Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
FUNÇÕES PSÍQUICAS
PAULO AFONSO – BA
ABRIL/2019
JULIANA DARLLY, LEYENNE V. M. OLIVEIRA E REBECA W. V. SOUZA
FUNÇÕES PSÍQUICAS
PAULO AFONSO – BA
ABRIL/2019
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO
6
Dessa forma conceitua sensação como o fenômeno elementar gerado por estímulos físicos,
químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem
alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Existe várias formas de sensação que são
geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, táteis, auditivos, olfativos,
gustativos, proprioceptivos e cinestésicos.
Mas deve ressaltar que a maioria dos autores não faz diferença entre percepção e apercepção,
da mesma forma vários psicopatólogos preferem não separar a sensação da percepção e a
denominam como fenômeno de sensopercepção.
7
As anestesias táteis implicam na perda da sensação tátil em determinada área da pele. Usa-se
com frequência esse termo para também indicar as analgesias (perda das sensações dolorosas)
de áreas da pele e partes do corpo. Tais alterações ocorrem mais em pacientes com transtornos
9
As ilusões mais comuns são as visuais, nas quais o paciente geralmente vê pessoas, monstros,
animais, entre outras coisas, a partir de estímulos visuais como móveis, roupas, objetos ou figuras
10
penduradas nas paredes. Também não são raras as ilusões auditivas, nas quais, a partir de
estímulos sonoros inespecíficos, o paciente ouve seu nome, palavras significativas ou
chamamentos.
2.4 As alucinações
Define-se alucinação como a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo
sensorial respectivo, ou seja, é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem)
sem a presença do objeto estimulante real. Alguns autores chamam de alucinações verdadeiras
aquelas que têm todas as características de uma imagem perceptiva real (nitidez, corporeidade,
projeção no espaço exterior, constância).
Embora as alucinações sejam mais comuns em indivíduos com transtornos mentais graves, podem
ocorrer em pessoas que não os apresentem. Um estudo de Tien (1991) revelou que alucinações de
qualquer tipo ocorrem na população normal com a incidência anual de 4 a 5%, sendo as visuais
mais comuns que as auditivas. Os tipos de alucinações mais importantes são:
São o tipo de alucinação mais frequente nos transtornos mentais. As alucinações auditivas podem
ser divididas em simples e complexas (estas de maior interesse à psicopatologia). Alucinações
auditivas simples são aquelas nas quais se ouvem apenas ruídos primários. Elas são menos
frequentes que as alucinações auditivas complexas. O tinnitus, ou tinnitus aurium, corresponde à
sensação subjetiva de ouvir ruídos (em um ou nos dois ouvidos), tais como zumbidos,
burburinhos, cliques, estalidos. Podem ser contínuos, intermitentes ou pulsáteis (nesse caso, o
ruído ocorre em sincronia com os batimentos cardíacos). O tinnitus é geralmente decorrente de
doenças ou alterações do sistema auditivo (ouvido externo ou médio, cóclea, nervo acústico) ou
de conexões auditivas centrais, sendo com frequência acompanhado de perda auditiva sensório-
neural ou de condução.
depreciativo e/ou de perseguição. Em alguns casos, as vozes ordenam que o paciente faça isso ou
aquilo (são as chamadas vozes de comando), podendo, inclusive, mandar que ele se mate.
São visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. As
alucinações visuais podem ser simples ou complexas. As alucinações visuais simples também
são denominadas fotopsias. Nelas, o indivíduo vê cores, bolas e pontos brilhantes. Os chamados
escotomas, de interesse maior para a oftalmologia, são pontos cegos ou manchas no campo
visual. Eles podem ser positivos (manchas escuras), absolutos (cegueira em parte do campo
12
O paciente sente espetadas, choques ou insetos ou pequenos animais correndo sobre sua pele.
As alucinações táteis com pequenos animais ou insetos geralmente ocorrem associadas ao
delírio de infestação (síndrome de Ekbom). Também são relativamente frequentes as
alucinações táteis sentidas nos genitais, sobretudo em pacientes esquizofrênicos, que sentem de
forma passiva que forças estranhas tocam, cutucam ou penetram seus genitais.
São relativamente raras. Em geral, manifestam-se como o “sentir” o odor de coisas podres, de
cadáver, de fezes, de pano queimado, etc. Lembranças ou sensações olfativas normalmente vêm
acompanhadas de forte impacto emocional. Ocorrem na esquizofrenia e em crises epilépticas,
geralmente parciais complexas (crises uncinadas).
As alucinações olfativas costumam ter impacto pessoal especial, podendo estar relacionadas a
interpretações delirantes (“Sinto o cheiro de veneno de rato na comida, pois estão tentando me
envenenar.”). Nas alucinações gustativas, os pacientes sentem, na boca, o sabor de ácido, de
sangue, de urina, etc., sem qualquer estímulo gustativo presente. Ocorrem, muitas vezes,
associadas a alucinações olfativas.
13
São experiências alucinatórias nas quais ocorrem alucinações de várias modalidades sensoriais
(auditivas, visuais, táteis, etc.) ao mesmo tempo. O indivíduo vê uma pessoa que fala com ele,
toca em seu corpo e assim por diante.
Em geral é uma alucinação visual (que também pode apresentar componentes táteis e
cenestésicos) na qual o indivíduo enxerga a si mesmo, vê o seu corpo, como se estivesse fora
dele, contemplando-o. É um fenômeno relativamente raro, associado a epilepsia, lesões do lobo
parietal e esquizofrenia. A sensação de que há um Eu dentro do próprio corpo e um Eu fora dele
14
2.5 Alucinoses
A alucinação denominada alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação
como estranha à sua pessoa. Assim, os psicopatólogos franceses HenriCharles-Jules Claude
(1869-1945) e Henri Ey (1900-1977) afirmavam que o característico das alucinoses é serem
adequada e imediatamente criticadas pelo sujeito, reconhecendo seu caráter patológico
(Cheniaux, 2005).
Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que
comumente o alucinado tem em sua alucinação. O indivíduo permanece consciente de que
aquilo é um fenômeno estranho, patológico, não tem nada a ver com a sua pessoa, estabelecendo
distanciamento entre si e o sintoma. Diz-se que a alucinose é um fenômeno periférico ao Eu,
enquanto a alucinação é central ao Eu.
A alucinose ocorre com maior frequência em quadros psico-orgânicos; por isso, foram também
denominadas alucinações neurológicas (Cheniaux, 2005). A alucinose em sua modalidade
visual ocorre com maior frequência em pacientes com intoxicações por substâncias
alucinógenas, como LSD, psilobicina, mescalina, anticolinérgicos, ayahuasca, etc.
Uma forma comum de alucinose auditiva é a denominada alucinose alcoólica. Em geral, ocorre
em indivíduos com dependência crônica de álcool e consiste tipicamente em vozes que falam
do paciente na terceira pessoa (“Olha como o João está sujo hoje” ou “O Pedro é mesmo um
covarde”).
O termo “alucinação negativa” para designar a ausência de visão de objetos reais, presentes no
campo visual do paciente, também gera controvérsias. Tal ausência ou falha perceptiva é
16
Visando o conceito de pensamento, pode-se dizer que se formam a partir dos elementos
sensoriais. Não apresentam elementos de sensorialidade, não sendo possível contemplá-los,
nem imaginá-los. São elementos cognitivos, intelectivos, não tendo qualquer resquício
sensorial.
Curso do pensamento: É o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e seu rumo
ao longo do tempo.
Forma do pensamento: É a sua estrutura básica, preenchida pelos mais diversos
conteúdos e interesses do indivíduo.
Conteúdo do pensamento: É a temática do pensamento. É aquilo que dá substância ao
pensamento, os seus temas predominantes, o assunto em si.
O que caracteriza o pensamento normal é ser regido pela lógica formal e orientar-se segundo a
realidade e os princípios da racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere. Os princípios
básicos do pensamento lógico-formal que orientam o pensamento tido como normal (visão
aristotélica) são:
O tipo e o estilo de pensamento comum de um indivíduo não acometido por doença mental são
apenas precariamente lógicos. As pessoas tendem a usar estereótipos, as decisões são tomadas
sem as evidências fatuais necessárias, havendo um salto de impressões vagas para conclusões
aparentemente certas. Tudo isso torna difícil a discriminação entre pensamento normal e
patológico.
Lei da contiguidade: É a base da magia de contágio, que utiliza o preceito de que “coisas
que estiveram em contato continuam unidas”. Ex.: Tirar a roupa assim que chega do
cemitério.
20
Lei da similaridade: É a base da magia imitativa. Nesse caso, domina a ideia de que “o
semelhante produz o semelhante”. A ação ou o pensamento mágico pensa produzir
efeito desejado por imitação da ação real.
O pensamento mágico é muito comum nas crianças (visão realista). Mas também pode ocorrer
tal forma de pensar em alguns transtornos de personalidade (esquizotípico, histriônico,
borderline e narcisista). Nos quadros obsessivo-compulsivos, ocorrem com frequência
pensamentos mágicos e rituais compulsivos pelas leis da magia. Na esquizofrenia e na histeria,
também podem ser detectados pensamentos mágicos.
1. Persecutórios:
2. Depreciativos
3. Religiosos
4. Sexuais
5. De poder, de riqueza, prestígio ou de grandeza
6. De ruína ou culpa
7. Conteúdos hipocondríacos
Para Nobre de Melo (1979) ocorre uma distinção entre o juízo de existência e o juízo de valor
acontecendo alterações do pensamento. Os erros podem acontecer por situações afetivas
intensas ou dolorosas.
Ideias prevalentes, por ter importância afetiva de maneira obstinada na mente entre as queixas
são “Não consegui pensar em outra coisa”.
Ao revisar David Veale (2002) defini e significa as ideias prevalentes. Ele esclarece entre os
autores norte-americanos e os autores europeus em que os primeiros consideram a intensidade
da convicção na ideia e o nível de crítica. A crítica vai das ideias obsessivas (muito insight) até
25
Algumas ideias prevalentes ou sobrevaloradas não têm significado patológicos mais sim em
contexto específicos do paciente e da sua personalidade.
4.2 O delírio
O delírio para Karl Jarpers (1883-1969), são juízos patologicamente falsos. Ao qual o delírio é
um erro do ajuizar originadas da doença mental. Baseando-se na mórbida pois motiva por
fatores patológicos. Ideias delirantes típicas, em que o indivíduo que alguém próximo quer
envenená-lo.
Jarpers (1979) descreve em três características, que são muito importantes para a identificação
clínica do delírio:
Uma quarta característica ao qual ajuda a distinguir o delírio de determinadas crenças culturais:
Conforme Jarpers (1979) o fenômeno é primário. Sendo incompreensível, não havendo raízes
na experiência psíquica do homem normal; por isso, é impenetrável, incapaz de ser atingido
pela relação intersubjetiva. Acontecendo uma verdadeira alteração na personalidade e na
biografia do sujeito decorrente do delírio.
Se aproxima ao primário, divergindo por não se originar do ajuizar, mais das áreas a afetividade
mental.
Os delírios eventuais são chamados delírios compartilhados da loucura a dois (folie à deux), em
que à um verdadeiro delirante e outra (s) com personalidade sugestionável. Com a convivência
e a interação pessoal, o acompanhante também passa a delirar.
Podem ser classificados como congruentes ou incongruentes com o humor (OMS, 1993; APA,
2002). As características psicóticas em que o delírio é humor-congruente na depressão por
exemplo: a questão de culpa, de ruína.
O humor delirante (Jarpres, 1979) ao qual o paciente vivencia aflição e ansiedades intensas,
sem que haja uma razão real para tudo isso. O humor delirante cessa quando o delírio se
configura como se o inexplicável estivesse de fato acontecendo.
Klaus Konrad (1992) recomenda um processo sequencial:
1. Trema, é a fase que precede o surgimento das ideias delirantes. Tendo a sensação
que não há como escapar mesmo não sabendo do quê.
28
Os delírios agudos aparecem de forma rápida, como podem desaparecer em pouco tempo. Os
delírios crônicos são persistentes, contínuos de longa duração em que pouco se modifica com
o tempo.
O delírio para o argentino Carlos Pereyra (1973) nasce da multiplicidade de fatores complexos,
que implicam e comprometem psiquismo todo. Com cautela, aponta os mecanismos formadores
do delírio.
Delírios de perseguição, em que se acredita que está sendo perseguido e o indivíduo crê
que é vítima.
Delírio de referência, experiências cotidianas em que se acredita estar referindo a sua
pessoa.
Delírios e o mecanismo de projeção em que para Freud [1911] (1976) o indivíduo
“projeta” saem do mundo mental, em que seriam insustentáveis se percebidos de seu
mundo interno.
Delírio de relação acontece conexões com os fatos percebidos de maneira geral sem
motivos compreensível.
30
Se sustenta:
A mitomania maligna em que se cria fatos falsos para prejudicar ou depreciar alguém.
Mitomania vaidosa, benigna onde se busca impressionar os outros para se promover.
A mitomania da criança, inclinação natural pelo maravilhoso e legendário.
4.13 PSEUDOLOGIA FANTÁSTICA VERSUS IDEIAS DELIRANTES
A pseudologia fantástica em 1891, foi descrita pelo psiquiatra alemão A. Delbrück como
mentira patológica. Acontece quando a uma mescla com fantasia, intensa e penetrante com a
realidade, ocorrendo uma mescla de mentira, manipulação, autoengano, autossugestão e ânsia
pela estima e pelo reconhecimento dos outros. A pseudologia fantástica pode ser tanto
transitória e passageira como duradoura e estável.
5. CASO CLÍNICO
Daniel Paul Schreber, filho do médico ortopedista Daniel Gottlieb Moritz Schreber e de Louise
Henrietta Pauline Haase, os irmãos: Gustav; Ana; Sidonie e Klara.
33
Seu pai sofre um acidente – uma escada cai sobre sua cabeça e apresenta um quadro mental –
aos 51 anos, falecendo de obstrução intestinal num hospital de Leipzig, aos 53 anos. O irmão,
Gustav – comete suicídio, aos 38 anos, com um tiro de revólver. Era solteiro, na ocasião era
magistrado e havia sido recém nomeado conselheiro de tribunal.
Casa-se com Ottlin Sabine Behr, a esposa, durante o casamento, sofreu vários abortos
espontâneos.
PRIMEIRA DOENÇA – Internação ocorre no serviço do Prof. Flechsig, após algumas semanas
em que esteve no hospício de Sonnestein, é diagnosticado como um caso de hipocondria severa,
por Flechsig. Tenta por duas vezes o suicídio, sentia-se débil, incapaz de caminhar, falando que
iriam afastá-lo da mulher e pedi para ser fotografado seis vezes, imagina ter perdido de 15 a 20
quilos, embora tenha engordado dois, não acredita, acha que intencionalmente o enganam a
respeito.
Em junho e julho de 1893 sonha por 2 ou 3 vezes que a antiga doença voltara. Isto lhe despertava
grande ansiedade, ao mesmo tempo que se sentia muito feliz ao acordar e verificar que se tratava
de um sonho.
Na mesma época, entre o dormir e o acordar, lhe ocorreu pensar que deveria ser muito bom ser
uma mulher submetendo-se ao ato de copular.
SEGUNDA DOENÇA – Consulta o Dr. Flechsig com queixa de uma insônia torturante, em
10/11/1893, sendo tentado um tratamento ambulatorial. Contudo, Schreber tenta o suicídio na
casa de sua mãe e é internado no dia 21/11/1893 no Hospital Psiquiátrico de Leipzig. Apresenta
então: ideias hipocondríacas, queixa de amolecimento do cérebro, morte iminente, hiperestesia
– grande sensibilidade à luz e ruído – ideias de perseguição embrionárias baseadas em
34
alucinações; seus pensamentos passam aos poucos a girar em torno de suas alucinações visuais
e auditivas assim como os distúrbios cenestésicos. Estava morto sofria de uma praga, era
manipulado de forma revoltante. Tudo por motivos sagrados. Passava horas em “estupor
alucinatório”. Estas informações e as que se seguem são extraídas do parecer do Dr. Weber,
quando do processo que Schreber moveu para obter sua alta. Continua a descrição deste
período: tentativas de suicídio por afogamento, pedindo cianureto para que o matassem. O
delírio evoluiu para uma comunicação direta com Deus, ouvir música sagrada, ser brinquedo
dos demônios e ver “aparições miraculosas”. Sentia-se perseguido pelo Dr. Flechsig, a quem
chamava de “assassino de almas”. Era comum gritar pelo hospital: “Pequeno Flechsig”,
frisando o “pequeno”.
Em junho de 1894 é transferido para Lindenhof, asilo particular do Dr. Pierson, por pouco
tempo (de 14 a 28 de junho), mas o bastante para considerar o local “a cozinha do diabo”. Em
seguida, vai para o Sonnenstein Asylum, perto de Pirna, dirigido pelo Dr. Weber, onde ficará
até a alta.
Segundo este psiquiatra, tratava-se de uma “insanidade alucinatória” que evoluiu para um
quadro clínico de paranóia. Há neste processo uma reorganização da personalidade capaz de
fazer com que Schreber atenda às exigências da vida. Em 1899, Dr. Weber chama a atenção que
só certos sintomas psicomotores seriam observados como algo diferente na conduta do paciente,
por um leigo. As ideias patológicas, contudo, permaneciam irredutíveis. Queria a alta e o Dr.
Weber era contra. Fazia as refeições, adequadamente, com a família do psiquiatra. “Ele
acreditava que tinha como missão redimir o mundo e restaurá-lo ao seu estado de beatitude.
Isto, contudo, só poderia ocorrer se primeiramente ele fosse transformado em uma mulher”
(Palavras do Dr. Weber no processo em que o paciente instruiu seu pedido de alta, perante à
justiça). Ainda segundo seu médico: isto (transformar-se em mulher) não era seu desejo mas
tinha que fazê-lo, baseado na “Ordem do Mundo”. Ele, Schreber, preferia continuar homem.
Viveu sem órgãos durante algum tempo, engoliu parte de sua laringe com a comida, mas os
raios restauravam o que tinha sido destruído. Uma nova raça, por impregnação direta de Deus
em seu corpo, nasceria. Adquiriu nervos femininos. Sol, árvores e pássaros lhe falavam. Em
1894 é posto sob curatela provisória por motivo de doença mental. Em 1899, Schreber inicia
um processo em prol da recuperação de sua capacidade civil. Em 1900 redige as Memórias.
Recebe sentença desfavorável ao pedido de suspensão da curatela.
INTERVALO ENTRE A SEGUNDA E TERCEIRA DOENÇA – Vive com a mulher. Atua como
advogado, de forma limitada, dando ocasionais pareceres. Mantém a convicção que é uma
mulher, como seios e outros atributos femininos. Em 1903, por iniciativa de Schreber, o casal
adota uma menina de 10 anos, a qual relata, em sua velhice, que foi muito bem tratada por
Schreber: “... uma mãe, mais mãe, mais verdadeira que a legítima”. Em maio de 1907 morre a
mãe de Schereber, aos 92 anos. Em novembro de 1907, Schreber é procurado por representantes
das “Associações Schreber”89 que pedem o reconhecimento de sua legitimidade.
Neste mesmo mês, a esposa de Schreber sofre um derrame cerebral que resulta em afasia por
quatro dias, entrando então o paciente em crise de angústia e insônia e afirma estar sofrendo
uma recaída. A 27 de novembro é internado no sanatório de Dösen, próximo a Leipzig. Mostra-
se inacessível, com marcha e postura rígidas, alucinações auditivas e delírios. Repete
compulsivamente: “ja... ja”. Diz sentir que querem matá-lo, assim como que não dorme há
vários meses. Permanece internado até a sua morte.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS