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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do

7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e


história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

Walter Benjamin: Historiador do Barroco


Josias José Freire Júnior*

Este texto visa discutir a ideia de história do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-
1940) a partir de sua conhecida obra sobre o teatro barroco alemão: Origem do Drama
Barroco Alemão (BENJAMIN, 1974; 1984). A despeito de Walter Benjamin não ser
reconhecido por parte da recepção crítica de sua obra como historiador, discutiremos a
possibilidade das considerações do filósofo alemão acerca do teatro alemão do século XVI
promoverem um incremento da compreensão do fenômeno do barroco.
Walter Benjamin no livro sobre o barroco alemão elaborou uma ideia de história e um
conceito de historiografia permeados pelos elementos estéticos-culturais relacionados aos
temas do poder, da violência, da imanência histórica e da transitoriedade do mundo a partir da
ação estatal, alegórica, teatral e política do teatro do barroco alemão. A partir de uma escrita
filosófica marginal em sua época – o texto sobre o drama barroco alemão foi a fracassada
tentativa do filósofo de ingressar na carreira acadêmica – Walter Benjamin reconfigurou a
tradição interpretativa do barroco do início do século XX ao romper com os cânones de certa
crítica “historicista”, produzindo uma escrita da história marcada pelas experiências dos
primeiros anos do século passado; uma escrita da história que toma a tradição cultural e,
especialmente a tradição literária, não apenas como fonte historiográfica, mas como teoria que
altera, redimensiona e produz as próprias noções de história e conhecimento. Partindo de
alguns elementos das análises presentes em “A origem do drama barroco alemão” esta
comunicação visa problematizar e atualizar as ideias de história e historiografia do filósofo
alemão, ao ritmo do procedimento crítico elaborado pelo filósofo em sua célebre obra.
Apresentaremos as considerações de Walter Benjamin acerca do drama barroco
alemão a partir de dois temas: o da imanência e a da alegoria.
No livro sobre o drama barroco o Trauerspiel - o teatro “barroco”, do “drama trágico”
da época do barroco – aparece como gênero dramático apresentado na história. O caráter
histórico da tragédia da época do barroco aparece na obra de W. Benjamin como tema e
cenário deste teatro. O drama barroco aparece como representação e ação históricas: “No
século XVII, o termo Trauerspiel se aplicava tanto à obra como aos acontecimentos

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Doutorando em História. Universidade Federal de Goiás.
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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

históricos, do mesmo modo que hoje, como maior justificação, ocorre com o termo trágico”
(BENJAMIN, 1984: 87).
A imanência no teatro barroco se apresenta enquanto oposição aos temas míticos da
tragédia. No drama barroco, ao se encenar o teor histórico – sua relação específica com a
temporalidade moderna – se indiferencia da história: “a tragédia podia ser captada no
processo histórico (im geschichtlichen Ablauf selbst das Trauerspiel mit Händen zu greifen)”
(BENJAMIN, 1984: 87; GS I: 243).
Enquanto na tragédia clássica – e no cânone da transposição de seus elementos para a
tragédia moderna – se referia ao mundo miticamente, exteriormente determinado, a tragédia
do barroco alemão, o Trauerspiel, se caracteriza pela referência ao tema da história e pela
produção da história daquele período. A história aparece no drama barroco alemão, para
Walter Benjamin como conteúdos do teatro e caráter histórico, historicidade específica da
época.
O conteúdo histórico do drama barroco apresenta sua historicidade; o teatro permeado
pela historicidade moderna configura na história do drama a figura do “protagonista da ação
histórica” (BENJAMIN, 1984: 88) como representante da história. A personagem típica do
drama barroco produz história ao passo que está inserida nela: “O soberano representa a
história. Ele segura em suas mãos o acontecimento histórico, como se fosse um cetro”.
(BENJAMIN, 1984: 88; GS I: 245). Diferentemente da experiência tradicional o drama
barroco alemão, a partir de sua resposta à experiência moderna do tempo, tem por conteúdo,
caráter (gehalt) a história, a “vida histórica tal como aquela época a concebia (Das
geschichtliche Leben wie es jene Epoche sich darstellte ist sein Gehalt, sein wahrer
Gegenstand)”(BENJAMIN, 1984: 86; GS I: 242-243). O soberano enquanto figura típica do
drama daquele período, na medida em que se insere no processo histórico se destaca como
figura produtora da história; tal experiência de historicidade fora possível, seguindo a
interpretação benjaminiana, graças à peculiar concepção de tempo presente naquela época: a
temporalidade moderna refigurada como estado de imanência, de pertencimento absoluto à
história mundana, profana.
A imanência se apresenta na figura sui generis do drama barroco alemão. Em
contrapartida ao ideal tradicional, da noção de estabilização da experiência da temporalidade,
os elementos “imanentistas” do barroco apresenta esta época como “obcecada pela ideia de
catástrofe” – pela ideia de produção de uma história humana, que não poderia ser senão
catastrófica. O mundo “arrastado” “em direção à catástrofe”, o mundo governado pelo caos da
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história humana (BENJAMIN, 1984: 90). A historicidade radical das personagens, cuja figura
mais significativa é a do soberano, as apresenta como produtoras e inseridas nos reveses da
história. A história como violência representa a violência de uma história nas mãos humanas
típica da época do drama barroco alemão.
A concepção da imanência presente no teatro da época do barroco reverbera no estilo
alegórico do gênero dramático daquela época. A concepção de alegoria enquanto
procedimento de representação da história se refere à ideia de uma história não tanto mais
submetida à diacronia das estruturas tradicionais – a continuidade das concepções míticas de
tempo – mas a partir do caráter sincrônico da concepção de história como representação da
história:
“A secularização da história na cena do teatro exprime a mesma tendência
metafísica, que levou, simultaneamente, a ciência exata a descobrir o cálculo
infinitesimal. Nos dois casos, o movimento temporal é captado e analisado em uma
imagem espacial. A imagem do palco, ou mais exatamente, da corte, se transforma na
chave para a compreensão da história.” (1984: 115).

O caráter imagético da concepção de história, já se apresenta como resposta à experiência da


imanência absoluta: “[...] Os que exploravam mais profundamente as coisas se viam na
existência como num campo de ruínas, cheio de ações parciais e inautênticas” (1984: 162).
Walter Benjamin apresenta o aprofundar ao mundo das coisas como desvio à história
promovido pela concepção de temporalidade moderna: sem a segurança do telos mítico, as
experiências encenadas pelo teatro do barroco se mostram como fundamentalmente
pertencentes ao mundo – a partir do qual a própria concepção de história é produzida,
mediante o recurso de representação imagética do tempo, circunscrito pela intenção alegórica
que, ao contrário do símbolo romântico, oferece em imagens a ideia de exclusividade das vias
mundanas ao mesmo tempo que se recusa à apresentação de uma imagem de totalidade. A
alegoria aparece no drama barroco “expressão, como a linguagem, e como a escrita”
(BENJAMIN, 1984: 184). A imagem histórica do barroco alemão se apresenta como escrita:

“Quando, com o drama barroco, a história penetra no palco, ela o faz enquanto escrita.
A palavra história está gravada, com os caracteres da transitoriedade, no rosto da
natureza. A fisionomia alegórica da natureza-história, posta no palco pelo drama, só
está verdadeiramente presente na ruína. Como ruína, a história se fundiu
sensorialmente com o cenário. Sob essa forma, a história não constitui um processo de
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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
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vida eterna, mas de inevitável declínio. Com isso, a alegoria reconhece estar além do
belo. As alegorias são no reino dos pensamentos o que são as ruínas no reino das
coisas” (BENJAMIN, 1984: 199-200).

A representação alegórica é sempre incompleta na medida em que se apresenta como


trabalho constante de significação e ressignificação das coisas, ao passo que se apresenta
como desvio à história humana – destituída de um sentido de unidade estável, composta por
uma miríade de significações e reveses.
A imersão na ordem das “coisas” se apresenta no teatro do barroco alemão como
resposta a experiência da imanência: “na via para o objeto – ou melhor, dentro do próprio
objeto – essa intenção avança tão lenta e tão solenemente como as procissões dos
governantes” (1984, p. 163). A compreensão do significado da alegoria barroco, no contexto
de “resposta” ao símbolo romântico e às concepções de estabilidade e naturalização históricas
da Antiguidade ao Renascimento são fundamentais para a compreensão da ideia de história
apresentada por Walter Benjamin a partir da ideia de alegoria barroca: “O que chama a atenção
no uso vulgar do termo é que esse conceito” romântico de símbolo:

que aponta imperiosamente para a indissociabilidade de forma e conteúdo, para


funcionar como uma legitimação filosófica da impotência crítica, que por falta de
rigor dialético perde de vista o conteúdo, na análise formal, e a forma, na estética do
conteúdo. Esse abuso ocorre sempre que numa obra de arte a ‘manifestação’ de uma
ideia é caracterizada como um ‘símbolo’. A unidade do elemento sensível e
suprassensível, em que reside o paradoxo do símbolo teológico, é deformada numa
relação entre manifestação e essência” (1984, p. 182).

Determinada corrente romântica distorcera a ideia de símbolo teológico, em favor de uma


concepção acrítica de totalidade, pela reunião arbitrária de essência e manifestação. Walter
Benjamin continua:

“Enquanto estrutura simbólica, supunha-se que o belo se fundia com o divino, sem
solução de continuidade. A noção da imanência absoluta do mundo da ética no mundo
do belo foi elaborada pela estética teosófica dos românticos”. Também no
“classicismo”. “O que é tipicamente romântico é o projeto de inscrever esse indivíduo
perfeito num processo sem dúvida infinito, mas em todo caso soteriológico e até
sagrado. Mas uma vez eliminado no indivíduo o sujeito ético, nenhum rigorosismo,
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nem sequer o kantiano, poderá salvá-lo, ajudando-o a preservar seu perfil másculo.
Seu coração se perde na bela alma. E o raio de ação – ou melhor, o raio cultural –
desse indivíduo perfeito, desse belo indivíduo, coincide com o círculo do ‘simbólico’.
Em contraste, a apoteose barroca é dialética. Ela se consuma no movimento entre os
extremos. Nesse movimento excêntrico e dialético, a interioridade não-contraditória,
do classicismo não desempenha nenhum papel, já pelos simples fato de que os
problemas imediatos do Barroco se vinculam à sua política religiosa, e nesse sentido
não afetavam tanto o indivíduo e sua ética como a sua comunidade religiosa” (1984, p.
182).
A noção de interioridade contraditória apresentada pela concepção alegórica, dialética, em
desfavor da totalidade romântica corresponde à experiência histórica daquele período em
sentido extenso: tanto os acontecimentos históricos catastróficos – guerras de religião,
tiranias, etc. – quanto o declínio da Idade Média, bem como as aporias entre classicismo e
romantismo, favorecem à concepção de história daquele período, permeada pela ideia de
expressão alegórica da história humana.
“Por mais de cem anos a filosofia da arte tem sido dominada por um usurpador, que
ocupou o poder durante o caos provocado pelo romantismo” (BENJAMIN, 1984:
181).

A concepção de história do período do barroco não poderia ser senão palco para a
alegoria histórica. As personagens do barroco se apresentam como personagens alegóricas,
históricas em pelo menos três níveis: inseridas no processo histórico, produtoras da ação
histórica e representantes dos reveses da história humana. O que representaria mais
significativamente os traços da história humana seria dessa forma a transitoriedade das coisas
terrenas, por isso o autor alegórico do barroco alemão imerge no “mundo das coisas” de
maneira até então inédita: tal “auto absorção” no mundo das coisas “levava facilmente a um
abismo sem fundo” (BENJAMIN, 1984: 164), o que também aparece como consequência da
concepção de história que emerge do drama barroco. A seguir, a longa, mas fundamental
passagem acerca da ideia de alegoria do drama barroco bem como peculiar noção de história
produzida por ela:
“Ao passo que no símbolo, com a transfiguração do declínio, o rosto metamorfoseado
da natureza se revela fugazmente à luz da salvação, a alegoria, mostra ao observador a
facies hippocratica da história como protopaisagem petrificada. A história em tudo o
que nela desde o início é prematuro, sofrido e malogrado, se exprime num rosto – não,

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numa caveira. E porque não existe, nela, nenhuma liberdade simbólica de expressão,
nenhuma harmonia clássica da forma, em suma, nada de humano, essa figura, de todas
a mais sujeita à natureza, exprime, não somente a existência humana geral, mas, de
modo altamente expressivo, e sob a forma de um enigma, a história biográfica de um
indivíduo. Nisso consiste o cerne da visão alegórica: a exposição barroca, mundana,
da história como história mundial do sofrimento, significativa apenas nos episódios do
declínio. Quando maior a significação, tanto maior a sujeição à morte, porque é a
morte que grava mais profundamente a tortuosa linha de demarcação entre a physis e a
significação. Mas se a natureza desde sempre esteve sujeita à morte, desde sempre ela
foi alegórica. A significação e a morte amadurecem juntas no curso do
desenvolvimento histórico, da mesma forma que interagiam, como sementes, na
condição pecaminosa da criatura, anterior à Graça.” (BENJAMIN, 1984: 188).

A relação entre natureza e história se apresenta como altamente significativa: “A


expressão alegórica nasceu de uma curiosa combinação de natureza e história” (BENJAMIN,
1984: 189). A produção histórica deve passar pela sua configuração enquanto história natural.
O projeto historiográfico tardio de Walter Benjamin – as Passagens – se desdobrará enquanto
apresentação desta história naturalizada enquanto momento crítico, dialético.
A ideia de alegoria do drama barroco alemão determinará de forma substancial o
conceito benjaminiano de história. As noções de imanência e alegoria como “respostas”,
contrapartidas à experiência moderna de tempo se apresentará como via de elaboração e uma
história não mítica, não naturalizada – isto é, aberta e passível de permanente reelaboração.
Tal concepção de história será fundamental para a concepção de história tardia de Walter
Benjamin, como assinala Susan Buck-Morss:
Construir “uma filosofia extraída da história [...] reconstruir o material
histórico como filosofia. [...] Uma representação concreta e gráfica da verdade, em
que as imagens históricas tornam visíveis as ideias filosóficas. Nelas, a história
atravessava o coração da verdade sem proporcionar um marco totalizador. Benjamin
entendeu estas ideias como ‘descontínuas’. Como resultado, os mesmos elementos
conceituais aparecem em várias imagens, em configurações tão variadas que seu
significado não pode ser fixado em abstrato. [...]. uma construção histórica da filosofia
que seja simultaneamente [...] uma reconstrução filosófica da história, onde os
elementos ideacionais de filosofia se expressem como significados cambiantes dentro
de imagens históricas que, em si mesmas, são descontínuas [...]” (BUCK-MORSS,
2002: 84).
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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

As reflexões de Walter Benjamin acerca da concepção de história do barroco alemão se


apresentam dessa forma não apenas como esforço de revisão da tradição historiográfica alemã, nem
mesmo apenas como releitura crítica da teoria da tragédia influenciada pelos cânones historicistas da
academia em sua época. Imanência e alegoria aparecem como chaves para a compreensão da obra
tardia de Walter Benjamin – cuja principal característica é se apresentar como obra crítico-
historiográfica. O significado da apresentação das especificidades históricas do drama barroco alemão
na obra benjaminiana cumpre pelo menos a dupla função de contribuir com as reflexões acerca da
história deste período bem como de promover aportes teórico-filosóficos para compreensão do
pensamento do autor alemão que, ao propor uma peculiar concepção de história, critica, revisa e
amplia a noção de história de maneira fundamentalmente atual.

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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
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história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

Referências

BUCK-MORSS, Susan. Dialética do Olhar: Walter Benjamin e o projeto das Passagens.


Tradução de Ana Luiza de Andrade, revisão de David Lopes da Silva. Belo Horizonte:
Editora UFMG; Chapecó/SC: Editora Universitária Argos, 2002.
BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução, apresentação e notas de
Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1984.
_________________.Gesammelte Schriften. R. Tiedemann e H. Schweppenhäuser (ed.).
Tomo I: Abhandlungen. Frankfurt am Main : Suhrkamp, 1974.

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