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DIREITO FINANCEIRO E

TRIBUTARIO II

autor
TENNYSON OLIVEIRA TRAVASSOS ALVES

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2018
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  tennyson oliveira travassos alves

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gisele lima, paula r. de a. machado e thamyres mondim


pinho

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  edivam silva da santos

Imagem de capa  mr.whiskey | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2018.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

A474d Alves, Tennyson Oliveira Travassos


Direito financeiro e tributário II / Tennyson Oliveira Travassos Alves.
Rio de Janeiro: SESES, 2018.
152 p: il.

isbn: 978-85-5548-602-9.

1. Crédito tributário. 2. Imposto de renda. 3. Execução fiscal.


4. Tributos. I. SESES. II. Estácio..
cdd 343.04

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7

1. Crédito tributário 9
Teorias sobre o nascimento 11
Lançamento: conceito, elementos e natureza jurídica 11
Princípios específicos do lançamento 13
Modalidades de lançamento 14
Suspensão do crédito tributário: conceito, efeitos, causas 17
Extinção do crédito tributário: conceito, causas de extinção,
enfoque especial sobre a compensação e a restituição de tributos.
Decadência e prescrição do crédito tributário: distinção entre
decadência e prescrição, características peculiares, modalidades
de prescrição tributária 21
Exclusão do crédito tributário: visão geral, isenção –
conceito e institutos afins, classificação; anistia – conceito,
institutos afins e classificação 30

2. Privilégios, administração e sigilo.


Dívida ativa e cobrança do crédito tributário 35
Privilégios, administração e sigilo 37
Garantias e privilégios do crédito tributário: conceitos, legislação
institutos 37
Preferências do crédito tributário: rol das preferencias e condições 40
Administração tributária: conceito, legislação, prerrogativas 42

Dívida ativa e cobrança do crédito tributário administração tributária:


conceito, legislação, prerrogativas 46
Conceito, legislação, prerrogativas 46
Medida cautelar fiscal: legislação. Requisitos, objeto, procedimento e
registro 49
Arrolamento administrativo: legislação 51

Execução fiscal: aplicação do CPC e procedimento 52


Ações de iniciativa dos entes da Federação ou exacionais 52
3. Processo administrativo e judicial tributário 59
Processo administrativo tributário 60
Princípios constitucionais aplicáveis: comuns ao processo e
ao procedimento, comuns ao processo judicial e específicos 60
Legislação aplicável: autonomia de cada ente federativo.
Processo contencioso: procedimento e órgãos julgadores 65
Processo de consulta: conceito, função e procedimento 67

Processo judicial tributário 69


Defesas do executado: embargos do devedor, exceção de
pré-executividade 69
Ação declaratória de inexistência da obrigação tributária e
ação anulatória em matéria tributária: objeto, rito, efeitos e
peculiaridades 73
Ação anulatória em matéria tributária 76
Mandado de segurança em matéria tributária, objeto, rito, efeitos e
peculiaridades 79
Ação de consignação em pagamento e ação de repetição de
indébito tributário: conceito, objeto e peculiaridades. Execução
contra a fazenda pública: justificativa da peculiaridade do rito,
procedimento 84

4. Impostos sobre o comércio exterior,


produção e circulação 95
Impostos sobre o comércio exterior 96
Imposto de importação II, legislação, competência, hipótese de
incidência e consequente 97
Imposto de exportação (IE), legislação, competência, hipótese
de incidência e consequente 101

Impostos sobre a produção e a circulação 103


Imposto sobre produtos industrializados (IPI) 103
Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação (ICMS) 105
Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN ou ISS) 110
5. Impostos sobre a renda e o patrimônio 119
Imposto de renda e proventos de qualquer natureza (IR),
legislação: competência, hipótese de incidência e consequente 121
Imposto sobre grandes fortunas (IGF), legislação: competência,
hipótese de incidência e consequente 123
Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, legislação:
competência, hipótese de incidência e consequente 124
Imposto sobre a propriedade territorial rural, legislação:
competência, hipótese de incidência e consequente 127
Imposto sobre a propriedade de veículo automotor (IPVA):
legislação, competência, hipótese de incidência e consequente 129
Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação (ITCMD),
legislação: competência, hipótese de incidência e consequente 132
Imposto sobre a transmissão intervivos de bens imóveis e
direitos a eles relativos: legislação, competência, hipótese de
incidência e consequente 135
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

No livro anterior, de Direito Financeiro e Tributário I, vocês verificaram que


a disciplina estava relacionada à questão da cidadania e trilharam neste caminho
até compreender a necessidade da existência de clareza e transparência na hora
de se utilizar os recursos públicos. Essa necessidade existe na medida em que no
desempenho da sua Atividade Financeira, o Estado tem no patrimônio do cidadão
brasileiro a maior fonte de recursos financeiros.
Viram o conceito de despesa, receita e crédito, a fim de chegar ao planeja-
mento para o emprego desses recursos, chamado orçamento público – ocasião em
que se depararam com as leis orçamentárias: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Fecharam
o tema das finanças públicas, verificando o quanto, num Estado democrático de
direito, é importante a fiscalização da execução orçamentária.
Ultrapassada essa fase, o foco recaiu sobre o Direito Tributário propriamen-
te tido, sede em que iniciaram os estudos tributários aprendendo o conceito de
tributo, identificaram as espécies de tributos e a qual ente federativo compete o
poder de instituir tributos. Tiveram a oportunidade de conhecer as limitações ao
poder de tributar que estabelecem as garantias ao contribuinte diante de eventuais
abusos do Estado, que se apresentam por princípios, às vezes por regras e também
pelas imunidades.
Terminaram os estudos do livro proprietário de Direito Financeiro e Tributário I
conhecendo a obrigação, o objeto do estudo do Direito Tributário, seu nascimento,
seu desenvolvimento e desaparecimento e, também, a responsabilidade tributária.
Aquele livro foi escrito com dedicação, profundos e inegáveis conhecimentos
da Professora Carolina Barboza Lima Barrocas.
Agora, chegando ao livro de Direito Financeiro e Tributário II, nossos encontros
nas linhas e entrelinhas visarão transmitir a essência das normas existentes no Código
Tributário Nacional enquanto lei que completa a Lei Maior em matéria tributária.
Começaremos com o tema mais importante para o sujeito ativo dessa relação
jurídica, o Crédito Tributário, as causas de suspensão da exigibilidade deste crédito,
as causas de extinção e de exclusão e, também, as suas garantias e seus privilégios.
Chegaremos em seguida às normas que versam sobre a fiscalização tributá-
ria e às certidões existentes desta matéria que interessam tanto ao sujeito ativo

7
quanto ao passivo, tudo isso procurando esclarecer artigo por artigo o que o legis-
lador normatizou.
De posse desses esclarecimentos, que totalizam o universo das normas com-
plementares que regem o Direito Tributário, iremos nos debruçar sobre as medi-
das judiciais e administrativas que podem ser utilizadas tanto pela Fazenda Pública
quanto pelo sujeito passivo. Trataremos individualmente de cada medida cabível.
Finalizando, destacaremos, segundo a classificação dos impostos, prevista no
CTN (aqueles que incidem sobre o comércio exterior, sobre a produção e a circu-
lação e o patrimônio e a renda), a competência, a função, o fato gerador, a alíquo-
ta, a base de cálculo, o contribuinte, o lançamento e por fim algumas considera-
ções pertinentes, dentro dos ditames constitucionais, das Leis Complementares, a
legislação infraconstitucional aplicada a cada imposto.
Por último verificaremos, por meio de breves comentários, o Simples Nacional
e as Contribuições Especiais.
O conteúdo desses tópicos é denso e extenso, porém de fácil assimilação, até
porque vocês já estão familiarizados com o Direito Tributário. Não há motivos
para inquietações.
Neste livro procuraremos desmistificar a disciplina de forma bem objetiva, po-
rém sem pretender esgotar os temas doutrinários e/ou jurisprudenciais envolvidos,
uma vez que fogem ao escopo deste material.
Com certeza, podemos afirmar que ao término da sua leitura você estará ple-
namente preparado para fazer seu “voo solo”, aprofundando de acordo com seus
interesses o conhecimento desejado em matéria tributária.

Bons estudos!
1
Crédito tributário
Crédito tributário
Você verificou, na Disciplina Direito Financeiro e Tributário I, detalhada-
mente, o nascimento da obrigação tributária (OT) e passará, neste momento,
a conhecer, por meio do Direito Financeiro e Tributário II, de que forma essa
obrigação poderá se desenvolver para finalmente desaparecer, fazendo a relação
jurídica tributária entre o sujeito ativo (SA) e o sujeito passivo (SP) deixar de
existir. Neste capítulo, conhecerá melhor os desdobramentos da obrigação tribu-
tária. Assim, metaforicamente, poderá constatar o que seria o nascimento, o cres-
cimento e o falecimento da OT. Durante esse percurso de vida da OT, observará
que em face, tão somente, do seu nascimento o Estado ainda não pode exigir o
tributo (OT principal e acessória ou deveres instrumentais), visto que a obrigação
tributária principal traz consigo um crédito tributário (CT) na forma ilíquida,
logo inexigível. Importante, também, será o momento em que serão apresentadas
as modalidades de lançamento, o que, adiantando, em rápidas palavras, implicam
transformar o crédito anteriormente ilíquido na forma líquida e agora exigível. Ao
término deste capítulo, serão encontradas as causas de suspensão da exigibilidade,
da extinção e da exclusão do crédito tributário.
A matéria que disciplina a abordagem proposta está à sua disposição nos arts.
139 a 182 da lei ordinária federal n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, que
aprovou o Sistema Tributário Nacional e estabeleceu normas gerais sobre Direito
Tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
denominado Código Tributário Nacional (CTN), que a partir da promulgação
da Constituição Federal de 1967 passou a ter status quo de Lei Complementar.

OBJETIVOS
•  Definir o conceito jurídico de crédito tributário;
•  Compreender sua dinâmica, desde o lançamento, e reconhecer suas modalidades;
•  Distinguir as diferenças iniciais dos incidentes do crédito tributário: suspensão da exigibili-
dade, extinção e exclusão do crédito tributário;
•  Distinguir a decadência do direito de lançar o tributo, da prescrição da ação de cobrança
da Fazenda Pública e características e peculiaridades;
•  Aplicar os conhecimentos em situações concretas.

capítulo 1 • 10
É o vínculo de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (SA) pode
exigir do particular, o contribuinte ou responsável (SP), o pagamento do tributo
ou a penalidade pecuniária, objeto da relação obrigacional.

Teorias sobre o nascimento

Apesar de o art. 139 do CTN estabelecer que “o crédito tributário decorre da


obrigação principal e tem a mesma natureza desta”, você verificará que as teorias
sobre o seu nascimento são tema polêmico. Durante seus estudos, irá se deparar
com a doutrina e com algumas possibilidades de entendimento sem relação ao
momento do nascimento do crédito tributário. Assim, aproveite os ensinamentos
de Cláudio Carneiro sobre as teorias monista e dualista sobre o tema.1

Segundo a teoria monista, o crédito tributário, por ser elemento da obrigação tribu-
tária e ter a mesma natureza desta, nasce no mesmo instante. Por outro lado, a teoria
dualista entende que a obrigação nasce com a ocorrência do fato gerador, mas o
crédito tributário em si nasce somente com o lançamento tributário.

Dessa forma, você compreenderá que seria mais adequado, nesse momento
do curso, nos filiarmos à corrente dualista que, academicamente, não é certa ou
tampouco errada, porém será mais útil para os nossos estudos.

Lançamento: conceito, elementos e natureza jurídica

A noção de lançamento tributário (LT) está exposta no art.142 do CTN. A


guia do IPTU, o valor buscado via internet do IPVA do seu veículo e a finalização
do cálculo do seu IR como pessoa física, são bons exemplos de materialização
desse procedimento administrativo. Assim, o lançamento tributário é um procedi-
mento administrativo, ou seja, segue atos administrativos, tendentes a constatar,
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinar a base
de cálculo (BC), calcular o tributo devido e fixar o valor do tributo. O lança-
mento tributário é um procedimento administrativo complexo, porque envolve
a prática de uma série de atos (cognição, determinação, apuração, identificação).

capítulo 1 • 11
A iniciativa do lançamento tributário tanto pode ser do contribuinte, quanto da
administração.1
Com relação à divergência sobre o lançamento tributário ser um ato ou um
procedimento administrativo e se sua natureza jurídica é declaratória ou constitu-
tiva, você poderá iniciar muito bem a sua pesquisa verificando as obras de Cláudio
Carneiro e Anderson Madeira, citadas no Plano de Ensino desta disciplina.
Dessa forma, após sua pesquisa, destaca-se aqui, por oportuno para o prosse-
guimento do desenvolvimento dessa linha de raciocínio, que o lançamento tribu-
tário é procedimento administrativo complexo, porque envolve a prática de uma
série de atos. Mais a frente você verificará que a iniciativa do LT tanto pode ser do
contribuinte, quanto da administração. Hoje em dia, nos impostos mais impor-
tantes, a iniciativa do lançamento é do contribuinte.
Com relação à natureza jurídica do lançamento ou, em outras palavras, o que
ele representa para o Direito, nos perfilamos com o entendimento de que é mera-
mente declaratória, visto que o crédito tributário se constitui pela ocorrência do
fato gerador que o lançamento tributário faz, na realidade, como demonstrado, é
quantificar, declarar. Enfatizando, a eficácia do lançamento tributário é meramen-
te declaratória, porque o LT se reporta à data da ocorrência do FG e rege-se sob
a lei então vigente. Assim nos aponta o art. 144 do CTN.
As consequências de a eficácia ser meramente declaratória são as seguintes:
•  A revogação da lei não alcança as obrigações tributárias aperfeiçoadas pela
ocorrência do fato gerador, mesmo que pendente o lançamento tributário, ou seja,
se ocorreu o fato gerador e depois a lei revogou ou diminuiu aquele tributo, essa
mudança não altera a obrigação tributária, porque no momento da ocorrência do
fato gerador a lei era eficaz;
•  As condições pessoais relacionadas com a incidência ou isenção obedecerão
sempre à data do fato gerador e não a do lançamento tributário.

O lançamento tributário é uma atividade administrativa vinculada (lei) e obri-


gatória (porque não está ao arrepio da fiscalização cobrar ou não cobrar, lançar ou
não lançar, autuar ou não autuar), conforme preceitua o art. 142, parágrafo único
do CTN. Nas nossas aulas tivemos a oportunidade de debater esses aspectos, pela
da leitura dos arts. 139, 142 e 144 do CTN, e agora podemos ilustrar o entendi-
mento com a seguinte representação gráfica:

1  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

capítulo 1 • 12
Prevista em Lei Surge
HI
FG
Hipótese
Fato Gerador
de Incidência

Com a sua ocorrência

Nasce
OT Aparece por conta da
Obrigação OT principal o CT
Tributária porém está na forma
Principal e ilíquida, logo
Acessória INEXIGÍVEL

Figura 1.1 –

Sintetizando o raciocínio jurídico das consequências da natureza jurídica de-


claratória do LT, podemos dizer, sem compromisso com a boa técnica jurídica,
que o art. 144 do CTN nos ensina que para fazer o LT:
VOCÊ DEVE ENTRAR NUMA MÁQUINA DO TEMPO E VOLTAR AO
PASSADO. AO TEMPO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.

Princípios específicos do lançamento

Da leitura dos artigos 142, 144, 145, 146 do CTN, após uma maior imersão
na letra da lei, você encontrará os seguintes princípios: no art.142, a leitura chama
a atenção no sentido de que a autoridade administrativa deve seguir fielmente o
que é estampado na lei e que ela não pode lançar para um e não para outro, se
ambos estiverem na mesma circunstância, princípio da vinculação à lei.
Já no art.144, constatamos (lembra-se da máquina do Tempo ao fazer o lança-
mento?) que a lei nova não pode alcançar FG ocorridos sob a égide de lei anterior,
princípio da irretroatividade da lei.
Passando ao art. 145, uma vez o sujeito passivo notificado do lançamento,
torna-se insuscetível de modificação pelo sujeito ativo, exceto nos casos apontados
nos seus três incisos, quais sejam: nos dois primeiros incisos estamos diante de si-
tuações que ocorrem no bojo de um processo administrativo fiscal (PAF), em que
um ou outro, dentro dos prazos legais, apresenta sua impugnação ou seu recurso
de ofício contra sua própria decisão. No inciso III, a iniciativa de revisão pelo SA

capítulo 1 • 13
tem base na comprovação de falsidade, erro, fraude, simulação e outras hipóteses
previstas no art. 149, princípio da irreversibilidade do lançamento.
Da leitura do art. 146, fica claro que por conta da segurança dos direitos do
SP, os critérios jurídicos utilizados para o LT em relação ao mesmo SP são inalte-
ráveis, princípio da inalterabilidade ou imodificabilidade da lei.

Modalidades de lançamento

Dentro das normas elencadas a partir do art. 147 do CTN são apresenta-
das as modalidades de lançamento tributário. Mais uma vez encontraremos, na
doutrina, posicionamentos distintos em relação aos tipos ou às modalidades exis-
tentes. Seguindo nosso compromisso de buscar o mais útil para o iniciante nos
estudos de Direito Tributário, nos filiaremos ao entendimento de que são quatro
as modalidades para ao final explicarmos o motivo da discordância doutrinária.
São elas: por declaração, por arbitramento, de ofício, por homologação ou
autolançamento.
Então passemos aos artigos a serem lidos e entendidos por você.
No art. 147, o SP declara (atenção, porque se trata de uma obrigação
acessória) ao fisco a ocorrência do fato gerador e lhe fornece todas as informações
necessárias à apuração do tributo devido, ou seja, se ele não declarar, a adminis-
tração tributária nada saberá sobre a ocorrência do fato gerador. Por isso essa mo-
dalidade também é chamada de lançamento misto, uma vez que o sujeito ativo
só procederá ao cálculo do tributo devido após o recebimento dessas informações.
Bons exemplos para você fixar esse entendimento são: o Imposto de Transmissão
de Bens Imóveis Intervivos (ITBI); Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis ou
Doação (ITCMD); e o Imposto Territorial Rural (ITR).
Agora você deve estar se perguntando se o Imposto de Renda (IR) se enqua-
dra nessa modalidade. Atenção, lembre-se de que há poucas linhas a expressão
“porque se trata de uma obrigação acessória” estava em destaque. Então, o fato
de você cumprir a obrigação acessória de fazer, informar e preencher os dados
referentes à sua renda não empresta ao IR essa classificação quanto à modalidade
de lançamento.
Veremos a seguir, já ao final, que neste caso, estaremos diante de outra mo-
dalidade de lançamento, aquela em que o sujeito ativo irá ratificar, homologar
os dados informados, confrontando-os com os que ele, sujeito ativo, a priori, já
conhece sobre a ocorrência do fato gerador. Para exemplificar, se você é professor

capítulo 1 • 14
de uma universidade e, por conseguinte, tem “contracheque”, ao enviar a sua
declaração de ajuste anual tenha certeza que do mesmo jeito que fica sabendo o
valor a ser depositado em banco na sua conta, a Secretaria da Receita Federal do
Brasil (SRFB) sabe, ao mesmo tempo, qual é a renda auferida em razão do seu
trabalho. Assim, o contribuinte não declara nada, simplesmente envia os dados e
a SRFB homologa (art. 150 CTN) ou retifica (art. 149 CTN). Lançamento por
declaração compete ao sujeito passivo.
Chegando ao art. 148, o leitor encontrará o entendimento do lançamento por
arbitramento. Trata-se, na realidade, de um “verdadeiro míssil” à disposição da ad-
ministração pública, porque toda vez que realizar o procedimento administrativo
tendente a identificar a ocorrência do fato gerador, conforme o art. 142 do CTN,
ou seja, o lançamento tributário, e não concordar com valores preços dos bens di-
reitos, serviços ou atos jurídicos ou considerá-los omissos ou que não mereçam fé,
ele sujeito ativo, mediante processo administrativo regular, arbitrará aquele valor
ou preço, havendo assim a inversão do ônus da prova.
Exemplo interessante é aquele que traduz a compra e venda de um imóvel, fato
gerador do ITBI. Mesmo que o proprietário venda bem mais barato para poder
ajudar seu grande amigo, isso não sensibilizará o fisco na hora de aceitar o valor in-
dicado na guia de recolhimento. Favores à parte, ele arbitrará o valor praticado pelo
mercado e caberá a você provar que o arbitramento foi feito de forma equivocada.
Resumindo, ocorre nos tributos imobiliários: ITBI e ITCMD. O contribuinte apre-
senta à repartição a guia com o valor da transmissão; se o fisco aceitar o dito valor,
procederá ao lançamento tributário; se não aceitar, arbitrará o valor que lhe pareça
compatível. Lançamento por homologação compete ao sujeito ativo.
No art. 149 está registrada a modalidade de lançamento ex officio, de ofício,
ou seja, em função das prerrogativas da administração tributária no exercício da
fiscalização e também em face da determinação da lei. Esse alerta inicial é impor-
tante, porque academicamente é necessário mostrar que, na realidade, essa moda-
lidade se subdivide em: de ofício por iniciativa do fisco (lei) e por revisão do
fisco; leia-se o art. 149 e seus incisos do Código Tributário Nacional. Em outras
palavras, podemos verificar essa modalidade de lançamento por meio de duas si-
tuações distintas: quando o próprio SA efetua o lançamento ou o sujeito ativo
somente procede à revisão do lançamento tributário anterior realizado pelo sujeito
passivo. No caso do lançamento ex officio, a administração tem toda a iniciativa.
Tem o cadastro, emite a guia, materializa o lançamento tributário.

capítulo 1 • 15
O contribuinte não tem qualquer intervenção. Convém aos impostos patrimo-
niais, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre a Propriedade
de Veículo Automotor (IPVA) e também às taxas, contribuição de melhoria,
Contribuições Corporativas (Conselhos Profissionais) e à Contribuição para o
Custeio do Serviço de Iluminação Pública, conhecida como CIP. Diferentemente,
no caso de revisão do fisco, aqui a iniciativa do lançamento tributário, inicialmen-
te, cabe ao sujeito passivo e, por conta de uma situação de fiscalização tributária,
o sujeito ativo, ao verificar irregularidade, procederá à revisão do lançamento tri-
butário. O lançamento de ofício compete ao sujeito ativo.
Ao término das modalidades, chegando no art. 150 do CTN, verifica-se, ini-
cialmente, que a lei, por medida de economia administrativa, e para desafogar
suas tarefas da administração tributária, atribui ao contribuinte a tarefa de calcular
o quantum debeatur, o valor a ser pago e recolher aos cofres públicos o valor
devido. Cabe à administração, ratificar, ou seja, homologar. A posição ativa é do
contribuinte. Convém aos impostos indiretos: IPI, ICMS, ISS, IOF, II, IR. É
conveniente à administração, porque em assim sendo, possibilita o planejamen-
to da fiscalização. Verifica-se, por exemplo, na fiscalização das concessionárias de
automóveis – ICMS, das fábricas de cigarros – IPI. O contribuinte recolhe, não
paga definitivamente, antecipa, paga provisoriamente, e aguarda cinco anos. Se
nesse período não sofrer fiscalização, a homologação será tácita; neste caso houve
a decadência do direito de fiscalizar para a administração, prevista no art. 150, pa-
rágrafo quarto do CTN. A outra modalidade de homologação é a expressa. Neste
caso, ocorrendo a fiscalização e verificado que o lançamento tributário está corre-
to, o sujeito ativo procede à homologação no próprio livro de escrituração. Caso
haja dolo, fraude ou simulação, não se observa a regra anteriormente mencionada.
Visualize essa sequência gráfica que pretende resumir a questão apresentada:

O SA TEM 5 ANOS PARA HOMOLOGAR E 5 ANOS PARA COBRAR


FG HOMOLOGAÇÃO COBRAR

5 ANOS DECADÊNCIA 5 ANOS PRESCRIÇÃO

Exemplificando, no caso do lançamento tributário feito pelo SP, passado o


primeiro ano do LT, suponhamos que ocorra uma fiscalização e resulte na lavra-
tura de um auto de infração (AI). Após lavrar o auto de infração, o sujeito ativo
terá cinco anos para cobrar no caso de inadimplemento, depois prescreve o direito

capítulo 1 • 16
de ação de execução fiscal. Temos que ressaltar que, em consequência do lança-
mento tributário por homologação, duas situações controversas podem ocorrer
com o crédito tributário, são elas: o crédito tributário decaído, se o contribuinte
pagar, terá direito à restituição, e a outra trata do crédito tributário prescrito,
que se for pago não tem direito à restituição. Pesquise sobre esse tema e tire as
suas conclusões.
Importante pesquisa o leitor também poderá fazer buscando os ensinamentos
das Súmulas 436, 446 e 360, todas do STJ.
Antes de finalizar, ficamos devendo a explicação da polêmica que ocorre em
torno do número de modalidades de lançamento. Recorde-se de que nos filiamos
ao entendimento de quatro2 modalidades ao invés de três. A polêmica pode ser ex-
plicada no sentido de que o arbitramento para a corrente que entende que são três
modalidades, é na realidade uma prerrogativa da administração tributária dentro
da modalidade de ofício por revisão do fisco.

Suspensão do crédito tributário: conceito, efeitos, causas

Conforme vimos anteriormente, ultrapassadas as modalidades de lançamen-


to, observamos que o LT transforma o CT ilíquido em líquido e exigível. Diante
dessa situação, perante a um CT líquido e exigível, podemos agora inferir que o
SP pode assumir três posições diante dessa cobrança:
•  Pagar;
•  Não concordar e impugnar, administrativamente ou judicialmente;
•  Simplesmente se omitir.

Em consequência do pagamento, ficará o crédito tributário extinto. Caso o su-


jeito passivo venha a impugnar administrativa ou judicialmente, ficará a exigibilida-
de do crédito tributário suspensa, ou seja, o crédito tributário ainda existe, o que não
pode é o sujeito ativo, até a decisão administrativa irrecorrível ou da sentença tran-
sitado em julgado, exigir o adimplemento do crédito tributário do sujeito passivo.
A lei 5.172/66 nos aponta, além das hipóteses de extinção e suspensão do
crédito tributário os casos de exclusão. Iniciaremos nossa discussão a partir da se-
gunda postura do sujeito passivo, aquela em não concordando com o lançamento
tributário realizado buscará, via impugnação, na esfera administrativa ou judicial,
seu pleito.
2  TORRES, Ricardo. Curso de direito financeiro e tributário. 13. ed. atual. até a publicação da Emenda
Constitucional n° 48 de 10/8/2005, e a LC n° 118, de 9/2/2005. Rio de Janeiro: Renovar. 2006, p. 208-283.

capítulo 1 • 17
A partir de agora, passaremos a nos ater nas disposições previstas nos Capítulos
III, IV e V do CTN.
O art. 151 dispõe, inicialmente, sobre as hipóteses de suspensão. Verificaremos
que só se suspende a exigibilidade de crédito tributário já constituído pelo lança-
mento, ou seja, líquido e certo. É importante frisar que a suspensão é da exigibi-
lidade e não do crédito tributário. Isso implica que também fiquem suspensos
os prazos de prescrição, conforme o art. 155, Parágrafo Único do CTN. Cabe
ressaltar que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não dispensa o
cumprimento das obrigações acessórias dependentes ou consequentes da obriga-
ção principal, de acordo com o art. 151, Parágrafo Único do CTN. Deste modo,
são as seguintes as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário:
•  Moratória: diante de situações de calamidade pública, uma catástrofe ou
conjunturas econômicas desfavoráveis, o sujeito ativo dispõe de um mecanismo
a ser utilizado toda vez que o contribuinte, por força dessas conjecturas, tiver
dificuldade em pagar seus tributos. Assim, a moratória trata do alargamento dos
prazos para o cumprimento da obrigação tributária; é um favor do sujeito ativo.
A moratória pode ser concedida, de forma geral (a todos que se encontrarem na
situação definida em lei) ou individual (observância de certos requisitos pelo su-
jeito passivo). A moratória não aproveita os casos de fraude, dolo ou simulação.
Só atinge os créditos já constituídos, e não cria direito adquirido, no caso de mo-
ratória individual. Situa-se no campo da reserva legal, conforme prevê o art. 97,
Inciso VI, do CTN. Os arts. 152 ao 155 do CTN regulamentam a matéria. Logo
no primeiro artigo, no seu inciso I, alínea b, o leitor encontrará a chamada mo-
ratória heterônoma (que significa se submeter a vontade de outra pessoa, vem de
fora). Trata-se de uma exceção legal, visto que só pode dar moratória àquele ente
federativo competente para cobrar o tributo. O leitor ao chegar ao último artigo
referente à moratória, concedida em caráter individual, precisa ter atenção em
relação à contagem dos prazos de prescrição e do montante devido, separando os
incisos da seguinte forma
I. Com dolo, a cobrança será = CT + juros de mora + multa
(o tempo percorrido não conta para a prescrição)
II. Por culpa, a cobrança será = CT + juros de mora
(o tempo percorrido conta para a prescrição)

•  Depósito: pode ser feito tanto na esfera administrativa quanto na judi-


cial, não é obrigatório e não constitui condição para que o sujeito passivo possa

capítulo 1 • 18
impugnar a exigência. Na instância administrativa, evita a incidência de juros e
a correção monetária. Na esfera judicial, suspenderá a exigibilidade do crédito
tributário e a fluência dos juros e da correção monetária, até porque essas discus-
sões judiciais se arrastam, muitas vezes, por longo tempo. Importante registrar a
necessidade de uma leitura das Leis no 11.429/2006 e no 9.703/1987, das Súmulas
no 112 do STJ, no 247 do TRF, das Súmulas Vinculantes no 21 e 28, e art. 151,
Inciso II, do CTN.
•  Reclamações e recursos: a interposição de reclamações e de recursos tam-
bém suspende a exigibilidade do CT, desde que feita nos termos das leis regulado-
ras do procedimento administrativo fiscal (PAF – Decreto no 70.235/72, alterado
pela lei no 11.941/2009 e Decreto no 7.574/2011), ou seja, nos casos e nos prazos.
As reclamações deverão estar restritas às previstas no acima, nas quais o contri-
buinte discute a legalidade do lançamento tributário. Ressalta-se que, conforme
visto em Direito Financeiro e Tributário I, a legislação que dispõe acerca da sus-
pensão da exigibilidade do crédito tributário deve ser interpretada literalmente de
acordo com o art. 111 do CTN.

Não podem as leis federais, estaduais ou municipais, negar às reclamações e/


ou aos recursos esse efeito suspensivo. Cabe ressaltar que, neste caso, ao apresentar
reclamação, o contribuinte verá a sua impugnação usufruir a suspensão da exigibi-
lidade do CT; entretanto, se ao final sair vencido, cobram-se juros e as penalidades
cabíveis pelo fato de não ter havido o depósito do seu valor integral em dinheiro
(ex tunc).
•  Concessão de Medida Liminar em Mandado de Segurança e tutela ante-
cipada em sede de Ação Declaratória e Anulatória em matéria tributária: uma
das garantias que a Constituição Federal Brasileira de 1988 assegura aos indivíduos
para proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão por ato de au-
toridade, está no seu art. 5o, LIX. Trata esse artigo do Mandado de Segurança (MS),
lei no 12.016/2009. Assim, em face de cobrança de tributo indevido pode o SP, em
princípio, valer-se do mandatus, ou writ, ou ordem escrita do MS, sempre que estiver
presente o periculum in mora e o fumus boni juris. O contribuinte tem 120 dias, a con-
tar da ciência do ato de cobrança do tributo que considera indevido, para impetrar o
MS com o pedido de liminar e esta ser concedida. Tema controverso é uma futura
cassação dessa liminar. Interessante pesquisa poderá ser desenvolvida por você, a par-
tir da Súmula no 405, do STF, e o art. 63 da lei no 9430/96. A antecipação da tutela,
por sua vez, à semelhança da liminar, é uma decisão interlocutória a ser concedida

capítulo 1 • 19
preliminarmente, no bojo das ações ordinárias que buscam declarar a inexistência da
obrigação tributária, ou a inocorrência do fato gerador e as que pretendem anular o
lançamento tributário realizado pelo sujeito ativo. Em face das mudanças da nova
sistemática do CPC em 2015, necessário se faz a transversalidade dos ensinamentos
obtidos nas aulas de Direito Processual Civil, principalmente, no que tange ao seu
artigo 300 e seguintes quando trata, em especial, dos requisitos das tutelas provisórias
de urgência.

Para terminar, recomendamos a leitura da Súmula no 266 do STF, do art. 7o da lei


no 12.016/2009 e do Resp. 56.096-RJ, 2a T., relator Min. Eliana Calmon. J.-10-20023
•  Parcelamento: diferentemente da moratória, que é uma medida extraordinária,
excepcional, que não cobra juros e multa, o parcelamento é uma benesse comum, nor-
mal que o sujeito ativo pode prestar ao sujeito passivo. O parcelamento visa beneficiar
os contribuintes inadimplentes e permite ao sujeito ativo receber a dívida tributária,
mesmo que fracionada, com juros e correção monetária. Esse dispositivo, art. 155-A,
foi incluído no CTN pela LC 104/2001. Resumidamente, para exercitar, deixamos os
seguintes questionamentos sobre a suspensão da exigibilidade do CT:
1. O que se suspende?
Resposta: A exigibilidade.

2. A partir de que momento o crédito tributário é exigível?


Resposta: Do lançamento.

3. Liminar pode impedir o lançamento (suspensão prévia da exigibilidade,


antes do lançamento)?
Resposta: Não, para se evitar a decadência do direito de lançar do SA.

4. E se liminar ou tutela antecipada obstar expressamente o lançamento?


Resposta: Cessado seu efeito, devolve-se o prazo para lançar à Fazenda Pública.

5. Quais os efeitos da suspensão da exigibilidade do CT?


Resposta: Impede o prosseguimento do ajuizamento da execução fiscal.
Suspende o prazo prescricional para ajuizamento da execução fiscal. Não dispensa
o cumprimento das “obrigações” acessórias (art. 151, parágrafo único do CTN).

3  SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 788.

capítulo 1 • 20
A partir de agora, superada a parte do CTN que tratou das causas de suspen-
são da exigibilidade do crédito tributário, vamos nos debruçar sobre as causas de
extinção do CT.

Extinção do crédito tributário: conceito, causas de extinção, enfoque especial


sobre a compensação e a restituição de tributos. Decadência e prescrição
do crédito tributário: distinção entre decadência e prescrição, características
peculiares, modalidades de prescrição tributária

A extinção do crédito tributário, também, é matéria compreendida na reserva


legal do art. 97 VI do CTN. O art. 156 do CTN arrola, em seus 11 incisos, na
realidade, 12 maneiras de extinção do CT, conforme será disposto doravante.
•  Pagamento: é a forma ordinária, usual de extinção do crédito tributário.
O CTN estabelece, nos arts. 157 ao 163, as diversas regras sobre o pagamento.
Iremos, doravante, tecer alguns comentários sobre os artigos acima apontados.
Inicialmente, registramos a observação de toda doutrina em relação à letra do art.
157 quanto à expressão ilide, em que, no entender dominante, deveria se ler elide
(afasta). Já sabemos também, que para o Direito Tributário pouco importa se é ou
não o titular quem irá saldar o débito existente. O que interessa é que a prestação
fiscal seja satisfeita.
Necessário, também, se faz esclarecer que o cometimento de uma infração
tributária traz consequências diversas daquelas previstas no Código Civil (CC),
por senão, vejamos:

CAPÍTULO V
Da Cláusula Penal
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

Diante das regras do Direito Tributário, o cometimento de uma infração gera


a prerrogativa ao SA de exigir, concomitantemente, a cumulação tanto da multa
moratória, pela demora, impontualidade do pagamento, quanto à multa tributá-
ria prevista em lei. Assim, não se desassociam as multas da prestação tributária.
No art. 158 do CTN, mais uma vez, temos que registrar que a interpretação
do Direito Civil não se aplica ao Direito Tributário:

capítulo 1 • 21
Seção III
Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabe-
lece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

Deste modo, em sede de Direto Tributário, o pagamento de uma parcela do


CT não importa na presunção da satisfação total da prestação tributária.
O art. 159 esclarece sobre o lugar do pagamento e a quem se deve pagar,
diferentemente do que estabelece o CC:

Seção IV
Do Lugar do Pagamento
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes con-
vencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação
ou das circunstâncias.

Já o art. 160 do CTN, trata do tempo do pagamento, diferentemente do


CC. Aqui ele ocorre normalmente em 30 dias. Nas relações civis, verificamos
o seguinte:

Seção V
Do Tempo do Pagamento
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o
pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.

Verificando o art. 161, encontramos a previsão da cobrança dos juros de mora,


da multa e da correção monetária. Não precisamos de muito esforço para entender
que se não pagamos algo no dia determinado estaremos sujeitos às penalidades
cabíveis, especificamente, aos juros moratórios de caráter compensatório ao su-
jeito ativo pelo atraso. Para tal, no nosso caso, será aplicada a taxa referencial
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC. Questão interessante
se apresenta neste momento da leitura, sobre a controvérsia sobre o marco ini-
cial para a contagem de prazo do art. 161, que é de total interesse da Fazenda
Pública (a partir da data do inadimplemento) e o marco do art. 167 que seguir
será abordado (trânsito em julgado da sentença que condenar o sujeito ativo a
restituir o que lhe foi pago indevidamente) de total interesse do contribuinte.

capítulo 1 • 22
Quando a este tópico chegarmos, será sugerida uma pesquisa para que você se
sinta mais seguro nessa discussão.
No art. 162, encontramos as formas de pagamento: moeda e cheque. Por ób-
vio, já dispomos atualmente do código de barra, do débito automático em conta
e da realização do pagamento pelo celular. Importante ressaltar o disposto no
parágrafo segundo desse artigo, quando trata do contribuinte, que dentro dos
prazos legais, devidamente fundamentado, realiza uma consulta à administração
tributária e essa dá causa a perda do prazo para o pagamento, em face da demora
na apresentação da resposta. Neste caso, por dever de justiça, não há de se falar da
aplicação do previsto caput do art.162.
No art. 163 do CTN, é apresentada a ordem de preferência no recebimento
no caso de se constatar a existência simultânea de dois ou mais débitos. O leitor
verificará, após a leitura do próximo capítulo, que este artigo deve ser interpretado
e aplicado em consonância com o art. 187 do CTN.
O art. 164 apresenta a Ação de Consignação em Pagamento, e os arts. 165
até o 167, a Ação de Repetição, de Restituição do Indébito, temas, cujos aspectos
processuais e doutrinários, trataremos, oportunamente, em capítulo posterior a
este, quando forem verificadas as ações antiexacionais próprias e impróprias.
No parágrafo único do art. 167 do CTN, precisamos alertar o leitor da ne-
cessidade de um mergulho mais profundo sobre a questão dos juros moratórios,
conforme alertamos por ocasião dos comentários do art. 161. Assim sugerimos
iniciar a pesquisa sobre a validade/emprego ou não da súmula 71 e o conteúdo da
súmula 546, ambas do STF.
Não obstante, o CTN ter sofrido apenas duas alterações desde a sua publi-
cação, uma por meio da LC 104/2000 e outra por conta da LC 118/2005, neste
último caso, importante mudança nos foi trazida em 9 de fevereiro daquele ano
ao art. 168 I do CTN. O leitor deve de novo se aprofundar sobre outra questão,
agora, a do marco para o início da contagem da prescrição da ação de repetição
de indébito, dentro do tema restituição de impostos indiretos e a quem cabe a
legitimidade do seu pedido. É necessário para tal conferir, por óbvio, a posição
firme do STJ no sentido de que apenas o contribuinte de direito pode pleitear
a repetição, a restituição do indébito, e, também, conferir sobre a aplicabilidade
da antiga tese dos 5 + 5 anos, chancelada pelo STJ até 2005 (aplicada à espécie de
pedido) se ainda sobrevive ou foi sepultada pela LC118/2005.

capítulo 1 • 23
Discente, leitor deste livro proprietário em Direito Tributário II, essas pesqui-
sas, sugeridas, dentre outras, são importantes para seu amadurecimento acadêmi-
co. Tire suas próprias conclusões, debata com colegas de sala de aula e, na dúvida,
busque o apoio do docente da disciplina citando a orientação aqui registrada.
Seguindo dentro desta metodologia de discutirmos os artigos do CTN, se-
guindo comentários doutrinários e jurisprudenciais mais úteis para o momento
acadêmico em que você vive nos estudos desta disciplina, passando ao art. 169
do CTN nos deparamos com outro tipo de ação, aquela que pretende anular a
decisão administrativa que negou a restituição do pagamento indevido, segundo
os preceitos dos incisos do art. 164. Neste artigo entenderá que o prazo para o
devido ajuizamento é de dois anos a contar da data em que o contribuinte tiver
tomado conhecimento da improcedência do pedido de restituição, para que não
se verifique a perda do direito de ajuizamento da referida ação, ou o direito de
ação, enfim para que não ocorra a prescrição.
Interessante contagem nos traz, após a interrupção da prescrição prevista no
parágrafo único desse artigo, na medida em que, curiosamente, reinicia a conta-
gem do prazo pela metade (1 ano) e chama de início da ação judicial e de inti-
mação o que você concordará que o melhor seria data da distribuição da ação
e citação em vez dos termos adotados pelo legislador de 1966, para tal antes de
finalizar, o aluno poderá verificar a importante observação que nos faz Anderson
Madeira, lendo sua obra4, em relação ao art. 169, na medida em que nos ensina
ao chamar a atenção de que a ocorrência da prescrição fulmina o direito de ajuizar
a ação anulatória que denegou o pedido de restituição pela via administrativa.
Comenta, também, com sabedoria, o absurdo estampado no parágrafo único,
pelo legislador, em 1966. Com isso, pretendemos dar por encerradas as observa-
ções acerca do pagamento.
•  Compensação: trata-se, na realidade, de um encontro de contas. O CC
prevê esta possibilidade por meio dos arts. 368 e 369. O art. 170 do CTN de-
termina que a lei poderá atribuir ao SA autorizar a compensação com créditos
vencidos e vincendos. No direito civil só se admite a compensação com créditos
vencidos. Se o SP é credor da Fazenda Pública, poderá ocorrer uma compensação
pela qual seja extinto o CT. É bom frisar que o CTN deixa bem claro que essa
compensação pode ser feita com qualquer outro tipo de crédito que o SP dispo-
nha junto ao SA; basta, para tal, ser líquido e certo e que esteja previsto em lei.
4  MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF de
20/6/2008 e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008. p. 188 e 189.

capítulo 1 • 24
Entretanto, na prática, não é tão simples assim; cada ente federativo competente
para a cobrança do tributo estabelecerá as regras da compensação, pelas suas pró-
prias leis. Este tema está fartamente sumulado pelo STJ e, neste sentido, deixamos
a sugestão da leitura das Súmulas de número no 212, 213, 394, 460, 461 e 464.
•  Transação: instituto trazido pelos arts. 840 ao 850, do Código Civil. Trata-
se de uma mudança de posição em relação ao CT, por meio de concessões mútuas
das partes. Leiam SA e SP, que busca finalizar um litígio, ou seja, transação termi-
nativa. É o usualmente chamado ”acordo” pelo senso comum. Encontramos sua
previsão legal no art. 171do CTN, cuja exigência de concessão é a existência de lei,
que inclusive indique a autoridade administrativa competente para tal “acordo”,
conforme o parágrafo único do artigo citado. Na prática, encontramos a transação
quando o SA oferece descontos nas multas, o pagamento à vista em quota única de
IPTU e IPVA. Para finalizar este tópico, você deve observar as palavras de Cláudio
Carneiro, quando nos relembra que o STJ já fixou entendimento de que transação
e parcelamento são institutos distintos 5.
•  Remissão: antes de adentrarmos especificamente neste tema, cabe ressaltar
que em matéria tributária, em duas oportunidades, nos depararemos com o SA
perdoando, relevando, poupando, absolvendo o SP do pagamento de todo o CT,
ou somente da multa. Falamos dos institutos da remissão e da anistia. A remissão,
veremos agora, no art. 172 do CTN. Já a anistia, veremos ao final, quando verifi-
carmos as causas de exclusão do crédito tributário (do art.175 ao 182 do CTN),
porque se enquadra em causa de extinção do CT..

Anderson Madeira, em obra que aborda a remissão, nos ensina que não se
deve confundir remissão com isenção. Assim, ele demonstra 6 que na remissão
surge o FG, nasce a OT, o CT se torna líquido e exigível (logo houve o lança-
mento), mas o valor a ser pago é perdoado pela administração tributária. Já, na
isenção (causa de exclusão do CT, que veremos à frente), o CT não chega a existir,
porque existe uma lei que após surgimento do FG, do nascimento da OT, impede
o lançamento, fazendo com que não se constitua o CT, na forma líquida e exigível.
•  Decadência
•  Prescrição: você verá que houve (de propósito) uma inversão na apresenta-
ção dos institutos. O CTN aborda ao contrário. Academicamente, essa inversão
5  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 727.
6  MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3 ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF de
20/6/2008 e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008. p. 193.

capítulo 1 • 25
foi feita para podermos utilizar o expediente da apresentação gráfica, que inicia-
mos quando da apresentação do surgimento do CT, lá atrás, no subitem 1.1:

Tanto a decadência quanto a prescrição são institutos que tratam da perda


de direito. Acontece que a decadência, conforme demonstrado, ocorre antes na
nossa dinâmica tributária, e se refere à perda do direito do sujeito ativo em decla-
rar de ofício, por iniciativa do fisco ou por revisão dele, o crédito tributário. Logo,
sem o referido crédito estar líquido e certo, não haverá possibilidade de ser exigi-
do, e assim não poderá haver cobrança por parte do fisco. O sujeito ativo, como
regra geral, tem cinco anos, a contar da data da ocorrência do fato gerador para
exercitar seu direito de lançar. Diferentemente, a prescrição ocorre em momento
posterior ao da decadência, apesar de ser também perda de direito; agora se trata
da perda do direito de ação, de propor a Ação de Execução Fiscal (AEF) para com-
pelir o sujeito passivo a pagar o que deve.
Enfim, estando o crédito tributário líquido e certo e não pago, o sujeito ativo
tem cinco anos contados da data da constituição definitiva do crédito tributário
para ajuizar a AEF, conforme a lei no 6.830/80, Lei de Execução Fiscal (LEF).
Senão o fizer, não mais poderá exigir o adimplemento do crédito e assim ele res-
tará extinto. Outra situação, conforme o inciso I do art. 173, tem o seu prazo de
contagem inicial diferente, na medida em que começa, não na data da ocorrên-
cia do fato gerador, mas sim no primeiro dia do exercício seguinte, desde que o
lançamento possa ter sido efetuado pela fazenda pública, e não foi. É o caso do
lançamento de ofício por iniciativa do fisco.
Exemplo: no IPTU de 2017, só será contado o prazo decadencial para a
Fazenda municipal lançar, a partir do primeiro dia de 2018, terminando, assim,
em 2023. Atenção, estende-se, também, a essa regra para o caso de antecipação do
pagamento de um tributo que não foi realizado ao tempo certo ou por conta de

capítulo 1 • 26
dolo, fraude ou simulação. Você também não deve se afastar do entendimento de
que a decadência não se interrompe e nem tão pouco se suspende.
Com relação à prescrição, prevista no inciso I, do art. 174, temos a interrup-
ção a partir da citação em execução fiscal. O STJ, em seu entendimento, consi-
dera interrupção o momento do despacho do juiz; entretanto, a contagem deverá
retroagir à data da distribuição da AEF, o que é bom para o executado. O inciso
II trata do protesto judicial, conforme os arts. 726 e seguintes, do Código de
Processo Civil, lei no 13.105/2015, (CPC). Não se trata de cobrança, mas sim
de uma manifestação de vontade do sujeito ativo no sentido de avisar ao sujeito
passivo inadimplente, o conhecimento do fisco por sua dívida.
No inciso III, incluem-se os protestos, menos o da Certidão de inscrição em
Dívida Ativa (CDA), em cartório, por não ser judicial; incluindo-se, aqui, as noti-
ficações e interpelações, confundindo-se assim com o inciso anterior.
No IV, o exemplo que espelha a norma é o parcelamento.
A disciplina destas duas causas de extinção do CT está estampada nos arts.
173 (vide também 150 § 4o), e 174 do CTN. Sugerimos a leitura das Súmulas de
no 219 do TRF; 397; 436; e 446 do STJ, e do art. 40, § 2o, § 3o e § 4o, da LEF, e
a da Súmula no 11, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), que
trata da não aplicação da prescrição intercorrente em via de processo administra-
tivo fiscal (PAF).
•  A conversão do depósito em renda: quando abordamos as causas de sus-
pensão da exigibilidade do crédito tributário, você verificou que o art. 151, inciso
II, tratava do depósito do seu montante integral. Assim, se ao final da lide, o SP
sair vencido, nada mais justo e prático do que esse depósito se reverta de imediato
à Fazenda Pública, causando a extinção do crédito tributário. Dessa forma, venci-
do o SP no litígio, a sentença determinará a conversão do depósito, anteriormente
efetuado em renda. Questionamentos existem no sentido de que o depósito inibi-
ria o sujeito ativo de constituir o crédito tributário. Num primeiro caso, não sendo
integral, deve a fazenda pública efetuar o lançamento para se evitar a decadência.
Entretanto, se o depósito for integral e em dinheiro, seguindo Cláudio Carneiro,
não há de se falar em lançamento, conforme lei no 9.703/98. 7
•  O pagamento antecipado e a homologação do lançamento, nos termos
do disposto no art. 150 e § 1° e 4°: ao verificar, no art. 150 do CTN, a moda-
lidade de lançamento por homologação, restou compreendido que a antecipação
do pagamento não extingue o CT. Assim, agora, uma vez confirmado, ratificado
7  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 77.

capítulo 1 • 27
e homologado o valor antecipado, quer pela presença da fiscalização (forma ex-
pressa) ou pela perda do direito de lançar de ofício por revisão (forma tácita, após
5 anos), opera-se assim a extinção do crédito. Dessa forma, a extinção do CT se
verifica com a antecipação do pagamento somado à posterior homologação, ex-
pressa ou tácita.
•  Consignação em pagamento: questão interessante aparece neste artigo,
por trazer o CTN uma lei de direito material, instrumento de direito processual.
Dessa forma, preserva o SP, porque pagar não é apenas um dever, mas também
um direito. Por isso, existe uma ação própria para proteger o direito que tem o SP
de pagar um tributo nas condições elencadas no art. 164 do CTN. Com breves
comentários, verificamos que o Inciso I é bem claro quanto à matéria tratada.
Exemplo, verificamos, por ocasião do pagamento do IPTU, que se subordina o
recebimento a apresentação de outros “carnês“ pagos. No Inciso II, a cobrança
é, por exemplo, de uma taxa embutida no IPTU que seja inconstitucional por
não ser o serviço específico e divisível. Fechando o tema, passando ao inciso III,
exemplos típicos são a cobrança de IPTU e ITR, ao mesmo tempo de uma mesma
propriedade, ou dois municípios cobrando ISS sobre o mesmo serviço. Mais à
frente, ao falarmos do processo judicial tributário, nos aprofundaremos na Ação
de Consignação em Pagamento (ACP).
•  Decisão Administrativa: ao chegarmos ao inciso IX do art. 156, verifica-
mos mais uma causa de extinção do CT. Conforme versa Anderson Madeira 8,
instaurado o PAF, haverá uma decisão para solucionar a litis; assim nos ensina o
princípio da oficialidade. Neste caso, o SP pode sair vencido ou vencedor. Saindo
vencedor, e não cabendo recurso na esfera administrativa, a matéria se torna ir-
reformável e é causa de extinção do CT. Note-se, ainda que, neste caso, não é
razoável que a fazenda pública recorra ao Judiciário para modificar uma decisão
dela própria, por ferir o interesse de ação. Entretanto, caso o vencido seja o SP,
nada obsta que ele recorra ao Judiciário para reverter a decisão administrativa que
lhe foi desfavorável.
•  Decisão Judicial: esta penúltima causa de extinção do CT, por força de se
tratar de coisa julgada, entendemos serem desnecessários outros esclarecimentos.
•  Dação em pagamento: chegamos à última causa de extinção do cré-
dito tributário, introduzida no Sistema Tributário Nacional, por meio da LC
no 104/2001. Quando estudamos o art. 3o do CTN, em Direito Financeiro e
8  MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF de
20/6/2008 e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008. p. 207.

capítulo 1 • 28
Tributário I, fomos apresentados à definição de tributo. Naquela ocasião, a letra
do artigo nos ensinou que “Tributo é toda prestação (...) em moeda ou em cujo
valor nela se possa exprimir”, porque o legislador de 1966 tratou de proteger o
poder aquisitivo da unidade monetária da época, por meio de indexadores que,
conforme se passava o mês, ao fazer o cálculo do tributo em face da hiperinfla-
ção o valor aumentava. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi
criado um programa de estabilização e de reformas na economia e a consequente
desindexação da economia. Aqueles, que vivenciaram esta época, o conheceram
com o nome de Plano Real. Mesmo com a economia estabilizada e a inflação sob
controle, o CTN ainda trazia o art. 3o com a mesma dicção. Visando dar pratici-
dade ao processo de cobrança e com uma nova interpretação dessa passagem “(...)
em moeda ou em cujo valor nela se possa exprimir”, ainda existente no CTN,
o legislador introduziu, no inciso XI, a última causa de extinção do CT, por meio
da “dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas
em lei”, instituto previsto no direito civil, arts. 356 ao 359 do CC.

O tema é novo e bastante rico em controvérsias sobre a possibilidade ou não


do aproveitamento da dação em bens móveis. Fica, assim, a sugestão para você
buscar o posicionamento dos autores indicados na bibliografia do Plano de Ensino
desta disciplina e, por óbvio, o posicionamento do STF, de forma a enriquecer o
seu conhecimento.
Finalmente, esgotamos as 12 causas de extinção do crédito tributário previs-
tas na lei 5.172/66, lei ordinária, federal, de âmbito nacional, que regula o
Sistema Tributário Nacional, por meio da codificação da legislação existente
à época (Código Tributário Nacional) (“maneira de se fazer uma lei”) e que, a
partir da CF/67, passou a ter status de Lei Complementar.

capítulo 1 • 29
Exclusão do crédito tributário: visão geral, isenção – conceito e institutos afins,
classificação; anistia – conceito, institutos afins e classificação

Conforme vimos anteriormente, o LT transforma o CT ilíquido em líquido


e exigível. Diante desta situação, perante a um CT líquido e exigível, o SP pode
assumir três posições:
•  Pagar (em consequência do pagamento, ficará o CT extinto).
•  Não concordar e impugnar, administrativamente ou judicialmente.
•  Omitir-se.
Caso o SP venha a impugnar administrativa ou judicialmente, ficará a exigibi-
lidade do CT suspensa. O CT ainda existe; o que não pode é o SA, até a decisão
administrativa irrecorrível ou da sentença transitada em julgado, exigir o adimple-
mento CT do SP.
Ocorre, que a lei no 5.172/66, nos aponta, além das hipóteses de extinção e
suspensão, posturas adotadas pelo contribuinte ou responsável tributário, mais
duas posturas que se referem unicamente ao sujeito ativo dessa relação jurídica
tributária, quais sejam, a isenção e a anistia, conforme nos mostra o art. 175
do CTN.
Já de início, precisamos ressaltar que, tanto a isenção quanto a anistia, consti-
tuem institutos diferentes, que resultam na exclusão do CT. Enquanto a isenção se
refere ao tributo, a anistia atinge somente a multa. Nos dois casos, o fato gerador
existe, nasce a obrigação tributária, mas a lei irá excluir o lançamento tributário.
No caso da isenção, o foco do legislador, ao criar a lei isentiva, visa atender
situações que estão ligadas às questões socioeconômicas e políticas, que acabam
levando à dispensa do pagamento, fulminando o tributo posterior à lei que a
concede, levando em consideração atributos da pessoa (isenção subjetiva) ou às
características da coisa tributada (isenção objetiva).
Na anistia, o foco é outro; trata-se de outro perdão, que não se confunde com
a remissão, vista na quarta causa de extinção do CT, mas um perdão parcial, que
fulmina somente as multas cometidas antes da concessão da lei anistiadora.
Especificamente em relação à isenção, começamos nossas considerações sobre
a polêmica em torno da sua natureza jurídica. Trata-se de uma não incidência ou
de uma dispensa legal de pagamento, eis a questão.
Nesse sentido, mais uma vez sugerimos que você aprofunde seus estudos so-
bre o que a isenção representa para o direito, pela leitura dos autores indicados
na bibliografia do Plano de Ensino e, por certo, a posição do STF. É importante

capítulo 1 • 30
ressaltar que, em nosso ordenamento jurídico, a isenção só pode ser concedida por
lei e pelo ente que tem a competência tributária para instituir o tributo a que se
refere; daí resultar a expressão autonômica. Neste momento mister, se faz verificar
o disposto no art. 150, § 6o, da CRFB/88, e também os arts. 97, inciso VI, 175
e 179, todos do CTN. Mais um alerta para você leitor está no art. 177 do CTN,
quando este aponta que a regra é não estender a isenção às taxas e contribuições de
melhoria, até porque, conforme já vimos, são tributos em que há contraprestação
estatal; logo, há dispêndio de recursos financeiros, e os cofres públicos precisam
ser ressarcidos. Sintetizando, podemos apontar a seguinte classificação doutrinária
para as isenções:
•  Quanto à forma (art. 179 do CTN). a) Caráter geral: aquela que não pre-
cisa de requerimento para sua postulação. Basta a lei isentiva para que o contri-
buinte goze dos benefícios. Exemplo: isenção de IPVA para carros com mais de 15
anos de fabricação. b) Caráter específico: aquela que mesmo após a concessão por
lei isentiva, prevista no art. 97 VI do CTN, o interessado precisa ter seu reque-
rimento endereçado à autoridade administrativa, despachado de forma favorável
ao gozo do benefício, do favor, desde que atenda a todos os requisitos previstos
em lei. Exemplo: isenção de IPTU para ex-combatente da Força Expedicionária
Brasileira na Segunda Guerra Mundial.
•  Quanto à natureza. Incondicionada: ou seja, sem a necessidade de se
observar requisitos; a lei isentiva concede o benefício e ponto. Condicionada:
necessário se faz para ser efetivado o favor, preencher os requisitos colocados na
lei isentiva.
•  Quanto ao prazo, ao tempo (art.178 CTN). Por prazo determinado ou
certo. Por prazo indeterminado ou tempo incerto.
Quanto ao lugar (art. 176 do CTN). Ampla ou irrestrita: aquela que atinge
todo o território da entidade tributante. Restrita: aquela que atinge somente parte
do território. Exemplo: a isenção do IPTU para os bairros atingidos pelas chuvas
fortes que causaram desabamentos.
•  Quanto à competência. Autonômica: concedida pelo ente competente
para instituir o tributo, art. 151 III da CRFB/88. Heterônoma: concedida por
lei de outro ente, que não aquele detentor do poder de tributar. Atenção para a
vedação existente no art. 151 III da CRFB/88. A regra é proibição das isenções
heterônomas. Entretanto, os arts. 155, § 2o, XII, alínea “e”, art. 156, § 3o, II e os
tratados internacionais autorizam essa modalidade de isenção.

capítulo 1 • 31
Encontramos, também, a classificação de isenções gratuitas (ou não onerosas)
e as chamadas isenções onerosas.
Tratando agora da anistia prevista nos arts. 180, 181 e 182 do CTN, destaca-
se que esta não aproveita os casos de dolo, fraude, erro ou simulação. Em sendo
um favor, este não pode beneficiar a quem vive à margem da lei.
A anistia necessita de lei específica para sua concessão, art. 150, § 6o, da
CRFB/88. Classifica-se como anistia geral ou limitada, restrita ou individual; e
condicionada ou incondicionada.
Ao fim, a sua concessão não gera direito adquirido, conforme preconiza o art.
182 do CTN.

ATIVIDADES
01. Você, enquanto proprietário de imóvel, sabe que todo ano terá que pagar o IPTU, (basta
a virada do exercício financeiro para a OT nascer de novo, e com ela surge o CT). Enquanto
não for expedido o “carnê” do IPTU pela Prefeitura, ou seja, enquanto não ocorrer a mate-
rialização do lançamento tributário por mais recursos financeiros que disponha e por mais
que queira ajudar o município onde mora, você não poderá efetuar o pagamento deste CT.
Por quê?

02. Seu pai era dependente na sua declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Ele
falece no mês do lançamento, mesmo assim será lançado na sua declaração? Sim ou não?
Por quê?

03. Determinada empresa prestadora de serviços de limpeza e manutenção de piscinas, se-


diada no município de Guarapari/ES, pretende discutir judicialmente a incidência do ISS que
lhe está sendo cobrado pelo município de Vila Velha/ES. Esta empresa recebeu notificação
de Vila Velha para efetuar o pagamento do ISS dos serviços realizados naquele município.
Inconformada, a empresa impetra mandado de segurança com pedido de liminar em face
do Secretário das Finanças de Vila Velha, que a notificou sob a alegação de que a cobrança
que está sendo feita ofende o seu direito líquido e certo de efetuar o pagamento do ISS para
Guarapari, onde a empresa está sediada.
Distribuído o feito, o magistrado despacha no sentido de que apreciará a liminar após
a vinda das informações, para o que manda oficiar à autoridade coatora impetrada. Neste

capítulo 1 • 32
intervalo, a empresa recebe a visita de um agente da Administração Tributária Municipal, que
a autua pelo descumprimento de certas obrigações tributárias acessórias. Indaga-se:
a) O fato de a empresa ter impetrado mandado de segurança suspende a exigibilidade do
crédito tributário?
b) Caso o magistrado tivesse concedido a liminar do mandado de segurança, o agente
fiscal estaria impedido de realizar o auto de infração, pelo descumprimento da empresa
das obrigações tributárias acessórias? (ao final você encontrará a resposta).

04. Assim, para finalizar, você deverá fazer uma reflexão diante das seguintes imagens a
primeira, uma foto do jornal O Globo, de 24 de novembro de 2010 e a segunda uma charge,
publicada no jornal O DIA, em 24 de novembro de 2011, um ano após da invasão do Com-
plexo do Alemão pelas Polícias Militar, Civil e Federal, além de homens das Forças Armadas.

Suponha que meses depois você conheça um morador cadeirante dessa comunidade,
que lhe diz o seguinte: “Nós, do Alemão, ficamos sabendo que após a pacificação voltaremos
a pagar o IPTU, que estava isento em face de estarmos numa área de risco”.
Assim, indaga-se:
a) A isenção dos moradores, neste caso, pode ser revogada? Por quê?
b) A isenção do cadeirante morador também pode ser revogada? Por quê?

capítulo 1 • 33
REFLEXÃO
Neste capítulo, você teve a oportunidade de conhecer o crédito tributário e as teorias
monista e dualista, que se manifestam sobre o momento do seu surgimento.
Estudou, em seguida, as modalidades de lançamento tributário, procedimento adminis-
trativo este que, ao final, irá transformar o crédito inicialmente ilíquido e inexigível em líquido,
certo, e assim, exigível.
Identificou as causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, passando por
dois favores prestados pelo sujeito ativo (a moratória e o parcelamento) e quatro situações
em que o objetivo do sujeito passivo é buscar uma impugnação.
Depois, ainda acrescentou ao seu estudo as doze causas de extinção do crédito tribu-
tário, começando com a mais comum, o pagamento até chegar à novidade da dação em
pagamento em bens imóveis para o adimplemento de um crédito tributário. Neste tema você
também conheceu a decadência e a prescrição do crédito tributário e a distinção entre um
e outro instituto.
Em seguida você verificou as diferenças entre as duas causas de exclusão do crédito
tributário, a isenção e a anistia.
Ao final, você compreendeu a dinâmica tributária, desde a ocorrência do fato gerador,
passando pelo lançamento.
Dessa forma, encerrou seus estudos, verificando as três posturas que podem ser adota-
das pelo SP, até chegar às duas posturas adotadas pelo sujeito ativo em relação ao crédito
tributário líquido e certo a ele devido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
TORRES, Ricardo. Curso de direito financeiro e tributário. 13. ed. atual. até a publicação da Emenda
Constitucional no 48 de 10/8/2005, e a LC no 118, de 9/2/2005. Rio de Janeiro: Renovar. 2006.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 788.
MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF
de 20/6/2008 e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008.

capítulo 1 • 34
2
Privilégios,
administração e
sigilo. Dívida ativa e
cobrança do crédito
tributário
Privilégios, administração e sigilo. Dívida ativa
e cobrança do crédito tributário

No capítulo anterior, você verificou o surgimento do crédito tributário sob a


visão das teorias monista e dualista.
Em seguida, mergulhou nas modalidades de lançamento tributário; quais se-
jam: por declaração; por arbitramento; de ofício por iniciativa do fisco e por revi-
são do fisco, para chegar, finalmente, na modalidade por homologação.
Aprendeu a distinguir as 6 (seis) causas de suspensão da exigibilidade do crédi-
to tributário. Depois, ainda acrescentou ao seu estudo as doze causas de extinção
do crédito tributário, começando com a mais comum, o pagamento até chegar à
dação em pagamento em bens imóveis para o adimplemento de um crédito tribu-
tário. Passou ainda, dentro desse tema, pelos institutos jurídicos da decadência e
da prescrição do crédito tributário compreendendo a distinção entre um e outro
instituto. Antes de finalizar o capítulo 1 você verificou as diferenças entre as duas
causas de exclusão do crédito tributário, a isenção e a anistia.
Dessa forma, encerrou seus estudos, verificando as três posturas que podem
ser adotadas pelo SP, até chegar às duas posturas adotadas pelo sujeito ativo em
relação ao crédito tributário líquido e certo a ele devido.
Ao final, você compreendeu a dinâmica tributária, desde a ocorrência do fato
gerador, até chegar às três posturas que o sujeito passivo pode adotar e a mais uma
que o sujeito ativo pode assumir, assim, fica esquematizado para adentrarmos no
capítulo 2 o seguinte:

Figura 2.1  – 

capítulo 2 • 36
OBJETIVOS
•  Identificar a distinção entre garantias, privilégios e preferências;
•  Conhecer garantias, privilégios e preferências do crédito tributário;
•  Conceituar a administração tributária e sua função;
•  Reconhecer os sigilos a que tem direito o cidadão diante do fisco;
•  Compreender o conceito e a função da dívida ativa;
•  Identificar as espécies de certidão de situação fiscal;
•  Conhecer o procedimento da execução fiscal;
•  Identificar os mecanismos de garantia processual e administrativa de garantia do crédito
tributário.

Privilégios, administração e sigilo

Garantias e privilégios do crédito tributário: conceitos, legislação institutos

Você ao continuar a leitura, verificará a lei que complementa as normas cons-


titucionais tributárias, observará que a partir do art. 183 até o 193, o CTN, enu-
mera as garantias e privilégios do crédito tributário.
Inicialmente, verificaremos que as garantias são decorrentes de lei e visam,
obviamente, à satisfação do crédito tributário.
Trata-se do tema mais importante para o sujeito ativo dessa relação jurídica,
qual seja, o recebimento do crédito devido pelo contribuinte ou responsável tri-
butário. A prova está registrada na letra do art. 183 do CTN quando nos chama
atenção, logo no primeiro momento, que todas garantias que ele irá nos ensinar
não se esgotam no próprio CTN, permitindo assim, que cada ente federativo,
em face das peculiaridades dos seus tributos, possa atribuir outras garantias ao
crédito tributário.
Em seguida, o art. 184, demonstra a garantia que o CTN dá ao crédito tribu-
tário quando exclui os privilégios especiais em face da lei de determinados bens.
Excetuam-se, por óbvio, aqueles declarados, legalmente, absolutamente impe-
nhoráveis, favorecendo dessa forma, o crédito tributário em relação aos demais
créditos. Neste artigo o legislador buscou o princípio da universalidade dos bens
e impenhorabilidade.

capítulo 2 • 37
Sugiro que você se aprofunde no tema impenhorabilidade, lendo as súmulas
332, 486; 496 todas do STJ; os artigos 3o e 4o da lei 8.009/90; e artigos 10, 11
e 30 da LEF; e 833 da lei 13.105/2015, novo Código de Processo Civil (CPC).
Mergulhe na obra de Claudio Carneiro, leia o capítulo que trata das garantias e
privilégios do CT. 9
Trata o art. 185 da presunção de fraude tão logo se verifique a consumação ou
o começo de procedimento de inscrição em dívida ativa. Essa presunção por parte
do sujeito ativo é juris et de jure, ou seja, impossibilita o sujeito passivo provar o
contrário. Este dispositivo teve seu aspecto temporal alterado pela LC no 118 de 9
de fevereiro de 2005 que adequou o CTN aos dispositivos da lei no 11.101 de 11
de fevereiro de 2005, que regulou a recuperação judicial, a extrajudicial e a falên-
cia do empresário e da sociedade empresária. Visou a dar mais segurança ao sujeito
ativo na medida em que antes de 2005, alguém só estaria enquadrado em fraude
à execução fiscal após a citação em ação de execução fiscal. O que dentro das
regras legais até então vigentes era um verdadeiro permissivo para burlar o fisco,
visto que tão logo era inscrito em dívida ativa, o contribuinte inadimplente ainda
tinha tempo suficiente para se desfazer de seus bens e ficar em paz à proporção
que ninguém vai preso por dívida e neste caso, nada lhe seria penhorado por ter
se tornado uma pessoa desprovida de qualquer bem, enfim, um “hipossuficiente”.
Cabe salientar a exceção prevista no seu parágrafo único que desconsidera a
fraude caso o contribuinte inscrito em dívida ativa deixe reservado bens suficientes
para garantir o valor devido. Ainda dentro das novidades trazidas em 2005 o art.
185-A, importando instituto já utilizado à época pelas regras trabalhistas, incluiu
no direito tributário o instituto da penhora on-line. Tema interessante e delicado
porque ao interpretar este artigo, você precisa num primeiro momento proceder
sua leitura, partindo do caput, indo ao parágrafo 2o para depois ler o inciso pará-
grafo primeiro. Esta é a sequência para que inteligência da operação seja lógica.
Num segundo momento, caro(a) discente, você deve verificar se todos os re-
quisitos apontados na cabeça do artigo estão presentes ao caso concreto analisado,
se negativo, a aplicação se mostrará “inócua”, sem fundamento no artigo 185-A e
prevalecerá o art. 40 § 4o da lei no 6.830 de 22 de setembro de 1980 (LEF).

9  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 773-788.

capítulo 2 • 38
Diz o artigo art. 185-A do CTN:

Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar


bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a deci-
são, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem
registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às
autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que,
no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

Então, vamos por partes: devidamente citado (encontrado), não pagou


(inadimplente), nem apresentou bens penhoráveis (não garantiu o juízo) e não
foram encontrados bens penhoráveis (pode ser que seja um “hipossuficiente”,
lembre-se do comentário sobre a situação antes de 2005).
Dessa forma para a aplicação do art. 185-A deverá ser observado todo o qua-
dro anterior para que o juiz possa acionar as autoridades por e-mail. Atenção:
cabe aqui uma observação importante, visto que tal procedimento só será
legítimo caso se verifique o determinado pela súmula 560 do STJ.
Então prossigamos.

Art. 185-A. (...) comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos
órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especial-
mente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado ban-
cário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a ordem judicial (ou seja, a penhoar).

Leia agora o parágrafo 2o (depois volte ao 1o) para verificar que depois que o
juiz aciona as autoridades essas respondem, imediatamente, e assim, o magistrado
de posse das respostas verificará o montante penhorado e se houver excessos, dei-
xará somente aqueles valores necessários ao total do CT inadimplido, conforme
parágrafo 1o.

Parágrafo 1o. A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor
total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade
dos bens ou valores que excederem esse limite.

capítulo 2 • 39
Vejamos agora o que a Lei de Execução Fiscal nos ensina:
Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o
devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos,
não correrá o prazo de prescrição.
§ 1o Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante
judicial da Fazenda Pública.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o deve-
dor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3o Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão
desarquivados os autos para prosseguimento da execução.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo pres-
cricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer
a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela lei no 11.051,
de 2004)
§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo
será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo
fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei no 11.960,
de 2009)
Logo no início da leitura, fica clara a necessidade de o devedor não ter sido
localizado, ou seja, não foi devidamente citado para que possamos aplicar o art. 40
da LEF, hipótese de extinção do crédito tributário pela prescrição intercorrente,
caso se observe o indicado nos referidos parágrafos. Assim você deverá verificar,
com clareza, a situação da citação do executado no processo de execução para
distinguir um do outro instituto, penhora on-line ou prescrição intercorrente.
Procure fazer, também, um comparativo entre o que preconiza o art. 185 -A e os
artigos 655-A e 655-B do CPC.
Você verificará que o CTN é mais abrangente e que a posição do STJ é no
sentido de em se tratando de CT aplica-se o 185-A.

Preferências do crédito tributário: rol das preferencias e condições

A partir do art. 186 são apresentados os privilégios do crédito tributário. Neste


ponto é importante ressaltar as novas regras impostas pela entrada em vigor da LC
118/2005.
A primeira novidade sentida é a inclusão do parágrafo único no art. 186,
quando fala da falência. Nele é tratada a inclusão na ordem de preferência dos

capítulo 2 • 40
créditos referentes ao acidente de trabalho e a possibilidade de limitação das con-
dições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho, derru-
bando assim a primazia anteriormente existente. Dessa forma, temos o seguinte:
no inciso I os créditos extraconcursais; quais sejam, aqueles existentes no art. 84
da lei 11.101/2015 e os previstos no art. 188 do CTN.
Trata, ainda o inciso I das importâncias passíveis de restituição, previstas nos
arts. 85 e 86 da lei falimentar. Importante a leitura da súmula 307 do STJ e a 427
do STF. Finalizando o inciso I verificamos que os créditos com garantia real têm
preferência sobre o CT, no limite do valor do bem gravado.
Passando para o inciso II, a limitação é de 150 salários mínimos no caso de
crédito trabalhista.
O art.187, por força da nova ordem das regras da falência, passa a incluí-la
juntamente com a recuperação judicial no rol da não sujeição ao concurso de
credores. Seu parágrafo único continua inalterado, ou seja, só há concurso de
credores entre as Pessoas Jurídicas de Direito Público.
O art. 188 do CTN introduz novas regras em face da LC 118/2005 e define
o que vem a ser crédito extraconcursal.
Os arts. 189 e 190 continuam inalterados. Entretanto, a LC 118/2005 inova
o art. 191 e cria o 191-A que assim se apresenta:

A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação


de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205, e 206 desta lei.

Questão interessante e que nos instiga a pensar é a necessidade de cumprimen-


to das exigências apontadas para a concessão de recuperação judicial vez que são
antagônicas com as condições de quem as pede. Seria algo parecido com: “exigir
de quem está se afogando, que para ser salvo, apresente a conclusão de um
curso olímpico de natação”. Nesse sentido os Tribunais de Justiça (SP, RJ) já se
mostraram no sentido de não exigir a quitação de todos os tributos de quem está
na fase de homologação de seus pedidos de recuperação judicial.10
Os arts. 192 e 193 permaneceram inalterados. Você verificará que sua leitura
não carece de maiores detalhamentos visto que é autoexplicável para um aluno
que chegou ao período em que você se encontra.

10  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 806.

capítulo 2 • 41
Assim, prezado aluno(a) leitor(a) chegamos num momento do nosso plano
de ensino em que acabamos por ressaltar os pontos mais importantes do crédito
tributário, dentro da abordagem a que se propõe este livro proprietário.
Começamos a falar do crédito tributário ainda no capítulo 1, quando no art.
139 verificamos que ele decorre da obrigação principal e terá a mesma natureza
desta, para chegarmos ao 193 aprendendo suas preferências sobre outros créditos.
Pela quantidade de artigos destinados pelo CTN para o tema, você compreen-
de a importância que o crédito tributário tem para a administração pública, uma
vez que representa os valores que o sujeito ativo tem a receber.
Garantido e preferencialmente regulamentado está neste momento do nosso
estudo o crédito tributário pelo CTN. Ocorre que somente isto não irá assegurar
ao sujeito ativo que o contribuinte ou o responsável tributário, de forma espon-
tânea, vá adimplir a sua obrigação tributária principal. Se não houvesse um meio
coercitivo para se alcançar esse adimplemento, por certo estaria para nascer o su-
jeito passivo com este perfil altruísta.
Dessa forma se vale a administração pública do seu poder de império para,
na forma apontada pelo CTN, proceder a fiscalização a fim de verificar o cumpri-
mento da legislação tributária em seu território.
É o nosso tema a seguir.

Administração tributária: conceito, legislação, prerrogativas

É imprescindível, indispensável que a fiscalização tributária seja realizada por


agentes públicos aos quais a legislação atribua competência para tanto, em cará-
ter geral ou especificamente, dentro da competência tributária distribuída pela
CRFB/88. Assim, fiscaliza aquele ente federativo que tem competência para insti-
tuir o tributo. A fiscalização é uma parte da Administração Tributária, visto que o
CTN a divide em outras duas, a Dívida Ativa e as Certidões, conforme verificare-
mos no transcorrer desse capítulo.
Neste momento é importante relembrarmos dois ensinamentos verificados
em Direito Financeiro e Tributário I:
•  Competência tributária: poder de tributar, poder fiscal ou poder de legis-
lar em matéria tributária é dado pela constituição. É indelegável;
•  Capacidade tributária ativa: é a função, prerrogativa, atribuição de arreca-
dar e fiscalizar tributos. É delegável. O ente que tem a competência tributária pode
delegar essa função desde que seja para uma pessoa jurídica de direito público.

capítulo 2 • 42
Dessa fiscalização, em caso de não cumprimento da legislação tributária, res-
tará a lavratura de um auto de infração, o qual sendo um ato da administração tri-
butária, só terá validade se praticado por quem tenha competência e legitimidade
para fazê-lo, conforme os arts. 194 ao 200 do CTN.
Então, vamos às regras básicas sobre a matéria encontradas no Título IV –
Administração Tributária, no que pertine à fiscalização.
O art. 194 chama logo a atenção no sentido de que a legislação dos entes
federativos deve obedecer ao disposto no CTN. Estabelece de plano o princípio
da legalidade e em seguida a observância do princípio da generalidade, ou seja,
ninguém deverá ficar excluído da fiscalização, mesmo aqueles que gozam de imu-
nidade ou isenção, até porque esses dois institutos se referem ao adimplemento da
obrigação tributária principal (pagar) e não a observância da obrigação acessória
(fazer ou não fazer) que ainda deve ser fiscalizada.
Chegando ao art. 195, encontraremos o que os doutrinadores chamam de
sigilo comercial. Cabe ao discente uma reflexão sobre o motivo da sua escrita em
1966, vez que essa inserção se baseou na proibição contida nos artigos 17, 18 e 19
da lei no 556 de 25 de junho de 1850 (Código Comercial) vigente à época, revo-
gados a partir de 2002 pelo novo Código Civil. Assim fica afastada a possibilidade
de invocação de qualquer outra lei que exclua ou limite o direito de examinar
mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais.
Cabe salientar a previsão legal da obrigação de guardar livros e documentos fiscais
até que ocorra a prescrição dos créditos tributários. Veja, ainda, que o parágrafo
único do artigo citado, não estipula o prazo de 5 anos (art. 174 do CTN), visto
que a prescrição pode ser suspensa ou até mesmo interrompida. Recomenda-se a
leitura das súmulas 70, 323 e 439, todas do STF.
Questão importante verificamos em relação ao art. 196 e seu parágrafo úni-
co na medida em que ele traz o marco inicial, ou o termo a quo, da fiscalização
quando exige que seja lavrado o início do procedimento fiscalizatório num dos
livros ou em caso de falta em documento próprio da fiscalização. Esse marco será
importante para a observância da ocorrência da decadência do direito de fiscalizar
visto no parágrafo único do art. 173 do CTN pelo sujeito ativo e, também, para o
sujeito passivo, visto que marcará a impossibilidade do benefício da apresentação
da denúncia espontânea pelo contribuinte ou responsável tributário. Nesse sen-
tido procure ler o art. 7o § 2o do Decreto no 72.235 de 6 de março de 1972, que
dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências.

capítulo 2 • 43
A doutrina aponta outro tipo de sigilo, agora imposto pelo art. 197. Trata-se
do dever de informar daquelas pessoas que possuem informações importantes
para que o fisco conclua sua fiscalização e nesse sentido o CTN autoriza que as
mesmas sejam intimadas por escrito a prestar essas informações. Da leitura dos in-
cisos do artigo, é fácil perceber o quanto essas pessoas são privilegiadas em relação
ao acesso dessas informações fiscais. Ocorre que seu parágrafo único traz em con-
trapartida a exceção a essa regra obrigacional, excetuando as pessoas que em razão
do seu ofício, leia-se, por exemplo, os advogados, ficam de fora desse dever legal.
O dever de informar encontra limite no denominado sigilo profissional pre-
visto no art. 197, parágrafo único do CTN e nos arts. 388 II e 404 IV do novo
CPC. A intimação de que trata o artigo é, na realidade, administrativa, vez que em
relação à intimação judicial todos, inclusive os citados nos incisos, estão obrigados
a prestar. Para melhor se profundar neste tema prestação de informações por parte
das empresas, o(a) leitor(a) deverá pesquisar a LC 105 de 10 de janeiro de 2001, e
o Decreto no 3.724 da mesma data que regulamenta o seu art. 6o, relativamente à
requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de informações referen-
tes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas equipa-
radas. Perceba que o dever de informar de terceiros não é obrigação acessória, tem
que estar previsto em lei e não em normas inferiores da legislação.
Fechando a visão doutrinária sobre os sigilos que devem ser observados duran-
te a fiscalização tributária, o art. 198 impõe, dessa vez, ao sujeito ativo, a Fazenda
Pública dos entes federativos o sigilo fiscal. Trata o artigo das vedações a divul-
gação de informações obtidas pelo privilégio do aceso à “saúde fiscal” das empre-
sas, o que, por óbvio, caso fossem divulgadas sem critérios agradaria demais aos
comerciantes concorrentes. Assim ao mesmo tempo em que assegura ao Fisco o
direito de penetrar nos domínios dos particulares, tomando conhecimento do que
se passa com seus patrimônios, o CTN no art. 198 em consonância com o art. 37
XVIII da CRFB/88 impede que tais conhecimentos cheguem até ao público em
geral, sob pena de se configurar o crime previsto no art. 154 do CP.
Assim, você deve se atentar às situações em que não se configura quebra de
sigilo fiscal, previstas no parágrafo 1o e 3o do artigo em comento. Questão inte-
ressante, verificada no parágrafo 2o, é o procedimento a ser adotado durante a
tramitação dessas informações, o que convenhamos, no nosso país precisamos
melhorar e muito. Para isso basta se lembrar dos “vazamentos” da operação Lava
Jato divulgado pela mídia a todo instante.

capítulo 2 • 44
Voltando à abordagem sequencial dos artigos, desde 1966 que o CTN já pre-
via o intercâmbio de informações entre as fazendas públicas de modo a combater
os ilícitos tributários, notadamente, a sonegação e a fraude. Assim o art. 199 traz
essa possibilidade de troca de informações. Neste sentido o(a) aluno(a) deverá
consultar a passagem sobre o tema Sigilo Fiscal na obra de Cláudio Carneiro 11,
incluindo com atenção a análise da utilização da prova emprestada e do histórico
do sigilo bancário no Brasil. Vale a pena conferir.
Neste momento chegamos ao término da regulamentação no CTN da fiscali-
zação tributária no art. 200 e para tal, entendeu o legislador que o agente público
no exercício regular do poder de polícia, caso sofra desacato ou embaraço por parte
da parte fiscalizada poderá se valer do auxílio da força pública para o cumprimento
de seu dever. A requisição é feita diretamente pela autoridade administrativa, não
havendo necessidade de intervenção judicial. O pressuposto de legitimidade da re-
quisição é o fato de haver sido a autoridade administrativa vítima de embaraço ou
desacato no exercício de suas funções ou também o fato de ser o auxílio da força
pública necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária. Não exige
o CTN, para que se possa ter lugar o uso da força pública, tenha havido crime ou
contravenção, basta dificultar a necessária efetivação. Assim é bom relembrar que:
Embaraço é qualquer forma de resistência à atividade fiscal. Não apenas a que
configure o delito de resistência, arts. 329 e 330 do CP.
Desacato é o crime previsto no art. 331 do CP.
Em contrapartida, a autoridade administrativa na cobrança de tributos está
vinculada à lei, sujeita as sanções penais previstas no crime de Excesso de Exação
conforme art. 316 do CP. Ressalte-se que essa é uma medida extrema. Neste caso a
observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade é fundamental
para justificar o pedido. Na prática, essa disposição legal é inoperante. Uma refle-
xão interessante poderá ser desenvolvida entre o uso da força pela administração
pública e o direito fundamental de não produzir provas contra si mesmo previsto
no art. 5o, inciso LXIII, da CRFB/88, permanecendo calado.
Então, leitor(a) de posse desses esclarecimentos sobre a fiscalização tributária
e outros verificados em relação às modalidades de lançamento tributário podemos
chegar às seguintes situações após uma inspeção dos auditores fiscais:
•  Observado o fiel cumprimento às normas tributárias, será procedida
a homologação expressa dos pagamentos antecipados sem prévio exame da

11  CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 820-828.

capítulo 2 • 45
autoridade administrativa, nos casos dos tributos lançados por essa modalidade
(art. 150 do CTN).
•  No caso de verificação de qualquer descumprimento às normas tributárias,
efetua-se o lançamento de ofício por revisão do fisco, por meio da lavratura de
um auto de infração.
Autuado o sujeito passivo poderá pagar ou não, concordando poderá impug-
nar de forma administrativa ou judicial.
Ultrapassada a fase da impugnação, saindo vencido o sujeito passivo e ultra-
passado o prazo para o adimplemento do crédito tributário, por lei ou por decisão
proferida em processo regular o referido crédito será inscrito no rol dos devedores
da fazenda pública.

Dívida ativa e cobrança do crédito tributário administração tributária:


conceito, legislação, prerrogativas

Conceito, legislação, prerrogativas

Assim, Dívida Ativa é o conjunto de créditos tributários ou não tributários da


entidade de direito público. É tudo aquilo que a entidade tem a receber (multas,
tributos, indenizações, reparações etc.).
Para nós o que interessa neste momento é a Dívida Ativa Tributária que está
disciplinada nos arts. 201 a 204 do CTN.
O crédito é levado à inscrição em dívida ativa depois de definitivamente cons-
tituído. A inscrição não é ato de constituição do crédito tributário, pressupõe, isto
sim, que este se encontre regular e definitivamente constituído, ainda que se tenha
esgotado o prazo fixado para seu pagamento. Mesmo depois de inscrito, o crédito
tributário continua a render juros de mora, conforme art. 201 do CTN. Sugere-se
a leitura dos arts. 1o § 2o e 2o §1o ambos da LEF para sedimentar o entendimento.
O art. 202 do CTN e art. 1o § 5o da LEF, com redação similar, mostram todas
as formalidades legais que devem ser observadas por ocasião da inscrição de um
crédito tributário inadimplido em dívida ativa, ou seja, na Certidão de Dívida
Ativa (CDA) vez que se trata de um título extrajudicial que instrumentalizará a
Ação de Execução Fiscal (AEF) e, conforme, o art. 203 a inobservância de qual-
quer um desses requisitos formais dá causa à nulidade da CDA e do processo de
cobrança dela decorrente. Entretanto ao final o artigo esclarece que esta nulidade

capítulo 2 • 46
poderá ser sanada até a decisão de 1a instância. Nesse sentido é bom ler a súmula
392 do STJ.
Fechando os aspectos relativos à dívida ativa no art. 204 verificamos a presun-
ção relativa (juris tantum) da CDA, ratificado pelo art. 3o da LEF. Neste sentido
poderá o sujeito passivo provar mesmo inscrito em dívida ativa, por meio de com-
provantes de pagamento, por exemplo, que ele não deve nada e assim não deveria
ter sido inscrito na dívida ativa. Nesse caso, ter-se-á afastada a presunção relativa.
Se a presunção fosse absoluta (juris et de jure) de nada adiantaria a apresentação
dos comprovantes de pagamento.
Encerrado este tópico no qual tratamos da dívida ativa e da CDA, você lei-
tor(a) na disciplina Direito Administrativo I, no seu Plano de Ensino, na Unidade
XIV, conforme planos de aula 13 e 14, verificou os aspectos inerentes ao procedi-
mento (processo/certame) licitatório, segundo as regras da lei no 8.666 de 21 de
junho de 1993. Aproveite agora e relembre o art. 43:

A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:


I. Abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos
concorrentes, e sua apreciação.
II. Devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as res-
pectivas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua denegação.
III. Abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados, des-
de que transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência
expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos.

Nessa toada, qual seja, a de apresentar a documentação relativa à habilitação


dos concorrentes, é que entraremos no tema certidões que interessam ao sujeito
passivo, visto que a CDA de interesse do sujeito ativo foi verificada na abordagem
anterior.
Certa a necessidade de comprovação da “saúde fiscal” da empresa, dentre ou-
tros requisitos apontados no edital, o licitante precisa buscar na Fazenda Pública a
prova da quitação de determinado tributo. Dessa forma, o art. 205 do CTN nos
apresenta a certidão negativa, documento este solicitado pelo sujeito passivo e
expedido pela autoridade fazendária, que atenderá a um dos ditames do documen-
to convocatório ao certame, quando assinala a comprovação dos pagamentos dos
tributos afetos àquela fazenda pública.

capítulo 2 • 47
Resumindo, os arts. 205 e 206 nos apresentam as três possibilidades de certi-
dões: a positiva, a negativa e a positiva com efeitos negativos.
Para simplificar pense no sentido de que a resposta do sujeito ativo à pergunta
“devo algum tributo?” é o que interessa para definir de que certidão se trata.
Dessa forma se a resposta for “sim você deve” tributo, a certidão será positiva
e com essa certidão você estará inabilitado em qualquer procedimento licitatório.
No caso de a resposta ser “você não deve”, estaremos diante de uma certidão
negativa, a qual, em termos fiscais, estará habilitando você a participar de qual-
quer licitação.
O ato de recusa da certidão negativa, sem que exista débito vencido, pode ser
entendido como uso de meio ilegal para compelir o sujeito passivo ao pagamento
do tributo, e assim pode configurar o crime de excesso de exação, definido no art.
316 I do CP, com a redação que lhe confere a lei no 8.137 de 27 de dezembro
de 1990.
Resta somente a certidão positiva com efeitos negativos, prevista no art. 206,
ou seja, aquela que demonstra que você deve, entretanto mostra que você é um
devedor diferenciado, porque impugnou administrativamente ou judicialmente,
realizou o depósito para discutir a cobrança do crédito, enfim, está amparado por
uma das causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, abordadas no
art. 151 do CTN ou são créditos ainda não vencidos, se o crédito tributário não
está vencido não se pode dizer que você é inadimplente.
O art. 207 nessa trilha traz um permissivo legal que dispensa a apresentação das
certidões para evitar a caducidade do direito de o licitante participar do certame.
Ao término, no art. 208, o CTN prevê a tipificação da responsabilidade pela
emissão de certidão com dolo ou fraude.
O professor Anderson Madeira em sua obra, de maneira simples e objetiva
trata muito bem deste tema, fazendo, inclusive, menção aos dispositivos do CP 12.
Veja a nota de rodapé e dê uma lida na obra.
Após verificarmos as questões que envolveram a dívida ativa, trataremos a
seguir dos aspectos pertinentes ao aperfeiçoamento da tutela jurisdicional decor-
rente de demandas existentes entre o seu fisco e seus devedores. Assim passaremos
a tratar de que maneira o fisco, via ação, consegue resguardar o patrimônio do de-
vedor para eventual utilização, mediante penhora, no processo de execução fiscal.

12  MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF de 20/6/2008
e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008. p. 243.

capítulo 2 • 48
Medida cautelar fiscal: legislação. Requisitos, objeto, procedimento e registro

A Medida Cautelar Fiscal, criada por meio da lei 8.397 de 6 de janeiro de


1992 tem o objetivo de indisponibilizar bens do devedor, até o limite do valor exi-
gido, a fim de se evitar que o Estado seja lesado, pelo sujeito passivo inadimplente,
na fase administrativa ou judicial de cobrança do crédito tributário. A Fazenda
Pública, via Medida Cautelar Fiscal, consegue resguardar o patrimônio do deve-
dor para eventual utilização, mediante penhora, no processo de execução fiscal. A
cautelar fiscal é especialmente útil como medida paralela a um longo processo de
discussão administrativa dos créditos apurados pelo fisco ou quando for identifi-
cada a probabilidade de alienação patrimonial por parte do devedor.
É uma ação de titularidade da Fazenda Pública cujo objetivo é decretar a in-
disponibilidade de bens e direitos do sujeito passivo da obrigação tributária, preci-
puamente quanto este tem a intenção de frustrar o pagamento da dívida.
Muitos dizem que a lei no 8.397/92 não fez mais que proteger os créditos das
Fazendas Públicas, beneficiando assim a coletividade em detrimento do devedor.
Seria uma medida de proteção, benéfica e eficaz, capaz de evitar o famoso "ganhou
e não levou", tão comum em nossos tribunais. Situação esta verificada quando o
sujeito passivo se tornou “hipossuficiente” ao final do processo de execução venci-
do pela fazenda pública.
A cautelar pode ser ajuizada a partir do lançamento, sem ressalvas, desde que
o devedor tente iludir, privar o pagamento da dívida. Pode, também, ser proposta
sem que tenha havido a constituição do crédito tributário, como disciplina o pará-
grafo único do art. 1o da lei, caso o devedor, notificado pela Fazenda para que pro-
ceda ao recolhimento do crédito fiscal, ponha ou tente pôr seus bens em nome de
terceiros ou os aliene sem proceder à devida comunicação ao órgão competente,
quando exigível em virtude de lei.
De acordo com seu art. 1o, o procedimento cautelar fiscal poderá ser instau-
rado desde a constituição do crédito e até durante todo o trâmite da execução
judicial da dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e respectivas autarquias. E, neste sentido no período compreendido entre 1992 e
2005, a cautelar fiscal foi bastante eficaz. Recomenda-se a leitura da lei, nos seus
20 artigos.
A partir de 2005 com o advento da LC 118, que alterou o Código Tributário
Nacional, sua utilidade diminuiu um pouco, vez que a inovação trazida pelo

capítulo 2 • 49
legislador esvaziou parcialmente a função da referida medida, exatamente quando
ajuizada durante a tramitação do processo de execução fiscal.
Relembrando a novidade trazida, verificamos que art. 185-A do CTN foi con-
cebido exatamente para as situações em que já tramita a ação do fisco. Aproveitou
e inseriu, também, no âmbito tributário uma inovação que vinha trazendo bons
resultados na esfera trabalhista e que hoje também já está incorporada ao Código
de Processo Civil brasileiro, a chamada de "penhora on-line". Por senão vejamos:

Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar


bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz de-
terminará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, prefe-
rencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito
de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

Como é possível observar, ambas as medidas têm o mesmo objetivo, que é ga-
rantir que o crédito tributário seja satisfeito a partir da indisponibilidade de bens
e direitos que é imposta ao devedor. Daí surgir, neste momento uma pergunta: a
utilização da medida cautelar fiscal após o advento do art.185-A do CTN perdeu
o sentido de existir? Pense.
Resposta: a partir de uma simples interpretação literal pode-se concluir que
a "penhora on-line" só pode ser ajuizada após o início da execução da dívida ativa
por parte da fazenda pública. Além disso, tal regra só é aplicável caso o devedor
seja devidamente citado, não pague nem apresente bens à penhora no prazo
legal e, além disso, o oficial de justiça não encontre bens penhoráveis. Somente
se ocorrer tal conjunto de fatos poderemos aplicar a penhora on-line e ficará
inviabilizada a medida cautelar do fisco, pois é muito mais eficaz a aplicação
do art. 185-A, visto que pode ser determinada até mesmo de ofício pela autorida-
de judicial.

Dessa forma, a utilização da medida prevista na lei 8.397/92, a medida cau-


telar fiscal ficou mitigada, ou seja, abrandada, a partir de 2005. Para concluirmos
este subitem, faça uma reflexão sobre a passagem a seguir, relendo os artigos en-
volvidos e tentando responder a indagação adiante.
Utilizar-se-á a medida acautelatória sempre que o devedor não seja encon-
trado, pois caso isso aconteça, o juiz não pode determinar a indisponibilidade de

capítulo 2 • 50
bens e direitos com fulcro no art. 185-A do CTN, pois um dos pressupostos para a
aplicação da regra do Código Tributário é que o devedor seja devidamente citado.
O art. 40 da LEF diz que o juiz suspenderá o curso da execução enquanto não
for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora
e, durante esse período, ficará também suspenso o prazo de prescrição.
Porém, no mesmo artigo, o seu § 4o, determina que se da decisão que ordenar
o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decre-
tá-la de imediato.
Ainda neste sentido também é o enunciado da súmula no 314 do Superior
Tribunal de Justiça:

Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por


um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.

Diante do quadro apresentado indaga-se: qual seria a utilidade da cautelar


fiscal? Teria, ainda, alguma utilidade ou não?
Resposta: diante de uma situação assim, a Fazenda Pública, por meio dos
seus procuradores, deve ajuizar a medida cautelar fiscal, visando evitar a suspensão
da execução fiscal, pois caso isso ocorra, o fisco será o maior prejudicado e, con-
sequentemente, todos nós. A proposição da cautelar é imprescindível para evitar
que a prescrição intercorrente seja decretada pelo juiz e o crédito tributário fique
insatisfeito. A medida é útil por ser o único meio de evitar que o processo seja
suspenso, uma vez que não é possível utilizar a "penhora on-line".
Resumindo, apesar de ter perdido um pouco de sua utilidade, a medida cau-
telar fiscal ainda tem muita importância, na medida em que visa garantir que a
Fazenda Pública operacionalize de forma efetiva a execução e consiga arrecadar
o montante devido, conforme os princípios da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado e da indisponibilidade do interesse público.

Arrolamento administrativo: legislação

Neste momento de forma proposital haverá inversão na apresentação do con-


teúdo. Citaremos o arrolamento administrativo para depois concluir as medidas
a cargo da administração tributária para buscar a satisfação do seu crédito com as
questões que envolvem a Ação de Execução Fiscal.

capítulo 2 • 51
Permanecendo firme no objetivo de resguardar o patrimônio do devedor para
uma eventual utilização, mediante penhora, no processo de execução fiscal, cinco
anos após a criação a medida cautelar a lei no 9.532 de 10 de dezembro de 1997
no seu art. 64 inovou o sistema jurídico tributário ao introduzir o instituto do ar-
rolamento administrativo de bens e direitos do sujeito passivo sempre que o valor
dos créditos tributários de sua responsabilidade for superior a trinta por cento
do seu patrimônio conhecido.
Tal instituto permite que a Administração Pública relacione os bens de seus
devedores e acompanhe a evolução patrimonial dos mesmos, a fim de resguardar
uma futura execução fiscal. Em tese, tal arrolamento não implica imobilização
patrimonial, isto é, o sujeito passivo que tem seus bens arrolados não está impe-
dido de aliená-los, onerá-los ou transferi-los, desde que comunique previamente
tal situação à Fazenda Nacional, conforme o art. 64, parágrafo 3o da referida lei.
Recomendo a leitura da Instrução Normativa no 1.565 de 11 de maio de 2015
que estabelece os procedimentos para o arrolamento de bens e direitos e a repre-
sentação para a propositura de medida cautelar fiscal, a fim de sedimentar o tema.

Execução fiscal: aplicação do CPC e procedimento

Ações de iniciativa dos entes da Federação ou exacionais

Até aqui vimos dois mecanismos um judicial e outro administrativo utilizados


pelo sujeito ativo que buscam garantir a satisfação do seu crédito com as questões
que envolvem a Ação de Execução Fiscal.
A partir de agora iremos verificar o mecanismo processual de que se vale o
sujeito ativo para compelir o sujeito passivo a adimplir o crédito tributário na
via judicial.
Ultrapassada a fase administrativa em que o sujeito passivo por si só postulou
junto ao sujeito ativo as questões do seu interesse e caso tenha sido vencido num
PAF (tema do próximo capítulo), esse contribuinte ou responsável ainda pode
impetrar judicialmente ações para garantia de seus direitos, neste caso, precisará da
capacidade postulatória de um advogado (tema dos próximos capítulos).
Numa posição inversa, caso a Fazenda Pública seja vencida na fase administra-
tiva, não poderá mais exigir o crédito tributário.

capítulo 2 • 52
Entretanto se o sujeito ativo for vencedor do embate administrativo e o su-
jeito passivo não satisfizer o crédito tributário, poderá o sujeito ativo utilizar a
via judicial, por meio de seus procuradores, para exigir o que lhe é devido.
Para alcançar esse objetivo a Fazenda Pública precisa primeiro inscrever o su-
jeito passivo em dívida ativa; em seguida, existindo a resistência ao pagamento
pelo sujeito passivo, deverá extrair uma CDA, vista por nós em tópicos anteriores
(arts. 201 ao 204 do CTN), e aí sim propor uma Ação de Execução Fiscal (AEF)
conforme preconiza a lei no 6.830 de 22 de setembro de 1980 que dispõe sobre
a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública e dá outras providências,
mais conhecida como Lei de Execução Fiscal (LEF).
A LEF, atualizada em 2014, tem poucos artigos (42 somente) e é de fá-
cil assimilação.
É importante entendê-la porque será por ela que a procuradoria da fazenda
pública irá ajuizar a ação que iniciará o processo de execução que visa compelir o
devedor tributário a pagar.
Reflita: conhecendo as “armas” e “entendendo a sua utilização pelo procura-
dor” da fazenda pública, por certo a sua defesa, colega advogado, será mais técnica,
efetiva e possivelmente vencedora.
Vejamos alguns pontos importantes da Ação de Execução Fiscal:
•  Protocolada a petição inicial do sujeito ativo, instruída com a CDA, no juí-
zo da execução, terá como pedido a citação do devedor conforme o art. 4o da LEF
para o imediato pagamento de sua dívida sob pena de penhora de bens quantos
bastem para cobrir o débito ajuizado e as despesas de acordo com o art. 6o da LEF;
•  Após a distribuição, o juiz defere ou indefere o pedido;
•  Deferido o pedido pelo juiz determinará, conforme art. 7o da LEF;
– A citação do devedor.
– A penhora de bens, caso o SP não pague ou não garanta a execução por
meio de depósito ou fiança.
– O arresto quando o SP executado não tiver domicílio ou dele se ocultar.
•  O despacho que ordenar a citação interrompe a prescrição. (arts. 8o § 2o
da LEF);
•  Atenção citado o devedor terá 5 dias para pagar o crédito tributário com
juros, multa de mora e demais encargos ou garantir a execução. (arts. 8o da LEF);
•  Neste ponto o devedor tributário pode: (arts. 9o a 15 da LEF);
– Pagar extinguindo o CT e a execução.
– Pagar parte que entende justa, garantindo o saldo remanescente.

capítulo 2 • 53
– Garantir a execução e embargar. (em reais, fiança bancária ou nomear
bens à penhora.)
•  Garantida a execução o devedor é intimado para embargar no prazo e 30
dias. (art. 16 da LEF);
•  Em seguida, temos a impugnação dos embargos, se for o caso, pela procu-
radoria da fazenda pública (art. 17 da LEF);
•  Prosseguindo o rito haverá a audiência de Instrução e Julgamento. (art. 17
parágrafo único e 33 da LEF);
•  Se a sentença for desfavorável à fazenda pública ocorrerá a extinção do
crédito tributário ou se for o caso, início de outra AEF com uma nova CDA.
•  Se a sentença for favorável à fazenda pública, haverá a arrematação (art.
22 a 24 da LEF) ou pagamento pelo sujeito passivo, ocasionando a extinção do
crédito tributário.

Ao término deste subitem, fica a sugestão de uma pesquisa no sentido de ve-


rificar qual o impacto causado pelo novo CPC na LEF.
Converse com seus colegas de turma e verifique se existe ou não um des-
compasso entre os dois diplomas legais. Na dúvida peça orientação do professor
desta disciplina.

ATIVIDADES
01. CESPE – 2008 – OAB-SP – Exame de Ordem – 2 – Primeira Fase/Direito Tributário/
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
Assinale a opção correta a respeito das garantias e privilégios do crédito tributário.
a) O rol das garantias do crédito tributário, previsto no CTN, é meramente exemplificativo.
b) Todos os bens do sujeito passivo respondem pelo crédito tributário, mesmo os hipoteca-
dos ou penhorados, salvo se o ônus real for anterior à constituição do respectivo crédito.
c) Reputam-se extraconcursais os créditos tributários passíveis de concurso de preferên-
cias entre as pessoas jurídicas de direito público.
d) Em quaisquer hipóteses, o crédito tributário tem preferência em relação ao crédito com
garantia real.

capítulo 2 • 54
02. CESPE – 2008 – OAB-SP – Exame de Ordem – 3 – Primeira Fase/Direito Tributário/
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
Acerca das disposições do CTN quanto às garantias e privilégios do crédito tributário,
assinale a opção correta.
a) A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza da obriga-
ção tributária correspondente.
b) Todos os bens e rendas do devedor respondem pelas dívidas tributárias, com exceção
dos imóveis residenciais gravados por hipoteca.
c) Nas execuções comuns, os créditos tributários sempre preferem a quaisquer outros, seja
qual for a natureza ou o tempo de constituição.
d) No processo falimentar, a multa tributária não goza de quaisquer preferências processuais.

03. CESPE – 2010 – OAB – Exame de Ordem Unificado – 1 – Primeira Fase –Jun/2010/
Direito Tributário/Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
Assinale a opção correta acerca das garantias e privilégios do crédito tributário.
a) De acordo com o CTN, as garantias atribuídas ao crédito tributário alteram a sua nature-
za bem como a da obrigação tributária correspondente.
b) A cobrança judicial do crédito tributário, embora não se subordine a concurso de credo-
res, está sujeita à habilitação em falência, recuperação judicial, inventário ou arrolamento.
c) Denominam-se concursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores acon-
tecidos durante processo falimentar, bem como após a extinção deste.
d) No processo falimentar, o crédito tributário não prefere às importâncias passíveis de
restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do
valor do bem gravado.

04. CESPE – 2009 – OAB – Exame de Ordem Unificado – 2 – Primeira Fase – Set/2009/
Direito Tributário/Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
A alienação ou oneração de bens ou rendas por sujeito passivo em débito tributário inse-
rido na dívida ativa para com a fazenda pública presume-se fraudulenta
a) se não tiverem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total paga-
mento da dívida.
b) somente se o ato ocorrer quando já em execução a dívida ativa regularmente inscrita.
c) independentemente de dispor o devedor de outros bens ou rendas suficientes ao total
pagamento da dívida.
d) ainda que o ato seja anterior à inscrição do débito na dívida ativa.

capítulo 2 • 55
05. FGV – 2010 – OAB – Exame de Ordem Unificado – 2 – Primeira Fase – Set/2010/
Direito Tributário/Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
Delta Ltda. teve sua falência decretada em 11/1/2010. Delta tinha um imóvel hipoteca-
do ao Banco Junior S/A, em garantia de dívida no valor de R$ 1.000.000,00. O imóvel está
avaliado em R$ 1.200.000,00. A Fazenda Pública Estadual tem créditos a receber de Delta
Ltda. relacionados ao ICMS não pago de vendas ocorridas em 3/1/2008.
Com base no exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A Fazenda tem direito de preferência sobre o credor com garantia real, em virtude de
seus privilégios.
b) A Fazenda não pode executar o bem, em função de ter havido a quebra da empresa,
prevalecendo o crédito com garantia real.
c) A Fazenda tem direito de preferência uma vez que a dívida tributária é anterior à hipoteca.
d) A Fazenda respeitará a preferência do credor hipotecário, nos limites do valor do crédito
garantido pela hipoteca.

06. Imagine que seu vizinho lhe faça a seguinte colocação:


Em 2010 comprou um imóvel por meio de mútuo imobiliário junto à instituição bancária
oficial para ele e sua família. Como garantia de pagamento do mútuo, o imóvel foi gravado
com uma hipoteca em favor da instituição bancária. Todavia, desde 2015, quando ficou de-
sempregado , deixou de pagar o IPTU e as prestações sobre o referido imóvel.
O Município onde está localizado o imóvel ingressou com execução fiscal para cobrar o
débito de IPTU e requer a penhora sobre o imóvel do seu vizinho.
Sabendo que você está prestes a se formar no curso de Direito lhe pergunta se pode
“perder” o imóvel. Diante disso, qual o seu posicionamento?

07. Em sede de embargos à execução fiscal, determinado executado, comprovou documen-


tadamente, que havia efetuado o pagamento de parcelas do crédito tributário, constante do
parcelamento realizado com a Fazenda Pública. Em tal peça, esclarece o contribuinte que foi
demitida de seu emprego há quatro meses, momento a partir do qual deixou de adimplir seu
parcelamento.
Ocorre que a Fazenda estava executando-a pelo valor total, e ela alegou que o título
fazendário era nulo, pois continha excesso de execução. Pergunta-se:
a) É nula a certidão de dívida ativa?
b) A nulidade no Direito Tributário é semelhante à nulidade no Direito Civil?
c) Se estivéssemos em sede de apelação a nulidade ainda poderia ser sanada?

capítulo 2 • 56
08. Determinado auditor da Secretaria da Receita Federal do Brasil no desempenho das
suas funções no acompanhamento do patrimônio suscetível de ser indicado como garantia
de crédito tributário de um contribuinte arrola a totalidade dos seus bens. O contribuinte toma
conhecimento do Termo de Arrolamento de Bens e Direitos e lhe procura na qualidade de
advogado. Partindo dessa situação hipotética, qual o fundamento legal que você irá utilizar
para o ajuizamento da peça processual cabível?

REFLEXÃO
Neste capítulo, começamos nossos estudos pela garantia e privilégios do crédito tribu-
tário, suas preferências e as alterações verificadas no CTN a partir de 2005 que passaram
a prestigiar a recuperação da empresa em dificuldades financeiras, preterindo o crédito tri-
butário de forma que outros credores fossem atendidos de forma a não parar as atividades
empresárias daquela unidade de empregos. Ao final, mesmo com essas mudanças fica pa-
tente toda a preocupação do legislador em regulamentar no CTN as garantais e privilégios
do adimplemento do crédito tributário, questão essa de suma importância por se tratar da
receita derivada mais importante para as finanças públicas, as de origem tributária.
Ultrapassada esta fase, partimos para verificar de que modo deve ser feita a adminis-
tração tributária que dentre seus objetivos visa à fiscalização, à inscrição em dívida ativa e à
emissão de certidões.
Depois, verificamos de que forma a fazenda pública poderá buscar os créditos tributários
não adimplidos por meio de dois mecanismos, um judicial e outro administrativo que buscam
a satisfação do seu crédito com as questões que envolvem a Ação de Execução Fiscal.
Ao final conhecemos a Ação de Execução fiscal, mecanismo processual de que se vale
o sujeito ativo para compelir o sujeito passivo a adimplir o crédito tributário na via judicial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
TORRES, Ricardo. Curso de direito financeiro e tributário. 13. ed. atual. até a publicação da Emenda
Constitucional no 48 de 10/8/2005, e a LC no 118, de 9/2/2005. Rio de Janeiro: Renovar. 2006.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 788.
MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até Súmula vinculante no 8 do STF
de 20/6/2008 e Súmula no 360 do STJ de 21/8/2008.

capítulo 2 • 57
capítulo 2 • 58
3
Processo
administrativo e
judicial tributário
Processo administrativo e judicial tributário
Ao término do capítulo 2, conhecemos as garantias e privilégios que cercam
o crédito tributário dentro das mudanças implementadas a partir de 2005 pela
LC no 118.
Após o entendimento da importância do crédito tributário para o sujeito ati-
vo, o que motivou o legislador infraconstitucional a dedicar mais de 50 artigos no
CTN, nos deparamos com os ensinamentos sobre a fiscalização do adimplemento
deste crédito.
Finalizamos conhecendo a Ação de Execução fiscal, mecanismo processual
de que se vale o sujeito ativo para compelir o sujeito passivo a adimplir o crédito
tributário na via judicial, e também a cautelar fiscal medida é especialmente útil
como paralela a um longo processo de discussão administrativa dos créditos apu-
rados pelo fisco ou quando for identificada a probabilidade de alienação patrimo-
nial por parte do devedor.

OBJETIVOS
•  Apreender princípios e normas relativas ao processo tributário administrativo;
•  Verificar as peculiaridades da doutrina e jurisprudência relativas ao processo tributário ad-
ministrativo e judicial;
•  Aplicar os conhecimentos a situações concretas relativas ao processo tributário adminis-
trativo e judicial.

Processo administrativo tributário

Princípios constitucionais aplicáveis: comuns ao processo e ao procedimento,


comuns ao processo judicial e específicos

Após discorrermos sobre a Dinâmica Tributária, ou seja, a linha do tempo na


qual graficamente verificamos o nascimento, o desenvolvimento e o desapareci-
mento da obrigação tributária, objeto de capítulos anteriores e que se aplicam a
todas as espécies tributárias (impostos, taxas, contribuição de melhoria, emprés-
timos compulsórios e contribuições especiais ou para fiscais), passaremos a partir

capítulo 3 • 60
de agora a abordamos os instrumentos administrativos colocados à disposição do
sujeito passivo para se insurgir contra a cobrança de exigência fiscal que no enten-
der do sujeito passivo é injustificada.
Para uma melhor abordagem, iniciaremos relembrando os ensinamentos
da disciplina Direito Administrativo, ocasião em que foi visto o que é controle
administrativo.
Das palavras dos doutrinadores citados pelos docentes da disciplina podemos
inferir, minimamente, que o controle administrativo:

É exercido pelo Executivo e demais poderes para manter suas atividades dentro do
que preconizam as leis.
Também é exercido pelo povo através dos instrumentos outorgados pela CRFB/88,
possibilitando, assim, o chamado controle popular.

De posse desses entendimentos, fica fácil depreender o quanto é importante


a participação do administrado nessa tarefa de controle de legalidade dos atos
administrativos.
Em particular, no nosso caso, na seara tributária, bem mais importante se
torna essa tarefa na medida em que esses atos afetam diretamente o patrimônio do
administrado, agora sujeito passivo de uma relação jurídica tributária conforme
acima relembrado.
Doutrinariamente, conforme já foi verificado, o controle administrativo pode
ser exercido de forma externa e interna.

Internamente esse controle é denominado de autocontrole sendo exercitado


por meio de mecanismos próprios dentro da estrutura dos entes federativos.
No nosso caso, na área tributária, o art. 5o incisos LIV, LV, LVI da CRFB/88
nos autoriza a utilização da via administrativa para o questionamento de créditos

capítulo 3 • 61
fiscais fruto da discordância do contribuinte, que ele entende ser injustificada,
conforme citado nas primeiras linhas desse capítulo.
O processo administrativo fiscal é sem sombra de dúvidas o mais importante
dos processos administrativos. Neste ponto se faz necessário trazer à baila uma ve-
lha discussão do que é processo e o que é procedimento, visto que não são poucas
as vezes em que se critica a expressão processo administrativo.
Nesse sentido, o processo é composto por um rito que é o procedimento,
que via de regra, obedece a cinco fases, que são: instauração, instrução, defesa,
relatório e julgamento.13
Ainda acompanhando Cláudio Carneiro, citando Cássio Bueno Scarpinalla ve-
rificamos que: O processo, enquanto instituição jurídica, não é fenômeno inerente
ou exclusivo do exercício da Jurisdição, assim compreendida atuação do Poder
Judiciário. Estamos convencidos de que processo é inerente ao atuar do Estado,
independentemente de sua função preponderante: tanto o Poder Judiciário emite
seus atos (as sentenças e acórdãos para solução de lides) mediante processo, como
o Poder Legislativo emite seus atos (as leis) mediante processo, o que é imposto
pelo Art. 59 da CRFB/8814.
Dessa forma não fugiremos da boa técnica se passarmos, doravante, a consi-
derar no âmbito administrativo a expressão processo administrativo para falarmos
dos processos: licitatório, disciplinar e no nosso caso do processo administrativo
fiscal (PAF).
Cabe aqui, rapidamente, para enxugar outras discussões, fazer outra pequena
ressalva quanto ao processo administrativo ser fiscal e não tributário para fechar-
mos este subitem e assim perfilando-nos mais uma vez ao Cláudio Carneiro apren-
deremos que: Pelo fato de tal processo abranger dois tipos de créditos distintos
(tributário e não tributário), melhor seria a utilização da nomenclatura adotada
pelo direito francês (Lê Droit Fiscal), ou seja, o Processo Administrativo Fiscal,
doravante chamado de PAF15.
Dentro do chamado PAF, encontraremos duas espécies distintas, quais sejam,
o processo administrativo contencioso e os meros procedimentos. Para come-
çar buscando a etimologia da expressão contencioso, vamos encontrar os sinôni-
mos: duvidoso, dúbio, incerto, litigioso.
Outra situação interessante para este início é relembrar que no sistema francês,
berço do direito administrativo, se admite uma dualidade de jurisdições: a comum
13  CARNEIRO. Cláudio. Processo Tributário Administrativo e Judicial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 2.
14  Cf. CARNEIRO, obra citada, p. 2.
15  CARNEIRO, Cláudio. Processo Tributário Administrativo e Judicial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 3.

capítulo 3 • 62
(tribunal judiciário), e a administrativa (tribunal administrativo), fazendo as deci-
sões em âmbito administrativo promoverem coisa julgada (decisão conclusiva). Já
no Brasil, encontramos o sistema de controle judicial ou de jurisdição única com
a ressalva da passagem existente no art. 156 IX do CTN que se constitui numa
exceção ao sistema de jurisdição una:

Extinguem o crédito tributário:


IX. A decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita admi-
nistrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória.

Depois desses argumentos iniciais fica mais uma vez reforçada a ideia de que
o processo administrativo fiscal é sem sombra de dúvidas o mais importante dos
processos administrativos, vez que nele se questiona a legalidade do crédito exis-
tente através do lançamento.
Todavia, outros instrumentos administrativos existem e assim poderá o sujeito
ativo se valer para buscar a solução de outras situações que não envolvem, neces-
sariamente, uma questão litigiosa. Esses instrumentos são chamados pela doutrina
de meros procedimentos e dentre eles destacamos as espécies:
•  A consulta sobre a interpretação e aplicação da legislação tributária;
•  O pedido de restituição do que foi pago indevidamente;
•  O pedido de reconhecimento de isenção e imunidade;
•  Pedido de inclusão no Simples Nacional;
•  Pedido de parcelamento e débitos;
•  A denúncia espontânea.

Destacaremos a seguir duas características do Processo Administrativo Fiscal


para sua melhor compreensão.
A primeira nos leva a inexistência de uma relação triangular. Isso acontece
na medida em que a Administração Pública é parte e julgador ao mesmo tempo.
Daí surgir por conta de parte da doutrina a discussão mencionada no que diz res-
peito a ser processo ou procedimento visto que não existe a famosa relação: autor,
réu e julgador.
A segunda característica do PAF é não possuir caráter expropriatório. Dessa
forma, caso a decisão seja favorável ao sujeito ativo, ou seja, para a Administração
Pública o crédito tributário só poderá ser exigido por meio da via judicial no bojo

capítulo 3 • 63
de uma Ação de Execução Fiscal, sede em que o juiz da execução poderá sim, ago-
ra, alcançar o patrimônio do sujeito passivo pela penhora de seus bens.
Com relação à composição, a tramitação do PAF, este se desenvolve dentro
de uma estrutura da Administração Julgadora similar a encontrada na função ju-
dicante do Poder Judiciário. Começamos numa primeira instância composta por
órgãos singulares, sem hierarquia com os órgãos lançadores e se vencido o sujeito
passivo poderá se valer da segunda instância formada por órgãos colegiados de
representação paritária – membros da Fazenda e dos contribuintes) e por fim, a
instância especial.
A respeito da lei de regência (verificaremos adiante), cada pessoa política esta-
belece as normas sobre o PAF.
Chegando aos princípios norteadores do PAF, verificamos que no seu patamar
atual, os princípios passaram a ser tratados como normas jurídicas, concepção
segundo a qual os colocamos, como espécies do gênero norma, convivendo com
as regras, também espécies dessas mesmas normas.
Consolidando o que foi dito, a lei maior traz os seguintes princípios que de-
verão ser observados na instauração do PAF.
A seguir faremos uma indicação rápida desses princípios porque a sua imersão
já foi realizada na disciplina Direito Constitucional.
São eles:
•  Publicidade, art. 5o LX e 93 IX CRFB/88;
•  Imparcialidade do julgador ou do juízo natural, art. 5o XXXVII CRFB/88;
•  Inafastabilidade do Poder Judiciário e a vedação do solve et repete. (pa-
gue e depois reclame), art. 5o XXXVCRFB/88;
•  Motivação das decisões, art. 93 IXCRFB/88;
•  Devido processo legal e seus consectários, art. 5o LIV e LVCRFB/88.

Ultrapassada essa fase dos princípios constitucionais passemos agora a tratar


dos princípios infraconstitucionais que orientam o PAF.
São eles:
•  Legalidade: o processo Administrativo Fiscal é instaurado tanto com base
na lei (Dec. no 70.235/72) como para preservá-la;
•  Oficialidade: significa dizer que uma vez instaurado, mesmo que o SP per-
maneça inerte o sujeito ativo tem que impulsioná-lo até a decisão final conforme
resulta a leitura do art. 142 do CTN;

capítulo 3 • 64
•  Informalidade: significa dizer que o sujeito passivo não precisa de repre-
sentação de advogado. São exigidas apenas algumas formalidades para garantir a
certeza e a licitude do procedimento. Confira a explicação lendo o TÍTULO III
DAS NULIDADES do novo CPC em seu art. 277;
•  Verdade material ou liberdade de prova: diferentemente do processo ju-
dicial em que valem as provas trazidas ao processo pelas partes (verdade formal-
CPC), aqui no PAF o que se busca é a verdade material. Confira essa busca com a
leitura dos incisos (quando se comprove) do art. 149 CTN, ou seja, poderão o su-
jeito ativo e/ou sujeito passivo, independentemente de requerimento, a qualquer
tempo, produzir provas, visando apurar a verdade dos fatos. Dessa busca surge
uma novidade para nós que é a possibilidade da revisibilidade do lançamento nos
casos previstos no Art. 149 do CTN, ou seja, não há a vedação para o reformatio in
pejus. Assim, respeitado o contraditório e a ampla defesa, enfim princípios ineren-
tes, o sujeito ativo pode se apurar alguma prova contra o sujeito passivo, utilizá-la
na busca da verdade material.

Finalizando os princípios temos:


•  Salvabilidade dos atos processuais. art. 203 do CTN;
•  Lealdade e boa-fé art. 77do CPC;
•  Sigilo profissional, bancário e fiscal. arts. 197 parágrafo único e 198 ambos
do CTN.

Legislação aplicável: autonomia de cada ente federativo. Processo contencioso:


procedimento e órgãos julgadores

Basicamente o Processo Administrativo Fiscal inicia-se com um Auto de


infração ou uma Notificação de Lançamento. Na área federal quem regula a ma-
téria é o Decreto no 70.235 de 6 de março de 1972, com a última alteração pela lei
no 13.140 de 26 de junho de 2015 que dispõe sobre a mediação entre particulares
como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no
âmbito da administração pública. Entretanto cada ente federativo tem autonomia
para legislar sobre o assunto.
O PAF Estadual segue em linhas gerais os mesmos princípios do PAF Federal,
sendo que de Estado para Estado podemos encontrar algumas particularidades.
Da mesma forma que alertamos na área estadual, o PAF Municipal segue em
linhas gerais os mesmos princípios do PAF Federal, com as particularidades de
cada Município.

capítulo 3 • 65
É importante esclarecer que apesar de estarmos tratando da fase litigiosa de
um Processo Administrativo Fiscal, na realidade antes da impugnação do Auto de
Infração ou Notificação de Lançamento, não existe litígio. Somente a partir da
impugnação do Auto de Infração ou da Notificação de Lançamento é que se inicia
a fase litigiosa propriamente dita. Se você for autuado e pagar não há de se falar em
litígio, haverá sim a extinção do crédito tributário pelo pagamento.
Para apresentar, resumidamente, a tramitação de um processo administrativo
fiscal na área federal, nos valeremos do quadro a seguir no qual apontamos as
suas etapas:
De forma análoga, essas mesmas instâncias se repetem nas áreas estadual e mu-
nicipal, evidentemente, guardados os aspectos de simetria constitucional existentes.

– O sujeito passivo ou quem tiver interesse no julgamento podem impugnar o lança-


mento conforme arts. 14 a 20 em primeira instância, no prazo de 30 (trinta) dias, con-
tados da notificação, perante a Delegacia da Receita Federal de Julgamento Brasil,
(DRJ) obedecendo aos arts. 27 ao 36. De forma análoga, essas mesmas instâncias se
repetem nas áreas estadual.
– Vencido, tanto o sujeito passivo quanto a Fazenda Pública, poderão interpor o recur-
so voluntário, no prazo de 30 dias da data da ciência da decisão de primeira instância,
perante o CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (CARF) na forma
do art. 33 do Decreto 70.235/72.
Porém, em que pese a regra da voluntariedade para se recorrer das decisões adminis-
trativas, o art. 34 do Decreto 70.235/72, prevê o cabimento do Recurso de Ofício, em
que, independentemente da interposição de recurso voluntário, pela Fazenda Pública,
a decisão da DRJ deverá ser submetida à apreciação do CARF nos seguintes casos:
– Quando a decisão da DRJ exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e
encargos de multa de valor total, superior à R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
– Quando a decisão deixar de aplicar a pena de perda de mercadorias ou outros bens
cominada à infração denunciada na formalização da exigência.
Por fim, caso o acórdão do CARF, der a lei tributária interpretação divergente da que
lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria CÂMARA
SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS (CSRF), caberá RECURSO ESPECIAL, no prazo
de 15 (quinze) dias da ciência do acórdão ao interessado, junto à CÂMARA SUPE-
RIOR DE RECURSOS FISCAIS a teor do parágrafo segundo, inciso II do art. 37 do
Decreto 70.325/72.

De forma análoga, essas mesmas instâncias se repetem nas áreas estadual e


municipal, evidentemente, guardados os aspectos de simetria constitucional exis-
tentes e as peculiaridades dos nomes dos órgãos de “1a Instância Administrativa”
atribuídos por cada ente federativo.

capítulo 3 • 66
Deixamos para você leitor(a), a título de exemplo, para uma pesquisa mais
aprofundada em seus Estados/Municípios, exemplos das etapas nos casos do
Estado e do Município do Rio de Janeiro:

Estado do Rio de Janeiro

– O sujeito passivo ou quem tiver interesse no julgamento podem impugnar em 1a


instância, conforme arts. 210 e 211 do Decreto-lei no 5 de 15 de março de 1975 que
instituiu o Código Tributário do Estado do Rio de Janeiro na Junta de Revisão Fiscal.
(arts. 246 ao 253 do Decreto – Lei 05/75).
– 2a Instância → Conselho de Contribuintes. (arts. 254 a 272 do Decreto-lei
05/75).
– Instância Especial → Secretário de Estado de Fazenda (art. 266 do Decreto-lei
05/75).

Município do Rio de Janeiro

– O SP ou quem tiver interesse no julgamento podem impugnar em primeira instância,


conforme arts. 2o ao 5o do Decreto no 14.602 de 29 de fevereiro de 1996, que regu-
lamenta o procedimento e o processo administrativo-tributários na Coordenadoria de
Revisão e Julgamento Tributários, (arts. 91 ao 97 do Decreto 14.602/96 – RJ)
– 2ª Instância → Conselho de Contribuintes. (arts. 103 a 105 do Decreto
14.602/96 – RJ).
– Instância Especial → Secretário Municipal de Fazenda (arts. 106 a 108 do Decreto
14.602/96 – RJ).

Processo de consulta: conceito, função e procedimento

Saindo do processo administrativo contencioso e passando para o que a


doutrina chama de “meros procedimentos”, verificaremos, de per si, o processo
de consulta.
De maneira geral o processo de consulta visa à obtenção de esclarecimentos
acerca de dúvidas claras, objetivas, razoáveis e fundamentadas do sujeito passivo
em relação à interpretação da legislação tributária. Trata-se na realidade de uma
petição fundamentada na qual o sujeito passivo se dirige espontaneamente ao
sujeito ativo para dirimir dúvidas quanto ao emprego da legislação em vigor sobre
determinado caso concreto.

capítulo 3 • 67
A seguir vamos enumerar alguns pontos importantes que devem ser observa-
dos num processo de consulta junto a qualquer ente federativo.
Então vejamos:
•  Não é sede para a discussão do crédito tributário, uma vez que se existe CT
é porque houve lançamento ou foi iniciada a fiscalização que gerou um Auto de
Infração e neste caso a discussão do CT se dará por meio de Impugnação ou Recursos;
•  A resposta dada pelo sujeito ativo vincula o sujeito passivo. O termo inicial
para a contagem de prazo para a adoção que venha beneficiar o sujeito passivo é a
data da intimação;
•  A dúvida não pode ser objeto de fiscalização;
•  A resposta à consulta toma forma de norma complementar conforme nos
ensina o art. 100 do CTN;
•  Afasta a imposição de penalidades conforme os ensinamentos do art. 161
§ 2 do CTN;
o

•  Suspende a fiscalização em relação à matéria fruto da consulta.

Com relação à legislação aplicável ao processo de consulta, na área federal,


retornamos e recomendamos a leitura dos arts. 46 a 58 do Decreto no 70.235/72.

CONEXÃO
Chegando ao final deste subitem, esclarecemos que no âmbito federal, acessando o site
da Receita Federal do Brasil (SRFB) (www.receita.fazenda.gov.br), estarão disponibilizados
outros modelos, basta clicar em formulários para que o sujeito passivo possa se dirigir formal-
mente à SRFB, por meio de “outros procedimentos”. Lá, por exemplo, existem, dentre outros:
•  Modelos para impugnação de lançamento;
•  Modelos de Processo de Consulta;
•  Pedido de parcelamento e débitos;
•  Pedido de ressarcimento de IPI. (arts. 165 a 169 do CTN);
•  Pedido de inclusão no Simples Nacional;
•  Modelo de requerimento de Pedido de Concessão ou alteração do Regime Especial de
Substituição Tributária do IPI.

O mesmo você, certamente, achará nos sites dos Estados-membros e Municípios da


nossa federação.

capítulo 3 • 68
Processo judicial tributário

Defesas do executado: embargos do devedor, exceção de pré-executividade

Saindo da esfera administrativa e agora adentrando na via judicial, uma vez


executado o sujeito passivo pode se utilizar de dois mecanismos processuais para
sua defesa, quais sejam: os Embargos à Ação de Execução Fiscal ou a Objeção ou
Exceção de Pré-Executividade.
Uma vez executado o sujeito passivo (o devedor ou fiador e ambos) poderá
opor os Embargos à Ação de Execução Fiscal de acordo com o art. 8o e 16 da lei
no 6.830 de 22 de dezembro de 1980 (LEF), com fundamento no princípio do
contraditório e da ampla defesa.
A ação de embargos será interposta, com “essência” de contestação, nos pró-
prios autos da execução, no prazo de 30 dias contados do depósito, da juntada da
prova da fiança bancária, ou da intimação da penhora. Cabe salientar que não são
admissíveis embargos antes de garantida a execução. No prazo dos embargos,
o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos
autos documentos e rol de testemunhas até 3.
Com relação aos embargos podemos, ainda, dizer:
•  Constituem-se em ação, requerem preparo e correm em apenso à AEF. Os
Embargos são, na realidade, uma ação autônoma constitutiva negativa;
•  Só podem versar sobre as matérias contidas no art. 917 do CPC;
•  Momento da oposição dos embargos: após a garantia da execução terá 30
dias contados: (art. 16 da LEF). Atenção para o início da contagem do prazo de
30 dias:
a) Do depósito, (em reais) (data da guia de depósito e não da juntada da
guia nos autos).
b) Da juntada da prova da fiança bancária.
c) Intimação da penhora.
– Se procedentes, extinguem a AEF, com o levantamento da
garantia.
– Se improcedentes, prossegue a AEF.

Saindo da fase dos Embargos e visando conferir o que preconiza o princípio


do contraditório e da ampla defesa plena, a doutrina e a jurisprudência, têm ad-
mitido a Exceção de Pré-executividade, ou seja, o questionamento da execução

capítulo 3 • 69
independentemente de garantia, desde que a exigência do fisco apresente vícios
evidentes, tais como: pagamento, imunidade, isenção, compensação anteriormen-
te efetuada, as chamadas: questões de ordem pública. Assim, o sujeito passivo ain-
da tem outro mecanismo para se defender da AEF, trata-se da Objeção ou Exceção
de Pré-Executividade (EPE).
Com relação à Exceção de Pré-Executividade podemos dizer:
•  Trata-se de uma resposta do réu, é uma defesa dentro do módulo processual
de execução, seria uma “contestação”, na qual o executado pode discutir a AEF
sem necessidade de garantia, vez que ainda não houve penhora. Se houver pe-
nhora se torna uma ação inócua. Deve se tratar de matéria de ordem pública, ou
seja, sem a necessidade de dilação probatória;
•  A defesa será exercida com base em título com vício formal que acarrete
nulidade da AEF, nos termos do arts 803 do CPC; 2o § 5o da LEF e 202 e 203
do CTN. (requisitos da CDA), bem como prescrição, decadência, imunidade,
isenção e outros favores fiscais, pagamento já efetuado, dentre outros vícios que
possam ser declarados de ofício pelo juiz, desde que devidamente comprovados
pelo sujeito passivo;
•  Prazo cinco dias após a citação (o mesmo prazo para garantir o juízo).
Entretanto por se tratar de matéria de ordem pública, conforme mencionado,
a defesa pode ser realizada a qualquer tempo, de acordo com o entendimen-
to dominante;
•  Incompetência absoluta art. 64 CPC: ausência das condições da ação. (art.
485 VI do CPC);
•  Ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento do proces-
so. (art. 485 IV e § 3o do CPC. Art. 330 do CPC inépcia da inicial);
•  Perempção, (quando o autor deixa de promover atos e diligências que deveria
ter exercido, abandonando a causa por mais de trinta dias, gera a extinção do processo
sem julgamento do mérito em virtude da inércia do autor, conforme previsto no art.
485, III do CPC), a litispendência (ocorre a litispendência quando duas causas são
idênticas quanto às partes, pedido e causa de pedir, ou seja, quando se ajuíza uma
nova ação que repita outra que já fora ajuizada, sendo idênticas as partes, o con-
teúdo e pedido formulado. O art. 337 do CPC traz o conceito de litispendência e
a coisa julgada. (art. 485 V do CPC).

capítulo 3 • 70
Ao término da apresentação dos aspectos inerentes à EPE cabe registrar o teor
da Súmula 393 do STJ:

A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às ma-


térias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

Sugestão de modelo de embargos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA


VARA DA JUSTIÇA FEDERAL/SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE
MINAS GERAIS

Embargante: José das Couves Ltda.


Embargada: União Federal
Processo: 2.000.00.00.000000-0

José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-00,


sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu advoga-
do infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem respeitosamen-
te perante V. Exa., apresentar EMBARGOS À AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL
que lhe move a Prefeitura de Nova Iguaçu nos termos do art. 16 e seguintes da lei
no 6.830 de 1980 e disposições pertinentes do Código de Processo Civil, tendo em
vista os fatos e os fundamentos jurídicos, pedido e provas que se seguem:

DOS FATOS
A Embargante é uma sociedade
A Embargante
Ocorre que a Embargada procedeu
A Embargada desta forma
A Embargante promoveu o depósito, nos termos do art. 32 da lei no 6.830 de
1980 (doc. .........).

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
Enquadrar a questão jurídica de maneira fundamentada na CRFB/88, no CTN
e súmulas existentes.

capítulo 3 • 71
DO PEDIDO
Em face do exposto, a Embargante respeitavelmente requer a V. Exa:
a) A procedência dos Embargos, declarando-se nula a Certidão da Dívida Ativa
que instruiu a presente Ação de Execução Fiscal e que os mesmos sejam recebidos
com efeito suspensivo, conforme art. 739 e § 1o do CPC.
b) A devolução do depósito garantidor da execução nos termos do art. 32 § 2o da
LEF “ou” (verificar no caso concreto) a liberação da penhora que recai sobre o
bem (...).
c) A citação da Fazenda Pública na pessoa de seu representante legal, para com-
parecer em juízo e oferecer impugnação.
d) Que a Embargada seja condenada ao pagamento de custas judiciais e honorá-
rios de advogado no percentual de vinte por cento.

DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). (valor da cobrança).

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 25 de agosto de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

Sugestão de modelo de exceção de pré-executividade

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


VARA CÍVEL DA REGIONAL DE NOVA IGUAÇU – ESTADO DO RIO
DE JANEIRO

Processo: 2.000.00.00.000000-0
José das Couves Ltda., sociedade comercial, já qualificada nos autos do pro-
cesso em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, conforme instrumento de
mandato anexo, vem respeitosamente perante V. Exa., apresentar EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE em face da ação de execução proposta pela Fazenda

capítulo 3 • 72
Pública do Município de Nova Iguaçu, pelas razões de fato de direito que passa a
expor:

DOS FATOS
A Executada é uma sociedade
A Executada
Ocorre que a Executada procedeu
A Executada desta forma pretende, em suma, afastar os efeitos gravosos da
penhora de bens

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
Enquadrar a questão jurídica de maneira fundamentada nos temas que
são de ordem pública, na CRFB/88, no CTN e súmulas existentes.

DO PEDIDO
Em face do exposto, a Executada respeitavelmente requer a V.Exa.:
a) A total procedência da presente exceção, no sentido de que seja julgada impro-
cedente a citada Execução Fiscal em face
b) O não pagamento de custas por parte do executado; e
c) A condenação da exequente nas custas processuais e honorários sucumbenciais.

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx
OBSERVAÇÃO: Das Provas e Do Valor da Causa não existem por ser uma
resposta do executado ajuizada nos próprios autos da AEF e assim não se configura
numa ação autônoma.

Ação declaratória de inexistência da obrigação tributária e ação anulatória em


matéria tributária: objeto, rito, efeitos e peculiaridades

Ação declaratória de inexistência da obrigação tributária

O contribuinte visa, por meio desta ação, obter a prestação jurisdicional no


sentido de que seja declarada a existência ou inexistência de uma relação jurídico-
tributária de inocorrência do fato gerador. Atenção: não houve lançamento!

capítulo 3 • 73
Deverá o contribuinte-autor demonstrar que a incerteza jurídica é funda-
mentada em situação jurídica concreta e não em meras teses tributárias sem visível
fio condutor entre a afirmação do direito e a situação fática vivenciada pelo autor.
Pode-se definir a ação declaratória em matéria tributária como a ação antiexa-
cional imprópria, de rito ordinário, aforada pelo contribuinte em face da Fazenda
Pública ou em face de ente que exerça as funções parafiscais, com a finalidade de
ver reconhecida judicialmente (declarada) a existência, a forma (declaração po-
sitiva) ou a inexistência (declaração negativa) de determinado vínculo jurídico
obrigacional de caráter tributário com a finalidade de promover o acertamento da
relação fiscal manchada pela incerteza.
A ação declaratória não encontra disciplina processual tributária específica,
isto é, rege-se por disposições gerais de Processo Civil, razão pela qual é considera-
da ação antiexacional imprópria.
Três resultados genéricos se apresentam possíveis para a mesma ação:
Sentença de procedência: estabiliza a relação fiscal, declarando inexistente
a relação tributária cujo contorno foi objeto do pedido, tornando indiscutível a
inexigibilidade do tributo.
•  Sentença de improcedência: sentença de mérito que estabiliza a relação
fiscal declarando existente o vínculo tributário cuja incerteza motivou a proposi-
tura da ação e tornando indiscutível a exigibilidade do tributo, a necessidade do
seu pagamento;
•  Sentença de extinção do processo sem julgamento do mérito: não
estabiliza a relação jurídica incerta uma vez que não julga a lide posta sub judice e
permite a repropositura da ação, ressalvados os casos de perempção.

Não há óbice à concessão de antecipação de tutela no âmbito da ação de-


claratória em matéria tributária, pois mesmo a sentença declaratória comporta a
antecipação de seus efeitos práticos.
A propositura da ação declaratória não suspende a exigibilidade do tri-
buto, embora torne litigiosa a matéria tributária submetida à apreciação do
Poder Judiciário.
Com o escopo de suspender a exigibilidade do tributo, é lícito ao contri-
buinte-autor fazer acompanhar a ação declaratória do depósito correspondente ao
montante integral do crédito sub judice. Por não gerar efeito suspensivo, a ação
declaratória, pura e simples, não obsta a propositura da Ação de Execução Fiscal,
exceto se estiver acompanhada do depósito correspondente ao débito ou haja sido

capítulo 3 • 74
concedida a antecipação dos efeitos da tutela antes da inscrição em dívida ativa.
Recomendamos a leitura do art. 151 do CTN para relembrar as causas de suspen-
são da exigibilidade do crédito tributário, em especial o inciso V.
Pendente a ação declaratória e proposta a execução fiscal esta deve ser dis-
tribuída por dependência – em razão da conexão – ao juízo onde tem curso a
declaratória.
Ajuizada a execução fiscal não há óbice à propositura da ação declaratória, que
igualmente, deve ser distribuída por dependência ao foro da execução, mas até que
esteja seguro o juízo, não pode ser recebida com o caráter de embargos à execução.
Conforme pacífica jurisprudência tem-se admitido ação declaratória cumulada
com pedido de depósito do montante integral para suspensão da exigibilidade do
crédito tributário pode ser feita nos próprios autos (inciso II do art. 151 do CTN).
A prescrição da referida ação ocorre em cinco anos contados do fato do qual se ori-
ginou a incerteza, conforme o art. 1o do Decreto no 20.910 de 6 de janeiro de 1932.
Para finalizar os aspectos inerentes à Ação Declaratória de Inexistência de
Obrigação Tributária ou de Inocorrência de Fato Gerador, de forma resumida,
deixamos o seguinte quadro que retrata os requisitos mínimos que justificam o
seu ajuizamento.
Há necessidade da ocorrência concreta de um fato. Esta ação visa eliminar o
estado de incerteza sentido pelo sujeito passivo. Não pode ser proposta após o
lançamento tributário, somente antes.

Sugestão de modelo da ação declaratória

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


VARA CÍVEL DA REGIONAL DE NOVA IGUAÇU – ESTADO DO RIO DE
JANEIRO “ou” EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL
DA VARA DA JUSTIÇA FEDERAL/SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-00,
sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu ad-
vogado infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem respei-
tosamente perante V. Exa., propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA e Recomendamos
a leitura do art. 151 do CTN para relembrar as causas de suspensão da exigibili-
dade do crédito tributário, em especial o inciso V.

capítulo 3 • 75
Em face da União Federal, nos termos do arts. 19, 20 e 319 e seguintes do
Código de Processo Civil, tendo em vista o fato e os fundamentos jurídicos, pedi-
do e provas que se seguem:

DOS FATOS
A autora é uma sociedade
Ocorre que a Fazenda Pública procedeu a autora assim

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
Enquadrar a questão jurídica de maneira fundamentada na CRFB/88, no
CTN e súmulas existentes.

DO PEDIDO
Em face do exposto, a autora respeitavelmente requer a V. Exa.:
a) A procedência do pedido de ser declarada a inexistência da relação jurídico-
tributária, com a consequente inexigibilidade pela Ré, da ........
b) A citação da Fazenda Pública na pessoa de seu representante legal, para que
compareçam em juízo e oferecer contestação.
c) Que a Fazenda Pública Federal seja condenada ao pagamento de custas judi-
ciais e honorários de advogado no percentual de vinte por cento.

DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

Ação anulatória em matéria tributária

Trata-se de outra ação antiexacional imprópria de rito ordinário e de natureza


constitutivo-negativa, que pode ser proposta pelo contribuinte em face da Fazenda

capítulo 3 • 76
Pública ou em face de quem exerça atividade parafiscal, visando a uma sentença
que anule total ou parcialmente ato administrativo de imposição de penalidades.
Da mesma maneira que a declaratória, a ação anulatória do ato impositivo não
encontra disciplina processual tributária específica, isto é, rege-se por disposições
gerais de Processo Civil, razão pela qual é considerada ação tributária imprópria.
Por operar efeitos modificativos ou extintivos da obrigação tributária já for-
malizada a ação anulatória assume natureza constitutivo-negativa, isto é, por in-
termédio desta ação o contribuinte pretende modificar ou extinguir o conteúdo
de relação jurídica tributária (principal ou acessória) já formalizada, já existente, já
“constituída” por meio do ato administrativo tributário.
O contribuinte visa, por meio desta ação, anular o ato administrativo que de
qualquer forma tenha declarado a dívida. Atenção houve lançamento!
A segunda parte do caput do art. 38 da lei no 6.830/80 estabelece que a ação
anulatória deva ser precedida do depósito preparatório do valor do débito. Este
depósito, no entanto, não se constitui em condição da ação ou sequer pressupos-
to de procedibilidade, conforme já há muito decidido pelo STF, sumulado pelo
extinto Tribunal Federal de Recursos e reiterado pelo STJ, constituindo-se, em
verdade, mera faculdade do contribuinte que deseje suspender a exigibilidade do
tributo durante a pendência da ação, impedindo o aforamento da execução fiscal.
Súmula 247 TRF.
Esta ação também visa anular decisão definitiva administrativa contrária à
pretensão do contribuinte. Diferentemente da ação declaratória a ação anulatória
fiscal necessariamente pressupõe a existência de ato administrativo cuja descons-
tituição seja objeto do processo.
Este ato administrativo pode ser tanto o ato de lançamento como outro ato
qualquer promovido pela administração tributária que represente gravame a esfe-
ra jurídica do contribuinte, por exemplo, ato administrativo de classificação fiscal
ou de apreensão de mercadorias.
No primeiro caso a ação pode ser propriamente denominada de ação anula-
tória de lançamento e, no segundo caso, denomina-se, genericamente, de ação
anulatória fiscal.
O ajuizamento da ação anulatória, pura e simples, desacompanhada do depó-
sito do montante integral do débito não impede a propositura da execução fiscal.
Admite o STJ, contudo, que se dá a conexão entre a execução fiscal e a ação anu-
latória devendo as ações ser reunidas para julgamento conjunto. Recomendamos a
leitura do art. 151 do CTN para relembrar as causas de suspensão da exigibilidade
do crédito tributário, em especial o inciso V.

capítulo 3 • 77
A prescrição da referida ação ocorre em cinco anos contados do ato do qual se
originou o lançamento, conforme o art. 1o do Decreto no 20.910 de 6 de janeiro
de 1932.
Atenção caro(a) leitor(a) para não confundir esse prazo prescricional com de
dois anos para ação a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a res-
tituição conforme art. 169 CTN.
Para finalizar os aspectos inerentes à Ação Anulatória de Lançamento
Tributário ou Anulatória Fiscal, de forma resumida, deixamos o seguinte quadro
que retrata os requisitos mínimos que justificam seu ajuizamento.
Há necessidade da ocorrência concreta de um ato administrativo de caráter
fiscal. Esta ação visa eliminar, anular total ou parcialmente ato administrativo de
caráter fiscal. Só pode ser proposta após o lançamento tributário.

Sugestão de modelo da ação anulatória de lançamento tributário

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


VARA CÍVEL DA REGIONAL DE NOVA IGUAÇU – ESTADO DO RIO DE
JANEIRO “ou” EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL
DA VARA DA JUSTIÇA FEDERAL/SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO
DE MINAS GERAIS

José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-


00, sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu
advogado infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem res-
peitosamente perante V. Exa., propor a presente AÇÃO ANULATÓRIA DE
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA ou AÇÃO ANULATÓRIA FISCAL COM PEDIDO
DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em face da/do ................,
nos termos do art. 318, 319 seguintes do Código de Processo Civil tendo em vista
os fatos e os fundamentos jurídicos, pedido e provas que se seguem:

DOS FATOS
A autora é uma sociedade
A autora
que a Fazenda Pública procedeu
A autora assim

capítulo 3 • 78
DO FUNDAMENTO JURÍDICO
Enquadrar a questão jurídica de maneira fundamentada na CRFB/88, no
CTN e súmulas existentes.
Assim, verifica-se que a exação pretendida pelo ..... Município ...... é total-
mente descabida. Além disso, estão presentes os requisitos para a antecipação dos
efeitos da tutela, conforme dispõe o artigo 294 e 300 do Código de Processo Civil:
Há prova inequívoca nos autos de que

DO PEDIDO
Em face do exposto, a autora respeitavelmente requer a V. Exa.:
a) A procedência do pedido de ser anulado o lançamento, com a sua consequen-
te inexigibilidade do........... pela Ré.
b) A citação da Fazenda Pública Federal na pessoa de seu representante legal, para
que compareçam em juízo e oferecer contestação.
c) Que a Fazenda Pública Federal seja condenada ao pagamento de custas judi-
ciais e honorários de advogado no percentual de vinte por cento.
d) A antecipação dos efeitos da tutela.

DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 7 de maio de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

Mandado de segurança em matéria tributária, objeto, rito, efeitos e peculiaridades

James Marins, ao conceituar o Mandado de Segurança, nos ensina:


Mandado de segurança é instituto processual de raiz constitucional em norma
de eficácia absoluta plena, com natureza jurídica de garantia individual, destinado
à proteção das prerrogativas do indivíduo ou de coletividade em face do Estado,

capítulo 3 • 79
de atuação necessariamente célere e eficaz, que colima com a correção jurídica de
abusos do Poder Público iminentes (função preventiva) ou já perpetrados (fun-
ção repressiva) por agente coator ou autoridade coautora, cometidos diretamente
ou por interposta pessoa física ou jurídica, não estancáveis por habeas corpus ou
habeas data, limitável e incondicionado a qualquer espécie de contracautela, senão
pelos seus pressupostos constitucionais específicos.16
Trata-se de um remédio constitucional, de natureza mandamental, rito sumá-
rio e especial que busca a garantia de um direito líquido e certo.
Direito líquido e certo, em sede de mandado de segurança, é toda invocação
de direito subjetivo cujos respectivos fatos estejam comprovados documentalmen-
te (prova pré-constituída) ou não necessitem de prova, independentemente da
complexidade jurídica da questão submetida à tutela mandamental. A proteção
almejada pelo regime constitucional do Mandado de Segurança é fruto da com-
binação da conjugação dos incisos XXXV e LXIX do art. 5o da CRFB/88 e têm
caráter tanto preventivo como repressivo.
No Mandado de Segurança Preventivo em matéria tributária, pode-se dizer
genericamente, que ele visa evitar que a autoridade fiscal venha a praticar ato de
lançamento, auto de infração ou ato de fiscalização, calçado em norma jurídica
tida como ilegal ou inconstitucional.
No âmbito do direito tributário a preventividade da segurança decorre da
previsibilidade do agir concreto da autoridade fazendária que promove obrigato-
riamente de modo vinculado a fiscalização, o lançamento e aplicação de penali-
dades, sob pena de responsabilidade funcional, conforme verificamos no art. 142
parágrafo único do CTN.
O Mandado de Segurança preventivo anda de mãos dadas com a Ação
Declaratória de Inexistência de Obrigação Tributária, logo só pode ser interposto
antes lançamento tributário.
Passando para o Mandado de Segurança Repressivo em matéria tributária,
verificamos, agora, que a Administração Púbica pratica atos que interferem no
plano jurídico do contribuinte, especialmente o ato de lançamento e o ato de
aplicação de penalidades (multas e juros moratórios) ou mesmo atos praticados
no curso de procedimento de fiscalização tributária. Assim, praticado ato ilegal,
de lançamento ou de aplicação de penalidades (auto de infração), e não mais ha-
vendo possibilidade de impugnação administrativa, pode o contribuinte lançar

16  MARINS, James. Direito processual tributário brasileiro: (administrativo e judicial). 3. ed. São Paulo:
Dialética, 2003, p. 465.

capítulo 3 • 80
mão do mandado de segurança visando reprimir os efeitos do ato já praticado, de
modo a que não produza efeitos lesivos.
Questão não menos importante em sede de Mandado de Segurança preven-
tivo ou repressivo (MS) é a definição de quem é a autoridade coautora. Assim,
sendo o ato impugnado um mero lançamento tributário, a autoridade que dire-
tamente pratica aquele ato, considerado lesivo ao direito do contribuinte, é que
deve responder ao mandado de segurança.
O Mandado de Segurança repressivo anda de mãos dadas com a Ação anula-
tória de Lançamento Tributário, logo só pode ser interposto depois do lança-
mento tributário.
Outra questão importante são as hipóteses de não cabimento de MS. Assim, se
o ato ilegal tem sua eficácia suspensa por força do curso do prazo para recurso admi-
nistrativo ou em virtude do recurso mesmo, não há de se cogitar durante o período
dessa suspensão de efeitos da lesão nem ao menos justo receio de lesão que justificas-
se o uso do writ, (um mandamento, uma ordem), pois o ato tem seus efeitos tem-
porariamente suspensos. Agora, se a parte, contudo, não usa ou não pretende usar
do recurso administrativo, certamente será cabível o mandado de segurança. Não
se esqueça dos 120 dias conforme art. 23 da lei no 12016 de 7 de agosto de 2009:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Os requisitos formais para impetração são os requisitos genéricos da petição


inicial dos arts. 319 e 320 do CPC e lei 12.016/2009.
A impetração pura e simples do MS, conforme já verificamos no art. 151 do
CTN, não é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Logo o su-
jeito passivo deverá buscar uma Liminar no Mandado de Segurança, desde que
os dois requisitos legais: relevância do fundamento e risco de ineficácia do provi-
mento final, que tradicionalmente são chamados de fumus boni iuris e periculum
in mora, respectivamente, estejam presentes.
Com relação à compensação tributária em sede de MS, recomendamos a lei-
tura das súmulas 212 e 213, o Superior Tribunal de Justiça e a nova leitura do art.
170-A do CTN.
Durante uma execução fiscal partindo da presunção de que a liquidez e certeza
da certidão da dívida ativa é relativa, o contribuinte pode usar do MS, se dispuser
de prova documental inequívoca que afaste essa presunção de liquidez e certeza.

capítulo 3 • 81
Dessa forma, resumidamente podemos dizer:
•  Mandado de Segurança – Rito Especial – lei 12.016/2009; Incisos LXIX e
LXX do Art. 5o da CRFB/88;
•  O contribuinte visa por meio desta ação à proteção das prerrogativas do
indivíduo ou de coletividade em face do Estado;
•  A discussão judicial da dívida ativa da Fazenda Pública só é admissível por
meio desta ação se houver depósito preparatório do valor do débito com os acrés-
cimos legais (art. 38 da lei no 6.830, de 1980);
•  Requisitos da petição inicial conforme arts. 319 e 320 do CPC;
•  Prazo decadencial no mandado De Segurança Repressivo, 120 dias conta-
dos do ato.

Sugestão de modelo de mandado de segurança preventivo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL, DA


VARA DA JUSTIÇA FEDERAL/SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE
MINAS GERAIS

José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-00,


sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu ad-
vogado infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem respeito-
samente perante V. Exa., nos termos do inciso LXIX do art. 5o da Constituição
da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, na Lei 12.016/2009
e do art. 319 e seguintes do Código de Processo Civil, propor: MANDADO
DE SEGURANÇA PREVENTIVO COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE
MEDIDA LIMINAR em face de ato do Sr. Delegado da Receita Federal de Belo
Horizonte/MG, tendo em vista os fatos e os fundamentos jurídicos, liminar, pe-
dido e provas que se seguem:

DOS FATOS
A Impetrante é uma sociedade
Com a edição da lei XYZ a Impetrante passou a recolher a partir da data de sua
eficácia............ A autora entregou o Documento de Informação e Apuração do ITR
Todavia a Impetrante, reexaminado a questão, em vista de manifestações dou-
trinárias, entende indevido o aumento de percentual de 2% para 3% determi-
nado pelo art. XX da lei XYZ, ensejando a presente ação tendo em vista que a

capítulo 3 • 82
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ter exarado parecer pela constitucionali-
dade de tal aumento (doc.).

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
A presente demanda se baseia no que preconiza... Enquadrar a questão jurí-
dica de maneira fundamentada na CRFB/88 e no CTN, na lei pertinente ao
tributo e súmulas.
A Impetrante necessita da liminar para não pagar o imposto com a alíquota
majorada tendo em vista que:
a) O fumus boni iuris decorre da relevância do fundamento da impetração, uma
vez que o direito líquido e certo da impetrante exsurge da exigência estar funda-
mentada em norma modificativa, cujo processo legislativo é irregular.
b) O periculum in mora decorre do fato de que não concedida a medida, a
Impetrante estará sujeita à autuação por parte do fisco, inclusive cobrança
executiva.

DO PEDIDO
Em face do exposto, o autor respeitavelmente requer a V. Exa.:
a) Que seja notificada a autoridade coautora para prestar as informações no pra-
zo legal e que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, conforme art. 7o da lei 12.016/2009.
b) Que seja declarada a inconstitucionalidade do art. XX da lei XYZ.
c) Que, decorrido o prazo das informações, seja ouvido o digno representante do
Ministério Público.
d) Que seja concedido o mandado de segurança com a respectiva liminar.

DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ (valor do crédito indevido).

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

capítulo 3 • 83
Ação de consignação em pagamento e ação de repetição de indébito tributário:
conceito, objeto e peculiaridades. Execução contra a fazenda pública: justificativa
da peculiaridade do rito, procedimento

Ação de consignação em pagamento

A Ação de Consignação tem natureza declaratória, por quanto a pretensão do


autor é a de que o juiz declare que o depósito efetuado em consignação extinguiu
o seu débito. Funda-se a ação consignatória tributária nas hipóteses expressamente
previstas no Art. 164 do CTN.
O depósito efetuado em consignação judicial somente suspenderá a exigibili-
dade do crédito tributário se for integral, conforme art. 151 II do CTN.
Por ausência de disposição específica no CTN, o rito a ser seguido será o pre-
visto no CPC nos arts. 539 ao 549.900.
A legitimidade ativa segundo art. 164 do CTN será exclusivamente o SP.
Competente será o juízo do foro do local em que deve ser efetuado o paga-
mento de acordo com art. 540 do CPC.
Se procedente, o juiz proferirá sentença declarando a extinção da obrigação
tributária e determinará a conversão do depósito em renda para a Fazenda Pública.
Julgada improcedente, no todo ou em parte, o crédito haverá de ser cobrado.

Sugestão de modelo de ação de consignação em pagamento

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA


VARA DA JUSTIÇA FEDERAL/SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE
MINAS GERAIS
José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-00,
sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu ad-
vogado infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem respeito-
samente perante V. Exa., propor a presente AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO em face do (ente ou entes tributantes) nos termos do art. 539 e
seguintes do Código de Processo Civil e art. 164 do Código Tributário Nacional,
tendo em vista os fatos e os fundamentos jurídicos que passa a expor:

capítulo 3 • 84
DOS FATOS
A autora possui um imóvel...........................................
A autora recebeu tanto o carnê do IPTU quanto a notificação de que é con-
tribuinte do ITR....
Tendo em vista a destinação da terra, entende a autora ser contribuinte
do ITPU..........
A ré se nega a receber ......
Assim, não restou outra alternativa a autora senão o ajuizamento da presente
ação, para excluir a responsabilidade do pagamento....

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
A presente demanda se baseia no que preconiza... Enquadrar a questão ju-
rídica de maneira fundamentada na CRFB/88 e no art. 164 e seus incisos do
CTN, na lei pertinente ao tributo e súmulas.

DO PEDIDO
Em face do exposto, a autora respeitavelmente requer a V. Exa.:
a) Autorizar o depósito judicial, na quantia de ......., evitando-se a mora e sus-
pendendo-se a exigibilidade do crédito tributário, em consonância com o art.151
II do CTN.
b) Julgar procedente a ação reputando-se efetuado o pagamento e convertendo-
se a importância consignada em renda para a ... (um dos entes tributantes).
c) A citação dos entes tributantes na pessoa de seu representante legal, para que
compareçam em juízo e oferecer contestação.
d) A Condenação dos entes tributantes sejam condenados ao pagamento de
custas judicial e honorário de advogado no percentual de vinte por cento.

DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

capítulo 3 • 85
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ (valor do crédito consignado).

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2100.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

Ação condenatória de repetição de indébito tributário

Por ocasião da apresentação do capítulo I quando da abordagem do art. 165 que


trata da Ação de Repetição, de Restituição do Indébito, esclarecemos que: “(...) os
arts. 165 até o 167, a Ação de Repetição, de Restituição do Indébito, temas, cujos
aspectos processuais e doutrinários, trataremos, oportunamente, em capítulo pos-
terior a este, quando forem verificadas as ações antiexacionais próprias e impróprias”.
Dessa forma a oportunidade chegou e assim caminharemos.
A ação de repetição de indébito em matéria tributária é uma ação antiexacio-
nal própria, art. 165 do CTN, de rito ordinário e de natureza condenatória, que
pode ser proposta pelo contribuinte em face do ente tributante que tenha recebido
tributos tidos como indevidos, com a finalidade da obtenção de uma sentença de
conteúdo condenatório que obrigue o exator a devolução dos ingressos indevidos.
O pedido condenatório (objeto) da ação repetitória consiste na devolução de
tributos, penalidades pecuniárias ou acréscimos como correção monetária e juros
recolhidos indevidamente. Sua causa de pedir pode estar fundamentada em erro
material ou formal gerador do recolhimento procedido; anulabilidade do auto
de infração ou do ato de lançamento; ou ainda, a ilegalidade ou inconstituciona-
lidade da norma que fundamentou o recolhimento do tributo cuja devolução o
sujeito passivo requer.
O contribuinte que obtém sentença de procedência em ação de repetição
de indébito de tributo federal pode utilizar-se da carga declaratória da mesma
para dar azo à compensação, inclusive sem necessidade de autorização da Fazenda
Nacional, bastando a comunicação em juízo de tal procedimento, por meio da
conjugação da possibilidade de aproveitamento do efeito declaratório da sentença
com a previsão legal da compensação presente no art. 66 da lei no 8.383, de 30 de
dezembro de 1991.

capítulo 3 • 86
Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições fe-
derais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de
reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte po-
derá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspon-
dente a período subsequente.

Durante muito tempo observou-se viva a controvérsia quanto à contagem do


prazo para o pedido de restituição de tributo nos casos de lançamento por homo-
logação, que o CTN trata como hipótese de antecipação do pagamento, sem que
haja formalização por parte da autoridade administrativa.
Entretanto a partir da publicação da LC no 118 de 9 de fevereiro de 2005 essa
interpretação restou pacificada conforme nos ensina o seu art. 3o da dita LC em
combinado com o art. 106 do CTN

Art. 3o. Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da lei no 5.172, de 25 de
outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre,
no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento
antecipado de que trata o parágrafo primeiro do art. 150 da referida lei.

Para finalizar o tema é importante chamar a atenção para controvertida ju-


risprudência do STJ e do STF no que pertine ao cabimento da referida ação de
repetição prevista no art. 165.que assim leciona:

O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total


ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o dis-
posto no § 4o do artigo 162, nos seguintes casos:

Nesse sentido para aguçar o desejo de uma imersão maior no tema é uma
boa estratégia começar pelo REsp 727759 SP 2005/0025689-2 e os verbetes das
súmulas 546 do STF e 447 do STJ.

Sugestão de modelo de ação condenatória de repetição de indébito tributário

capítulo 3 • 87
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DA VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL – ESTADO DE MINAS GERAIS

José das Couves Ltda., sociedade comercial, CGC no 00.000.000-0001-00,


sediada na Rua Alface no 20 – Bairro Salsa – Belo Horizonte/MG, por seu advoga-
do infra-assinado, conforme instrumento de mandato anexo, vem respeitosamen-
te perante V. Exa., propor a presente AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO
TRIBUTÁRIO em face do Estado de Minas Gerais Federal, nos termos do art.
539 e seguintes do Código de Processo Civil e art. 165 e seguintes do Código de
Processo Civil e art. 38 da lei no 6.830 de 1980, tendo em vista os fatos e os fun-
damentos jurídicos, pedido e provas que se seguem:

DOS FATOS
A autora é uma sociedade.................................
A autora efetuou o pagamento ......
Ocorre que a autora por ocasião da antecipação de pagamento, inadvertida-
mente apurou, valor do imposto superior ao valor devido, já declarado e recolhido.

DO FUNDAMENTO JURÍDICO
A presente demanda se baseia no que preconiza... Enquadrar a questão ju-
rídica de maneira fundamentada na CRFB/88 e no art. 165 e seus incisos do
CTN, na lei pertinente ao tributo e súmulas.

DO PEDIDO
Em face do exposto, a autora respeitavelmente requer a V. Exa.:
a) A procedência da presente ação de repetição de indébito, com a consequente
condenação da ré a restituir a quantia de R$........... (valor por extenso), com a
incidência da correção monetária a partir do pagamento indevido, nos termos da
súmula 162 do Colendo Superior Tribunal de Justiça, e dos juros de moratórios a
partir do trânsito em julgado da sentença, conforme dispõe a Súmula 188 também
do Colendo Superior Tribunal de Justiça.
b) A citação da Fazenda Pública Federal na pessoa de seu representante legal, para
que compareçam em juízo e oferecer contestação.
c) Que a Fazenda Pública Federal seja condenada ao pagamento de custas judi-
cial e honorário de advogado no percentual de vinte por cento.

capítulo 3 • 88
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
depoimento pessoal da Ré, sob pena de confesso, pericial, bem como juntada dos
documentos anexos.

DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ (valor indevidamente recolhido)

Nestes termos pede e espera deferimento.


Belo Horizonte, 7 de maio de 2039.
Advogado – OAB/MG no xxxxxx

Execução contra a fazenda pública

Discussões à parte sobre se é possível haver execução contra a Fazenda, visto


que parte da doutrina entende não ser execução por inexistência de expropriação
patrimonial, ficaremos com a doutrina majoritária que entende se tratar sim, de
execução, porque ao final o que se busca é a solução de uma lide jurídica, que irá
satisfazer o direito material do credor.
A Execução contra a Fazenda Pública tem previsão no art. 100 da CRFB/88
e no art. 97 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), e
ainda, nos arts. 534 e 910 do Código de Processo Civil.
Por execução contra a Fazenda Pública compreende-se aquela em que no polo
passivo da relação jurídica figura pessoa de direito público, incluindo as autarquias
e fundações públicas, mas não as empresas públicas e sociedades de economia
mista.
Por títulos executivos judiciais entendem-se aqueles provenientes de proces-
sos, que, portanto, autorizam o seu cumprimento forçado, conforme arrolados no
art. 515 do CPC. Aproveitamos o ensejo convidamos o(a) leitor(a) a fazer uma
imersão nesse assunto, pesquisando esse tema bastante interessante e pouco explo-
rado nos concursos públicos. Não deixe de ler a súmula 279 do STJ.
Resumidamente, sem ferir uma melhor técnica, visualize as medidas judiciais
cabíveis na esfera tributária imaginando a lousa da sua sala de aula:

capítulo 3 • 89
Figura 3.1  – 

ATIVIDADES
01. Com relação à Ação de Consignação em Pagamento podemos afirmar que
a) se procedente, o juiz proferirá sentença declarando a extinção da OT e determinará a
conversão do depósito em renda para a Fazenda Pública. Julgada improcedente, no todo
ou em parte, o crédito haverá de ser cobrado.
b) o depósito efetuado em consignação judicial suspenderá a exigibilidade do crédi-
to tributário.
c) a Ação de Consignação tem natureza anulatória, por quanto a pretensão do autor é a de
que o juiz anule um dos lançamentos recebidos.
d) se funda a ação consignatória tributária nas hipóteses em que o contribuinte entender
que o sujeito ativo ao efetuar o lançamento o fez de maneira discricionária.

capítulo 3 • 90
02. Ainda com relação à ação de consignação em pagamento, podemos afirmar que
a) suspenderá a exigibilidade do crédito tributário a partir do momento do seu ajuizamento.
b) não suspenderá a exigibilidade do crédito tributário.
c) suspenderá a exigibilidade do crédito tributário somente após a sentença.
d) suspenderá a exigibilidade do crédito tributário se o depósito efetuado em consignação
judicial for integral.

03. Com relação à ação de repetição de indébito, podemos afirmar que


a) é sede para a discussão de toda matéria tributável.
b) não há objeção de sua propositura quando se tratar de tributo que seja repassado ao
preço do produto ou da mercadoria.
c) ao deferir o pedido o juiz converterá o depósito em renda excluindo o crédito tributário.
d) ao deferir o pedido o juiz converterá o depósito em renda extinguindo o crédito tributário.

04. Em agosto de 2011, o município do Rio de Janeiro promoveu, contra o Partido do Triunfo
Nacional (PTN), regularmente registrado no Tribunal Superior Eleitoral, execução fiscal na
qual era cobrado o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) referente
aos exercícios de 2009 e 2010, relativo a imóvel de propriedade do referido partido político,
localizado na Avenida Rio Branco e alugado a terceiro. Os recursos advindos da locação do
imóvel são aplicados nas principais atividades desenvolvidas pelo PTN. O executado foi de-
vidamente citado e intimado da penhora levada a efeito sobre um de seus automóveis. Con-
siderando a situação hipotética apresentada, indique a medida judicial cabível para a defesa
dos interesses do Partido do Triunfo Nacional (PTN), apontando o fundamento jurídico que
dá embasamento a sua resposta.

05. Empresa FAZ BEM PRODUTOS ALIMENTÍCIOS que exerce atividade industrial pagou
o Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, durante os meses de janeiro de 2008 até
dezembro de 2009, com base em alíquota superior à legalmente devida, era de 12% a alí-
quota da farinha e pagou 21%. Qual a ação própria para tal fim? Qual fundamento jurídico dá
embasamento a sua resposta?

06. Empresa Grandes Soluções Navais Ltda. (GSN), com sede na cidade do Rio de Janeiro,
atua no ramo de reformas de portos.
Ocorre que equipamentos (partes e peças) que estavam sendo transportados para a
Base Naval do Rio de Janeiro, da Marinha do Brasil (MB), no dia 7 de maio de 2011, em que
seriam utilizados na reforma de um cais foram apreendidos sob a alegação da Secretaria de

capítulo 3 • 91
Arrecadação Estadual de que a nota fiscal que os acompanhava não registrava uma diferen-
ça de alíquota devida ao fisco e não teria havido, portanto, o recolhimento do imposto. Na
ocasião, houve o auto de infração e foi realizado o respectivo lançamento.
Devido ao atraso na reforma do cais, provocado por questões burocráticas internas da
própria Marinha e por descuido da administração da GSN que se vê engajada em várias re-
formas, só se verificou a falta do material em 14 de setembro de 2011.
Após a verificação da falta, os diretores da GSN o procuram desesperados visto que um
novo cronograma de eventos da reforma foi acertado com a MB e o material apreendido é de
suma importância para o cumprimento do avençado.
Na qualidade de advogado da empresa GSN, apresente a medida processual cabível
para a defesa dos interesses da empresa, empregando todos os argumentos e fundamentos
jurídicos cabíveis.
Procure desenvolver sozinho a peça processual e depois confira com a sugestão de
gabarito a seguir e verifique a sua nota. Converse com seus colegas de turma. Procure o
professor da disciplina e corrija suas falhas.
Faça uma peça clara, objetiva e com os fatos narrados de forma concatenada com a
apresentação da priva. Capriche na apresentação e na caligrafia

REFLEXÃO
Neste capítulo, começamos nossos estudos verificando as duas maneiras que o sujeito
passivo poderá utilizar para se insurgir contra uma cobrança realizada pela administração
tributária. Discorremos, assim, sobre o Processo Administrativo Fiscal conforme o Dec. no
70.235/72, ocasião em que tratamos do processo contencioso e os “meros procedimentos”,
em que destacamos a Consulta.
Em seguida, sem querer esgotar o assunto, até porque não é o escopo do nosso livro, ca-
minhamos no sentido do processo judicial e verificamos as medidas cabíveis antes e depois
do Lançamento Tributário e também antes e depois da citação da Ação de Execução Fiscal,
por meio de um gráfico que os alunos chamam carinhosamente de “calunga da segunda fase
em tributário”.
Dessa forma, este capítulo tratou da parte mais importante, a de maior pontuação no
Exame da OAB, qual seja, a peça processual em matéria tributária. Por óbvio, o assunto não
se esgota ao término dessa conversa, mas com certeza lhe forneceu as ferramentas básicas
para alcançar o sucesso no seu objetivo ao final do curso.

capítulo 3 • 92
O importante agora é praticar e praticar muito porque com o tempo a estrutura da peça e
os atalhos dentro do direito material existente no CTN, na CRFB/88 e nas súmulas vão fluir
naturalmente para você tão logo seja apresentado um caso concreto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Cláudio. Curso de direito tributário e financeiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
TORRES, Ricardo. Curso de direito financeiro e tributário. 13. ed. atual. até a publicação da Emenda
Constitucional no 48 de 10/8/2005, e a LC no 118, de 9/2/2005. Rio de Janeiro: Renovar. 2006.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva. 2009.
MADEIRA, Anderson. Manual de Direito Tributário. 3. ed. atual. até súmula vinculante no 8 do STF de
20/6/2008 e súmula no 360 do STJ de 21/8/2008.
MARINS, James. Direito processual tributário brasileiro: (administrativo e judicial). 3. ed. São Paulo:
Dialética, 2003.

capítulo 3 • 93
capítulo 3 • 94
4
Impostos sobre o
comércio exterior,
produção e
circulação
Impostos sobre o comércio exterior, produção
e circulação

Ao término do capítulo 3, verificamos as duas maneiras que o sujeito passivo


poderá utilizar para se defender de uma cobrança realizada pela administração
tributária. Discorremos, assim, sobre o Processo Administrativo Fiscal conforme o
Dec. no 70.235/72, ocasião em que tratamos do processo contencioso e os “meros
procedimentos”, em que destacamos a Consulta.
Em seguida, caminhamos no sentido do processo judicial e verificamos as me-
didas cabíveis antes e depois do Lançamento Tributário e, também, antes e depois
da citação numa Ação de Execução Fiscal, marcos que definem o tipo de medida
judicial a ser utilizada.

OBJETIVOS
•  Compreender a tributação sobre o comércio exterior e sobre a produção e circulação;
•  Conhecer os princípios específicos e a competência do imposto sobre a importação e a
exportação; dos impostos sobre produtos industrializados e do imposto sobre a circulação de
mercadorias e serviços;
•  Apreender os elementos da obrigação tributária relativos aos impostos de importação e expor-
tação, sobre produtos industrializados e do imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços.

Impostos sobre o comércio exterior

Antes de iniciar este capítulo, necessário se faz colocar que adotaremos uma
estrutura de apresentação dos impostos de modo a facilitar o seu entendimento
afim de atingir os objetivos específicos elencados no Plano de Ensino da disciplina.
A ideia é abranger sempre a competência, a função, o fato gerador, a alíquota, a
base de cálculo, o contribuinte, o lançamento e por fim algumas considerações
pertinentes, dentro dos ditames constitucionais, das Leis Complementares e da
legislação infraconstitucional aplicada que rege esses impostos.
Outro aspecto importante diz respeito à profundidade de conhecimento sobre
o tema que será abordado neste livro, porque mesmo após uma especialização em
Direito Tributário, outras expertises você deverá desenvolver dependendo do tipo
de mercadoria.

capítulo 4 • 96
Imposto de importação II, legislação, competência, hipótese de incidência e
consequente

Competência

Também conhecido, vulgarmente, como “tarifa aduaneira” e/ou “tarifas da


alfândega”.
É da competência da União Federal, conforme art.153 I da CRFB/88 e arts.
19 a 22 do CTN, por se tratar de um imposto com implicações no relacionamen-
to do país e o exterior. No âmbito internacional não se deve projetar a persona-
lidade jurídica dos Estados-membros, mas a própria federação como um todo,
conforme rotulado, por exemplo, nos produtos: made in China, Taiwan, Portugal.

Função

Sua função é extrafiscal, ou seja, vai além da finalidade de arrecadar receita


para o orçamento fiscal. É muito mais importante como instrumento de proteção
da indústria nacional e do comércio exterior do que como instrumento de arreca-
dação de recursos financeiros para o tesouro público.
Se não existisse o Imposto de Importação, a maioria dos produtos industria-
lizados no país não teria condições de competir no mercado com seus similares
produzidos em países economicamente mais desenvolvidos, nos quais o custo in-
dustrial é reduzido devido aos processos de racionalização da produção e ao de-
senvolvimento tecnológico de um modo geral. Além disso, vários países subsidiam
as exportações de produtos industrializados, de sorte que os seus preços ficam
consideravelmente reduzidos.
Por óbvio, os outros países também adotam a mesma estratégia com os nossos
produtos quando importados. Por exemplo, o nosso suco de laranja, muito mais
saboroso e barato, quando chega aos EUA é altamente tributado para não concor-
rer com o suco americano produzido na Califórnia.
Corroborando a sua função extrafiscal, o II não está sujeito aos princí-
pios da anterioridade, da legalidade e tão pouco da noventena ou anterioridade
nonagesimal ou anterioridade mitigada, elencados nos arts. 150 § 1o e 153 § 1o da
CRFB/88 e art. 21 do CTN. Assim, o II funciona como valioso instrumento de
política econômica, um lépido instrumento para regular o comércio internacional.17
17  COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à Constituição e ao
Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001, p.308.

capítulo 4 • 97
O fato gerador (FG)

O fato gerador é a entrada de produtos estrangeiros no território nacio-


nal, a entrada física da mercadoria com a destinação para o território brasileiro.
Considerando sob esse aspecto os bens móveis destinados ao consumo, inclusive:
energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais.
Importante salientar que não se deve confundir a ocorrência do fato gerador
do II com a forma pela qual se exterioriza, ou é documentada. Uma coisa é o FG
do imposto, que é a entrada (física com destinação) das mercadorias em território
nacional. Outra coisa é o momento em que se considera ocorrido tal fato, para
determinado fim.
Assim, para fins de direito intertemporal, é relevante a data em que esse con-
junto de fatos começou a se formar, representando a consolidação de uma situação
que se pode considerar incorporada ao patrimônio do contribuinte. Neste caso, o
marco que definirá o elemento objetivo do aspecto temporal do fato gerador do
imposto é a data do registro da declaração, da guia de importação. Assim está es-
tabelecido no art. 23 do Decreto-lei no 37 de 18 de novembro de 1966 que tratou
de definir o elemento temporal para a ocorrência do fato gerador.
Para ilustrar tal situação podemos nos valer do caso do aumento da alíquota
do II para carros já faturados e embarcados no exterior, cujo processo de desemba-
raço alfandegário já tenha sido disparado por meio do registro da guia de importa-
ção, junto ao órgão alfandegário. Neste caso, tem-se consolidada uma situação que
não admite mudança no regime jurídico de importação, sob pena de se ter violado
o princípio da irretroatividade das leis.

Alíquotas

Podem ser específicas (quantidade/medida) e ad valorem (% sobre um valor).


As alíquotas específicas recairão sempre sobre produtos ou mercadorias que
têm sua cotação no mercado mundial muito sensível, ou seja, cujos preços em
dólares americanos são muito inconstantes, as chamadas commodities, tendo seus
preços uniformemente determinados pela oferta e procura internacional. Por
exemplo, o petróleo, a soja, o milho e trigo.
As alíquotas do imposto de importação normalmente são elevadas e consti-
tuem um verdadeiro estímulo à prática do crime de descaminho. Neste caso fun-
ciona a lei natural segundo a qual a tendência para sonegação aumenta na medida
em que é maior a alíquota do tributo.

capítulo 4 • 98
As alíquotas são estabelecidas pela Tarifa Aduaneira do Brasil – TAB, confor-
me os 820 artigos do Decreto no 6.759 de 5 de fevereiro de 2009 que regulamenta
a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação
das operações de comércio exterior.

A Base de cálculo (BC)

O art. 20 do CTN além de disciplinar a matéria sobre a BC, traz a previsão da


existência das alíquotas acima mencionadas.
De um modo geral se entende o preço constante da fatura. Entretanto, existem
duas outras formas de determinar esse preço, visto que essa liberdade poderia acar-
retar verdadeiros absurdos por ocasião da emissão das referidas faturas (invoice).
São eles: o preço de referência e a pauta de valor mínimo. O preço de refe-
rência é fixado pelo Conselho de Política Aduaneira; e a pauta de valor míni-
mo é estabelecida pela Comissão Executiva do mencionado Conselho de Política
Aduaneira. O órgão competente para fixar as alíquotas de importação, bem como
de exportação, é a Câmara de Comércio Exterior – CAMEX – órgão integrante do
Conselho de governo, e é presidida pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior. Dessa forma a BC será o valor aduaneiro (valor normal da
operação), quando alíquota for ad valorem.
Diferentemente quando se tratar de alíquota for específica, a quantidade
de mercadoria expressa na unidade de medida indicada na Tarifa Aduaneira do
Brasil–TAB. Exemplo: para X toneladas do produto petróleo cru, a alíquota espe-
cífica será de Z reais por tonelada.
Na área de comércio exterior normalmente são utilizadas várias expressões
e siglas em inglês, então quando falarem em preço FOB é a abreviatura da frase
inglesa “Free On Board” que significa “colocado a bordo”.
Nas operações mercantis de compra e venda, a cláusula FOB indica que o ven-
dedor terá o encargo de entregar a mercadoria a bordo, pelo preço estabelecido,
ficando as despesas decorrentes do transporte (frete e seguro) por conta do com-
prador, bem como os riscos, até o porto de destino. Neste caso a responsabilidade
do vendedor termina no instante em que coloca a mercadoria a bordo do navio,
ou outro meio de transporte no local de embarque.
De forma diferente a expressão preço CIF a abreviatura da expressão em
inglês “Cost, Insurance and Freight” significa que o “Custo, Seguro e Frete”,
respectivamente, já estão incluídos no preço da mercadoria. Nessas operações
mercantis de compra e venda, a cláusula CIF inclui no preço da mercadoria

capítulo 4 • 99
vendida, as despesas com seguro e frete até o local de destino. A cláusula CIF
estabelece que o vendedor tem o ônus de entregar a mercadoria ao compra-
dor, no local em que este tem seu estabelecimento, ou local que indicar, ou no
porto de destino, correndo por conta do vendedor as despesas com frete e segu-
ro quando a mercadoria vendida chegar ao seu destino. No caso de transporte
terrestre, a responsabilidade do vendedor termina no instante em que entrega a
mercadoria ao transportador.

Contribuinte

É o importador ou quem a lei equiparar, conforme o art. 22 I do CTN. Em


se tratando de produtos apreendidos ou abandonados, o contribuinte será o arre-
matante destes como nos indica o art. 22 II do CTN.
Normalmente o importador é uma pessoa jurídica, regularmente instalada,
mas para fins do Imposto de Importação, é considerado importador qualquer
pessoa, seja natural ou jurídica, regularmente estabelecida ou não, que realize a
introdução da mercadoria em território nacional, pode ser o destinatário da re-
messa postal internacional ou o arrematante. Incluindo nesta lista os responsáveis
tributários: o transportador, depositário, adquirente ou cessionário.
Relembre que a capacidade tributária passiva independe de formalismo, con-
forme verificamos no art. 126 do CTN.

Lançamento

Discussões à parte, se por declaração ou homologação, ficaremos com a aposi-


ção de que deveria ser mediante declaração do SP, oferecendo ao fisco os elementos
informativos necessários a esse fim, ao providenciar o despacho aduaneiro das
mercadorias importadas. Entretanto, a legislação em vigor determina que seja fei-
to o pagamento do imposto antes de qualquer providência da fiscalização, tendo-
se, assim, um lançamento por homologação.

Considerações finais sobre o imposto de importação

Em face da grande importância do II como instrumento de política econô-


mica e do comércio exterior, o estudo desse imposto envolve figuras típicas, tais
como: o porto livre, a zona livre ou zona franca, zona primária (portos, aeroportos

capítulo 4 • 100
e pontos alfandegados de fronteiras), zona secundária (o restante do território
nacional); recintos e terminais alfandegados.
Existem os regimes especiais, com suspensão do imposto denominados: trân-
sito aduaneiro; admissão temporária; exportação temporária e o drawback que
pode se apresentar em três espécies: suspensão, isenção e restituição de imposto.
Existem ainda os regimes aduaneiros atípicos, são eles: Zona Franca de
Manaus18, Amazônia Ocidental e áreas de livre comércio, Loja Franca (Free Shop)
e os depósitos especiais alfandegados.
Bastante coisa, certo? Então por que não pegar esses interessantes temas e
partir para uma bela pesquisa sobre esses institutos?
Por último, conforme alertado no início deste capítulo, se conclui da existên-
cia de imensa legislação pertinente ao imposto de importação.

Imposto de exportação (IE), legislação, competência, hipótese de incidência e


consequente

Competência

É competente a União a instituição e a cobrança do Imposto de Exportação


para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. Da mesma maneira que
ocorreu com o Imposto de Importação, estamos diante de uma situação de pro-
jeção da personalidade jurídica da federação, isto porque o controle e a unifor-
midade de critérios na condução da política nacional de exportação devem ser
preservados. Verifique essa distribuição de competência lendo os nos arts. 153 I
da CRFB/88 e 23 do CTN.

Função

Sua função extrafiscal, ou seja, vai além da finalidade de arrecadar receita para
o orçamento fiscal. É muito mais importante como instrumento de proteção da
indústria nacional e do comércio exterior do que como instrumento de arrecada-
ção de recursos financeiros para o tesouro público19.
Na prática sua cobrança é quase inexistente, com alíquotas se aproximan-
do de zero para tornar o preço dos nossos produtos exportados cada vez mais
18  SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva.2009, p. 997.
19  BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário brasileiro. 11. ed. atualizada por Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de
Janeiro, Forense. 2006, p.229.

capítulo 4 • 101
competitivos no comércio internacional. Recomendamos a leitura do art. 26 do
CTN, uma vez que este artigo é quem empresta a função extrafiscal nos mesmos
moldes do Imposto de Importação.

Fato gerador (FG)

O Imposto de exportação, ou mais propriamente sobre exportação tem como


fato gerador a saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacio-
nal, de acordo com o art. 23 do CTN. Considera-se ocorrido o FG no momento
da expedição da guia de exportação ou documento equivalente, dentro do mes-
mo raciocínio do aspecto temporal do elemento objetivo do FG do Imposto de
Importação. Tal saída, por ficção legal, ocorre no momento da expedição da guia
de exportação ou documento equivalente. Não se consumando, porém, a exporta-
ção, por qualquer motivo, o IE deve ser restituído, eis que efetivamente inocorreu
o seu fato gerador.

Alíquotas

Podem ser específicas ou ad valorem conforme explicitado no art. 24 I e II


do CTN.

Base de cálculo (BC)

A base de cálculo do imposto,em se tratando de produto sujeito à alíquota


específica, será a unidade de medida adotada pela lei, e, em se tratando de produto
sujeito à alíquota ad valorem, o preço normal FOB que o produto, ou similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concor-
rência, de acordo com o art. 24 do CTN.

Contribuinte

É o exportador ou quem a lei assim equiparar de acordo com o art. 27 do CTN.


Exportador é aquele que remete a mercadoria, a qualquer título, para o exterior ou
a leva consigo. Não é necessário que seja comerciante, industrial ou produtor, vale
dizer, não é necessário que seja empresário, pois a exportação, como fato gerador do
imposto em causa, pode ser eventual e sem intuito de lucro.

capítulo 4 • 102
Lançamento

Geralmente é feito por declaração do exportador, mas a autoridade adminis-


trativa tributária pode recusar qualquer um dos elementos dessa declaração, espe-
cialmente o preço das mercadorias por conta do art. 149 III do CTN.

Considerações finais sobre o imposto de exportação

A utilização do IE é eventual, eis que ele não significa como já verificamos


fonte de receita orçamentária permanente.
Do mesmo modo deverão ser observados os 820 artigos do Decreto no
6.759 de 5 de fevereiro de 2009 que regulamenta a administração das atividades
aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comér-
cio exterior.

Impostos sobre a produção e a circulação

Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

Competência

O IPI pertence à competência da União de acordo com os arts. 153 IV da


CRFB/88 e 46 do CTN. A competência para instituir e cobrar o IPI constitui
significativa parcela de poder político que se concentra em mãos do governo fe-
deral, não obstante que considerável parcela de sua arrecadação seja destinada aos
Estados, ao Distrito federal e aos Municípios, nos termos do art. 159 I e II da
CRFB/88 na seção que trata da Repartição das Receitas Tributárias.

Função

Embora utilizado como instrumento de função extrafiscal, sendo, como é, por


força de dispositivo constitucional, um imposto seletivo em função da essenciali-
dade do produto de acordo com o art. 153 § 2o IV da CRFB/88, o IPI tem papel
de maior relevância no orçamento da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. Foi, até pouco tempo, o tributo de maior expressão como fonte
de receita, posição que vem sendo ocupada atualmente pelo Imposto de Renda,

capítulo 4 • 103
provavelmente em razão de substanciais reduções operadas nas alíquotas do IPI,
muitas das quais foram reduzidas a zero dentro dos variados planos econômicos de
incentivo ao consumo nos últimos 12 anos de governo.

Fato gerador (FG)

O fato gerador do IPI está disciplinado no art. 46 do CTN. A referência a


estabelecimento do comerciante lá existente deve ser entendida como relativa aos
casos em que a lei equipara o comerciante ao industrial.
Questão relevante no estudo deste imposto é dominar a extensão no Direito
Tributário da expressão industrializado prevista no art. 46 parágrafo único do
CTN. Para tal devemos nos valer do que preconiza o Decreto no 7.212, de 15 de
junho de 2010, que regulamenta a cobrança e administração do Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI, o RIPI.
Recomenda-se com empenho a leitura dos artigos 1o ao 7o do RIPI. Lá você
irá elucidar suas dúvidas sobre os seguintes conceitos afetos ao termo industria-
lização: transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento ou
reacondicionamento, renovação ou recondicionamento20.

Alíquotas

As alíquotas do IPI são as mais diversas, até porque estamos falando de


um imposto regido pelo princípio da essencialidade ou seletividade de acor-
do com o art. 48 do CTN. Assim existe legislação específica que adotou uma
tabela de classificação dos produtos denominada TIPI estampada por meio
do Decreto 8.950 de 29 de dezembro de 2016 que aprova a tabela de inci-
dência do IPI. Para tal basta acessar o site da SRFB pelo link, disponível em:
<https://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/legislacao/legislacao-por-assun-
to/tipi-tabela-de-incidencia-do-imposto-sobre-produtos-industrializados>.
Como exercício, é indicado o manuseio da TIPI para você descobrir qual é
a alíquota do chope, da cerveja, dos charutos e dos cigarros. No entanto, a TIPI
tem 441 páginas, assim, para ajudar, vá direto à página 68, capítulo 22, Bebidas,
líquidos alcoólicos e vinagres. Confira a resposta ao final do capítulo.

20  SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva.2009, p. 1004.

capítulo 4 • 104
Base de cálculo (BC)

Estão discriminadas no art. 47 do CTN e no art. 190 do Decreto no 7.212/2010


o RIPI.

Contribuinte

O art. 51 do CTN disciplina o assunto, juntamente com os arts. 24 a 29


do RIPI. São exemplos de contribuintes: importador ou equiparado, industrial
ou equiparado, comerciante fornecedor e contribuinte substituto, na substituição
tributária. Os responsáveis tributários serão transportador, o possuidor e o expor-
tador em determinados casos.

Lançamento

O lançamento tributário do IPI é objeto da modalidade por homologação


previsto no art. 150 do CTN, de acordo com as normas estabelecidas pelos arts.
251 a 267 do RIPI.

Considerações finais sobre o IPI

Por força do dispositivo constitucional art. 153, § 3o III e do art. 49 do CTN


o IPI será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação
com o montante cobrado nas anteriores.

Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestação de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS)

Competência

Antigo ICM, na CRFB/8821, teve seu âmbito de atuação ampliado, passando


a abranger, também, as prestações de serviços de transporte interestadual e inter-
municipal e de comunicação; com isso a sigla ICM foi substituída por ICMS.
Competente é o Estado no qual se verifica a hipótese de incidência prevista na lei.

21  COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à Constituição e ao
Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001, p.329-332.

capítulo 4 • 105
Ocorre que esta regra não produz os efeitos práticos desejados, em virtude da
não cumulatividade do imposto, técnica da qual em muitos casos decorrem sérias
distorções, com favorecimento dos Estados predominantemente produtores, em
detrimento daqueles predominantemente consumidores, e isto num país de di-
mensões continentais tem impacto significativo nas finanças estaduais. Sua com-
petência aparece no art. 155 II § 2o do item I ao XII da CRFB/88 e na LC no 87
de 13 de setembro de 1996 que dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito
Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá
outras providências. (LEI KANDIR)

Função

A sua função é predominantemente fiscal. É fonte de receita bastante expres-


siva para os Estados e o Distrito Federal.
De acordo com art. 155, § 2o, item III da CRFB/88, o ICMS poderá ser
seletivo em função da essencialidade dos serviços e mercadorias, facultando assim
o seu uso com função extrafiscal. Entretanto para não permitir abusos, cuidou
a CRFB/88 de estabelecer que o Senado Federal possa estabelecer as alíquotas
mínimas e máximas, conforme dispõe o art. 155, § 2o, itens IV e V da CRFB/88.

Fato gerador (FG)

O fato gerador do ICMS é descrito na Lei Estadual ou do Distrito Federal


que o instituiu.
Segundo a CRFB/88, cabe a Lei Complementar estabelecer normas gerais em
matéria de legislação tributária, especialmente sobre a definição do fato gerador
conforme o art.146, item III, alínea a.
Ocorre que com a entrada em vigor da LC no 87/96, a falta da lei complemen-
tar mencionada deixou de existir e o ICMS passou a ser regulamentado pelos 36
artigos da LC 87/96 mais conhecida como Lei Kandir.
Dentro do aspecto do fato gerador algumas considerações precisam ser realiza-
das para melhor entendimento do núcleo dessa obrigação tributária.
Desmembrando sua descrita na CRFB/88 para um melhor entendimen-
to temos:

capítulo 4 • 106
•  Imposto sobre operações relativas à circulação: assim, operações relati-
vas à circulação são quaisquer atos ou negócios que implicam a circulação de
mercadorias, ou seja, a mudança de propriedade dentro da circulação econômica
que as leva da fonte até o consumidor, enfim a troca de mãos. A principal dessas
operações é, sem dúvida, o contrato de compra e venda. Vale ressaltar que um
contrato de compra e venda de mercadorias, por si mesmo, não gera o dever de
pagar ICMS. Neste caso, não é fato gerador esse imposto enquanto não implique
circulação de mercadoria, a troca de mãos;
•  Mercadorias: são coisas móveis que se prestam a atos de mercância.

Os produtos agropecuários e extrativos minerais e vegetais são também consi-


derados mercadorias para o efeito da cobrança do ICMS.
Inicialmente, se um bem não é destinado à comercialização ou à industriali-
zação, a sua circulação não estará sujeita ao ICMS, vez que lhe falta a condição
de mercadoria.
Ocorre que a própria Lei Maior de maneira clara exclui dessa regra básica as
seguintes hipóteses, ou seja, incidirá também, senão vejamos:
•  Art. 155, § 2o, IX-a: entrada de bem importado por pessoa física ou ju-
rídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja
sua finalidade;
•  Art. 155, § 2o, IX-b: sobre o valor da operação, quando mercadorias fo-
rem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos
Municípios.

Ainda dentro das exceções constitucionais que determinam o fato gerador do


ICMS, temos:
•  Sobre operações relativas à circulação de mercadorias, sobre a entrada
de bens destinados a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, e sobre pres-
tações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni-
cação: as prestações de serviços sujeitas ao ICMS são aquelas relativas ao transpor-
te interestadual e intermunicipal exclusivamente, vez que a prestação de serviço de
transporte dentro do município será alcançada pelo ISS, tema futuro deste livro.

capítulo 4 • 107
No caso dos serviços de comunicação abrange aqueles realizados por qual-
quer meio.
•  Sobre operações relativas à circulação de mercadorias, sobre a entrada
de bens destinados a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de co-
municação, ainda que as operações se iniciem no exterior: apesar de os bens
destinados ao consumo, ou ao ativo fixo do estabelecimento, não serem merca-
dorias, a incidência do imposto em se tratando desses bens, somente ocorre na
entrada no estabelecimento importador daqueles que tenham sido importados do
exterior de acordo com o art. 155, § 2o, item, IX, alínea a, da CRFB/88.
O ICMS não alcança a transferência de um bem de consumo, ou do ativo
fixo, de um para outro estabelecimento da mesma empresa porque não houve
circulação. A nota fiscal será extraída e o ICMS será lançado, mas somente a título
de acompanhar o transporte da mercadoria.
Por fim no que tange ao fato gerador art. 2o e o seu § 1o da lei 87/96 elencam
as 8 hipóteses de incidência do ICMS.
Alíquotas

Por ser o ICMS um imposto multifásico, ou seja, incidente em várias etapas


da circulação (produtor, industrial, atacadista e varejista), a CRFB/88 achou
por bem cuidar, expressamente, de sua alíquota, determinando quando se tratar
de consumidor final em outro Estado da Federação a existência de duas alíquotas,
uma interna e outra externa, sendo a interna sempre superior a externa. Assim
quando o destinatário for contribuinte, pessoa jurídica (alíquota externa) e quan-
do não for contribuinte do imposto, pessoa física (alíquota interna). Dessa forma
a Resolução do Senado Federal (RSF) no 22 de 19 de maio de 1989 estabeleceu a
alíquota externa de 12%.
Entretanto em relação à alíquota externa, outra variável deve ser levada em
consideração. Nesse sentido a mesma RSF estabeleceu que nas operações e presta-
ções interestaduais entre contribuintes do ICMS realizadas pelas regiões Sudeste e
Sul destinadas às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao estado do Espírito
Santo a alíquota externa passa a ser de 7%. No caso inverso, nas operações inte-
restaduais entre contribuintes do ICMS realizadas pelas regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste e estado do Espírito Santo destinadas às regiões Sudeste e Sul, a
alíquota é de 12%. Verifica-se que o constituinte procurou deste modo diminuir
o impacto centros produtores versus centros consumidores.

capítulo 4 • 108
Caso o destinatário não seja contribuinte prevalece a alíquota interna fixada
por lei estadual. Na prática, nas leis específicas estaduais, enquanto as alíquotas
normais das operações internas giram em torno de 17 a 18%, para os produ-
tos considerados supérfluos, via princípio da seletividade, essas alíquotas podem
chegar a valores que correspondem até mais do que o dobro dessas. É o caso dos
perfumes, armas e munições, bebidas alcoólicas (exceto o chope) cujas alíquotas
chegam aos 37%. O chope é tributado pelo ICMS a uma alíquota de 20%.
Para se calcular o valor do ICMS adota-se, no exemplo a seguir, o seguin-
te critério:
Numa saída de mercadorias no Valor de R$1.000,00, do estabelecimento
comercial A localizado no estado do Rio de Janeiro (RJ)destinadas ao estabele-
cimento comercial B situado no estado do Piauí(PI), considerando-se a alíquota
interestadual ou externa (AE) seja de 12% e as internas em ambos os estados (AI),
para facilitar o cálculo, são de 20%, temos:

ESTADO- RJ AMBOS SÃO CONTRIBUINTES ESTADO- PI

A B
Saída das mercadorias Entrada das mercadorias

1.000,00 1.000,00

12% 8% (20% AI. – 12% AE.)

120,00 80,00

recolher para o RJ recolher para o PI

Tabela 4.1  – 

A solução tem base na leitura do art. 155 § 2o VII e VIII da CRFB/88:

VII. Nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final,
contribuinte ou não do imposto, localizado em outro estado, adotar-se-á a alíquota inte-
restadual e caberá ao estado de localização do destinatário o imposto correspondente
à diferença entre a alíquota interna do estado destinatário e a alíquota interestadual.
VIII. A responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença en-
tre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII será atribuída
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto.
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto.

capítulo 4 • 109
Caso, no exemplo anterior, o destinatário no Piauí não fosse contribuinte
do ICMS, ou seja, uma pessoa física, seria adotada a alíquota interna de 20% e
caberia, somente, ao estado RJ o recolhimento total do imposto, equivalente a
R$ 200,00. (1.000,00 x 20%)
O imposto só incidirá na saída e não na saída e na entrada, conforme situação
anterior na qual ambos eram contribuintes do ICMS.

Base de cálculo(BC)

A LC 87/96 no art.13 dentro dos seus nove incisos, alíneas e parágrafos e


ainda, nos arts. 14 a 18, disciplina o assunto.

Contribuinte

O caput do art. 4o e seu parágrafo único, da LC 87/96, elencam as pessoas que


poderão ser contribuintes.
Nos arts. 5o e 6o do mesmo dispositivo legal encontramos as hipóteses de
importantíssimo tema, qual seja, o da substituição tributária, disposta na Lei de
cada Estado-membro.
Já nos art. 20 a 25, encontramos as hipóteses de outro tema muito importan-
te, qual seja, o da compensação.

Lançamento tributário

O ICMS é lançado por homologação conforme preconiza o art. 150 do


CTN.

Considerações finais sobre o ICMS

Trata-se de um imposto indireto, visto que o contribuinte de fato é diverso do


de direito. É proporcional (não progressivo), podendo, porém, ser seletivo. É um
imposto não cumulativo junto com o IPI.

Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN ou ISS)

Ao mesmo tempo em que determinam quais são os serviços que os Municípios


devem prestar à sociedade, a Constituição da República Federativa do Brasil dita

capítulo 4 • 110
as regras que vão possibilitar a arrecadação dos recursos necessários à consecução
desses objetivos, quais sejam, a prestação dos serviços afetos ao município.
Na busca desse desiderato, têm os municípios como principal fonte de recursos
a proveniente da arrecadação dos impostos municipais de sua competência tributá-
ria, neste caso o ISS além das receitas transferidas não tributárias e as receitas origi-
nárias que englobam as maneiras pelas quais os Municípios podem auferir receitas.

Competência

É da competência dos Municípios conforme art. 156 III da CRFB/88. A lei


complementar no 116 de 31 de julho de 2003 dita as normas gerais para que cada
Município possa editar a sua lei para arrecadar o ISS.

Função

O ISS tem função predominantemente fiscal. É importante fonte de receita


tributária dos Municípios.
Embora não tenha alíquota uniforme, não se pode dizer que seja um imposto
seletivo e muito menos se pode dizer que tenha função extrafiscal relevante.
Infelizmente, muitos municípios não o arrecadam, por falta de condições ad-
ministrativas para criar a estrutura necessária à cobrança e à fiscalização do imposto.

Fato gerador (FG)

A LC 116/2003 lei complementar no 116 de 31 de julho de 2003 agrupou


os serviços por categorias e o seu Município, consoante com o dispositivo federal,
deve ter aprovado a lei em vigor do ISS na sua cidade, procure verificar.
Muito importante ressaltar que o local da prestação do serviço é o aspecto
espacial do elemento objetivo do fato gerador do ISS.
Assim, o ISS será devido ao Município do local onde se encontrar estabelecido
o prestador do serviço de acordo com o art. 3o da LC 116/2003, que não é neces-
sariamente o local da prestação do serviço.
A regra geral é o local onde se encontrar o estabelecimento do prestador,
entretanto o art. 3º da LC 116/2003 enumera 25 incisos e 4 parágrafos, onde
encontramos as exceções a essa regra, ou seja:

capítulo 4 • 111
Art. 3o O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimen-
to prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto
nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local.
(grifo do autor deste material)

Mais uma vez recomenda-se com empenho, para um bom entendimento des-
sa passagem, a leitura do artigo da citada LC anteriormente mencionada, visto
que a grande quantidade de serviços alcançados por essa exceção, bem dizer, a
transformam quase numa regra.

Alíquotas

Os Municípios gozam de autonomia para fixar as alíquotas do ISS, mas a


União poderá, por LC, fixar alíquotas máximas para esse imposto, conforme
aponta o art. 156, § 3o, item I da CRFB/88, o que ocorreu pelo art. 8o da LC
116/2003, ao estipular a alíquota máxima em 5%.
Em outro sentido a EC no 37 de 12 de junho de 2002 fixou alíquota míni-
ma para o ISS à razão de 2% no art. 88 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT).

Base de cálculo(BC)

No estudo da BC do ISS deve-se considerar, em primeiro lugar, o tipo


de contribuinte:
•  Se for trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto é fixo, varian-
do em função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes. Neste caso
não há de se falar em BC e alíquota, pois não há nada que se calcular;
•  Se forem serviços prestados por empresas. O ISS, que neste caso é pro-
porcional, tem como BC o preço do serviço;
•  Em se tratando da prestação de serviços que envolvam o fornecimento
de mercadorias, sujeito esse fornecimento ao ICMS. Segundo previsto na lista
anteriormente referida, do valor da operação é deduzido o preço das mercadorias
que serviu de base de cálculo do imposto estadual;
•  Em se tratando de obras de construção civil, é deduzido também o valor
das subempreiteiras já tributadas pelo ISS. Os arts. 9o do Decreto-lei 406/68 e
o 7o da LC 116/2003 regulam o assunto.

capítulo 4 • 112
Contribuinte

É a empresa, ou o trabalhador autônomo que presta serviço tributável de acor-


do com os art. 10 do Decreto-lei 406/68 e art. 5o da LC 116/2003.
Por oportuno relembramos que autônomo é o profissional que, ao contrário
do empregado, desempenha suas atividades sem estar subordinado ao contratante
do serviço. O autônomo trabalha por si e por conta própria, diferentemente do
empregado, que trabalha por conta e ordem do empregador. Podemos citar como
exemplo o médico que presta serviço como autônomo é contribuinte do ISS. Já
o médico empregado de um hospital, não. Neste caso o contribuinte é o hospital.
O ISS dos autônomos é fixo, independentemente do preço do serviço prestado.
Já as Sociedades de Profissionais ou Uniprofissionais, apesar de serem
Pessoas Jurídicas (PJ), são tributadas de forma idêntica à tributação aplicável aos
autônomos, sendo o ISS calculado em relação a cada profissional habilitado, só-
cio, empregado ou não, desde que a prestação de serviços ocorra sob a forma de
trabalho pessoal dos seus profissionais habilitados e não como trabalho da própria
sociedade. Exemplo: se uma empresa é constituída por dois médicos para a pres-
tação individual de serviços de consultas médicas, fica caracterizada a prestação
de serviço sob a forma de trabalho pessoal, ou seja, autônomo e assim o ISS será
fixo. Nada impede, no entanto, que os profissionais habilitados da sociedade de
profissionais sejam auxiliados por profissionais não habilitados, desde que não
sejam estes os efetivos prestadores dos serviços em nome sociedade. Exemplo: para
se constituir a “Clínica de Estética da Mulher Advogada” serão necessários, no mí-
nimo, dois médicos dermatologistas que podem ser auxiliados por tantos quantos
esteticistas, massagistas, enfermeiros forem necessários (eles serão empregados da
Clínica). A tributação será fixa.
Ainda no mesmo exemplo, não será sociedade de profissionais se tiver so-
mente um dos sócios com a habilitação exigida de médico dermatologista. Se os
dois médicos tenham constituído a sociedade para explorar o trabalho de outros
médicos, caracterizam-se os serviços como trabalho da própria sociedade, e a tri-
butação é sobre o preço do serviço, ou seja, ISS variável.
Não são considerados contribuintes do ISS: os que prestem serviços em rela-
ção de emprego; os trabalhadores avulsos; e os diretores e membros de conselhos
consultivo ou fiscal de sociedades.

capítulo 4 • 113
Lançamento

O lançamento tributário do ISS é feito por Homologação nos termos do art.


150 do CTN. Todavia pode ser objeto de lançamento de ofício por revisão, como
acontece com qualquer tributo.

Considerações finais sobre o ISS

Em resumo na verificação da incidência do ISS temos as seguintes regras:


•  Se o serviço estiver sujeito à incidência do ICMS, não poderá haver a inci-
dência do ISS;
•  Se o serviço não estiver sujeito à incidência do ICMS e não constar na lei
complementar, não haverá a incidência do ISS;
•  Se o serviço não estiver sujeito à incidência do ICMS e constar da lista da lei
complementar, incidirá o ISS, desde que haja lei municipal instituindo o imposto
sobre o serviço.

Inexiste, portanto, incidência do ISS quando não há previsão de incidência


do imposto sobre o serviço na lei municipal, ainda que o serviço conste na lista
da LC 116/03.
A falta de previsão do serviço na lei municipal implica a não incidência do
ISS, uma vez que sobre ele não terá sido instituído o imposto.22
A CRFB/88 e as leis complementares de normas gerais não criam tributos,
apenas estabelecem as condições para que eles possam ser validamente instituídos
exceto nos 4 casos dos arts.148; 153 VII; 154 I; e 195 § 4o I da Lei maior.

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações rela-


tivas a títulos e valores mobiliários (IOF)

Competência

O IOF é da competência da União como nos ensinam os arts. 153 V da


CRFB/88 e 63 a 67 do CTN. Por se tratar de um imposto que se presta como ins-
trumento de política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores, a com-
petência para sua instituição e cobrança não poderia ser de outro ente federativo,
22  SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva.2009, p. 928-931.

capítulo 4 • 114
uma vez que o tema é do interesse de todos dentro da federação. Neste sentido a
CRFB/88 no seu art. 22 I e VII disciplina o assunto.

Função

O IOF tem função predominantemente extrafiscal em face do que preconiza


o art.65 do CTN.

Fato gerador (FG)

Com relação ao fato gerador, o mesmo está regulamentado no art. 63 I a IV


e seu parágrafo único do CTN. Entretanto se faz necessário alertar e aprofundar
(à)ao leitor(a) os seguintes aspectos das quatro operações, ou seja, o conjunto de
meios convencionais ou usuais empregados para atingir um resultado comercial
ou financeiro, com ou sem objetivo de lucro, que envolvem o IOF:
•  Operação de crédito, sempre estará presente no conceito de operação de
crédito a ideia de troca de bens presentes por futuros, daí por porque se diz que o
crédito tem dois elementos essenciais: a confiança e o tempo;
•  Operação de câmbio é a troca de moedas;
•  Operação de seguro é o contrato pelo qual se garante algo contra o risco de
eventual dano;
•  Operação relativa a títulos e valores mobiliários, se consubstancia na trans-
ferência de propriedade desses títulos. Por títulos e valores mobiliários entendem-
se os papéis representativos de bens ou direitos.

Alíquota

Diz-se que o IOF é um imposto flexível, entretanto é importante frisar que


sempre há de constar na lei a alíquota-limite, que não pode ser ultrapassada por
ato normativo do Poder Executivo. Daí os princípios da legalidade e da anteriori-
dade e da noventena não se aplicam ao IOF.

Base de cálculo (BC)

capítulo 4 • 115
Encontramos a disciplina do tema no art. 64 do CTN que por si só esgota
o assunto.

Contribuinte

Está disciplinado no art. 66 do CTN. Poderá ser: tomador do crédito, segurado,


comprador ou vendedor de moeda estrangeira, ou adquirente de título ou valor mobi-
liário/titular de aplicação financeira. Os responsáveis são: as instituições financeiras, as
seguradoras, as corretoras de câmbio ou as instituições do mercado de capitais.

Lançamento

É feito por homologação, nos termos do art. 150 do CTN.

Considerações finais sobre o IOF

Além dos tópicos até aqui sinalizados na CRFB/88 e o CTN sobre o IOF,
deixamos, para provocar sua curiosidade, a leitura das leis: no 5.143, de 20 de
outubro de 1966, que regulamenta crédito e seguro; a de no 8.894, de 21 de
junho de 1994, que dispõe câmbio e títulos e valores mobiliários; e a lei no
7.766 de 11 de maio de 1989, que dispõe sobre o ouro, ativo financeiro, e sobre
seu tratamento tributário e acrescente o Decreto no 6.306, de 14 de dezembro de
2007, que regulamenta o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro,
ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF.
O IOF, juntamente com o Imposto de Importação, de Exportação e IPI fecha
os 4 impostos da União que são extrafiscais. Pesquise sobre quais os princípios
constitucionais tributários que não se aplicam a esses quatro impostos porque será
de grande valia. Tenha a atenção em relação ora a base de cálculo ora às alíquotas.

ATIVIDADES
01. A empresa TOTA Comércio, Importação e Exportação Ltda. importa sapatos da China,
incluindo em seu custo operacional o valor do Imposto de Importação, o qual, no momento da
entrada da mercadoria no território nacional, tinha alíquota de 5%. Em razão de uma greve
dos trabalhadores avulsos do Porto do Rio de Janeiro, as mercadorias são apenas parcial-
mente descarregadas, o que acaba impedindo o preposto de a empresa efetuar o registro da
declaração de importação e, por consequência, realizar o pagamento do mencionado tributo.

capítulo 4 • 116
Transcorridos dois dias após a chegada dos sapatos em território nacional, o governo brasi-
leiro, no intuito de proteger a produção nacional, altera a alíquota do Imposto de Importação,
a incidir sobre sapatos, para 15 % (quinze por cento). Pergunta-se:
a) Qual alíquota deve ser aplicada ao caso concreto? Justifique.
b) Qual o tipo de lançamento está sujeito o Imposto de Importação? E para complementar
o montante do Imposto, na hipótese de a contribuinte efetuar o pagamento a menor?

02. Não integra a base de cálculo do ICMS o


a) IPI nas remessas a contribuinte para fins de comercialização.
b) valor corresponde ao seguro ou os juros debitados aos adquirentes.
c) montante do próprio imposto.
d) valor corresponde aos descontos concedidos sob condição ao destinatário da mercadoria.
e) frete por conta do remetente da mercadoria, cobrado em separado.

03. A base de cálculo do ICMS incidente sobre a mercadoria importada do exterior


não compreende
a) o Imposto sobre Operação de Câmbio.
b) as despesas aduaneiras.
c) o Imposto de Importação.
d) o Imposto sobre Produtos Industrializados.
e) o frete por conta do remetente.

04. O governo federal, no mês de março do corrente exercício financeiro, decretou o aumen-
to das alíquotas do Imposto sobre a Importação e do Imposto de Renda. Inconformados com
os aumentos, os advogados dos contribuintes desses dois impostos resolveram impugnar
judicialmente tais aumentos.
Pergunta-se: os contribuintes têm razão? Sim? Não? Por quê?

05. Com relação ao imposto sobre importação de produtos estrangeiros, assinale a


opção incorreta.
a) Somente se deve considerar entrada e importada aquela mercadoria estrangeira que
ingressa no território nacional para uso comercial ou industrial e consumo, não aquela
em trânsito, destinada a outro país.
b) A Constituição Federal outorga à União a competência para instituí-lo, vale dizer, conce-
de a este ente político a possibilidade de instituir imposto sobre a entrada no território

capítulo 4 • 117
nacional, para incorporação à economia interna, de bem destinado ou não ao comércio,
produzido pela natureza ou pela ação humana, fora do território nacional.
c) A simples entrada em território nacional de um quadro para exposição temporária num
museu ou de uma máquina para exposição em feira, destinados a retornar ao país de
origem, não configuram importação, e, por conseguinte não constituem fato gerador.
d) Terá suas alíquotas graduadas de acordo com o grau de essencialidade do produto, de
modo a se tributar com alíquotas mais elevadas os produtos considerados essenciais, e
com alíquotas inferiores os produtos tidos como supérfluos.
e) Terá caráter nitidamente extrafiscal, tanto que a Constituição Federal faculta ao Poder
Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar suas alíquo-
tas, já que sua arrecadação não tem objetivo exclusivo de abastecer os cofres públicos,
mas também a conjugação de outros interesses que interferem no direcionamento da
atividade impositiva – políticos, sociais e econômicos, por exemplo.

REFLEXÃO
Neste capítulo, abordamos os impostos sobre o comércio exterior, o de importação e
exportação. Tratamos da sua função, da competência e as considerações finais sobre cada
imposto.
Em seguida, adotamos a mesma abordagem para tratarmos dos impostos sobre a produ-
ção e circulação, quais sejam: o IPI, o ICMS, o ISS e, finalmente o IOF.
De posse desses ensinamentos você já poderá trilhar com mais tranquilidade numa lei-
tura mais aprofundada sobre os respectivos impostos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário brasileiro. 11. ed. atualizada por Misabel Abreu Machado
Derzi. Rio de Janeiro, Forense, 2006.
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à
Constituição e ao Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva.2009.

capítulo 4 • 118
5
Impostos sobre
a renda e o
patrimônio
Impostos sobre a renda e o patrimônio
Ao término do capítulo 4 verificamos os impostos sobre a produção e
a circulação.
Naquela ocasião tratamos dos impostos sobre a importação e a exportação do
IPI e do ICMS para ao final falarmos do ISS e o IOF.
Verificamos em cada imposto a competência, a função, o fato gerador, a alí-
quota, a base de cálculo, o contribuinte, o lançamento e por fim algumas conside-
rações pertinentes, dentro dos ditames constitucionais, das leis complementares, a
legislação infraconstitucional aplicada que regem aqueles.

OBJETIVOS
•  Compreender a tributação sobre a renda e o patrimônio e a renda;
•  Conhecer os princípios específicos e a competência do imposto de renda e proventos de
qualquer natureza; imposto sobre grandes fortunas; imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana; imposto sobre a propriedade territorial rural; imposto sobre a propriedade
de veículo automotor; imposto sobre a transmissão causa mortis e doação; e imposto sobre
a transmissão intervivos de bens imóveis e direitos a eles relativos;
•  Apreender os elementos da obrigação tributária relativos ao imposto sobre a proprieda-
de predial e territorial urbana; imposto sobre a propriedade territorial rural; imposto sobre
a propriedade de veículo automotor; imposto sobre a transmissão causa mortis e doação; e
imposto sobre a transmissão intervivos de bens imóveis e direitos a eles relativos.

Seguindo a linha de raciocínio do capítulo anterior, adotaremos uma estru-


tura de apresentação dos impostos abrangendo sempre a competência, a função,
o fato gerador, a alíquota, a base de cálculo, o contribuinte, o lançamento e
por fim algumas considerações pertinentes, dentro dos ditames constitucionais,
das leis complementares, a legislação infraconstitucional aplicada que regem esses
impostos.
Com relação à imersão no conhecimento sobre o tema continuaremos com a
profundidade adotada por este livro proprietário de graduação.

capítulo 5 • 120
Imposto de renda e proventos de qualquer natureza (IR), legislação: competência,
hipótese de incidência e consequente

Competência

É da competência da União instituir e cobrar o imposto de renda e proventos


de qualquer natureza.
Justifica-se que seja esse imposto da competência federal, porque só assim
pode ser utilizado como instrumento de redistribuição de renda, buscando manter
em equilíbrio o desenvolvimento econômico das diversas regiões, uma vez que é
tema de interesse de todos da federação.
Por outro lado, imagine que graves problemas relacionados à dupla ou a múl-
tipla tributação ocorreriam se fosse esse imposto da competência dos estados ou
municípios.

Função

Sua função é nitidamente fiscal. O IR é de enorme importância no orçamento


da União, onde hoje figura como a principal fonte de receita tributária.
É inegável também a importância do IR como instrumento de intervenção
do poder público no domínio econômico. Assim, presta-se como instrumento de
grande valia para incrementar o desenvolvimento econômico, regional e setorial,
via incentivos fiscais dados às empresas.

O fato gerador (FG)

É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim en-


tendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e de
proventos de qualquer natureza, entendidos os acréscimos patrimoniais não com-
preendidos no conceito de renda conforme o art. 43 do CTN.
Renda é um produto, um resultado, quer do trabalho, quer do capital ou da
combinação desses dois fatores.
Os demais acréscimos patrimoniais que não se comportem no conceito de
renda são proventos, ou sejam, proveitos.
Sua incidência é anual, assim seu fato gerador é periódico. Na incidência gené-
rica, existem incidências específicas, denominadas incidências na fonte.

capítulo 5 • 121
Alíquotas

Sua alíquota é progressiva.


Com isso busca o ideal de justiça tributária, qual seja, quem ganha mais paga
mais, quem ganha menos paga menos e quem nada ganha nada pagará.
É instrumento de distribuição de riqueza, uma vez que no plano teórico valo-
res de quem possui são retirados e redistribuídos a todos por meio da prestação de
serviços públicos, tais como saúde, educação e segurança.

A base de cálculo (BC)

É o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos tribu-


táveis, de acordo com art. 44 do CTN.
A forma de determinação da base de cálculo varia de acordo com o tipo de
contribuinte, quer seja ele pessoa física ou jurídica.
O IR de pessoa física é calculado, mensalmente, sobre o rendimento bruto
(renda e proventos reais) abatidas algumas parcelas, tais como: pensões alimentí-
cias e encargos de família.
Em se tratando de pessoa jurídica não há de se falar de renda nem de pro-
ventos, mas sim do lucro que pode ser conforme o critério de determinação: real,
arbitrado ou presumido.
O lucro real é a base de cálculo das pessoas jurídicas em geral, que pode ser en-
tendido como o acréscimo real do patrimônio da empresa, em determinado período.
Já o lucro presumido é a forma de tributação simplificada do Imposto de
Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL),
prevista nos arts. 516 a 528 do Decreto no 3.000 de 26 de março de 1999 que
regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e a administração do imposto
sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
O lucro arbitrado é uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de
renda utilizado pela autoridade tributária ou pelo contribuinte.
A autoridade fazendária arbitrará o lucro quando a pessoa jurídica deixar de
cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presu-
mido, conforme o caso. Por exemplo: quando o contribuinte optante pelo lucro
real não tem o livro diário ou razão ou quando deixa de escriturar o livro inventá-
rio. Os arts. 529 a 539 do Decreto no 3.000/99 disciplinam a matéria.

capítulo 5 • 122
Contribuinte

Pode ser pessoa física, pessoa natural, o indivíduo ou pessoa jurídica, ou seja,
aquela criada pelo direito, conforme o art. 45 do CTN.

Lançamento

O lançamento do IR é exemplo típico de lançamento tributário mediante


declaração, previsto no art. 147 do CTN. Exemplo: o profissional autônomo ad-
vogado que não tem contracheque.
Em se tratando de imposto de renda, a pessoa física assalariada tem o contra-
cheque descontado na fonte, o lançamento é feito por homologação, nos termos
do art. 150 do CTN.
Se o contribuinte não faz, como devia, sua declaração, ou se a faz de forma
errada, ou incompleta, a autoridade administrativa fará o LT de ofício conforme
o art. 149 do CTN.

Considerações finais sobre o imposto de renda

O imposto de renda, apesar de estar disciplinado no CTN em apenas três


artigos (do 43 ao 45), é um imposto que tem farta e complexa legislação. Não se
esqueça de ler o art. 153 § 2o I da CRFB/88, porque lá estão os princípios consti-
tucionais que regem o IR.
Cabe salientar que o Brasil adotou o sistema da renda mundial23 tendo
como consequência o crescimento dos tratados internacionais para evitar a
pluritributação e ou possíveis evasões.
Verifique os verbetes das súmulas do STJ no 125, 215 para enriquecer
seus conhecimentos.

Imposto sobre grandes fortunas (IGF), legislação: competência, hipótese de


incidência e consequente

Desde a época do então Senador Fernando Henrique que se tenta a implan-


tação do IGF.
23  COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à Constituição e ao
Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001, p. 457.

capítulo 5 • 123
Apesar da sua previsão constitucional no art. 153 VII, até a presente data o
referido imposto ainda não foi regulamentado por nossos parlamentares.
No Brasil a tradição da carga tributária se concentra na arrecadação nos im-
postos indiretos, incidentes sobre o consumo. Existe, também, a busca dos recur-
sos por meio da cobrança sobre a renda, o que atinge diretamente a classe média
assalariada, deixando o patrimônio das classes mais abastadas em seguindo plano.
Na América do Sul a Argentina, Colômbia e Uruguai cobram o IGF. A França,
Liechtenstein, Noruega, Suíça e Índia também tributam o imposto.

Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, legislação: competência,


hipótese de incidência e consequente

Competência

Da competência dos Municípios desde a Constituição de 1934.

Função

A sua função, inicialmente, era tipicamente fiscal. Entretanto após a promul-


gação da EC no 29/2000 o art. 156 § 1o passou a ter a seguinte redação:

Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182 § 4o, II, o imposto
previsto no inciso I poderá:
I. Ser progressivo em razão do valor do imóvel.
II. Ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e uso do imóvel.

A sua meta principal que era a obtenção de recursos para os Municípios, pas-
sou a ser, também, extrafiscal, ou seja, existe o objetivo fundamental de intervir
em uma situação social ou econômica.
Tributar mais quanto maior for o valor do imóvel urbano não se apresenta
como problema, até porque este é o ideal de justiça tributária, quem tem mais tem
que pagar mais.
Agora ter alíquotas diferentes de acordo com a localização do imóvel soa desres-
peito ao princípio da isonomia porque se você tem um imóvel de R$ 500.000,00 e
mora numa zona Z da cidade, a alíquota deste imóvel será bem menor do que um
outro com o mesmo valor na zona A, na beira da praia.

capítulo 5 • 124
O que interessa é exteriorização de riqueza, da capacidade econômica, da ca-
pacidade contributiva que no caso acima são iguais.
Morar na zona A ou Z da cidade é escolha de cada um.
Com certeza um imóvel de R$ 500.000,00 na beira da praia será infinitamen-
te menor do que o da zona Z.

O fato gerador (FG)

O fato gerador é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por


natureza ou por acessão física, localizado na zona urbana do município, conforme
nos ensina o art. 32 do CTN.
Dois aspectos precisam ser relembrados:
•  Conforme verificamos, no caso do ITR, este imposto recai apenas sobre o
imóvel por natureza (terra nua) enquanto o IPTU, agora examinado, incide sobre
os imóveis por natureza e também sobre os imóveis por acessão física (edificações);
•  O critério utilizado ao final será o da utilização e não a localização.

Fica aqui um pedido: faça uma pesquisa sobre se o critério de cobrança do


IPTU e do ITR, próximo imposto, é o da localização da terra ou da utilização
desta. Resposta ao final.

Alíquotas

As alíquotas do IPTU são fixadas pelos Municípios, sem que a CRFB/88 nem
o CTN ou qualquer outro dispositivo legal imponha qualquer limitação.
Ainda sobre as alíquotas do IPTU sugerimos a leitura do art. 182 § 4o da
CRFB/88, visto que este artigo atribui mais uma função além de arrecadar do
tributo, a de inibir a especulação imobiliário de terrenos urbanos que não estão
cumprindo sua função social.

A base de cálculo (BC)

A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, assim nos ensina o art.
33 do CTN.

capítulo 5 • 125
Cabe a repartição competente da sua cidade apurar o valor venal dos imóveis,
para o fim de calcular o imposto, assegurado, entretanto, ao contribuinte o direito
à avaliação contraditória, nos termos do art. 148 do CTN.

Contribuinte

É o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a


qualquer título, conforme indica o art. 34 do CTN.
Não se esqueça de que o inquilino de um imóvel só está obrigado a pagar
o IPTU por conta de um contrato de locação que ele aceitou e não pelo CTN.
Para o fisco, o contribuinte é o proprietário. Logo quem será alcançado por uma
execução fiscal será o proprietário, cabendo a ele buscar esses valores não pagos de
IPTU numa ação de regresso na área cível.

Lançamento

O lançamento tributário do IPTU é um feito de ofício, por iniciativa do fisco.


As Prefeituras dispõem de cadastro dos imóveis e com base neste efetuam,
anualmente, o lançamento LT do tributo, notificando os respectivos contribuintes
para o seu pagamento.

Considerações finais sobre a sobre a propriedade predial e territorial urbana

Os imóveis localizados no município, ainda que haja isenção, imunidade


ou não incidência do IPTU, ficam sujeitos à inscrição no órgão competente da
Secretaria Municipal de Fazenda.
Para cada unidade autônoma é emitido um carnê do IPTU.
Unidade autônoma é cada lote de um terreno desmembrado; cada um dos
apartamentos de uma unidade multifamiliar, o conjunto de pavilhões de um hos-
pital ou de uma universidade, num mesmo endereço; cada sala comercial de um
prédio comercial e o prédio onde funciona um colégio.
No dia a dia verificamos que juntamente com o IPTU, o fisco municipal
aproveita o carnê deste imposto para operacionalizar a cobrança de taxas, muita
das vezes inconstitucionais, restando, somente ao contribuinte discutir o tema em
sede de ação de consignação em pagamento24.
24  COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à Constituição e ao
Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001, p. 518.

capítulo 5 • 126
Com relação à política urbana expressa na CRFB/88, sugerimos a leitura
abaixo do art. 7o do importante dispositivo, a lei no 10.257 de 10 de julho de
2001, chamada de Estatuto das Cidades, que regulamenta os arts. 182 e 183 da
CRFB/88, dispondo sobre normas gerais de política urbana:

Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput


do artigo 5o desta lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no parágrafo 5o do
artigo 5o desta lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade
predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alí-
quota pelo prazo de cinco anos consecutivos.
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se
refere o caput do artigo 5o desta lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao
ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco
anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a
referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no artigo 8.
§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva
de que trata este artigo.

Imposto sobre a propriedade territorial rural, legislação: competência, hipótese de


incidência e consequente

Competência

O ITR é da competência da União, conforme os arts. 153 VI da CRFB/88 e


29 a 31 do CTN.

Função

A função do ITR é extrafiscal. É considerado, em tese, um importante instru-


mento no combate aos latifúndios improdutivos.

O fato gerador (FG)

É a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, (terra


nua) como definido em lei civil, localizado fora da zona urbana do município,
disciplinado no art. 29 do CTN.

capítulo 5 • 127
Apesar da CRFB/88 falar em propriedade e o CTN falar em posse, tanto em
qualquer uma das duas situações o imposto é devido.

Alíquotas

As alíquotas variam em função de módulos fiscais do imóvel e cada Município


tem o seu. Imagine uma propriedade rural que por questões geográficas abranja
quatro municípios, por exemplo, não será nada fácil o cálculo.
A lei no 6.746 de 10 de dezembro de 1979, que alterou o disposto nos arts. 49
e 50 da lei no 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra) disciplina o
assunto.
Verifique, também, o Decreto no 84.685 de 6 de maio de 1980, que regula-
menta a lei no 6.746, de 10 de dezembro de 1979, que trata do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural – ITR e dá outras providências.
Após a leitura você verificará que a diferença entre as alíquotas é muito pe-
quena começando em 0,2% variando a cada 0,1% até chegar aos 3,5%, partindo
de dois até 100 números de módulos fiscais, sendo, desse modo, um estímulo a
sua sonegação.

A base de cálculo (BC)

É o valor fundiário, ou seja, o valor da terra nua sem nenhuma benfeitoria,


sem ascensão física, sem a mão do homem, somente o valor da terra por natureza
do imóvel, previsto no art. 30 do CTN.

Contribuinte

O art. 31 do CTN aponta que será o proprietário ou possuidor a qualquer


título.

Lançamento

É feito por declaração do sujeito passivo.


Pode ser revisto de ofício pela Administração e se for o caso, se aplica o art.
148 do CTN. Entretanto na prática, conforme mencionado, sua fiscalização
é inexpressiva.

capítulo 5 • 128
Considerações finais sobre o imposto sobre a propriedade territorial rural

A arrecadação do ITR nunca foi significativa para a União em face do art. 158
II da CRFB/88 dispor que 50% do produto arrecadado deverá ser repartido com
os municípios onde as propriedades rurais estão situadas.
Ocorre que para corroborar com a pouca atenção que o ITR recebe do go-
verno federal, a partir da Emenda Constitucional no 42 de 19 de dezembro de
2003, caso os municípios arrecadem e fiscalizem o tributo, podem ficar com os
100% arrecadados, exemplificando um típico caso de delegação de capacidade
tributária ativa.
Note-se que da leitura do 153 § 4o III emendado, verifica-se que o governo
federal continua com competência tributária, ou seja, a barganha política com os
proprietários do agronegócio continua sendo do Congresso Nacional.
Ocorre que dada a complexidade do seu cálculo; das informações sobre como
a terra está sendo utilizada serem do sujeito passivo; e a falta de recursos da área da
fiscalização, sua eficácia como instrumento de combate aos latifúndios improdu-
tivos fica aquém do desejado.
Aproveite este final do ITR para ler a súmula 595 do STF.

Imposto sobre a propriedade de veículo automotor (IPVA): legislação,


competência, hipótese de incidência e consequente

Competência

Substituto da Taxa Rodoviária Única (TRU), o IPVA teve, inicialmente, a sua


instituição através da EC no 27/85, ou seja, antes da CRFB/88.
Embora não o diga o texto atual, o IPVA afasta a incidência de qualquer taxa
pela prestação de serviço ou exercício do poder de polícia relacionado com a pro-
priedade do veículo (vistoria, licenciamento, placa, plaqueta, selo etc.). Com ou
sem vedação expressa, infelizmente, a cobrança de taxas no licenciamento de veí-
culos continuou e continua a ser praticada, em flagrante violência à Constituição.
Ninguém se opõe a isto, em virtude do valor relativamente pequeno cobrado de
cada proprietário de veículo.
É da competência dos estados e do Distrito Federal.

capítulo 5 • 129
Função

O IPVA tem função predominantemente fiscal.

O fato gerador (FG)

É a propriedade do veículo automotor, em nome de quem o veículo está


licenciado.

Alíquotas

A alíquota do IPVA é um percentual variando em alguns estados em função


do combustível utilizado e a categoria do veículo.
No estado do Rio de Janeiro, a lei no 2.877 de 22 de dezembro de 1997, dis-
ciplina o assunto. A título de exemplos, vejamos os incisos II II-B, VI e VI-A do
art. 10:

II. 4% (quatro por cento) para automóveis de passeio e camionetas, inclusive à gasolina
ou a diesel, exceto utilitários; (Redação do inciso dada pela lei no 7.068 de 1/10/2015).
II-B. 2% (dois por cento) para motocicletas, ciclomotores, triciclos, quadriciclos e motone-
tas; (Inciso acrescentado pela lei no 7.068 de 1/10/2015, efeitos a partir de 1/1/2016).
VI. 2% (dois por cento) para automóveis que utilizem motor especificado de fábrica para
funcionar, exclusivamente, com álcool; (Redação do inciso dada pela lei no 7.068 de
1/10/2015, efeitos a partir de 1/1/2016).
VI-A. 1,5% (um e meio por cento) para veículos que utilizem gás natural ou veículos híbri-
dos que têm mais de um motor de propulsão, usando cada um seu tipo de energia para
funcionamento sendo que a fonte energética de um dos motores seja a energia elétrica;
(Inciso acrescentado pela lei no 7.068 de 1/10/2015, efeitos a partir de 1/1/2016).

Diferentemente de outros, é um valor determinado em função do ano, marca


e modelo do veículo, neste caso, não há cálculo a fazer, localiza-se na tabela o veí-
culo em função da marca, ano etc., para se verificar o valor a ser pago.

A base de cálculo (BC)

É o valor do veículo para aqueles que adotam a alíquota fixa em porcentagem.

capítulo 5 • 130
Contribuinte

É o proprietário do veículo, presumindo-se como tal a pessoa em cujo nome


o veículo esteja licenciado pela repartição competente. Por isso deve-se ter cui-
dado na hora de vender o veículo de modo que o recibo esteja datado e assinado
para que o comprador tenha 30 dias para passar a propriedade para o seu nome,
eximindo o ex-proprietário de qualquer alcance de implicações futuras relativas à
propriedade do veículo.

Lançamento

O lançamento tributário do IPVA, juntamente com o do IPTU, é um clássico


exemplo acadêmico de lançamento de ofício por iniciativa do fisco.

Considerações finais sobre o IPVA

O IPVA tem uma peculiaridade bastante interessante em relação a todos os


outros impostos sob a óptica da lei federal que trata da sua normatização, ou seja,
no caso do IPVA inexiste LC federal, enquanto os demais impostos previstos na
CRFB/88 são normatizados por leis complementares, CTN, 87/96 e 116/2003.
Neste caso, recordando os ensinamentos de Direito Constitucional, em face
da transversalidade do tema, convidamos você a realizar uma leitura na CRFB/88,
nos art. 24 I e seus quatro parágrafos para verificar neste caso a excepcionalida-
de da inexistência de LC federal e a possibilidade constitucional dos Estados-
membros exigirem o IPVA em face do que preconiza o § 3o do aludido artigo.
Questão interessante se apresenta em relação às aeronaves versus a cobrança
do IPVA.
Neste sentido os arts. 106 da lei no 7.565 de 19 de dezembro de 1986, que dis-
põe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica esclarecem o assunto, senão vejamos:

Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em voo, que possa susten-
tar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar
pessoas ou coisas.

capítulo 5 • 131
O Código de Trânsito Brasileiro, lei no 9.503 de 23 de setembro de 1999, por
meio do art. 96 em seu Anexo I "Dos conceitos e definições", após seu último
artigo o de no 314, nos ensina o que é veículo automotor:

(...) todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que ser-
ve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária
de veículos utilizados para o transporte de pessoas ou coisas. O termo compreende
os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus
elétrico).

Assim, veículo automotor não é aeronave vez que suas características são total-
mente diferentes, logo não de se falar em IPVA.25

Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação (ITCMD), legislação:


competência, hipótese de incidência e consequente

Competência

É dos mais antigos na história da tributação e já era cobrado em Roma sob a


forma de vigésima (5%) sobre heranças e legados.
No Brasil havia a décima da herança ou legado (alvará de 17/6/1809 e, a partir
de 1891, coube aos Estados a cobrança do imposto causa mortis).
A partir de 1966, conforme o CTN nos ensina no art. 35 existia a previsão
da cobrança do Imposto sobre a Transmissão de Bens imóveis e de direitos eles
relativos, o chamado ITD. O seu parágrafo único incluía as transmissões por causa
da morte:

Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos se-
jam os herdeiros ou legatários.

Chegando a promulgação da CRFB/88, o constituinte originário separou o


ITD em imposto em causa mortis tornando-o junto com as doações ITCMD um
imposto estadual e deixando a transmissão intervivos para figurar como fato gera-
dor do ITBI, atribuindo ao Município a sua competência.
Aproveitando a separação dos fatos geradores na Lei Maior, o constituinte
originário no parágrafo 1o do art. 155 nos seus quatro incisos apontou as regras
a serem utilizadas pelos Estados e pelo Distrito Federal na elaboração de suas leis
25  SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva. 2009, p. 966.

capítulo 5 • 132
ordinárias que instituiriam o ITCMD. Do CTN somente restou ao imposto o
previsto no parágrafo único do art. 35.
Assim, o Imposto de Transmissão causa mortis e doação, o ITCMD é da com-
petência dos Estados-membros e do Distrito Federal.
Faça uma leitura cuidadosa da CRFB/88 porque quando chegarmos às ativi-
dades deste capítulo, você encontrará uma sobre este tema.

Função

A função é fiscal, vale dizer, esse imposto tem a finalidade de gerar recursos
financeiros para os Estados e o Distrito Federal.

O fato gerador (FG)

O fato gerador desse imposto é o definido em lei estadual, respeitado, é claro,


a CRFB/88 e o CTN.
É a transmissão de bens por causa da morte ou por uma doação, de quaisquer
bens ou direitos.
Terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal conforme o art. 153,
parágrafo 1o, item IV da CRFB/88.
Salvo esta limitação, prevalece a liberdade dos Estados e do Distrito Federal
na fixação das alíquotas.
Neste sentido a Resolução 9/92 do Senado Federal diz assim:

Art. 1o A alíquota máxima do imposto de que trata a alínea a, inciso I, do art. 155 da
Constituição Federal será de oito por cento, a partir de janeiro de 1992.
Art. 2o As alíquotas dos impostos, fixadas em lei estadual, poderão ser progressivas
em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente receber, nos termos da Cons-
tituição Federal.

Art. 3o Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.


Art. 4o Revogam-se as disposições em contrário. (grifos do autor deste material).

Desde 2015 existe um movimento no Conselho Nacional de Política


Fazendária – CONFAZ para o aumento desta alíquota apoiado na grave crise
financeira em se encontram os entes da Federação.

capítulo 5 • 133
Pesquise na internet o Ofício no 11/15 do MINISTÉRIO DA FAZENDA
Conselho Nacional de Política Fazendária CONFAZ Consórcio Nacional de
Secretarias de Fazenda, Finanças, Receita e Tributação – CONSEFAZ e mate a
sua curiosidade e veja também as controvérsias já existentes sobre o novo teto da
alíquota do ITCMD.

A base de cálculo (BC)

A base de cálculo desse imposto há de ser fixada pela lei da entidade compe-
tente para instituir o tributo. Deve ser em princípio, o valor de mercado do bem
objeto da transmissão.
Pode até ser menor, entretanto, maior nunca porque se estaria atingindo ri-
queza outra que não o próprio bem transmitido desrespeitando o princípio do
não confisco.

Contribuinte

Em se tratando de herança, logicamente deve ser contribuinte o herdeiro,


ou legatário.
No caso de doação, o contribuinte pode ser, em princípio, tanto o doador
como o donatário.
É válida, por exemplo, a atribuição de responsabilidade tributária ao doador,
na hipótese de inadimplência do donatário.

Lançamento

O lançamento tributário desse imposto é feito por declaração. O contribuinte


oferece ao fisco os elementos necessários ao respectivo cálculo.

Considerações finais sobre o ITCMD

Recomendamos a leitura das súmulas do STF no: 112, 113, 114, 331 que
tratam da morte presumida, 435 e 590.

capítulo 5 • 134
Imposto sobre a transmissão intervivos de bens imóveis e direitos a eles relativos:
legislação, competência, hipótese de incidência e consequente

Competência

A Constituição anterior a de 1988, atribuía aos estados a competência para


sua instituição ou majoração, conforme você pode verificar pela leitura do art. 35
do CTN, lei de 1966.
Entretanto a CRFB/88, atribuiu aos Municípios essa competência por meio
do art.156 II porque dispondo o Município do cadastro imobiliário, que se faz
imprescindível à administração do IPTU, é bem razoável que a ele tenha sido
atribuída, também, a competência para instituir e cobrar o ITBI.

Função

O ITBI é predominantemente fiscal, vale dizer a função de obtenção de recur-


sos financeiros para a Fazenda Pública.

O fato gerador (FG)

É a transmissão, intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imó-


veis, por natureza ou por acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto
os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição de acordo com o
art. 156 parágrafo 2o, item Ida CRFB/88 normatizado pelo art. 37 do CTN e
seus parágrafos.

Alíquotas

A alíquota do ITBI é fixada em lei ordinária do Município competente. Entre


no site da Prefeitura da sua cidade e verifique este percentual.
Na Constituição anterior, não podia exceder os limites estabelecidos em
Resolução do Senado Federal, entretanto, na CRFB/88 inexiste regra autorizando
tal limitação relativamente a esse imposto.

capítulo 5 • 135
A base de cálculo (BC)

A BC é o valor venal dos bens e direitos transmitidos previsto no art. 38 do


CTN.
Na hipótese mais comum de uma transmissão por ato oneroso de bem imóvel
intervivos, a base de cálculo será o preço do imóvel, por meio da indicação feita
pelo contribuinte, que pode ser aceita, ou não, pelo fisco, aplicando-se, na hipóte-
se de divergência, a disposição do art. 148 do CTN.

Contribuinte

É qualquer das partes na operação tributária, conforme dispuser a lei, de acor-


do com o que preconiza o art. 42 do CTN.
Na prática paga o ITBI quem tiver maior interesse na operação. Por se tratar
de um ato entre pessoas vivas, prevalecerá o interesse de uma parte fazer o paga-
mento, por óbvio por meio de cláusulas contratuais dentro do Direito Civil.
A definição legal prevista no art. 42 só tem aplicabilidade para a situação
excepcional, na qual tenha sido feito contrato sem a estipulação de quem pagará
o ITBI, e havendo divergência entre as partes contratantes. Neste caso vale o esti-
pulado em lei municipal.

Lançamento

O lançamento do ITBI é feito mediante declaração do sujeito passivo. Em


seguida a autoridade fiscal verifica a avaliação do bem, a vista do valor declarado
pelo contribuinte, calcula o tributo, e confecciona a guia para recolhimento.
Mais uma vez, se a autoridade administrativa não concordar com o valor de-
clarado poderá utilizar o que está estabelecido no art. 148 do CTN para apurar,
via arbitramento, o valor a ser pago.

Considerações finais sobre o ITBI

Na prescrição aquisitiva, na aquisição por usucapião, numa aquisição originá-


ria o ITBI não é devido em face de não ter um alienante, um vendedor, diferente-
mente da aquisição derivada.

capítulo 5 • 136
Questão interessante é na partilha de bens. Se as partes dividirem metade
para cada um, não haverá incidência do ITBI, entretanto se uma das partes ficar
com mais da metade, estará caracterizada transmissão desse excedente, cabendo a
incidência do ITBI.
Então prezado(a) aluno(a), estamos juntos nesta leitura por mais de 100 pági-
nas, mas antes de finalizar este livro proprietário, gostaria de aproveitar e fazer bre-
ves comentários para aguçar a curiosidade de vocês de forma que complementem
esses ensinamentos finais sobre o Direito Financeiro e Tributário II.
Falaremos de forma concisa sobre o Simples e as contribuições especiais ou
parafiscais.
Cheguemos ao final então.
O simples nacional, acrônimo de Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte,
é tema pouco explorado desde a edição da lei complementar nos exames da OAB.
Trata-se de um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido
previsto na lei complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, aplicável às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e administrado por um Comitê
Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do
Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios.
Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento do se-
guinte: enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno
porte; cumprir os requisitos previstos na legislação e formalizar a opção pelo
Simples Nacional.
Recomendamos a leitura da LC 123/2006, principalmente, em relação aos
seguintes pontos:
•  Conceito de microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP);
•  Impostos e contribuições alcançados pelo simples;
•  Impostos e contribuições não abrangidos pelo simples;
•  O momento da opção;
•  Atividades impedidas de optar pelo simples;
•  O excesso de receita bruta;
•  Atos Declaratórios Executivos (ADE) de exclusão do SIMPLES26.

26  Pesquise na internet sobre os ADE da SRFB e avalie a constitucionalidade do dispositivo e quais as medidas
judiciais cabíveis pelo contribuinte para tentar reverter a exclusão do Simples.

capítulo 5 • 137
A CRFB/88 no seu art. 149 trata da competência exclusiva da União em
instituir as contribuições especiais ou, também, chamadas de parafiscais. São elas:
as contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
das categorias profissionais ou econômicas.
Dessa forma, vamos uma a uma.
I. Contribuições sociais
Com relação à seguridade social, a segurança social, para se viver em paz den-
tro de uma sociedade, basicamente, necessita-se da exigência e do bom funciona-
mento em de três pilares: saúde; previdência e assistência, conforme aponta o
art. 194 da CRFB/88.
Para financiar as contribuições que custeiam os serviços e encargos da
Previdência Social (INSS, Sesi, Sesc, Senai, FGTS, PIS/Pasep, Sebrae), e outras,
além dos recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, existem quatros incisos no art. 195 da CRFB/88 que mos-
tram as hipóteses em que incidirão e as bases de cálculo dessas contribuições sociais.
Senão vejamos:
Inciso I – Do empregador
•  Sobre a folha de salários
Conhecida como Contribuição Previdenciária, regulamentada pelas leis no:
7.789 de 3 de julho de 1989, que dispõe sobre o salário mínimo, 8.212 de 24 de
julho de 1991 que dispõe sobre a organização da seguridade Social, institui Plano
de Custeio, e dá outras providências e 9.876 de 26 de novembro de 1999, que
dispõe sobre a contribuição previdenciária do contribuinte individual, o cálculo
do benefício, altera dispositivos das leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho
de 1991, e dá outras providências.

Considera-se ocorrido o fato gerador na data em que o empregador deveria ter


efetuado o pagamento ou o creditamento.
A realização dos recolhimentos deve dar-se no mês subsequente àquele em que
foi ou deveria ter sido efetuado pagamento ou creditamento.
A alíquota, atualmente é de 20%, conforme art. 22 da lei no 9876/99. Com
isso, arrecadam-se bilhões de reais anuais, mas estima-se que a sonegação seja de
igual montante.
No que respeita à contribuição do empregador, têm sido comuns as queixas dos
empresários sobre o peso que ela representa para seus custos operacionais (o que é

capítulo 5 • 138
verdadeiro em boa dose), e acabam simplesmente sugerindo sua diminuição ou mera
supressão, claro sem levar em conta como ficaria o financiamento da Seguridade Social.
Ligado a essas queixas está o crescente processo de informalização da mão de
obra empregada, notadamente em pequenas e médias empresas, o que, ao final,
configura concorrência predatória com as empresas que atuam na legalidade.
•  Sobre o faturamento
A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, conhecida como
Cofins, foi instituída pela lei complementar no 70/91, atendendo ao preceito da
alínea b), do inciso I do art. 195 da CRFB/88.
Segundo o art. 2o da LC 70/91 a incidência de 2% se verifica sobre o fatu-
ramento, assim entendido a receita de venda de mercadorias, de mercadorias e
serviços, bem como de serviços de qualquer natureza.
A lei no 9.718 de 27 de novembro de 1998 que se aplica no âmbito da le-
gislação tributária federal, relativamente às contribuições para os Programas de
Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep
e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, de que
tratam o art. 239 da Constituição e a lei complementar no 70, de 30 de dezembro
de 1991, ao Imposto sobre a Renda e ao Imposto sobre Operações de Crédito,
Câmbio e Seguro, ou relativos a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF, alargou a
base de cálculo da Cofins, alcançando a totalidade das receitas brutas, incremen-
tando ainda mais o montante arrecadado pela Receita Federal e gerando muitas
controvérsias sobre a sua constitucionalidade.
•  PIS/Pasep
Instituído com base no art. 195, I a) da CRFB/88 e leis 9.718/98 e 10.637 de
dezembro de 2002, que dispõe sobre a não cumulatividade na cobrança da contri-
buição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica; sobre o pagamento e o
parcelamento de débitos tributários federais, a compensação de créditos fiscais, a
declaração de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e
dá outras providências.
•  Sobre o Lucro Líquido (CSLL)
Criada, inicialmente, pela Medida Provisória no 22 de 6 de dezembro de 1988,
com base no art. 195 da CRFB/88:

Art. 1o Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destina-
das ao financiamento da seguridade social.

capítulo 5 • 139
Entretanto, veio a lei 10.684, de 30 de maio de 2003, que, entre outras provi-
dências, alterou a legislação tributária.
Por meio do artigo 22, modificou a redação do artigo 20 da lei no 9.249 de 26
de dezembro de 1995, que passou a vigorar da seguinte forma:

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem
os arts. 2o, 25 e 27 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá
a 12% (doze por cento) sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-lei
no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções,
vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, exceto para as pes-
soas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do parágrafo 1o do
art. 15, cujo percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por cento). (Redação dada
pela lei no 12.973, de 2014).

Aspecto interessante é que a CSLL é o bis in idem, instituto esse aceito dentro
do nosso sistema tributário, diferentemente da bitributação, que em hipótese al-
guma é aceita, com o IRPJ
Demonstrando: Lucro = Receitas (faturamento) – Despesas.
Havendo lucro incidirão IRPJ e a CSLL que recai somente sobre o faturamento.
Não havendo lucro, incidirá apenas a CSLL sobre o faturamento. Isso inibe a
criação de despesas fictícias para baixar o lucro. Porém independentemente disso tribu-
ta-se a receita. Seria uma criação inteligente do fisco, contra os “espertos de plantão”?
Em relação ao bis in idem, verifique o quadro a seguir e visualize as diferenças.

BIS IN IDEM BITRIBUTAÇÃO


•  Uma única entidade tributante •  Duas entidades tributantes diferentes

•  Duas normas jurídicas •  Duas normas jurídicas

•  Identidade de causa jurídica •  Identidade de tributos concorrentes

•  Identidade de contribuinte •  Identidade de contribuinte

*Validade → significa aumento do 1o


*Invalidade → invasão de competência
tributo.

Tabela 5.1  – 

capítulo 5 • 140
Inciso II – Do empregado
Atualmente, a contribuição previdenciária do empregado incide sobre os
salários com alíquotas que vão de 8% a 11%, conforme a seguir demonstra-
do, no CAPÍTULO III, DA CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO, Seção I,
Da Contribuição dos Segurados Empregado, Empregado Doméstico e
Trabalhador Avulso

Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso


é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de
contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de
acordo com a seguinte tabela:

ALÍQUOTA PARA FINS DE


SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO (R$) RECOLHIMENTO AO INSS (%)
Até 249,80 8,0

De 249,80 até 416,33 9,0

De 416,33 até 832,66 11

Tabela 5.2  – 

Não se esqueça de ler a lei complementar no 150 de 1o de junho de 2015, que


dispõe sobre o trabalho doméstico e altera outras leis tributárias.
Inciso III – Dos concursos de prognósticos
Criada por meio da lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Veja o art. 26:

Constitui receita da Seguridade Social a renda líquida dos concursos de prognósticos,


excetuando-se os valores destinados ao Programa de Crédito Educativo. (Redação
dada pela lei no 8.436, de 25/6/1992)
§ 1o Consideram-se concursos de prognósticos todos e quaisquer concursos de sor-
teios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos
âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal.
§ 2o Para efeito do disposto neste artigo, entende-se por renda líquida o total da arre-
cadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de impostos e de
despesas com a administração, conforme fixado em lei, que inclusive estipulará o valor

capítulo 5 • 141
dos direitos a serem pagos às entidades desportivas pelo uso de suas denominações
e símbolos.
§ 3o Durante a vigência dos contratos assinados até a publicação desta lei com o
Fundo de Assistência Social-FAS é assegurado o repasse à Caixa Econômica Federal
- CEF dos valores necessários ao cumprimento dos mesmos.

Inciso IV – Do importador de bens e serviços


Disciplinada pela lei 10.865 de 30 de abril de 2004, que dispõe so-
bre a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público e a Contribuição para o Financiamento da segu-
ridade Social incidentes sobre a importação de bens e serviços e dá outras provi-
dências. Recomendamos, principalmente a leitura dos arts.1o a 7o.
Diz assim o art. 8o:

Art. 8o As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de


que trata o art. 7o desta lei, das alíquotas: (Redação dada pela lei no 13.137, de 2015)
I. Na hipótese do inciso I do caput do art. 3o, de: (Redação dada pela lei no 13.137, de 2015)
a) 2,1% (dois inteiros e um décimo por cento), para a Contribuição para o PIS/Pasep
-Importação; e (incluído pela lei no 13.137, de 2015).
b) 9,65% (nove inteiros e sessenta e cinco centésimos por cento), para a Cofins-Im-
portação; e (incluído pela lei no 13.137, de 2015)
II. Na hipótese do inciso II do caput do art. 3o, de: (Redação dada pela lei no 13.137, de 2015)
a) 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento), para a Contribuição
para o PIS/Pasep-Importação; e (incluído pela lei no 13.137, de 2015)
b) 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), para a Cofins-Importação. (incluído
pela lei no 13.137, de 2015).

Conforme você acabou de observar, para a Seguridade Social existe uma quan-
tidade expressiva de contribuintes além dos recursos provenientes dos orçamentos.
E não para por aí porque o rol apresentado não é taxativo, visto que o parágrafo
4o do art. 195 da CRFB alerta:

A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da


seguridade social, obedecido ao disposto no art. 154, I.

capítulo 5 • 142
Passemos agora as outras contribuições estampadas no art. 149 da CRFB/88.

II. Contribuições de Intervenção no domínio econômico


O tema intervenção no domínio econômico já foi visto na disciplina Direito
Administrativo e lá foi verificado que compete exclusivamente à União esta
interferência.
Custeiam os serviços e encargos decorrentes da intervenção econômica ou
decorrente do monopólio de determinada indústria ou atividade.
Dentre outras vejamos:
•  O adicional sobre o frete para renovação da Marinha Mercante (AFRMM);
Visitando o site da SRFB27 você encontrará as informações sobre o AFRMM,
lei no 10.893 de 13 de julho de 2004, que dispõe sobre o Adicional ao Frete para
a Renovação da Marinha Mercante – AFRMM e o Fundo da Marinha Mercante
– FMM, e dá outras providências. Deixamos aqui um pequeno exemplo do site:

O Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) foi instituído


pelo Decreto-lei no 2.404/1987 e disciplinado pela lei no 10.893/2004. Com as al-
terações trazidas pelas leis no 12.599/2012 e 12.788/2013, a administração das
atividades relativas à cobrança, fiscalização, arrecadação, restituição e ressarcimento
do AFRMM passou a ser de responsabilidade da Receita Federal do Brasil (RFB).
Em 30 de maio de 2014, foi publicado o Decreto no 8.257, de 29 de maio de 2014,
regulamentando os dispositivos legais relativos ao exercício da competência pela RFB.
O fato gerador do AFRMM é o início efetivo da operação de descarregamento da em-
barcação em porto brasileiro, a qual pode ser proveniente do exterior, em navegação
de longo curso ou de portos brasileiros, em navegação de cabotagem ou em navega-
ção fluvial e lacustre.
Alíquotas
O AFRMM será calculado sobre a remuneração do transporte aquaviário, aplicando-se
as seguintes alíquotas:
I. 25% (vinte e cinco por cento) na navegação de longo curso.
II. 10% (dez por cento) na navegação de cabotagem.
III. 40% (quarenta por cento) na navegação fluvial e lacustre, quando do transporte de
granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste.

27  Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/afrmm>. Acesso em: 31 jan. 2018.

capítulo 5 • 143
•  A Contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica
nacional (Condecine)
A Condecine está regulamentada pela Medida Provisória no 2.228-1 de 6 de se-
tembro de 2001, que estabelece os princípios gerais da Política Nacional do Cinema,
cria o Conselho Superior do Cinema e a Agência Nacional do Cinema – Ancine, insti-
tui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional – Prodecine, au-
toriza a criação de Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional
– Funcines, altera a legislação sobre a Contribuição para o Desenvolvimento da
Indústria Cinematográfica Nacional e dá outras providências.
Além de estabelecer os princípios gerais de uma política nacional de fomento
ao cinema, a MP 2.228-1 criou o Conselho Superior do Cinema e a Agência
Nacional do Cinema (Ancine), autorizou a criação dos Fundos de Financiamento
da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcines), instituiu o Programa de Apoio
ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (Prodecine) e o Prêmio Adicional de
Rendas, além de como dito anteriormente ter alterado a Condecine e a legislação
de incentivos fiscais existentes, tendo sua última alteração ocorrida em 2011 pela
lei no 12.485, que dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicio-
nado, altera Medida Provisória no 2.228- 1 de 6 de setembro de 2001 e as leis
no 11.437, de 28 de dezembro de 2006, 5.070 de 7 de julho de 1966, 8.977, de
6 de janeiro de 1995, e 9.472, de 16 de julho de 1997; e dá outras providências.
Deixamos, a título de ilustração os arts. 26, 32 e 33, para despertar a sua curiosidade:

Art. 26. O Anexo I da Medida Provisória no 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, passa


a vigorar, acrescido do quadro constante do Anexo desta lei, e seus arts. 32, 33, 35,
36, 38 e 39 passam a vigorar com a seguinte redação, renumerando-se o parágrafo
único do art. 38 para parágrafo 1o.
Art. 32. A Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacio-
nal – Condecine terá por fato gerador:
I. A veiculação, a produção, o licenciamento e a distribuição de obras cinematográfi-
cas e videofonográficas com fins comerciais, por segmento de mercado a que forem
destinadas.
II. A prestação de serviços que se utilizem de meios que possam, efetiva ou potencial-
mente, distribuir conteúdos audiovisuais nos termos da lei que dispõe sobre a comuni-
cação audiovisual de acesso condicionado, listados no Anexo I desta Medida Provisória.
III. A veiculação ou distribuição de obra audiovisual publicitária incluída em programa-
ção internacional, nos termos do inciso XIV do art. 1o desta Medida Provisória, nos
casos em que existir participação direta de agência de publicidade nacional, sendo

capítulo 5 • 144
tributada nos mesmos valores atribuídos quando da veiculação incluída em programa-
ção nacional.
Art. 33. A Condecine será devida para cada segmento de mercado, por:
II. Título de obra publicitária cinematográfica ou videofonográfica, para cada segmento
dos mercados previstos nas alíneas “a” a “e” do inciso I a que se destinar.
III. Prestadores dos serviços constantes do Anexo I desta Medida Provisória, a que se
refere o inciso II do art. 32 desta Medida Provisória.
§ 3o A Condecine será devida:
I. Uma única vez a cada 5 (cinco) anos, para as obras a que se refere o inciso I do caput
deste artigo.
II. A cada 12 (doze) meses, para cada segmento de mercado em que a obra seja
efetivamente veiculada, para as obras a que se refere o inciso II do caput deste artigo.
III. A cada ano, para os serviços a que se refere o inciso III do caput deste artigo.

•  A CIDE sobre os royalties


Criada inicialmente pela lei no 10.168 de 29 de dezembro de 2000, que ins-
tituiu a contribuição de domínio econômico destinada a financiar o Programa
de Estímulo à Interação Universidade – Empresa para o Apoio à Inovação e dá
outras providências e alterada pela lei 10.322 de 19 de dezembro de 2001, que
instituiu mecanismo de financiamento para o Programa de Ciência e Tecnologia
para o Agronegócio, para o Programa de Fomento à Pesquisa em Saúde, para o
Programa Biotecnologia e Recursos Genéticos – Genoma, para o Programa de
Ciência e Tecnologia para o Setor Aeronáutico e para o Programa de Inovação para
Competitividade, e dá outras providências.

Art. 1o Do total da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico,


instituída pela Lei no 10.168, de 29 de dezembro de 2000, serão destinados, a partir
de 1o de janeiro de 2002:
I. 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Ciência e
Tecnologia para o Agronegócio; Regulamento.
II. 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Fomento à
Pesquisa em Saúde; Regulamento.
III. 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa Biotecnologia e Recur-
sos Genéticos – Genoma.
IV. 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento) ao Programa de Ciência e Tecnolo-
gia para o Setor Aeronáutico.
V. 10% (dez por cento) ao Programa de Inovação para Competitividade.

capítulo 5 • 145
Art. 6o O art. 2o da lei no 10.168, de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 2o
§ 2o A partir de 1o de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste ar-
tigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que
tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a
serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas
jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a
qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior.
§ 3o A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados
ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remune-
ração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2o deste artigo.
§ 4o A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento).
§ 5o O pagamento da contribuição será efetuado até o último dia útil da quinzena sub-
sequente ao mês de ocorrência do fato gerador.

•  A CIDE dos combustíveis


Com relação à CIDE, a lei no 10.336 de 19 de dezembro de 2001, institui
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importa-
ção e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e
álcool etílico combustível (Cide), e dá outras providências.

III. Contribuições de interesse de Categorias Profissionais


Custeiam os serviços e encargos dos órgãos sindicais e profissionais. Órgãos
esses corporativos que zelam pelo exercício de determinada atividade profissional.
Exemplos. CREA, CRO, CRM, e todos os outros conselhos esses conselhos. São
órgãos de natureza autárquica vinculados ao Ministério do trabalho. Ressalte-se
que a OAB é uma exceção, por se tratar de uma autarquia sui generis, logo o valor
pago não é um tributo se tratando, na realidade de uma prestação associativa
como outra qualquer, não estando assim atrelada aos princípios constitucionais
tributários. No caso de inadimplência, as regras utilizadas serão as do CPC e não
da LEF.
Finalizando a abordagem sobre as contribuições, vale relembrar que as contri-
buições especiais ou parafiscais são compulsórias, têm administração específica e
o produto da sua arrecadação é vinculado às despesas desses órgãos corporativos.

capítulo 5 • 146
ATIVIDADES
01. Determinado proprietário de veículo automotor (Vectra­GT) ajuíza ação anulatória de lan-
çamento do IPVA, tendo como argumentos o texto do artigo 146, inciso III da CRFB/88, e a
ausência de dispositivos no Código Tributário Nacional acerca do IPVA. Entende o proprietá-
rio do veículo automotor que os estados não podem inovar a ordem jurídica na ausência de lei
complementar sobre o tributo em exame, já que a tributação não teria suporte constitucional.
A liminar pleiteada foi indeferida. O estado do Rio de Janeiro apresenta contestação, defen-
dendo a tributação em comento, já que a ausência da lei complementar geral não impossibi-
lita a cobrança do IPVA. Decida a questão, declinando os fundamentos jurídicos pertinentes.

02. Determinado cidadão, brasileiro, casado, residente e domiciliado na cidade do Rio de


Janeiro falece na Bahia, onde estava a negócios da sua empresa.
Sua esposa ao saber da notícia, na casa do casal no Rio de Janeiro, abalada encontra a
solidariedade que precisava na casa dos pais em Curitiba-PR.
Após o enterro, ao dar início aos trâmites relativos aos bens deixados pelo de cujus, se
surpreende ao saber que o falecido tinha uma bela casa de praia no Guarujá-SP, uma lancha
no Iate Clube do Rio de Janeiro e uma polpuda conta bancária no Banco Baú S&A na cidade
de Belo Horizonte-MG.
Atordoada com a notícia lhe indaga, na condição de advogado(a) do espólio, como ficará
o recolhimento do ITCMD desses bens achados, uma vez que o processo de inventário será
aberto na cidade do Rio de Janeiro, domicílio da viúva?

REFLEXÃO
Neste último capítulo, conversamos sobre os impostos sobre a renda e o patrimônio a abor-
dando o IR, IGF, IPTU, ITR, IPVA, ITCMD, e o ITBI em da sua função, competência base de cálculo,
fato gerador, contribuinte lançamento tributário a considerações finais sobre cada imposto.
Em seguida adotamos a mesma abordagem para tratarmos dos impostos sobre a produ-
ção e circulação, quais sejam: o IPI, o ICMS, o ISS e, finalmente o ISS.
Falamos ainda do Simples Nacional e das contribuições especiais ou para fiscais.
De posse desses ensinamentos, você já poderá trilhar com mais tranquilidade em uma
leitura mais aprofundada sobre os respectivos impostos.

capítulo 5 • 147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário brasileiro. 11. ed. atualizada por Misabel Abreu Machado
Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro: (comentários à
Constituição e ao Código tributário nacional, artigo por artigo). Rio de Janeiro: Forense 2001.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva. 2009.

GABARITO
Capítulo 1

01. A questão central trata da ideia sobre a liquidez e a certeza do CT. Logo, se não há o
lançamento tributário de ofício por iniciativa do fisco, a Prefeitura não o fez. O contribuinte,
por mais bem-intencionado que esteja, não poderá adimplir um CT que está na forma ilíquida,
assim inexigível.

02. O caso busca verificar o entendimento sobre a data da ocorrência do FG e, neste caso,
a resposta é afirmativa. Seu pai será lançado na condição de dependente, porque na ocasião
da ocorrência do fato gerador, neste caso periódico, ele ainda estava vivo. O lançamento se
reporta à data da ocorrência do fato gerador.

03. Situação hipotética procura verificar se você apreendeu as causas de suspensão da


exigibilidade do CT e do instituto da decadência.
a) O simples fato de a empresa impetrar o mandado de segurança com pedido de
liminar não suspende a exigibilidade do CT. O art. 151 IV, trata da concessão e não
do pedido de liminar em sede de MS.
b) Caso houvesse uma causa de suspensão, esta trataria da exigibilidade do CT, fruto
da obrigação tributária principal. Com relação às obrigações acessórias, deve o fis-
co fazer o LT, sob pena de ocorrer a decadência.

04. Caso emblemático na cidade do Rio de Janeiro, tipicamente da função estatal de Segu-
rança Pública, que em termos tributários atinge o município, na medida em que tem reflexos
sobre o tema isenção; uma em função da condição da coisa imóvel e a outra por tratar de um
atributo, de uma condição irreversível de um contribuinte.

capítulo 5 • 148
a) Sim, uma vez que a condição deixou de existir após a pacificação, era uma caracte-
rística da coisa imóvel, conforme nos ensina o art. 178 do CTN.
b) Não, porque a sua condição é pessoal e nunca deixará de ser observada, conforme
nos ensina o CTN.

Capítulo 2

01. A 03. D 05. D

02. A 04. A

06. Infelizmente o imóvel pode ser penhorado em execução fiscal, porque os créditos tribu-
tários têm preferência sobre os créditos com garantia real, não valendo também como bem
de família quando para garantir dívidas tributárias do próprio imóvel. Vide art. 184 do CTN.

07.
a) Embora nula tendo em vista o valor total executado, tal nulidade é sanável conforme
verificamos nos arts. 202 e 203, do CTN com a substituição da CDA com vício.
b) Estamos diante de um tema interdisciplinar que nos remete à seguinte situação
diversa:
– No Direito Civil a nulidade surte seus efeitos e é insanável;
– No Direito Tributário ela é sanável até decisão de primeira instância.
c) Em sede de apelação já não estaríamos mais em primeira instância, logo a nulidade
não poderia ser sanada, o processo se contaminaria com a CDA nula e a fazenda
pública voltaria à estaca zero. Ao recomeçar a inscrição em dívida ativa, pelo passar
do tempo já poderia ter se operado até a prescrição.

08. Uma simples leitura da lei 9.535/97 nos ensina que o arrolamento recairá sobre bens e
direitos suscetíveis de registro público, com prioridade aos imóveis, e em valor suficiente para
cobrir o montante do crédito tributário de responsabilidade do sujeito passivo. Logo o funda-
mento legal que irá nortear o ajuizamento da peça processual cabível será a inobservância
do que está estampado no art. 64-A da lei 9.532/97 por parte da administração tributária:
O arrolamento de que trata o art. 64 recairá sobre bens e direitos suscetíveis de registro
público, com prioridade aos imóveis, e em valor suficiente para cobrir o montante do crédito
tributário de responsabilidade do sujeito passivo.

capítulo 5 • 149
§ 1o O arrolamento somente poderá alcançar outros bens e direitos para fins de comple-
mentar o valor referido no caput. (Incluído pela lei no 12.973, de 2014)

Capítulo 3

01. A 02. D 03. D

04. Ação de Embargos a Ação de Execução fiscal, com base na imunidade tributária dos
impostos dos partidos políticos, conforme art. 156 VI alínea c e § 4o da CRFB/88 e Súmula
724 do STF.

05. Ação de Consignação em Pagamento, com base no art. 165 II do CTN.

06. Espera-se que o(a) examinando(a) não proponha Mandado de Segurança, visto que já
se passaram mais de 120 dias da data da apreensão, conforme art. 23 da lei 12016/2009.
A medida judicial cabível seria AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO COM
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA endereçada ao EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA
DA CAPITAL – ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com o fundamento jurídico pautado na veda-
ção da utilização do tributo com efeito de confisco. Art. 150 IV da CRFB/88 e súmula 323
do STF, conforme modelo existente no subitem 2.3.1 deste capítulo.

Capítulo 4

Pesquisa sugerida no subitem Alíquotas do ICMS.


2203.00.00 cervejas de malte: 6%
402.10.00 –charutos e cigarrilhas, que contenham tabaco 30
2402.20.00 –cigarros que contenham tabaco 300

01.
a) 15% porque o lançamento se reporta a data do fato gerador e no caso do Imposto
de Importação, este ocorre por ocasião do registro da guia de importação no Sisco-
mex, ocasião em que a alíquota já havia sido majorada. A partir do momento que a
documentação está nas mãos do importador, este já pode dar início ao desembara-
ço alfandegário e registrar a guia de importação, não precisa esperar o navio chegar
ao porto do Rio de Janeiro.

capítulo 5 • 150
b) Por declaração ou por homologação pela empresa TOTA. No caso de diferença
apurada a menor, será efetuado de ofício por revisão do fisco de acordo com o art.
149 do CTN.

02. A. IPI. Conforme o art. 155 § 2o XI da CRFB/88.

03. E. De acordo com o art. 13, V, lei complementar no 87/96.

04. Os contribuintes têm razão no caso do Imposto de Renda, visto que há a necessidade da
observância dos princípios da legalidade, anterioridade e noventena, conforme os arts. 150 I
e III letras b) e c) da CRFB/88.
Entretanto em relação ao Imposto de Importação, por ser um imposto extrafiscal, suas
alíquotas podem ser alteradas pelo executivo, conforme preconiza o § 1o do art. 153 da
CRFB/88, por se tratar de instrumento de política econômica.

05. D. O princípio da essencialidade ou seletividade não se aplica o Imposto de Importação.

Capítulo 5

Pesquisa sugerida no subitem Fator Gerador (FG) do Imposto sobre a proprie-


dade predial e territorial urbana.
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento no sentido de que a regra do art.
32 do Código Tributário Nacional, na redação dada pelo art. 15 do Decreto-Lei 57/66, foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1967, pela Emenda Constitucional 01/69 e pela
atual Constituição Federal de 1988 como norma com natureza de lei complementar, por ser
regra geral tributária acerca dos tributos ITR e IPTU, assim somente podendo ser alterada
por norma desta mesma espécie, pelo que declarou a inconstitucionalidade do art. 6o e seu
parágrafo único da lei 5.868/72 (STF. RE 94.850-8/MG. LEX 46/91. Rel. Min. Moreira Al-
ves) e também do art. 12 da mesma lei (na parte que revogava o art. 15 do Decreto-lei 57/66
(STF. RE 140773 / SP. J. 8/10/1998, DJ 04-06-1999, p. 17; EMENT 1953-01/127. Rel.
Min. Sydney Sanches; Resolução 09/2005 do Senado Federal), restabelecendo assim a
plena vigência do art. 32 do CTN, impondo a regra da prevalência da destinação do imóvel
para fins de incidência do ITR ou do IPTU, sujeitando-se o imóvel com destinação rural ao ITR
mesmo que esteja na área urbana do município.
Também nesse sentido o TRF 5a Região:

capítulo 5 • 151
Ementa: o critério topográfico estabelecido no art. 32, do CTN, deve ser interpretado em
conformidade com o comando do art. 15, do Decreto-lei Federal 57/1966, de maneira que
não deverá incidir o IPTU quando o bem imóvel, ainda que situado na zona urbana, tenha
como destinação, como informa o citado dispositivo, a exploração extrativa vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial, situação em que caberá apenas a incidência do ITR, sob pena de
se admitir a chamada bitributação, rechaçada pela doutrina e jurisprudência pátrias; (...) (TR-
F-5a Região. REO 2005.05.00.028906-1/SE. Rel.: Des. Federal Manoel Erhardt. 3a Turma.
Decisão: 1/3/2007. DJ de 27/04/07, p. 988.).

01. A ação anulatória não merece acolhida pelo Juízo, uma vez que a ausência de LC não
impede que os estados legislem sobre o IPVA consoante a firme orientação pretoriana e
atento às lições da doutrina. Ressalte-se que o art. 24, § 3o da CRFB/88 permite que os
estados legislem sobre temas não enfrentados pela União, sendo oportuno trazer à colação
o art. 34 do ADCT. Nesse sentido são os julgados do STF: Ag. Reg. Ag 167.777, Ag. Reg.
Rext 203.301, e REXT 236.931. Tendo em vista a clareza de raciocínio, é indicada a leitu-
ra de ROGÉRIO LINDENMEYER VIDAL GANDRA DA SILVA MARTINS, na obra Curso de
Direito Tributário (coordenada por Ives Gandra da Silva. p. 609 ess). Interdisciplinaridade com
o Direito Constitucional.

02. Primeiro o(a) examinando(a) deve separar os bens móveis dos imóveis do monte e veri-
ficar onde o inventário será aberto.
Assim temos:
Bens Móveis: uma lancha no Iate Clube do Rio de Janeiro; e polpuda conta bancária no
Banco Baú S&A na cidade de Belo Horizonte-MG.
Bens Imóveis: bela casa de praia no Guarujá-SP.
Segundo o art. 155 parágrafo 1o I da CRFB/88 o que é bem imóvel se recolhe ao Estado
da situação do bem. Lembre-se bem imóvel não se move fica onde está.
Segundo o art. 155 parágrafo 1o II da CRFB/88, o que é bem imóvel se recolhe ao es-
tado onde fora aberto o inventário. Lembre-se o bem móvel pode se deslocar até o local da
abertura do inventário.
Resposta: Bens Móveis: para o estado do Rio de Janeiro. Já o bem imóvel para o
estado de São Paulo.

capítulo 5 • 152

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