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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
UNIDADE 1 - O MEIO AMBIENTE ............................................................................. 5
UNIDADE 2 - IMPACTO AMBIENTAL ....................................................................... 8
2.1 ATIVIDADES MODIFICADORAS DO MEIO AMBIENTE ..................................................... 8
UNIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................................. 10
UNIDADE 4 - QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS ............................................... 18
4.1 AUMENTO DA TEMPERATURA DA TERRA (AQUECIMENTO GLOBAL) ........................... 19
4.1.1 Terminologia .............................................................................................. 21
4.1.2 Evidências do Aquecimento Global ........................................................... 21
4.1.3 Determinação da temperatura global à superfície ..................................... 22
4.1.4 Possíveis causas ....................................................................................... 24
4.1.5 Histórico ..................................................................................................... 29
4.1.6 Modelos climáticos..................................................................................... 31
4.1.7 Principais consequências .......................................................................... 33
4.1.8 Adaptação político-econômica ................................................................... 36
4.1.9 Curiosidades .............................................................................................. 37
4.1.10 A Busca das possíveis causas do aquecimento global ............................ 38
4.1.11 As seis pragas do aquecimento global .................................................... 40
4.1.12 Os impactos do aquecimento sentidos no Brasil ..................................... 43
4.2 PERDA DA BIODIVERSIDADE ................................................................................. 45
4.2.1 Conservação da Biodiversidade ................................................................ 49
4.2.2 A Biodiversidade no Brasil ......................................................................... 50
4.3 A DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO ................................................................. 51
4.3.1 Degradação ............................................................................................... 54
4.3.2 O buraco na camada de ozônio ................................................................. 56
4.3.3 Consequências da degradação da camada ............................................... 59
4.3.4 Medidas tomadas em nível mundial para evitar a degradação da
ozonosfera .......................................................................................................... 62
4.4 CONTAMINAÇÃO OU EXPLORAÇÃO EXCESSIVA DOS RECURSOS DOS OCEANOS .......... 63
4.5 A ESCASSEZ, MAU USO E POLUIÇÃO DAS ÁGUAS..................................................... 66
4.6 A SUPERPOPULAÇÃO MUNDIAL ............................................................................. 68
3

4.7 A UTILIZAÇÃO/DESPERDÍCIO DOS RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS (PETRÓLEO,


CARVÃO MINERAL E OUTROS MINÉRIOS) ...................................................................... 71

4.8 DESERTIFICAÇÃO – O USO E A OCUPAÇÃO INADEQUADOS E A DEGRADAÇÃO DOS SOLOS


AGRICULTÁVEIS ........................................................................................................ 73

4.9 A DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS (LIXO) .......................................................... 76


4.10 A GRAVIDADE DO AUMENTO DAS DOENÇAS AMBIENTAIS PRODUZIDAS PELO
DESEQUILÍBRIO DA ESTABILIDADE PLANETÁRIA ............................................................. 80

4.11 A BUSCA DE NOVOS PARADIGMAS DE PRODUÇÃO E DE CONSUMO .......................... 81


REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88
4

INTRODUÇÃO

Para discorrermos sobre os problemas ambientais globais, assunto que dá


nome ao módulo, vamos começar o módulo conhecendo alguns termos básicos
como meio ambiente, fatores abióticos, bióticos, sociais, entre outros.
É fato que os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras
nacionais e são tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta.
Isto explica, em parte, porque os países mais desenvolvidos colocam barreiras à
importação de produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente.
De certo modo, as relações que nós, seres humanos, desenvolvemos com
ou no meio ambiente sempre foram mais favoráveis (num primeiro momento) ao
próprio homem e ‘esquecemos’ de cuidar do planeta, o que, por conseguinte, está aí
sendo cobrado de nós, via desastres naturais, efeito estufa, erosões, enchentes,
aquecimento de alguns lugares da Terra, invasão do mar nas orlas marítimas de
grandes cidades. Enfim, sobre esses problemas que lançaremos reflexões ao longo
do módulo.
Desejamos boas leituras a todos!
5

UNIDADE 1 - O MEIO AMBIENTE

Em Biologia, sobretudo na Ecologia, o meio ambiente inclui todos os fatores


que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de
uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo – chamados fatores abióticos – e
os seres vivos que coabitam no mesmo biótopo.
Meio ambiente é o conjunto de forças e condições que cercam e influenciam
os seres vivos e as coisas em geral. Os constituintes do meio ambiente
compreendem clima, iluminação, pressão, teor de oxigênio, condições de
alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem, educação, companhia,
entre outros.
Os fatores ambientais sem vida, tais como temperatura e luz do sol, formam o
meio ambiente abiótico. E os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver,
tais como as algas e os alimentos, constituem o meio ambiente biótico. Tanto o meio
ambiente abiótico quanto o biótico atuam um sobre o outro para formar o meio
ambiente total de seres vivos e sem vida.
O meio ambiente abiótico inclui outros fatores como solo, água, atmosfera e
radiações. É constituído de muitos objetos e forças que se influenciam entre si e
influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam. Por exemplo, a corrente de
um rio pode influenciar na forma das pedras que jazem ao longo do fundo do rio.
Mas a temperatura, turbidez da água e sua composição química também podem
influenciar toda sorte de plantas e animais e sua maneira de viver. Um importante
grupo de fatores ambientais abióticos constitui o que se chama de tempo.
Os seres vivos e os destituídos de vida são influenciados pela chuva, geada,
neve, temperatura quente ou fria, evaporação da água, umidade (quantidade de
vapor de água no ar), vento e muitas outras condições do tempo. Muitas plantas e
animais morrem a cada ano por causa das condições do tempo. Os seres humanos
constroem casas e usam roupas para proteger-se dos climas ásperos. Estudam o
tempo para aprender a controlá-lo. Outros fatores abióticos abrangem a quantidade
de espaço e de certos nutrientes (substâncias nutritivas) de que pode dispor um
organismo.
Todos os organismos precisam de certa quantidade de espaço em que
possam viver e levar adiante as relações comunitárias. Também precisam de certa
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quantidade de nutrientes desprovidos de vida, como por exemplo, o fósforo, para


manter atividades corporais como a circulação e a digestão.
O meio ambiente biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas relações
recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar do homem
dependem grandemente dos alimentos que come, tais como frutas, verduras e
carne. Depende igualmente de suas associações com outros seres vivos. Por
exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo do homem ajudam-no a digerir
certos alimentos.
Os fatores sociais e culturais que cercam o homem são uma parte importante
de seu meio ambiente biótico. Seu sistema nervoso altamente desenvolvido tornou
possível a memória, o raciocínio e a comunicação. Os seres humanos ensinam a
seus filhos e aos seus companheiros o que aprenderam. Pela transmissão dos
conhecimentos, o homem desenvolveu a religião, a arte, a música, a literatura, a
tecnologia e a ciência. A herança cultural e a herança biológica do homem
possibilitaram-lhe progredir além de qualquer outro animal no controle do meio
ambiente. Nas últimas décadas, ele começou a explorar o meio ambiente do espaço
cósmico.
Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução de
acordo com o seu patrimônio hereditário. A reação evolução sobre o patrimônio leva
à individualização dos seres e a sua adaptação ao modo de vida. Quando o meio
muda, o organismo reage através de uma nova adaptação (dentro da faixa permitida
pelo patrimônio hereditário) que, segundo Lamarck, seria sempre eficaz, mas que,
na realidade, pode ser prejudicial e agravar as consequências da mudança. Por
exemplo, alterações bruscas, como as que geralmente ocorrem em lagoas,
acarretam muitas mortes.
A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos esporos, no reino vegetal,
permitem às espécies instalarem-se em novos ambientes, mais favoráveis. É o
aspecto principal da migração. O organismo pode, também, diminuir as trocas ou
contatos com um meio hostil através da reclusão (construção de um abrigo,
enquistamentos, anidrobiose, entre outros).
7

Enfim, uma espécie pode organizar (ou modificar) seu meio por iniciativa
própria (insetos sociais, castor e espécie humana).

Figura 1: Planeta Terra.


Fonte: http://cdn5.colorir.com/desenhos/color
8

UNIDADE 2 - IMPACTO AMBIENTAL

Impacto Ambiental é qualquer alteração benéfica ou adversa causada pelas


atividades, serviços e/ou produtos de uma atividade natural (vulcões, tsunamis,
enchentes, terremotos e outras) ou antrópica, ocasionada pela ação do homem
(lançamento de efluentes, desmatamentos, entre outros).
Às vezes, é o resultado da intervenção do ser humano sobre o meio
ambiente. Pode ser positivo ou negativo, dependendo da qualidade da intervenção
desenvolvida. A ciência e a tecnologia podem ser utilizadas corretamente,
contribuindo assim, enormemente, para que o impacto humano sobre a natureza
seja positivo e não negativo.
Pode-se tomar como conhecimento mais específico que o Impacto Ambiental
é a consequência da ação ou atividade, natural ou antrópica, que produz alterações
bruscas em todo o meio ambiente ou em parte de alguns de seus componentes. De
acordo com o tipo de alteração, pode ser ecológica, social e/ou econômica.
Segundo a legislação brasileira, considera-se impacto ambiental

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio


ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e
econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; e, V – a qualidade dos recursos ambientais (Resolução CONAMA
001, de 23.01.1986).

Desse modo, juridicamente, o conceito de impacto ambiental refere-se


exclusivamente aos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto,
fenômenos naturais, apesar de poderem provocar as alterações ressaltadas não
caracterizam como impacto ambiental.

2.1 Atividades modificadoras do meio ambiente


Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento.
Ferrovias.
Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos.
Aeroportos.
Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos
sanitários.
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Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV.


Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem
para fins hidroelétricos, acima de 10MW, de saneamento, abertura de canais
para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques.
Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão).
Extração de minério.
Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos.
Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária,
acima de 10MW.
Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos,
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos
hídricos).
Distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI.
Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares
ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de
importância do ponto de vista ambiental.
Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante
interesse ambiental.
Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez
toneladas por dia.
Parque eólico.
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UNIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A partir da segunda metade do século XIX, começou-se a perceber em nível


planetário a degradação ambiental e suas catastróficas consequências, o que
originou estudos e as primeiras reações no sentido de se conseguir fórmulas e
métodos de diminuição dos danos ao ambiente. Resultado disso foram os estudos
do Clube de Roma, liderado por Dennis L. Meadows, culminado com a publicação
do livro “Limites de crescimento” (The limits to growth), que fez um diagnóstico dos
recursos terrestres, concluindo que a degradação ambiental é resultado
principalmente do descontrolado crescimento populacional e suas consequentes
exigências sobre os recursos da terra, e que se não houver uma estabilidade
populacional, econômica e ecológica, os recursos naturais que são limitados serão
extintos e com eles a população
humana. Esses estudos lançaram
subsídios para a ideia de se
desenvolver, mas preservando.
Em consequência dos
citados e outros neste sentido, a
ONU criou em 1983, a Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a qual foi
presidida por Gro Harlem
Brundtland primeira ministra da
Noruega (que ficou conhecida
como Comissão Brundtland) e
tinha os seguintes objetivos:
reexaminar as questões críticas
relativas ao meio ambiente, e reformular propostas realísticas para abordá-las;
propor novas formas de cooperação internacional nesse campo de modo a orientar
as políticas e ações no sentido das mudanças necessárias, e dar a indivíduos,
11

organizações voluntárias, empresas, institutos e governos uma compreensão maior


desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais firme1.
Os trabalhos foram concluídos em 1987, com a apresentação de um
diagnóstico dos problemas globais ambientais. A Comissão propôs que o
desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental, surgindo assim
uma nova forma denominada desenvolvimento sustentável, que recebeu a seguinte
definição: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades dos
presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem
suas próprias necessidades”.
Em 1992, realizou-se, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, onde esta nova forma de
desenvolvimento foi amplamente aceita e difundida, passando a ser o objetivo da
Agenda 21, editada na oportunidade, bem como um modelo perseguido pela grande
maioria dos países do globo.
Portanto, as diretrizes principais para se alcançar o desenvolvimento
sustentável estão na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Comissão Brundtland) e na Agenda 21.
Dez anos depois, em 2002, ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, a
Rio+10; e em 2012, novamente no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, na sede da ONU, a Cúpula de
Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU definiram
os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova
agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM e
não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho
começando desde já, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável.

1
Disponível em: Nosso futuro comum. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Ed. Fundação Getúlio Vargas, 2ª edição 1991.
12

Recomendações para um efetivo Desenvolvimento Sustentável:

O relatório Brundtland apresentou uma lista geral de medidas que os Estados


deveriam tomar que são as seguintes:
limitação do crescimento populacional;
garantia de alimentação em longo prazo;
preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que
admitem o uso de fontes energéticas renováveis; aumento da produção industrial
nos países não industrializados à base de tecnologias ecologicamente adaptadas;
controle da urbanização selvagem e integração entre campo e cidades
menores; as necessidades básicas devem ser satisfeitas.

Assim, podemos elencar em suma as seguintes recomendações:

1) Em nível internacional (política externa):


criação de um clima de cooperação e solidariedade internacionais com
efetivas ações;
criação de um ambiente econômico dinâmico e propício às novas políticas
ambientais;
apoio recíproco entre comércio e meio ambiente;
estimular políticas macroeconômicas mais favoráveis ao meio ambiente.

2) Em nível nacional (política interna):


desenvolver uma adequada educação ambiental nas escolas públicas e
privadas do país;
estabelecer um plano nacional e mesmo internacional de intercâmbio de
conhecimentos técnicos específicos na área ambiental;
fortalecer as instituições públicas que tem o poder-dever de fiscalizar a
preservação do meio ambiente;
rever a legislação, adequando-a a nova realidade e aos anseios mundiais de
preservação ambiental;
13

desenvolver amplos estudos dos recursos naturais existentes, instituindo


parques e reservas ecológicas, conservando e dando meios aos já existentes,
fortalecendo suas condições de sustento;
estimular os meios de comunicação no sentido de divulgação de matérias
ambientais ou correlatas;
direcionar o desenvolvimento industrial mediante incentivos fiscais,
propiciando a criação de polos industriais em áreas de menos impacto ambiental
possível;
desenvolver uma educação sexual adequada aos parâmetros atuais de
ocupação demográfica;
incentivar práticas agrícolas que preservem o meio ambiente, fornecendo
condições especiais de financiamento e escoamento dos produtos, criando
simultaneamente órgãos fiscalizadores efetivos e atuantes para a realização dos
projetos, evitando assim desvio de finalidade;
utilizar a agricultura do sistema de rodízio de áreas predeterminadas, evitando
o esgotamento da terra e a desertificação;
elaborar planos nacionais de ocupação territorial para as comunidades
marginalizadas e carentes, observando as regras básicas de preservação;
estudar e refazer a política indigenista para que os “povos da floresta” possam
viver em seus ambientes naturais, sem que sejam afetados ou desrespeitados em
sua dignidade, bem como respeitada a sua cultura;
desenvolver o turismo ecológico com visitas monitoradas às áreas naturais,
incentivando a atividade privada na criação de projetos conservacionistas neste
sentido;
diminuir gradativamente as agressões dos agentes poluidores ao meio
ambiente, mediante estudos técnicos e específicos, utilizando as mais modernas
tecnologias;
incentivar no meio social a criação de sociedades não governamentais de
proteção ambiental (ONG), com incentivos fiscais.

Essas são algumas das providências que se sugere na tentativa de se


desenvolver uma sociedade mais saudável e garantida em seu futuro, cabendo a
cada um de nós darmos sua contribuição para que isso ocorra, já que o futuro da
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humanidade depende da criação de uma nova sociedade; de uma nova filosofia de


vida, sem a qual, a raça humana estará fadada a sucumbir.

Figura 2: Justiça Socioambiental.


Fonte: http://pepsic.bvsalud.org

Situação atual e conclusão:


Dessa forma, podemos concluir que para que se consiga o desenvolvimento
sustentável, é necessário conjugar esforços de toda a sociedade, sem a exclusão de
qualquer de seus segmentos, discutindo-se temas importantes como: explosão
demográfica, controle da natalidade, desenvolvimento industrial e depredação, nova
política educacional, entre outros.
É verdade que temos visto desenvolver programas, projetos e trabalhos no
sentido de se atingir o desenvolvimento sustentável, mas a grande maioria trata-se
de empreendimentos da iniciativa privada que acabam sendo isoladas, ante a inércia
do grande potencial que temos para executar ações neste sentido.
Por outro lado, muitos países, entre eles o Brasil, não cumpriram oficialmente
os compromissos assumidos na referida Convenção mundial, principalmente no que
tange a Agenda 21, pois nem ao menos criou a sua Agenda 21 e nem o conselho
nacional de desenvolvimento sustentável.
É verdade que alguns municípios editaram sua agenda 21 local, como os de:
São Paulo, Porto Alegre, Santos, Belo Horizonte e Angra dos Reis, mas é muito
15

pouco se levarmos em conta que temos, em 2017, mais de 5500 municípios, de


acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O desenvolvimento sustentável deve-se constituir em um objetivo planetário,
um objetivo de toda a humanidade para que possa ser alcançado. Os povos devem
se unir por esta causa e em parceria combater os problemas ambientais com
soluções imaginativas e eficientes.
Ainda estamos longe de se cumprir efetivamente os compromissos assumidos
por nosso país na Rio-92 e nas conferências subsequentes, mas as tentativas
começam a aparecer, o que é um bom sinal; porém, devemos tomar
concomitantemente providências urgentes no sentido de desenvolver em todos os
cidadãos do mundo uma consciência ecológica, alicerçada na ética ambiental, tudo
voltado para a efetiva e concreta criação de uma sociedade moderna.
Por sua vez, o Estado brasileiro deve tomar as rédeas e gerenciar programas
e projetos oficiais realmente condizentes com as determinações mundiais
ambientais, levando as diretrizes à sociedade, a qual terá assim a oportunidade de
participar mais esperançosa de que o desenvolvimento sustentável é possível.

Atores do Desenvolvimento Sustentável:


Após a realização da Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento, a
Rio-92, ocorreu uma verdadeira globalização das questões ambientais gerando uma
preocupação crescente com a degradação experimentada pelo desenvolvimento
industrial.
A Agenda 21 com seus 40 capítulos e 800 páginas, editada na referida
conferência, lançou o conceito de sustentabilidade assim como diretrizes da nova
forma de desenvolvimento, o sustentável ou sustentado.
Segundo se extrai deste documento, as Organizações não governamentais
(ONG) são um dos principais atores deste novo paradigma de desenvolvimento
como importantíssimas colaboradoras ao lado do Estado. Aliás, elas vêm tomando
espaços no contexto mundial em relação à temática socioambiental como nunca
visto antes, ocorrendo uma grande explosão de criação desta forma de organismo
social com atuações cada vez mais importantes e abrangentes, chegando inclusive
a influenciar nas decisões governamentais nas várias esferas. Não podemos
esquecer que a própria ONU é uma organização não governamental e que nas
16

últimas décadas vem também crescendo e atuando cada vez mais ativamente e
eficaz, muitas vezes com influência e interferência nas diretrizes políticas de países.
Quanto aos Estados, o desenvolvimento sustentável vem exigindo-lhes uma
nova definição de atuação que deve ser pautada nos princípios da nova forma de
desenvolvimento, mas para isso, é necessário que entrem na era da modernidade
administrativa. Devem, entre outras medidas: redefinir suas funções como agentes
públicos do desenvolvimento; racionalizar suas atividades; enxugar sua máquina
administrativa; banir o clientelismo, o autoritarismo, assim como o corporativismo;
direcionar sua política socioeconômico-ambiental observando as tendências
mundiais nas respectivas áreas; celebrar efetivos acordos bilaterais e multilaterais
com outros Estados; celebrar parcerias com a sociedade civil representada esta
pelas ONG, abrindo-lhes novos campos de atuação; passar a ser gerenciador do
desenvolvimento, ditando as regras e fiscalizando as atividades, entre outros.
Seus agentes devem estar atualizados com as tendências mundiais, bem
como afetos aos métodos que exigem os novos paradigmas do desenvolvimento
para que possam direcionar essas novas e necessárias funções do Estado. A
flexibilização, ou seja, a mobilidade das decisões em vistas dos crescentes e novos
desafios deve ser a tônica da administração dos novos tempos.
Por sua vez, a coletividade deve participar também como ator fundamental
neste novo caminho, apresentando reivindicações, fiscalizando as obras públicas,
principalmente as que causam impacto ambiental, bem como exigindo legalidade e
probidade administrativa através de ações judiciais. A cidadania deve ser exercida a
todo o momento para que sejam corrigidas as distorções na administração da coisa
pública.
O empresariado também deve colaborar para o desenvolvimento com ações
sociais, aliando lucro à conduta social. Deve ainda observar as tendências mundiais
de produção limpa para evitar prejuízos ambientais.
O Poder Judiciário deve estar atento às mudanças dos conceitos de justiça,
principalmente quanto à aplicação das diretrizes das convenções mundiais, ante a
globalização dos Direitos Humanos e das questões ambientais, e o Ministério
Publico deve estar alerta no resguardo do patrimônio nacional e no bem-estar dos
cidadãos.
Portanto, somente com a participação efetiva destes importantes atores em
cooperação mútua e com os mesmos objetivos é que conseguiremos alcançar um
17

desenvolvimento sustentável e, assim, cumprir o anseio planetário de preservar a


qualidade de vida para nós aqui, agora e para as gerações futuras, como dita nossa
Constituição Federal (art. 225).

Figura 3: Desenvolvimento Sustentável.


Fonte: www.google.com.br/desenvolvimentosustentavel
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UNIDADE 4 - QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS

Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e são


tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isso explica, em
parte, porque os países mais desenvolvidos colocam barreiras à importação de
produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente.
A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela
dos problemas globais incidentes no meio ambiente. Você vai conhecer, a seguir,
quais são as ameaças com que a humanidade se defronta.
Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para
reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que
também tem como causas a explosão demográfica e as precárias condições de vida
de grande parte da população, especialmente as do terceiro mundo.
Existem questões ambientais de suma importância para a humanidade, que
se caracterizam como impactos ambientais negativos.
Algumas dessas questões são descritas a seguir:
o aumento da temperatura da Terra (Aquecimento Global);
a diminuição das quantidades de espécies vivas (conhecida como perda da
biodiversidade);
a destruição da camada de ozônio;
a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos;
a escassez, mau uso e poluição das águas;
a superpopulação mundial;
a utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo,
carvão mineral, minérios);
o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos solos agricultáveis;
a destinação final dos resíduos (lixo);
a gravidade do aumento das doenças ambientais produzidas pelo
desequilíbrio da estabilidade planetária;
a busca de novos paradigmas de produção e consumo, dentre outras.
19

4.1 Aumento da temperatura da Terra (Aquecimento Global)


O termo aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura média dos
oceanos e do ar perto da superfície da Terra que se tem verificado nas décadas
mais recentes e à possibilidade da sua continuação durante o corrente século. Se
este aumento se deve a causas naturais ou
antropogênicas (provocadas pelo homem)
ainda é objeto de muitos debates entre os
cientistas, embora muitos meteorologistas e
climatólogos tenham recentemente afirmado
publicamente que consideram provado que
a ação humana realmente está
influenciando na ocorrência do fenômeno. O
Intergovernamental Panel on Climate
Change – IPCC (Painel Intergovernamental
para as Mudanças Climáticas, estabelecido pelas Nações Unidas e pela
Organização Meteorológica Mundial, em 1988), no seu relatório mais recente
(Quinto Relatório de Avaliação do IPCC, 2014), diz que a maioria do aquecimento
observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento
do efeito estufa, causado pelo aumento nas concentrações de gases de efeito estufa
(GEE) de origem antropogênica (incluindo, para além do aumento de gases estufa,
outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior uso de águas
subterrâneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo
energético e poluição).
Fenômenos naturais tais como variação solar combinados com vulcões
provavelmente levou a um leve efeito de aquecimento de épocas pré-industriais até
1950, mas um efeito de resfriamento a partir dessa data chegou a ser constatado.
Essas conclusões básicas foram
endossadas por pelo menos 30
sociedades e comunidades científicas,
incluindo todas as academias científicas
nacionais dos principais países
industrializados. A Associação
Americana de Geologistas de Petróleo, e
alguns poucos cientistas individuais não concordam em partes.
20

Modelos climáticos referenciados pelo IPCC (2014) mostram que o mundo


aqueceu em média 0,85 °C entre 1880 e 2012. Além disso, as três últimas décadas
foram as mais quentes desde 1850. O aumento da temperatura entre a média do
período 1850-1900 e a média do período 2003–2012 foi em média 0,78 °C. Os
dados mostram, também, que mesmo se as emissões de GEE continuarem dentro
das tendências atuais, o aquecimento vai aumentar, podendo chegar a 4,8 °C até
2100 (IPCC, 2014).
Apesar de que a maioria dos estudos tem seu foco no período de até o ano
2100, espera-se que o aquecimento e o aumento no nível do mar continuem por
mais de um milênio, mesmo que os níveis de gases estufa se estabilizem. Isso
reflete na grande capacidade calorífica dos oceanos.
Um aumento nas temperaturas globais pode, em contrapartida, causar outras
alterações, incluindo aumento no nível do mar (de acordo com o relatório mais
recente do IPCC, o nível do mar aumentou em cerca de 19 cm entre 1901 e 2010
devido à expansão térmica das águas. No cenário mais pessimista, a elevação pode
chegar a mais de 80 cm até 2100) e em padrões de precipitação resultando em
enchentes e secas. Podem também haver alterações nas frequências e intensidades
de eventos de temperaturas extremas, apesar de ser difícil de relacionar eventos
específicos ao aquecimento global. Outros eventos podem incluir alterações na
disponibilidade agrícola, recuo glacial, vazão reduzida em rios durante o verão,
extinção de espécies e aumento em vetores de doenças.
Incertezas científicas restantes incluem o exato grau da alteração climática
prevista para o futuro, e como essas alterações irão variar de região em região ao
redor do globo. Existe um debate político e público para se decidir que ação se deve
tomar para reduzir ou reverter o aquecimento futuro ou para adaptar às suas
consequências esperadas. A maioria dos governos nacionais assinou e ratificou o
Protocolo de Kyoto (1997), que visa o combate a emissão de gases estufa.
Entretanto, Os Estados Unidos (principal emissor de GEE) negaram-se a ratificar o
Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação de que os compromissos acarretados
por tal protocolo interfeririam negativamente na sua economia.
Na tentativa mais recente, o Acordo de Paris, que rege medidas de redução
de emissão dióxido de carbono a partir de 2020, foi negociado durante a COP-21 e
aprovado em 12 de dezembro de 2015. Mais uma vez os Estados Unidos se
negaram a participar, sendo que em 1 de junho de 2017, o atual Presidente dos
21

Estados Unidos Donald Trump anunciou que o país deixaria toda sua participação
no Acordo.

4.1.1 Terminologia
O termo “aquecimento global” é um exemplo específico do termo mais
abrangente “mudança climática”, que também pode se referir a esfriamento global.
No uso comum, o termo se refere ao aquecimento recente e subentende-se uma
influência humana. A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do
Clima (UNFCCC) usa o termo “alteração climática” para mudanças causadas por
humanos, e “variabilidade climática” para outras mudanças. O termo “alteração
climática antropogênica”, algumas vezes, é também usado quando se fala em
mudanças causadas pelo homem.

4.1.2 Evidências do Aquecimento Global


A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de temperatura
de estações meteorológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com a correção
dos efeitos de “ilhas urbanas” mostram que o aumento médio da temperatura foi de
0.6 ± 0.2 ºC durante o século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos:
1910 a 1945 e 1976 a 2000. De 1945 a 1976, houve um arrefecimento que fez com
que temporariamente a comunidade científica suspeitasse que estivesse a ocorrer
um arrefecimento global.
O aquecimento verificado não foi globalmente uniforme. Durante as últimas
décadas, foi em geral superior entre as latitudes de 40°N e 70°N, embora em
algumas áreas, como a do Oceano Atlântico Norte, tenha havido um arrefecimento.
É muito provável que os continentes tenham aquecido mais do que os oceanos. Há,
no entanto, que referir que alguns estudos parecem indicar que a variação em
irradiação solar pode ter contribuído em cerca de 45–50% para o aquecimento
global ocorrido entre 1900 e 2000.
Evidências secundárias são obtidas através da observação das variações da
cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do nível global
das marés, do aumento das precipitações, da cobertura de nuvens, do El Niño e
outros eventos extremos de mau tempo durante o século XX.
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que
é coberta por neve desde os anos 60. A área da cobertura de gelo no hemisfério
22

norte na primavera e verão também diminuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950 e
houve retração dos glaciais e da cobertura de neve das montanhas em regiões não
polares durante todo o século XX. No entanto, a retração dos glaciais na Europa já
ocorre desde a era Napoleônica e, no Hemisfério Sul, durante os últimos 35 anos, o
derretimento apenas aconteceu em cerca de 2% da Antártida; nos restantes 98%,
houve um esfriamento e a IPPC estima que a massa da neve deva aumentar
durante este século. Durante as décadas de 1930 e 1940, em que a temperatura de
toda a região ártica era superior à de hoje, a retração dos glaciais na Groelândia era
maior do que a atual. A diminuição da área dos glaciais ocorrida nos últimos 40 anos
deu-se essencialmente no Ártico, na Rússia e na América do Norte; na Eurásia (no
conjunto Europa e Ásia), houve de fato um aumento da área dos glaciais, que se
pensa serem devido a um aumento de precipitação.
Estudos divulgados em Abril de 2004 procuraram demonstrar que a maior
intensidade das tempestades estava relacionada com o aumento da temperatura da
superfície da faixa tropical do Atlântico. Esses fatores teriam sido responsáveis, em
grande parte, pela violenta temporada de furacões registrada nos Estados Unidos,
México e países do Caribe. No entanto, enquanto, por exemplo, no período de
quarto-século de 1945-1969, em que ocorreu um ligeiro aquecimento global, houve
80 furacões principais no Atlântico, no período de 1970-1994, quando o globo se
submetia a uma tendência de aquecimento, houve apenas 38 furacões principais. O
que indica que a atividade dos furacões não segue necessariamente as tendências
médias globais da temperatura.

4.1.3 Determinação da temperatura global à superfície


A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados
recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades,
e nos oceanos, recolhidos por navios. É feita uma seleção das estações a
considerar, que são as que se consideram mais confiáveis, e é feita uma correção
no caso de estas se encontrarem perto de urbanizações. As tendências de todas as
seções são então combinadas para se chegar a uma temperatura global.
23

Variação de Temperatura na Terra de 1860 até 2004:


O globo é dividido em seções de 5º latitude/5º longitude e é calculada uma
média pesada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada
seção. As seções para as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as
estimar a partir das seções vizinhas, e não entram nos cálculos. A média obtida é
então comparada com a referência para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor
da anomalia para cada mês. A partir desses valores, é então calculada uma média
pesada correspondente à anomalia anual média global para cada hemisfério e, a
partir destas, a anomalia global.
Desde Janeiro de 1979, os satélites da NOAA passaram a medir a
temperatura da troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através do
monitoramento das emissões de micro-ondas por parte das moléculas de oxigênio
na atmosfera. O seu comprimento de onda está diretamente relacionado com a
temperatura (estima-se uma precisão de medida da ordem dos 0.01°C). Essas
medições indicam um aquecimento de menos de 0.1°C, desde 1979, em vez dos
0.4°C obtidos a partir dos dados à superfície.
É de notar que os dois conjuntos de dados não divergem na América do
Norte, Europa Ocidental e Austrália, onde se pensa que os dados das estações são
registrados e mantidos de um modo mais confiável. É apenas fora dessas grandes
áreas que os dados divergem: onde os dados de satélite mostram uma tendência de
evolução quase neutra, os dados das estações à superfície mostram um
aquecimento significativo (dentro da mesma região tropical, enquanto os dados das
estações na Malásia e Indonésia mostram um aquecimento, as de Darwin e da ilha
de Willis, não).
Existe controvérsia relativamente à explicação desta divergência. Enquanto
alguns pensam que existem erros graves nos dados recolhidos à superfície, e no
critério de seleção das estações a considerar, outros põem a hipótese de existir um
processo atmosférico desconhecido que explique uma divergência em certas partes
do globo entre as duas temperaturas.
Por sua vez, Bjarne Andresen, professor do Niels Bohr Institute da
Universidade de Copenhaguem, defende que é irrelevante considerar uma única
temperatura global para um sistema tão complicado como o clima da Terra. O que é
relevante é o caráter heterogêneo do clima e só faz sentido falar de uma
temperatura no caso de um sistema homogêneo. Para ele, falar de uma temperatura
24

global do planeta é tão inútil como falar no “número de telefone médio” de uma lista
telefônica.

4.1.4 Possíveis causas


O sistema climático varia através de processos naturais, internos e em
resposta a variações em fatores externos incluindo atividade solar, emissões
vulcânicas, variações na órbita terrestre e gases estufa. As causas detalhadas do
aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o consenso
científico identifica os níveis aumentados de gases estufa devido à atividade humana
como a principal influência. Essa atribuição se torna clara ao se observar os últimos
50 anos, pelos quais a maior parte dos dados está disponível. Contrastando com o
consenso científico, outras hipóteses foram feitas para explicar a maior parte do
aumento observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o
aquecimento é causado por flutuações no clima ou que o aquecimento é resultado
principalmente da variação na radiação solar.
Nenhum dos fatores condicionantes é instantâneo. Devido à inércia térmica
dos oceanos terrestres e lenta resposta de outros efeitos indiretos, o clima atual da
Terra não está em equilíbrio com o condicionamento imposto. Estudos de
compromisso climático indicam que mesmo que gases estufa se estabilizassem nos
níveis do dia presente, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda
ocorreria.

Gases estufa na atmosfera:


O efeito estufa foi descoberto por Joseph Fourier, em 1824, e investigado
quantitativamente pela primeira vez por Svante Arrhenius, em 1896. Consiste no
processo de absorção e emissão de radiação infravermelha pelos gases
atmosféricos de um planeta, resultando no aquecimento de sua superfície e
atmosfera. Os gases estufa criam um efeito estufa natural, sem o qual a temperatura
média da Terra seria cerca de 30ºC mais baixa, tornando-a inabitável para a vida
como a conhecemos. Portanto, os cientistas não “acreditam” ou “se opõem” ao efeito
estufa; o debate consiste na discussão de quais gases contribuem para este efeito,
através de mecanismos de realimentação positiva ou negativa.
Na Terra, os gases que mais contribuem para o efeito estufa são o vapor
d’água, que causa de 36 a 70% do efeito natural (não incluindo nuvens); o dióxido
25

de carbono (CO2), que causa de 9 a 26%; o metano (CH4), causando entre 4 e 9%; e
o ozônio, que causa entre 3 e 7%. As concentrações atmosféricas de CO 2 e CH4
aumentaram em 31% e 149%, respectivamente, acima de níveis pré-industriais,
desde 1750. Estes níveis são consideravelmente mais altos do que em qualquer
período nos últimos 650.000 anos, o período em que é possível extrair informações
confiáveis das calotas polares. Utilizando-se de evidências geológicas menos
diretas, acredita-se que níveis tão altos de CO2 só estiveram presentes na atmosfera
há 20 milhões de anos.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em
inglês) defende que o aquecimento global tem como uma de suas principais causas
a emissão de gases poluentes como o CO2 pelo homem, contribuindo para o efeito
estufa. Aproximadamente três quartos das emissões antropogênicas de CO 2 para a
atmosfera durante os últimos 20 anos são devidas à queima de combustíveis
fósseis. O resto das emissões é devido predominantemente às mudanças no uso da
terra, especialmente o desmatamento. A atual concentração de gás carbônico na
atmosfera é de aproximadamente 383 partes por milhão (ppm) em volume. Os níveis
futuros de CO2 devem ser ainda maiores devido à ocorrência contínua dos motivos
mencionados anteriormente. A taxa de aumento irá depender de fatores
econômicos, sociológicos, tecnológicos e naturais incertos, mas está limitada, em
última análise, pela disponibilidade total de combustíveis fósseis.
O “Relatório Especial de Cenários de Emissão” (Special Report on Emissions
Scenarios, originalmente), do IPCC, prevê vários cenários futuros possíveis para a
concentração de CO2, variando entre 541 e 970 ppm no ano de 2100. As reservas
de combustível fóssil são suficientes para alcançar este patamar e continuar as
emissões além de 2100, se carvão, piche ou hidratos de metano forem
extensivamente utilizados. Efeitos como a liberação de metano, devido ao
derretimento do permafrost (possíveis 70.000 toneladas), podem levar a uma
intensificação adicional do efeito estufa, não incluída no modelo climático do IPCC.
26

Figura 4: Efeito estufa.


Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br

Feedbacks:
Os efeitos de agentes externos no clima são complicados por vários
processos cíclicos e autoalimentados, chamados de Feedbacks. Um dos mais
pronunciados desses processos está relacionado com a evaporação da água. O CO 2
injetado na atmosfera ocasiona o aquecimento da mesma e da superfície da Terra.
O aquecimento leva a mais evaporação de água, e, como o vapor d’água é um gás
estufa, isso leva a mais aquecimento, o que por sua vez causa mais evaporação de
água, e assim por diante, até ser alcançado um novo equilíbrio dinâmico, com
aumento da umidade e da concentração de vapor d’água, levando a um aumento no
efeito estufa muito maior do que aquele devido apenas ao aumento da concentração
de CO2. Esse efeito só pode ser revertido muito lentamente, visto que o CO 2 tem um
tempo médio de vida na atmosfera muito longo. Um feedback ainda sujeito a
pesquisa e debate é o ocasionado pelas nuvens. Vistas de baixo, as nuvens emitem
radiação infravermelha de volta à superfície, aquecendo a mesma. Vistas de cima,
elas refletem a luz do sol e emitem radiação infravermelha para o espaço, resfriando
27

o planeta. O aumento da concentração global de vapor d’água pode ou não causar


um aumento na cobertura de nuvens mundial média. Portanto, o papel efetivo das
nuvens ainda não está bem definido; no entanto, seus efeitos são menos relevantes
apenas que os do vapor d’água, e, nos modelos do IPCC, elas contribuem para o
aquecimento.
Outro feedback relevante é a relação gelo-albedo. A taxa aumentada de CO2
na atmosfera eleva a temperatura da Terra e leva ao derretimento do gelo próximo
aos polos. Com o derretimento do gelo, terra ou mar aberto ocupam seu lugar.
Ambos são, em média, substratos com menor capacidade de reflexão que o gelo, e,
portanto, absorvem mais radiação solar. Isso causa ainda mais aquecimento,
gerando mais derretimento de gelo, e o ciclo continua. O feedback positivo (pró-
aquecimento) devido à liberação de CO2 e CH4 com o derretimento do permafrost é
mais um mecanismo que contribui para o aquecimento. Além disso, a liberação de
metano devido ao descongelamento de fundos oceânicos é mais um mecanismo a
ser considerado. A capacidade oceânica de absorção de carbono diminui com o
aquecimento, porque os baixos níveis de nutrientes na zona mesopelágica limitam o
crescimento de algas, favorecendo o desenvolvimento de espécies fitoplânctonicas
menores, que não são tão boas absorventes de carbono.

Variação solar:
Estudos recentes parecem indicar que a variação da radiação solar,
potencialmente ampliada pela ação do feedback das nuvens, poderá ter contribuído
em cerca de 45–50% para o aquecimento global ocorrido entre 1900 e 2000, e em
25-35% entre 1980 e 2000. Foram publicados artigos de autoria de dois
pesquisadores da universidade Duke, nos EUA, segundo os quais, os modelos
climáticos vigentes superestimam o efeito relativo dos gases estufa, comparados
com o efeito da luz solar; eles dizem ainda que os efeitos de cinzas vulcânicas e
aerossóis foram subestimados. Ainda assim, eles concluem que, mesmo
considerando o fator solar, a maior parte do aquecimento global nas últimas décadas
é atribuível aos gases estufa.
Outros pesquisadores são mais radicais, diminuindo fortemente a importância
de fatores antropogênicos no aquecimento global. Os defensores da teoria da
responsabilidade das emissões antropogênicas, durante a era industrial, afirmam
que a variação da radiação foi de 2,4W/m², dos quais, como foi indicado pelo IPCC
28

2001, 0,6W/m² durante os últimos 20 anos. Ora, (1) entre 2000 e 2004, a variação
da radiação solar, estimada por satélites de órbita baixa, foi de 2,06W/m² - Wielicki et
al.: (2) Pincker et al. registraram, entre 1983 e 2001, que a variação da radiação
solar absorvida pela Terra foi de 2,7W/m²; (3) Wild et al. registraram, por medições
terrestres, que a variação da radiação absorvida foi de 4,4W/m². Embora haja
desencontros nos números apresentados, pode-se admitir o valor mais baixo para
as variações entre 1983 e 2001 de 2,7W/m². Admitindo-se uma variação média
obtida entre 2000 e 2004 no valor de 1,5W/m², atinge-se o valor de 4,2W/m². Tal
valor é muito alto quando comparado com os números do IPCC, de 0,6W/m² nos
últimos 20 anos. Dessa forma, a influência do efeito estufa no aquecimento global
deixa de ser significativa e, da mesma forma, as contramedidas para combatê-lo
(Protocolo de Kioto) tornam-se desnecessárias e danosas ao desenvolvimento
humano.
Para além da variação da irradiação solar, a variação do campo magnético
solar poderá estar na origem de aquecimento à superfície da Terra pela sua
influência na quantidade de radiação cósmica que atinge o planeta. Uma equipe do
Centro Espacial Nacional Dinamarquês encontrou evidência experimental de que a
radiação cósmica proveniente da explosão de estrelas pode promover a formação
de nuvens na baixa atmosfera. Como, durante o século XX, o campo magnético do
Sol, que protege a Terra da radiação cósmica, mais do que duplicou em intensidade,
o fluxo de radiação cósmica foi menor. Isso poderá ter reduzido o número de nuvens
de baixa altitude na Terra, que promovem um arrefecimento da atmosfera. Os
elétrons libertados no ar pela passagem da radiação cósmica, composta por
partículas atômicas que vêm da explosão das estrelas, ajudam à formação dos
núcleos de condensação sobre os quais o vapor de água condensa para fazer
nuvens. Este pode ser um fator muito importante, e até agora encoberto, na
explicação do aquecimento global durante o último século.
Foi durante o período quente da Idade Média, quando o Sol estava tão ativo
como hoje, que os Vikings começaram a colonizar a Groenlândia. Nessa altura, a
Grã-Bretanha era um país produtor de vinho. No século XVII, quando se deu a
Pequena Idade do Gelo, a atividade magnética solar diminuiu muito e as manchas
solares quase desapareceram completamente, durante cerca de 150 anos. E, nessa
altura, os Vikings abandonaram a Groenlândia, cuja vegetação passou de verdejante
a tundra. A Finlândia perdeu um terço da sua população e a Islândia metade. O
29

porto de Nova Iorque gelou e podia-se ir a pé da ilha de Manhattan à de Staten


Island. No início do século XIX, houve uma diminuição menor da atividade
magnética solar que foi acompanhada também de um arrefecimento que durou só
30 anos. O carbono-14 radioativo e outros átomos raros produzidos na atmosfera
pelas partículas cósmicas fornecem um registro de como as suas intensidades
variaram no passado e explicam a alternância entre períodos frios e quentes durante
os últimos 12000 anos. Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica forte,
seguiram-se condições frias, como a mais recente, na Pequena Idade do Gelo de há
300 anos. Considerando escalas de tempo mais longas, encontra-se uma explicação
plausível para as variações de maior amplitude do clima da Terra.

Recuperação do Planeta após a pequena Era Glacial:


A recessão dos glaciares e da calota polar do Ártico não são fenômenos
recentes. Já ocorrem desde 1800, ou mesmo antes disso. E data da mesma altura o
aumento de temperatura global a uma taxa quase constante (de cerca de
+0.5°C/100 anos), que começou por isso antes do rápido aumento de CO 2, iniciado
por volta de 1940. Isso pode significar que este aquecimento quase linear é natural,
podendo ser apenas a recuperação do planeta depois da Pequena Era Glacial, que
ocorreu entre o século XIII e XVII.

4.1.5 Histórico
Desde o período atual até o início da humanidade, as temperaturas globais
tanto na terra como no mar aumentaram em 0,75 °C relativamente ao período entre
1860 e 1900, de acordo com o registro instrumental de temperaturas. Esse aumento
na temperatura medido não é significativamente afetado pela ilha de calor urbana.
Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais rápido
que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13 °C por década).
Temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22 °C por
década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite. Acredita-
se que a temperatura tem sido relativamente estável durante os 1000 anos que
antecederam 1850, com possíveis flutuações regionais, como o período de calor
medieval ou a pequena idade do gelo.
Baseado em estimativas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA
(Goddard Institute for Space Studies, no original), 2005 foi o ano mais quente desde
30

que medições instrumentais confiáveis tornaram-se disponíveis no fim do século


XIX, ultrapassando o recorde anterior marcado em 1998 por alguns centésimos de
grau. Estimativas preparadas pela Organização Meteorológica Mundial e a Unidade
de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia concluíram que 2005 foi o
segundo ano mais quente, depois de 1998.
Emissões antropogênicas de outros poluentes – em especial aerossóis de
sulfato – podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz
incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX,
apesar de que o resfriamento pode ser também em parte devido à variabilidade
natural.
O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana
no clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do
desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação
de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com
respeito aos dados de metano tem sido debatida.

A variabilidade do clima da Terra:


O planeta já sofreu, ao longo de sua existência de 4,5 bilhões de anos,
processos de resfriamentos e aquecimentos extremos. Está comprovado que houve
alternância de climas quentes e frios (Terra estufa – “hothouse” – e Terra geladeira –
“icehouse”, na linguagem dos paleoclimatologistas), sendo este um fenômeno
corrente na história do planeta. Atualmente, o planeta está na situação de geladeira.
O último episódio de resfriamento ou glaciação, iniciado no Pleistoceno – 1,8
milhões de anos antes do presente – teve seu ápice há cerca de 18.000 anos,
quando, então, começou o processo de aquecimento, que continua nos dias de hoje.
No entanto, o aquecimento não se dá sobre uma curva contínua. Neste espaço de
tempo, de 18.000 anos, houve épocas de aquecimento e resfriamento, causando
variações às vezes bruscas de temperaturas em períodos variáveis, mas que
podiam ser de décadas ou menos, de vários graus Celsius. A comprovação desses
fatos é fornecida pela análise de testemunhos de sondagens, de centenas de
metros, obtidos no Ártico e na Antártida, através da análise da composição isotópica
do oxigênio encontrado nas bolhas de ar presas no gelo.
Durante os últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por quatro episódios
extremamente quentes (“hothouse episodes”), sem gelo e com níveis elevados dos
31

oceanos, e quatro episódios extremamente frios (“icehouse episodes”), como o que


vivemos atualmente, com camadas de gelo, glaciares e níveis de água relativamente
baixos nos oceanos. Acredita-se que esta variação de mais longo termo se deve a
variações no influxo de radiação recebida devida à viagem do nosso sistema solar
através da galáxia, correspondendo os episódios mais frios a encontros com os
braços espirais mais brilhantes, onde a radiação é mais intensa. Os episódios frios
mais frequentes, cada 34 milhões de anos, mais ou menos, ocorrem provavelmente
quando o sistema solar passa através do plano médio da galáxia. Os episódios
extremamente frios de há 700 e 2300 milhões de anos, em que até no equador havia
gelo, correspondem a períodos em que havia uma taxa de nascimentos de estrelas
na nossa galáxia anormalmente alta, implicando um grande número de explosões de
estrelas e uma radiação cósmica muito intensa.
O carbono-14 radioativo e outros átomos raros produzidos na atmosfera pelas
partículas cósmicas fornecem um registro de como as suas intensidades variaram no
passado e explicam a alternância entre períodos frios e quentes durante os últimos
12000 anos. Sempre que o Sol era fraco e a radiação cósmica forte, seguiram-se
condições frias, como a mais recente, na Pequena Idade do Gelo de há 300 anos.
Considerando escalas de tempo mais longas, encontra-se uma explicação plausível
para as variações de maior amplitude do clima da Terra.

4.1.6 Modelos climáticos


O alarme com o aquecimento global deriva, sobretudo, dos resultados das
simulações estatísticas feitas com base em modelos numéricos climáticos e não da
observação direta da evolução de variáveis físicas reais. Quando a concentração de
gases de efeito de estufa é aumentada nessas simulações, quase todas elas
mostram um aumento na temperatura global, sobretudo nas mais altas latitudes do
Hemisfério Norte. No entanto, os modelos atualmente usados não simulam todos os
aspectos do clima e fazem várias previsões erradas para a época atual:
nomeadamente, prevêem o dobro do aquecimento que tem sido efetivamente
observado e, por exemplo, uma diminuição de pressão no Oceano Índico, uma área
muito sensível para o sistema global, quando se observa o contrário. Estudos
recentes indicam igualmente que a influência solar poderá ser significativamente
maior da que é suposta nos modelos.
32

Embora se fale de um consenso de uma maioria dos cientistas de que


modelos melhores não mudariam a conclusão de que o aquecimento global é,
sobretudo causado pela ação humana, existe também um certo consenso de que é
provável que importantes características climáticas estejam sendo incorretamente
incorporadas nos modelos climáticos. De fato, nesses modelos, os parâmetros
associados ao efeito de estufa são “afinados” inicialmente de modo a que os
modelos forneçam uma estimativa correta do aumento de temperatura observado
nos últimos 100 anos (0.6°-0.7°C). Ou seja, as simulações partem do princípio que é
realmente o efeito de estufa que está na origem desse aquecimento. Se houver
outras causas naturais desconhecidas para o aquecimento, como as associadas à
influência solar e à recuperação desde a Pequena Era Glacial, elas não podem ser
incluídas na modelação. De fato, os modelos não permitem fazer previsões, mas
apenas fazer projeções, ou conjecturas, sobre o clima futuro, com base em
simulações correspondendo a vários cenários possíveis.
A maioria dos modelos climáticos globais, quando usados para projetar o
clima no futuro, é forçada por cenários de gases do efeito estufa, geralmente o do
Relatório Especial sobre Cenários de Emissão do IPCC. Menos frequentemente, os
modelos podem ser usados adicionando-se uma simulação do ciclo do carbono; isso
geralmente mostra uma resposta positiva, apesar de ela ser incerta. Alguns estudos
de observação também mostram uma resposta positiva.
São essas limitações dos modelos usados para as previsões, que não têm em
conta o desconhecimento atual sobre as causas naturais para as variações da
temperatura ocorridas durante os últimos milênios, que fazem com que muitos
climatólogos acreditem que a parte do aquecimento global causado pela ação
humana é bem menor do que se pensa atualmente.

Modelo de Hansen:
Em setembro de 2006, James Hansen, diretor do Instituto Goddard de
Estudos Espaciais da NASA, juntamente com seus colaboradores, publicou na
revista “PNAS”, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, uma matéria em que
são apresentadas informações detalhadas de um modelo climático aperfeiçoado
desde os anos 80, alimentado por medições originadas de satélites, navios e
estações meteorológicas no mundo inteiro.
33

O estudo afirma que nos últimos 30 anos, o planeta esquentou 0,6°C,


perfazendo um aumento total de 0,8°C no século XX. A temperatura média atual é a
maior dos últimos 12 mil anos, faltando apenas mais 1°C para que seja a mais alta
do último milhão de anos.
Segundo Hansen, caso o aquecimento aumente, a temperatura média em
mais 2°C ou 3°C, o cenário geográfico do planeta será radicalmente diferente do
atual. A última vez em que a Terra esteve tão quente foi 3 milhões de anos atrás, na
época do Plioceno, quando o nível do mar estava vinte e cinco metros acima do
atual.
Verificou-se que o aquecimento foi maior na região do polo norte, porque o
gelo derretido nessa área expôs água, terra e rochas com cores mais escuras,
diminuindo o albedo local e, consequentemente, a absorção de calor solar foi maior.
A temperatura da água está sofrendo alterações mais lentas, mas foi
registrado aquecimento dos oceanos Índico e Pacífico, o que fará com que
fenômenos como o El Niño sejam mais significativos nos próximos anos.

4.1.7 Principais consequências


Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e meio
ambiente, o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes
mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global.
Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de
gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos
das consequências do aquecimento global que podem influenciar não somente as
atividades humanas, mas também os ecossistemas. Aumento da temperatura global
permite que um ecossistema mude; algumas espécies podem ser forçadas a sair
dos seus habitats (possibilidade de extinção) devido a mudanças nas condições,
enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos positivos, uma vez
que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO 2 podem
aprimorar a produtividade do ecossistema. Observações de satélites mostram que a
produtividade do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado, é fato de
que o total da quantidade de biomassa produzida não é necessariamente muito boa,
uma vez que a biodiversidade pode no silêncio diminuir ainda mais um pequeno
número de espécies que esteja florescendo.
34

Outra causa de grande preocupação é o aumento do nível médio das águas


do mar. O nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.025 metros por década o
que pode fazer com que no futuro algumas ilhas de países insulares no Oceano
Pacífico fiquem debaixo de água. O aquecimento global provoca subida dos mares,
principalmente por causa da expansão térmica da água dos oceanos. O segundo
fator mais importante é o derretimento de calotas polares e camadas de gelo sobre
as montanhas, que são muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as
camadas de gelo da Groenlândia e Antártida, que não se espera que contribuam
significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por
estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e derretimento. Alguns
cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de gelo polar e os glaciares
derretam significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do
nível das águas, em muitos metros. No entanto, os cientistas não esperam um maior
derretimento nos próximos 100 anos e prevê-se um aumento do nível das águas
entre 14 e 43 cm até o fim deste século2.
Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do
aumento do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando
métodos diferentes, acabaram por confirmar o mesmo resultado. O cálculo que
levou à conclusão não foi simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as
medidas realizadas parecem indicar que o nível das águas do mar está a descer
cerca de 4 milímetros por ano. Mas pensa-se que isso se deve ao fato da
Escandinávia estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de
grande massa durante a última era glacial. No norte das Ilhas Britânicas, o nível das
águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. Em
Bangkok, por causa do grande incremento na extração de água para uso doméstico,
o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível das águas do mar
subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos.
O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação nos
oceanos, o que fará com que haja na atmosfera mais vapor de água (o gás de estufa
mais importante, sobretudo porque existe em grande quantidade na nossa
atmosfera). Isso poderá fazer com que aumente cada vez mais o efeito de estufa e

2
Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as percepções gerais de
mudanças climáticas.
35

com que o aquecimento da superfície seja reforçado. Podemos, nesse caso, esperar
um aquecimento médio de 4 a 6ºC na superfície. Mas mais umidade (vapor de água)
no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera o que se
pensa que, em média, poderá causar um efeito de arrefecimento.
As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque
controlam a energia que entra e que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra, ao
refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação
infravermelha radiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases
associados ao “efeito de estufa”. O efeito dominante depende de muitos fatores,
nomeadamente da altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas.
Por outro lado, o aumento da evaporação poderá provocar pesados
aguaceiros e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar
resultados mais extremos no clima, com um progressivo aquecimento global.
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios. A
Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de
temperatura entre os mares. E, aparentemente, ela está diminuindo à medida que a
temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e
a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a
respeito do aumento do aquecimento global.
O aumento no número de mortos, desabrigados e perdas econômicas
previstas devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global pode ser piorado
pelas densidades crescentes de população em áreas afetadas, apesar de ser
previsto que as regiões temperadas tenham alguns benefícios menores, tais como
poucas mortes devido à exposição ao frio. Um sumário dos prováveis efeitos e
conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o “Terceiro
Relatório de Balanço do IPCC” pelo Grupo de Trabalho 2. Já o resumo do “Quarto
Relatório de Balanço do IPCC”, informa que há evidências observáveis de um
aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte desde por volta de 1970,
em relação com o aumento da temperatura da superfície do mar, mas que a
detecção de tendências em longo prazo é difícil pela qualidade dos registros antes
das observações rotineiras dos satélites. O resumo também diz que não há uma
tendência clara do número de ciclones tropicais no mundo.
Efeitos adicionais antecipados incluem aumento do nível do mar de 110 a 770
milímetros entre 1990 e 2100, repercussões na agricultura, possível desaceleração
36

da circulação termosalina, reduções na camada de ozônio, aumento na intensidade


e frequência de furacões, baixa do pH do oceano e propagação de doenças como
malária e dengue. Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e
animais serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.

4.1.8 Adaptação político-econômica


A grande afirmação dos cientistas climáticos de que as temperaturas globais
continuarão a aumentar tem levado Nações, Estados, empresas e cidadãos a
implementar ações para tentar reduzir o aquecimento global ou ajustar-se a ele.
Muitos grupos ambientais encorajam ações contra o aquecimento global,
frequentemente por parte dos consumidores, mas também pela comunidade e
organizações. Também tem havido negócios econômicos na mudança climática,
incluindo esforços no aumento da eficiência de energia e uso de fontes alternativas,
apesar de ser de forma limitada. Uma importante inovação é o desenvolvimento de
um comércio de emissões dos gases do efeito estufa. Empresas, em conjunto com
os governos, concordam em limitar suas emissões ou comprar créditos daqueles
que emitiram menos do que é permitido.
O principal acordo mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo
de Kyoto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança
do Clima (CQNUMC), negociado em 1997. O protocolo conta com mais de 160
países e mais de 55% da emissão de gases do efeito estufa. Os Estados Unidos, o
maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, Austrália e Cazaquistão recusou-
se a ratificar o tratado. China e Índia, dois outros grande emissores, ratificaram o
tratado, mas como países em desenvolvimento, estão isentos de algumas cláusulas.
No esforço mais recente para contornar ou amenizar as consequências
negativas do aquecimento global, o Acordo de Paris (2015) visa assegurar que o
aumento da temperatura média global fique abaixo de 2°C acima dos níveis pré-
industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a até
1,5°C acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isto vai reduzir
significativamente os riscos e impactos das alterações climáticas. Buscam também,
aumentar a capacidade de adaptação aos impactos adversos das alterações
climáticas e promover a resiliência do clima e o baixo desenvolvimento de emissões
de gases do efeito estufa, de maneira que não ameace a produção de alimentos.
Ademais, pretende-se com esse acordo criar fluxo financeiros consistentes na
37

direção de promover baixas emissões de gases de efeito estufa e o desenvolvimento


resistente ao clima.
O aumento das descobertas científicas sobre o aquecimento global tem
resultado em debates políticos e econômicos. Regiões pobres, em particular a
África, têm grandes chances de sofrerem a maior parte dos efeitos do aquecimento
global, enquanto suas emissões são desprezíveis em relação às emissões dos
países desenvolvidos. Ao mesmo tempo, isenções de países em desenvolvimento
de cláusulas do Protocolo de Kyoto e do Acordo de Paris têm sido criticadas pelos
Estados Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa para não ratificar o
protocolo. No ocidente, a ideia da influência humana no clima e os esforços para
combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos.
Empresas de combustíveis fósseis como a ExxonMobil lançaram campanhas para
tentar diminuir a importância dos riscos das mudanças climáticas, enquanto grupos
ambientais fazem o contrário, evidenciando a divisão entre os que defendem a teoria
antropocêntrica e os que defendem a teoria natural. Este problema acendeu debates
nos Estados Unidos sobre os benefícios em limitar as emissões industriais de gases
do efeito estufa para reduzir os impactos no clima versus os efeitos que isso
causaria na atividade econômica. Há também discussões em diversos países sobre
o custo de adotar fontes de energia alternativas e mais limpas para reduzir as
emissões.

4.1.9 Curiosidades
2.000 quilômetros quadrados. Todo ano, áreas desse tamanho se
transformam em deserto devido à falta de chuvas.
40% das árvores da Amazônia podem desaparecer antes do final do século,
caso a temperatura suba de 2 a 3 graus.
2.000 metros. Foi o comprimento que a geleira Gangotri (que tem agora 25
km), no Himalaia, perdeu em 150 anos. E o ritmo está acelerando.
750 bilhões de toneladas. É o total de CO2 na atmosfera hoje.
2050, cientistas calculam que, quando chegarmos a esse ano, milhões de
pessoas que vivem em deltas de rios serão removidas, caso seja mantido o ritmo
atual de aquecimento.
A calota polar irá desaparecer por completo dentro de 100 anos, de acordo
com estudos publicados pela National Sachetimes de Nova Iorque, em julho de
38

2005, isso irá provocar o fim das correntes marítimas no oceano atlântico, o que fará
que o clima fique mais frio, é a grande contradição de aquecendo esfria.
O clima ficará mais frio apenas no hemisfério norte, quanto ao resto do mundo
a temperatura média subirá e os padrões de secas e chuvas serão alterados em
todo o planeta.
O aquecimento da terra e também outros danos ao ambiente está fazendo
com que a seleção natural vá num ritmo 50 vezes mais rápido do que o registrado
há 100 anos.
De 9 a 58% das espécies em terra e no mar vão ser extintas nas próximas
décadas, segundo diferentes hipóteses.

Figura 9: Calota polar.


Fonte: https://abrilveja.files.wordpress.com

4.1.10 A Busca das possíveis causas do aquecimento global


A teoria do efeito estufa é um assunto estritamente científico que trata do
aquecimento adicional dos ambientes planetários que possuem alguma atmosfera
ou simplesmente das estufas de vidro para a criação de plantas. Sobre este assunto
não há qualquer controvérsia. A controvérsia, que se tornou mais política do que
científica, advém das causas do aquecimento global acelerado (do último século e
meio) que a maioria dos pesquisadores imputa às emissões de gases estufa na
atmosfera devido a ações humanas. Um grupo menor de cientistas, embora
concorde que está ocorrendo de fato o aquecimento global, afirma que as causas
principais são de ordem natural, principalmente astronômica, isto é, o aumento da
radiação solar por causas não completamente conhecidas.
39

A disputa a nível político e público tem, sobretudo, que ver com saber se algo
pode e deve ser feito, e sobre que ações seriam efetivas em termos de
custo/benefício, para tentar reduzir ou reverter o aquecimento futuro, ou para lidar
com as suas esperadas consequências.

A opinião dos que acreditam nas causas antropogênicas:


O IPCC, no seu relatório mais recente, diz que a maioria do aquecimento
observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento
do efeito de estufa, havendo evidência forte de que a maioria do aquecimento seja
devido a atividades humanas (incluindo, para além do aumento de gases de estufa,
outras alterações como, por exemplo, as devidas a um maior uso de águas
subterrâneas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo
energético e poluição).
O aquecimento global somente entrou na pauta política nos anos 1980, que
culminou com a conferência internacional conhecida por Rio 92, realizada no Rio de
Janeiro em 1992. Nesta conferência foi adotada a Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima. Ao estabelecer um processo permanente de
revisão, discussão e troca de informações, a Convenção possibilita a adoção de
compromissos adicionais em resposta a mudanças no conhecimento científico e
disposições políticas. A primeira revisão da Convenção ocorreu em 1995, em Berlim.
Nesta ocasião, as partes concordaram que a decisão de que os países
desenvolvidos voltariam aos níveis de emissão de CO 2 de 1990 até o ano de 2000
era inadequada. Após várias rodadas de discussões foi realizada a reunião de Kioto,
no Japão, com a presença de cerca de 10.000 delegados. A decisão de consenso foi
adotar um Protocolo, segundo o qual os países industrializados reduziriam suas
emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos
níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012. O Protocolo de Kioto, como ficou
conhecido, foi ratificado por mais de 60% dos países emissores (ratificação da
Rússia, responsável por 17% das emissões, em 2004), passando então a ter
validade.
Os sinais evidentes do aquecimento global já podem ser sentidos em todas as
regiões do mundo, com verões cada vez mais quentes e invernos cada vez mais
curtos e menos frios. O efeito estufa ocasiona ainda o derretimento do gelo,
principalmente das geleiras continentais, o afinamento da espessura das placas e
40

gelo no mar Ártico e mesmo o desaparecimento da camada do gelo que cobria este
oceano, mesmo no verão do hemisfério norte. As mudanças climáticas se
expressam, também, pelo aumento dos desastres naturais, tais como as grandes
inundações, secas de longa duração, tufões em maior quantidade e intensidade,
aparecendo, com mais frequência, em regiões extratropicais, recrudescimento do
fenômeno “El Niño” com suas más consequências para o clima e para a economia
das regiões pesqueiras de todo o oceano pacifico.

A opinião dos céticos:


Nos dias atuais, não se discute mais se o clima da Terra está em processo de
aquecimento ou não. Todos os cientistas, de um lado e do outro do muro,
concordam que sim. O que se disputa acirradamente são as causas do aquecimento
e as medidas preventivas para melhorar o futuro da humanidade diante das
consequências desastrosas que se avizinham.
A “opinião da moda”, como diz os céticos, é que o aumento das emissões dos
gases estufas são os vilões da história. Os céticos, por sua vez, não discordam da
influência do efeito estufa no aquecimento global. Afirmam, entretanto, que outras
causas naturais, muito mais poderosas, explicam de forma satisfatória o fenômeno
do aquecimento acelerado dos últimos 100 anos.

4.1.11 As seis pragas do aquecimento global


1) O Ártico e a Groelândia estão derretendo
A cobertura de gelo da região no verão diminuiu ao ritmo constante de 8% ao
ano há três décadas. No entanto, a temperatura na região era superior à atual nas
décadas de 1930 e 1940, sendo os glaciares menores do que hoje. Em 2005, a
camada de gelo foi 20% menor em relação à de 1979, uma redução de 1,3 milhões
de quilômetros quadrados, o equivalente à soma dos territórios da França, da
Alemanha e do Reino Unido. No entanto, no hemisfério Sul, durante os últimos 35
anos, o derretimento apenas aconteceu em cerca de 2% da Antártida, onde 90% do
gelo do planeta estão acumulados; nos restantes 98%, houve um esfriamento e a
IPPC estima que a massa da neve deva aumentar durante este século. Mesmo um
aquecimento de 3 a 6 graus tem um efeito relativamente insignificante já que a
temperatura média da Antártida é de 40 graus negativos. É de notar igualmente que
no período quente da Idade Média havia quintas dos Vikings na Groelândia e
41

também não havia gelo no Ártico. E, mesmo que derretesse todo o gelo do Ártico,
isso não afetaria o nível da água nos oceanos porque se trata de gelo flutuante: o
volume de água criado seria igual ao volume de água deslocado pelo gelo quando
flutua.
O relatório mais recente do IPCC (2014) aponta que o gelo está em recuo
acelerado na maior parte das regiões frias do mundo. De acordo com o órgão, os
oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo como um
amortecedor para o aquecimento da atmosfera, estocando mais de 90% da energia
do sistema do clima e muito gás carbônico. É virtualmente certo que os 700 metros
superiores do oceano aqueceram entre 1971 e 2010, e provavelmente também
tenha sido afetado até o seu fundo. No entanto, à medida que o oceano aquece, ele
perde capacidade de absorver gás carbônico, o que pode acelerar os efeitos
atmosféricos quando ele atingir a saturação.

2) Os furacões estão cada vez mais fortes


Devido ao aquecimento das águas, a ocorrência de furacões das categorias 4
e 5 (os mais intensos da escala), dobraram nos últimos 35 anos.

Figura 10: Furacão.


Fonte: https://www.blogodorium.com.br

3) O Brasil na rota dos ciclones


O litoral sul do Brasil foi varrido por um forte ciclone em 2004. Deste ano em
diante, passaram a ser comuns ciclones extratropicais principalmente na região Sul
do país.
42

Figura 11: Ciclone.


Fonte: https://www.resumoescolar.com.br

4) O nível do mar subiu


A elevação desde o início do século passado está entre 10 e 25 centímetros.
Em certas áreas litorâneas, como algumas ilhas do Pacífico, isso significou um
avanço de 100 metros na maré alta. Atualmente (setembro de 2006), o painel
intergovernamental de mudança climática estima que o nível das águas possa subir
entre 14 e 43 cm até o fim deste século. Estudos recentes parecem indicar que,
contrariamente ao que antes se pensava, o aumento das taxas de CO2 na atmosfera
não está provocando nenhuma aceleração na taxa de subida do nível do mar.
Conforme o relatório mais recente do IPCC (2014), o nível do mar aumentou em
cerca de 19 cm entre 1901 e 2010 devido à expansão térmica das águas. No cenário
mais pessimista, a elevação pode chegar a mais de 80 cm até 2100.

5) Os desertos avançam
O total de áreas atingidas por secas dobrou em trinta anos. Um quarto da
superfície do planeta é agora de deserto. Só na China, as áreas desérticas avançam
10.000 quilômetros quadrados por ano, o equivalente ao território do Líbano. De
acordo com o IPCC (2014), o regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão
dos ventos estão sendo perturbados, aumentando a tendência de secas e
43

enchentes. Os efeitos se combinam para gerar novas causas, tendendo a amplificar


em cascata o aquecimento e agravar suas consequências.

Figura 12: Deserto.


Fonte: http://ponto55.com.br

6) Já se contam os mortos
A Organização das Nações Unidas estima que 150.000 pessoas morram
anualmente por causa de secas, inundações e outros fatores relacionados
diretamente ao aquecimento global. Estima-se que em 2030, o número dobrará.

4.1.12 Os impactos do aquecimento sentidos no Brasil


Analisando quantitativamente as prováveis alterações e redistribuições dos
grandes biomas brasileiros em resposta aos cenários de mudanças climáticas
projetadas por seis diferentes modelos climáticos globais avaliados pelo IPCC para o
final do Século XXI, temos resultados diferentes para cada projeção de modelo
climático, resultado das projeções convergirem para o estudo do aumento da
temperatura. Com uma média das projeções, obtemos um aumento das áreas de
savana na América do Sul tropical, dentre esses modelos alguns indicam diminuição
das chuvas na Amazônia, outros não indicam alteração, enquanto um deles chega
projetar aumento das chuvas. Alguns estudos sobre resposta das espécies da flora e
da fauna Amazônica e do Cerrado indicam que para um aumento de 2 a 3 oC na
temperatura média até 25% das árvores do cerrado e até cerca de 40% de árvores
da Amazônia poderiam desaparecer até o final deste Século.
44

Analisando os impactos na agricultura, temos como primeira consequência, o


aumento nas taxas evapotranspirativas, promovendo maior consumo de água das
plantas, como segunda, a redução do ciclo das culturas, tornando-as mais eficientes
em termos de assimilação e transformação energética, porém mais sensíveis à
deficiência hídrica.
Analisando o caso da soja, segundo o estudo feito, há uma redução média de
60% na área favorável para o cultivo de soja, onde a região sul seria a mais afetada,
com forte redução de produção.
Analisando várias culturas, percebemos um maior impacto relativo ao
aumento de temperatura para a soja. O aumento na temperatura reduziria o risco de
geada, porém aumentaria os riscos de abortamento de flores. Para o caso do café,
considerando um aumento de 1,0 oC, e a redução das áreas cultivadas com café nos
estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, o impacto econômico previsto é
estimado em US$ 375 milhões por ano, equivalente à redução de 4 milhões de saca
de café/ano.
A agricultura desempenha um papel duplo fundamental nas mudanças
climáticas. Trata-se de um dos setores que serão mais afetados pelas mudanças
climáticas nas próximas décadas, o que requer medidas de adaptação. Ao mesmo
tempo, a agricultura tem sido historicamente uma das principais fontes de emissão
de GEE’s para a atmosfera (BEDDINGTON et al., 2012).
Segundo relatório especial do IPCC (LULUCF, 2000), as estratégias de
compensação e gestão da terra para produção de alimentos foram responsáveis, ao
longo do século XX, pela emissão de cerca de 70 ppm do carbono acumulado (valor
muito alto, se comparado aos 140 ppm liberados a partir da queima de combustíveis
fósseis).
De acordo Rosenzweig e Tubiello (2007), atualmente, de todos os GEE
liberados anualmente para a atmosfera pelas atividades humanas, a agricultura e as
mudanças de uso da terra associadas emitem cerca de um quarto do CO 2 (por meio
do desmatamento, esgotamento do carbono orgânico no solo, uso de máquinas e
fertilizantes), metade do CH4 (via pecuária e cultivo de arroz) e três quartos do N2O
(através de aplicações de fertilizantes e manejo de dejetos). No Brasil, a agricultura
e a pecuária respondem por um quarto das emissões nacionais brutas.
Essa ambiguidade da prática agrícola em promover e, ao mesmo tempo,
sofrer os efeitos adversos das mudanças climáticas, justifica sua inclusão e seu
45

destaque em agendas de negociação e políticas de crédito visando atividades


agrícolas mais sustentáveis. Dessa forma, no contexto do Plano Nacional sobre
Mudança do Clima – PNMC (BRASIL, 2008), foi criado em 2011, o Plano Setorial da
Agricultura, denominado de Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono
(BRASIL, 2011).
O objetivo principal do Plano ABC é promover a mitigação das emissões de
GEE na agricultura brasileira e, ao mesmo tempo, empreender estratégias
adaptativas aos potenciais impactos negativos das mudanças climáticas. O Plano é
composto por sete programas, sendo seis referentes às tecnologias de mitigação e
um direcionado às ações de adaptação. Os principais objetivos do Plano ABC
relacionam-se (i) à recuperação de pastagens degradadas (meta de 15 milhões de
ha), (ii) implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e
sistemas agroflorestais (SAF) (4 milhões de ha), (iii) promoção do sistema de plantio
direto na palha (8 milhões de ha), (iv) promoção da fixação biológica de nitrogênio
em substituição ao uso de fertilizantes nitrogenados (5,5 milhões de ha), (v)
expansão da área de florestas plantadas (3 milhões de ha), e (vi) ampliação do uso
de tecnologias para tratamento de dejetos animais (4,4 milhões de m 3).

4.2 Perda da Biodiversidade


Biodiversidade ou diversidade biológica (grego bios = vida) é a diversidade da
natureza viva. Desde 1986, o termo e conceito têm adquirido largo uso entre
biólogos, ambientalistas, líderes políticos e cidadãos conscientizados no mundo
todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção, observado
nas últimas décadas do Século XX.
Refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade
genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da
fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos, a variedade de funções
ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de
comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
A Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias
biológicas quanto à abundância relativa (equitatividade) dessas categorias. E inclui
variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementariedade biológica entre
habitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade). Ela
46

inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos


genéticos, e seus componentes.
A espécie humana depende da Biodiversidade para a sua sobrevivência.
O termo diversidade biológica foi criado por Thomas Lovejoy, em 1980, ao
passo que a palavra Biodiversidade foi usada pela primeira vez pelo entomologista
E. O. Wilson, em 1986, num relatório apresentado ao primeiro Fórum Americano
sobre a diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos
EUA (National Research Council, NRC). A palavra “Biodiversidade” foi sugerida a
Wilson pelo pessoal do NRC, a fim de substituir diversidade biológica, expressão
considerada menos eficaz em termos de comunicação.
Não há uma definição consensual de Biodiversidade. Uma definição é:
“medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes
ecossistemas”. Essa definição inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e
diversidade comparativa entre ecossistemas.
A Biodiversidade não é estática. É um sistema em constante evolução tanto
do ponto de vista das espécies como também de um só organismo. A meia-vida
média de uma espécie é de um milhão de anos e 99% das espécies que já viveram
na Terra estão hoje extintas.
A Biodiversidade não é distribuída igualmente na Terra. Ela é, sem dúvida,
maior nos trópicos. Quanto maior a latitude, menor é o número de espécies,
contudo, as populações tendem a ter maiores áreas de ocorrência. Este efeito que
envolve disponibilidade energética, mudanças climáticas em regiões de alta latitude
é conhecido como efeito Rapoport.
Existem regiões do globo onde há mais espécies que outras. A riqueza de
espécies tende a variar de acordo com a disponibilidade energética, hídrica (clima,
altitude) e também pelas suas histórias evolutivas.
Ecólogos e ambientalistas são os primeiros a insistir no aspecto econômico
da proteção da diversidade biológica. Deste modo, Edward O. Wilson escreveu, em
1992, que a Biodiversidade é uma das maiores riquezas do planeta, e, entretanto, é
a menos reconhecida como tal (La biodiversité est l'une des plus grandes richesses
de la planète, et pourtant la moins reconnue comme telle).
A maioria das pessoas vê a Biodiversidade como um reservatório de recursos
que devem ser utilizados para a produção de produtos alimentícios, farmacêuticos e
cosméticos. Este conceito do gerenciamento de recursos biológicos provavelmente
47

explica a maior parte do medo de se perderem estes recursos devido à redução da


Biodiversidade. Entretanto, isso é também a origem de novos conflitos envolvendo a
negociação da divisão e apropriação dos recursos naturais.
Uma estimativa do valor da Biodiversidade é uma pré-condição necessária
para qualquer discussão sobre a distribuição da riqueza da Biodiversidade. Estes
valores podem ser divididos entre:
valor de uso;
uso direto através do turismo, ou de novas substâncias farmacêuticas ganhas
através da Biodiversidade, entre outros;
uso indireto, como a polinização de plantas e outros serviços biológicos;
o não uso, ou valor intrínseco.

Em um trabalho publicado na Nature em 1997, Constanza e colaboradores


estimaram o valor dos serviços ecológicos prestados pela natureza. A ideia geral do
trabalho era contabilizar quanto custaria por ano para uma pessoa ou mais, por
exemplo, polinizar as plantas ou quanto custaria para construir um aparato que
serviria como mata ciliar no antiassoreamento dos rios. O trabalho envolveu vários
“serviços” ecológicos e chegou a uma cifra média de US$ 33.000.000.000.000,00
(trinta e três trilhões de dólares) por ano, duas vezes o produto interno bruto
mundial.

Como medir a Biodiversidade:


Do ponto de vista previamente definido, nenhuma medida objetiva isolada de
Biodiversidade é possível, apenas medidas relacionadas com propósitos particulares
ou aplicações. Para os conservacionistas práticos, essa medida deveria quantificar
um valor que é, ao mesmo tempo, altamente compartilhado entre as pessoas
localmente afetadas.
Para outros, uma definição mais abrangente e mais defensível
economicamente, é aquela cujas medidas deveriam permitir a assegurar
possibilidades continuadas tanto para a adaptação quanto para o uso futuro pelas
pessoas, assegurando uma sustentabilidade ambiental. Como consequência, os
biólogos argumentaram que essa medida é possivelmente associada à variedade de
genes. Uma vez que não se podem dizer sempre quais genes são mais prováveis de
48

serem mais
benéficos, a melhor
escolha para a
conservação é
assegurar a
persistência do maior
número possível de
genes.
Para os
ecólogos, essa
abordagem às vezes
é considerada
inadequada e muito restrita.
A perda da Biodiversidade está intimamente ligada ao intenso desmatamento
de florestas e à poluição ocasionada pelas queimadas. As madeireiras, que retiram a
madeira de forma predatória, sem promover programas de reflorestamento,
principalmente nos países do hemisfério sul, onde se situam as florestas tropicais e
os grandes projetos agropecuários baseados na monocultura e na criação de gado
são os principais causadores do desmatamento. Segundo dados de órgãos ligados
às Nações Unidas, aproximadamente 50% das florestas tropicais do planeta já foram
perdidos. A redução dessas áreas, nas mais diversas regiões, apresenta riscos
significativos para o principal banco genético da Terra. As formas inadequadas de
aproveitamento econômico das florestas têm levado à esterilização dos solos,
alterações climáticas, tal como o aparecimento de secas prolongadas, e ao aumento
de catástrofes naturais, como furacões e enchentes.
Durante as últimas décadas, uma erosão da Biodiversidade foi observada. A
maioria dos biólogos acredita que uma extinção em massa está a caminho. Apesar
de divididos a respeito dos números, muitos cientistas acreditam que a taxa de
perda de espécies é maior agora do que em qualquer outra época da história da
Terra.
Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies de plantas
conhecidas estão sob ameaça de extinção. Todo ano, entre 17.000 e 100.000
espécies são varridas de nosso planeta. Alguns dizem que cerca de 20% de todas
as espécies viventes poderiam desaparecer em 30 anos. Quase todos dizem que as
49

perdas são devido às atividades humanas, em particular a destruição dos habitats


de plantas e animais.
Alguns justificam a situação não tanto pelo sobreuso das espécies ou pela
degradação do ecossistema quanto pela conversão deles em ecossistemas muito
padronizados (exemplo: monocultura seguida de desmatamento). Antes de 1992,
outros mostraram que nenhum direito de propriedade ou nenhuma regulamentação
de acesso aos recursos necessariamente leva à sua diminuição (os custos de
degradação têm que ser apoiados pela comunidade).
Entre os dissidentes, alguns argumentam que não há dados suficientes para
apoiar a visão de extinção em massa, e dizem que extrapolações abusivas são
responsáveis pela destruição global de florestas tropicais, recifes de corais,
mangues e outros habitats ricos.
A domesticação de animais e plantas em larga escala é um fator histórico de
degradação da biodiversidade, gerando a seleção artificial de espécies, onde alguns
seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem em detrimento de outros.

4.2.1 Conservação da Biodiversidade


A conservação da diversidade biológica tornou-se uma preocupação global.
Apesar de não haver consenso quanto ao tamanho e ao significado da extinção
atual, muitos consideram a Biodiversidade essencial.
Há basicamente dois tipos principais de opções de conservação, conservação
in-situ e conservação ex-situ. A in-situ é geralmente vista como uma estratégia de
conservação elementar. Entretanto, sua implementação é às vezes impossível. Por
exemplo, a destruição de habitats de espécies raras ou ameaçadas de extinção às
vezes requer um esforço de conservação ex-situ. Além disso, a conservação ex-situ
pode dar uma solução reserva para projetos de conservação in-situ. Alguns acham
que ambos os tipos de conservação são necessários para assegurar uma
preservação apropriada. Um exemplo de um esforço de conservação in-situ é a
construção de áreas de proteção. Um exemplo de um esforço de conservação ex-
situ, ao contrário, seria a plantação de germoplasma em bancos de sementes. Tais
esforços permitem a preservação de grandes populações de plantas com o mínimo
de erosão genética.
A ameaça da diversidade biológica estava entre os tópicos mais importantes
discutidos na Conferência Mundial da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, na
50

esperança de ver a fundação da Global Conservation Trust para ajudar a manter as


coleções de plantas.

4.2.2 A Biodiversidade no Brasil


O Brasil é campeão mundial em biodiversidade: de cada cinco espécies do
planeta, uma encontra-se aqui. Essa enorme variedade
de animais, plantas, microrganismos e ecossistemas,
muitos únicos em todo o mundo, devem-se, entre outros
fatores, à extensão territorial e aos diversos climas do
país. O Brasil detém o maior número de espécies
conhecidas de mamíferos e de peixes de água doce, o
segundo de anfíbios, o terceiro de aves e o quinto de
répteis. Com mais de 50 mil espécies de árvores e arbustos, tem o primeiro lugar em
biodiversidade vegetal. Nenhum outro país tem tantas variedades de orquídeas e
palmeiras catalogadas. Os números impressionam, mas, segundo estimativas
aceitas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), eles podem representar apenas
10% da vida no país. Como várias regiões ainda são muito pouco estudadas pelos
cientistas, os números da biodiversidade brasileira tornam-se maiores na medida em
que aumenta o conhecimento. Durante uma expedição de apenas 20 dias pelo
Pantanal, coordenada pela ONG Conservation International (CI) e divulgada em
2001, foram identificadas 36 novas espécies de peixe, duas de anfíbio, duas de
crustáceo e cerca de 400 plantas cuja presença naquele bioma era desconhecida
pela ciência. O levantamento nacional de peixes de água doce coordenado pela
Universidade de São Paulo (USP), publicado em 2004, indica a existência de 2.122
espécies, 10% a 15% delas desconhecidas até então.

Potencial econômico:
A bBodiversidade pode contribuir de forma significativa para a agricultura, a
pecuária, a extração florestal e a pesca. No entanto, quase todas as espécies
exploradas economicamente, seja vegetal, como a soja e o café, seja animal, como
o frango, são originárias de outros países, e sua exploração é feita de forma
frequentemente danosa ao meio ambiente. Já o aproveitamento econômico de
espécies nativas ainda engatinha. Para o PIB brasileiro, o setor florestal representa
pouco mais de 1% e a pesca, 0,4%. A pequena participação das espécies nativas na
51

economia tem, entre suas causas, a falta de políticas e investimentos tanto para a
pesquisa básica como para o desenvolvimento de produtos. Na falta disso, não há
como calcular quanto o Brasil poderia receber por patentes e tecnologias
desenvolvidas com o estudo de sua Biodiversidade – algo que, segundo alguns
especialistas, estariam na casa dos trilhões de dólares. Um único medicamento para
o controle da hipertensão, desenvolvido com o veneno da jararaca, espécie
brasileira, rendia cerca de 1,5 bilhões de dólares por ano ao laboratório estrangeiro
que o patenteou, um valor comparável às exportações nacionais de carne bovina e
suína somadas.

4.3 A destruição da camada de ozônio


A ozonosfera se localiza na estratosfera, cerca de 90% de ozônio atmosférico
está nesta camada, entre 16 a 30 quilômetros de altitude, cerca de 20 km de
espessura. Os gases na ozonosfera são tão rarefeitos que, se os comprimíssemos à
pressão atmosférica ao nível do mar, sua espessura não seria maior que alguns
milímetros. Este gás é produzido
nas baixas latitudes, migrando
diretamente para as altas
latitudes.
As radiações
eletromagnéticas emitidas pelo
Sol trazem energia para a Terra,
entre as quais a radiação
infravermelha, a luz visível e um
misto de radiações e partículas,
muitas destas nocivas.
Grande parte da energia solar é absorvida e reemitida pela atmosfera. Se
chegasse a sua totalidade à superfície do planeta, esta energia o esterilizaria.
A ozonosfera é uma das principais barreiras que nos protegem dos raios
ultravioletas. O ozônio deixa passar apenas uma pequena parte dos raios U.V., esta
benéfica.
Quando o oxigênio molecular da alta-atmosfera sofre interações devido à
energia ultravioleta provinda do Sol, acaba dividindo-se em oxigênio atômico; o
52

átomo de oxigênio e a molécula do mesmo elemento se unem devido à re-ionização,


e acabam formando a molécula de ozônio cuja composição é (O 3).
A região, quando saturada de ozônio funciona como um filtro onde as
moléculas absorvem a radiação ultravioleta do Sol e, devido a reações fotoquímicas
é atenuado o seu efeito. É nesta região que estão as nuvens-de-madrepérola, que
são formadas pela capa de ozônio.
O padrão de medição do ozônio é feito de acordo com sua concentração por
unidade de volume que por sua vez recebe a nomenclatura de Unidade Dobson
(UD).
No ano de 2005, no dia sete de outubro, uma medição realizada pelo INPE na
Antártida constatou que a concentração de ozônio estava em torno de 160 UD,
quando em época de normal seriam 340 UD (esta medida é considerada
referencial).
Abaixo da medida de 220 UD já se pode considerar baixa densidade de
ozônio, ou a formação do buraco que já causa danos ao meio-ambiente.
A camada de ozônio (ou
ozonosfera) forma-se e destrói-
se por fenômenos naturais,
mantendo um equilíbrio
dinâmico, não tendo sempre a
mesma espessura. A espessura
da camada pode assim alterar-
se naturalmente ao longo das
estações do ano e até de ano
para ano. Mas nem sempre a
destruição da camada ocorre por motivos naturais. Sobre a formação, o ozônio
estratosférico forma-se geralmente quando algum tipo de radiação ou descarga
elétrica separa os dois átomos da molécula de oxigênio (O2), que então se podem
recombinar individualmente com outras moléculas de oxigênio para formar ozônio
(O3). Curiosamente, é também a radiação ultravioleta que “forma” o ozônio.

Como se forma o ozônio:


O ar que nos rodeia contém aproximadamente 20% de oxigênio. A molécula
de oxigênio pode ser representada como O2, ou seja, dois átomos de oxigênio
53

quimicamente ligados. De forma simplista, é o Oxigênio molecular que respiramos e


unido aos alimentos que nos dá energia. A molécula de ozônio é uma combinação
molecular mais rara dos átomos de oxigênio, sendo representada como O 3. Para sua
criação é necessária certa quantidade de energia. Uma centelha elétrica, por
exemplo.
Suponhamos que tenhamos um vazamento de alta tensão num determinado
circuito elétrico hipotético (ou uma descarga atmosférica, outro exemplo). No
momento da passagem do arco voltaico pelo ar temos uma liberação de energia.
Logo:

O2 + energia => O + O

Traduzindo: uma molécula de Oxigênio energizada é transformada em dois


átomos de Oxigênio livres. Os átomos de Oxigênio livres na atmosfera são reativos
quimicamente, logo deverão se combinar com moléculas próximas para se
estabilizar.
Imaginemos que tenhamos adjacentes aos átomos livres de oxigênio
moléculas de oxigênio e outras quaisquer. Chamemos as segundas de M (de
molécula). Logo teremos:

O + O2 + M => O3 + M

Traduzindo: um átomo livre de Oxigênio com uma molécula de Oxigênio e


uma molécula qualquer são transformados em Ozônio e uma molécula qualquer.
Aquela molécula qualquer não é consumida pela reação, porém é necessária para
que possa se realizar. Na verdade M é um catalisador, pode ser no caso da
atmosfera da Terra o nitrogênio molecular (N2), onde M=N2, por exemplo.
Portanto, esta é uma das formas mais comuns de se produzir ozônio. Outras
seriam fornos industriais, motores automotivos, entre outros que produzem o gás.
Na baixa atmosfera, o ozônio é reativo e contribui para a poluição atmosférica
industrial, sendo considerado um veneno.
54

4.3.1 Degradação
Os clorofluorcarbonetos (CFC), para além de outros produtos químicos
produzidos pelo homem que são bastante estáveis e contêm elementos de cloro ou
bromo, como o brometo de metila, são os grandes responsáveis pela destruição da
camada de ozônio. Os CFC têm inúmeras utilizações, pois são relativamente pouco
tóxicos, não inflamáveis e não se decompõem (facilmente). Sendo tão estáveis,
duram cerca de cento e cinquenta anos. Esses compostos, resultantes da poluição
provocada pelo Homem, sobem para a estratosfera completamente inalterados
devido à sua estabilidade e na faixa dos 10 a 50 km de altitude, onde os raios
solares ultravioletas os atingem, decompõem-se, libertando seu radical, no caso dos
CFC, o elemento químico cloro. Uma vez liberto, um único átomo de cloro destrói
cerca de 100 000 moléculas de ozônio antes de regressar à superfície terrestre,
muitos anos depois.
Três por cento (3%), talvez
mesmo cinco por cento (5%), do
total da camada de ozônio já
foram destruídos pelos
clorofluorcarbonetos. Outros
gases, como o óxido de azoto
(NO), libertado pelos aviões na
estratosfera, também contribuem
para a destruição da camada do
ozônio. Foi em 1986 que se
verificou pela primeira vez a
destruição progressiva da
camada do ozônio, com a sua consequente rarefação, designada por buraco do
ozônio. Essa descoberta foi feita sobre a Antártida pelo físico britânico Joe Farman.

Os fluidos de refrigeração:
Até os anos 1920, o fluido utilizado para aquecimento e resfriamento era a
amônia ou dióxido de enxofre, gases venenosos e que causam um cheiro
desagradável. No caso de vazamento, podem ocasionar envenenamento naqueles
que se encontram próximos aos equipamentos de refrigeração. Iniciou-se então a
pesquisa para encontrar um gás substituto que fosse líquido em condições ideais,
55

circulasse no sistema de refrigeração e, em caso de vazamento, não causasse


danos aos seres vivos.

A indústria química e os CFC:


As pesquisas da indústria química voltada à refrigeração se concentraram
num gás que não deveria ser venenoso, inflamável, oxidante, não causasse
irritações nem queimaduras, não atraísse insetos. Em suma, deveria ser um gás
estável e perfeito.
Nas pesquisas foram testados diversos gases e fluidos, sendo escolhida uma
substância que se chamaria de Clorofluorcarboneto, ou CFC.
Os CFC podem ser compostos de um ou alguns átomos de carbono ligados a
átomos de cloro e/ou flúor.
Os CFC passaram a constituir os equipamentos de refrigeração,
condicionadores de ar, como propelentes de sprays, solventes industriais, espumas
isolantes, produtos de utilização na Microeletrônica e na Eletrônica, entre outros.
No final da década de
1960 eram liberadas em torno
de um milhão de toneladas de
CFC por ano. As formas de
liberação do gás são
diversas, a mais conhecida é
pelos aerossóis que utilizam o
CFC como propelente. Uma
vez liberado na atmosfera, o
propulsor começa a se
espalhar pela atmosfera livre e levado por convecção sobe até a alta atmosfera
sendo espalhado por todo o planeta. Os CFC são gases considerados inertes cuja
reação depende de condições muito peculiares.
Na alta atmosfera existem correntes de ar em alta velocidade, as Jet Streams,
muito poderosas, cuja direção é horizontal. Estas espalham os gases da região em
todas as direções.
Aquelas moléculas de Ozônio flutuando na alta atmosfera acabam
encontrando as moléculas de CFC. O Clorofluorcarboneto é uma molécula estável
56

em condições normais de temperatura e pressão atmosférica, porém, excitado pela


radiação UV, acaba se desestabilizando e libera o átomo de Cloro.
O átomo de Cloro é um catalisador poderoso que destrói as moléculas de
Ozônio, permanecendo intacto durante todo o processo. Uma vez na alta atmosfera,
o cloro leva muitos anos para descer à baixa atmosfera. Neste período, cada átomo
de Cloro destruirá milhões de moléculas de Ozônio. A reação de destruição do
Ozônio é bastante simples, uma vez que esta molécula é extremamente reativa na
presença de radiação UV e Cloro. Observemos:

O2 + Energia UV => 2O
2Cl (do CFC) + 2O3 => 2ClO + 2O2
2Cl + 2O (regenerando o Cl) + 2O2

Logo, a resultante da reação é:

2O3 => 3O2

Isto significa que tivemos três moléculas de Oxigênio geradas e os átomos de


Cloro foram regenerados para destruir mais duas moléculas de Ozônio de cada vez,
e assim por diante, infinitamente, até o Cloro descer à baixa atmosfera.

4.3.2 O buraco na camada de ozônio


Apesar dos gases que prejudicam a camada de ozônio ser emitidos em todo o
mundo – 90% no hemisfério norte, principalmente resultantes da atividade humana –
é na Antártida que a falha na camada de ozônio é maior. A área do buraco de ozônio
é definida como o tamanho da região cujo ozônio está abaixo das 200 unidades
Dobson (DU – unidade de medida que descreve a espessura da camada de ozônio
numa coluna diretamente acima de onde são feitas as medições): 400 DU equivalem
a 4 mm de espessura. Antes da Primavera na Antártida, a leitura habitual é de 275
DU.
O buraco na camada de ozônio é um fenômeno que ocorre somente durante
uma determinada época do ano, entre agosto e início de novembro (primavera no
hemisfério sul).
57

Quando a temperatura se eleva na Antártida, em meados de novembro, a


região ainda apresenta um nível abaixo do que seria considerado normal de ozônio.
No decorrer do mês, em função do gradual aumento de temperatura, o ar
circundante à região onde se encontra o buraco inicia um movimento em direção ao
centro da região de baixo nível do gás.
Dessa forma, o deslocamento da massa de ar rica em ozônio (externa ao
buraco) propicia o retorno aos níveis normais de ozonificação da alta atmosfera,
fechando assim o buraco.
A Organização Meteorológica Mundial (WMO), no seu relatório de 2006,
previu que a redução na emissão de CFC, resultante do Protocolo de Montreal,
resultará numa diminuição gradual do buraco de ozônio, com uma recuperação total
por volta de 2065. No entanto, essa redução será mascarada por uma variabilidade
anual devida à variabilidade da temperatura sobre a Antártida. Quando os sistemas
meteorológicos de grande escala, que se formam na troposfera e sobem depois à
estratosfera, são mais fracos, a estratosfera fica mais fria do que é habitual, o que
causa um aumento do buraco na camada de ozônio. Quando eles são mais fracos
(como em 2002), o buraco diminui.
De fato, estudo de 2016 aponta a diminuição do buraco da camada de ozônio
sobre a Antárdida. O estudo atribuiu a recuperação da camada de ozônio ao
“declínio contínuo do cloro atmosférico proveniente de clorofluorcarbonetos (CFCs)",
ou componentes químicos que eram emitidos por limpeza a seco, geladeiras, spray
de cabelos e outros aerossóis.”

Relação Com a Temperatura:


As constantes temperaturas frias
do Inverno que se sentem no Polo Sul
contribuem para a formação de nuvens
polares estratosféricas que incluem
moléculas contendo cloro e bromo.
Quando a Primavera polar chega
(Setembro), a combinação da luz solar
com aquelas nuvens leva à formação
de radicais de cloro e bromo que
quebram as moléculas de ozônio, com consequente destruição da camada do
58

ozônio. Quanto mais frio é o inverno antártico mais afetada é a camada do ozônio.
Em 2002, as dimensões sofreram um decréscimo e o “buraco” foi mesmo dividido
em duas partes distintas, devido a uma vaga de calor sem precedentes na região, foi
o menor buraco do ozônio desde 1988.
Com efeito, no ano 2000, as dimensões do “buraco” da camada de ozônio
atingiram um valor máximo de 27 a 28 milhões de km2, devido a um Inverno
particularmente frio. Tudo isso nos leva a crer que, enquanto anteriormente se
pensava que este fenômeno era totalmente independente das emissões dos gases
de estufa, tais como o dióxido de carbono, os dois fenômenos podem, de fato, estar
relacionados. Isso porque o aquecimento climático é acompanhado de um
arrefecimento da alta atmosfera em altitude, o que pode acelerar a destruição da
camada de ozônio. Anteriormente à descoberta da possível correlação entre estes
dois fenômenos estimava-se que a recuperação da camada de ozônio não deveria
começar a ocorrer antes de 2010-15, e que a recuperação completa dessa mesma
camada só poderia começar a ser esperada cerca de 2050-60. A eventual
correlação entre os dois fenômenos poderá resultar na revisão, para mais longe,
destas expectativas, a menos que o Protocolo de Kyoto venha a ter resultados
positivos em breve, sobre a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
O buraco do ozônio persiste normalmente até novembro/dezembro, quando as
temperaturas regionais aumentam. O tempo exato e amplitude do buraco de ozônio
na Antártida dependem de variações meteorológicas regionais.
O buraco do ozônio não se restringe à Antártida. Um efeito similar, mas mais
fraco, tem sido detectado no Ártico e também noutras regiões do planeta, a camada
de ozônio tem ficado mais fina, permitindo a intensificação dos raios UV e o
aparecimento de novos buracos que poderão surgir sobre qualquer latitude.

Evolução ao longo dos anos:


Em 1985, os cientistas identificaram uma zona mais fina da camada do ozônio
sobre a Antártida durante os meses de primavera que ficou conhecida como “buraco
do ozônio”. As provas científicas mostram que os compostos químicos de origem
humana são responsáveis pela criação do buraco do ozônio Antártico e são
provavelmente responsáveis importantes pelas perdas globais de ozônio. As
substâncias destruidoras de ozônio (Ozone Depleting Substances, ODS) têm sido
usadas em muitos produtos que tiram partido das suas propriedades físicas
59

(exemplo: CFC têm sido usados como gases comprimidos em aerossóis e


refrigerantes). Pensa-se que a camada de ozônio se está a degradar a uma taxa de
5% a cada 10 anos sobre a Europa do Norte, com essa degradação a estender-se a
sul ao Mediterrâneo e ao sul dos EUA. Contudo, a degradação do ozônio sobre as
regiões polares é a mais dramática manifestação do efeito global geral. Os níveis de
ozônio sobre o Ártico na primavera de 1997 diminuíram 10% desde 1987, apesar da
redução da concentração de CFC e outros compostos industriais que destroem o
ozônio quando expostos à luz solar. Acredita-se que isto pode dever-se a um vórtex
de ar frio em expansão formado na baixa estratosfera sobre o Ártico, conduzindo a
um aumento do ozônio destruído. Prevê-se que um buraco sobre o Ártico do
tamanho do que se encontra sobre a Antártida possivelmente se torne uma ameaça
ao hemisfério norte por várias décadas.
Ainda em 1997, o buraco do ozônio antártico cobria 24 Mkm2 em outubro,
com uma média de 40% de degradação do ozônio e com os níveis de ozônio na
Escandinávia, Groenlândia e Sibéria alcançando uns sem precedentes 45% de
degradação, em 1996. O tamanho do buraco na camada do ozônio em outubro de
1998 era 3 vezes o tamanho dos EUA, maior do que jamais houvera sido. No outono
de 2000, o buraco na camada de ozônio era o maior de sempre. Os observadores
esperavam que o seu nível em 1998 fosse devido ao El Niño e que não seria
excedido. Desde a descoberta do fenômeno de destruição da camada de ozônio nos
anos 80, que os satélites têm monitorizado a concentração do ozônio estratosférico
no planeta Terra, como é o caso do Envisat, da Agência Espacial Europeia, lançado
em março de 2002, e utilizado atualmente para essa missão, elaborando modelos de
previsão a partir de dados recebidos.
O buraco na camada de ozônio alcançou um tamanho recorde em outubro de
2015. O episódio aconteceu devido à erupção do vulcão chileno Calbuco naquele
mesmo ano. O vulcão atrasou ligeiramente a recuperação do ozônio, que é sensível
ao cloro, à temperatura e à luz do sol. Injeções vulcânicas de partículas causam uma
destruição maior que o normal no ozônio.

4.3.3 Consequências da degradação da camada


A consequência imediata da exposição prolongada à radiação UV é a
degeneração celular que ocasionará um câncer de pele nos seres humanos de pele
clara. As pessoas de pele escura não estão livres desse câncer, a diferença é
60

somente o tempo de exposição. Até o final da década de 1990, os casos de câncer


de pele registrados devido ao buraco na camada de Ozônio tiveram um incremento
de 1000% em relação à década de 1950. Alguns desinformados e principalmente
aqueles defensores das indústrias fabricantes de CFC, dizem que este aumento foi
devido à melhoria da tecnologia de coleta de dados, e que os danos são muito
menores do que os alarmados e alardeados pelos cientistas atmosféricos.
O buraco da camada de Ozônio tem implicações muito maiores do que o
câncer de pele nos humanos. As moléculas orgânicas expostas à radiação UV têm
alterações significativas e formam ligações químicas nocivas aos seres vivos. A
radiação UV atinge em especial o fitoplâncton que habita a superfície dos oceanos e
morre pela sua ação.
Em quantidades muito pequenas, as radiações UV são úteis à vida,
contribuindo para a produção da vitamina D, indispensável ao normal
desenvolvimento dos ossos. No entanto, a exposição prolongada e sem proteção a
radiação UV causa anomalias nos seres vivos, podendo levar ao aparecimento de
cancro da pele, deformações, atrofia e cegueira (cataratas) assim como à diminuição
das defesas imunológicas, favorecendo o aparecimento de doenças infecciosas e
em casos extremos, pode levar à morte. A radiação UV excessiva pode também
diminuir a taxa de crescimento de plantas e aumentar a degradação de plásticos, tal
como aumentar a produção de ozônio troposférico e afetar ecossistemas terrestres e
aquáticos, alterando o crescimento, cadeias alimentares e ciclos bioquímicos. Em
particular, a vida aquática junto à superfície da água, onde as espécies de plantas
que formam as bases da cadeia alimentar são mais abundantes, é adversamente
afetada por elevados níveis de radiação UV. A produção/degradação do ozônio
troposférico também altera a distribuição térmica na atmosfera, resultando em
impactos ambientais e climáticos indeterminados. Anualmente e a nível mundial,
surgem cerca de 3 milhões de novos casos de cancro da pele e morrem 66 000
pessoas com esse tipo de cancro. De acordo com o Programa das Nações Unidas
para o Ambiente, a redução de apenas 1% na espessura da camada de ozônio é
suficiente para a radiação UV cegar 100 mil pessoas por catarata e aumentar os
casos de cancro da pele em 3%.
A diminuição do ozônio estratosférico e as alterações climáticas são
problemas ambientais distintos, causados principalmente pela atividade humana e
interrelacionando-se de várias formas:
61

as substâncias que causam a destruição da camada do ozônio, como os CFC


também contribuem para o efeito de estufa;
a camada de ozônio NÃO influencia na temperatura. Os cientistas antes
acreditavam que se ela fosse destruída, a Terra regularia melhor a sua temperatura.
No entanto, a camada não influencia no efeito de estuda;
o aumento de exposição da superfície terrestre a raios UV pode alterar a
circulação dos gases com efeito de estufa, aumentando o aquecimento global. Em
particular, prevê-se que o aumento de UV suprima a produção primária nas plantas
terrestres e no fitoplâncton marinho, reduzindo a quantidade de dióxido de carbono
que absorvem da atmosfera;
prevê-se que o aquecimento global conduza a um aumento médio das
temperaturas na troposfera, podendo arrefecer a estratosfera, consequentemente,
aumentando a destruição da camada de ozônio (temperaturas baixas favorecem
reações de destruição do ozônio).
Observação: o sol emite dois tipos de raios: UV (ultravioleta) que causa
câncer de pele; e IF (infravermelho) responsável pelo aquecimento da Terra. A
camada de ozônio somente evita a entrada de UV, por isso que sua destruição
aumentaria a taxa de câncer de pele. Mas, não esquentaria o planeta, visto que ela
não impede a entrada de raios infravermelhos provenientes do Sol.

O fitoplâncton e a cadeia alimentar:


As medições das populações desses organismos microscópicos sob o raio de
ação do buraco da camada de ozônio demonstraram uma redução de 25% desde o
começo do século XXI até o ano de 2003, nas águas marinhas Antártidas. A morte
destes microrganismos causa uma redução da capacidade dos oceanos em extrair o
dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Com a
morte do fitoplâncton, o zooplâncton não sobrevive. Sem zooplâncton, o krill deixa
de existir, diminuindo a população dos peixes dos oceanos e assim por diante. Logo,
a ozonosfera é primordial para que haja vida no planeta Terra.

Regiões mais afetadas:


Os polos são as zonas mais afetadas pelo buraco na camada de ozônio. A
razão para esse fato, como dito anteriormente, está relacionada com as especiais
condições meteorológicas nessas zonas do globo, especialmente o Polo Sul
62

(Antártida). Durante o inverno, quando os raios solares não atingem esta região do
planeta, as temperaturas são baixíssimas, formando-se umas nuvens de
constituição diferente das que costumamos observar. Isso vai criar uma conversão
mais rápida e fácil dos CFC em radicais de cloro destrutivos de ozônio. Como as
massas de ar circulam em camadas sobrepostas, dos Polos para o Equador e no
sentido inverso, estas têm a capacidade de transportar poluentes para milhares de
quilômetros de distância de onde estes foram emitidos. Na Antártida, a circulação é
interrompida, formando-se círculos de convecção exclusivos daquela área que
levam as moléculas com cloro para a estratosfera. Esses poluentes trazidos pelas
correntes no verão permanecem na Antártida até nova época de circulação. Ao
chegar a primavera, com os seus primeiros raios de sol, as reações químicas que
destroem o ozônio são estimuladas. Forma-se, então, o buraco de ozônio de
dimensões imensas (cerca de 20 milhões de km2) que, por via da sua dimensão
aparenta arrastar os níveis de ozônio noutros continentes do planeta. Em novembro,
o ar que chega de outras regiões permite uma recomposição parcial do escudo de
ozônio; o buraco diminui de tamanho, mas não fecha completamente.

4.3.4 Medidas tomadas em nível mundial para evitar a degradação da


ozonosfera
Com efeito, cerca de dois anos após a descoberta do buraco do ozônio sobre
a atmosfera da Antártida, os governos de diversos países, entre os quais a maioria
dos países da União Europeia, assinou em 1987 um acordo, chamado Protocolo de
Montreal, com o objetivo de reconstituir a concentração de ozônio na alta atmosfera.
O único método conhecido de proteção da camada do ozônio é limitar a emissão
dos produtos que o danificam e substituí-los por outros mais amigos do ambiente,
como os clorohidrofluorcarbonetos, que contêm pelo menos um hidrogênio,
susceptível de ser atacado na atmosfera. Assim sendo, mais de 60 países
comprometeram-se a reduzir em 50% o uso de CFC até finais de 1999, com o
Protocolo de Montreal, com o objetivo de reconstituir a concentração de ozônio na
alta atmosfera.
Esse acordo entrou em vigor em 1989 e visa reduzir, progressivamente, as
emissões dos gases que provocam a degradação do ozônio. Na Conferência de
Londres, em 1990, concordou-se em acelerar os processos de eliminação dos CFC,
impondo a paragem total da produção até ao ano de 2000, tendo sido criado um
63

fundo de ajuda aos países em desenvolvimento para esse fim. Os Estados Unidos,
Canadá, Suécia e Japão anteciparam essa data para 1995 e a UE decidiu parar com
a produção até Janeiro de 1996. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o
Protocolo de Montreal tem dado bons resultados, uma vez que foi registrada uma
lenta diminuição da concentração de CFC na baixa atmosfera após um máximo
registrado no período de 1992/1994. Em fevereiro de 2003, cientistas neozelandeses
anunciaram que o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida poderá estar
fechado em 2050, como resultado das restrições internacionais impostas contra a
emissão de gases prejudiciais. Estudos de 2016 já apontam a diminuição do buraco,
conforme apresentado acima.
Sem a forte adesão ao Protocolo, os níveis de substâncias prejudiciais para o
ozônio seriam cinco vezes maiores do que são hoje. Mesmo assim, a luta pela
restauração da camada de ozônio tem de continuar, pois aquelas substâncias têm
um tempo de vida longo. Os cientistas prevêem que o aparecimento anual do buraco
do ozônio no Polo Sul dure ainda vários anos. O êxito do Protocolo de Montreal
evidencia o sucesso da cooperação entre países e organizações internacionais para
um fim comum. Só o cumprimento integral e continuado das disposições do
Protocolo por parte dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento
poderá garantir a recuperação total da camada de ozônio.

4.4 Contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos


Segundo a Agenda 21, o meio ambiente marinho caracterizado pelos
oceanos, mares e os complexos das zonas costeiras formam um todo integrado que
é componente essencial do sistema que possibilita a existência da vida sobre a
Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidade para um desenvolvimento
sustentável.
Mas apesar da imensidão, as águas marinhas existentes no globo vêm
sofrendo muito com a poluição produzida pelo homem que já atinge inclusive o
Ártico e a Antártida, onde já se apresentam sinais de degradação.
A civilização humana sempre utilizou os oceanos e os mares para extrair seu
sustento; aliás, mais da metade dos 6 bilhões de habitantes do mundo vivem nas
costas ou a 60 km delas como cita Eileen B. Claussen (1997), o que propicia o fluxo
dos dejetos diretamente nas regiões costeira e os problemas deste meio ambiente
continuam a crescer.
64

A explosão demográfica humana, a grande quantidade de cidades, a


aglomerações de pessoas no litoral, a poluição, o desenvolvimento tecnológico que
exige mais custo ambiental das últimas décadas e a pesca predatória,
principalmente, são fatores formadores de grandes pressões sobre os recursos
hídricos marinhos, que já estão mostrando esgotamento. Inclusive a poluição pode
atingir drástica e rapidamente o ambiente marinho com morte instantânea do
plâncton, ou ainda pela bioacumulação que é o fenômeno através do qual os
organismos vivos acabam retendo dentro de si algumas substâncias tóxicas que vão
se acumulando também nos demais seres da cadeia alimentar até chegar ao
homem, sendo um processo lento de intoxicação muitas vezes letal.
Segundo O. Vidal e W. Rast (1996), uns 80% de toda a contaminação
marinha são causadas por atividades humanas em terra, como urbanização,
agricultura, turismo, desenvolvimento industrial, despejo de esgoto não tratado,
dejetos industriais e falta de infraestrutura costeira.
As regiões estuarinas, os manguezais, os corais e as baias são os locais de
procriação da grande maioria da fauna marinha. São nestes locais que
principalmente camarões e centenas de espécies de peixes de potencial alimentar
humano se reproduzem e criam. Justamente aí, nestes riquíssimos ambientes
marinhos é que estão os maiores efeitos da poluição, pois é onde são despejados
diretamente os resíduos tóxicos das cidades ribeirinhas, das inúmeras indústrias e
da agricultura, inclusive muitas vezes trazidos de grandes distâncias por rios que
deságuam nestes locais.
Nas regiões estuarinas é que encontramos vida em profusão, ante a riqueza
de sedimentos orgânicos vindo dos rios, fornecendo excelente condição para os
primeiros dias de vida de muitas espécies de peixes, sem contar que muitas voltam
aos estuários para subir os rios para procriar.
Os manguezais que são riquíssimas fontes energéticas e de primordial
importância para a vida de milhares de espécies existem em quase todos os
continentes tropicais e subtropicais e representam cerca de 25.000 Km2 e ocorrem
em quase todo o litoral desde o Oiapoque à Laguna em Santa Catarina
(SCHAEFER-NOVELLI, 1995). São conhecidos como os “berçários da vida marinha”
e por estarem ameaçados pela ação antrópica devem ter maior atenção e proteção.
65

Os recifes de corais estão entre os ecossistemas de maior biodiversidade que


há na Terra, retendo uma parcela substancial do alicerce biológico da vias sobre o
planeta (WEBER, 1993).
Já as baías formam ambiente tranquilo para a criação e crescimento de
muitas espécies de peixes, e de outras que procuram refúgio temporário de
predadores ou de correntes marítimas.
Mas, como todas estas regiões importantes estão sendo atingidas pelos atos
degradatórios do homem, a situação do ambiente marinho está ficando crítica em
muitos lugares do globo, de modo que percebendo isso, cientistas, cidadãos e
homens públicos conscientes de vários países começaram a alertar sobre a situação
surgindo movimentos em prol da recuperação dos oceanos, culminando com a
discussão a nível planetário na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar, realizada em 1982, em Washington.
A referida Convenção obriga as partes aderentes a proteger e preservar o
meio ambiente marinho com cooperação regional e mundial, adotando leis e
regulamentos para tentar diminuir a contaminação marinha, principalmente vinda de
fontes terrestres.
Por sua vez, na Agenda 21, que é o mais importante documento emanado da
Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, em seu
Capítulo 17 prevê diretrizes e recomendações para a proteção dos oceanos, mares
e zonas costeiras visando o uso racional e o desenvolvimento de seus recursos
vivos para se tentar alcançar o desenvolvimento sustentável.
Estipulam
recomendações para o
gerenciamento integrado de
desenvolvimento das zonas
costeiras e das zonas
econômicas exclusivas,
proteção do meio ambiente
marinho, o uso sustentável
dos recursos marinhos, o
desenvolvimento sustentável
das pequenas ilhas, entre outros. Relaciona também quais os métodos e
mecanismos para a coordenação e implementação dos programas integrados de
66

gerenciamento destes recursos, estabelecendo medidas para a manutenção da


biodiversidade e aumento da produtividade, bem como determinou ao PNUMA a
realização de uma reunião mundial sobre a proteção do meio ambiente marinho e da
poluição decorrente das atividades terrestres (Cap.17, item 26), no que resultou na
Conferência Intergovernamental que envolveu 109 países, em Washington, entre 23
de outubro 03 de novembro de 1995, que adotou o Programa de Ação Mundial para
a Proteção do Meio Marinho frente às Atividades Realizadas na Terra.
Este Programa identifica medidas práticas para implementar as obrigações
legais estabelecidas na Convenção sobre o Direito do Mar destinadas a prevenir,
reduzir e controlar a contaminação marinha procedente de fontes terrestres; serve
como modelo de fonte e guia prático para a ação a níveis nacionais e regionais;
inicia esforço a longo prazo para identificar e por a disposição conhecimentos e
experiências sobre o que funciona ao tratar de combater a contaminação marinha
procedente de fontes terrestres; incentiva a instituições financeiras internacionais e
outros doadores a acertar prioridades à contaminação marinha procedentes de
fontes terrestres em projetos relacionados com as zonas costeiras; e faz um
levantamento da necessidade de compromisso de aplicação de instrumentos de
administração e opções de financiamento disponíveis, segundo ainda Eileen B.
Claussen (1997).
As diretrizes da Convenção e do citado Programa estão sendo discutidos em
praticamente em todo o mundo, mas ainda é pouco, pois os oceanos têm
importância fundamental à vida, à origem e manutenção de milhões de seres e
principalmente para o ser humano, pois é provavelmente a sua maior fonte de
alimentos, de forma que a sua proteção legal em termos planetários é imprescindível
e urgente.

4.5 A escassez, mau uso e poluição das águas


Quando a quantidade de lixo é maior do que a quantidade de depuração da
água, dizemos que a água está poluída.
Poluição das águas é um tipo de poluição causado pelo lançamento de
esgoto residencial ou industriais não tratados em cursos de água (rios, lagos ou
mares) ou ainda pelo lançamento de fertilizantes agrícolas, em quantidade
demasiada alta que o corpo da água não pode absorver naturalmente. A poluição
67

altera as características da água enquanto a contaminação pode afetar a saúde do


consumidor da água. Assim uma água pode estar poluída sem estar contaminada.
Conforme consta no Decreto nº 73.030/73, art. 13, § 1º, poluição da água é
qualquer alteração de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, que possa
importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, causar
dano à flora e à fauna, ou comprometer o seu uso para fins sociais e econômicos.
De acordo com o art. 3, § I, da Lei 6.938/81. da Política Nacional do Meio
Ambiente. Poluição é toda degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades, que ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem
desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
Quando se fala em poluição das águas, devem ser abrangidas não só as
águas superficiais como também as subterrâneas.
Uma das principais fontes de poluição das águas são os resíduos urbanos,
tanto os industriais quanto os rurais, que são despejados voluntária ou
involuntariamente.
Como exemplos de materiais
tóxicos que normalmente são
despejados nas águas destacam-se
metais pesados como o cádmio e o
mercúrio, o chumbo, nitratos e
pesticidas. Esses poluentes
representam grande ameaça à
qualidade da água, à saúde e ao
meio ambiente, pois são capazes de
provocar enormes danos aos
organismos vivos, e, consequentemente à cadeia alimentar e à nossa saúde.
Portanto, medidas devem ser tomadas no sentido de recuperação dos rios e
mananciais atingidos pela poluição para que se garanta à população o
abastecimento de água não infectada. Dentre essas medidas, ressalta-se o
tratamento dos esgotos urbanos.
68

Em outubro de 2013, foi criado o Plano Nacional de Contingência para


Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (Decreto nº
8.127).

4.6 A superpopulação mundial


O crescimento populacional é a mudança do número de habitantes dividido
por uma unidade de tempo. O termo população pode ser aplicado a qualquer
espécie viva, mas normalmente refere-se aos humanos. A população mundial em
1950 era de 2,5 bilhões de pessoas. Em 2000 já havia mais de 6 bilhões de
humanos no planeta. Estima-se que a população global chegou a 7,6 bilhões, em
outubro de 2017. A Organização das Nações Unidas estima que a população
humana chegará até 11,2 bilhões em 2100.
Para um estudo da população, é essencial a análise estatística acompanhada
das características históricas e geográficas das sociedades existentes no planeta.
Os locais que apresentam elevadas taxas de densidades demográficas são: sudeste
Brasileiro, nordeste dos Estados Unidos, leste da China e sul da África. Cada umas
dessas sociedades tem as suas particularidades socioeconômicas, culturais e
ambientais.
De acordo com os dados obtidos junto à ONU, no nosso planeta vivem quase
8 bilhões de pessoas. Dessas, mais de 75% vivem em países subdesenvolvidos e
com menos de dois dólares por dia, 22% são analfabetos, metade nunca utilizou um
telefone e apenas 0,24% têm acesso à Internet.
Quando analisamos o crescimento demográfico, o que mais surpreende é a
velocidade do crescimento, e o crescimento das cidades, fenômeno recente na
história da humanidade. Estima-se que, há cerca de 2000 anos atrás, a população
global era de cerca de 300 milhões de habitantes. Por um longo período a população
mundial não cresceu significativamente, com períodos de crescimento seguidos de
períodos de declínio. Decorreram-se mais de 1600 anos para que a população do
mundo dobrasse para 600 milhões. O contingente populacional estimado para o ano
de 1750 é de 791 milhões de pessoas, das quais 64% viviam na Ásia, 21% na
Europa e 13% em África.
A humanidade gastou, portanto, dezenas de milhares de anos para alcançar o
primeiro bilhão de habitantes, fato ocorrido por volta de 1802. Em seguida, foram
necessários mais 125 anos para dobrar a população, alcançando assim o planeta,
69

por volta de 1927, 2 bilhões de habitantes. O terceiro bilhão foi atingido 34 anos
depois, em 1961, e assim por diante. Ao lado pode-se ver o ano em que se atingiram
cada bilhão de seres humanos. Num abrir e fechar de olhos, a contar no relógio da
História do ser humano, o homem abandonou o modus vivendi que criara há cerca
de 10 mil anos, com o advento da agricultura, e passou a multiplicar-se nas cidades,
um mundo de facilidades, mas também um mundo literalmente à parte da natureza.
Em 1900, nove em cada dez homens, mulheres e crianças, que somavam uma
população de 1,65 bilhões de humanos, ainda viviam no campo. Espera-se que,
daqui a pouco tempo (cerca de 1 ano), quase metade dos atuais 6 bilhões de
pessoas habitará cidades; dessa população urbana, estima-se que uma proporção
de três para vinte pessoas se encontre nas cerca de meia centena de metrópoles e
megalópoles (população igual ou maior que 5 milhões de habitantes).
A ONU estima que no ano 2000, a população mundial crescia então a um
ritmo de 1,2 % (77 milhões de pessoas) por ano. Isso representa um decréscimo da
taxa de crescimento em relação ao seu nível em 1990, sobretudo devido à quebra
das taxas de natalidade.
A China é atualmente o país mais povoado do mundo com mais de 1,3
milhões de habitantes, porém devido à baixa taxa de natalidade será superada em
2050 pela Índia, que na altura atingirá os 1,6 milhões.
Foram várias as causas desta fase de rápido crescimento da população
mundial. Os índices de mortalidade nos países em vias de desenvolvimento tiveram
uma queda marcante após a Segunda Guerra Mundial. Campanhas de saúde
pública e de vacinação reduziram espetacularmente a doença e a mortalidade
infantil. Nos países desenvolvidos, esses declínios na mortalidade tinham levado
séculos para ocorrer, à medida que a própria sociedade gradualmente se
transformava, tornando-se mais urbanizada e menos dependente de grandes
famílias. Como resultado, as taxas de natalidade e mortalidade tendiam a decrescer
proporcionalmente, e as taxas de crescimento populacional nunca atingiram o nível
que atingiriam mais tarde, nos países em desenvolvimento. Na década de sessenta,
as mulheres nos países em desenvolvimento estavam tendo, em média, seis filhos.
O crescimento futuro da população é difícil de prever. As taxas de natalidade
estão a diminuir em geral, mas variam muito entre países desenvolvidos e países em
vias e desenvolvimento. As taxas de mortalidade podem mudar inesperadamente
devido a doenças, guerras e catástrofes, ou avanços na medicina. A ONU publicou
70

várias projeções da população mundial futura, baseadas nos diferentes


pressupostos. Ao longo dos últimos 10 anos, a ONU tem revisto constantemente as
suas projeções da população mundial, corrigindo-as para valores inferiores aos
anteriormente anunciados. Se nenhuma ação, em escala global – em especial nos
países subdesenvolvidos – for tomada para conter o crescimento exponencial da
população mundial, ele prosseguirá, tal como tem sido, até meados do próximo
século.
O contínuo aumento populacional pode ter várias consequências negativas. A
mais falada é a questão da escassez de alimentos, mas a verdade é que os
alimentos estão mal distribuídos mundialmente, caso contrário como justificaríamos
o fato de morrerem mais pessoas por excesso de alimentação (obesidade e
problemas cardiovasculares) do que pessoas a morrer à fome? Com o aumento da
população e desenvolvimento dos países aumenta também a poluição produzida, e
se já com a população atual os problemas ambientais relacionados com a poluição
são bastantes, então se deduz que serão muito piores com uma população ainda
maior e a produzir cada vez mais desperdícios; este aumento da poluição poderá
implicar também a degradação de muitos ecossistemas naturais. Na sociedade
globalizada em que vivemos, outro grave problema é a propagação de epidemias,
que agora o fazem com muito mais facilidade devido ao contacto entre indivíduos de
todos os pontos do mundo uns com os outros devido aos avanços dos meios de
transporte. O fato de haver cada vez mais gente, para menos área habitável faz
também com que comecem a surgir populações que habitam áreas perigosas do
planeta, facilmente susceptíveis a catástrofes (exemplos: áreas de grande atividade
vulcânica). Têm também preocupado as autoridades governamentais os problemas
associados à criação de empregos, meios de habitação, transportes, educação e
saúde.
Para tentar conter o elevado aumento populacional estão a ser tomadas e
estudadas certas medidas. É necessária a expansão de serviços de alta qualidade
de planejamento familiar e saúde reprodutiva. As gravidezes indesejadas ocorrem
quando os casais que não querem ter uma gravidez não usam nenhum método para
regular eficazmente a fertilidade, apesar de ser essencial que este seja usado. Uma
das prioridades de vários governos dos países em vias de desenvolvimento deve ser
oferecer aos casais e a pessoas individuais serviços apropriados para evitar tais
gravidezes.
71

Deve-se também divulgar mais informação sobre planejamento familiar e


aumentar as alternativas de métodos anticoncepcionais (incluindo a interrupção
segura da gravidez nos casos em que tal seja legal). É também muito importante a
conscientização do público sobre os meios existentes para a regulação da fertilidade
e o seu valor, da importância da responsabilidade e da segurança na prática de
relações sexuais e a localização dos serviços. Deverão ser criadas condições
favoráveis para famílias pequenas. Importa também aumentar a escolaridade,
especialmente entre as raparigas. Melhorias na situação econômica, social e jurídica
das jovens e das mulheres poderão contribuir para aumentar o seu poder de
negociação, conferindo-lhes uma voz mais forte nas decisões relacionadas com os
aspectos reprodutivos e produtivos da família.

4.7 A utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo,


carvão mineral e outros minérios)
Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o homem,
com o objetivo do desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da
sociedade em geral. Podem ser renováveis, como a água, a luz do Sol, o vento, os
peixes, as florestas, ou não renováveis, como o petróleo e minérios em geral.
Além dos custos ambientais, o atual consumo sem precedentes de recursos
impossíveis de renovação, mais cedo ou mais tarde tornar-se-á um motivo de
atenção mundial, que sobrecarregará a capacidade inventiva técnico-científica do
homem.
As fontes de energia não renováveis são aquelas que se encontram na
natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a sua utilização. Uma vez
esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. Consideram-se fontes de
energia não renováveis os combustíveis fósseis (carvão, petróleo bruto e gás
natural) e o urânio, que é a matéria-prima necessária para obter a energia resultante
dos processos de fissão ou fusão nuclear. Todas essas fontes de energia têm
reservas finitas, uma vez que é necessário muito tempo para repô-las, e a sua
distribuição geográfica não é homogênea, ao contrário das fontes de energia
renováveis, originada graças ao fluxo contínuo de energia proveniente da natureza.
Geralmente, as fontes de energia não renováveis são denominadas fontes de
energia convencionais, uma vez que o sistema energético atual assenta na
utilização dos combustíveis fósseis. São também consideradas energias sujas, já
72

que sua utilização é causa direta de importantes danos para o meio ambiente e para
a sociedade: destruição de ecossistemas, danos em bosques e aquíferos, doenças,
redução da produtividade agrícola, corrosão de edificações, monumentos e
infraestruturas, deterioração da camada de ozônio ou chuva ácida. Sem esquecer os
efeitos indiretos como os acidentes em sondagens petrolíferas e minas de carvão ou
a contaminação por derramamentos químicos ou de combustível.
Atualmente, um dos problemas ambientais mais graves, resultante de um
sistema energético que privilegia
o uso de fontes de energia não
renováveis é o denominado efeito
de estufa. As instalações que
utilizam combustíveis fósseis não
produzem apenas energia, mas
também grandes quantidades de
vapor de água e de dióxido de
carbono (CO2), gás que é um dos
principais responsáveis pelo
efeito de estufa do planeta. A
partir deste, são ainda emitidos
para a atmosfera outros gases nocivos como os óxidos de azoto (NO x), de enxofre
(SO2) e os hidrocarbonetos (HC). Esses gases, por sua vez, provocam uma série de
modificações ambientais graves e cuja concentração na atmosfera causa a poluição
das cidades, a formação de chuvas ácidas, de névoa (denominada smog
fotoquímico), o aumento do efeito de estufa do planeta e concentrações elevadas de
ozônio troposférico.
O recurso à energia nuclear surgiu como uma solução possível face ao
problema do efeito de estufa (não são emitidos gases poluentes para a atmosfera;
contribui para a diversificação das fontes de energia, diminuindo a vulnerabilidade do
país às oscilações de preço dos combustíveis fósseis; entre outros), mas os riscos
inerentes à produção de energia elétrica recorrendo a esta fonte (perigo de explosão
nuclear e de fugas radioativas; produção de resíduos radioativos; contaminação
radioativa; entre outros), sem esquecer também o custo elevado de construção e
manutenção das instalações, contribuem significativamente para que o uso desta
73

fonte de energia continue a ser encarada, por muitos, como um risco


desaconselhável.
Outro problema que resulta de um sistema energético baseado na utilização
de combustíveis fósseis é a dependência econômica dos países não produtores das
matérias-primas. Em alternativa, as energias renováveis são geralmente consumidas
no local onde são geradas, isto é, são fontes de energia autóctones. Dessa forma, é
possível diminuir a dependência dos fornecimentos externos e contribuir ainda para
o equilíbrio interterritorial e para a criação de postos de trabalho em zonas mais
deficitárias. Neste sentido, estima-se que as energias renováveis são responsáveis
pela criação de cinco vezes mais postos de trabalho do que as convencionais, que
geram muito reduzidas oportunidade de emprego, atendendo ao seu volume de
negócio.
O rápido crescimento observado para o consumo energético, com todos os
problemas inerentes ao atual modelo energético baseado nas energias não
renováveis, faz com que seja imprescindível propor um novo modelo baseado na
eficiência e na poupança energéticas e na implementação das energias renováveis.
É importante ter em conta que os impactos ambientais, resultantes do modelo
vigente, têm um grande custo socioeconômico para a sociedade. Em virtude de um
modelo energético insustentável, o homem está sujeito às consequências
econômicas que dai resultam, bem como, aos impactos negativos da deterioração
do meio ambiente.

4.8 Desertificação – o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos


solos agricultáveis
Desertificação é o fenômeno que corresponde à transformação de uma área
em um deserto, podendo ocorrer naturalmente ou de forma artificial, pela ação
predatória do homem.
O termo desertificação tem sido muito utilizado para a perda da capacidade
produtiva dos ecossistemas causada pela atividade antrópica. Devido às condições
ambientais, as atividades econômicas desenvolvidas em uma região extrapolam a
capacidade de suporte e de sustentabilidade. O processo é pouco perceptível pelas
populações locais. Há também erosão genética da fauna e flora, extinção de
espécies e proliferação eventual de espécies exóticas.
74

Origina-se, no caso de desertos arenosos, a partir do empobrecimento do


solo e consequente morte da vegetação, sendo substituída por terreno arenoso. No
caso dos desertos polares, a causa evidente é a temperatura extremamente baixa
daquelas regiões. Conforme a Convenção das Nações Unidas de Combate à
Desertificação, a desertificação foi definida como sendo a degradação da terra nas
zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas resultantes de fatores diversos, tais
como as variações climáticas e as atividades humanas.
Segundo a Agenda 21: “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas
e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e
as atividades humanas” (cap. XII). Atualmente, a desertificação atinge 60 mil
quilômetros quadrados em todo o mundo, equivalendo a um prejuízo de U$ 10
milhões.

Principais causas da desertificação:


desmatamento indiscriminado;
utilização de tecnologias agropecuárias inadequadas;
exploração descontrolada de áreas cujo equilíbrio ambiental é frágil;
queimadas;
mineração;
uso excessivo de agrotóxicos;
poluição;
manejo inadequado do solo;
secas.

Consequências ambientais da desertificação:


redução das áreas cultiváveis;
diminuição da produtividade das áreas afetadas;
redução dos recursos hídricos;
aumento da poluição hídrica e atmosférica;
aumento das cheias;
aumento da areia nas áreas produtivas;
destruição da flora e da fauna.
75

Consequências sociais e econômicas:


A desertificação não causa apenas os impactos ambientais já mencionados,
mas também os sociais e econômicos, como:
a migração descontrolada para as áreas urbanas, causando os “inchaços” das
grandes metrópoles;
desagregação das unidades familiares com o êxodo;
crescimento da pobreza ante a degradação e perda do solo;
crescimento das consequências patológicas devido à escassez de água;
perda do potencial agrícola da área atingida;
perda da qualidade de vida tanto da região atingida, quanto da periférica;
perdas econômicas que segundo dados do Ministério do Meio Ambiente
podem chegar a US$ 800 milhões, só no Brasil.

Desertificação no Brasil:
A desertificação encontra-se em maior escala nas regiões do Nordeste
(principalmente Gilbués-PI,
Irauçuba-CE, Seridó-RN e
Cabrobó-PE) e do norte de
Minas e do Rio Grande do Sul
(deserto dos pampas).
Para que esse problema
seja contornado, o Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal
vem implementando o Plano
Nacional de Combate à Desertificação, tendo como principais diretrizes da política
de controle da desertificação:
fortalecimento da comunicação e do fluxo de informações sobre a
desertificação;
capacitação de recursos humanos em gestão de recursos naturais em áreas
sujeitas à desertificação;
sensibilização e conscientização da população das áreas afetadas;
elaboração de programas de monitoramento, prevenção e recuperação da
desertificação;
76

criação de capacidade operacional de controle da desertificação a nível local;


busca da participação da sociedade civil na elaboração e implementação do
Plano Nacional de Combate à Desertificação.

Esse plano inclui ainda o “Projeto de Dessalinização e Prevenção da


Salinização de Solos”, que tem como principais diretrizes políticas:
enfatizar a necessidade de se considerar a importância da drenagem nos
projetos de irrigação, seguramente uma das maiores causas da degradação;
compatibilizar o Programa com as políticas nacionais e regionais buscando a
implementação de ações compartilhadas;
estimular o desenvolvimento e a utilização de tecnologias de prevenção da
salinização e da reabilitação de solos salinizados;
estabelecer diretrizes visando prevenir os processos de salinização, a serem
consideradas por ocasião da elaboração dos projetos de irrigação;
apoiar e promover o treinamento em serviço de técnicos, visando à formação
de equipes regionais capazes de atender o potencial de demanda nessa área.

4.9 A destinação final dos resíduos (Lixo)


Da utilização pelo homem dos recursos naturais sobram resíduos sólidos,
líquidos e gasosos. Quanto maior o desenvolvimento, maior a utilização dos
recursos naturais, maior a quantidade de resíduos. Só em Nova York são produzidos
diariamente em média 28,5 mil toneladas de lixo. Em São Paulo são 17 mil
toneladas/dia.
Estes resíduos sólidos ou lixo podem ser definidos como “o conjunto dos
produtos não aproveitados das atividades humanas”.
O conceito de lixo pode ser considerado uma concepção humana, porque em
processos naturais não há lixo, apenas produtos inertes. Muito do lixo pode ser
reutilizado, através da reciclagem, desde que adequadamente tratado, gerando fonte
de renda e empregos, além de contribuir contra a poluição ambiental. Outros
resíduos, por outro lado, não podem ser reutilizados de nenhuma forma, como lixo
hospitalar ou nuclear, por exemplo.
O termo lixo aplica-se geralmente para materiais no estado sólido. Líquidos
ou gases considerados inúteis ou supérfluos, são, enquanto isto, geralmente
77

chamados de resíduos (líquidos ou gasosos). Porém, os termos lixo e resíduos


também podem ser utilizados para descrever respectivamente fluidos e sólidos.
O destino inevitável do lixo é um aterro. O que a comunidade através de seus
governantes, deve decidir é que proporção do lixo vai ser aterrada e de que forma
este aterro vai ser feito, visto que os impactos ambientais, sociais e econômicos da
disposição final do lixo são extremamente sérios. Os locais de disposição
descontrolada de lixo (lixões) são perigosos devido aos enormes problemas que
causam: poluição do solo, do ar e da água; atração de vetores (insetos e roedores);
risco de fogo, deslizamento e de explosões; espalhamento de lixo pelo vento e
animais; atividades de catadores.
Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como
proliferação de vetores de doenças
(moscas, mosquitos, baratas, ratos, entre
outros), geração de maus odores e,
principalmente, a poluição do solo e das
águas superficiais e subterrâneas através
do chorume (líquido de cor preta, mau
cheiroso e de elevado potencial poluidor
produzido pela decomposição da matéria
orgânica contida no lixo), comprometendo
os recursos hídricos.
Acrescenta-se a esta situação, o total descontrole quanto aos tipos de
resíduos recebidos nesses locais, verificando-se, até mesmo, a disposição de
dejetos originados dos serviços de saúde e das indústrias.
Comumente, os lixões são associados a fatos altamente indesejáveis, como a
criação de porcos e a existência de catadores (que, muitas vezes, residem no
próprio local).
Apresentam-se aqui três das principais alternativas (aterro sanitário,
incineração e compostagem) de disposição final dos resíduos sólidos. Há outras
formas de dispor, citadas expeditamente, que no momento não são viáveis
econômica e tecnicamente.
78

Aterro sanitário:
Segundo a norma ABNT NBR 8419/1996, aterro sanitário é

uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar


danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos
ambientais. Este método utiliza princípios de Engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume
permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada
jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se for necessário.

Esta técnica consiste basicamente da compactação dos resíduos no solo,


dispondo-os em camadas que são periodicamente cobertas com terra ou outro
material inerte, formando células, de modo a se ter alternância entre os resíduos e o
material de cobertura. Aterro sanitário exige cuidados e técnicas específicas, que
visam inclusive ao uso futuro da área, e que incluem a seleção e o preparo da área,
sua operação e monitoramento. A NBR 8419 fixa todos os procedimentos
necessários a uma correta elaboração do projeto.
Um aterro sanitário contém necessariamente:
instalações de apoio;
sistema de drenagem de águas pluviais;
sistema de coleta e tratamento de líquidos percolados e de drenagem de
gases, formados a partir da decomposição da matéria orgânica presente no lixo;
impermeabilização lateral e inferior, de modo a evitar a contaminação do solo
e do lençol freático.

O aterro sanitário é um método atraente e de menor custo para comunidades


com poucos recursos financeiros e humanos, e que pode satisfazer as condições de
preservação do meio ambiente.
Há uma variação dessa forma de disposição chamada aterro controlado, com
menores exigências para proteção ambiental, e cujas recomendações técnicas,
descritas na norma ABNT NBR 8849/1985, são mais simplificadas
comparativamente ao aterro sanitário. Não é prevista a implantação de sistema de
coleta e tratamento de líquidos percolados e de sistema de drenagem de gases.
Este método não deve ser considerado como solução definitiva para o correto
equacionamento da disposição final de resíduos sólidos, uma vez que é grande seu
79

potencial de impacto ambiental, notadamente no que se refere à poluição das águas


superficiais e subterrâneas e do solo.

Compostagem:
Um segundo método de tratamento e disposição sanitariamente adequados
dos resíduos sólidos é a compostagem. Por definição, é a transformação de
resíduos orgânicos presentes no lixo, através de processos físicos, químicos e
biológicos, em material biogênico mais estável e resistente. O resultado final é o
“composto”, excelente condicionador orgânicos dos solos.
O processo se constitui basicamente de duas etapas:
Física, onde se dá o preparo dos resíduos, fazendo-se uma separação entre a
matéria a ser composta e outros materiais (potencialmente recicláveis e/ou rejeito), e
em seguida uma homogeneização;
Biológica, que consiste da fermentação e da digestão do material, realizadas
sob condições controladas, num período que varia, geralmente, de 60 a 120 dias.

A compostagem é feita em pátios especialmente preparados, sendo o


material orgânico disposto em leiras (montes) que operam por reviramento ou por
aeração forçada, caso em que se necessitam equipamentos especiais. Há usinas
mecânicas nas quais ocorre parte do processo mais aceleradamente, não
dispensando, porém a necessidade de plataformas para a maturação do composto.
A eficiência do processo está ligada a um plano de coleta seletiva que impeça
a presença de plásticos, vidros e de outros materiais contaminantes e insetos,
indesejáveis na massa a ser composta. A viabilidade econômica dessa alternativa
de aproveitamento do lixo depende de condições de mercado e a obtenção de um
composto de boa qualidade depende do monitoramento do processo, cujos
principais fatores intervenientes são:
as condições de aeração;
o teor de umidade;
as concentrações de carbono e de nitrogênio;
o tamanho das partículas;
o pH;
a temperatura, cujo controle é fundamental para a eliminação dos
microrganismos patogênicos do composto.
80

O processo pode requerer a utilização intensiva de mão de obra e as


necessidades de área são proporcionais às quantidades de lixo a serem tratados.

Incineração:
A incineração é um processo de redução de peso (em até 70%) e de volume
(em até 90%) do lixo através de combustão controlada, de 800 a 1.000 o C, visando
a disposição final. O processo é realizado em fornos especiais, nos quais se pode
garantir oxigênio para combustão, turbulência, tempos de permanência e
temperaturas adequados.
É uma alternativa indicada para o caso de grande quantidade de resíduos
sépticos e/ou perigosos ou quando se têm grandes distâncias a serem percorridas
entre a coleta e disposição final, e o lixo é rico em materiais secos comburentes.
Outra circunstância que recomenda a incineração é a dificuldade de encontrar áreas
para aterro. Um grande inconveniente deste processo é a liberação de gases tóxicos
que precisam ser tratados. Além disto, as cinzas e demais materiais remanescentes
do processo de incineração precisam ser convenientemente dispostos.

4.10 A gravidade do aumento das doenças ambientais produzidas pelo


desequilíbrio da estabilidade planetária
Muitas doenças podem ser consideradas como doenças ambientais porque
estão relacionadas diretamente com a degradação humana e do ambiente global.
São exemplos destas:
Toxoplasmose – doença parasitária transmitida pelo protozoário Toxoplasma
gondii, contaminando áreas onde há gatos, que é seu principal hospedeiro. Os
protozoários se desenvolvem no intestino dos gatos, e são eliminados por suas
fezes, que poderão infetar as pessoas e outros animais. Como forma de contágio,
tem-se o direto, que é através da inalação dos protozoários, por transfusões de
sangue ou transplantes de pacientes contaminados, e o indireto, que ocorre através
da ingestão de carne contaminada com o protozoário. Após o contágio, os
protozoários se multiplicam no organismo humano, causando infecção generalizada.
81

Leishmaniose – doença crônica. Afeta


cães, raposa e o homem. O mosquito
Lutzomya longipalpis pica um animal que
carrega o protozoário Leishmania chagasi, e
em seguida pica uma pessoa sã, que fica com
a doença incubada entre 10 dias e 24 meses.
A doença pode matar se não for tratada.
Causa febre contínua, hemorragia, anemia, perda de peso, aumento exagerado do
baço e do fígado.

Chagas: o barbeiro pica a pessoa, depositando suas fezes contaminadas na


pele da vítima, transmitindo assim o Tripanossomo, que também poderá ser
transmitido por transfusões de sangue contaminado e da mãe para o bebê durante a
gravidez. Possui dois estágios, o agudo, logo
após a transmissão, e que causa febre alta,
mal-estar, cansaço e inchaço dos gânglios, e o
crônico, que poderá manifestar-se depois de
uma longa evolução, podendo causar lesões ao
coração, esôfago, estômago e intestino.

4.11 A busca de novos paradigmas de produção e de consumo


A pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente
relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de
pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio
ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção,
especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais
padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos
desequilíbrios.
Como parte das medidas a serem adotadas no plano internacional para a
proteção e a melhora do meio ambiente, é necessário levar plenamente em conta os
atuais desequilíbrios nos padrões mundiais de consumo e produção.
Especial atenção deve ser dedicada à demanda de recursos naturais gerada
pelo consumo insustentável, bem como ao uso eficiente desses recursos,
coerentemente com o objetivo de reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos
82

e de reduzir a poluição. Embora em determinadas partes do mundo os padrões de


consumo sejam muito altos, as necessidades básicas do consumidor de um amplo
segmento da humanidade não estão sendo atendidas. Isso se traduz em demanda
excessiva e estilos de vida insustentáveis nos segmentos mais ricos, que exercem
imensas pressões sobre o meio ambiente. Enquanto isso os segmentos mais pobres
não têm condições de ser atendidos em suas necessidades de alimentação, saúde,
moradia e educação. A mudança dos padrões de consumo exigirá uma estratégia
multifacetada centrada na demanda, no atendimento das necessidades básicas dos
pobres e na redução do desperdício e do uso de recursos finitos no processo de
produção.
Malgrado o reconhecimento crescente da importância dos problemas relativos
ao consumo, ainda não houve uma compreensão plena de suas implicações. Alguns
economistas vêm questionando os conceitos tradicionais do crescimento econômico
e sublinhando a importância de que se persigam objetivos econômicos que levem
plenamente em conta o valor dos recursos naturais. Para que haja condições de
formular políticas internacionais e nacionais coerentes, é preciso aumentar o
conhecimento acerca do papel do consumo relativamente ao crescimento
econômico e à dinâmica demográfica.
Sendo assim, é preciso adotar medidas que atendam aos seguintes objetivos
amplos:
promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões
ambientais e atendam às necessidades básicas da humanidade;
desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de
se implementar padrões de consumo mais sustentáveis.

Em princípio, os países devem orientar-se pelos seguintes objetivos básicos


em seus esforços para tratar da questão do consumo e dos estilos de vida no
contexto de meio ambiente e desenvolvimento:
todos os países devem empenhar-se na promoção de padrões sustentáveis
de consumo;
os países desenvolvidos devem assumir a liderança na obtenção de padrões
sustentáveis de consumo;
em seu processo de desenvolvimento, os países em desenvolvimento devem
procurar atingir padrões sustentáveis de consumo, garantindo o atendimento das
83

necessidades básicas dos pobres e, ao mesmo tempo, evitando padrões


insustentáveis, especialmente os dos países industrializados, geralmente
considerados especialmente nocivos ao meio ambiente, ineficazes e dispendiosos.
Isso exige um reforço do apoio tecnológico e de outras formas de assistência por
parte dos países industrializados.

No acompanhamento da implementação da Agenda 21, a apreciação do


progresso feito na obtenção de padrões sustentáveis de consumo deve receber alta
prioridade. A fim de apoiar essa estratégia ampla, os Governos e/ou institutos
privados de pesquisa responsáveis pala formulação de políticas, com o auxílio das
organizações regionais e internacionais que tratam de economia e meio ambiente,
devem fazer um esforço conjunto para:
expandir ou promover bancos de dados sobre a produção e o consumo e
desenvolver metodologias para analisá-los;
avaliar as conexões entre produção e consumo, meio ambiente, adaptação e
inovação tecnológicas, crescimento econômico e desenvolvimento, e fatores
demográficos;
examinar o impacto das alterações em curso sobre a estrutura das economias
industriais modernas que venham abandonando o crescimento econômico com
elevado emprego de matérias-primas;
considerar de que modo as economias podem crescer e prosperar e, ao
mesmo tempo, reduzir o uso de energia e matéria-prima e a produção de materiais
nocivos;
identificar, em nível global, padrões equilibrados de consumo que a Terra
tenha condições de suportar a longo prazo;
desenvolver novos conceitos de crescimento econômico sustentável e
prosperidade.

Convém ainda considerar os atuais conceitos de crescimento econômico e a


necessidade de que se criem novos conceitos de riqueza e prosperidade, capazes
de permitir melhoria nos níveis de vida por meio de modificações nos estilos de vida
que sejam menos dependentes dos recursos finitos da Terra e mais harmônicos com
sua capacidade produtiva. Isso deve refletir-se na elaboração de novos sistemas de
contabilidade nacional e em outros indicadores do desenvolvimento sustentável.
84

No que diz respeito à cooperação e coordenação internacionais, conquanto


existam processos internacionais de análise dos fatores econômicos, demográficos
e de desenvolvimento, é necessário dedicar mais atenção às questões relacionadas
aos padrões de consumo e produção, ao meio ambiente e aos estilos de vida
sustentáveis.
No acompanhamento da implementação da Agenda 21, deve ser atribuída
alta prioridade ao exame do papel e do impacto dos padrões insustentáveis de
produção e consumo, bem como de suas relações com o desenvolvimento
sustentável. Deve-se vislumbrar, também, o desenvolvimento de políticas e
estratégias nacionais para estimular mudanças nos padrões insustentáveis de
consumo.
A fim de que se atinjam os objetivos de qualidade ambiental e
desenvolvimento sustentável será necessária eficiência na produção e mudanças
nos padrões de consumo para dar prioridade ao uso ótimo dos recursos e à redução
do desperdício ao mínimo. Em muitos casos, isso irá exigir uma reorientação dos
atuais padrões de produção e consumo, desenvolvidos pelas sociedades industriais
e, por sua vez, imitados em boa parte do mundo.
É possível progredir reforçando as tendências e orientações positivas que
vêm emergindo como parte integrante de um processo voltado para a concretização
de mudanças significativas nos padrões de consumo de indústrias, Governos,
famílias e indivíduos. Nos anos vindouros os Governos, trabalhando em colaboração
com as instituições adequadas, devem procurar atender aos seguintes objetivos
amplos:
promover a eficiência dos processos de produção e reduzir o consumo
perdulário no processo de crescimento econômico, levando em conta as
necessidades de desenvolvimento dos países em desenvolvimento;
desenvolver uma estrutura política interna que estimule a adoção de padrões
de produção e consumo mais sustentáveis;
reforçar, de um lado, valores que estimulem padrões de produção e consumo
sustentáveis; de outro, políticas que estimulem a transferência de tecnologias
ambientalmente saudáveis para os países em desenvolvimento.

A redução do volume de energia e dos materiais utilizados por unidade na


produção de bens e serviços pode contribuir simultaneamente para a mitigação da
85

pressão ambiental e o aumento da produtividade e competitividade econômica e


industrial. Em decorrência, os Governos, em cooperação com a indústria, devem
intensificar os esforços para utilizar a energia e os recursos de modo
economicamente eficaz e ambientalmente saudável, como se segue:
com o estímulo à difusão das tecnologias ambientalmente saudáveis já
existentes;
com a promoção da pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias
ambientalmente saudáveis;
com o auxílio aos países em desenvolvimento na utilização eficiente dessas
tecnologias e no desenvolvimento de tecnologias apropriadas as suas circunstâncias
específicas;
com o estímulo ao uso ambientalmente saudável das fontes de energia novas
e renováveis;
com o estímulo ao uso ambientalmente saudável e renovável dos recursos
naturais renováveis.

Ao mesmo tempo, a sociedade precisa desenvolver formas eficazes de lidar


com o problema da eliminação de um volume cada vez maior de resíduos. Os
Governos, juntamente com a indústria, as famílias e o público em geral, devem
envidar um esforço conjunto para reduzir a geração de resíduos e de produtos
descartados, das seguintes maneiras:
por meio do estímulo à reciclagem no nível dos processos industriais e do
produto consumido;
por meio da redução do desperdício na embalagem dos produtos;
por meio do estímulo à introdução de novos produtos ambientalmente
saudáveis.

O recente surgimento, em muitos países, de um público consumidor mais


consciente do ponto de vista ecológico, associado a um maior interesse, por parte
de algumas indústrias, em fornecer bens de consumo mais saudáveis
ambientalmente, constitui acontecimento significativo que deve ser estimulado. Os
Governos e as organizações internacionais, juntamente com o setor privado, devem
desenvolver critérios e metodologias de avaliação dos impactos sobre o meio
ambiente e das exigências de recursos durante a totalidade dos processos e ao
86

longo de todo o ciclo de vida dos produtos. Os resultados de tal avaliação devem ser
transformados em indicadores claros para informação dos consumidores e das
pessoas em posição de tomar decisões.
Os Governos, em cooperação com a indústria e outros grupos pertinentes,
devem estimular a expansão da rotulagem com indicações ecológicas e outros
programas de informação sobre produtos relacionados ao meio ambiente, a fim de
auxiliar os consumidores a fazer opções informadas.
Além disso, os Governos também devem estimular o surgimento de um
público consumidor informado e auxiliar indivíduos e famílias a fazer opções
ambientalmente informadas das seguintes maneiras:
com a oferta de informações sobre as consequências das opções e
comportamentos de consumo, de modo a estimular a demanda e o uso de produtos
ambientalmente saudáveis;
com a conscientização dos consumidores acerca do impacto dos produtos
sobre a saúde e o meio ambiente por meio de uma legislação que proteja o
consumidor e de uma rotulagem com indicações ecológicas;
com o estímulo a determinados programas expressamente voltados para os
interesses do consumidor, como a reciclagem e sistemas de depósito/restituição.

Os próprios Governos também desempenham um papel no consumo,


especialmente nos países onde o setor público ocupa uma posição preponderante
na economia, podendo exercer considerável influência tanto sobre as decisões
empresariais como sobre as opiniões do público. Consequentemente, esses
Governos devem examinar as políticas de aquisição de suas agências e
departamentos de modo a aperfeiçoar, sempre que possível, o aspecto ecológico de
suas políticas de aquisição, sem prejuízo dos princípios do comércio internacional.
Sem o estímulo dos preços e de indicações do mercado que deixem claro
para produtores e consumidores os custos ambientais do consumo de energia, de
matérias-primas e de recursos naturais, bem como da geração de resíduos, parece
improvável que, num futuro próximo, ocorram mudanças significativas nos padrões
de consumo e produção.
Com a utilização de instrumentos econômicos adequados, começou-se a
influir sobre o comportamento do consumidor. Esses instrumentos incluem encargos
87

e impostos ambientais, sistemas de depósito/restituição, entre outros. Tal processo


deve ser estimulado, à luz das condições específicas de cada país.
Os Governos e as organizações do setor privado devem promover a adoção
de atitudes mais positivas em relação ao consumo sustentável por meio da
educação, de programas de esclarecimento do público e outros meios, como
publicidade positiva de produtos e serviços que utilizem tecnologias ambientalmente
saudáveis ou estímulo a padrões sustentáveis de produção e consumo. No exame
da implementação da Agenda 21, deve-se atribuir a devida consideração à
apreciação do progresso feito no desenvolvimento dessas políticas e estratégias
nacionais.
Portanto, a quebra ou rompimento destes paradigmas, requer os esforços
conjuntos de Governos, consumidores e produtores. Especial atenção deve ser
dedicada ao papel significativo desempenhado pelas mulheres e famílias enquanto
consumidores, bem como aos impactos potenciais de seu poder aquisitivo
combinado sobre a economia.
88

REFERÊNCIAS

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