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REFERENCIAL TEÓRICO

A elaboração desta sequência didática fez necessário a abordagem de conceitos básicos


que vão desde o que é gênero textual, como é a estrutura e de uma sequência didática, como e
para que se escreve uma carta argumentativa e os conceitos básicos de argumentação. Para
isso, autores como Bakhtin (1997) e Marcuschi (2007), Dolz e Schneuwly (2004), Koch
(2000), Fiorin (2015) e Köche (2005) serão citados na presente seção.
Bakhtin (1997) afirma que qualquer atividade humana é ligada ao uso da linguagem.
Para o autor, usamos a língua quando produzimos enunciados, orais e escritos, concretos e
únicos, produzidos sob condições específicas, para cada um dos objetivos dos falantes na
comunicação. Nesse processo, criamos enunciados a todo momento que agimos
linguisticamente. A eles dá-se o nome de gêneros textuais, que que estão a todo momento se
modificando de acordo com as novas necessidades dos falantes de uma língua. À essa
mutabilidade que os gêneros textuais podem apresentar, Marcuschi (2007) chama a atenção
para o fato de eles estarem intimamente ligados à vida cultural e social, ordenando as
atividades de comunicação diária dos falantes. Suas estruturas não são, em hipótese alguma,
permanentes, mas dinâmicas.
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) pontuam que, ao nos comunicarmos, nos
adaptamos à situação comunicativa e, portanto, não escrevemos uma carta de recomendação
da mesma forma que mandamos uma mensagem via Whatsapp para um amigo; e não falamos
com o presidente da república como falamos com nossos familiares. Sobre isso, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) apontam para a necessidade de que os alunos sejam capazes de
utilizar a Língua Portuguesa, tanto em sua modalidade oral quanto na modalidade escrita, nos
mais diversos contextos sociais. Tendo em vista que, segundo Bakhtin (1997), a comunicação
dar-se por meio de gêneros textuais, faz-se necessário o contato dos alunos com os mais
diversos gêneros e seus usos sociais para que, ao se familiarizar com eles, possam reconhecer,
produzir ou adequar sua linguagem de acordo com a demanda social.
Destarte, Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) defendem o ensino de gêneros nas
escolas. Para os autores, os gêneros textuais são instrumentos cujas práticas produzem
“transformações sucessivas” no processo de aprendizagem dos alunos. Eles desenvolveram
assim, uma sequência didática que sistematiza o ensino de gêneros na escola. Os autores
conceituam uma sequência didática como sendo “um conjunto de atividades sistemáticas” que
visam, além do ensino de um gênero, “o domínio do das diversas situações de comunicação”
(DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B., 2004, p. 97).
O capítulo Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um
procedimento aponta um modelo para que aa sequências didáticas sejam desenvolvidas. Este
modelo deve iniciar com a apresentação do gênero aos alunos, mostrando “um material rico
em textos de referência, escritos e orais, nos quais os alunos possam se inspirar para suas
produções”, bem como com a sondagem dos conhecimentos prévios que eles possuem; após
isso, deve-se realizar uma produção inicial, que será reguladora de praticamente todo o resto
da sequência, já que os módulos serão elaborados com base nos problemas encontrados na
produção dos alunos. Sobre isso os autores comentam:

“[...] sucesso parcial é, de fato, uma condição para o ensino,


pois permite circunscrever as capacidades de que os alunos já
dispõem e, consequentemente, suas potencialidades. É assim que se
definem o ponto preciso em que o professor pode intervir melhor e o
caminho que o aluno tem ainda a percorrer: para nós, essa é a
essência da avaliação formativa. Desta forma, a produção inicial
pode ‘motivar’ tanto a sequência como o aluno.”
(DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B., 2004)

Sobre o gênero para o qual essa sequência didática foi desenvolvida, a carta
argumentativa, Köche et al. (2010) dizem ser um gênero “no qual o emissor se dirige a um
receptor específico para reclamar, solicitar algo ou emitir uma opinião”. Segundo Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2004, p. 21) a carta argumentativa se enconca no domínio de
“discussões de problemas sociais controversos” que exigem a “sustentação, refutação e
tomada de posição”.
Desta forma, a carta argumentativa segue as características de textos dissertativos,
sendo sua principal marca a presença necessária de um receptor específico. O destinatário irá
ditar a linguagem que o remetente da carta utilizará ao escrevê-la: se a relação entre os dois
for mais pessoal, uma linguagem mais informal é permitida; se não, é preciso que a linguagem
seja mais monitorada e formal, é o que Köche chama de linguagem comum e cuidada,
respectivamente:

“[...] na comum, os vocábulos utilizados são de fácil


compreensão; na cuidada, a linguagem é mais trabalhada e o
vocabulário mais seleto, com uma sintaxe elaborada. A escolha
vai depender do destinatário da carta e do objetivo do emissor.
[...].”
(KÖCHE et al., 2010, p. 45)
A carta argumentativa apresenta a estrutura como de qualquer outra do gênero carta:
com local e data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura. O local e a data devem ser
colocados no início da carta, ao lado esquerdo; o vocativo diz respeito ao termo que será
adotado ao referir-se ao receptor e segue abaixo do local e da data; o corpo do texto constitui-
se de introdução, onde se colocará o assunto e a finalidade da carta, e de parágrafos
argumentativos que consistirão o desenvolvimento do texto; a despedida deve ser cordial e a
assinatura deve contemplar o nome e o sobrenome do emissor e (em casos mais formais) sua
identificação profissional (KÖCHE et al., 2010).
Mas talvez a principal característica da carta argumentativa seja pelo fato de que,
como já diz o seu nome, pertence à ordem do expor e argumentar e “fundamenta-se no
processo de interlocução” (JACQUES e KIST, 2012). Ao se produzir esse gênero, o objetivo
principal é sempre convencer ou persuadir o leitor em relação a um ponto de vista que é
defendido no texto. Diante disto, o emissor lança utiliza recursos linguísticos de
argumentação que promovem a aceitação da ideia imposta.
Koch (2000, p. 17) afirma que o ato de argumentar “constitui o ato linguístico
fundamental, pois todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla do
termo”. Para a autora, o discurso argumentativo está repleto de ações intencionais. Sobre isso
a autora afirma:
“Quando interagimos através da linguagem, temos
sempre objetivos, fins a serem atingidos; há relações que
desejamos estabelecer, efeitos que pretendemos causar,
comportamentos que queremos ver desencadeados, isto é,
pretendemos atuar sobre o outro de determinada maneira,
obter dele determinadas reações (verbais ou não-verbais). É
por isso que se pode afirmar que o uso da linguagem é
essencialmente argumentativo: pretendemos orientar os
enunciados que produzimos no sentido de determinadas
conclusões (com exclusão de outras).”
(KOCH, 2000, p. 29)

Fiorin (2015) também defende que a comunicação não é apenas um emissor que
transmite uma mensagem para um receptor, mas sim é “agir sobre o outro”, fazendo com ele
não apenas receba a mensagem, mas a aceite, acredite naquilo que é dito, faça o que é
proposto. Assim: “comunicar significa obter adesão. Esta depende de opiniões prévias, de
crenças, de aspirações, de valores, de normas de conduta que se admitem como válidas, de
convicções políticas, de emoções, de sentimentos, de visão de mundo, etc” (FIORIN, 2015, p.
189).
O autor apresenta alguns tipos de argumentos que podem ser utilizados ao se produzir
um texto, como se pode ver na tabela a seguir:

ARGUMENTOS DE CONSENSO
“Proposições fundadas numa base suficiente, dada pelas experiências partilhadas, pelo senso
comum, por aquilo que se considera normal, para formar uma convicção razoável”. São verdades
aceitas por todos, sendo assim, informações que não dependem de comprovações, exemplo: “A
educação é a base do desenvolvimento econômico”. (p. 194)
ARGUMENTOS BASEADOS EM FATOS
“Os fatos que servem para argumentar em favor de uma determinada ideia podem ser cifras,
estatísticas, acontecimentos históricos, dados da experiência, etc. Quando bem feita, a
argumentação baseada em fatos faz com que o texto transmita a impressão de falar de coisas
verdadeiras e não de conter um amontoado de opiniões gratuitas.” (p. 196) Exemplos desse tipo de
argumentação são dados contidos em pesquisas científicas.
ARGUMENTOS FUNDADOS NA ESTRUTURA DA REALIDADE
“São os argumentos que invocam relações de sucessão (por exemplo, relações de causa e efeito) ou de
coexistência (por exemplo, relações entre a pessoa e o ato)”. (p. 200) Exemplos são votar num determinado
candidato para impedir que outro ganhe (argumento de sucessão); e quando um advogado defende
um réu, acusado de matar a mulher, dizendo que ele é bom pai, bom amigo, etc., está considerando
essas qualidades mais importantes que o ato em si. (argumento de coexistência)
ARGUMENTOS DE AUTORIDADE
“É a citação dos pontos de vista de um autor reconhecido num dado domínio da experiência como
meio de prova em favor de uma tese.” (p. 201) Exemplo: “Segundo Fiorin (2015) comunicação é
agir sobre o outro.”
ARGUMENTOS BASEADOS NA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA
“O modo de dizer, o nível de língua utilizado e a precisão vocabular conferem confiabilidade ao que
se diz, dão credibilidade às informações veiculadas. [...] As informações científicas parecem mais
confiáveis, quando expostas em vocabulário técnico.” (p. 205-206)
TABELA 1 – Tipos de Argumento segundo Fiorin (2015, p. 194-206)

Dito isto, vale ressaltar novamente que uma carta argumentativa necessita de
linguagem clara e objetiva, para que o uso dos argumentos seja eficaz, isto é, para que o leitor
seja persuadido do conteúdo da carta. Portanto, é necessário atentar para o aspecto da
textualidade. A textualidade é o principal aspecto que possibilita a diferenciação entre um
amontoado de frases e um texto (KOCH, 2000).
Koch (2000) pontua sete elementos que contribuem para a textualidade. Dentre eles,
acreditamos ser importante discorrer sobre dois: a coesão e a coerência. O primeiro elemento
diz respeito ao modo como os elementos linguísticos de um texto estão interligados, através
de recursos gramaticais e lexicais, ou seja, a coesão é o fator responsável pela sua clareza,
objetividade e concisão de um texto, entrelaçando suas várias partes sem que haja repetições
desnecessárias. Já a coerência a coerência “diz respeito ao modo como os elementos
linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados entre si, por meio de
recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentido” (KOCH, 2000,
p. 45). Assim, a coerência é fundamental para que não haja contradições de ideias e
argumentos, para que ao trazer novas informações, estas sejam agregadas à outras trazidas nos
parágrafos anteriores, e não contrariem.

Como se pode observar, a finalidade do texto e seu leitor não são considerados na maioria das
produções escolares e, assim, a argumentação nestes textos fica muito prejudicada
(justificativa)

KÖCHE, Vanilda Salton et al. Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e
expor. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. (sobre carta argumentativa)

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