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Sobre o gênero para o qual essa sequência didática foi desenvolvida, a carta
argumentativa, Köche et al. (2010) dizem ser um gênero “no qual o emissor se dirige a um
receptor específico para reclamar, solicitar algo ou emitir uma opinião”. Segundo Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004, p. 21) a carta argumentativa se enconca no domínio de
“discussões de problemas sociais controversos” que exigem a “sustentação, refutação e
tomada de posição”.
Desta forma, a carta argumentativa segue as características de textos dissertativos,
sendo sua principal marca a presença necessária de um receptor específico. O destinatário irá
ditar a linguagem que o remetente da carta utilizará ao escrevê-la: se a relação entre os dois
for mais pessoal, uma linguagem mais informal é permitida; se não, é preciso que a linguagem
seja mais monitorada e formal, é o que Köche chama de linguagem comum e cuidada,
respectivamente:
Fiorin (2015) também defende que a comunicação não é apenas um emissor que
transmite uma mensagem para um receptor, mas sim é “agir sobre o outro”, fazendo com ele
não apenas receba a mensagem, mas a aceite, acredite naquilo que é dito, faça o que é
proposto. Assim: “comunicar significa obter adesão. Esta depende de opiniões prévias, de
crenças, de aspirações, de valores, de normas de conduta que se admitem como válidas, de
convicções políticas, de emoções, de sentimentos, de visão de mundo, etc” (FIORIN, 2015, p.
189).
O autor apresenta alguns tipos de argumentos que podem ser utilizados ao se produzir
um texto, como se pode ver na tabela a seguir:
ARGUMENTOS DE CONSENSO
“Proposições fundadas numa base suficiente, dada pelas experiências partilhadas, pelo senso
comum, por aquilo que se considera normal, para formar uma convicção razoável”. São verdades
aceitas por todos, sendo assim, informações que não dependem de comprovações, exemplo: “A
educação é a base do desenvolvimento econômico”. (p. 194)
ARGUMENTOS BASEADOS EM FATOS
“Os fatos que servem para argumentar em favor de uma determinada ideia podem ser cifras,
estatísticas, acontecimentos históricos, dados da experiência, etc. Quando bem feita, a
argumentação baseada em fatos faz com que o texto transmita a impressão de falar de coisas
verdadeiras e não de conter um amontoado de opiniões gratuitas.” (p. 196) Exemplos desse tipo de
argumentação são dados contidos em pesquisas científicas.
ARGUMENTOS FUNDADOS NA ESTRUTURA DA REALIDADE
“São os argumentos que invocam relações de sucessão (por exemplo, relações de causa e efeito) ou de
coexistência (por exemplo, relações entre a pessoa e o ato)”. (p. 200) Exemplos são votar num determinado
candidato para impedir que outro ganhe (argumento de sucessão); e quando um advogado defende
um réu, acusado de matar a mulher, dizendo que ele é bom pai, bom amigo, etc., está considerando
essas qualidades mais importantes que o ato em si. (argumento de coexistência)
ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
“É a citação dos pontos de vista de um autor reconhecido num dado domínio da experiência como
meio de prova em favor de uma tese.” (p. 201) Exemplo: “Segundo Fiorin (2015) comunicação é
agir sobre o outro.”
ARGUMENTOS BASEADOS NA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
“O modo de dizer, o nível de língua utilizado e a precisão vocabular conferem confiabilidade ao que
se diz, dão credibilidade às informações veiculadas. [...] As informações científicas parecem mais
confiáveis, quando expostas em vocabulário técnico.” (p. 205-206)
TABELA 1 – Tipos de Argumento segundo Fiorin (2015, p. 194-206)
Dito isto, vale ressaltar novamente que uma carta argumentativa necessita de
linguagem clara e objetiva, para que o uso dos argumentos seja eficaz, isto é, para que o leitor
seja persuadido do conteúdo da carta. Portanto, é necessário atentar para o aspecto da
textualidade. A textualidade é o principal aspecto que possibilita a diferenciação entre um
amontoado de frases e um texto (KOCH, 2000).
Koch (2000) pontua sete elementos que contribuem para a textualidade. Dentre eles,
acreditamos ser importante discorrer sobre dois: a coesão e a coerência. O primeiro elemento
diz respeito ao modo como os elementos linguísticos de um texto estão interligados, através
de recursos gramaticais e lexicais, ou seja, a coesão é o fator responsável pela sua clareza,
objetividade e concisão de um texto, entrelaçando suas várias partes sem que haja repetições
desnecessárias. Já a coerência a coerência “diz respeito ao modo como os elementos
linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados entre si, por meio de
recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentido” (KOCH, 2000,
p. 45). Assim, a coerência é fundamental para que não haja contradições de ideias e
argumentos, para que ao trazer novas informações, estas sejam agregadas à outras trazidas nos
parágrafos anteriores, e não contrariem.
Como se pode observar, a finalidade do texto e seu leitor não são considerados na maioria das
produções escolares e, assim, a argumentação nestes textos fica muito prejudicada
(justificativa)
KÖCHE, Vanilda Salton et al. Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e
expor. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. (sobre carta argumentativa)