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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade Mineira de Direito

Ana Eliza Alves Silva

Yasminn Barbosa Moraes Hermógenes

DOS DIREITOS E DEVERES DOS ADVOGADOS À LUZ DO ESTATUTO DA


ADVOCACIA E DO ATUAL CÓDIGO DE ÉTICA

Belo Horizonte
2018
1 INTRODUÇÃO

De pronto, para os fins aos quais este trabalho se propõe, cumpre-se tecer
considerações acerca da diferença entre direitos, deveres e prerrogativas, no contexto
da advocacia.
O advogado usufrui dos direitos estabelecidos em lei, ou seja, ao profissional
do Direito são legalmente garantidos determinados benefícios. Noutro giro, o
advogado deve cumprir uma série de deveres que também tem previsão legal,
caracterizados por uma série de encargos e atribuições que, uma vez descumpridos,
possuem consequências jurídicas.
As prerrogativas, por sua vez, caracterizam-se como privilégios dos advogados
pela condição profissional que ocupam na sociedade.
No Estatuto da Advocacia, os direitos do advogado estão elencados no
Capítulo II, entre os artigos 6º e 7-A. O Capítulo II do Regulamento Geral da OAB trata
dos direitos e das prerrogativas do advogado. Os deveres, por sua vez, encontram-se
expressamente descritos no parágrafo único do artigo 2º do Código de Ética e
Disciplina da OAB.
Nos capítulos que se seguem, passaremos à análise mais aprofundada dos
direitos e deveres dos profissionais inscritos nos quadros da OAB.
2 DIREITOS DOS ADVOGADOS

Como nos ensina Paulo Luiz Netto (2017), em sua obra “Comentários ao
Estatuto da Advocacia e da OAB”, os direitos do advogado são espécies do gênero
prerrogativas. Referido autor destaca, ainda, que o Estatuto cuida dos direitos e
prerrogativas sem distinção, sendo que, estas últimas, não se encontram apenas do
capítulo que trata expressamente dos direitos.

Para melhor compreensão dos direitos dos advogados, analisaremos,


inicialmente, de forma abrangente, as previsões do art. 7º, do Estatuto da Advocacia.

2.1 Direitos de todos os advogados

2.1.1 Exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional.

O art. 7º, I, da Lei nº 8.906/94, prevê que o advogado tem o direito de exercer
a advocacia em todo o Brasil, desde que observadas algumas condições. O
profissional deve proceder à sua inscrição nos quadros da OAB na seccional do
estado em que atuará profissionalmente. Contudo, é importante ressaltar que o
advogado poderá atuar, com liberdade, em causas por todo o país, mesmo com sua
carteira tendo sido emitida em sua seccional de origem. Só é necessária a inscrição
suplementar nas seccionais em que passar o profissional passar exercer a advocacia
com habitualidade, sendo esta entendida como mais de cinco causas por ano, nos
moldes do artigo 10, parágrafo 2º, do Estatuto da Advocacia.

2.1.2 A inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus


instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia.

Como se vê do art. 7º, II, do Estatuto, são invioláveis os locais e instrumentos


de trabalho do advogado, bem como todo e qualquer meio de comunicação utilizado
para o exercício da profissão. O dispositivo legal se mostra extremamente importante,
pois a inviolabilidade garantida ao advogado é o que permite a segurança no trato
com os clientes e na construção das teses jurídicas a serem defendidas.

2.1.3 Comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem


procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis.

Extrai-se do art. 7º, III, da Lei 8.906/94, a garantia de comunicação do advogado


com o cliente preso, ainda que sem procuração, é benéfica tanto ao profissional
quanto ao assistido. Aquele que não espera ser privado do seu direito de liberdade,
por óbvio, não deixa o profissional do direito de "sobreaviso", não assina procuração
com poderes para uma possível futura defesa que se mostre necessária. Assim, é
evidente que o advogado deve ter meios de se comunicar com o preso, pois só então
será possível se estabelecer uma relação profissional entre as duas partes,
entabulando o instrumento contratual e assinando a competente procuração.

Ainda, importante se revela o direito do advogado de conversar


reservadamente com seu cliente. No mesmo sentindo da inviolabilidade anteriormente
abordada, o sigilo na comunicação é fundamental para que se estabeleça uma relação
de confiança entre as partes, podendo o advogado entender a fundo as demandas de
seu cliente.

2.1.4 Ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por


motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena
de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB.

Conforme previsto no art. 7º, IV, do Estatuto, o advogado que for preso em
flagrante em razão do exercício da profissão tem o direito ser acompanhado por
representante da OAB durante a lavratura do ato de prisão em flagrante, afim de
garantir todos os direitos do profissional.
2.1.5 Não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão
em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas.

O advogado não poderá ter sua liberdade restringida antes de sentença


transitada em julgado, ou seja, tendo sido esgotadas todas as possibilidades de
recurso. A única hipótese em que o advogado poderá ser preso antes do trânsito em
julgado é no caso de ser recolhido em sala de Estado Maior.

Há uma grande discussão na jurisprudência acerca do que seria a sala de


Estado Maior. O debate acerca do tema chegou ao Supremo Tribunal Federal, no
Habeas Corpus 91.089. No caso mencionado, a Ministra Carmén Lúcia chegou a
declarar que não existe uma sala de Estado Maior. Contudo, concordam os ministros
que se o ambiente existe, é caracterizado tão somente pela inexistência de celas, o
que o diferenciaria de uma prisão comum.

2.1.6 Ingressar livremente:

a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam
a parte reservada aos magistrados;

b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de


justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo
fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares;

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro


serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil
ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser
atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;

d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o


seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes
especiais;
2.1.7 Permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados
no inciso anterior, independentemente de licença.

O advogado tem direito à livre circulação nos ambientes da Justiça, sendo certo
que poderá circular, permanecer ou retirar-se quando entender oportuno.

2.1.8 Dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,


independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-
se a ordem de chegada.

O direito de acesso aos magistrados é de muita relevância. O advogado tem


direito de conversar com os juízes e desembargadores em suas salas e gabinetes,
sem que haja necessidade de agendar horário. A fixação desse direito em lei é
extremamente importante para os profissionais, que veem garantido seu direito de
despachar e diligenciar processos junto aos seus julgadores. Se assim não fosse,
verificaríamos um extremo desrespeito aos princípios processuais do ordenamento
pátrio.

2.1.9 Usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante


intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos,
documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar
acusação ou censura que lhe forem feitas.

Ao advogado é permitido intervir durante audiências, julgamentos ou sessões


utilizando-se da expressão "pela ordem". Essa intervenção é primordial para que
sejam esclarecidas questões relevantes para o julgamento, para contraditar
testemunhas, etc.

2.1.10 Reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal


ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento.

Ao advogado é assegurado o exercício do direito de promover a defesa da


ordem jurídica, ministério ao qual é incumbido. Vale salientar, neste tópico parte
decisão monocrática do Min. Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, no MS
24.118-MC:
“(…) assiste plena legitimidade jurídico-legal ao Advogado, quando
pretende seja-lhe garantido o exercício das prerrogativas jurídicas
asseguradas pelo Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994), notadamente
aquelas que outorgam, a esse profissional, determinados direitos, tais como
o de ‘reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer (…) autoridade,
contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento’ (art. 7º,
XI), ou o de ‘falar, sentado ou em pé, em (…) órgão (…) do Poder Legislativo’
(art. 7º, XII), ou o de comunicar-se, pessoal e diretamente, com o seu cliente
(sem, no entanto, poder substitui-lo, como é óbvio, no depoimento, que
constitui ato personalíssimo), para adverti-lo de que lhe assiste o direito de
permanecer em silêncio, fundado no privilégio jurídico contra a auto-
incriminação, ou o de opor-se a qualquer ato arbitrário ou abusivo cometido,
contra o seu cliente, por membros da CPI, inclusive naquelas hipóteses em
que, no curso do depoimento, venha a ser eventualmente exibida prova de
origem ilícita. A presença do Advogado, nesse contexto, reveste-se de alta
significação, pois, no desempenho de seu ministério privado, incumbe-lhe
promover a intransigente defesa da ordem jurídica sobre a qual se estrutura
o Estado democrático de direito.”

2.1.11 Falar, sentado ou em, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva


da Administração Pública ou do Poder Legislativo.

O direito aqui examinado também assegura ao advogado o pleno exercício do


seu múnus, volvendo-nos à decisão do Min. Celso de Mello destaca do subitem
anterior.

2.1.12 Examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou


da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento,
mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção
de cópias, podendo tomar apontamentos.

Neste ponto, é possível identificar o direito que também é assegurado pela


Súmula Vinculante nº 14 que prevê:
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

2.1.13 Examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir


investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital.

O direito aqui examinado também se compara ao assegurado pela Súmula


Vinculante nº 14. Muitas vezes, em razão da natureza da causa e da investigação,
faz-se necessário ter acesso rápido aos autos e documentos da investigação sem que
o defensor tenha tido tempo de providenciar a procuração.

Neste ponto, cabe destacar parte da decisão monocrática da Min. Ellen Gracie,
em Rcl 9.853:
“Requerem a concessão de provimento cautelar, para que se
determine a — vista e autorização para a extração de cópia integral dos autos
do inquérito policial (…). Consoante as informações prestadas pelo
magistrado de primeira instância, registro que o próprio ato atacado restringiu
o acesso dos reclamantes ao inquérito policial somente em relação às
investigações não efetivadas, sendo que a vista de tais elementos de prova
frustraria o andamento das investigações. Ademais, foi decretado segredo de
justiça quanto aos dados qualificativos das testemunhas cujas declarações
encontram-se acostadas aos autos, visto que há notícia nos autos do fundado
temor de sofrerem atentados ou represálias. Ao fim, foi deferida em parte a
vista dos autos pelos reclamantes devidamente constituídos como
advogados nos autos pelo indiciado, sendo vedado apenas o acesso às
diligências ainda em curso ou aos dados qualificativos das testemunhas cujas
declarações já foram acostadas. Desse modo, não vislumbro a presença do
requisito do fumus boni iuris para a concessão da tutela pleiteada.” (Rcl 9.853,
rel. min. Ellen Gracie, decisão monocrática, julgamento em 15-3-2010, DJE
de 5-4-2010.)

2.1.14 Ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer


natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais.
Sem esse direito, o exercício da profissão do advogado seria totalmente
impedido diante da necessidade de se ter vista dos autos para saber qual próximo
passo tomar.

Válido ressaltar que este direito não se aplica nos processos sob regime de
segredo de justiça; quando existirem nos autos documentos originais de difícil
restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos
no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte
interessada; e até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de
devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. (Art. 7º,
§1º, do Estatuto da Advocacia)

2.1.15 Retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo
de dez dias.

Este direito, como o anterior, não é aplicável nos processos sob regime de
segredo de justiça; quando existirem nos autos documentos originais de difícil
restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos
no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte
interessada; e até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de
devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. (Art. 7º,
§1º, do Estatuto da Advocacia)

2.1.16 Ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da


profissão ou em razão dela.

2.1.17 Usar os símbolos privativos da profissão de advogado.


2.1.18 Recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou
ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi
advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre
fato que constitua sigilo profissional.

Em julgamento da AP 470-QO-QO, de relatoria do Min. Joaquim Barbosa, o


STF definiu que “proibição de depor diz respeito ao conteúdo da confidência de que o
advogado teve conhecimento para exercer o múnus para o qual foi contratado.” Não
sendo o caso da proibição de depor prevista no art. 207, do Código de Processo Penal,
o direito aqui elencado não se aplica.

2.1.19 Retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato


judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha
comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação
protocolizada em juízo.

2.1.20 Assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,


sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da
respectiva apuração apresentar razões e quesitos.

2.2 Direitos das advogadas

Os direitos a seguir elencados dizem respeito unicamente às advogadas nas


condições de gestante, lactante e adotante, conforme prevê o art. 7º-A, do Estatuto
da Advocacia. Isso porque tais condições lhes impõem limitações e urgências para
exercerem o múnus advocatício. Tais direitos, acrescentados no Estatuto pela Lei
13.363/16, demonstram um grande avanço ao possibilitar à mulher o exercício da
profissão da melhor maneira possível nas situações em que mais necessita.
A gestante possui o direito de entrar em tribunais sem ser submetida a
detectores de metais e aparelhos de raios X, em atenção à saúde da vida que está
sendo gerada e da própria gestante. Tem, ainda, o direito à reserva de vaga em
garagens dos fóruns dos tribunais tendo em vista a impossibilidade de se locomover
por longos percursos.

A lactante, adotante ou que der à luz tem direito ao acesso a creche, onde
houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê, a fim de que
possa atender as necessidades do filho sem que tenha que deixar de exercer sua
profissão.

A gestante, lactante, adotante ou que der à luz, tem preferência na ordem das
sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante
comprovação de sua condição em razão da clara urgência e impossibilidade de
aguardar por muito tempo.

A adotante ou que der à luz, faz jus à suspensão de prazos processuais quando
for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente. Isso
porque é clara a impossibilidade de atender a todos os prazos processuais e defender
seu cliente da melhor forma possível diante da importância de atender as
necessidades essenciais de seu filho.
3 DOS DEVERES DOS ADVOGADOS

O Código de Ética dos Advogados traz, expressamente, em seu Título I,


Capítulo I, as regras deontológicas fundamentais. Necessário ressaltar que a
deontologia jurídica, nas palavras do Professor Emilcio José Lacerda Vilaça, é “o
tratado dos deveres dos profissionais de Direito, expressado no conjunto de normas
que regulamenta e disciplina o exercício da advocacia e dos profissionais do direito.”

Os deveres dos advogados, podem ser classificados, ainda, como dever de


urbanidade, dever para com os juízes, dever para com os colegas, deveres para com
a clientela.

Como bem define Camila Abe1, os deveres para com os juízes são o de postura
digna e respeitosa, de veracidade e aos prazos. Os deveres para com os colegas são
de solidariedade, lealdade e colaboração. Para com a clientela, os deveres são de
dedicação, contato pessoal e o espírito de conciliação.

Impende destacar que todo o Código de Ética é eivado de deveres dos


advogados, não sendo a pretensão do presente trabalho dissertar acerca de todos,
mas tão somente daqueles expressamente indicados como tais.

Conforme se extrai do art.2º, do Código de Ética, o advogado deve:

I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da


profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro,
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento
pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das
leis;
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre
que possível, a instauração de litígios;
VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
VIII – abster-se de:

1Disponível em: https://camilaaaabe.jusbrasil.com.br/artigos/400355044/prerrogativas-direitos-e-


deveres-do-advogado. Acesso em 28 mai. 2018.
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à
advocacia, em que também atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente
duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a
honestidade e a dignidade da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono
constituído, sem o assentimento deste.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela
efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da
comunidade.

O Código de Ética prevê, ainda, em seu art. 20, que “o advogado deve abster-
se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à validade de ato jurídico em
que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta; da mesma forma, deve
declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se
esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.”

Válido dizer que os deveres não são meras recomendações de bom


comportamento e devem ser cumpridos sob pena de cometimento de infração
disciplinar.

O Estatuto da Advocacia, ao dispor acerca das infrações disciplinares, acaba


por indicar diversos deveres dos advogados em seu art. 34, com a seguinte previsão:

Art. 34. Constitui infração disciplinar:


I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer
meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos
nesta lei;
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários
a receber;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim
extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando
fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em
pronunciamento judicial anterior;
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do
cliente ou ciência do advogado contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do
processo em que funcione;
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da
comunicação da renúncia;
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando
nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações
forenses ou relativas a causas pendentes;
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado,
bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para
confundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste,
imputação a terceiro de fato definido como crime;
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do
órgão ou de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois
de regularmente notificado;
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato
contrário à lei ou destinado a fraudá-la;
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação
ilícita ou desonesta;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o
objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa,
por si ou interposta pessoa;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias
recebidas dele ou de terceiros por conta dele;
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em
confiança;
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos
à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII - praticar crime infamante;
XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
c) embriaguez ou toxicomania habituais.

Deve-se destacar, ainda, que o Código de Processo Civil também dispõe


expressamente acerca dos deveres dos advogados em seu art. 77, sendo eles:

I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;


II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que
são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à
declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória
ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa
informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou
definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

O Tribunal de Ética e Disciplina é o responsável pelo julgamento das infrações


aos deveres dos advogados. Cabe destacar interessante julgado do Tribunal da OAB
de São Paulo que decidiu que Juízes de Direito e membros do Ministério Público
aposentados não podem exercer a advocacia, pelo prazo de 3 anos, no Juízo ou
Tribunal onde exerciam suas funções já que é evidente a concorrência desleal,
incorrendo em infração disposta no art. 2º, VIII, “a”, do Código de Ética. Vejamos^:

E-4.672/2016 - EXERCÍCIO DA ADVOCACIA APÓS APOSENTADORIA –


JUÍZES DE DIREITO E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
IMPEDIMENTO – QUARENTENA – PRAZO DE TRÊS ANOS – JUÍZO OU
TRIBUNAL ONDE EXERCIAM SUAS FUNÇÕES – EXEGESE. A vedação a
que alude o inciso V, do artigo 95, aplicável aos promotores de justiça por
força do artigo 128, parágrafo único, incide pelo prazo de 3 (três) anos E se
estende ao juízo ou Tribunal onde as funções eram exercidas até a
aposentadoria. Exegese da norma constitucional que conclui pela extensão
do impedimento aos juízos de mesma competência do foro onde o d.
operador do direito exercia suas funções. Na Comarca da Capital,
impedimento adstrito aos juízos (varas) especializados, centrais e distritais
(regionais), organizados em Foros. Nas Comarcas do interior, havendo
repartição de competências entre determinadas varas (juízos) no Foro
(criminal, cível, p.ex.), com equivalente classificação de atuação entre os
membros do Ministério Público, o impedimento ficará circunscrito às
respectivas varas (juízos) de atuação por ocasião do afastamento, Em se
tratando de vara (juízo) único, o impedimento se estenderá ao
Foro. Incidência do Código de Ética e Disciplina, artigo 2º, VIII, “a”, que veda
a utilização de influência indevida e evidente concorrência desleal. Infração
disciplinar tipificada no artigo 34, inciso I, do Estatuto da Advocacia. V.U, em
27/10/2016, do parecer e ementa da Rel. Dra. CRISTIANA CORRÊA CONDE
FALDINI, Rev. Dr. FÁBIO KALIL VILELA LEITE - Presidente Dr. PEDRO
PAULO WENDEL GASPARINI.2

Outro interessante julgado, também do mesmo Tribunal, é o que discute o


dever de urbanidade do advogado idoso que deve tratar todos com cortesia, sem se
valer de sua condição de idoso para descumprir tal dever.

E-3.224/05 - URBANIDADE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL - IDOSO -


PREFERÊNCIA DE TRATAMENTO. Dever de urbanidade, lhaneza, respeito
ao trabalho do ex-adverso são postulados guindados como valores a serem
observados pelos advogados, sem qualquer distinção. A confiança, a
lealdade, a benevolência devem constituir a disposição habitual para com o
colega. Deve o advogado tratar os colegas com respeito e discrição (arts. 44
e 45 do Código de Ética e Disciplina). Devem os advogados, como qualquer
cidadão, tratar os idosos com o respeito e deferência que as cãs lhes
conferem e com a preferência que a lei lhes garante, fazendo efetivos os
preceitos do Estatuto do Idoso. Nem por isso se admite do advogado idoso
que abuse de sua condição, mormente porque deve, para com todos, a
mesma cortesia de tratamento que possa entender ser direito seu, na melhor
interpretação do artigo 3º do Código de Ética e Disciplina. V.U., em
15/09/2005, do parecer e ementa da Rel.ª Dra. BEATRIZ MESQUITA DE
ARRUDA CAMARGO KESTENER - Rev. Dr. CARLOS ROBERTO FORNES
MATEUCCI - Presidente Dr. JOÃO TEIXEIRA GRANDE.3

2 Disponível em: http://www.oabsp.org.br/tribunal-de-etica-e-disciplina/melhores-pareceres. Acesso


em 28 mai. 2018.
3 Disponível em: http://www.oabsp.org.br/tribunal-de-etica-e-disciplina/melhores-pareceres. Acesso

em 28 mai. 2018.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Ordem dos Advogados do. Código de Ética e Disciplina. Disponível em:
http://www.oab.org.br/visualizador/19/codigo-de-etica-e-disciplina. Acesso em: 28
mai. 2018.
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105 de 16 mar. 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em:
28 mai. 2018.
BRASIL. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Lei nº 8.906
de 4 jul. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm.
Acesso em: 28 mai. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante nº 14. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1230. Acesso
em: 28 mai. 2018.
ABE, Camila. Prerrogativas, direitos e deveres do Advogado. JusBrasil. 2016.
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