interagem entre o emissor e receptor.

Os elementos verbais estão ligados aos conteúdos falados, envolvem escolha


das palavras que vão compor a mensagem. Os não verbais dizem respeito à
entonação da voz, gestos e posturas.

6.1 Comunicação na abordagem policial

O policial militar não deve alimentar a expectativa de que o abordado sempre


se disponha a colaborar de forma espontânea. Assim, deve buscar o controle
da situação por meio de uma verbalização adequada, emitindo ordens legais,
claras, objetivas e pertinentes.
Para potencializar o uso da comunicação nas intervenções policiais militares,
serão apresentadas, a seguir, algumas orientações baseadas em áreas
específicas do conhecimento (fonoaudiologia, psicologia e neurolinguística).

7 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1993.

60
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

O primeiro contato com o abordado é de fundamental importância, haja


vista que irá construir mentalmente uma imagem do policial militar (e da
Polícia Militar), por meio da análise da postura, apresentação pessoal e,
principalmente, da fala e gestos. Esses fatores contribuem para a credibilidade,
legitimidade e confiança na autoridade.

A APRESENTAÇÃO PESSOAL
É O CARTÃO DE VISITA DO POLICIAL MILITAR.

Uma boa imagem é representada por detalhes importantes


como: fardamento limpo e adequado e cuidados com
a higiene pessoal, dentro dos padrões estabelecidos
pelas normas da PMMG. Outros comportamentos como
o uso irregular de cobertura e de acessórios exóticos
ou extravagantes transmitem a ideia de descaso e
relaxamento.

Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o alcance


dos objetivos institucionais e, consequentemente, para a boa imagem e a
legitimidade de suas intervenções. Dentre elas, o policial militar deve ser:

a) firme: agir de forma segura, estável, constante, comunicando por


meio de comandos firmes, de maneira polida e sem truculência. É
preciso que fique claro ao receptor que a melhor opção para ele é
obedecer;

b) justo: atuar de acordo com o ordenamento jurídico e em


conformidade com os princípios éticos, respeitando a dignidade da
pessoa;

c) cortês: o policial militar deve ser educado, atencioso e solícito. A


seriedade e a firmeza necessárias não podem ser confundidas com
indiferença ou grosseria.

Durante a abordagem, o policial militar deve explicar os motivos da


intervenção e o comportamento que se espera do abordado.

O diálogo entre o policial militar e o abordado pode ser prejudicado e sofrer


interferências diante de uma postura que denote agressividade, arrogância

61
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

ou descaso. Exemplo: o policial militar que aponta o dedo indicador para o


abordado, ou se lhe apresenta com os braços cruzados ou com o rosto sisudo.

Ao dirigir-se às pessoas, o policial militar não deve fazer uso de gírias


ou palavras vulgares porque transmitem uma má impressão e afetam a
credibilidade junto aos envolvidos. Mantendo uma linguagem firme e cordial,
o policial militar demonstra profissionalismo e controle da situação.

Outro aspecto importante da comunicação é o volume da voz. O policial


militar deve atentar para este aspecto, a fim de facilitar sua comunicação,
adequando-o às diversas situações, podendo modificá-lo para alcançar
melhor acatamento dos seus comandos. O volume da voz deve se adaptar ao
nível de cooperação do abordado, devendo aumentar ou diminuir, conforme
o nível de força empregado. O som da voz deve chegar claramente ao ouvinte,
para que ele possa entender e interagir com o policial militar.

Dessa forma, a entonação da voz do policial militar poderá se tornar mais


enérgica e o volume mais alto, demonstrando a seriedade da situação e
impondo a autoridade, caso o abordado demonstre resistência ao acatamento
das ordens.

Cabe ao policial militar fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso
da voz a cada situação, lembrando que o volume muito baixo inviabiliza a
comunicação, por dificultar o entendimento, e o volume muito alto, quando
desnecessário, pode se tornar agressivo, incômodo e deseducado. Devem
ser levadas em consideração as possíveis interferências sonoras (ruídos)
presentes em um determinado ambiente.

Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de uma
pessoa), a dicção (pronúncia correta dos sons das palavras) e a velocidade
com que se fala são determinantes para a qualidade da comunicação
estabelecida. Nos treinamentos, o policial militar deve buscar o timbre em
que sua voz fique mais clara, pronunciar as palavras com calma e correção
e em velocidade que possibilite ao interlocutor compreender exatamente
o que está sendo dito. A fala confusa ou vagarosa causa a impressão de
indecisão ou desânimo, gera descrédito e insegurança. Em contrapartida,
falar muito rápido denota ansiedade, dúvida e desatenção.

O silêncio também pode transmitir mensagens não verbais. O policial


militar, ao se comunicar, deve utilizar-se de pausas em suas falas, verificando
o nível de cooperação do abordado, proporcionando tempo para que este

62
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

entenda e cumpra o que lhe foi determinado. Pausas eficazes na interlocução


e um processo de perguntas e respostas logicamente ordenadas podem ser
determinantes para o sucesso da verbalização.

O diálogo deve ter uma sequência lógica. A fala do policial militar deve ser
concisa, expressa por meio de comandos simples, de fácil compreensão e
execução e repetidos. Se necessário, reforçá-los, conforme o quadro que
segue.

Quadro 1 – Elementos da comunicação em relação à postura do policial militar

Elementos de Comunicação Postura do Policial militar

ENÉRGICO FIRME AMENO

Expressão Verbal

Voz Alta Moderada Branda

Pausada e solicita
Fala Rápida e Imperativa Fluente e persuasiva
colaboração

Interpelação Sentença exclamatória Frases declarativas Pedido ou apelo

Expressão Facial

Olhos/Olhar Determinado e Repreensivo Firme e Confiante Ameno e Pacífico

Músculos faciais Tensos (contraídos) Normais Relaxados

Expressão Corporal
Ver Posturas Táticas (Caderno Doutrinário 2)

Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física
em seu entorno) que considera psicologicamente reservado para aqueles
que são íntimos a ela. Ao aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, o
policial militar invade este “espaço pessoal” e pode provocar, no abordado, o
desejo inconsciente de afastar, fugir, ou defender-se. Qualquer palavra dita
nessa situação poderá soar agressivamente. Ao abordar, não aponte o dedo
indicador para a face do abordado, nem toque no seu corpo, salvo nos casos
em que se faz necessário o controle de contato, o controle físico e a busca
pessoal (ver Uso de Força - seção 7). Respeitando seu espaço pessoal, será
mais fácil obter sua cooperação.

63
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Assim sendo, o policial militar deverá estabelecer o contato inicial com o


abordado, a uma distância segura (ver Caderno Doutrinário 2), para criar um
vínculo verbal e de confiança, explicando o que será realizado, antes de se
BQSPYJNBS&YFNQMPi'JRVFQBSBEP7BNPTSFBMJ[BSVNBCVTDBQFTTPBM7PDÐ
NFFOUFOEFV w

O policial militar precisa preocupar-se com a autoridade que representa, dar


à sua fala um conteúdo imperativo, proporcional ao nível de cooperação do
abordado, e primar pelo bom tratamento dispensado às pessoas. O policial
militar modificará e adequará os elementos da comunicação (volume,
timbre, entonação e postura) de acordo com a necessidade, caso o abordado
demonstre algum tipo de resistência.

É importante ressaltar que os elementos não verbais utilizados na


comunicação durante a abordagem influenciam na percepção que policial
militar e o abordado constroem um do outro. Por isso, os policiais militares
devem estar atentos aos efeitos que suas mensagens não verbais provocam
e, ao mesmo tempo, observar e retirar conclusões dos elementos emitidos
pelo abordado.

A comunicação bem trabalhada pode evitar o emprego de níveis de força


superiores, facilitando o desenrolar das intervenções policiais. O policial
militar passa a ter um maior controle da situação, minimizando, em grande
parte dos casos, a possibilidade de uma reação indesejada. O modo de agir,
de se postar e falar com o abordado interfere diretamente na sua reação,
auxilia no nível de cooperação e no acatamento das ordens. Dessa forma, a
postura do policial militar, durante a abordagem, pode evitar manifestações
de descontentamento que exijam a adoção de medidas coercitivas pela
polícia, como os controles de contatos e os controles físicos, as técnicas de
menor potencial ofensivo e, como medida extrema, o uso da arma de fogo.

ATENÇÃO: A verbalização pode e deve ser


empregada em conjunto com todos os outros
OÓWFJT EP VTP EF GPSÎB. Deve estar presente
durante toda a intervenção policial (ver Uso de
força, seção 7).

64
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

O policial militar deve manter o equilíbrio e o autocontrole, mesmo se o


abordado não obedecer, se fizer comentários ofensivos, ignorar a sua presença
ou atrair a atenção de pessoas em volta. A linguagem que deve prevalecer é a
do policial militar e não a do abordado. Manter um diálogo claro, direto, não
emocional e sem abusos, demonstra profissionalismo e domínio da situação.
Dessa forma, o policial militar ganha credibilidade junto à população e atrai
a confiança de testemunhas, que poderão confirmar que foram dadas todas
as chances ao abordado para cooperar, sem utilizar a força, mas que ele se
recusou a acatar.

O policial militar deve transmitir ao abordado uma mensagem clara, de que


poderá agir em resposta às suas agressões ou à falta de cooperação. Por
meio de um diálogo moderado e incisivo, o policial militar deve explicar que
seus comandos são ordens legais e que o descumprimento pode configurar
infração penal e resultar no uso de força.

Deve ser considerada a possibilidade da pessoa abordada ter dificuldade na


compreensão e no cumprimento da ordem, por tratar-se de pessoa portadora
de necessidades especiais (físicas e/ou mentais) ou por estar sob efeito de
substâncias como álcool, drogas ou medicações específicas, que alteram a
capacidade cognitiva.

O policial militar deve ter consciência da existência de uma insatisfação


natural das pessoas quando são abordadas. O policial militar se apresenta
como autoridade, intervindo momentaneamente no direito de ir e vir,
podendo ainda causar uma exposição constrangedora do abordado perante
seus familiares ou o público presente. Exemplo: possibilidade de se gerar
atraso em deslocamentos para compromissos, devido a operações do tipo
Blitz.

Um grande número de pessoas não gosta de ser parado pela polícia, ainda que
seja para uma simples verificação de rotina, visto que, na maioria das vezes,
seja de senso comum a ideia de que foi “escolhido” por ter sido considerado
suspeito. Nesses termos, é razoável que o abordado, nas diversas intervenções,
tente argumentar ou questionar a forma ou a legalidade da ação policial
militar, não cumprindo de imediato as recomendações, alegando não admitir
ser tratado como “infrator”. É importante diferenciar essa compreensível

65
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

sensação de incômodo vivenciada pelo abordado, de outra conduta mais


séria que configure os crimes de resistência, desobediência e/ou desacato.

Dessa forma, o policial militar deve iniciar a comunicação, sabendo que os


elementos de empatia, na maioria das vezes, estarão ausentes. Por isso, deve
aumentar sua preocupação com os aspectos não verbais, de forma a garantir
que suas mensagens sejam claras e precisamente transmitidas.

Para evitar percepções equivocadas por parte do abordado e prejuízo na


comunicação, o policial militar deve treinar constantemente, de preferência
diante de um espelho, analisando a sua imagem, considerando todos os
elementos verbais e não verbais, enquanto pratica os comandos típicos de
uma abordagem policial militar.

6.2 Verbalização do policial militar face ao comportamento do


abordado

O policial militar deve variar sua comunicação, de acordo com as diferentes


formas de reação do abordado. Seguem abaixo, exemplos de diálogos que
podem servir de referência.

6.2.1 Abordado cooperativo

Mantendo-se no estado de prontidão apropriado, após realizar a avaliação


dos riscos e decidir por executar a abordagem, o policial militar inicia o
contato verbal.

- Bom dia! Eu sou o “Sargento ... (dizer o posto / a graduação


e o nome)”, EB1PMÓDJB.JMJUBS5VEPCFN 

(utilize o complemento POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS,


caso esteja em operação próximo à divisa / fronteira do
Estado).

Deve utilizar pausas e interromper a sua fala, aguardando a resposta do


abordado, para verificar se houve entendimento da sua mensagem e qual é o
nível preliminar de cooperação demonstrado.

Utilizando comandos simples e sequenciais, o policial militar explica para a


pessoa o que está ocorrendo e, se possível, o que motivou a abordagem.

66
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

- Esta é uma operação policial preventiva. O procedimento


tomará apenas alguns minutos. Para a sua segurança,
TJHBBTNJOIBTPSJFOUBÎÜFT 0, 

Por se tratar, a princípio, de abordado cooperativo, o policial militar dá


sequência às ordens, pausadamente, dando tempo para que o abordado
cumpra as determinações, mantendo-se atento aos elementos verbais e não
verbais do abordado, para facilitar o processo de análise de riscos.

-2VBMÏPTFVOPNF 

- Permaneça parado, coloque as mãos para cima. (ou


...lentamente, levante os braços ou... coloque as mãos
sobre a cabeça e entrelace os dedos).

- Pare! Vire-se de frente para a parede. (ou Vire-se de


frente para mim).

- Pare! Preste atenção! Lentamente, tire sua mão do bolso


(sacola, mochila ...).

É conveniente fazer perguntas ao abordado e mantê-lo constantemente com


a atenção voltada para o policial militar que verbaliza. Isso contribuirá para
reduzir sua capacidade de reação (ver Processo mental da agressão - seção 4).

Terminada a abordagem, explique ao cidadão sobre a importância da


pesquisa pós-atendimento.

- Senhor OPNF
 A Polícia Militar realiza uma pesquisa
de pós-atendimento para verificação da qualidade e
aperfeiçoamento do nosso trabalho.

- Preciso que indique o dia da semana, o horário e o


número de telefone, para que possamos entrar em contato,
sem que cause incômodo.

(Aguarde, anote a resposta, agradeça e despeça-se)

- Agradeço pela colaboração e conte com o nosso serviço.


Tenha um bom dia!

67
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

6.2.2 Abordado resistente passivo

Caso o abordado descumpra algum comando, agindo de forma passiva,


morosa, apática ou indiferente (mas que não constitua agressão), o policial
militar deve, inicialmente, alertá-lo sobre as consequências da desobediência
à ordem legal. Persistindo tal comportamento, deve agir com superioridade
de força, usando os meios necessários e moderados para compeli-lo ao
cumprimento da determinação legal.

A desobediência do abordado e a resistência em cumprir as ordens deverão


ser entendidas como indicativos de ameaça. Nesse caso, o policial militar
deve estar pronto para responder a algum tipo de agressão.

O policial militar deverá verificar, por meio de verbalizações, se o abordado


compreende o que está sendo dito:

- Você está me entendendo?

ou

- O que está acontecendo? Por que você não me obedece?

ou

- Está tudo bem? Você está com algum problema?

Se o abordado demorar a responder ou a acatar as determinações, mas não


estiver esboçando algum tipo de agressão, o policial militar deverá insistir
na recomendação dada, repetindo a mesma ordem por duas ou três
vezes. Esse procedimento de repetição literal da ordem, de forma pausada,
sistemática e firme, reforça a autoridade profissional da Polícia Militar,
demonstrando determinação e convicção, além de contribuir para que as
eventuais testemunhas possam confirmar a legalidade da ação.

Utilize expressões que facilitem a aproximação com o abordado. Não seja


ríspido ou impaciente. Procure alcançar o receptor com seu discurso. Ao invés
de responder com negativas, use afirmativas que desestimulem a sua falta de
cooperação:

68
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

- Entendo o seu ponto de vista! Mas é uma questão de


segurança.

ou

- Entenda, é o meu dever. Se você obedecer, será mais


seguro para todos.

Caso o abordado continue descumprindo as ordens, deverá ser advertido


quanto a este comportamento, esclarecendo tratar-se de infração penal
(desobediência).

- Obedeça! Desobediência é crime!

ou

- Cidadão, isto é uma ordem legal! Faça o que estou


mandando!

ou

- Isto é uma advertência de uso de força!

O policial militar deve considerar que poderão existir diversas razões para que
o abordado possa resistir de maneira passiva às ordens dadas pelo policial
militar, por exemplo:

tRVBOEPOÍPDPNQSFFOEFBPSEFNFNBOBEBQFMBBVUPSJEBEF

tRVBOEPOÍPBDBUB TJNQMFTNFOUFQPSRVFRVJTEFTBöBSBBVUPSJEBEF
ou desmerecer a ação policial militar, tentando, assim, expô-lo a uma
situação humilhante frente ao público, ou ainda, provocar o uso
excessivo de força;

tRVBOEPCVTDBDPOTFHVJSBTJNQBUJBEFQFTTPBTBTVBWPMUB DPMPDBOEP
as contra a atuação da polícia, assumindo assim uma posição de vítima;

tRVBOEP UFN BMHP QBSB FTDPOEFS BSNBT  ESPHBT  PVUSPT


 F CVTDB
distrair a atenção do policial militar;

tRVBOEP RVFS HBOIBS UFNQP QBSB GVHJS PV FOGSFOUBS öTJDBNFOUF PT
policiais militares, isto é, com resistência ativa.

69
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

O policial militar procura, então, identificar no comportamento do abordado,


BTQPTTÓWFJTDBVTBTEBTVBSFTJTUÐODJB, devendo estar atento para não se
deixar levar por provocações do abordado, o qual procura fazer-se de vítima,
diante da intervenção.

Nesses casos, o policial militar deve se resguardar, sempre que possível, por
meio do testemunho de pessoas presumidamente idôneas que estejam
próximas ao local, acionando-as para que presenciem a repetição da ordem
legal emitida e o descumprimento, ou resistência/relutância do abordado em
cumpri-la.

- Ei! Você! Por favor, me acompanhe! Preciso que o


senhor presencie esta situação.

(Repita a ordem ao abordado diante da testemunha).

- " QPMÓDJB FTUÈ EBOEP VNB PSEFN MFHBM B FTUF


cidadão. Ele se recusa a colaborar / foi advertido
de que será usada força contra ele / foi alertado de
que poderá ser preso por desobediência.

Os recursos tecnológicos (aparelhos telefônicos celulares que tiram fotos,


filmam, gravam áudio, ou outros similares) que estejam acessíveis para
comprovar a atuação legítima do policial militar e a resistência do abordado,
podem ser utilizados. Nesse caso, o policial militar deve proceder com especial
atenção, com relação a sua postura e segurança, de forma que não se torne
vulnerável durante este procedimento, e alertar formalmente ao interlocutor
que estará registrando a intervenção.

ATENÇÃO! Cuidado com o uso e a destinação do


material registrado. O direito à imagem é parte da
dignidade humana e cabe ao policial militar protegê-
la. Esses registros eletrônicos só poderão ser utilizados
de maneira oficial, sendo vedada a divulgação ou a
distribuição à imprensa ou a outros órgãos..

6.2.3 Abordado resistente ativo

Caso a ação por parte do abordado se materialize em algum tipo de agressão,


caracterizando a resistência ativa, a ação policial militar deve prosseguir na

70
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

reação, utilizando o nível de força proporcional sem, contudo, interromper


a verbalização.
Nos casos de resistência física, o policial militar deve mensurar e avaliar as
atitudes do abordado, adaptando a verbalização, sendo mais imperativo
e impositivo, alertando imediatamente o restante da equipe sobre essa
resistência do abordado, com foco na segurança dos policiais e de terceiros.
Diante da agressão, o policial militar reagirá com DPOUSPMFGÓTJDP e reforçará o
volume de voz, emitindo ordens diretas, devendo advertir o abordado de que
tal procedimento implica crime (desacato ou resistência).

t1BSBEP/ÍPTFBQSPYJNF

t /ÍP GBÎB NPWJNFOUPT CSVTDPT 0CFEFÎB Ë PSEFN


policial!

t7PVFNQSFHBSBGPSÎB

Nesse caso, o abordado já iniciou algum tipo de agressão e o policial militar


deve estar pronto para reagir (ver Uso de força – seção 7).

6.2.4 Verbalização no caso de prisão

Após a constatação de uma situação que se configure em prisão do abordado,


são adequadas as seguintes frases:

- Fulano ... (citar o nome da pessoa presa). Sou o ... (citar


o posto ou a graduação e o nome do policial condutor da
prisão).

- Você está preso pelo cometimento do crime de (citar o


delito).

t7PDÐUÐNPEJSFJUPEFQFSNBOFDFSDBMBEP

t 7PDÐ UFN EJSFJUP B BTTJTUÐODJB EB TVB GBNÓMJB F EF


advogado.

- Você será encaminhado à delegacia... (citar o local onde


será feito o encerramento do BO/REDS)

- /BEFMFHBDJB TVBGBNÓMJBPVBQFTTPBJOEJDBEBQPSWPDÐ
poderá ser comunicada.

71
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

É conveniente fazer perguntas à pessoa presa, na presença de testemunhas,


tais como:

t1PSGBWPS DPOöSBTFVTQFSUFODFT

t2VFSSFHJTUSBSBMHVNGBUPSFGFSFOUFBFTUBBÎÍPQPMJDJBM 

6.3 Considerações finais

Algumas atitudes por parte do policial militar podem contribuir para tornar
a comunicação simples, rápida e eficaz, por abrangerem pontos importantes
para o sucesso em uma abordagem, dentre elas:

a) saber ouvir e compreender a mensagem do abordado, sendo capaz


de responder ao que foi perguntado;

b) adaptar a mensagem a cada tipo de público, sem perder a clareza e


a objetividade;

c) escolher o momento certo para realizar a comunicação;

d) ser paciente, pois cada pessoa tem um ritmo, um modo e uma


capacidade de internalizar e compreender a mensagem;

e) demonstrar segurança e confiança.

Uma das principais funções do policial militar moderno é a resolução pacífica


de conflitos. A verbalização é uma ferramenta fundamental colocada à
disposição do policial militar na resolução de conflitos. O uso correto das
técnicas aqui apresentadas aumenta a segurança nas intervenções policiais
militares e diminui, consideravelmente, a necessidade do uso de força em
níveis mais elevados.

72
REFERÊNCIAS

SEÇÃO 7

USO DE FORÇA
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

7 USO DE FORÇA

É necessário ter um conceito claro e objetivo de “força”. A palavra tem


significados diferentes dependendo do contexto. Geralmente, força
representa energia, ação de contato físico, vigor, robustez, esforço,
intensidade, coercitividade, dentre outros.

A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a Polícia
Militar controla uma situação que ameaça a ordem pública, o cumprimento
da lei, a integridade ou a vida das pessoas. Sua utilização deve estar
condicionada à observância dos limites do ordenamento jurídico e ao exame
constante das questões de natureza ética. A força, no âmbito militar, com
possibilidade de emprego em missões extraordinárias pela Polícia Miitar, será
objeto de Instruções específicas, como em caso de perturbação da ordem, ou
grave perturbação, conflito armado interno ou outras missões.

O presente conteúdo deverá ser aplicado como referência de doutrina


institucional da PMMG para todas as intervenções policiais militares que
exijam o uso de força no âmbito policial. As particularidades referentes ao
uso de força pela Polícia Militar de forma coletiva (formações de tropa), tais
como ações de controle de distúrbio civil, rebeliões em presídio, eventos com
grandes públicos e outras operações, além do conteúdo desta seção, serão
complementadas em Manual Técnico-Profissional próprio.

O uso de força é um tema que engloba muitas variáveis e possibilidades de


ação. De acordo com as circunstâncias, sua intensidade pode variar desde a
simples presença policial militar até o emprego de força potencialmente
letal como o disparo da arma de fogo contra pessoa, sendo, neste
caso, considerado como o último recurso e de medida extrema de uma
intervenção policial.

O Estado detém o monopólio do uso de força que é exercida por intermédio


dos seus órgãos de segurança. Assim, o policial militar, no cumprimento de
suas atividades, poderá usá-la para repelir uma ameaça à sua segurança ou
à de terceiros e à estabilidade da sociedade como um todo (uma violência
contra o policial militar é um atentado contra a própria sociedade).

75
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

A força aplicada por um policial militar é um ato discricionário, legal, legítimo


e profissional. Pode e deve ser usada no cotidiano operacional, sem receio
das consequências advindas de seu emprego, desde que o policial militar
cumpra com os princípios éticos e legais que regem sua profissão.

Deve ficar claro para o policial militar que o uso de força não se confunde com
violência8,1 haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e
não profissional.

O policial militar poderá usar a força no exercício das suas atividades, não
sendo necessário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se
desnecessariamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego
eficiente requer uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias
presentes, de forma que a intervenção policial resulte num menor dano
possível. Para tanto, é essencial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em
procedimentos para a solução pacífica de conflitos, estudos relacionados
ao comportamento humano, conhecimento de técnicas de persuasão,
negociação e mediação, dentre outros que contribuam para a sua
profissionalização nesse tema.

1SJODÓQJPTEPVTPEFGPSÎB

O uso de força pelos policiais militares deve ser norteado pelo cumprimento
da lei e da ordem, pela preservação da vida, da integridade física das pessoas
envolvidas em uma intervenção policial militar e, ainda, pelos QSJODÓQJPT
essenciais relacionados a seguir:

a) Legalidade

Constitui-se na utilização de força para a consecução de um objetivo legal e


nos estritos limites do ordenamento jurídico.

Este princípio deve ser compreendido sob os aspectos do:

t3&46-5"%0DPOTJEFSBBNPUJWBÎÍPPVBKVTUJöDBUJWBQBSBBJOUFSWFOÎÍP
da Polícia Militar. O objeto da ação deve ser sempre dirigido a alcançar
o objetivo legal. Deste modo, a lei protege o resultado da ação policial
militar.
8 O assunto foi discutido no artigo “Uso de Força e a Ostensividade na Ação Policial”, de Jacqueline Muniz,
Domício Proença Junior e Eugênio Diniz, publicado no periódico Conjuntura Política. Boletim de Análise -
Departamento de Ciência Política da UFMG, BELO HORIZONTE, pp:22-26, 20 de abril de 1999.

76
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Exemplo: o princípio da legalidade não está presente se o policial militar


usa de violência para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é
vedada em qualquer situação e não justifica o objetivo a ser alcançado,
por meio de mecanismos que infringem o direito do indivíduo de não
produzir prova contra si mesmo ou declarar-se culpado.

t 130$&440 DPOTJEFSB RVF PT NFJPT F PT NÏUPEPT VUJMJ[BEPT QFMP


policial militar devem ser legais, ou seja, em conformidade com as
normas (leis, regulamentos, diretrizes, entre outros).

Exemplo: o policial militar não cumpre o princípio da legalidade se,


durante o seu serviço, usar arma e munições não autorizadas pela
Instituição, tais como armas sem registro, com numeração raspada,
calibre proibido, munições particulares, dentre outras.

b) Necessidade

Um determinado nível de força só pode ser empregado quando outros de


menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos legais
pretendidos. Contudo, sendo necessário utilizar imediatamente um nível de
força mais elevado, o policial militar não precisa percorrer os demais níveis.

O uso de força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após
tentar outros meios (negociação, persuasão, entre outros) para solucionar o
problema, torna-se o último recurso a ser utilizado pelo policial militar.

Exemplo: o policial militar pode utilizar a força potencialmente letal (disparo


de arma de fogo), para defender a sua vida ou de outra pessoa que se encontra
em perigo iminente de morte, provocado por um infrator, sempre que outros
meios não tenham sido suficientes para impedir a agressão.

c) Proporcionalidade

O nível de força utilizado pelo policial militar deve ser compatível, ao mesmo
tempo, com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com
o objetivo legal pretendido.
t(3"7*%"%&%"".&"±"QBSBTFSBWBMJBEB EFWFSÍPTFSDPOTJEFSBEPT 
entre outros aspectos, a intensidade, a periculosidade e a forma de

77
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

proceder do agressor, a hostilidade do ambiente (histórico e fatores


que indiquem violência do local de atuação) e os meios disponíveis
ao policial militar (habilidade técnica e equipamentos). De acordo
com a evolução da ameaça (aumento ou redução) o policial militar
readequará o nível de força a ser utilizado, tornando-o proporcional
às ações do infrator, o que confere uma característica dinâmica a este
princípio.
Exemplo: não é considerada proporcional a ação policial militar,
com o uso de força potencialmente letal (disparando sua arma
de fogo) contra um cidadão que resiste passivamente, com gestos e
questionamentos, a uma ordem de colocar as mãos sobre a cabeça,
durante a busca pessoal. Neste caso, a verbalização e/ou o controle
de contato corresponderão ao nível de força indicado (proporcional).
t 0#+&5*70 -&("- 13&5&/%*%0 DPOTJTUF FN BGFSJS TF P SFTVMUBEPEB
ação policial militar está pautado na lei. Visa à proteção da vida, da
integridade física e do patrimônio das pessoas que estejam sofrendo
ameaças, além da manutenção da ordem pública e do cumprimento
da lei. Guarda correlação direta com o princípio da legalidade, no que
se refere ao aspecto “resultado”. O princípio da proporcionalidade não
exclui o princípio da supremacia de força que deverá imperar sempre
que possível, nas ações ou operações policiais militares. A força é parte
da natureza institucional da Polícia Militar de Minas Gerais.

/ÓWFJTEFDPNQPSUBNFOUPEBQFTTPBBCPSEBEB

A pessoa abordada durante a intervenção policial militar, pode atender


ou não às determinações dadas pelo policial militar, ou seja, ela poderá
colaborar ou resistir à abordagem. O seu comportamento é classificado em
níveis que devem ser entendidos de forma dinâmica, uma vez que podem
subir, gradual ou repentinamente, do primeiro nível até o último, ou terem
início em qualquer nível e subir ou descer.

Nesse sentido, o abordado pode apresentar os seguintes níveis de


comportamento:

a) Cooperativo

A pessoa abordada acata todas as determinações do policial militar durante a


intervenção, sem apresentar resistência.

78
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Exemplo: o motorista que apresenta, prontamente, toda a documentação


solicitada e atende as orientações do policial militar durante operação do
tipo Blitz.

ATENÇÃO! O nível de risco deverá ser reclassificado


quando o policial militar identificar, pelo menos, uma
das seguintes situações:
- presença da arma;
- comportamento simulado aparente (cooperação);
- indicativo de fundada suspeita ou qualquer outra
ameaça.

b) Resistência passiva

A pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do policial


militar, ou o abordado opõe-se a ordens, reagindo com o objetivo de impedir
a ação legal. Contudo, não agride o policial militar nem lhe direciona ameaças.

Exemplo 1: o abordado reage de maneira espalhafatosa, acalorada, falando


alto, procurando chamar a atenção e conseguir a simpatia dos transeuntes,
colocando-os contra a atuação da Polícia Militar, assumindo assim, a posição
de vítima da intervenção policial militar.

Exemplo 2: a pessoa, durante uma abordagem, corre na tentativa de


empreender fuga para frustrar a ação de busca pessoal9.21.1

c) Resistência ativa

Apresenta-se nas seguintes modalidades:

t$PNBHSFTTÍPOÍPMFUBM

O abordado opõe-se à ordem, agredindo os policiais militares ou


as pessoas envolvidas na intervenção, contudo, tais agressões,
aparentemente, não representam risco de morte.
9 O Manual de Prática Policial – Geral / Volume 1 (2002, p.78) traz uma interpretação diferente do
comportamento de fuga da pessoa, classificando essa situação como resistência ativa. Esta interpretação
fica revogada pela interpretação deste Manual Técnico-Profissional .

79
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o policial militar


quando este tenta aproximar-se para efetuar a busca pessoal.

t$PNBHSFTTÍPMFUBM

O abordado utiliza-se de agressão que põe em perigo de morte o


policial militar ou as pessoas envolvidas na intervenção.

Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, desloca-se em direção


ao policial militar e tenta atacá-lo.

7.1.2 Uso diferenciado de força

Caracteriza-se pelo uso de força de maneira seletiva. Trata-se de um processo


dinâmico, no qual o nível de força pode aumentar ou diminuir, em função de
uma escolha consciente do policial militar, de acordo com as circunstâncias
presentes em uma determinada intervenção. Este dinamismo denomina-
se uso diferenciado de força. Não é conveniente utilizar a terminologia uso
progressivo de força, porque o termo progressivo nos remete à ideia somente
de elevação (de escalada, de subida, atitude ascensional), sendo que, em
muitos casos, o uso “regressivo” de força é apropriado, quando verificada a
diminuição da violência do agressor.

Todo policial militar deverá utilizar equipamentos de proteção individual


(EPI) específicos para sua atuação, além de alternativas de armamentos
e tecnologias, inclusive os de menor potencial ofensivo, para propiciar
opções de uso diferenciado de força. Não portar tais materiais no momento
oportuno, muitas vezes por negligência do policial militar, pode levá-lo a
fazer uso de técnicas que contrariam os princípios do uso de força. Exemplo:
o policial militar que não se equipou com bastão Tonfa, em que pese estar
disponível, e usa a arma de fogo para dar coronhadas.

Entende-se por uso diferenciado de força o resultado escalonado das


possibilidades da ação policial militar, diante de uma potencial ameaça a ser
controlada. Essas variações de níveis podem ser entendidas desde a simples
presença e postura correta do policial militar (devidamente fardado, armado

80
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

e equipado) em uma intervenção, bem como o emprego de recurso de menor


potencial ofensivo e, em casos extremos, o disparo de armas de fogo.

O emprego de todos os níveis de força nem sempre será necessário em uma


intervenção. Na maioria das vezes, bastará uma verbalização adequada para
que o policial militar controle a situação. Por outro lado, haverá situações
em que, devido à gravidade da ameaça, o uso de força potencialmente
letal (disparo de arma de fogo) deverá ser imediato. É fundamental que o
policial militar mantenha-se atento quanto às mudanças dos níveis de
comportamento do abordado, para que selecione corretamente o nível de
força a ser empregado.

A decisão entre as alternativas de força se baseará na avaliação de riscos


e, como já visto, é importante considerar a relevância da formação e
do treinamento de cada policial militar. Assim, ele observará a seguinte
classificação dos níveis para o uso diferenciado de força:

B
/ÓWFMQSJNÈSJP

t1SFTFOÎBQPMJDJBMNJMJUBS

É a demonstração ostensiva de autoridade. O efetivo policial militar


corretamente uniformizado, armado, equipado, em postura e atitude
diligente, geralmente inibe o cometimento de infração ou delito
naquele local.

t7FSCBMJ[BÎÍP

É o uso da comunicação oral (falas e comandos) com a entonação


apropriada e o emprego de termos adequados que sejam facilmente
compreendidos pelo abordado.

As variações das posturas e do tom de voz do policial militar dependem


da atitude da pessoa abordada. Em situações de risco é necessário o
emprego de frases curtas e firmes. A verbalização deve ser empregada
em todos os demais níveis de uso de força. O treinamento continuado
e as experiências vivenciadas proporcionam melhoria na habilidade de
verbalização.

81
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

C
/ÓWFMTFDVOEÈSJPUÏDOJDBTEFNFOPSQPUFODJBMPGFOTJWP

t$POUSPMFTEFDPOUBUP

São técnicas em que o policial militar faz a intervenção sem recorrer


a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos, por meio
de posturas de abordagem que orienta a distância e a angulação de
aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial militar
(ver posturas táticas - Manual Técnico Profissional 3.04.02)

t$POUSPMFGÓTJDP

É o emprego das técnicas de defesa pessoal policial, com um maior


potencial de submissão, para fazer com que o abordado resistente
ativo (agressivo) seja controlado, sem o emprego de instrumentos. Visa
a sua imobilização e condução, evitando, sempre que possível, que
resulte lesões do uso de força.

t $POUSPMFDPNJOTUSVNFOUPTEFNFOPSQPUFODJBMPGFOTJWP *.10


É o emprego de instrumentos de menor potencial ofensivo - IMPO, para


controlar o abordado resistente. Visa a sua imobilização e condução, evitando,
sempre que possível, que resulte em lesões do uso de força. Neste nível, o
policial militar recorrerá aos instrumentos disponíveis, tais como: bastão
tonfa, gás/agentes químicos, algemas, elastômeros (munições de impacto
controlado), armas de impulso elétrico, emprego de cães, entre outros, com
o fim de anular ou controlar o nível de resistência.

A Policia Militar de Minas Gerais considera o cão policial, devidamente


treinado e conduzido, como um recurso equiparado a um instrumento de
menor potencial ofensivo, levando-se em conta as mais diversas situações de
emprego tático, as circunstâncias de exclusão de antijuridicidade ou crime.
No caso de uso diferenciado de força, o emprego do cão objetiva menor
contundência que a utilização do meio potencialmente letal, isto é, o disparo
da arma de fogo10.1.

10 Ver Manual Técnico-Profissional 3.04.12 - IMPO e Maunal Técnico-Profissional 3.04.11 -


Emprego de Cães.

82
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

ATENÇÃO! Considere que, quando utilizar o IMPO,


o risco de morte ou de graves lesões continua
existindo, mas em um nível significativamente inferior,
quando comparado ao emprego de nível de força
potencialmente letal.

t6TPEJTTVBTJWPEFBSNBTEFGPHP WFSQBSÈHSBGPBTFHVJS


Trata-se de opções de posicionamento que o policial militar poderá


adotar com sua arma, para criar um efeito que remova qualquer
intenção indevida do abordado e, ao mesmo tempo, estar em
condições de dar uma resposta rápida, caso necessário, sem, contudo,
dispará-la. As posições adotadas implicam percepções diferentes pelo
abordado, quanto ao nível de força utilizado pelo policial militar. A
ostensividade da arma de fogo tem um reflexo sobre o abordado que
pode ter sua ação cessada pelo seu impacto psicológico, que a arma
provocar (ver Manual Técnico-Profssional 3.04.02). Exemplo: localizar a
arma de fogo no coldre, empunhá-la fora do coldre ou apontá-la na
direção da pessoa correspondem a uma demonstração direta de níveis
diferentes de força que tem forte efeito no controle do abordado e,
ao mesmo tempo, propicia ao policial militar condições de repelir
agressões contra a própria segurança.

D
/ÓWFMUFSDJÈSJPGPSÎBQPUFODJBMNFOUFMFUBM

t $POTJTUFOBBQMJDBÎÍPEFUÏDOJDBTEFEFGFTBQFTTPBMQPMJDJBM DPNPV
sem o uso de equipamentos, direcionados a regiões vitais do corpo
do agressor. Deverão somente ser empregados em situações extremas
que envolvam risco iminente de morte ou lesões graves para o policial
militar ou para terceiros, com o objetivo imediato de fazer cessar a
ameaça11.24.1.

11 Tais técnicas são utilizadas em circunstâncias em que o seu uso for inevitável e a força potencialmente
letal representada pelo disparo de arma de fogo torna-se inviável. Exemplo: agressor atracado ao policial
militar, rolando ao solo, tentando tomar-lhe a arma.

83
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

t $POTJTUF OP EJTQBSP EF BSNB EF GPHP FGFUVBEP QFMP QPMJDJBM NJMJUBS
contra um agressor, devendo somente ocorrer em situações extremas,
que envolvam risco iminente de morte ou lesões graves, com o objetivo
imediato de fazer cessar a ameaça.

LEMBRE-SE: antes de empregar as técnicas previstas, sempre


que possível e desde que não coloque em risco a segurança,
o policial militar deve:
(a) identificar-se como policial militar,,

(b) advertir o agressor quanto à possibilidade ou o emprego


de uso de força, proporcionando-lhe tempo suficiente para
que entenda e desista da agressão, acatando as ordens
policiais.

Essas regras serão aplicadas quando:

* disparar munição de impacto controlado / disparar arma


de impulso elétrico (controle de IMPO);

* disparar arma de fogo (força potencialmente letal).

7.1.3 Modelo do uso direnciado de força

É um recurso visual, destinado a auxiliar na conceituação, no planejamento,


no treinamento e na comunicação dos critérios sobre o uso de força. A
sua utilização aumenta a confiança e a competência do policial militar, na
organização e na avaliação das respostas práticas adequadas.

84
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Figura 3 – Modelo de uso diferenciado de força

O modelo apresentado é um quadro dividido em três níveis, que representam


os possíveis comportamentos do abordado. Do lado esquerdo, tem-se a
percepção do policial militar em relação à atitude do abordado, e, do lado
direito, encontram-se os possíveis níveis diferenciados de resposta. Cada
nível representa uma intensidade de força que possibilitará um controle
adequado.

A seta dupla centralizada (sobe e desce) indica o processo dinâmico de


avaliação e de seleção das alternativas, bem como reforça o conceito de que
o emprego da verbalização e da presença policial deve ocorrer em todos os
níveis.

O uso de força depende da compreensão das relações de causa e efeito entre


as atitudes do abordado e as respostas do policial militar . Isto possibilitará
uma avaliação prática e a tomada de decisão sobre o nível mais adequado
de força.

Mentalmente, o policial militar percorre toda a escala de força em um


tempo curto e escolhe a resposta mais adequada ao tipo de ameaça que
enfrenta PCTFSWBSPTQSJODÓQJPTEPVTPEFGPSÎB
. Se, ao escolher uma das
alternativas contidas em um determinado degrau do modelo do uso de força
e esta vier a falhar ou as circunstâncias mudarem, ele poderá aumentar ou

85
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

diminuir o grau de submissão do agressor, elevando ou reduzindo o nível de


força empregado. Isso significa que a correspondência dos degraus (ameaça
do abordado e nível de força policial) poderá sofrer alterações em função
de variáveis, tais como: porte físico do abordado, supremacia numérica de
agressores, dentre outros.

Essa dinâmica, entre os níveis do uso de força, deve ser realizada de um modo
consciente, com ética e profissionalismo, nunca prevalecendo os sentimentos
como a raiva, o preconceito ou a retaliação. A avaliação dessas variáveis
propiciará, ao policial militar, o equilíbrio de suas ações.

Lembre-se: apesar da “VERBALIZAÇÃO” constar


como um dos níveis de intensidade de força, o
policial militar deverá empregá-la durante todo o
processo (ver seção 6 – Processo de Comunicação).

7.1.4 Responsabilidade pelo uso de força

Os policiais militares devem empregar a força quando estritamente necessária


e na medida exigida para o cumprimento do seu dever.

A responsabilidade direta pelo uso de força será:

a) do autor: é individual e, portanto, recai sobre o policial militar que


a empregou; ;

o cumprimento de ordens superiores não será justificado quando os


policiais militares tenham conhecimento de que uma determinação
para usar de força ou armas de fogo, foi manifestamente ilegal e que
esses policiais militares tenham tido oportunidade razoável de se
recusarem a cumpri-la. Em qualquer caso, a responsabilidade caberá
também aos superiores que tenham dado ordens ilegais;

b) dos superiores: os superiores imediatos, igualmente, serão


responsabilizados quando os policiais militares sob suas ordens
tenham recorrido ao uso excessivo de força e esses superiores não
adotarem todas as medidas disponíveis para impedir, fazer cessar ou
comunicar o fato;

86
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

c) da equipe de policiais militares: qualquer policial militar que


suspeite que outro policial militar esteja fazendo ou tenha feito o
uso da violência (ou cometido qualquer crime), deve adotar todas as
providências ao seu alcance, para prevenir ou opor-se, rigorosamente,
a tal ato. Na primeira oportunidade que tenha, deve informar o fato
aos seus superiores e, se necessário, a qualquer outra autoridade com
competência para investigar os fatos.

7.2 Uso da arma de fogo

7.2.1 Regras gerais de controle


Os policiais militares em serviço só utilizarão armas de fogo e munições
autorizadas e pertencentes à carga da PMMG, disponíveis nas respectivas
intendências de material bélico, e definidas no Manual de Armamento
Convencional da PMMG.

As armas de fogo e munições utilizadas não devem causar danos ou lesões


desnecessárias. Assim, não é permitido alterar as armas e munições com este
fim (diminuição do cano da arma, corte nas pontas dos projéteis, alteração na
carga das munições, entre outras).

Os policiais militares devem obedecer, rigorosamente, às normas da PMMG


sobre o controle, o armazenamento e a distribuição de material bélico,
podendo utilizar cada tipo de arma de fogo somente após a respectiva
habilitação.

Cada policial militar é responsável pela guarda, pelo destino e pela utilização
da arma e da munição recebidas (ver Manual de Administração do Armamento
e Munição da PMMG).

ATENÇÃO! O chefe direto de qualquer policial militar


dispensado do uso de arma de fogo por questões de
saúde deve buscar assessoramento do profissional da
respectiva área (QOS), quanto às medidas administrativas
decorrentes.
Os militares reprovados na Avaliação Prática com arma de
fogo não poderão ser empregados em serviço operacional,
nas atividades que exijam o uso de arma de fogo.

87
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

7.2.2 Normas de segurança

Para garantir a segurança de todos os envolvidos em uma intervenção,


onde são utilizadas armas de fogo, é importante observar as seguintes
recomendações:

tMFJB DVJEBEPTBNFOUF UPEBT BT JOTUSVÎÜFT F SFDPNFOEBÎÜFT EF


segurança de cada arma ou munição a ser utilizada;

tDPOTJEFSFFNBOVTFJFUPEBTBTBSNBTEFGPHP DPNPTFFTUJWFTTFN
carregadas;

tBPSFDFCFSVNBBSNBEFGPHP UFOIBDPNPSPUJOBWFSJöDBSTFFMBFTUÈ
ou não carregada e em perfeitas condições de funcionamento;

tEJSFDJPOF P DBOP EB BSNB EF GPHP QBSB BiDBJYB EF BSFJBw  PV PVUSB
direção segura, durante o manejo;

tNBOUFOIBBBSNBEFGPHPBQPOUBEBFNEJSFÎÍPTFHVSB DPNPEFEP
fora do gatilho, até que esteja em condições de disparo;

tOP JOUFSJPS EF WJBUVSBT  EVSBOUF P QBUSVMIBNFOUP PSEJOÈSJP  Ï


recomendado manter a arma no coldre, evitando conduzi-la no colo
ou sobre o banco da viatura;

tBT BSNBT EF GPHP EFWFN TFS HVBSEBEBT EFTDBSSFHBEBT F FN MPDBJT
seguros, não sendo permitido o acesso de pessoas sem autorização.

7.2.3 Usar ou empregar arma de fogo

Na atividade operacional, a ação de usar ou empregar armas de fogo tem


um entendimento prático específico que a diferencia, em termos de nível de
força aplicado, da ação de disparar ou atirar.

Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como


sinônimos e correspondem às ações do policial militar, de empunhar ou
apontar sua arma na direção da pessoa abordada (com efeito dissuasivo),
sem, contudo, dispará-la.

88
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

As ações de empunhar ou apontar a arma durante a intervenção,


acompanhada de uma verbalização adequada, constitui demonstração
de força que implicará forte efeito dissuasivo no abordado. Além disso,
proporciona ao policial militar condições para apresentar uma resposta
rápida, caso necessário, servindo como fator de auto-proteção, uma vez que
ele estará com sua arma em condição de disparo. As posições adotadas com
a arma correspondem a níveis diferentes de percepções de uso de força pelo
abordado. Exemplo: localizar, empunhar e apontar a arma de fogo.

O policial militar, no seu cotidiano operacional, poderá empregar a sua arma,


com o objetivo de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e
do patrimônio12, no exercício pleno do seu poder de polícia.

Atenção! O fato de o policial militar somente portar


a arma no coldre, como parte do seu equipamento
profissional, não será considerado “uso” ou “emprego”
de arma de fogo. Do mesmo modo, conduzir armas
longas, em posição de bandoleira - arma não será
interpretado como “uso” ou “emprego”.

A ação do policial militar em levar a mão até a arma (arma localizada)


enquanto verbaliza demonstra ao abordado um grau de força mais elevado
do que se estivesse falando com as mãos livres. A posição com a arma de fogo
empunhada, como uma demonstração de força, permite que o policial militar
também esteja pronto para defender-se, caso necessite dispará-la contra uma
eventual agressão letal. De igual maneira, efeito fortemente dissuasivo pode
ser obtido quando, durante a intervenção, já com a arma empunhada, decide
apontá-la na direção do corpo da pessoa abordada.

Possibilidades de uso ou emprego de armas de fogo:

a) Posição 1 - arma localizada: com a arma ainda no coldre, leva a mão até a
coronha, como se estivesse pronto para sacá-la, desabotoando o coldre ou
acionando a tecla de liberação da arma no coldre;

12 Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira.

89
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

b) Posição 2 - arma em guarda baixa: com a arma, já empunhada, fora do


coldre, posicionada na altura do abdome e com o cano dirigido para baixo;

c) Posição 3 - arma em guarda alta: com a arma, já empunhada, fora do


coldre, posicionada na altura do peito, com o cano dirigido para o alvo;

d) Posição 4 - arma em pronta resposta: com a arma apontada diretamente


para o abordado13.

O policial militar deve se preocupar em não banalizar o uso da posição 4 (arma


em pronta resposta) durante a abordagem e, logo que possível, conforme a
evolução da situação, deverá retornar à posição 2 ou 3, mantendo ativa a
verbalização e o controle do abordado. Sempre que o critério de segurança
indicar, deve evitar iniciar a abordagem com a arma na posição 4, porque
além de demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolução para um
nível superior de força que não seja efetuar o disparo, correndo ainda o risco
de disparo acidental com graves consequências.

LEMBRE-SE: mantenha SEMPRE o dedo fora do gatilho


enquanto empunhar o armamento. O controle da direção
do cano também é fundamental, como aspecto de
segurança.

7.2.4 Atirar ou disparar arma de fogo

Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como


sinônimos e correspondem ao efetivo disparo feito pelo policial militar na
direção da pessoa abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como
último recurso da ação policial, em caso de legítima defesa própria ou de
terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesões graves.

O disparo da arma por policiais militares contra uma pessoa constitui a


expressão máxima de uso de força, devido ao efeito potencialmente letal
que representa, devendo ser considerada uma medida extrema no âmbito
policial do emprego da força.

13 As posições de uso ou emprego de armas de fogo serão tratadas no Manual Técnico-Profssional 3.04.02
- Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas.

90
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

7.2.5 Objetivo do disparo


O dever funcional do policial militar é garantir o cumprimento da lei, preservar
a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio14,1,garantindo
a vida e a integridade de todos.
Quando um policial militar dispara sua arma de fogo no exercício das suas
atividades, como último recurso na escala de uso diferenciado de força, não
o faz para advertir, assustar, intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para
interromper, de imediato, uma ação que atente contra a vida ou ameace uma
pessoa de ferimento grave.
Desta forma, a intenção do policial militar não é matar o agressor, o que
afasta de pronto o conceito de uso de força letal. Se o disparo de sua arma
de fogo for o meio necessário empreendido contra uma agressão injusta
atual ou iminente, que atente contra a sua própria vida ou a de terceiros, o
comportamento do policial militar não será de ação e sim, como regra, de
reação, o que evidencia o pro-pósito de defesa, consolidando como lícita a
sua conduta. O policial militar não busca, nem aceita, o resultado morte, o
que caracteriza a adequação da terminologia uso de força potencialmente
letal. O disparo da sua arma de fogo tem por fim a defesa da vida ameaçada.
Ao repelir a agressão, de modo a fazer cessar a ameaça à vida ou à integridade
física (ferimentos graves), o policial militar deverá se preocupar para que não
ocorra excesso na sua conduta. Assim, o resultado advindo do disparo de
sua arma de fogo não tem por fim causar ao agressor, propositadamente,
maior lesão do que seria necessário para a defesa pretendida. Nesse sentido,
atenção especial deve ser dada para evitar o emprego exagerado da força
potencialmente letal, decorrente da inobservância do dever de cuidado215.
Assim, o policial militar preparado técnica e mentalmente não excede na sua
reação, mesmo sob a influência do medo, da pressão ou da fadiga.

ATENÇÃO! O policial miltar disparará (atirará) a arma de fogo


contra uma pessoa, no exercício das suas atividades (âmbito
policial), como último recurso (medida extrema de uso da
força), em caso de legítima defesa própria ou de terceiros,
contra perigo iminente de morte ou ferimentos graves.

14 Inciso V do artigo 144 da Constituição Federal Brasileira e Identidade Organizacional da PMMG.

15 A inobservância do dever de cuidado existe quando, mesmo o policial militar não querendo, o resultado
ocorre por imprudência, negligência ou imperícia, podendo ser punido pelo excesso culposo.

91
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Portanto, quando o policial militar atira contra um agressor está fazendo uso
de força potencialmente letal (e não o uso de força letal), reafirmando sua
intenção de controlar a ameaça e não a de produzir um resultado morte.

ATENÇÃO! Imediatamente após efetuar o disparo,


restando pessoa ferida, o policial militar, obrigatoriamente,
providenciará todo o socorro necessário para minimizar os
efeitos dos ferimentos, visando resguardar-lhe a vida.

O policial militar não deve atirar quando as consequências decorrentes do


disparo de sua arma de fogo forem mais graves do que as ameaças sofridas
pelas pessoas que estão sendo defendidas (objetivo legal pretendido). Os
agressores, ao contrário dos policiais militares, quando disparam suas armas
de fogo, não levam em consideração o número de pessoas que podem resultar
feridas, nem se dão conta de alguma limitação técnica (“balas perdidas”). Eles,
inclusive, se aproveitam do fato da Polícia Militar ter que prestar atendimento
às pessoas atingidas, para facilitar a sua fuga.

O fiel cumprimento do ordenamento jurídico e dos preceitos da ética


profissional policial militar é a diferença entre o disparo de arma de fogo
efetuado por um policial militar e o disparo desferido por um agressor.

Os policiais militares devem dominar as normas de segurança, os fundamentos


de tiro e os aspectos éticos e legais para que possam utilizar adequadamente
o armamento, com segurança e precisão. Para tanto, deverão treinar,
regularmente, as técnicas que melhorem o manejo das diversas armas de
fogo disponíveis para o serviço operacional.

LEMBRE-SE: durante a capacitação com armas de


fogo, os policiais militares deverão ser treinados a
verbalizar, antes de efetuar os disparos nos alvos.

Algumas variáveis que estão presentes na intervenção policial militar onde o


confronto armado pode resultar em morte do agressor:

92
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

a) variáveis controladas pelo policial militar: características


balísticas da arma utilizada, distância e quantidade dos disparos, tipo
de munição (calibre, potência, alcance);
b) variáveis parcialmente controladas pelo policial: direcionamento
do disparo, ou seja, local do corpo do agressor em que se dará o
impacto. Em situação de ambiência operacional (“teatro de operações”),
a precisão da pontaria pode sofrer graves reduções, mesmo para
atiradores experientes, devido a situações diversas, tais como fatores
ambientais (periculosidade do local, luminosidade, chuva, entre
outros), condições psicomotoras do policial militar (cansaço, agitação,
nervosismo, frequência cardíaca, tremores, entre outros) e o próprio
dinamismo do alvo (movimentação do agressor);
c) variáveis não controladas pelo policial militar: compleição física,
estado emocional e resistência orgânica da pessoa atingida.
Nos casos em que o policial militar dispara sua arma de fogo contra uma
pessoa, é importante considerar as diversas circunstâncias que poderão
interferir na precisão do tiro, conforme descrição contida nas “variáveis
parcialmente controladas pelo policial militar”. Tomando-se em conta essas
variáveis e, para assegurar que este disparo seja efetivo (atinja seu objetivo
de interromper imediatamente o ataque), o policial militar apontará sua arma
para a parte central do corpo (região torácica) do agressor.
Sempre que as circunstâncias permitirem e desde que não exponha a risco a
segurança de terceiros ou a dele próprio, o policial militar poderá disparar em
outras áreas do corpo (principalmente pernas), com a finalidade de reduzir
ao mínimo os ferimentos (ainda assim, permanece o risco de provocar graves
lesões ou morte). Esse procedimento de disparar em outras áreas do corpo
será influenciado pela habilidade do atirador, por reações fisiológicas em
situações de estresse extremo, pelo tempo disponível para o disparo e pela
proximidade do alvo (curtíssima distância). A capacitação para realizar esses
disparos com efetividade deverá fazer parte do Treinamento com Armas de
Fogo (TCAF), aplicado aos policiais militares que já superaram o nível básico
de treinamento.
A letalidade (morte do agressor) nunca será entendida como o objetivo
finalístico do policial militar ao disparar sua arma de fogo em uma ação
operacional. Contudo, o resultado “morte” poderá ser decorrente dos efeitos
lesivos, próprios do instrumento utilizado (arma de fogo). Esses efeitos estão
sujeitos ainda às diversas variáveis descritas, as quais não são plenamente
controladas pelo policial militar.

93
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

7.2.6 Procedimentos para o disparo da arma de fogo

a) O policial militar, antes de disparar sua arma de fogo, deve, sempre


que possível, abrigar-se imediatamente, e seguir o protocolo:

tJEFOUJöDBSTFDPNPQPMJDJBMNJMJUBS NFTNPFTUBOEPGBSEBEP

- Aqui é a Polícia Militar!

-1BSBEP/ÍPSFBKB

t BEWFSUJS P BCPSEBEP TPCSF B QPTTJCJMJEBEF EF EJTQBSBS TVB BSNB EF


fogo, proporcionando-lhe tempo suficiente para que entenda e desista
da agressão, acatando as ordens do policial militar. Desta forma,
adotará a sequência de verbalização, no que for cabível:

- Estamos armados, podemos atirar!

- Coloque sua arma no chão!

Este procedimento não deverá ser executado quando:

- o fator tempo (ameaça iminente) colocar os policiais ou outras pessoas


em risco de morte ou puder causar-lhes ferimentos graves;

- a advertência for, evidentemente, inadequada ou inútil, dadas as


circunstâncias dos fatos. Exemplo: agressor, aparentemente sob efeito
de drogas, está atirando ininterruptamente contra várias pessoas.

b) O disparo de arma de fogo contra a pessoa é um procedimento


excepcional. A regra geral é não atirar. Constitui a última opção e ocorrerá
quando os outros meios se mostrem ineficazes e não garantirem, de
nenhuma maneira, que a vida em risco possa ser preservada.

ATENÇÃO! O policial militar está autorizado a disparar sua


arma de fogo contra pessoas, em caso de legítima defesa
própria ou de terceiros, contra ameaça iminente de morte
ou ferimento grave. Trata-se, este caso de uso de força pela
Polícia Militar no âmbito policial.

94
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

c) O perigo de morte a que se refere a regra deve ser iminente, atual,


imperioso e urgente, portanto, não corresponde a uma ameaça remota,
potencial, distante, presumida ou futura.

Exemplos: o policial militar não pode disparar contra um agressor,


simplesmente baseado no seu histórico criminal (“delinquente
perigoso”). Também não é justificável disparar arma de fogo contra
uma pessoa em fuga, que esteja desarmada ou que, mesmo possuindo
algum tipo de arma, não a utilize de forma a representar um risco
iminente ou atual de morte ou de grave ferimento aos policiais ou a
terceiros.

d) Havendo feridos (inclusive policiais militares), em consequência


do disparo de arma de fogo, proceder-se-á ao socorro imediato. O
comandante responsável pela Unidade ou Fração, onde servem os
policiais militares, deverá empregar todos os esforços para comunicar
o fato aos familiares dos feridos ou mortos (inclusive policiais), no
menor tempo possível.

e) O policial militar que disparou sua arma de fogo deverá comunicar


o fato verbalmente e imediatamente aos seus superiores (comandante
responsável pela Unidade ou Fração) e confeccionará o Relatório de
Eventos de Defesa Social (REDS) ou o Boletim de Ocorrência (BO) e
o respectivo Auto de Resistência (AR), detalhando todos os motivos
de sua intervenção e suas consequências, assim como as medidas
decorrentes adotadas.

7.2.7 Circunstâncias especiais para o disparo de arma de fogo

Existem algumas situações típicas do serviço operacional, em que existe a


possibilidade do policial militar disparar sua arma de fogo:

a) Controle de distúrbio civil: a regra geral é não disparar a arma de


fogo nesses tipos de intervenção. Excepcionalmente, o policial militar
que estiver encarregado da segurança da equipe (grupo ou pelotão)
poderá disparar sua arma de fogo, nos casos de legítima defesa própria
ou de terceiros, contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave.
Esses disparos devem ser dirigidos a um alvo específico (agente

95
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

causador da ameaça) e na quantidade minimamente necessária para


fazer cessar a agressão. Somente serão utilizados quando não for
possível empregar outros meios menos lesivos. Antes de atirar, deverá
dedicar especial atenção à segurança do público e empregar munições
ou armas adequadas (tipo, potência e alcance).

ATENÇÃO! O policial militar só poderá disparar sua


arma quando for estritamente necessário para proteger
vidas e, sob nenhuma circunstância, será aceitável atirar
indiscriminadamente contra uma multidão, como recurso
para dispersá-la.

b) Pessoas em fuga: a regra geral é não disparar a arma de fogo. Todavia,


seu emprego está autorizado, quando outros meios menos lesivos se
mostrem ineficazes e seja estritamente necessário o disparo, nos casos
de legítima defesa própria ou de outrem, quando o indivíduo, durante
a fuga, provocar ameaça iminente de morte ou ferimento grave.

Não é justificável disparar arma de fogo contra uma pessoa em fuga,


que esteja desarmada ou que não represente um risco iminente
ou atual de morte ou de grave ferimento aos policiais militares ou a
terceiros.

c) Disparos com munições de menor potencial ofensivo (impacto


controlado): são disparos com equipamento apropriado ou arma de
fogo, em que se utiliza munição especial (elastômero - projétil de
látex macio ou similar). Normalmente, é empregada em operações
de manutenção da ordem pública e controle de distúrbios. Suas
características e finalidades permitem seu emprego em situações
como as mencionadas, quando o OÓWFM EF GPSÎB a ser aplicado for
menor ao que se aplicaria nos disparos de armas de fogo com munições
convencionais (ver Manual de Tecnologia de Menor Potencial Ofensivo).

Nessas situações, o policial militar deve considerar as possíveis consequências


(riscos) de atirar e sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas,
devendo observar:

96
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

t BTFTQFDJöDBÎÜFTUÏDOJDBTQBSBTFVVTP TJTUFNBTEFEJTQBSP EJTUÉODJB


em que podem atirar com segurança, alcance e trajetória de projéteis,
entre outros;

t RVF PT EJTQBSPT FGFUVBEPT DPN FTTF UJQP EF NVOJÎÍP UÐN QPVDB
precisão;

t RVF EFWFN TFS FWJUBEPT PT EJTQBSPT EJSFUPT DPOUSB BT QBSUFT NBJT
sensíveis do corpo, principalmente locais de risco de lesões graves:
cabeça, olhos, ouvidos, entre outros. Os disparos devem ser dirigidos
para a região dos membros inferiores;

t NFTNP RVBOEP VUJMJ[BEP EFOUSP EBT SFHSBT DJUBEBT  P SJTDP EF VN
possível efeito letal ou de graves lesões continua existindo, mas em
um nível bastante inferior, quando comparado ao uso de munições
convencionais para arma de fogo;

t PTEJTQBSPTEFWFNTFSTFMFUJWPTFSFBMJ[BEPT FTQFDJöDBNFOUF DPOUSB


pessoas que estejam causando as ameaças.

d) Disparos táticos: são realizados para obter uma vantagem tática,


para dar mais segurança ao reposicionamento da equipe de policiais
militares no terreno. Não devem ser dirigidos contra pessoas. São
aqueles normalmente efetuados pelo policial militar, para dar
cobertura a companheiros durante confrontos armados (técnica de
“fogo e movimento”), também, para diminuir a luminosidade de um
ambiente, romper a fechadura de uma porta ou outros obstáculos. O
policial militar que o realiza deve estar devidamente treinado, para não
colocar em risco a sua integridade física e a de outras pessoas.

e) Disparos de dentro da viatura policial militar em movimento


PV DPOUSB WFÓDVMPT FN GVHB B SFHSB Ï OÍP BUJSBS. Todavia, existem
algumas circunstâncias em que a vida do policial militar ou a de
terceiros se encontra em grave e iminente risco, como nos casos de
atropelamentos ou acidentes intencionais provocados pelo veículo
em fuga (o motorista utiliza o veículo como “arma”). Esses disparos
representam a única opção do policial militar para detê-lo.

Nessas situações, ele deve considerar as possíveis consequências (riscos) de


disparar, e sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas. Para
isso observará:

97
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

t esses disparos têm pouca eficácia para fazer parar um veículo e os


projéteis podem ricochetear (no motor ou nos pneus) ou atravessar o
veículo ou, até mesmo, não atingi-lo, convertendo-se em “balas perdidas”;

t TFPDPOEVUPSGPSBUJOHJEP FYJTUFVNSJTDPFMFWBEPEFRVFFMFQFSDBP
controle do veículo e cause acidentes graves;

t FTTFTEJTQBSPTUÐNQPVDBQSFDJTÍP BQPOUBSJBöDBQSFKVEJDBEBQFMP
movimento do veículo e pelo balanço provocado por ele, inclusive
quando efetuados por atiradores experientes;

t FYJTUFBQPTTJCJMJEBEFEFRVFWÓUJNBT SFGÏOT
FTUFKBNOPJOUFSJPSEP
veículo perseguido, inclusive dentro do porta-malas;

t PT EJTQBSPT FGFUVBEPT QFMPT QPMJDJBJT NJMJUBSFT QPEFN QSPWPDBS VN


revide por parte dos abordados, incrementando ainda mais o risco para
outras pessoas, principalmente em áreas urbanas (balas perdidas). O
mais recomendável é distanciar-se do veículo em fuga e, sem perdê-
lo de vista, adotar medidas operacionais para efetuar o cerco e o
bloqueio. Recomenda-se, ainda, solicitar reforço policial militar para
que a intervenção possa ser realizada com mais segurança.

ATENÇÃO! Policiais militares não deverão disparar contra


veículos que desrespeitem um bloqueio de via pública, a
não ser que ele represente um risco imediato à vida ou à
integridade dos policiais militares ou de terceiros, por meio
de atropelamentos ou acidentes intencionais (o motorista
utiliza o veículo como “arma”).

f) Disparo contra animais: poderá ocorrer, após serem tentados


outros meios de contenção, e quando o animal:

t FODPOUSBSTF GPSB EF DPOUSPMF  BHSFTTJWP  PV SFQSFTFOUBS HSBWF F


iminente perigo contra as pessoas ou ao patrimônio;

t FODPOUSBSTF BHPOJ[BOUF F OVNB TJUVBÎÍP EF GFSJNFOUPT PV


enfermidade na qual necessite ser sacrificado para evitar sofrimento
desnecessário e não estiver próximo a veterinário que possa realizar

98
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

esta tarefa e não houver condições de atendimento por outros órgãos


responsáveis. Exemplo: animal atropelado, ferido, agonizante e caído
em rodovia deserta em situação de penúria. É importante considerar
que quaisquer tratamentos cruéis cometidos contra animais poderão
constituir em crime previsto na legislação brasileira. Sobre isso existem
dispositivos legais16 que estabelecem a proteção deles. Caberá,
portanto, ao policial militar, antes de disparar, avaliar os possíveis
resultados desta ação, seus reflexos na segurança do público em geral
e dos prejuízos ou danos materiais ao proprietário do animal.

O disparo de advertência não é previsto como procedimento policial


militar, pois quando o policial militar atira com sua arma, não o faz para
advertir ou assustar, o faz para interromper, de imediato, uma agressão
contra a sua vida ou a de terceiros. Considerando as possíveis consequências
desse tipo de ação, os policiais militar não devem atirar para fazer valer suas
advertências:

t OPT EJTQBSPT GFJUPT QBSB DJNB  P QSPKÏUJM SFUPSOB BP TPMP DPN GPSÎB
suficiente para provocar lesões ou morte. Nos disparos feitos contra
o solo ou paredes, ele pode ricochetear e também provocar lesões ou
morte;

t FTTFT EJTQBSPT QPEFN GB[FS DPN RVF PVUSPT QPMJDJBJT RVF FTUFKBN
atuando nas proximidades pensem, de maneira equivocada, que estão
sendo alvos de tiros de agressores, provocando neles uma reação
indevida;

tPTEJTQBSPTFGFUVBEPTQFMPTQPMJDJBJTQPEFNQSPWPDBSVNSFWJEFQPS
parte dos agressores, incrementando ainda mais o risco contra outras
pessoas.

LEMBRE-SE: o treinamento e a avaliação constante do uso


da arma de fogo propiciarão melhor capacidade técnica ao
policial militar, resultando em credibilidade e legitimidade
junto à população.

16 Constituição Federal art. 225, § 1º, inciso VII; Lei nº 9.605/98 que trata dos crimes ambientais, em
especial o que dispõe o seu art. 32, caput; Decreto Federal nº 24.645/34; Contravenção penal (art. 64 da
LCP).

99
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

7.2.8 Procedimentos após o disparo de arma de fogo

O policial militar que disparou sua arma de fogo no serviço operacional,


intencionalmente ou não, deverá reportar tal fato ao seu superior imediato
(coordenador de policiamento, comandante de unidade ou subunidade).

Este superior deverá adotar os procedimentos abaixo, quando este disparo


causar lesões, morte de pessoas e danos patrimoniais, sem se descuidar das
medidas de socorro e assistenciais imediatas pertinentes:

t QSPNPWFSBQSFTFSWBÎÍPEPMPDBM

t BDJPOBSBQFSÓDJB

t SFDPMIFSBTBSNBTFNVOJÎÜFTEFUPEPTPTQPMJDJBJTNJMJUBSFTFOWPMWJEPT

t SFMBUBS GPSNBMNFOUF P GBUP Ë BVUPSJEBEF KVEJDJBM DPNQFUFOUF 


conforme a respectiva esfera de atuação (Inquérito Policial Militar -
IPM, Auto de Prisão em Flagrante – APF);

t EFUFSNJOBSVNBJNFEJBUBJOWFTUJHBÎÍPEPTGBUPTFEBTDJSDVOTUÉODJBT 
por meio de um encarregado para proceder à apuração,
preferencialmente que não seja membro da equipe envolvida no
disparo da arma (seguir roteiro previsto no item 7.3.2 b);

t QSPNPWFS B BTTJTUÐODJB NÏEJDB F QTJDPMØHJDB  FN BUFOÎÍP ËT


possíveis sequelas que os policiais possam sofrer em consequência
da intervenção, para que superem possíveis efeitos traumáticos
decorrentes do fato vivenciado no incidente;

t EFTJHOBSVNQPMJDJBMNJMJUBSQBSBDPOUBUBSDPNBGBNÓMJBEBTQFTTPBT
atingidas, inclusive com a dos policiais, se for o caso. Preferencialmente,
tal atribuição dever recair em pessoa que não seja membro da equipe
envolvida no incidente;

t BUFOVBS B UFOTÍP EB DPNVOJEBEF POEF TF EFV P GBUP  NBOUFOEP


contato permanente e esclarecedor com os familiares das pessoas
envolvidas e com a mídia local;

t QSPWJEFODJBSSFMBUØSJPMPHÓTUJDPFTQFDÓöDPQBSBEFTDBSHBEFNVOJÎÜFT
(ver Manual de Administração de Armamento e Munições da PMMG).

100
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

GLOSSÁRIO
Abordado cooperativo – pessoa que acata todas as determinações do
policial militar durante a intervenção, sem apresentar resistência.

Abordado resistente – pessoa que não aceita a intervenção policial militar e


tenta impedi-la. Ver resistência passiva e resistência ativa.

Abordagem policial - conjunto ordenado de ações policiais para aproximar-


se de uma pessoa, veículo ou edificação, com o intuito de orientar, identificar,
advertir, realizar buscas, efetuar detenções, entre outros, utilizando-se de
técnicas, táticas e meios apropriados.

Abrigos – são proteções físicas utilizadas pelo policial militar para se proteger
de disparos de arma de fogo ou de quaisquer objetos que possam atingi-lo.

Ação policial-militar - é o desempenho isolado de fração elementar ou


constituída, com autonomia para cumprir missões rotineiras. Podem ter
caráter operacional, administrativo ou de treinamento.

Ação vigorosa – fundamento da abordagem, que se caracteriza pela atitude


firme e resoluta do policial militar, por meio de uma postura imperativa, com
ordens claras e precisas.

Ameaça - ato delituoso pelo qual alguém, verbalmente ou por escrito, por
gesto ou por qualquer outro meio simbólico e inequívoco, faz injustamente
um mal grave a determinada pessoa.

Área de risco – é a área na qual a Polícia Militar não detém o domínio da


situação, consistindo na parte do “teatro de operações” de onde podem
surgir ameaças durante uma intervenção.

Área de segurança – é a área na qual a Polícia Militar tem o domínio da


situação, não havendo, presumidamente, riscos à integridade física e à
segurança dos policiais.

Armas de menor potencial ofensivo - são as projetadas e/ou empregadas,


especificamente, para conter, debilitar ou incapacitar, temporariamente,
pessoas, minimizando ferimentos e número de mortes.

101
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Avaliação de riscos – análise da probabilidade de concretização de dano


a pessoas e bens, e de todos os aspectos de segurança que subsidiarão o
processo de tomada de decisão em uma intervenção.

Busca – ação policial militar que se pratica com o objetivo de descobrir e


apreender pessoas e coisas.

Captura – diligência de prisão ou cerco à foragido ou fugitivo, impedindo sua


fuga, por ordem judicial ou durante uma diligência policial militar.

Cobertas – são proteções visuais usadas pelo policial militar, como meio de
preservar o princípio da surpresa, durante uma intervenção.

Cobertura – proteção dada a um policial militar durante uma ação por


outro(s) policial(is).

Controle de contato – São técnicas em que o policial militar faz a intervenção


sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos, por
meio de posturas de abordagem que orienta a distância e a angulação de
aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial militar.

$POUSPMFGÓTJDP – emprego de técnicas de defesa pessoal policial, com um


maior potencial de submissão do abordado, visando ao seu controle, sua
imobilização e condução.

Deslocamento tático – movimentação do policial militar em determinado


espaço/local (“teatro de operações”) seguindo padrões de segurança
específico.

Dever policial militar – preservar a ordem pública e a incolumidade das


pessoas e do patrimônio, garantindo o cumprimento da lei.

Disciplina tática – comportamento policial militar ordenado e executado,


com base em procedimentos específicos, devidamente orientados pela
doutrina institucional.

Equipamentos de menor potencial ofensivo - compreende todos os


artefatos, excluindo as armas e munições, desenvolvidos e empregados com
a finalidade de minimizar ferimentos e número de mortes.

Equipamentos de proteção - todo dispositivo ou produto, de uso individual


ou coletivo, destinado à redução de riscos, à segurança ou à integridade física
dos policiais militares.

102
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Estado de alarme (vermelho) – estado de prontidão em que o policial


militar está sob risco real e uma resposta é necessária, focalizando a ameaça
e mantendo a atenção concentrada no problema.

Estado de alerta (laranja) – estado de prontidão em que o policial militar


detecta um problema e está ciente de que um confronto é provável e, embora
ainda não haja uma necessidade imediata de reação, mantém-se vigilante,
identifica se há alguém que possa representar uma ameaça que exija uso de
força e calcula o nível de resposta adequado.

Estado de atenção (amarelo) – estado de prontidão em que o policial militar


está atento, precavido, mas não tenso. Apresenta calma, porém, mantém
constante vigilância das pessoas, dos lugares, das coisas e ações ao seu redor,
por meio de uma observação multidirecional e atenção difusa.

Estado de pânico (preto) – estado de prontidão em que o policial militar não


está preparado para reagir a uma situação de perigo, caracterizado por um
descontrole, que produz paralisia ou uma reação desproporcional.

Estado de prontidão – conjunto de alterações fisiológicas (frequência


cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das funções mentais
(concentração, atenção, pensamento, percepção, emotividade) que
influenciam na capacidade de reagir às situações de perigo.

Estado relaxado (branco) – estado de “não-prontidão”, caracterizado pela


distração do policial militar, em relação ao que está acontecendo ao seu
redor, pelo pensamento disperso e relaxamento.

Força – ato discricionário, legal, legítimo e profissional, pelo qual a Polícia


Militar controla uma situação que ameaça a ordem pública, o cumprimento
da lei, o exercício dos poderes constituídos, a população e propriedades
públicas e privadas.

Força potencialmente letal - consiste no disparo de armas de fogo, outros


meios ou procedimentos, por parte de policiais, contra um agressor, em
situações que envolva risco iminente de morte ou lesões graves, com o
objetivo de fazer cessar a agressão.

Gestão de riscos – processo utilizado para identificar, analisar e eliminar ou


mitigar, a um nível aceitável, os perigos e os conseguintes riscos, decorrentes
das ameaças e a viabilidade de uma intervenção.

103
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Infrator – pessoa que infringe a lei, viola as regras, não obedece à norma ou
à ordem legal.

Instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO) - conjunto de armas,


munições e equipamentos, que possibilitam preservar vidas e minimizar
danos à integridade das pessoas envolvidas.

Intervenção policial militar – ação realizada por policiais militares capacitados


para empregar técnicas e táticas policiais, em eventos de defesa social, tendo
como objetivo prioritário a preservação da ordem e garantia da lei.

*OUFSWFOÎÍPQPMJDJBMOÓWFM - intervenções características de situações de


assistência e orientação.

*OUFSWFOÎÍPQPMJDJBMOÓWFM – intervenções características de situações em


que haja a necessidade de verificação preventiva.

*OUFSWFOÎÍPQPMJDJBMOÓWFM – intervenções características de situações de


fundada suspeita ou certeza de cometimento de delito, demandando ações
repressivas.

Legalidade – utilização de força para a consecução de um objetivo legal e


nos estritos limites da lei.

Modus operandi – modo de ação, geralmente associado a conduta de


infratores.

Munições de menor potencial ofensivo - são as projetadas e empregadas,


especificamente, para conter, debilitar ou incapacitar temporariamente
pessoas, minimizando ferimentos e número de mortes.

Necessidade – determinado nível de força só pode ser empregado quando


níveis de menor intensidade não forem suficientes para atingir os objetivos
legais pretendidos.

/ÓWFM EF GPSÎB – representa uma intensidade de força que possibilita ao


policial militar agir com menor ou maior controle sobre o abordado.

Ocorrência policial-militar - é todo fato que exige intervenção policial


militar, por intermédio de ações ou operações.

104
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Operação policial-militar - é a conjugação de ações, executada por fração


de tropa constituída, que exige planejamento específico. Pode ter caráter
estratégico, tático ou operacional, combinadas com outras forças policiais
ou militares, para o cumprimento de missões específicas, com a participação
eventual de outros órgãos de apoio da Corporação e de órgãos integrantes
do sistema de Defesa Social. Exige alto grau de coordenação e controle.

Pensamento tático – é o processo de análise do cenário da intervenção


policial militar (leitura do ambiente), consistindo em mapear as diferentes
áreas do “teatro de operações”, em função dos riscos avaliados, identificar
perímetros de segurança para atuação, priorizar os pontos que exijam maior
atenção e tentar interferir no processo mental do agressor.

Perigo - situação em que a existência ou a integridade de uma pessoa ou de


uma coisa está ameaçada.

Pessoa detida – é aquela pessoa privada de sua liberdade, no aguardo de


julgamento.

Pessoa presa – pessoa privada de sua liberdade, como resultado da


condenação pelo cometimento de delito.

1PEFSEFQPMÓDJB – é a capacidade legítima que o agente da administração


pública, devidamente constituída, tem para limitar direitos individuais em
prol da coletividade.

Ponto de foco – é a localização exata dentro da área de risco de onde podem


surgir ameaças.

Ponto quente – é uma ameaça clara e presente que deve ser imediatamente
controlada pelo policial militar, para garantir a segurança a todos os
envolvidos.

Preparo mental – é o processo de pré-visualizar e ensaiar mentalmente,


os prováveis problemas a serem encontrados em cada tipo de intervenção
policial, e as possibilidades de respostas.

Presença policial militar – apresentação ostensiva da força policial militar.

Processo mental da agressão – etapas percorridas por uma pessoa que


intenciona agredir o policial militar (identificar, decidir e agir).

105
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

Proporcionalidade – o nível da força utilizado deve sempre ser compatível


com a gravidade da ameaça representada pela ação do opositor e com os
objetivos pretendidos pelo agente da lei.

Rapidez – fundamento da abordagem, que se caracteriza pela velocidade


com que a ação policial militar é processada, garantindo a “surpresa” por
parte do abordado, diminuindo-lhe suas possibilidades de reação.

3FTJTUÐODJBBUJWBTFNBHSFTTÍPGÓTJDB – resistência por parte do abordado


que reage fisicamente, com o objetivo de impedir a ação legal, contudo, não
agride e nem direciona ameaças ao policial militar.

Resistência ativa com agressão não letal – resistência por parte do abordado
agredindo os policiais militares ou pessoas envolvidas na intervenção,
contudo, tais agressões, aparentemente, não representam risco de morte.

Resistência ativa com agressão letal – resistência por parte do abordado


que utiliza de agressão, que põe em perigo de morte o policial militar ou as
pessoas envolvidas na intervenção.

Resistência passiva – resistência por parte do abordado em que ele apenas


retarda a intervenção, não acata, de imediato, as determinações do policial
militar, entretanto não reage e nem o agride fisicamente.

Ricochetear – desvio da trajetória do projétil, após chocar-se contra


determinadas superfícies.

Risco – é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e


bens. É incerto, mas previsível.

3JTDP OÓWFM * – reduzida possibilidade de ocorrerem ameaças que


comprometam a segurança.

3JTDPOÓWFM**– real possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometam


a segurança.

3JTDPOÓWFM*** – concretização do dano ou decorrente do grau de extensão


da ameaça.

Segurança – fundamento da abordagem, que se caracteriza por um conjunto


de medidas adotadas pelo policial militar, para controlar, reduzir ou, se
possível, eliminar os riscos da intervenção.

106
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

Surpresa – Caracteriza-se por medidas que dificultam a percepção do


abordado em relação ao policial militar, ou seja, é uma ação inesperada para
o suspeito, surpreendendo-o e reduzindo seu tempo de reação.

Suspeito – aquele que se apresenta duvidoso quanto ao seu modo ou


maneira de agir, inspirando no policial militar certa desconfiança ou opinião
desfavorável.

Tática policial – arte de aplicar, com eficácia, os recursos técnicos de que


se dispõe ou de explorar as condições favoráveis, visando ao alcance de
determinados objetivos.

Técnica policial – conjunto dos métodos e processos relativos à execução da


atividade policial militar.

Técnicas de menor potencial ofensivo – é o conjunto de procedimentos


utilizados pelos policiais militares em intervenções que demandam o uso de
força, de modo a preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas
envolvidas.

Unidade de comando – fundamento da abordagem, que se caracteriza


pela coordenação centralizada da intervenção policial militar, que garante o
melhor planejamento, a fiscalização e o controle.

Uso diferenciado de força – processo dinâmico e escalonado das


possibilidades do emprego de força, podendo aumentar ou diminuir, diante
de uma potencial ameaça a ser controlada, e de acordo com as circunstâncias
em que se dão a intervenção policial militar.

Varredura – verificação policial militar em um determinado espaço físico.

Verbalização policial – é o uso da comunicação oral, com entonação


apropriada e o emprego de termos adequados, que sejam facilmente
compreendidos.

Violência policial – ação arbitrária, ilegal e ilegítima.

Visão em túnel – é a convergência da visão do policial militar para um


determinado ponto, proporcionando a sua vulnerabilidade quanto a outros
ambientes.

107
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA

7ÓUJNBT – pessoas que, individual ou coletivamente, sofreram danos, inclusive


sofrimento físico, mental ou emocional, perdas econômicas ou violações
substanciais de seus direitos fundamentais, mediante atos ou omissões,
que constituem transgressão das leis criminais e das que proíbem o abuso
criminoso de poder.

108
Manual Técnico-Profissional 3.04.01

REFERÊNCIAS
BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do
Brasil 1988. Brasília. (DF), 1988.

EQUADOR. Policia Nacional do Equador. Manual de Derechos Humanos


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( - SEPARATA DO BGPM Nº 61, de 13 de Agosto de 2013 -)

(a) MÁRCIO MARTINS SANT’ANA, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL

CONFERE COM O ORIGINAL:

NIULZA FERREIRA DE ALVARENGA MACIEL, MAJ PM


AJUDANTE-GERAL

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