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09/02/2019 ... a ser ... ou ... a sermos...?

- Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

... a ser ... ou ... a sermos...?


quarta-feira, 13 de março de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Geovane Lopes de Oliveira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezados e prezadas, quando um verbo é precedido da preposição 'a' ele dever ser
flexionado? Sempre ou só às vezes? Neste último caso, quando? Exemplo: (1) 'Nosso pai
sempre nos incentivou a ser forte' ou 'Nosso pai sempre nos incentivou a sermos fortes'; (2) 'A
miséria compele-nos a não ter prurido' ou 'A miséria compele-nos a não termos prurido'; (3)
'...a imprescindível descoberta dos comportamentos a serem adotados...' (trecho retirado da
obra 'Teoria dos princípios', de Humberto Ávila, 5ª ed., Malheiros, p. 24) ou '... a imprescindível
descoberta dos comportamentos a ser adotados...’ Cordialmente,"

1) Indaga um leitor qual ou quais as formas corretas nos seguintes exemplos: a) "Nosso pai sempre
nos incentivou a ser fortes"; b) "Nosso pai sempre nos incentivou a sermos fortes"; c) "A miséria
compele-nos a não ter prurido"; d) "A miséria compele-nos a não termos prurido"; e) "...
comportamentos a ser adotados..."; f) "... comportamentos a serem adotados...".

2) Quanto ao uso do infinitivo flexionado ou não, de um modo geral, leciona Said Ali que a escolha
depende de cogitarmos somente da ação ou do intuito ou da necessidade de pormos em evidência o
agente da ação: no primeiro caso, preferimos o infinitivo não flexionado; no segundo, o flexionado.1

3) Também para Hêndricas Nadólskis e Outra, "muitas vezes, a opção entre a forma flexionada ou
não flexionada é estilística e não gramatical. Quando mais importa a ação, prefere-se a forma não
flexionada; quando se realça o agente da ação, usa-se a forma flexionada".2

4) Celso Cunha, que cita o primeiro autor, em complementação, diz tratar-se, em verdade, de um
emprego seletivo, mais do terreno da Estilística do que, propriamente, da Gramática.3

5) Feitas essas ponderações e resumindo que o uso do infinitivo flexionado ou não é questão mais
de Estilística do que de Gramática e depende muito da eufonia, invoca-se, com os olhos voltados
para o caso da consulta, a lição de Artur de Almeida Torres, para quem "o infinitivo poderá variar ou
não, a critério da eufonia, se vier precedido das preposições sem, de, a, para ou em". Exs.: a)
"Vamos com ele, sem nos apartar um ponto" (Padre Antônio Vieira); b) "... os levavam à pia batismal
sem crerem no batismo" (Alexandre Herculano); c) "Careciam de obstar a que se escrevesse o que
faltava do livro" (Alexandre Herculano); d) "Os manuscritos de Silvestre careciam de serem
adulterados" (Camilo Castelo Branco); e) "Obrigá-los a voltar o rosto contra os árabes" (Alexandre
Herculano); f) "... obrigava a trabalharem gratuitamente" (Alexandre Herculano); g) "... fanatizados
que aparecem sempre para justificar o bom quilate da novidade..." (Camilo Castelo Branco); h) "...
tantos que nasceram para viverem uma vida toda material" (Alexandre Herculano).

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09/02/2019 ... a ser ... ou ... a sermos...? - Gramatigalhas
6) Feitas essas observações teóricas, volta-se aos exemplos da consulta: a) "Nosso pai sempre nos
incentivou a ser fortes" (correto); b) "Nosso pai sempre nos incentivou a sermos fortes" (correto); c)
"A miséria compele-nos a não ter prurido" (correto); d) "A miséria compele-nos a não termos prurido"
(correto); e) "... comportamentos a ser adotados..." (correto); f) "... comportamentos a serem
adotados..." (correto).

__________________

1 Apud CUNHA, Celso. Gramática Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares S.A., 1970, p. 230.

2 Cf. NADÓLSKIS, Hêndricas; TOLEDO, Marleine Paula Marcondes Ferreira de. Comunicação Jurídica. 2. ed. São
Paulo: Edição dos Autores, 1998, p. 125.

3 Cf. CUNHA, Celso. Gramática Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares S.A., 1970, p. 126.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 A - há - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A - há
quarta-feira, 17 de março de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Você sabe a diferença entre a tempo e há tempo? E entre as frases "O advogado chegou a
tempo para a audiência" e "O advogado chegou há tempo para a audiência"?

1) Profunda distinção se deve fazer entre ambas as palavras, que têm natureza e significado
diversos.

2) Há é forma do verbo haver e, para o que aqui interessa, indica tempo passado. Ex.: “Há vários
meses os autos estão conclusos para sentença”.

3) A é preposição e, para o que concerne a estes comentários, serve para as expressões indicativas
de tempo futuro. Ex.: “Daqui a dois dias, a sentença deverá ser publicada”.

4) Observe-se que não existe verbo haver (nem há, por conseguinte), se o verbo é futuro, motivo por
que equivocada é a construção: “O advogado chegará daqui há duas horas”.

5) Atente-se, por conseguinte, para que não se confundam as seguintes frases, ambas corretas, mas
com significados estanques:

a) “O advogado chegou a tempo para a audiência” (isto é, em tempo, com tempo);

b) “O advogado chegou há tempo para a audiência” (vale dizer, faz tempo).

6) A distinção que ora se faz não é supérflua, tanto assim que Josué Machado, atento aos cochilos
da imprensa, flagrou, publicada num jornal de São Paulo, a expressão “daqui há algum tempo”.¹

___________

¹ Cf. MACHADO, Josué. Manual da Falta de Estilo. 2. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. p. 10.

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09/02/2019 À baila - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

À baila
quarta-feira, 20 de abril de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Amália Freitas, advogada do escritório José Pascoal Pires Maciel Advogados
Associados, envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Recentemente, na leitura de algumas sentenças e acórdãos, pude notar a concorrência das


expressões "trazer à baila", "trazer à balha" e "trazer à bailha". Pelo que andei pesquisando,
aparentemente todas as expressões são corretas, mas não tive minha dúvida solucionada,
razão pela qual gostaria que fosse esclarecida pelo Prof. Dr. José Maria da Costa,
apresentando, se possível, as origens da expressão e seu primitivo significado."

1) Mário Barreto emprega à balha sem problema algum ou explicação adicional, também não
fazendo referência nenhuma à locução à baila: “Os exemplos, porém, que do nosso admirável Rui
Barbosa, trouxe à balhao meu colega, não merecem o mínimo crédito por não serem limpas e puras
as fontes donde os tirou”.1

2) Cândido de Figueiredo, por seu lado, opõe-se à expressão à baila, e assevera que o correto é à
balha.

3) Heráclito Graça, por fim, que transcreve a lição do gramático por último citado, após alongadas
considerações e com exemplos de autores abalizados, dá por corretas ambas as expressões, e
conclui: “Vir à baila ou vir à balha são, portanto, formas idênticas, equivalem-se”.2

4) Também nessa esteira, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira


de Letras, órgão incumbido oficialmente de determinar a existência dos vocábulos em nosso idioma,
além de sua grafia oficial, registra baila e balha como formas variantes uma da outra. E ainda registra
bailha como terceira forma para significar a mesma realidade.3

5) E Napoleão Mendes de Almeida traz alongada explicação: baila “é mais usada, mas é corruptela
de balha, designação da divisão de madeira, de uns cinco palmos de altura, que rijamente se
cravava no chão, no centro da liça, e que servia para impedir que os combatentes fossem de
encontro um do outro e para facultar-lhes que se ferissem unicamente com as armas. O mantenedor
(cavaleiro que combatia com a lança) vinha à balha ou para quebrar novas lanças com o mesmo
aventureiro ou para acudir ao desafio de outro”.4

6) Ante as dúvidas e discussões entre os gramáticos e a própria posição oficial sobre o assunto, o
melhor é concluir que há liberdade ao usuário para escolher, indistintamente, entre as três formas de
expressão, usadas com freqüência na locução vir à balha, ou vir à baila, ou vir à bailha, que significa
vir a propósito (in dubiis, libertas).

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09/02/2019 À baila - Gramatigalhas

7) Cândido Jucá Filho, nesse sentido, vê como mera questão de opção o emprego de baila ou balha
em casos que tais.5

8) Corrobora esse entendimento de facultatividade de uso a lição de Cândido de Figueiredo - que


Heráclito Graça havia citado como contrário a tanto -, o qual manifesta visível preferência por à
balha: “vir à baila é corruptela de vir à balha”, e, “quando as corruptelas se vulgarizam,... não é
indecoroso subscrevê-las”.6

9) Resumindo a questão: são igualmente corretas as expressões “trazer à baila”, “trazer à balha” e
“trazer à bailha”, todas com o mesmo sentido de trazer à discussão ou vir a propósito.
_________

1 Cf. BARRETO, Mário. De Gramática e de Linguagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1995. p. 39.

2 Cf. GRAÇA, Heráclito. Fatos da Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria de Viúva Azevedo & Cia. . Editores, 1904. p. 68-

71.

3 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. ed., reimpressão de 1998. Rio de

Janeiro: Imprensa Nacional, 1999. p. 91-92.

4 Cf. ALMEIDA. Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 37.

5 Cf. JUCÁ FILHO, Cândido. Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: FENAME

. Fundação Nacional de Material Escolar, 1963. p. 93.

6 Cf. FIGUEIREDO, Cândido de. Falar e Escrever. 4. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1941. v. II, p. 277-278.

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09/02/2019 A capela ou À capela? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

A capela ou À capela?
quarta-feira, 4 de outubro de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Um leitor envia a seguinte indagação ao Gramatigalhas:

"O correto é escrever 'Cantar o hino a capela' ou 'Cantar o hino à capela'?"

1) Um leitor pergunta se o correto é escrever "Cantar o hino a capela" ou "Cantar o hino à capela".

2) Esclareça-se, de início, que, com a mencionada expressão, quer-se dizer daqueles cantos em
coro, que são executados sem acompanhamento algum de instrumentos musicais.

3) Ao depois, num primeiro aspecto, importa anotar que o Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa, veículo pelo qual a Academia Brasileira de Letras exerce sua função de listar
oficialmente as palavras que integram nosso idioma, registra, de modo expresso e taxativo, o
vocábulo capela e lhe confere a condição de substantivo feminino.

4) Como, todavia, seguindo o que é usual, não se fixa ali o respectivo significado, não há certeza se
o registro feito se refere à palavra no sentido da dúvida ora apreciada, ou se capela apenas fica com
o significado de pequena igreja de um só altar.

5) Mas não é só: nesse panorama, a dúvida se torna ainda mais pertinente, porque nossos dois mais
importantes dicionaristas da atualidade se põem em divergência quanto ao assunto.

6) Assim, Antônio Houaiss não considera o vocábulo já aportuguesado e, por isso, confere à locução
a grafia italiana, tal como é escrita na língua de origem: a capella.

7) Já Aurélio Buarque de Holanda Ferreira aportuguesa a expressão e a torna parte integrante do


vernáculo, escrevendo-a a capela.

8) Com essas ponderações, parece possível e oportuno extrair as seguintes ilações: a) a ABL, que
tem autoridade para resolver a questão por meio do VOLP, deixou-a sem definição, contrariando
posição dela própria em diversos outros vocábulos; b) e, nesse ponto, espera-se da Academia uma
melhor definição sobre a matéria em uma próxima edição do VOLP; c) ante essa indefinição do
órgão oficialmente incumbido, é possível aceitar as duas posições, tanto a do aportuguesamento da
expressão, como a da sua manutenção no idioma de origem; d) assim, em primeira possibilidade,
pode-se considerar a expressão ainda estrangeira e não integrada ao vernáculo; e) nesse caso, deve
ela ser escrita como na língua de origem (a capella); f) e, como expressão não integrante do
português, deve ser grafada em itálico, ou negrito, ou entre aspas, ou sublinhada, para destacá-la
das demais que integram nosso idioma; g) também pela indefinição do órgão oficialmente incumbido

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09/02/2019 A capela ou À capela? - Gramatigalhas

de solucionar a questão, é defensável seu emprego na forma já aportuguesada; h) nesse caso,


porém, contrariamente ao dicionarista que defende essa posição, deve haver o sinal indicativo da
crase no a (à capela); i) e isso porque o sinal indicativo da crase é obrigatório em toda locução
adverbial formada por palavra do feminino (exatamente o caso apreciado).

9) De modo prático e direto para a indagação do leitor: ante as circunstâncias já explicitadas na


fundamentação, admitem-se as grafias a capella e à capela, mas não a capela.

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09/02/2019 A carreiras liberais ou À carreiras liberais - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

A carreiras liberais ou À carreiras liberais


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Marilene Paulo de Oliveira envia-nos a seguinte mensagem:

"Na Gramatigalhas (Migalhas 2.680 - 27/7/11 - Gramatigalhas - clique aqui) - item 5 - está colocado
'hoje com franco acesso a carreiras liberais'. Pergunta: - não seria 'acesso à carreiras
liberais'?"

A carreiras liberais ou À carreiras liberais

1) Uma leitora indaga:

I) se estaria correta uma frase posta em uma publicação ("... hoje com franco acesso a carreiras
liberais...");

II) ou se seria melhor dizer de outro modo ("... hoje com franco acesso à carreiras liberais...").

2) Ora, tecnicamente, crase significa, na maioria dos casos, a fusão da preposição "a" com o artigo
"a" ou "as".

3) Como o artigo "a" ou "as" acontece antes de nomes femininos, há um artifício prático para
reconhecer se há ou não crase:

I) substitui-se a estrutura feminina, onde repousa a dúvida, por uma estrutura masculina;

II) se no masculino aparece "ao" (ou seja, a [preposição] + o [artigo masculino]), haverá crase no
feminino (ou seja, a [preposição] + a [artigo feminino]). Exs.: a) "Encontrei a menina" (porque
Encontrei o menino); b) "O livro pertence à menina" (porque "O livro pertence ao menino").

4) Feita essa observação, anota-se, quanto ao caso da consulta:

I) quando se diz "... hoje com franco acesso a carreiras liberais...", tem-se um "a" antes de
carreiras;

II) ou seja, tem-se um a (que não é plural) antes de um substantivo feminino do plural (carreiras);

III) neste a (que não está no plural) não pode haver artigo, já que nele não há indicação alguma
de existência de plural;

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09/02/2019 A carreiras liberais ou À carreiras liberais - Gramatigalhas
IV) então, obviamente, ele é só preposição;

V) e só a preposição não dá crase;

VI) por isso é que, na prática e por facilidade, se costuma dizer, como regra, que não há crase,
se o "a" está no singular, mas antes de um nome feminino do plural.

5) É claro que se poderia ter uma outra frase parecida com a da consulta: "... hoje com franco acesso
às carreiras liberais...":

I) nesse caso, porém, a estrutura já é outra;

II) tem-se um "as" antes de carreiras;

III) a substituição, com o emprego de um masculino, pode-se fazer com a expressão cargos
liberais;

IV) e o resultado é "... hoje com franco acesso aos cargos liberais...";

V) exatamente por aparecer "aos" no masculino, então há crase no feminino.

6) Comparem-se as estruturas seguintes (todas corretas), para não haver equívocos:

I) "... hoje com franco acesso a carreiras liberais...";

II) "... hoje com franco acesso a cargos liberais...";

III) "... hoje com franco acesso às carreiras liberais...";

IV) "... hoje com franco acesso aos cargos liberais..."

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09/02/2019 A catorze de julho ou Em catorze de julho? - Gramatigalhas

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A catorze de julho ou Em catorze de julho?


quarta-feira, 10 de julho de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Guilhermina Vasquez envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Está certo escrever 'a catorze de julho' ?"

1) Na lição de Napoleão Mendes de Almeida, em nossos dias, diz-se, com naturalidade, "em julho" e
"em 1789", e se pergunta "em que dia?", de modo que, para tal autor, não se fala "a julho", nem "a
1789", e não se pergunta "a que dia?". Por esses motivos, para ele, haver-se-á de dizer em catorze
de julho, e não a catorze de julho.

2) Em sentido oposto, alinhando exemplo de Camilo Castelo Branco, assegura Vitório Bergo que a
cinco de maio se trata de "legítima expressão portuguesa, equivalente a no dia cinco".

3) Eduardo Carlos Pereira, de igual modo, sem proceder a qualquer distinção, exemplifica com "aos
vinte de janeiro". Esse mesmo autor acrescenta, em lição apropriada para os meios jurídicos, que "na
linguagem forense se diz: Aos 24 dias do mês de abril".

4) Júlio Ribeiro, por seu lado, não apenas admite, e em mais de uma passagem, o uso da preposição
a em tais casos, mas chega a preconizar a omissão do artigo (a 14 de março, a 18 de maio, a 2 de
maio, a 4 de janeiro), acrescentando que, "quando se põe clara a palavra dias, também se usa do
artigo: Aos doze dias do mês de janeiro".

5) Lembra Alfredo Gomes, sem condenação alguma e com aprovação implícita, ser "conhecida a
‘fórmula própria de autos e processos judiciários e outros’: aos dez dias do mês de abril do ano...".

6) Partindo de dois exemplos – "Fernando Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888" e "Fernando


Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888" – observa Arnaldo Niskier, sem quaisquer comentários
adicionais, que "as duas construções estão corretas".

7) E acrescenta também como possíveis duas outras: a) "... nasceu no dia 13 de junho"; b) "...
nasceu aos 13 dias do mês de junho".

8) Ante as divergências entre os gramáticos, pelo vetusto princípio de que, na dúvida, há liberdade
para o usuário, o melhor é ter como corretas todas as seguintes expressões: a) "Nasceu em 4 de
julho"; b) "Nasceu a 4 de julho"; c) "Nasceu no dia 4 de julho"; d) "Nasceu aos 4 de julho"; e) "Nasceu
aos 4 dias do mês de julho".

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09/02/2019 A cores ou Em cores? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A cores ou Em cores?
quarta-feira, 23 de novembro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Conrado de Paulo envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caro professor: 'TV a cores', ou 'TV em cores'?"

O leitor Fábio Alves também envia a seguinte mensagem:

"O correto não seria em cores na frase: 'Desmentiu-o ao vivo e a cores'. (Migalhas 1.908 – 2/6/08
– "Eco")?Obrigado."

A cores ou Em cores?

1) Para Napoleão Mendes de Almeida, "é erro grosseiro dizer televisão a cores", admitindo tal autor
em cores, mas revelando preferência pelo adjetivo colorido, em expressões como imagens
coloridas, TV colorida, filme colorido, cinema colorido.1

2) Já na conformidade com o ensinamento de Domingos Paschoal Cegalla, "ambas as locuções são


corretas: televisor a (ou em) cores, gravura a (ou em) cores". Acrescenta tal autor haver "nítida
preferência pela primeira variante". E pondera, em conclusão: "Há quem afirme que a forma a cores
é galicismo, o que não procede, porquanto o francês, neste caso, usa a preposição en e não a: une
carte postale en couleurs, télévision en couleurs".2

3) Em casos dessa natureza, pelo vetusto princípio de que, na dúvida entre os gramáticos, há
liberdade de emprego para o usuário do idioma, aceitam-se como corretas ambas as expressões.

4) Observa-se, todavia, não parecer adequada a expressão TV colorida (para significar transmissão
em cores), ante a possível confusão com a cor do próprio aparelho.

____________________

1 Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,
1981. p. 2.

2 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999. p. 9

______
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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A curto prazo ou Em curto prazo?


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Patrícia Malta de Alencar envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber se o correto é utilizar 'a curto prazo' ou 'em curto prazo', ou se ambas as
formas estão corretas em situações específicas. Obrigada!"

1) Uma leitora quer saber qual é a forma correta: a curto prazo ou em curto prazo? Ou seja: quer
saber que preposição deve empregar antes da palavra prazo, precedida ou não de um adjetivo como
curto, médio ou longo.

2) Faça-se uma observação inicial sobre a falta de tratamento mais específico da matéria por parte
dos gramáticos. Mas se complemente com a ponderação de que a verificação do que se dá na
prática dos casos concretos responde suficientemente às dúvidas que surgem em tais situações.

3) Uma primeira possibilidade verificada no dia a dia é o emprego da preposição em com expressões
dessa natureza. Ex.: "Termino a obra em curto prazo". E isso assim acontece, porque uma frase
como essa responde à indagação "Você termina essa empreitada em que prazo?"

4) Acrescentam-se outras frases com estrutura similar: a) "Em médio prazo, a situação estará
equilibrada"; b) "Em longo prazo, não mais haverá solução".

5) Esse emprego com a preposição em admite associação com os artigos definidos o, a, os e as.
Exs.: a) "Em contraste com o longo prazo, no curto prazo temos alguns fatores variáveis e outros
fixos, relativamente ao nível de produção escolhido"; b) "É possível lucrar mais que a poupança no
curto prazo".

6) Uma segunda possibilidade é o emprego da preposição por, sobretudo quando se está diante de
um prazo determinado. Ex.: a) "Foi contratado por um prazo de três anos" (HOUAISS; VILLAR,
2001, p. 2.279); b) "Foi contratado pelo prazo de três anos".

7) Uma terceira possibilidade é o emprego da preposição a, quando se utiliza a expressão opondo-se


especificamente ao circunlóquio à vista. Ex.: "Comprei minha televisão a prazo" (FERREIRA, 2010,
p. 1.693).

8) Em quarta possibilidade, também se admite o emprego da preposição a, quando o sentido da


expressão é o de um prazo próximo não especificado, e a função sintática da expressão é a de um
adjunto adverbial. Exs.: a) "A curto prazo não haverá mudanças sensíveis na economia"; b) "O
negócio no início será ruim, mas a longo prazo poderá tornar-se lucrativo" (HOUAISS; VILLAR,
2001, p. 2.279).

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09/02/2019 A curto prazo ou Em curto prazo? - Gramatigalhas
9) Uma quinta possibilidade, de igual modo, se apresenta nos exemplos práticos, com a preposição
de, para um tempo não especificado, em expressões normalmente associadas a um substantivo
(dívida, meta, objetivo, rendimento, etc.), normalmente com a função sintática de adjunto adnominal.
Exs.: a) "Na tentativa de reorganização da Economia, o Governo escalonou seus alvos em metas de
curto, de médio e de longo prazo"; b) "Entende-se por passivo de curto prazo..."; c) "Ele era
apenas um especulador de curto prazo"; d) "Os fundos de investimento de curto prazo têm por
objetivo reproduzir as variações das taxas de juros e das taxas pós-fixadas".

10) Algumas observações devem ser feitas, em síntese e como fecho, a esta altura: a) os gramáticos
normalmente não se debruçam sobre a análise das preposições que devam ser empregadas nessas
circunstâncias; b) em vários casos, os empregos observados constituem peculiaridades do idioma,
sem justificativa técnica maior para esta ou aquela construção; c) um estudo mais aprofundado
revela alguma diversidade de conteúdo semântico entre as expressões, além de diferenças sintáticas
entre as estruturas em tais casos; d) não parece haver razão para condenar o emprego desta ou
daquela forma de expressão.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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por José Maria da Costa

À custa de
quarta-feira, 2 de junho de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Na edição de ontem (935), o leitor Fernando B. Pinheiro, do escritório Fernando Pinheiro -


Consultoria Legal, assim se manifestou:

"Magnífico Editor, Vossa Magnificência fez publicar hoje (edição 934) a matéria com o título "Às custas do
Governo". Estaria correto dizer "às custas" tal como consta da manchete e do texto? Parece-me que o correto
seria o singular (à custa do Governo), deixando o plural para as despesas judiciais. Talvez o preclaro tenha
utilizado o plural tendo em vista o valor envolvido. Tomo a liberdade de sugerir que o eminente Professor Dr.
José Maria da Costa (Gramatigalhas) nos ajude nesta dúvida."

1) Na locução prepositiva à custa de, o substantivo custa fica sempre no singular, sempre com a
acepção de trabalho, sacrifício. Exs.:

a) “O réu vivia à custa de sua companheira”(correto);

b) “O réu vivia às custas de sua companheira”(errado);

c) “O magistrado venceu à custa de muito esforço”(correto);

d) “O magistrado venceu às custas de muito esforço”(errado).

2) É bem nesse sentido a lição de José de Nicola e Ernani Terra: “Nessa expressão a palavra custa,
assim como o artigo que a precede, deve sempre estar no singular”.1

3) Com propriedade, também leciona Arnaldo Niskier: “Alguém pode viver à custa dos pais, mas
nunca às custas deles”.2

4) Domingos Paschoal Cegalla, em posição mais liberal, preconiza que “o uso generalizado legitima
a variante às custas de, no sentido de a expensas de: ‘João vive às custas do pai’”.3

5) Tal ensino mais liberal, por último referido, entretanto, pode significar permissão para o emprego
coloquial, mas não há de ser expandido para a norma culta, de uso obrigatório nos textos jurídicos e
forenses.

6) Atente-se a que, no plural, o vocábulo custas tem o sentido técnico de despesas processuais.

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09/02/2019 À custa de - Gramatigalhas
7) Essa distinção de significados entre o singular e o plural é patente nos exemplos dados por
Cândido Jucá Filho:

a) “Consegui-o à custa de muito bom dinheiro”;

b) “Ele foi condenado às custas do processo”.4

__________________

1 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 10.
2 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 7.


3 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 10.

4 Cf. JUCÁ FILHO, Cândido. Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: FENAME .

Fundação Nacional de Material Escolar, 1963. p. 178.

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09/02/2019 A disposição ou à disposição? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A disposição ou à disposição?
quarta-feira, 25 de setembro de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Fábio Telles Siqueira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caros Senhores: Tenho dúvidas acerca da correta grafia de 'a disposição' ou 'à disposição'.
Muito obrigado!"

"A disposição" ou "à disposição" ?

1) Um leitor indaga qual a forma correta: a disposição ou à disposição.

A disposição ou à disposição ?

2) Parta-se do princípio de que crase é a fusão de duas vogais idênticas, e o encontro mais
corriqueiro dessa natureza é o da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou "as", com o resultado
de à ou às.

3) Mas não se esqueça que, quando se fala em preposição, pensa-se em uma estrutura sintática,
com as partes da oração relacionadas entre si, de modo que, no caso, não é possível responder à
indagação tal como formulada, por não se conhecer em que contexto se encontra a expressão
discutida.

4) Por isso, para poder responder adequadamente à indagação, formulam-se dois exemplos: I) "A
disposição dele já não era a mesma..."; II) "Ele sempre estava a disposição dos companheiros..."
(O acento indicativo da crase, em um dos exemplos, foi eliminado de propósito, para efeito de
raciocínio).

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI76424,11049-A+disposicao+ou+a+disposicao 1/2
09/02/2019 A disposição ou à disposição? - Gramatigalhas
5) Ora, na prática, quando se quer saber se há crase antes de um substantivo comum feminino
(como é o vocábulo disposição no caso da consulta), o melhor é substituir mentalmente tal
substantivo feminino por um correspondente masculino, como, por exemplo: I) "O entusiasmo dele
já não era o mesmo..."; II) "Ele sempre estava ao dispor dos companheiros..."

6) Feito esse raciocínio simples, então se aplica a seguinte regra geral de crase: se, com a
substituição, aparece ao ou aos no masculino, há crase no feminino.

7) E se conclui para o caso da consulta: I) "A disposição dele já não era a mesma..."; II) "Ele
sempre estava à disposição dos companheiros..."

___________

*Publicado originalmente em 4/3/09

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09/02/2019 A domicílio ou Em domicílio? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A domicílio ou Em domicílio?
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Conrado de Paulo envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caro professor: 'entrega a domicílio', ou 'entrega em domicílio'?"

E o leitor Filipe de Araújo Vieira também envia a seguinte mensagem:

"Entre restaurantes e lanchonetes é comum a entrega do pedido onde o cliente está. Qual o
correto: 'Entrega à domicílio' ou 'entrega em domicílio'?! Grato".

A domicílio ou Em domicílio?

1) Lembra Laurinda Grion que "em domicílio e a domicílio são locuções que têm emprego diverso;
a primeira se usa com verbos ou nomes estáticos; a segunda, com verbos ou nomes dinâmicos"1.

2) Vejam-se, assim, os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção ou erronia:

a) "Levam-se compras a domicílio" (correto);

b) "Levam-se compras em domicílio" (errado);

c) "Corta-se cabelo em domicílio" (correto);

d) "Corta-se cabelo a domicílio" (errado);

e) "Atende-se em domicílio" (correto);

f) "Atende-se a domicílio" (errado).

3) Tendo por objeto de análise a expressão "Entregas em domicílio", de igual modo se expressam
José de Nicola e Ernani Terra: "Trata-se de uma expressão correta. Observe que dizemos: entregas
em casa, no escritório, no endereço solicitado. Devemos usar a expressão a domicílio quando se
emprega verbo que indica movimento: levar a domicílio, enviar a domicílio, ir a domicílio, etc."2

4) Atestando o que ocorre na linguagem coloquial, leciona Domingos Paschoal Cegalla: "a locução
adverbial a domicílio é hoje usada, indistintamente, com verbos que indicam movimento (como levar,
enviar, etc.), ou não: Levamos encomendas a domicílio; Damos aulas de violão a domicílio".

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI128002,21048-A+domicilio+ou+Em+domicilio 1/3
09/02/2019 A domicílio ou Em domicílio? - Gramatigalhas
5) E até mesmo acrescenta tal autor: "Embora correta, a locução em domicílio se divorcia da língua
corrente"3.

6) Em outra passagem, todavia, muito embora lembre que "a língua corrente não faz essa distinção",
mas "usa exclusivamente a domicílio", concorda o mencionado autor com o posicionamento
doutrinário anteriormente expendido por outros gramáticos, no que concerne aos textos que devam
submeter-se à norma culta: e leciona que, por um lado, "a expressão a domicílio complementa
verbos que pedem a preposição a"; por outro lado, "se o verbo exige a preposição em, a expressão
adequada é em domicílio"4. Exs.:

a) "Levam-se encomendas a domicílio";

b) "Leciona-se piano em domicílio".

7) O melhor, em realidade, parece ser distinguir, de modo efetivo, entre verbos ou vocábulos de
significação estática ou dinâmica: com os primeiros, usa-se em domicílio; com os segundos, a
domicílio.

8) Importa ilustrar, por fim, que, contrariando o tradicional apuro da linguagem da legislação
codificada, o atual Código Civil incide em equívoco nesse ponto:

"Desembarcadas as mercadorias, o transportador não é obrigado a dar aviso ao destinatário, se


assim não foi convencionado, dependendo também de ajuste a entrega a domicílio..." (CC/2002,
art. 752, "caput"). Corrija-se: ... entrega em domicílio...

__________________

1 Cf. GRION, Laurinda. Mais Cem Erros que um Executivo Comete ao Redigir. São Paulo: Edicta, sem data, sem ed. p.
10.

2 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 97.

3 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Op. cit., p. 13, nota 25.

4 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: nova
Fronteira, 199. P. 127.

______

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09/02/2019 A egrégia ou À egrégia? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A egrégia ou À egrégia?
quarta-feira, 11 de outubro de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Milton Barbosa Moia envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Dr. José Maria da Costa: houve uma dúvida em meu trabalho. Usa-se ou não crase nas
seguintes frases: 'Oficie-se a Egrégia 4a. Vara' e 'Oficie-se a Meritíssima Juíza'. Indaguei a
meu chefe se 'egrégia' e 'meritíssima' eram ou não pronomes de tratamento, quando ele me
disse que eram adjetivos. Procurei no dicionário e verifiquei que eram adjetivos. Porém, em
uma pesquisa na internet, encontrei também como pronomes de tratamento. Portanto, dúvida.
Agradeço desde já."

1) Um leitor diz ter dúvida sobre a existência ou não de crase nos seguintes exemplos: a) "Oficie-se
a/à Egrégia 4ª. Vara"; b) "Oficie-se a/à Meritíssima Juíza". Não soube determinar se, no caso, há ou
não pronome de tratamento. Encontrou-os como adjetivos em dicionários; mas também localizou
definições como pronomes de tratamento na internet.

2) Num primeiro aspecto, costuma-se dizer que não há crase antes de pronomes de tratamento, e
isso é verdade. Todavia os pronomes de tratamento são aqueles típicos, normalmente iniciados por
vossa ou sua, como Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Sua Senhoria, Sua Excelência. Exs.: a)
"Dirijo-me a Vossa Senhoria com todo o respeito"; b) "O advogado dirigiu-se a Sua Excelência em
seu gabinete".

3) Nas frases trazidas pelo leitor, entretanto, o que se tem são palavras indicativas de um tratamento
respeitoso e até mesmo específicas para as pessoas às quais são dirigidas; mas, tecnicamente
falando, são meros adjetivos e não constituem pronomes de tratamento em sua forma típica, que
venham a ser capazes de vedar o emprego da crase.

4) Feitas essas ponderações como premissas, tem lugar, no caso, a primeira, geral e importante
regra de crase, que manda substituir, no raciocínio prático, o nome feminino, antes do qual se quer
saber se existe ou não a crase, por um correspondente do masculino (não necessariamente um
sinônimo, mas um vocábulo que mantenha a mesma estrutura sintática).

5) E se, com a substituição, aparece ao no masculino, então há crase no feminino; se não aparece
ao, não há crase no feminino.

6) Veja-se como ficam os exemplos com a substituição, nos casos trazidos pelo leitor: a) "Oficie-se a
Egrégia 4ª. Vara" (feminino); b) "Oficie-se ao Egrégio 4º Cartório" (masculino); c) "Oficie-se a
Meritíssima Juíza" (feminino); d) "Oficie-se ao Meritíssimo Juízo" (masculino).

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09/02/2019 A egrégia ou À egrégia? - Gramatigalhas

7) Ou seja: a) com a substituição por um correspondente masculino, apareceu ao em ambos os


casos; b) então há crase no feminino em ambas as frases; c) "Oficie-se a Egrégia 4ª. Vara" (errado);
d) "Oficie-se à Egrégia 4ª. Vara" (correto); e) "Oficie-se a Meritíssima Juíza" (errado); f) "Oficie-se à
Meritíssima Juíza" (correto).

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09/02/2019 À exceção de – Por que tem crase? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

À exceção de – Por que tem crase?


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Teodomiro Meira de Aguiar envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Caro professor, se as expressões são equivalentes, à exceção de não seria sem crase, pois
na expressão com exceção de não há artigo, só preposição? Pelas providências,
antecipadamente agradeço."

1) Um leitor faz uma indagação interessante: se as expressões são equivalentes, a locução à


exceção de não seria sem crase, pois em com exceção de não há artigo, e sim apenas preposição?

2) O raciocínio realizado pelo leitor, em realidade, levou em consideração, por analogia, a regra geral
para a verificação da existência de crase antes de nomes comuns do feminino. E, por ela, substitui-
se o nome comum do feminino por um nome comum do masculino ("Vou à cidade – Vou ao centro"),
e, se aparecer ao antes do masculino, então há crase no feminino. E isso assim é, porque, no
masculino, quando aparece ao, existe um a (preposição) e um o (artigo).

3) Mesmo que não tenha sido esse o raciocínio levado a efeito pelo leitor, o certo é que se deve
atentar a uma outra regra específica para o caso da expressão que deu origem a sua dúvida.

4) É que a crase é obrigatória (i) nas locuções adverbiais, (ii) nas locuções prepositivas e (iii) nas
locuções conjuntivas, quando formadas por palavras femininas (tais expressões equivalem a
advérbios, preposições ou conjunções). Exs.: a) "Ele saiu às pressas" (locução adverbial); b) "Ele
venceu à custa de muito esforço" (locução prepositiva); c) "Ele aprendia à medida que estudava"
(locução conjuntiva).

5) E, como lembra Domingos Paschoal Cegalla, à exceção de é uma locução prepositiva, formada
por palavra feminina (exceção), a qual equivale às preposições salvo, fora ou exceto. Por isso tem
crase. Ex.: "À exceção da austera Rosa de Carude, toda a gente deu razão à fidalga" (Camilo
Castelo Branco).

6) Em síntese, respondendo diretamente ao leitor, à exceção de tem crase, porque assim deve
acontecer com toda locução prepositiva formada por palavra no feminino.

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09/02/2019 À exceção de ou Com exceção de? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

À exceção de ou Com exceção de?


quarta-feira, 31 de julho de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Tânia Dias envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Professor, me ajude! Está certo escrever 'à exceção de' ?"

1) Após referir que à exceção constitui expressão sinônima de com exceção de, Vitório Bergo anota
que tem ela o abono de bons escritores, alinhando, em corroboração, exemplo de Alexandre
Herculano: "... não é já digno de reparo que todos estes diferentes tipos de linhagens, à exceção de
um, se guardassem no arquivo destinado à conservação dos diplomas e registros públicos?".

2) Arnaldo Niskier também defende a correção de tal estrutura bem como de sua correspondente
com exceção de.

3) Domingos Paschoal Cegalla vê como igualmente corretas as seguintes expressões: à exceção de


e com exceção de.

4) Veja-se um exemplo de uso de uma dessas expressões em nossos textos de lei: "Com exceção
dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não
podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária" (CC/2002, art. 11).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A fazer – Está correto?


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Cristiano S. Fernandes envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Prezado Dr. José Maria, estão corretas as expressões que utilizam a preposição 'a' antes do
verbo como nos exemplos: 'perícia a fazer' ou 'citação a realizar-se'? Obrigado."

1) É de uso corriqueiro, na linguagem comum e coloquial, o infinitivo precedido da preposição a,


como nas seguintes expressões: assunto a discutir, audiência a realizar, casa a alugar, citação a
realizar, depoimento a prestar, intimação a efetuar, livro a consultar, notificação a efetuar, perícia a
fazer, problema a debater, processo a despachar, prova a produzir, questão a resolver, sentença a
proferir, terreno a vender, testemunha a ouvir... Alguns ainda acrescentam um pronome se nesses
casos: citação a realizar-se, notificação a efetuar-se...

2) No que tange ao nível que se há de manter na norma culta dos trabalhos jurídicos e forenses,
porém, gramáticos e filólogos estão acordes em que tal estrutura constitui arraigado galicismo
sintático.

3) Para alguns, até mesmo configura "francesia de cabelos brancos", que só por descuido se
encontra, e com determinada frequência, nos que melhor falam a língua pátria, não se tendo
mostrado disposta a norma culta a tolerá-la, até porque "perfeitamente evitável o vício, sem prejuízo
da naturalidade".

4) Alfredo Gomes é dos que inserem expressão desse jaez no rol dos galicismos sintáticos.

5) Vitório Bergo, de igual modo, cita-a no rol dos galicismos de estrutura, daqueles "em que as
palavras são portuguesas, mas a sintaxe (especialmente a colocação e a regência) é francesa".

6) Em mesma obra, tal autor, por um lado, especifica que "constitui galicismo o emprego da
preposição a, em vez do relativo que, em frases como estas: 'nada tenho a dizer', 'nada tenho a
fazer' e outras semelhantes".

7) Por outro lado, manda que se imitem escritores exemplares, que usam construções legítimas: a)
"Nada tinha que ver a oposição" (Alexandre Herculano); b) "Nada tenho que renunciar" (Rui
Barbosa).

8) Por fim, reconhece que infelizmente se generaliza a sintaxe por ele combatida.

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9) Em outra obra, confirmando tratar-se de sintaxe francesa, o mesmo autor afiança ser referível usar
que em lugar de a, fundando-se em exemplo de Machado de Assis: "Das mais insignificantes,
pensava ele, há sempre alguma coisa que extrair".

10) Júlio Nogueira também se posta contra o uso de expressões como "Tenho muitas coisas a
fazer"; e preconiza o uso da preposição que: "Tenho muitas coisas que fazer".

11) Sem se posicionar, Domingos Paschoal Cegalla, em análise da locução nada a fazer, apenas
refere tratar-se de "expressão calcada no francês, mas aceita por conceituados gramáticos, ao lado
das vernáculas nada para fazer e nada que fazer".

12) Um primeiro modo de corrigir tais expressões é usar a preposição por, que tem como uma de
suas atribuições apontar o que se deve fazer ou o que não está feito. Exs.: assunto por discutir,
audiência por realizar, casa por alugar, citação por realizar, depoimento por prestar, intimação por
efetuar, livro por consultar, notificação por efetuar, perícia por fazer, problema por debater, processo
por despachar, prova por produzir, questão por resolver, sentença por proferir, terreno por vender,
testemunha por ouvir...

13) Um segundo modo de correção consiste em usar a preposição para e apassivar o verbo pelo
acréscimo do pronome se. Assim: assunto para se discutir, audiência para se realizar, casa para se
alugar, citação para se realizar, depoimento para se prestar, intimação para se efetuar, livro para se
consultar, notificação para se efetuar, perícia para se fazer, problema para se debater, processo para
se despachar, prova para se produzir, questão para se resolver, sentença para se proferir, terreno
para se vender, testemunha para se ouvir...

14) Um terceiro modo de perfeita correção é empregar a voz passiva analítica com o emprego da
preposição para ou a: assunto para (ou a) ser discutido, audiência para (ou a) ser realizada, casa
para (ou a) ser alugada, citação para (ou a) ser realizada, depoimento para (ou a) ser prestado,
intimação para (ou a) ser efetuada, livro para (ou a) ser consultado, notificação para (ou a) ser
efetuada, perícia para (ou a) ser feita, problema para (ou a) ser debatido, processo para (ou a) ser
despachado, prova para (ou a) ser produzida, questão para (ou a) ser resolvida, sentença para (ou a)
ser proferida, terreno para (ou a) ser vendido, testemunha para (ou a) ser ouvida...

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Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 A fim de - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A fim de
quarta-feira, 19 de maio de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Luíza Velloso Silva enviou a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Tenho dúvida quanto ao uso das expressões: 'a fim' e 'afim'."

A fim de

1) É locução que se escreve com os elementos separados; indica finalidade, e é sinônima de com o
fim de. Ex.: "O juiz estudou com dedicação, a fim de sentenciar adequadamente o feito".

2) Atente-se a que, muito embora de grande emprego na linguagem popular, é errôneo seu uso,
quando não indica finalidade. Ex.: "O advogado estava a fim de tumultuar o processo" (errado).

3) Justificando alongada explanação sobre tal torneio, Napoleão Mendes de Almeida assim pondera:
"O que nos faz estender sobre a locução prepositiva é o seu disparato emprego sem nenhuma
indicação de finalidade em orações como esta de um rapazelho universitário, proferida talvez por
influência de alguma novela de televisão: 'Eu estou a fim de ir a uma festa'. É verdade que a fim de
equivale a para, mas a que para equivale? Equivale a para com o significado de com o fim de: 'Saiu
a fim de tomar ar'. É evidente o engano do estudante; não pode usar da sinonímia na oração
referida".

4) Também não confundir com afim, adjetivo que significa próximo, semelhante e que, em Direito,
tem o sentido técnico de vínculo civil entre um cônjuge e os parentes próximos de seu consorte (arts.
183, II, e 334 do Código Civil de 1916).

______
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09/02/2019 A final ou Afinal? - Gramatigalhas

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A final ou Afinal?
quarta-feira, 22 de abril de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Lucas C. Lima envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Dr. José Maria, a expressão 'a final' é bastante comum em linguagem jurídica. Gostaria que
o sr. explicasse qual é a diferença entre 'a final' e 'afinal'. Parabéns pela coluna!"

1) A final é expressão bastante comum em linguagem jurídica, com o significado de por último, ao
final. Ex.: "O autor requereu, a final, a condenação do réu ao pagamento de custas e honorários".

2) Observam Antonio Henriques e Maria Margarida de Andrade que essa expressão é empregada
com o sentido de no final da demanda, por último, concluído o processo, terminado o processo, e
realçam ser ela "expressão tipicamente restrita ao vocabulário jurídico".

3) Em obra de exclusiva autoria, Antonio Henriques volta a observar que se trata de "expressão
corrente na área jurídica e a ela restrita" e lhe confere o significado de no final, por último, no fim, no
término da demanda.

4) Vejam-se alguns exemplos de emprego da expressão a final em textos legais, com seu correto
significado: a) "As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou
da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido" (CPC, art. 27); b) "Incumbe ao curador: ... V –
prestar contas a final de sua gestão" (CPC, art. 1.144, V); c) "Apresentados e vistos os embargos,
proferirá o Tribunal a sua sentença, rejeitando-os, ou recebendo-os e julgando-os logo provados.
Todavia, se ao Tribunal parecer que a matéria dos embargos é relevante mas que não está
suficientemente provada, poderá assinar dez dias para a prova; e findo este prazo, sem mais
audiência que a do Fiscal, os julgará a final" (CCo, art. 851, 1ª parte).

5) Por outro lado, afinal é advérbio e tem o significado de enfim, finalmente. Ex.: "O divórcio, afinal,
acabou sendo a melhor solução para aquele casal".

6) Vejam-se alguns casos de emprego do vocábulo afinal em nossa legislação: a) "Se nenhum dos
condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do condomínio em partes iguais,
realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa àquele que ofereceu maior
lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa seja adjudicada a quem
afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao estranho" (CC, art.
1.322, parágrafo único); b) "A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão
entregues ao requerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta e oito) horas da
decisão" (CPC, art. 866, caput).

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09/02/2019 A final ou Afinal? - Gramatigalhas
7) No caso de alguns dispositivos de lei, fica-se em dúvida acerca da correção do vocábulo ou
expressão que se empregou – se a final ou afinal: a) "Julgando suficientemente provada a posse, o
juiz deferirá liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção ou de
restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de prestar caução de os
devolver com seus rendimentos, caso sejam afinal declarados improcedentes" (CPC, art. 1.051); b)
"Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à
oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que
lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
auto" (CPP, art. 304); c) "Se o interessado não souber ou não puder assinar as suas declarações,
será exigida a presença de três testemunhas, uma das quais assinará por ele, a rogo, devendo o
funcionário ler as declarações, feitas em voz alta, atestando, afinal, que delas ficou ciente o
interessado" (CLT, art. 17, § 2º, revogado).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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09/02/2019 A folhas vinte e duas - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A folhas vinte e duas


quarta-feira, 20 de setembro de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rodrigo Gabriel Moisés, de Goiânia, envia-nos a seguinte mensagem:

"Como recente migalheiro, não sei se a presente dúvida já foi esclarecida pelo Prof. José
Maria. Trata-se do uso de 'fls.', em carimbo nos cantos das páginas dos autos e utilizado em
citações de apenas uma folha. O mais correto não seria o uso do termo 'fl.' quando referir-se a
apenas uma folha? Obrigado."

1) Em expressões dessa natureza, ao menos cinco problemas podem surgir:

a) por primeiro, se é ou não correto o uso do numeral cardinal (vinte e duas), ou se o adequado é
o ordinal (vigésima segunda);

b) ao depois, é de se definir qual preposição se usa (a ou em), e também se se emprega apenas


a preposição, ou também o artigo (a ou às);

c) em continuação, há de se resolver se a segunda palavra da expressão fica no singular ou vai


para o plural (folha ou folhas);

d) em quarto lugar, impende solucionar se o numeral fica invariável no masculino, ou se flexiona


em concordância com o substantivo modificado (vinte e dois ou vinte e duas);

e) por fim, resta saber o adequado modo de abreviar o substantivo da indigitada expressão (fl. ou
fls.).

2) De início, quanto ao emprego de números cardinais ou ordinais, ao lecionar que "por amor da
brevidade empregam-se muitas vezes os numerais cardinais em vez dos ordinais, quando estes são
muito extensos", lembra Alfredo Gomes, sem condenação alguma e até mesmo com aprovação
implícita, a possibilidade do uso de ambos, "quando queremos designar ...a folha de um volume": "A
folhas novecentas e trinta e uma do seu dicionário encontrará... o significado desta palavra".1

3) Para Napoleão Mendes de Almeida, a expressão em epígrafe, tida por ele como correta, significa
"a vinte e duas folhas do início do trabalho".2

4) Exatamente com tal estrutura, Vitório Bergo, que cita exemplo de Camilo Castelo Branco, confirma
tratar-se de "boa sintaxe, de que se servem excelentes escritores".3

5) Em tais casos, o fato de tomar o numeral cardinal o lugar do numeral ordinal é considerado
estrutura perfeitamente correta por João Ribeiro, para quem "os ordinais podem ser substituídos por
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09/02/2019 A folhas vinte e duas - Gramatigalhas

cardinais, especialmente em números altos".4

6) No segundo aspecto fulcral desse problema "de se definir qual preposição se usa (a ou em), e
também se se emprega ou não artigo (a ou às) - observa-se, desde logo, o posicionamento de
Silveira Bueno de aceitar o uso de ambas as preposições, a e em: "o lugar onde pode ser indicado
pela preposição a ou em - estar à porta, estar na porta; estar na janela, estar à janela. Em Portugal
prefere-se a preposição a; no Brasil, a preposição em: com a cruz às costas; com a cruz nas
costas".5

7) Eliasar Rosa - além de justificar o emprego de em folhas - refere a possibilidade concomitante de


uso das expressões à folha, às folhas e a folhas, observando que, "na última forma, não se usa o
sinal de crase, por só estar folhas no plural".6

8) Observando que o uso forense consagrou há muito as expressões a folhas e de folhas, Geraldo
Amaral Arruda anota ser freqüente encontrar a primeira das locuções como se houvesse também o
artigo as (às folhas).

9) Aconselha tal autor, entretanto, ser melhor dizer a folhas, "da mesma forma que nos referimos a
documento de folhas".7

10) Em outra passagem de mesma obra, tal autor, invocando lição de Napoleão Mendes de Almeida,
reitera que "as regras gramaticais autorizariam também o uso de às folhas ou nas folhas, em
determinados textos", mas observa que "nada recomenda o abandono da fórmula tradicional do foro
(a folhas), mesmo porque corresponde à outra locução em que entra a preposição de".

11) E acrescenta: "de fato, se escrevemos 'conforme documento de fls. 10' (e não 'das folhas 10'),
não há por que não escrever também 'documentos 'juntados a fls.'".

12) E conclui tal autor ser "preferível, na linguagem forense, manter o uso tradicional. Mas isso não
importa em considerar errôneos outros usos". Gramaticalmente, assim, tanto é correto escrever na
folha tal como à folha tal, ou a fls. tais.8

13) Quanto ao terceiro problema de expressão desse jaez - de se resolver se a segunda palavra da
expressão fica no singular ou vai para o plural (folha ou folhas) - além da própria observação advinda
dos exemplos dos demais autores, vale trazer o abono do ensinamento de Luís A. P. Vitória, que
considera corretas ambas as expressões: à folha cinco e a folhas cinco.9

14) Nessa mesma esteira é a lição de Silveira Bueno: "Se o sr. admitir que os cardinais estão
empregados pelos ordinais, poderá deixar no singular o substantivo: ...folha vinte e um, isto é, ...folha
vigésima primeira... Evidentemente, em tais expressões, ainda que tomemos a forma plural ...folhas,
sempre entendemos referir-nos ao singular".10

15) No que tange ao quarto problema dessa expressão – solucionar-se o numeral fica invariável no
masculino, ou se flexiona em concordância com o substantivo modificado (vinte e dois ou vinte e
duas) - vê-se que, por primeiro, Celso Cunha, de modo bem simples, equipara o caso ao da
enumeração de casas, apartamentos, quartos de hotel, cabines de navio e poltronas de casas de
diversão, mandando empregar os cardinais e justificando que "nesses casos sente-se a omissão da
palavra número". E exemplifica: folha 8,11 podendo-se notar, em sua explanação, que a palavra folha
vem sempre no singular.

16) De igual modo, refere Edmundo Dantès Nascimento que se diz, na linguagem forense, "a fls.
trinta e duas".12

17) Já para Vitório Bergo se há de dizer folha dois, e não folha duas, "porquanto o adjetivo
determinativo numeral cardinal fica invariável quando equivale ao ordinal".13

18) Aires da Mata Machado Filho, por sua vez, num primeiro momento, observa que "os numerais
cardinais empregados por ordinais ficam às vezes no masculino, subentendo-se número".

19) Escudando-se, a seguir, no magistério de Antenor Nascentes, complementa, sem cunho algum
condenatório de construção diversa, que tal posicionamento "não é observado na linguagem do foro,
em que se diz: "a folhas trinta e uma".14

20) Evanildo Bechara, nessa mesma esteira, ao tratar do emprego dos cardinais pelos ordinais,
muito embora diga não ocorrer normalmente sua flexão (página um, figura vinte e um), defende a
possibilidade de, na linguagem jurídica, dizer-se "a folhas vinte e uma", "a folhas quarenta e duas".15

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09/02/2019 A folhas vinte e duas - Gramatigalhas
21) Eduardo Carlos Pereira, a par da observação genérica de que "os numerais cardinais,
empregados pelos ordinais, não recebem flexão feminina" - página dois, casa vinte e um -
acrescenta que, "na linguagem forense", se diz a folhas trinta e duas”.16

22) Luiz Antônio Sacconi observa, por primeiro, que, "a título de brevidade, usamos constantemente
os cardinais pelos ordinais" - casa vinte e um, página trinta e dois - para complementar, em seguida,
que "os cardinais um e dois não variam nesse caso porque está subentendida a palavra número".

23) Por outro lado, sem outras explicações, acrescenta textualmente que, "na linguagem forense,
vemos o numeral flexionado: a folhas vinte e uma, a folhas trinta e duas".17

24) Acrescente-se que também Carlos Góis, num primeiro aspecto, assim leciona: "Deixam de
flexionar-se em gênero os adjetivos numerais cardinais, quando empregados em substituição aos
ordinais. Assim deve dizer-se: 'Página dois' - e não 'Página duas'; 'Casa trinta e um' - e não 'Casa
trinta e uma'".

25) Num segundo aspecto, todavia, excetua da regra tal gramático o estilo forense, em que justifica
ser “corrente dizer: a folhas vinte e duas, trinta e duas...”.18

26) Ainda a respeito da flexão para o feminino ou não em tais casos, Silveira Bueno resume a
questão em duas regras:

a) "Nestas expressões em que entram cardinais que possuem terminações próprias para ambos
os gêneros, como um, uma, dois, duas, manda o uso que se não faça a concordância da
expressão numérica com o gênero do substantivo, mas com o vocábulo subentendido número.
Assim: página dois, casa trinta e um, e não página duas, casa trinta e uma";

b) "Admite-se a exceção da linguagem forense onde se dá tal concordância: folhas vinte e


duas".19

27) Para a possibilidade de deixar sem flexão um numeral, em discordância com o substantivo a que
se refere, assim justifica Júlio Nogueira: "em vista de serem variáveis em gênero somente os
numerais um e dois, o emprego deles, às vezes, também se faz como se fossem invariáveis: folha
um".20

28) Quanto ao quinto e último problema que normalmente ocorre com tal expressão - saber o
adequado modo de abreviar o substantivo nela existente (fl. ou fls.) - não se pode esquecer que o
próprio Formulário Ortográfico oficial, que traz registradas as "reduções mais correntes", com a
explicação de que "uma palavra pode estar reduzida de duas ou mais formas",21 não mostra
uniformidade, é confuso e deficiente nesse campo, deixando sem solução diversos problemas.

29) Por essa razão, quando se abreviar, deve-se ter em mente a advertência de Napoleão Mendes
de Almeida: "O que a abreviatura, contração ou sigla deve objetivar é a clareza; alcançada esta, não
cabem objeções".22

30) Vale dizer: o melhor é concluir que o usuário do idioma desfruta de certa liberdade para abreviar
as palavras e expressões, guardados determinados parâmetros e princípios, razão pela qual a
abreviatura de folhas tanto pode ser fl. quanto fls.

31) Registre-se apenas que, a esse respeito, realça Geraldo Amaral Arruda que a locução a fls.,
muito usada na linguagem forense, "é uma forma tradicional e gramaticalmente justificada".23

32) Quanto a todos os problemas apresentados, assim se podem resumir as lições referidas:

a) tanto se pode usar o numeral cardinal quanto o ordinal, estando aquele em lugar deste, por
amor à brevidade (folhas vinte e dois ou folha vigésima segunda);

b) podem-se usar as preposições a ou em (indiferentemente) ou mesmo de, conforme o caso,


daí resultando as associações a folha, à folha, a folhas (jamais à folhas), às folhas, em folhas, na
folha, nas folhas, não se devendo olvidar a possibilidade de existência de de folhas;

c) a segunda palavra da expressão fica no singular ou vai para o plural, indiferentemente (folha
ou folhas);

d) no que concerne aos textos jurídicos e forenses, o numeral da expressão fica invariável no
masculino, ou se flexiona, optativamente, em concordância com o substantivo modificado (vinte e
dois ou vinte e duas);

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e) quanto ao adequado modo de abreviar o substantivo da indigitada expressão (fl. ou fls.), fica
ao usuário do idioma a liberdade para abreviar de uma ou de outra forma, apenas com a
ressalva de que não empregará fls. Como forma reduzida de folha.

___________

1Cf. GOMES, Alfredo. Gramática Portuguesa. 19. ed. Livraria Francisco Alves, 1924. p. 356.

2Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 2.

3Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. v. II, p. 29.

4Cf. RIBEIRO, João. Gramática Portuguesa. 20. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1923. p. 161.

5Cf. BUENO, Francisco da Silveira. Questões de Português. São Paulo: Saraiva, 1957. 2º v, p. 307.

6Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p. 23.

7Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 16-17.

8Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 104-105.

9Cf. VITÓRIA, Luiz A. P. Dicionário de Dificuldades, Erros e Definições de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Tridente,

1969. p. 179.

10Cf. BUENO, Francisco da Silveira. Questões de Português. São Paulo: Saraiva, 1957. 2º v, p. 391.

11Cf. CUNHA, Celso. Gramática Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares S/A, 1970. p. 136.

12Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 8.

13Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. v. II, p. 181.

14Cf. MACHADO FILHO, Aires da Mata. “A Correção na Frase”. In: Grande Coleção da Língua Portuguesa. 1. ed. São

Paulo: co-edição Gráfica Urupês S/A e EDINAL. Editora e Distribuidora Nacional de Livros Ltda, 1969. v. 2, p. 554.

15Cf. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 19. ed., segunda reimpressão. São Paulo: Companhia

Editora Nacional, 1974. p. 302.

16Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 232.

17Cf. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 60. 1943. p. 305.

18Cf. GÓIS, Carlos. Sintaxe de Concordância. 8. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1943. p. 305.

19Cf. BUENO, Francisco da Silveira. Questões de Português. São Paulo: Saraiva, 1957. 2º v, p. 391.

20Cf. NOGUEIRA, Júlio. Programa de Português: 3ª série secundária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939. p.

204.

21Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. ed., reimpressão de 1998. Rio de

Janeiro: Imprensa Nacional, 1999. p. 783.

22Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 6.

23Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 104-105.

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por José Maria da Costa

A frente de ou À frente de?


quarta-feira, 1º de novembro de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Adenilza Fonseca envia a seguinte indagação ao Gramatigalhas:

"Na frase 'Estou à frente dos negócios', a crase é correta?"

1) Uma leitora pergunta se, na frase "Estou à frente dos negócios", a crase é correta.

2) Ora, uma primeira, geral e importante regra de crase antes de nomes comuns do feminino é
aquela que manda substituir, no raciocínio para o caso concreto, o nome feminino, antes do qual se
quer saber se existe a crase, por um correspondente do masculino (não necessariamente um
sinônimo, mas um vocábulo que mantenha a mesma estrutura sintática).

3) E se, com a substituição, aparece ao no masculino, então há crase no feminino; em caso


contrário, não há crase no feminino.

4) Vejamos como fica o exemplo com a substituição, no caso trazido pela leitora: a) "Estou à frente
dos negócios" (feminino); b) "Estou ao lado dos negócios" (masculino).

5) Melhor explicitando o raciocínio para o caso da consulta: a) com a substituição por um


correspondente, apareceu ao no masculino; b) então há crase no feminino; c) "Estou à frente dos
negócios" (correto); d) "Estou a frente dos negócios" (errado).

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A maior parte de
quarta-feira, 12 de junho de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Francisco Aranda Gabilan envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Amigos: apreciaria que 'Gramatigalhas' apreciasse a resposta do Estadão a uma interpelação


minha sobre concordância verbal em notícia estampada em primeira página, conforme e-mails
trocados que reproduzo abaixo. Grato (e desejos tardios de um ano profícuo e de paz!),

'O Estadão de hoje, primeira página ("Candidatos elogiam tema de redação da Fuvest"): "A
maioria dos candidatos entrevistados pelo Estado aprovaram o tema... e acharam o teste...").
E o Manual de Redação e Estilo?

Abraços do assinante,

Francisco Aranda Gabilan'

'Caro Senhor Francisco Aranda,

Em atenção a seu e-mail sobre a frase "A maioria dos candidatos entrevistados pelo Estado
aprovaram o tema da redação", esclarecemos que a concordância utilizada no texto não é a
mais recomendada, mas também é aceita pelos gramáticos.

Isso porque nesse caso, segundo eles, podem ser adotadas duas formas de concordância: a
gramatical (concordando com maioria) e a por atração/ideológica (concordando com
candidatos). Portanto, podemos escrever: "A maioria dos candidatos aprovou" ou "A maioria
dos candidatos aprovaram".

A concordância gramatical (com maioria), porém, é a mais recomendada pelos gramáticos e,


por essa razão, é a adotada no Estadão. Estamos orientando nossos redatores a usá-la. Ou
seja, a escrever: "A maioria dos candidatos aprovou", "A maior parte dos eleitores votou”,
"Grande número de insetos devorou a plantação", etc.

Agradecemos a colaboração,

Atenciosamente,

Francisco Marçal

(Controle e Avaliação de Erros)'."

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09/02/2019 A maior parte de - Gramatigalhas

A maior parte de

1) Para efeitos de sintaxe, equivalem a coletivos algumas expressões como a maioria de, a maior
parte de, boa parte de, grande número de, grande parte de, uma vez que, mesmo tendo a aparência
formal de singular, indicam o agrupamento de seres.

2) No que concerne à concordância verbal, tais expressões, se desacompanhadas de termo


especificador, deixam o verbo no singular.

3) Se acompanhadas de termo especificador no plural, todavia, pode o verbo, facultativamente, ficar


no singular ou ir para o plural.

4) Por isso, vejam-se as seguintes concordâncias, com a indicação de sua correção ou erronia: a) "A
maioria segue esse entendimento" (correto); b) "A maioria seguem esse entendimento" (errado); c)
"A maioria dos autores segue esse entendimento" (correto); c) "A maioria dos autores seguem esse
entendimento" (correto).1

5) Quando há opção de concordância, todavia, dá-se ela no plano sintático, porquanto, no que tange
ao sentido, nada é indiferente, e, como lembra Aires da Mata Machado Filho, "reside a decisão no
ambiente expressional, também chamado contexto".

6) E explicita tal gramático: "Se o primeiro plano da expressão coube ao coletivo, deixa-se estar o
verbo no singular; se convém ao complemento no plural, irá para esse número".2

7) Também reconhecendo em tais locuções acompanhadas de especificador no plural a natureza de


coletivos partitivos (expressões que designam parte de um todo), anota Arnaldo Niskier que estes
"admitem as duas concordâncias, isto é, o verbo pode aparecer tanto no plural quanto no singular".

8) "Mas", acrescenta ele, "a segunda forma faz bem aos nossos ouvidos".3

_________________

1 Cf. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 205.

2 Cf. MACHADO FILHO, Aires da Mata. "Português Fora das Gramáticas". In: Grande Coleção da Língua Portuguesa.
São Paulo: co-edição Gráfica Urupês S/A e EDINAL – Editora e Distribuidora Nacional de Livros Ltda., 1969. v. 4, p.
1.336.

3 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria
de Planejamento Ltda., 1992. p. 93.

______
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09/02/2019 À medida que - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

À medida que
quarta-feira, 23 de março de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Éder Guilherme Rodrigues Lopes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Como seria a utilização correta da expressão: 'a medida que', 'à medida que', 'a medida em
que' ou 'à medida em que'. Muito obrigado!"

À medida que

1) Um leitor indaga como seria a utilização correta da expressão: a medida que, à medida que, a
medida em que ou à medida em que. Poder-se-ia acrescentar se é correta a expressão na medida
em que.

2) Diga-se, desde logo, que à medida que é a forma correta para a locução conjuntiva proporcional
(assim com crase), quando se quer dar o sentido de à proporção que. Nesse sentido, não existe a
medida que nem a medida em que (sem crase). Também incorreta é a expressão à medida em que.
Exs.: a) "O réu se acalmava, à medida que a audiência se desenvolvia" (correto); b) "O réu se
acalmava, à medida em que a audiência se desenvolvia" (errado).

3) Arnaldo Niskier leciona que, apesar de ser "expressão muito utilizada, equivocadamente, em
discursos", o certo é que "à medida em que não existe".1

4) Lembrando que "na medida em que exprime relação de causa e equivale a porque, já que, uma
vez que", enquanto "à medida que indica proporção, desenvolvimento simultâneo e gradual",
equivalendo à expressão à proporção que, anotam Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante: "deve-se
evitar a forma à medida em que, resultante do cruzamento das duas locuções estudadas".2

5) Para Domingos Pascoal Cegalla, por um lado, a expressão à medida que "equivale à locução
conjuntiva à proporção que"; por outro lado, "é incorreta a variante à medida em que"; por fim, "é
errado usar na medida em que para substituir à medida que ou à proporção que".3

6) Oportuna, em síntese, é a tríplice lição de José de Nicola e Ernani Terra: a) "À medida que
significa à proporção que, conforme"; b) "Não existe a expressão à medida em que"; c) "Na medida
em que corresponde a tendo em vista que".4

7) De equívocos dessa natureza nem mesmo escapam textos de lei, como é o caso do art. 72 da Lei
5.764, de 16.12.71, que instituiu o regime das cooperativas: "A assembleia geral poderá resolver,

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09/02/2019 À medida que - Gramatigalhas
antes de ultimada a liquidação, mas depois de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por
antecipação da partilha, à medida em que se apurem os haveres sociais".

8) Corrija-se para "... à medida que..."

_________________

1 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria
de Planejamento Ltda., 1992, p. 9.

2Cf. CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo: Editora Scipione,
1999, p. 550.

3 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999, p. 24 e 274.

4Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 11.

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09/02/2019 A meu ver ou ao meu ver? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A meu ver ou ao meu ver?


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Luiz Guilherme Porto de Toledo Santos envia ao Dr. José Maria da Costa a seguinte
mensagem:

"Já ouvi e li várias vezes, de inúmeros ilustres a expressão 'ao meu ver' ao invés de 'a meu ver'.
Ela está correta?"

1) A referida expressão tem o significado de no meu conceito, na minha opinião, segundo penso. Ex.:
"A proposta do diretor, a meu ver, não faz sentido".

2) É verdade que, numa rápida pesquisa, os exemplos encontrados nos bons autores, gramáticos e
dicionaristas apontam para um só emprego: a meu ver, e não ao meu ver. Exs.:

I) "Isso, a meu ver, é asneira" (Cândido de Figueiredo)1;

II) "A meu ver, ele é honesto" (Antônio Houaiss).2

3) Ocorre, porém, que, em nosso idioma, os pronomes possessivos, tradicionalmente, admitem de


modo facultativo o emprego do artigo antes de si. Exs.:

a) "Meu trabalho é cansativo" (correto);

b) "O meu trabalho é cansativo" (correto);

c) "Ele pintou nossa casa" (correto);

d) "Ele pintou a nossa casa"(correto).

4) Sendo optativo o emprego do pronome possessivo em tais casos, à falta de regra gramatical
específica que diga o contrário, não parece haver motivo para tratar diferentemente as expressões a
meu ver e ao meu ver, de modo que são igualmente corretos os seguintes exemplos:

a) "A proposta do diretor, a meu ver, não faz sentido";

b) "A proposta do diretor, ao meu ver, não faz sentido".

5) O acerto dessa dupla possibilidade de uso se confirma, quando se nota a mesma ocorrência em
outra expressão bastante similar, com dois modos corretos de emprego:

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09/02/2019 A meu ver ou ao meu ver? - Gramatigalhas
I) "Em meu modo de ver, a proposta do diretor não faz sentido";

II) "No meu modo de ver, a proposta do diretor não faz sentido".

_______

1Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed. 16. impressão. Porto Alegre: Editora Globo, 1971,

p. 595.

2Cf. HOUAISS, Antônio (Organizador). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva,

2001, p. 2.843.

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09/02/2019 A mim me parece - Gramatigalhas

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A mim me parece
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

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O leitor Gustavo Mauricio Sicca de Camilo envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É correto dizer 'a mim me parece que...'? Apesar da aparente redundância, vejo essa
construção ser usada por autores. Obrigado."

A mim me parece

1) É correta a repetição, em pleonasmo, de um pronome pessoal oblíquo átono por um tônico. Exs.:

a) "A mim me parece que o recurso é intempestivo";

b) "A ela, não lhe ficou a ideia de que estavam dizendo a verdade".

2) Na lição de Vitório Bergo, trata-se de construção irrepreensível, apesar de pleonástica, e isso


porque "o pleonasmo deixa de considerar-se vício para classificar-se como figura desde que, sem
tornar deselegante a frase, contribua para dar maior relevo à ideia"1.

3) Mário Barreto, em corroboração, leciona que "uma boa coleção de pleonasmos possui a língua
portuguesa na combinação das formas pronominais, tônicas e atônicas, podendo o pronome absoluto
preceder o pronome conjunto complemento: dá-lhe a ele; a mim parece-me que...; parece-me a mim
que...; a ti não te faço mal; a mim basta-me a satisfação de ter descoberto estas pérolas; a ele eu
não lhe disse nada; ele disse-mo a mim...."2.

4) Nas palavras de Laudelino Freire, "é de boa linguagem reforçar o pronome objeto com o pronome
oblíquo correspondente, ou com o pronome ele, precedidos um e outro da preposição a. Exs.: Mato-
me a mim; Sirva-lhes a eles de castigo"3.

5) A autoridade de Vasco Botelho de Amaral, de igual modo, não deixa dúvidas acerca da
possibilidade de emprego de pleonasmos dessa natureza: "Parece-me a mim, deu-nos a nós, falou-
lhe a ele e similares não devem proscrever-se, porque tal condenação privaria o idioma de
construções espontâneas, corretas, portuguesíssimas que se topam amiúde nas mais brilhantes
páginas".

6) E arrola tal gramático4 exemplos de insuspeitos autores:

a) "Me dês a mim certíssima resposta" (Camões);

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09/02/2019 A mim me parece - Gramatigalhas
b) "Parecia-me a mim que se haviam de levantar todos, e irem-se lançar aos pés de Cristo"
(Padre Antônio Vieira);

c) "A mim não se me pega nada" (Almeida Garrett);

d) "Quem me diz a mim que a grenha ruça não vai ao pé de nós?" (Antônio Feliciano de
Castilho).

_____________________

1 Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. v. II, p. 183.

2 Cf. BARRETO, Mário. Através do Dicionário e da Gramática. 3. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1954.
p. 264.

3 Cf. FREIRE, Laudelino. Sintaxe da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Empresa Editora ABC Ltda., 1937. p. 98.

4 Cf. AMARAL, Vasco Botelho de. A Bem da Língua Portuguesa. Lisboa: Ed. da Revista de Portugal, 1943. p. 38.

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A nível de
quarta-feira, 10 de março de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Você acha correta a expressão a nível ou a nível de nos seguintes casos: solução a nível
nacional, reunião a nível de desembargadores, discussão a nível de Órgão Especial?

1) Ao que tudo indica, trata-se de expressão que, por modismo, foi equivocada e indevidamente
introduzida entre nós por tradutores do inglês.

2) Não tem ela, a bem da verdade, os sentidos que lhe querem conferir, e são errôneas as seguintes
construções: “reunião a nível de desembargadores”, “discussão a nível de Órgão Especial”; em tais
casos, o correto é dizer: “reunião de desembargadores”, “discussão da alçada do Órgão Especial”.

3) O erro é tão comum, que, em 1998, foi realizado um congresso em uma capital da Amazônia com
o seguinte título: “O Direito Ambiental e seu Reflexo a Nível Internacional”; a correção de tal título,
sem dúvida, há de ser: "O Direito Ambiental e seu Reflexo no Âmbito Internacional”, ou,
simplesmente, “O Direito Ambiental e seu Reflexo Internacional”.

4) Domingos Paschoal Cegalla a reputa “locução em voga, porém inútil”.¹

5) Geraldo Amaral Arruda, que lhe condena o emprego, entende que tal expressão deve ter sido
criada “fora da língua portuguesa”, realçando que ela “não tem a aprovação dos conhecedores da
língua”.²

6) O erro é tão corriqueiro que, facilmente encontrável nos textos jurídicos, pode ser exemplificado
com excerto de brilhante processualista moderno, o qual, ao tratar da questão do acesso à Justiça, o
juntou, em mesma frase, a outro não menos sério (em sede de), dizendo que a expressão
considerada, mais do que um princípio, “é a síntese de todos os princípios e garantias do processo,
seja a nível constitucional ou infraconstitucional, seja em sede legislativa ou doutrinária e
jurisprudencial”.

7) José de Nicola e Ernani Terra vêem nesse emprego “um modismo lingüístico, uma expressão
desnecessária” e aconselham se evite seu emprego, observando, em acréscimo, que “existe, porém,
a expressão ao nível, que significa à mesma altura”. Ex.: “Santos está ao nível do mar”.³

8) Josué Machado, por um lado, é veemente, ao observar que “a nível de em português quer dizer
rigorosamente lhufas”.

9) E complementa tal autor com a observação de que “a idéia que essa expressão... tenta exprimir
ou não existe ou exprime-se em português por em, no, na, na área, na esfera, no âmbito, entre etc.”.

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09/02/2019 A nível de - Gramatigalhas
10) E exemplifica ele próprio que a nível caseiro se pode substituir simplesmente por em casa; a
nível nacional, por na esfera, em âmbito nacional; a nível laboratorial, por no laboratório; programa a
nível nacional, por programa nacional; a nível de ministério, por entre ministros, na esfera ministerial,
no ministério.4

11) Por fim, de se atentar à síntese de Arnaldo Niskier sobre o assunto: “Essa expressão não existe
na língua portuguesa; o que existe (significando à mesma altura) é ao nível de, como em ao nível do
mar. Sempre será possível, com um pouco de esforço, substituir (ou até eliminar simplesmente) o
modismo a nível de; afinal, reunião a nível de diretoria é apenas uma forma incorreta de dizer
reunião de diretoria”.

12) Analisando um outro exemplo, explicita tal autor que contatos a nível de governo melhor ficaria
como contatos entre os governos.5

13) Napoleão Mendes de Almeida também observa a existência da expressão ao nível de para
significar à mesma altura. E exemplifica: “...ultrajes que extinguem no indivíduo o sentimento de
honra e o rolam ao nível dos cães”.6

___________

1 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 26.


2 Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 87-88.
3 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 12.
4 Cf. MACHADO, Josué. Manual da Falta de Estilo. 2. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. p. 27.
5 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 10.


6 Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 204.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A par de
quarta-feira, 30 de junho de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Depois de saborear as Gramatigalhas da edição 945 (16/6/04), o leitor Rober Renzo - da Archer
Daniels Midland Company (ADM) - enviou a seguinte dúvida ao Dr. José Maria da Costa, autor
das Gramatigalhas:

"Gostaria de saber qual a forma correta para utilização desta frase: 'A par de determinado
assunto', ou 'Ao par de determinado assunto'?"

1) Em seu sentido mais problemático, a expressão a par de significa inteirado de. Ex.: “O juiz não
estava a par das tratativas de acordo realizadas pelas partes”.

2) Também pode ter a acepção de ao lado de. Ex.: “É permitido estipular no contrato dotal: ... II - que,
a par dos bens dotais, haja outros, submetidos a regimes diversos”(CC/1916, art. 287, II).

3) Atento aos problemas com tal expressão na linguagem forense, Edmundo Dantès Nascimento
registra, por um lado, que Cândido de Figueiredo entende ser correta a expressão ao par com o
significado de estar ciente, e que o mesmo dicionarista “não consigna a locução ao par para
significar igualdade de preço, que dicionários mais velhos registram”.

4) Complementa, contudo, tal autor por outro lado: “cremos que, no estado atual da língua, deve ser
feita a distinção entre a par e ao par”; vale dizer: a par destina-se ao sentido de estar ciente; já ao
par fica para o significado de igualdade de preço.1

5) Lembrando que “a expressão ao par de é própria da linguagem das operações de câmbio”,


observam Regina Toledo Damião e Antonio Henriques que “inconveniente é o emprego com a
significação de estar ciente, situação em que a expressão correta é a par”.2

6) José de Nicola e Ernani Terra fazem exatamente a mesma distinção: por um lado, “a par é usado,
normalmente, com o sentido de estar bem informado, ter conhecimento”; já “ao par é usado para
indicar equival ência cambial”. Exs.:

a) “Após a confissão, ficamos a par de tudo”;

b) “O dólar e o marco estão ao par”(isto é, têm o mesmo valor).3

7) Resumindo: a par não é expressão sinônima de ao par, que é locução adjetiva para indicar a
equiparação entre ações e seu valor venal ou de câmbio em diferentes países.

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09/02/2019 A par de - Gramatigalhas
8) Bem por isso, é errado dizer: “O juiz não estava ao par das tratativas de acordo realizadas pelas
partes”.

9) De igual modo, atente-se à correção ou erronia dos seguintes exemplos:

a) “A par de determinado assunto” (correto);

b) “Ao par de determinado assunto” (errado).

1 Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 137.

2 Cf. DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994. p. 60.

3 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 12.

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09/02/2019 A partir de ou Apartir de? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A partir de ou Apartir de?


quarta-feira, 7 de março de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Fabiana Karla Casagrande envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Bom dia prezado, gostaria de saber quando usamos 'a partir' ou 'apartir'. Muito obrigada."

1) Uma leitora pergunta qual a forma correta da expressão: a partir de ou apartir de.

2) Ora, para uma adequada resposta à leitora, é oportuno encartar a expressão num exemplo
concreto e continuar com a indagação: a) "Os preços daquelas peças de roupa estavam uma
pechincha: a partir de cinquenta reais"; ou b) "Os preços daquelas peças de roupa estavam uma
pechincha: apartir de cinquenta reais"?

3) Se pensarmos em substituir a expressão que causou a dúvida por outra que lhe seja sinônima, a
situação há de se resolver com facilidade: a começar de, a contar de, a iniciar de, a principiar de.
Com essa substituição, constata-se que a referida locução, em todos os casos, é composta por uma
preposição mais um verbo no infinitivo.

4) Depois desse raciocínio, confiram-se as formas da expressão nos exemplos abaixo: a) "Os preços
daquelas peças de roupa estavam uma pechincha: a partir de cinquenta reais" (correto); b) "Os
preços daquelas peças de roupa estavam uma pechincha: apartir de cinquenta reais" (errado).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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09/02/2019 A partir de ou Apartir de? - Gramatigalhas
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09/02/2019 A presidente ou a presidenta? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

A presidente ou a presidenta?
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

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Gramatigalhas - Presidenta ou A presidente?

1) De um modo geral, seguindo a própria estruturação existente no latim, os adjetivos terminados em


nte, mesmo quando apresentam aparência substantivada, têm uma mesma forma para o masculino e
para o feminino, modificando-se tão-somente o artigo que os antecede: a amante, o amante, a
constituinte, o constituinte, a doente, o doente, a estudante, o estudante, a ouvinte, o ouvinte.

2) É tecnicamente o que se denomina comum-de-dois ou comum-de-dois gêneros.

3) Quanto a presidenta, leciona Celso Cunha que se trata de feminino ainda com curso restrito no
idioma, pelo menos no Brasil.1

4) Essa última também é a lição de João Ribeiro, para quem "o uso de formar femininos em enta dos
nomes em ente, como presidenta, almiranta, infanta, tem-se pouco generalizado".2

5) Evanildo Bechara admite a normal variação desse substantivo para o feminino.3

6) Antenor Nascentes anota que o uso já admitiu o feminino presidenta.4

7) Luiz Antônio Sacconi, sem outros comentários, confere ao vocábulo dois femininos: presidente e
presidenta.5

8) Mário Barreto admite-lhe a forma específica feminina (presidenta) – não sem antes observar que a
forma antiga era a mesma para ambos os gêneros – e esclarece tratar-se de "toda mulher que
preside", recusando, todavia, o intento de alguns de conferir tal nome à mulher do presidente.

9) Ainda de acordo com tal gramático, a ojeriza de alguns para com o emprego de forma feminina em
tais casos talvez se explique pela circunstância lembrada pelo citado gramático de que, "na língua

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09/02/2019 A presidente ou a presidenta? - Gramatigalhas
jocosa, é que dos nomes de cargos sói derivar-se um feminino para designar a mulher do que o
desempenha, como almiranta, generala, coronela, delegada...".6

10) Édison de Oliveira insere tal palavra entre aqueles diversos vocábulos femininos terminados por
a, que o povo evita usar, "quer em virtude de preconceito de que se trata de funções ou
características próprias do homem, quer por considerá-los mal sonoros ou exóticos", acrescentando,
ademais, tal autor que se hão de empregar tais femininos, "que a gramática já ratificou
definitivamente".7

11) Observa Domingos Paschoal Cegalla que presidenta "é a forma dicionarizada e correta, ao lado
de presidente". Exs.:

a) "A presidenta da Nicarágua fez um pronunciamento à nação";

b) "A presidente das Filipinas pediu o apoio do povo para o seu governo".8

12) Para Arnaldo Niskier, "o feminino de presidente é presidenta, mas pode-se também usar a
presidenta, que é a forma utilizada em diversos jornais".9

13) Sousa e Silva não vê desdouro algum nem incorreção lingüística em se dizer presidenta para o
feminino.

14) E transcreve tal gramático o posicionamento de Sá Nunes, para quem, ao se deixar de flexionar
tal vocábulo, "não pode haver contra-senso maior: contra a Gramática e contra o gênio da Língua
Portuguesa", uma vez que "o substantivo que designa o cargo deve concordar em gênero com a
pessoa que exerce a função. Sempre foi assim, e assim tem de ser".

15) Continuando na exposição de seu próprio entendimento, complementa Sousa e Silva que, na
esteira dos nomes terminados em ente – e que são comuns aos dois gêneros – tanto se pode dizer a
presidente como a presidenta.10

16) Cândido de Oliveira, após lecionar que "os nomes terminados em ente são comuns de dois
gêneros", acrescenta textualmente que "é de lei, assim para o funcionalismo federal como estadual,
e de acordo com o bom senso gramatical, que nomes designativos de cargos e funções tenham
flexão: uma forma para o masculino, outra para o feminin"; e, em seu exemplário, ao masculino
presidente contrapõe ele o feminino presidenta.11

17) Ao lado de presidente – que dá como substantivo comum-de-dois gêneros – registra a palavra
presidenta como um substantivo feminino o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da
Academia Brasileira de Letras, que é o veículo oficial para dirimir dúvidas acerca da existência ou
não de vocábulos em nosso idioma,12 o que implica dizer que seu uso está plena e oficialmente
autorizado entre nós. Pode-se dizer, portanto, a presidente ou a presidenta.

_________

1Cf. CUNHA, Celso. Gramática Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares S/A, 1970. p. 96.

2Cf.RIBIERO, João. Gramática Portuguesa. 20. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1923. p. 158.

3Cf.BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 19. ed., segunda reimpressão. São Paulo: Companhia Editora

Nacional, 1974. p. 84.

4Cf.NASCENTES, Antenor. O Idioma Nacional. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942. vol. II., p. 60.

5Cf.SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 32.

6Cf.BARRETO, Mário. Fatos da Língua Portuguesa.2. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1954. p. 188.

7Cf. OLIVEIRA, Édison de. Todo o Mundo Tem Dúvida, Inclusive Você. Edição sem data. Porto Alegre: Gráfica e Editora

do Professor Gaúcho Ltda. P. 158.

8Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 330.

9Cf.NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 58.

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09/02/2019 A presidente ou a presidenta? - Gramatigalhas
10Cf. SILVA, A. M. de Sousa e. Dificuldades Sintáticas e Flexionais. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1958.

p. 307.

11Cf.OLIVEIRA, Cândido de. Revisão Gramatical. 10. ed. São Paulo: Editora Luzir, 1961. p. 133-134.

12Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta. p. 644.

______
Publicado originalmente em 07/11/2007

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09/02/2019 A pretexto de ou Sob pretexto de? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A pretexto de ou Sob pretexto de?


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Ronaldo Pereira envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Gostaria que o Professor José Maria explicasse qual é a diferença entre 'sob pretexto' e 'a
pretexto'. Obrigado."

1) A pretexto de é locução prepositiva empregada no sentido de com o fim aparente de, dando
como razão ou desculpa. Exs.: a) "O advogado procrastinava o andamento do processo, a pretexto
de ouvir testemunhas"; b) "Encerrou o expediente mais cedo, a pretexto de que precisava encontrar-
se com um amigo".

2) Sob pretexto de é outra locução prepositiva exatamente com o sentido da anterior e de igual
correção. Exs.: a) "O advogado procrastinava o andamento do processo, sob pretexto de ouvir
testemunhas"; b) "Encerrou o expediente mais cedo, sob pretexto de que precisava encontrar-se
com um amigo".

3) Domingos Paschoal Cegalla atesta a vernaculidade, a correção e o mesmo sentido de ambas as


expressões.

4) Confirma-se correção da expressão a pretexto de com o fato de que o Código Civil de 1916 –
cuja redação foi tão longamente discutida por Rui Barbosa e Ernesto Carneiro Ribeiro – determina,
no art. 927, segunda parte (em redação não repetida pelo art. 416 do Código Civil de 2002), quanto à
pena convencional, que "o devedor não pode eximir-se de cumprimento, a pretexto de ser
excessiva".

5) Na legislação codificada atual, também se encontra um exemplo da expressão a pretexto de:


"Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto
de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido
comprovado" (CC, art. 529, parágrafo único).

6) Na legislação, também se encontra exemplo da expressão sob pretexto (não, porém, sob
pretexto de: "Nenhuma autoridade estranha à mesa poderá intervir, sob pretexto algum, em seu
funcionamento, salvo o juiz eleitoral" (Código Eleitoral, art. 140, § 2º).

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09/02/2019 A princípio - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A princípio
quarta-feira, 1º de junho de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Alana Maria Clementino de Paula traz o seguinte questionamento ao autor de


Gramatigalhas:

"A minha dúvida é a seguinte: o correto é em princípio ou a princípio? Obrigada."

1) Essa expressão significa inicialmente, antes de tudo. Ex.: "A princípio quero alegar a inocência
do acusado".

2) Não confundir com a expressão em princípio, que quer dizer em tese. Ex.: "Em princípio, todos
devem ser considerados inocentes, nos termos do art. 5º, LVII, da Constituição Federal".1

3) Domingos Paschoal Cegalla também faz essa diferença: em princípio significa "em tese,
teoricamente, antes de qualquer consideração", e tal expressão "não deve ser confundida com a
locução a princípio (= no começo, inicialmente)". Exs.:

a) "Com o seu pensamento concordava, em princípio, a diplomacia inglesa. (Álvaro Lins);

b) "A princípio, tudo parecia um mar de rosas, mas não tardaram a surgir dificuldades".2

________________

1 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 12.

2 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 137.

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09/02/2019 A questão da norma culta - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

A questão da norma culta


quarta-feira, 23 de junho de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Em edição recente de Migalhas, o migalheiro Denis Borges Barbosa, no intento de trazer à baila
problema que muito o incomoda, apresentou a interessantíssima questão da coatividade do
entendimento dos gramáticos como fonte de obrigatoriedade para o usuário da língua. Veja-se seu
texto:

"Há décadas tenho discutido com especialistas da língua quanto ao engano de se entender a regra da gramática
como norma 'jurídica'. Será, talvez, norma técnica da arte da comunicação. No campo dos lingüistas, essa noção
parece que está ficando clara: não há um 'certo' absoluto, mas apenas conformidade (ou não) a um determinado
código convencional - por exemplo, à chamada 'norma culta'. Mas uma conversa recente com a Prof. Maria
Christina de Motta Maia, Professora da UFRJ e uma das autoras do Dicionário Houaiss, me fez entender que -
segundo ela - há uma 'norma culta' específica dos advogados que, diz ela, tem regras hieráticas que não
existem no senso gramatical mais geral. Uma tendência, algo patológica, de achar que a regra é coativa como
um tipo penal."

Para o referido leitor, por fim, "essa conformidade à norma convencional só tem um propósito: o
de assegurar, tanto quanto possível, a comunicação eficaz."

1) Em termos históricos, após um período fonético da grafia das palavras (da fase inicial da língua
até a metade do século XVI) e outro período pseudo-etimológico (marcado pelo eruditismo do
período entre os séculos XVI e XVIII, em que se inventavam símbolos extravagantes e se duplicavam
as consoantes intervocálicas, a pretexto de uma aproximação artificial com o grego e o latim, em
critério pretensioso, que contrariava a própria evolução das palavras), adveio um terceiro período,
marcado pela renovação dos estudos lingüísticos em Portugal, época em que surge Gonçalves
Viana, o qual, após “algumas tentativas, consegue apresentar um sistema racional de grafia, com
base na história da língua”, apresentando em 1904 sua Ortografia Nacional, obra que serviu de
roteiro à comissão de filólogos encarregada pelo governo português, em 1911, de elaborar um novo
sistema ortográfico, que foi oficializado em setembro do mesmo ano e adotado também em nosso
país em 1931, por acordo entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
Letras, com aprovação de ambos os governos. Após alterações nesse sistema, foi elaborado pela
Academia Brasileira de Letras, com aprovação da Academia das Ciências de Lisboa, o Pequeno
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, oficializado no Brasil em 1943 e revigorado pelo
Congresso Nacional em 1955 (Lei 2.623, de 21/10/55).1

2) Pode-se dizer, em termos bem práticos, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é,
assim, uma espécie de dicionário que lista as palavras reconhecidas oficialmente como pertencentes
à língua portuguesa, bem como lhes fornece a grafia oficial.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI5163,101048-A+questao+da+norma+culta 1/3
09/02/2019 A questão da norma culta - Gramatigalhas
3) Também conhecido pela sigla VOLP, seu objetivo é reconhecer a existência e consolidar a grafia
dos vocábulos, além de classificá-los pelo gênero (masculino ou feminino) e categoria morfológica
(substantivo, adjetivo...).

4) Difere dos dicionários convencionais, por não explicar usualmente o significado dos termos que
registra.

5) É elaborado pela Academia Brasileira de Letras, que tem a responsabilidade legal de editá-lo, em
cumprimento à vetusta Lei Eduardo Ramos, de nº 726, de 8 de dezembro de 1900.

6) As primeiras instruções para sua efetiva organização vieram com o Formulário Ortográfico, e
foram aprovadas unanimemente pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto de
1943 (mais tarde, modificadas pela Lei 5.765, de 18/12/71); anote-se que “essas instruções tiveram
por base o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa,
edição de 1940”.2

7) A tais instruções, juntaram-se as diretrizes mais recentes da Lei 5.765, de 18/12/71, cujo art. 2º
assim determinou: “A Academia Brasileira de Letras promoverá, dentro do prazo de dois anos, a
atualização do Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico e a republicação do
Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa nos termos da presente lei”.

8) Em sua edição de setembro de 1998, incorporou à língua aproximadamente 6.000 termos às


350.000 palavras já reconhecidas, em geral relativos ao desenvolvimento científico e tecnológico,
figurando entre as novidades diversos termos de Informática.

9) Oportuno é reiterar que, incumbido por lei específica para sua confecção, quem o elabora goza de
autoridade para, nesse campo, dizer o Direito, motivo por que, ao consultá-lo, legem habemus e
devemos prestar-lhe obediência, como devemos fazer com respeito aos demais diplomas legais.

10) Em comunhão com tal pensamento, para José de Nicola e Ernani Terra, esse vocabulário “é a
palavra oficial sobre a ortografia das palavras da língua portuguesa no Brasil”3, não se podendo
olvidar que também é a palavra oficial no que concerne à própria existência dos vocábulos em nosso
idioma.

11) Reitere-se: a Academia Brasileira de Letras, quando edita normas sobre questões de sua
competência, age por delegação legal do Congresso Nacional, de modo que suas determinações
são, em última análise, normas jurídicas, e não meras normas técnicas da arte da comunicação; são
determinações a serem obedecidas, não apenas conselhos, que o usuário acata, se quer.

12) Bem por isso, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é palavra oficial sobre a
existência, a pronúncia, a categoria gramatical, o gênero e a grafia dos vocábulos. Assim, se não
registra desproceder, despronunciar, improver e inacolher, só se pode concluir que tais palavras não
existem em nosso léxico e, assim, não devem ser usadas. Se diz que adrede deve ser pronunciada
com o som fechado e abrupto como abirrupto, não há como fazê-las soar de modo diverso. Se diz
que adrede e amiúde são advérbios, não há como aceitar adredemente ou amiudemente, já que
advérbios vêm de adjetivos, não de outros advérbios. Se diz que cônjuge pode pertencer ao
masculino ou ao feminino, não há como condenar nem o cônjuge nem a cônjuge. Se, de acordo com
a Lei 5.765, de 18/12/71, diz que o único acento diferencial de timbre que perdurou foi em pôde
(pretérito perfeito), para diferenciar de pode (presente do indicativo), não há como pretender grafar
fôrma, como faz, por exemplo o Dicionário Aurélio. Qualquer divergência, discussão ou polêmica,
aqui, só pode perdurar no campo da doutrina, da ciência e “de lege ferenda”. Não mais do que isso.

13) Já quanto aos aspectos de construção ou sintaxe (concordância nominal, concordância verbal,
regência nominal, regência verbal, crase, colocação de pronomes), a autoridade fica com os autores
que cultuaram e cultuam o idioma, em cujo rol raramente se incluem os modernistas, os quais, em
busca de maior comunicação, passaram a incorporar em seus escritos uma linguagem coloquial,
plebeísmos e equívocos gramaticais; a norma culta, nesse aspecto, encontra-se hoje sedimentada
nos bons livros de Gramática.

14) No que respeita à pontuação, observa-se que apenas a partir da década de cinqüenta do século
XX, tomou significativo impulso e passou a orientar-se – além das razões sintáticas tradicionais e dos
impulsos subjetivos – pelas recomendações e exigências mais apuradas da redação técnica, o que
faz concluir que os chamados clássicos de nossa literatura nem sempre lhe atribuíram posição de
relevo, e, assim, não é incomum encontrar, mesmo em abalizados escritores, exemplos de
inadequação, nesse campo, para os dias atuais. Os livros de Gramática, ademais, pouco trazem a
esse respeito, sobretudo no que concerne ao uso da vírgula.

15) Se o usuário do idioma tiver que se expressar pela língua falada ou escrita, em sua atividade

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI5163,101048-A+questao+da+norma+culta 2/3
09/02/2019 A questão da norma culta - Gramatigalhas
profissional ou científica, é obrigatório que se valha da norma culta, a cujo respeito podem ser
fixados, em resumo, os seguintes aspectos:

a) a norma culta é o nível formal de expressão do idioma, própria de todos os que assim devem
expressar-se, sendo uma só para todos os usuários;

b) eventual vocabulário típico de certa gama de usuários não faz nascer uma norma culta própria
de determinada categoria profissional, até porque seria impensável entender pela existência de
uma linguagem formal que fosse correta para uns e não para outros;

c) o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é a palavra oficial sobre a existência, a


pronúncia, a categoria gramatical, o gênero e a grafia dos vocábulos em nosso idioma;

d) quanto aos aspectos de construção ou sintaxe, a norma culta encontra-se, hoje, sedimentada
nos bons livros de Gramática.

____________

1 Cf. TORRES, Artur de Almeida. Moderna Gramática Expositiva. 18. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura,

1966. p. 225-226.

2 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 231.

3 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 231.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 À Rua Tal ou Na Rua Tal? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

À Rua Tal ou Na Rua Tal?


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Paulo Renato Cerutti envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Boa tarde, Dr. José Maria da Costa! Inicialmente, parabenizamos o excelente conteúdo do
Gramatigalhas, sempre elucidativo, excepcional. Quanto a nossa dúvida, por gentileza,
gostaríamos de saber qual seria a forma correta de escrita: I) utilizar a expressão À Rua tal... ou
com outra preposição: Na rua tal...? II) As duas estariam corretas ou podemos usar uma em cada
caso específico? Desde logo, muitíssimo obrigado. Atenciosamente."

O leitor Rodrigo Massud também envia a seguinte mensagem:

"Empresa X, estabelecida À Rua... ou estabelecida NA Rua...?"

E ainda o leitor Percival de Azevedo Silva quer saber :

"Afinal, Sr. revisor, o correto é: ...à rua (com a crase) ou ...na rua? Abraço"

À Rua Tal ou Na Rua Tal?

1) Com os verbos domiciliar, morar, residir, situar e com os adjetivos domiciliado, estabelecido,
morador, residente, sempre surge a indagação de como se deve dizer na sequência: a) À Rua Tal; ou
b) Na Rua Tal?

2) Há diversos autores – como Aires da Mata Machado Filho, Arnaldo Niskier, Artur de Almeida
Torres, Édison de Oliveira, Eliasar Rosa, José de Nicola e Ernani Terra, Luís A. P. Vitória, Luiz
Antônio Sacconi, Napoleão Mendes de Almeida e Vitório Bergo – que defendem como correta a
construção com um complemento indicativo de lugar regido pela preposição em. Ex.: "Ele mora na
Rua do Ouvidor".

3) Vários outros gramáticos – dentre eles Cândido de Oliveira, Cândido Jucá Filho, Francisco
Fernandes, João Ribeiro, Padre José F. Stringari, Silveira Bueno e Sousa e Silva – entendem que a
construção com a preposição a também é de bom cunho português. Ex.: "Ele mora à Rua Áurea".

4) Ante o peso e os argumentos de ambas as correntes de gramáticos, há de se aplicar o princípio


de que, na dúvida, deverão ser permitidas, indiferentemente, ambas as possibilidades de construção,
quer com a preposição em, quer com a preposição a (in dubio, pro libertate), e isso sem qualquer
alteração de sentido para a expressão.

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09/02/2019 A sós ou Às sós? - Gramatigalhas

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A sós ou Às sós?
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Gláucia Fernandes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria que o professor explicasse se estão corretas as seguintes frases: 'O réu e o
advogado estavam a sós'. 'O réu e o advogado estavam às sós'. O certo é 'a sós' ou 'às sós'?"

1) O adjetivo só pode variar em número. Exs.: a) "O réu estava só"; b) "O réu e o advogado estavam
sós".

2) Já a locução adverbial a sós é invariável. Ex.: a) "O advogado tinha o direito constitucional de ficar
a sós com seu cliente por alguns instantes"; b) "O advogado e o réu tinham o direito constitucional
de ficar a sós".

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09/02/2019 A sós ou Às sós? - Gramatigalhas

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09/02/2019 A teor de – Existe? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A teor de – Existe?
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Beatrice L. Siqueira envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Professor José Maria, utilizar a expressão 'a teor de' com o significado de conjunção
conformativa é certo? Obrigada."

1) Não registram os gramáticos e dicionaristas a possibilidade de emprego vernáculo da expressão a


teor de com o significado de conjunção conformativa.

2) Deve ela ser substituída, em tais casos, por como, conforme, consoante, nos termos de, de
conformidade com...

3) Vejam-se, assim, os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção ou erronia: a) "A
extinção do processo sem julgamento do mérito é a solução adequada para o caso, a teor do art.
267 do Código de Processo Civil" (errado); b) "A extinção do processo sem julgamento do mérito é a
solução adequada para o caso, de conformidade com o art. 267 do Código de Processo Civil"
(correto).

4) Geraldo Amaral Arruda assevera não conhecer justificativa alguma para essa locução, que não lhe
parece vernácula, nem é encontrada em nenhum bom escritor, devendo ter sido criada, segundo ele,
"à maneira da condenada expressão a nível de, fora da língua portuguesa".

5) Em anotações pessoais, fotocopiadas e entregues a novos juízes, quando de uma de suas


palestras, o mesmo desembargador e gramático refere que "com frequência tem aparecido a locução
a teor de, com força de conjunção conformativa. Melhor substituí-la por como, conforme, consoante,
nos termos de, de conformidade com, etc."

6) Reitera tal autor que "essa locução se assemelha à também reprovada locução a nível de, que
também não se ajusta à sintaxe portuguesa. Nunca encontrei a locução a teor de em texto de bom
autor vernáculo, mas li em textos espanhóis a tenor de".

7) Não foi encontrado exemplo algum de seu emprego quando consultados os dez mais importantes
códigos e compêndios da legislação pátria.

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09/02/2019 A teor de – Existe? - Gramatigalhas

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09/02/2019 A uma ... a duas – É correto? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

A uma ... a duas – É correto?


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Bruno Penha envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Professor, as expressões 'a uma, porque' e 'a duas, porque', de largo uso no meio forense,
são gramaticalmente corretas? Exemplo: Essa é a única interpretação do art. 65 da Lei
8.884/94. A uma, porque a conjunção 'assim como' não encerra natureza disjuntiva, mas
conjuntiva. A duas, porque é princípio basilar na hermenêutica que a norma não possui
expressões inúteis. Atenciosamente."

1) Um leitor indaga se as expressões a uma e a duas são corretas em frases como a seguinte:
"Essa é a única interpretação do art. 65 da Lei 8.884/94. A uma, porque a conjunção 'assim como'
não encerra natureza disjuntiva, mas conjuntiva. A duas, porque é princípio basilar na hermenêutica
que a norma não possui expressões inúteis...".

2) Ora, em realidade, há algumas estruturas – e corretas – que são encontradas quase que com
exclusividade nos textos jurídicos e forenses.

3) Essa, trazida pelo leitor, é uma delas, empregada para listar, em sequência, as justificativas de
uma afirmação que se faz em um determinado contexto, seguindo invariavelmente este raciocínio: a)
de início, faz-se uma afirmação geral (no caso da consulta, "Essa é a única interpretação do art. 65
da Lei 8.884/94"); b) tal afirmação geral pode vir seca ou seguida de circunlóquios, como "por
diversos motivos" ou "por diversas razões"; c) em seguida, precedendo uma primeira justificativa,
lança-se a expressão a uma; d) e se enfileiram as demais razões, introduzidas pelas expressões a
duas, a três...

4) Com a observação específica de que a frase trazida pelo leitor é correta, veja-se também uma
variação, exemplo de tantas outras, todas elas, de igual modo, estruturadas em português escorreito:
"Essa é a única interpretação do art. 65 da Lei 8.884/94, e isso por razões específicas. A uma,
porque a conjunção 'assim como' não encerra natureza disjuntiva, mas conjuntiva. A duas, porque é
princípio basilar na hermenêutica que a norma não possui expressões inúteis...".

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09/02/2019 A uma ... a duas – É correto? - Gramatigalhas

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09/02/2019 À unanimidade ou Por unanimidade? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

À unanimidade ou Por unanimidade?


quarta-feira, 27 de abril de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Eliane Cardoso de Melo envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber qual a forma correta: à unanimidade ou por unanimidade."

1) Uma leitora indaga qual a forma correta da expressão: à unanimidade ou por unanimidade.

2) De modo bem simples, a observação do que acontece nos casos em que a decisão se dá pelo
oposto da unanimidade mostra o que se deve ter por correto no caso da dúvida da leitora: diz-se
aprovado por maioria, e não à maioria.

3) Assim, do mesmo modo, o correto é dizer por unanimidade, e não à unanimidade. Exs.: a) "Por
unanimidade, negaram provimento ao recurso" (correto); b) "À unanimidade, negaram provimento
ao recurso" (errado).

4) Nas codificações mais conhecidas do direito pátrio, apenas foi encontrado um exemplo no Código
de Processo Civil de 1973: "A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do art. 282, devendo o autor: ... II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre
o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível, ou improcedente" (art. 488).

5) No mesmo sentido da tese aqui esposada, foram encontrados quatro exemplos no Código Civil
português de 1966: a) "Enquanto não se ultimarem as partilhas, podem os sócios retomar o exercício
da actividade social, desde que o resolvam por unanimidade" (art. 1.019º, 1); b) "A convocatória
deve indicar o dia, hora, local e ordem de trabalhos da reunião e informar sobre os assuntos cujas
deliberações só podem ser aprovadas por unanimidade dos votos" (art.º 1.432º, 2); c) "As
deliberações que careçam de ser aprovadas por unanimidade dos votos podem ser aprovadas por
unanimidade dos condóminos presentes desde que estes representem, pelo menos, dois terços do
capital investido, sob condição de aprovação da deliberação pelos condóminos ausentes, nos termos
dos números seguintes" (1.432, 5).

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A ver
quarta-feira, 31 de maio de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Tiago Zapater, do escritório Dinamarco e Rossi Advocacia, envia a seguinte mensagem
ao autor de Gramatigalhas:

"Nada vi de agressivo na migalha enviada pelo já festejado Adauto Suannes associando o


trato do vernáculo em petições à profusão de uma mentalidade tacanha em faculdades de
direito de lamentável nível. A migalha além de pertinente é bem-humorada (Migalhas 1.295 -
18/11/05 - "Migalhas dos leitores - Gramatigalhas"). Agora, falando em susto e gramática,
gostaria que o gramatigalhas explicasse o uso da expressão 'ter a ver' ou 'ter que ver' ou,
como preferiu a migalheira, que se sentiu ofendida, 'ter haver'."

1) Nada a ver é o modo correto de escrever e falar, e não nada haver. Ex.: "A presença do réu no
local do crime não tem nada a ver com a prática deste".

2) Em seu tom brincalhão de criticar erros de Gramática, anota Arnaldo Niskier que "nada haver é
que não tem nada a ver com a norma culta".1

3) Complementam José de Nicola e Ernani Terra que, na mencionada expressão, "não ocorre o
verbo haver e sim o verbo ver precedido da preposição a". Exs.:

a) "Seu argumento não tem nada a ver com o caso" (correto);

b) "Seu argumento não tem nada haver com o caso" (errado).2

________

1Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 49.

2Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 154.

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09/02/2019 Abaixo assinado - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Abaixo assinado
quarta-feira, 24 de março de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Você sabe a diferença entre abaixo-assinado e abaixo assinado?

1) Na lição de Eliasar Rosa, a expressão abaixo assinado serve, “como locução adjetiva, para indicar
quem subscreve um abaixo-assinado”, e, em tal caso, “nela não se usa o hífen”.

2) Escrever-se-á, portanto: O abaixo assinado, os abaixo assinados, a abaixo assinada, as abaixo


assinadas.1

3) Não confundir com abaixo-assinado, que é a denominação do próprio documento firmado por
diversas pessoas para determinada e específica finalidade, vocábulo esse que é substantivo
composto e escrito com hífen, podendo ser flexionado para o plural (abaixo-assinados), mas não
para o feminino.

4) Antonio Henriques e Maria Margarida de Andrade fazem, a esse respeito, oportuna e didática
advertência: “Estabeleça-se a diferença entre abaixo-assinado (documento) e abaixo assinado
(signatário)”.2

5) Em outra obra que escreve solitariamente, Antonio Henriques, após fazer tal distinção entre
ambas as expressões, acrescenta que, em se tratando de signatárias mulheres, o plural será abaixo
assinadas.3

6) Domingos Paschoal Cegalla, de igual modo, manda escrever “sem hífen, quando a expressão
designa os signatários do documento”.4

7) Sintetizando a solução para ambos os vocábulos, resuma-se a questão com ensino de Arnaldo
Niskier: “O documento é um abaixo-assinado, com hífen. Abaixo assinado, sem hífen, é aquele que
assina o documento”.5

_____________________

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09/02/2019 Abaixo assinado - Gramatigalhas
1 Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p. 15.

2 Cf. HENRIQUES, Antonio; ANDRADE, Maria Margarida de. Dicionário de Verbos Jurídicos. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1999. p. 43.

3 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 5.

4 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999. p. 2.

5 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria
de Planejamento Ltda., 1992. p. 6.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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09/02/2019 Abreviatura no processo - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Abreviatura no processo
quarta-feira, 3 de julho de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Eduardo Lopes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber se é permitido o uso de abreviações nos processos?"

1) Repetindo nesse particular norma do art. 15 do ordenamento processual anterior, o art. 169,
parágrafo único, do Código de Processo Civil, ao regrar a forma dos atos do processo, estatui de
modo taxativo: "É vedado usar abreviaturas".

2) No conceito de Pontes de Miranda, "abreviatura é toda grafia que diminui a palavra, ou locução,
ou frase, com elementos dela mesma", acrescentando tal autor que o proceder de quem abrevia
"indica, sempre, pressa, economia de tempo, de fadiga", e, "às vezes, simples amor a símbolos, a
sinais, sem que a intensidade da vida social ou individual a justifique".

3) Pondera Egas Dirceu Moniz de Aragão, para o caso da determinação do ordenamento processual
em vigor, que "a vedação do uso de abreviaturas não é absoluta, sendo elas admissíveis nos casos
comuns, como a indicação dos números e datas, assim como, por exemplo, do mês, pela ordem
numérica".

4) Asseverando que "o que se proíbe é o emprego da abreviatura de palavras, por tornar difícil,
senão impossível, a compreensão, no futuro, do texto", justifica ele que "os autores medievais,
incluídos os glosadores, assim como os praxistas portugueses, valiam-se muito das abreviaturas,
que dificultam o entendimento", adicionando que, "se isso se aplicasse aos autos de qualquer
processo, surgiriam inadmissíveis dúvidas de interpretação".

5) Por sua vez, Antônio Dall’Agnol – com a ponderação de que a regra deve "ser interpretada cum
grano salis", já que seu escopo é "evitar obscuridade" – realça que "existem abreviaturas, no entanto,
que já ganharam foros de cidade na atividade forense, não havendo porque deixar de usá-las", uma
vez que, "na maioria das vezes, representam economia de tempo".

6) E exemplifica o referido autor: "Assim, v. g., Rh (recebi hoje); D.R.A. (distribua-se, registre-se,
autue-se) etc.”.

7) Por fim, complementa: "O que não merece admissão é o uso de abreviaturas comuns em outras
áreas, como na bancária ou na de contabilidade, por não serem de domínio geral ou específico dos
profissionais do direito e partes".

8) Acresce dizer que o art. 15 do Código de Processo Civil de 1939, além de vedar as abreviaturas,
também determinava deverem "ser escritos por extenso os números e as datas", regra essa não

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09/02/2019 Abreviatura no processo - Gramatigalhas
repetida pelo ordenamento processual em vigor; assim, não mais existe obrigatoriedade alguma
nesse sentido, devendo o usuário apenas zelar no sentido de ser claro e de dificultar eventual fraude.

9) Anote-se, por fim, o ensino de Pontes de Miranda, no que concerne à transgressão do disposto no
art. 169, parágrafo único, do Código de Processo Civil: "o defeito, aparecendo as abreviaturas em
atos e termos, não é sem eventuais remédios: o dos arts. 243 e 245".

10) Isso quer dizer, por um lado, que, "quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de
nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa" (CPC, art. 243);
por outro lado, quer significar que "a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade
em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão" (CPC, art. 245).

11) E se acrescente o vetusto princípio de processo segundo o qual não se decreta nulidade sem
prova do prejuízo.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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09/02/2019 Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e autoridade? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e


autoridade?
quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Sílvio Darci da Silva envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Amigos, enviei-lhes uma indagação dirigida ao prezado professor e doutor José Maria da
Costa, a respeito de qual deve ser, no entendimento dele, a grafia correta de 'subrogar' (ou
'sub-rogar'), à luz das regras estabelecidas pelo recente acordo ortográfico, que foi
referendado por tratado internacional, devidamente promulgado por decreto presidencial...
Tenho, todavia, dois pontinhos adicionais a submeter que, talvez, possam ser úteis ao
estimado professor. Referindo-se ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, assim se
expressou o cultíssimo professor, num pronunciamento que saiu na edição de Migalhas 2.572
(16/2/2011 -clique aqui):

7) Num caso como esse – em que se constata a ausência total de critérios mínimos para
um raciocínio de convicção e certeza – a única saída é consultar o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, que é uma espécie de dicionário que lista as palavras
reconhecidas oficialmente como pertencentes à língua portuguesa, bem como lhes
fornece a grafia oficial.

8) Também conhecido pela sigla VOLP, é organizado e publicado pela Academia Brasileira
de Letras, a qual tem a delegação e a responsabilidade legal de editá-lo, em cumprimento
à Lei Eduardo Ramos, de n. 726, de 8.12.1900.

Já há algum tempo tenho estado pesquisando em bibliotecas e na Imprensa Nacional, na


busca de uma cópia da referida 'lei', que parecia não existir. Graças a uma pesquisadora mais
habilidosa da Imprensa Nacional, descobriu-se que não se trata de 'lei', mas, sim, de 'decreto'
— o Decreto 726, de 8/12/1900 (publicado em Coleção de Leis do Brasil de 1900, volume 1,
Página 37). O Decreto não atribui à ABL a responsabilidade de editar o VOLP, nem de ditar a
'grafia oficial' dos vocábulos da língua pátria. O decreto apenas determina que a ABL terá
direito a ter sede em edifício público e que gozará de franquia postal — nada mais! Isto não
significa que o VOLP não mereça o papel de destaque que tem, mas certamente não dá
embasamento legal para que a ABL possa acintosamente ferir um tratado internacional e ditar
grafias desautorizadas para vocábulos. Não tem cabimento que algum membro da ABL, por
ideias pessoais resolva impor, através do VOLP, grafias como, por exemplo propositadamente
exagerado, 'subrrogar', 'subirrogar' ou 'sub-rogar', apenas porque acha mais 'bonitinho' ou
porque atende a uma regra que ele criou, ou que alguém criou nos primórdios da língua
portuguesa. Se existe um acordo internacional que rompeu com a tradição da língua e com
grafias de séculos passados, e introduziu novas regras, estas têm de ser obedecidas, mesmo
que muitos não concordem. E admito que há um bocado de mudanças com as quais discordo
profundamente, por serem absurdas e ridículas — mas, eu as obedeço! Aliás, não vejo
explicação para o comportamento da ABL, de desafiar um tratado internacional, ao ponto de

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI141638,61044-Academia+Brasileira+de+Letras+Delegacao+legal+e+autoridade 1/5
09/02/2019 Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e autoridade? - Gramatigalhas
grafar 'sub-rogar', quando isso não encontra eco nem mesmo em outras línguas. De acordo
com a regra clara da Base XVI do recente Acordo Ortográfico, 'subrogar' não deve levar hífen,
acompanhando, assim, a tendência inglesa ('subrogate', Webster), espanhola ('subrogar', Real
Academia Española), francesa 'subroger' (Larousse), latina ('subrogare', ver Aurélio), etc. Um
forte abraço a todos os componentes dessa equipe e ao professor José Maria da Costa!"

Em outra mensagem posterior, o mesmo leitor assim se manifesta:

"Prezados amigos, observei, no Migalhas 2.700 (24/8/2011 - clique aqui), que o mui respeitado e
querido professor José Maria da Costa mais uma vez afirma, no texto cujo link lá é
indicado, que 'o VOLP é editado pela Academia Brasileira de Letras, a qual tem a delegação
oficial e a responsabilidade legal de editá-lo, em cumprimento à Lei Eduardo Ramos, de n.
726, de 8/12/1900'. Então pensei, num gesto de colaboração, em tecer três comentários sobre
o assunto:

1) A Lei Eduardo Ramos não é uma lei, mas, sim, um decreto, isto é, o Decreto 726, de
8/12/1900, publicado na 'Coleção de Leis do Brasil' de 1900, volume 1, Página 37. —
Cópia em anexo, para facilitar seu exame.

2) O referido decreto não dá delegação oficial e/ou responsabilidade legal à ABL para
decretar a grafia correta de alguma palavra por sua mera inserção no VOLP. O referido
decreto versa, tão-somente, sobre (1) o compromisso de o Governo Federal de prover
instalações para a sede da ABL e (2) isenção do pagamento de franquia postal. Só isso!

3) Não conheço nenhuma lei que dê à ABL autoridade para determinar, a seu bel-prazer,
como uma palavra deva ser grafada. A ABL deverá se ater às regras gramaticais em vigor
e a eventuais tratados internacionais.

A finalidade do VOLP não é a de decretar como uma palavra deva obrigatoriamente ser
escrita, mas, sim, a de ajudar para se saber como ela é escrita — e a ABL (e/ou o VOLP)
pode errar, hipótese em que a grafia equivocada deverá ser desprezada, mesmo que contida
no VOLP. Não pode, por exemplo, a ABL consignar no VOLP a grafia 'gramátika', para que
esta se torne oficial e obrigatória na língua portuguesa falada e escrita no Brasil. Um abraço a
todos daí!'"

Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e autoridade?

1) Um leitor, após pesquisar, observa que não encontrou lei que delegue à Academia Brasileira de
Letras "a responsabilidade de editar o VOLP, nem de ditar a grafia oficial dos vocábulos da língua
pátria". Por isso, pede esclarecimentos sobre o assunto.

2) Remontando a cronologia, diga-se que, três anos após sua fundação (20/7/1897), a Academia
Brasileira de Letras se beneficiou com a edição do Decreto federal 726, de 8/12/1900, pelo qual:

(i) se autorizava o Governo a dar permanente instalação à ABL em prédio público,

(ii) se concedia à ABL franquia postal e

(iii) se determinavam outras providências.

3) Em homenagem a alguém que sempre procurou o bem da ABL, incluindo seu reconhecimento
como instituição de utilidade pública, tal decreto acabou sendo também conhecido pelo nome de Lei
Eduardo Ramos. Quanto a esse personagem, acrescente-se que, mesmo sendo conhecido entre os
escritores de sua época e tido como um dos fundadores da Academia, por nunca fazer campanha em
benefício próprio, só conseguiu entrar na Casa de Machado de Assis no fim da vida. E mais: faleceu
antes de tomar posse.

4) Pois bem. Costuma-se dizer que, desde a Lei Eduardo Ramos, a ABL tem a incumbência e a
delegação legal para listar oficialmente os vocábulos que integram nosso léxico, bem como fixar sua
grafia, pronúncia, gênero, etc. Independentemente de rigidez e técnica jurídica sobre a questão, essa
posição tem sido assim reconhecida sem contestações ao longo de décadas.

5) Exatamente com esse perfil de conduta, por iniciativa da ABL e anuência da Academia de
Ciências de Lisboa, para minimizar os inconvenientes de duas ortografias oficiais da língua
portuguesa, foi aprovado, em 1931, o primeiro acordo ortográfico entre Brasil e Portugal, o qual, na
prática, acabou não produzindo a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI141638,61044-Academia+Brasileira+de+Letras+Delegacao+legal+e+autoridade 2/5
09/02/2019 Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e autoridade? - Gramatigalhas
6) Por não se implementar, na prática, o acordo de 1931, a ABL, em sessão de 12/8/1943, por
votação unânime, aprovou as instruções para a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa (o que se denominou Formulário Ortográfico). Mais uma vez sem o rigor técnico do que
juridicamente se tem como delegação legal, a ata da respectiva reunião registrava que esse
regramento se fazia "consoante a sugestão do Sr. Ministro da Educação".

7) E mais: confirmando esse aspecto de delegação efetiva, mesmo sem o rigor técnico do vocábulo,
a introdução do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1943 assim registrava:

"A Academia Brasileira de Letras recebeu de Sua Excelência o Senhor Presidente da República
a incumbência de elaborar o vocabulário ortográfico de que tratam os decretos-leis 292, de 23 de
fevereiro de 1938, e 5.186, de 13 de janeiro de 1943".

8) Dois anos depois, ante as divergências dos vocabulários publicados por ambas as academias, em
evidente demonstração da pobreza dos resultados práticos do acordo de 1943, realizou-se, em 1945,
em Lisboa, novo encontro entre representantes das duas agremiações, o qual conduziu à chamada
Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Mais uma vez, contudo, esse acordo não produziu
os almejados efeitos, sendo adotado em Portugal, mas não no Brasil, por ser tido aqui como
inaceitável, porquanto se conservavam consoantes mudas e não articuladas, já abolidas em nosso
país, além de haver radicalismo na questão da acentuação de certas proparoxítonas (como
acadêmico, gênero e tônico), sobre as quais os portugueses queriam pôr acento agudo, e não
circunflexo.

9) Mais de vinte anos depois, veio a lei 5.765, de 18/12/1971 (em Portugal, a lei respectiva foi
promulgada em 1973), a qual nada mais fez do que sacramentar um parecer conjunto da ABL e da
Academia de Ciências de Lisboa sobre as alterações na ortografia da língua portuguesa. E, no art. 2º
dessa lei, constou o registro claro da delegação à ABL para a incumbência: "a Academia Brasileira
de Letras promoverá, dentro do prazo de dois anos, a atualização do Vocabulário Comum, a
organização do Vocabulário Onomástico e a republicação do Pequeno Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa nos termos da presente lei".

10) Ao depois, porque, apesar dessas iniciativas louváveis, continuavam a persistir divergências
sérias entre os dois sistemas ortográficos, as duas academias elaboraram em 1975 um novo projeto
de acordo, que não foi levado adiante por razões de ordem política.

11) Por isso, em maio de 1986, houve um novo encontro no Rio de Janeiro, e nele, pela primeira vez
na história da língua portuguesa, se encontraram representantes não apenas de Portugal e Brasil,
mas também dos novos países africanos lusófonos emergidos da descolonização portuguesa (só
Guiné-Bissau não veio, e o Timor Leste ainda não era independente). A tentativa de acordo foi
abandonada, porque as propostas foram tidas como drásticas (em um dos itens, pretendia-se,
simplesmente, suprimir o acento em todas as palavras paroxítonas e proparoxítonas).

12) Anos depois, em 1990, os países lusófonos, em inteligente atitude de concessões mútuas e de
abrangência para aceitar diversidades práticas, firmaram o chamado Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, e nele, para o que aqui interessa, alguns aspectos importantes podem ser observados:

I) o Brasil se fez representar, naquela oportunidade, por seu próprio Ministro da Educação;

II) o projeto de texto de ortografia unificada, pelo lado brasileiro, fora elaborado pela ABL;

III) por ser menos radical que o anterior, o acordo acabou sendo frutífero;

IV) os signatários deveriam torná-lo lei em seus respectivos países;

V) a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras seriam as responsáveis


pela publicação de um vocabulário ortográfico comum.

13) Para implementar o referido Acordo Ortográfico, editaram-se, aqui no Brasil, os Decretos federais
6.583, 6.584 e 6.585, todos de 29/9/2008, e se aprovou o Protocolo Modificativo ao mencionado
acordo, tendo o art. 2º deste último a seguinte redação:

"Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências
necessárias com vista à elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa,
tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às
terminologias científicas e técnicas".

14) Uma síntese cronológica dessa exposição demonstra que a ABL sempre foi e continua sendo a
instituição incumbida de autoridade oficial pelo Poder Público brasileiro para organizar, gerir e ditar
as regras sobre ortografia:

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09/02/2019 Academia Brasileira de Letras – Delegação legal e autoridade? - Gramatigalhas
I) assim, para as normas do Formulário Ortográfico de 1943, "a Academia Brasileira de Letras
recebeu de Sua Excelência o Senhor Presidente da República a incumbência de elaborar o
vocabulário ortográfico de que tratam os decretos-leis 292, de 23 de fevereiro de 1938, e 5.186,
de 13 de janeiro de 1943";

II) quando veio a lume a lei 5.765, de 18.12.1971, que nada mais fez do que sacramentar um
parecer conjunto da ABL e da Academia de Ciências de Lisboa sobre as alterações na ortografia
da língua portuguesa, seu art. 2º também outorgava delegação clara à ABL sobre o assunto: "a
Academia Brasileira de Letras promoverá, dentro do prazo de dois anos, a atualização do
Vocabulário Comum, a organização do Vocabulário Onomástico e a republicação do Pequeno
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa nos termos da presente lei";

III) pelo Acordo de 1990, assinado pelo próprio Ministro da Educação brasileiro, a Academia de
Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras seriam as responsáveis pela publicação de
um vocabulário ortográfico comum;

IV) quando da edição dos Decretos federais 6.583, 6.584 e 6.585, todos de 29.9.2008, com o
que se aprovou o Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico de 2008, o art. 2º deste último
determinava que os Estados signatários tomariam as providências necessárias à elaboração de
um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa por intermédio das instituições e órgãos
competentes, o que, no que tange ao Brasil, significa que as providências a tanto necessárias
seriam tomadas pela Academia Brasileira de Letras;

V) assim, na prática e em resumo, ainda que se entenda, em interpretação restritiva, que a Lei
Eduardo Ramos, de 1900, não outorgava delegação legal à ABL, o certo é que tal incumbência
para ditar oficialmente regras sobre ortografia lhe foi concedida por leis posteriores, e a referida
entidade continua detendo, nos dias de hoje, essa autoridade oficial por delegação do Poder
Público;

VI) porque a ABL detém delegação legal para ditar normas de ortografia e porque ela exerce tal
autoridade por via do VOLP, a grafia neste constante é lei e a ela devemos prestar obediência,
ainda que com ela não concordemos pelas mais diversas razões, inclusive de ordem científica,
como, às vezes, acontece com outras leis, às quais, todavia, continuamos a obedecer.

______
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quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Em uma das edições anteriores, a seção Gramatigalhas publicou considerações sobre como se
deve escrever na linguagem formal e delineou o papel que representa a Academia Brasileira de
Letras na fixação do léxico e na grafia dos vocábulos ("A questão da norma culta" - clique aqui).

A leitora Miriam Soares, estudante de letras da Universidade de São Paulo, a respeito de tais
comentários, enviou a seguinte mensagem:

"Ao Dr. José Maria da Costa. De acordo com suas palavras, devo acreditar que a ABL é dona
da verdade, e que as leis existem para ser cumpridas cegamente? Onde é que fica o respeito
à individualidade de cada falante? E, acima de tudo, onde é que fica o já tão conhecido
fenômeno da evolução dos idiomas? Seria o senhor um fascista? Boa noite."

É certo que o leitor Alexandre de Macedo Marques assim se pôs em defesa do nosso professor
de Gramática:

"A absurda e agressiva bobagem perpetrada pela migalheira Miriam Soares contra o Dr. José
Maria da Costa levam-me a crer que, como o personagem do Monteiro Lobato, está sofrendo
de uma 'indigestão de letras' após tomar uma canja de letrinhas. Espero que a estudante
continue estudando. É um voto e uma esperança. A anarquista das letras faz-me lembrar as
palavras de ordem de um partido da ultra-esquerda portuguesa, durante a Revolução dos
Cravos, pichada num cemitério de Lisboa, incitando a um levante no campo santo: 'Mortos das
campas rasas! Aos túmulos!'. Nelson Rodrigues, uma vez mais, tem razão. Eles são a
maioria."

1) A par da linguagem mais descuidada que se permite no plano coloquial, na correspondência mais
íntima e na conversa familiar entre as pessoas, existe um modo de escrever e falar próprio dos
profissionais de qualquer área, em suas manifestações oficiais e formais, onde se deve manter um
nível mínimo e comum de fala e escrita, submetido às normas de Gramática, a que se dá o nome de
linguagem formal ou norma culta.

2) De modo específico no que tange à existência, à grafia e ao gênero das palavras em nosso
idioma, a autoridade fica com a Academia Brasileira de Letras, que edita regularmente o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, uma espécie de dicionário que lista as palavras reconhecidas
oficialmente como pertencentes ao nosso léxico, bem como lhes fornece a grafia oficial, muito
embora normalmente não lhes comente o significado.

3) Ao agir assim, a ABL desincumbe-se de uma delegação legal, já que a vetusta Lei Eduardo
Ramos, de nº 726, de 8 de dezembro de 1900, incumbiu-a de editar regularmente essa lista oficial

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI18536,31047-Academia+Brasileira+de+Letras 1/3
09/02/2019 Academia Brasileira de Letras - Gramatigalhas
dos vocábulos de nosso idioma.

4) Essa é a regra, e a ela se tem prestado obediência. Basta ver que, em época mais recente, para
abolir o trema sobre os hiatos átonos, o acento circunflexo diferencial de timbre (com a única
exceção de pôde) e os acentos circunflexo e grave nas palavras com sufixo mente ou iniciado por z,
tal se fez por via da Lei 5.765, de 18.12.71. Exatamente em obediência à lei, assim, não se admite,
por exemplo, extensão de seus dizeres para abarcar a manutenção do diferencial em palavras como
forma (ô) – como pretende Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu famoso dicionário – a
pretexto de confusão nos casos concretos. Mas isso é assunto para uma outra vez.

5) Esse proceder de haver uma autoridade e uma regra a que todos prestam obediência, entretanto,
não torna o idioma necessariamente fossilizado ou estagnado. Os contínuos estudos e as sugestões
fundamentadas são alvo de análise pelas comissões da ABL, e, conforme a necessidade, são feitas
alterações nas novas edições do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Só para se ter uma
idéia da atuação dinâmica nesse campo, em sua edição de setembro de 1998, às mais de 300.000
palavras já reconhecidas no Português, foram adicionados aproximadamente 6.000 novos termos,
em geral relativos ao desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo inovações de Informática.

6) Dizer que, nesse campo, a ABL age por delegação legal significa que sua palavra é lei, que obriga
a todos os usuários da linguagem formal. Isso, todavia, não a exonera de cometer equívocos.
Exemplifica-se: em sua 4ª edição (2004), o VOLP diz que superávit (assim, com acento gráfico) é um
substantivo masculino já regularmente incorporado ao vernáculo; todavia, embora faça constar
deficitariedade e deficitário, não registra déficit como palavra pertencente a nosso léxico, mas,
apenas e tão-somente, a forma aportuguesada défice.

7) Ante esse quadro, o usuário do idioma poderá escrever normalmente superávit, que é vocábulo
pertencente a nosso léxico. Todavia, quanto a seu antônimo, deverá ou empregar a forma
aportuguesada défice, ou então usar a forma latina "deficit", com duas observações: a) entre aspas,
ou em itálico, negrito ou com sublinha, como se deve grafar, em nossos textos de linguagem formal,
todo e qualquer vocábulo pertencente a outro idioma; b) sem acento gráfico, que não existia em
Latim.

8)Além disso, a ABL não é dona da verdade, nem é imune a equívocos nesse trabalho, nem se posta
como tal. Constata-se, a uma rápida consulta à introdução do VOLP, que a edição de 2004 foi
dedicada exatamente "aos que usam da língua portuguesa como bem comum – aqui chamados a
colaborar no aperfeiçoamento desta coleta, com achegas, sugestões, críticas, correções". Nesse
campo, como todos das carreiras jurídicas em relação ao ordenamento jurídico, somos chamados a
seu aperfeiçoamento.

9) E não se pense que, quando escrevia minhas decisões na Magistratura, e hoje, quando escrevo
minhas petições, arrazoados e pareceres na Advocacia, eu esteja sempre de acordo com o que vejo
nas determinações da ABL e na listagem de vocábulos do VOLP. Tenho minhas divergências (basta
ver a questão do superávit e do "deficit"). Todavia, como é de praxe no ordenamento jurídico, na
vigência da lei, devemos prestar-lhe obediência. Não posso escolher quais leis sigo e quais ignoro.
Posso não concordar com a placa de contramão naquele local; mesmo assim, vou prestar-lhe
obediência. Posso não concordar com o limite de velocidade num determinado local; mesmo assim
continuarei obrigado a respeitá-lo. De modo mais específico para o caso concreto, enquanto não vier
nova edição do VOLP, dizendo que, assim como superávit, também integra nosso léxico o vocábulo
déficit (assim, com acento gráfico, como toda proparoxítona), deverei empregar défice ou "deficit".

10) E mais: não se pode dizer que a obediência a tais parâmetros signifique cerceamento à liberdade
do falante. É difícil encontrar alguém que defenda a tese de que Padre Vieira ou Rui Barbosa tenham
sido cerceados ou feridos em sua liberdade de expressão, por terem que obedecer às normas da
Gramática. As regras estão aí, e a arte de escrever está em encontrar a adequada forma de
expressão em seus moldes e limites. Mesmo grandes escritores que têm um modo peculiar de
escrever não ignoram tais regras. Guimarães Rosa, que desconstruiu como raros o idioma em seu
modo peculiar de expressão, conhecia como poucos os meandros do vernáculo.

11) Por fim, ante a indagação da leitora (seria eu um fascista?), acredito seja oportuno lembrar que o
vocábulo fascista vem do Latim, "fascis", que significa feixe. Nesse contexto, quero, apesar de não
me julgar mais do que um caniço, poder juntar-me a muitos outros caniços e compor robusto feixe na
defesa do que há de fundamental nessa questão da linguagem formal, sobretudo no campo
profissional e, mais especificamente, do Direito, despindo-a, ademais, dos adereços desnecessários
e das superfluidades. Creio que, se houver uma atuação adequada nesse campo, talvez a palavra,
sobretudo nos meios jurídicos e forenses, deixe de ser um esconderijo e um empecilho para a
expressão e possa efetivamente tornar-se veículo do pensamento.

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09/02/2019 Ação fiscalizadora ou Ação fiscalizatória? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Ação fiscalizadora ou Ação fiscalizatória?


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Artur Sodré envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Qual o correto? ‘Ação fiscalizadora' ou 'ação fiscalizatória'? As duas expressões são


largamente utilizadas no meio jurídico. Obrigado."

1) Um leitor indaga qual das expressões é correta, já que ambas são largamente utilizadas no meio
jurídico: ação fiscalizadora ou ação fiscalizatória?

2) Ora, da comparação entre as duas expressões, vê-se que, em suma, o que o leitor quer saber é
qual dos adjetivos existe e está correto em português: fiscalizador ou fiscalizatório.

3) E, quando se quer saber se uma palavra existe ou não em português, deve-se tomar por premissa
o fato de que a autoridade para listar oficialmente os vocábulos pertencentes ao nosso idioma é a
Academia Brasileira de Letras.

4) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.1

5) Uma simples consulta ao VOLP, contudo, mostra que nele se registra o adjetivo fiscalizador, mas
não fiscalizatório.2

6) A forçosa conclusão, assim, é que fiscalizatório não existe em nosso léxico, e seu emprego não
está autorizado, e isso porque empregar um vocábulo inexistente não constitui alternativa válida, que
esteja ao alcance do usuário do idioma.

7) Parece oportuno observar que, sobretudo nos meios jurídicos e forenses, há uma equivocada
tendência de alguns, com pretensão de uma jamais alcançada erudição, para empregar vocábulos
arrevesados e barrocos, muitas vezes inexistentes, como esse que agora é trazido para análise.

8) O máximo que conseguem, todavia, é um texto de difícil leitura e compreensão, muito distante do
ideal que só a simplicidade consegue alcançar. E isso além de uma forma incorreta de expressão.

__________________

1 Em algumas épocas, a ABL põe o VOLP à disposição do leitor on-line; em outras, a disponibilização ocorre apenas por
edição de livro específico com tal função.

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09/02/2019 Ação fiscalizadora ou Ação fiscalizatória? - Gramatigalhas

2 Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. ed., reimpressão de 1998. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1999, p. 374.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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09/02/2019 Acentos – Podem dois em mesma palavra? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Acentos – Podem dois em mesma palavra?


quarta-feira, 20 de junho de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Hiran Castro envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Ao redigir uma peça previdenciária, deparei com uma dúvida quando da escrita da palavra
'salário-de-benefício' (doutrinas também usam essa mesma grafia, com hífen), termo técnico
usado para nominar o valor da renda mensal que o segurado do INSS receberá. Ocorre que a
minha dúvida paira sobre o uso de dois acentos (agudos) em uma mesma palavra, ou então o
correto seria 'salário-de-beneficio', ou mais, 'salário de benefício'. Ficarei agradecido com a
resposta."

1) Um leitor se surpreendeu com a existência de dois acentos agudos em mesma palavra (salário-de-
benefício), pois sempre aprendeu que não pode haver mais de um acento gráfico em mesmo
vocábulo. Por isso, indaga qual a forma correta: salário-de-beneficio, salário-de-benefício ou salário
de benefício.

2) Independentemente de qualquer comentário sobre a correção do emprego de hífen no vocábulo


trazido para análise, já que esse não é o fulcro da consulta, é preciso estabelecer uma premissa da
mais elevada importância para considerar a dúvida do leitor: a par da regra geral de que não se
empregam dois acentos gráficos em mesma palavra, também existe uma outra, segundo a qual
elementos unidos por hífen são considerados vocábulos distintos e autônomos para efeito de
acentuação gráfica.

3) Com essa premissa, vê-se que é apenas aparente a dificuldade do leitor, uma vez que, se, quando
separados, os elementos de uma palavra têm acento gráfico, continuam com ele após sua união por
hífen.

4) Vejam-se alguns exemplos colhidos no dia a dia: açaí-do-pará, encontrá-lo-ás, salário-família,


salário-mínimo.

5) Aproveita-se a oportunidade para uma observação adicional referente a outros exemplos, como
ímã, órfã e órgão. Dois sinais gráficos estão aqui, efetivamente, em mesma palavra. Ocorre,
entretanto, que o til (~) não é acento gráfico, e sim apenas um sinal diacrítico indicador de
nasalização do som. Desse modo, também aqui não existe contrariedade à regra segundo a qual não
se empregam dois acentos gráficos em uma mesma palavra.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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09/02/2019 Acórdão - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Acórdão
quarta-feira, 14 de abril de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Pondo fim aos conflitos bélicos, pelo menos em migalhas, entremos agora nos imbróglios
gramaticais. Dr. José Maria da Costa, autor das Gramatigalhas - as migalhas gramaticais -
apresenta hoje uma questão interessantíssima.

Você sabe a origem da palavra acórdão? E sabe se há diferença entre acórdão e aresto
(não confundir com arresto)? São tais vocábulos sinônimos perfeitos?

1) Trata-se de forma gráfica da substantivação de acordam, que é a terceira pessoa do plural do


presente do indicativo do verbo acordar, que quer dizer resolver, estar de acordo. Ex.: “O acórdão,
de ofício, fez o réu responder por litigância de má-fé”.

2) Significa decisão proferida em grau de recurso por tribunal coletivo, e a denominação deriva do
fato de que as decisões desses órgãos colegiados, em sua disposição final, vêm precedidas pela
forma verbal acordam.

3) Como toda paroxítona terminada em ão ou com ditongo na última sílaba, recebe acento gráfico no
singular e no plural: acórdão e acórdãos.

4) Antonio Henriques, por um lado, conceitua acórdão como “forma verbal substantivada; trata-se da
3ª pessoa do plural (forma arcaica) do presente do indicativo do verbo acordar (concordar), cujo
significado é ‘julgamento feito pelos tribunais superiores’ (CPC, art. 163, CPP, arts. 556, 563, 564 e
619)”.

5) Por outro lado, tal autor - embora lembrando a sinonímia tomada por diversos escritores -
diferencia-o de aresto, dando a este o conceito de “decisão judicial irreformável tomada pelos
tribunais superiores”,1 o que faz concluir que, enquanto passível de reforma, a decisão colegiada
seria acórdão, mas ainda não aresto.

6) Em mesma direção, Edmundo Dantès Nascimento observa que “tecnicamente não são sinônimos
acórdão e aresto, trazendo, em abono de sua tese, lição de Mendes Júnior: ”Chamam-se arestos as
decisões judiciais não suscetíveis de reforma, proferidas em forma de julgamento definitivo pelos
tribunais superiores”.

7) Oportuno é diferenciar o substantivo acórdão do verbo acordar na terceira pessoa do plural do


presente do indicativo (acordam), com a especificação de que os verbos terminados em am são
sempre paroxítonos e se destinam a significar o presente ou o passado dos verbos, enquanto os
terminados em ão são oxítonos e indicam sempre o futuro. Exs.:

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI4379,31047-Acordao 1/2
09/02/2019 Acórdão - Gramatigalhas
a) “O acórdão que decidir por maioria recurso de apelação sujeita-se a embargos infringentes”;

b) “Os integrantes da Turma Julgadora acordam, nesta oportunidade, em dar pelo provimento do
recurso”;

c) “Os integrantes da Turma Julgadora acordaram, na sessão de ontem, em dar pelo provimento
do recurso”;

d) “Não se sabe se os integrantes da Turma Julgadora acordarão, na sessão de amanhã, em


dar pelo provimento do recurso”.

_________

1 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 8-9.

2 Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 238.

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09/02/2019 Acordo amigável - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Acordo amigável
quarta-feira, 7 de abril de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Antes de entrar com uma ação você tenta um acordo amigável? Você pode estar errando, não
estrategicamente, mas gramaticalmente. Para tirar suas dúvidas, não perca hoje as
Gramatigalhas - as migalhas gramaticais.

Dr. José Maria da Costa apresenta a expressão acordo amigável. Você a acha correta?

1) Embora de uso freqüente nos meios forenses, trata-se de tautologia, de pleonasmo vicioso a ser
evitado, e isso porque configura redundância de termos, a qual não tem emprego legítimo, por não
conferir mais vigor ou clareza à expressão.

2) Para que se entenda adequadamente o problema, o acordo já traz em si a idéia de combinação,


de ajuste, de acomodação, de conciliação, idéia essa que também não deixa de residir no vocábulo
amigável.

3) E, se verdade é que nem sempre a parte consegue todo o seu intento num acordo, nem por isso
deixa de estar presente nele a idéia de prevenção ou término de litígio “mediante concessões
mútuas” (art. 840 do Código Civil), o que pressupõe necessariamente ajuste, conciliação.

4) Diga-se, assim, simplesmente alcançar um acordo, e não alcançar um acordo amigável.

5) De mesma espécie são os erros pessoa viva e sentença de primeira instância.

6) Nesse equívoco incidem até mesmo dispositivos de lei, como é o caso do art. 13, parágrafo único,
da Lei 3.924, de 26.6.61, que trata das desapropriações, ao determinar de modo literal: “À falta de
acordo amigável com o proprietário da área onde situar-se a jazida, será esta declarada de utilidade
pública e autorizada a sua ocupação pelo período necessário à execução dos estudos...”.

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09/02/2019 Acordo Ortográfico – Como citar leis antigas? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Acordo Ortográfico – Como citar leis antigas?


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Cláudio Humberto de Souza envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Com o novo Acordo Ortográfico, como devo citar as leis antigas: pela grafia da época em que
foram editadas ou pelas diretrizes novas?"

1) Um leitor indaga como deve citar leis antigas, agora que o Acordo Ortográfico está em vigor de
modo integral e exclusivo: pela grafia da época em que foram editadas ou pelas novas diretrizes?

2) Fixe-se, como premissa, que, a contar de 1º/01/2016, somente passou a ser correto escrever
pelas regras determinadas pelo Acordo Ortográfico de 2008.

3) E a dúvida do leitor diz respeito a saber como deve proceder para a citação de leis antigas, que
foram editadas quando o sistema ortográfico era diverso daquele que vige na atualidade.

4) Ora, Luís Vaz de Camões escreveu, no original, os primeiros versos de Os Lusíadas do seguinte
modo: "As armas & os barões assinalados, / Que da Occidental praya Lusitana..." Mas o sistema
ortográfico atual determina que se escreva do seguinte modo: "As armas e os barões assinalados, /
Que da ocidental praia lusitana..." E é desse modo que os versos são hoje citados e que a referida
obra é hoje publicada.

5) De mesmo modo se deve proceder com relação às leis, cuja grafia deve seguir os padrões
ortográficos atuais, quando diversos forem os da época de sua edição.

6) Para ilustração, vejam-se alguns trechos do Código Comercial de 1850 em sua grafia original: a)
"Podem commerciar no Brasil..." (art. 1º, caput); b) "São prohibidos de commerciar..." (art. 2º,
caput); c) "Na prohibição do artigo antecedente não se comprehende a faculdade de dar dinheiro a
juro ou a premio, com tanto que as pessoas nelle mencionadas não fação do exercicio desta
faculdade profissão habitual de commercio; nem a de ser accionista em qualquer companhia
mercantil, huma vez que não tomem parte na gerencia administrativa da mesma companhia" (art.
3º).

7) E se atente à grafia atual, que deve ser observada nas citações dos mesmos dispositivos nos dias
de hoje: a) "Podem comerciar no Brasil..." (art. 1º, caput); b) "São proibidos de comerciar..." (art.
2º, caput); c) "Na proibição do artigo antecedente não se compreende a faculdade de dar dinheiro a
juro ou a prêmio, contanto que as pessoas nele mencionadas não façam do exercício desta
faculdade profissão habitual de comércio; nem a de ser acionista em qualquer companhia
mercantil, uma vez que não tomem parte na gerência administrativa da mesma companhia" (art. 3º).

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI232445,61044-Acordo+Ortografico+Como+citar+leis+antigas 1/2
09/02/2019 Acordo Ortográfico – Como citar leis antigas? - Gramatigalhas

8) Sintetiza-se, por fim, de modo específico para a indagação do leitor: as leis antigas devem ser
hoje citadas pela forma constante das diretrizes ortográficas atualmente em vigor, e não pela grafia
da época em que foram editadas.

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09/02/2019 Acordo Ortográfico – Quando entra em vigor? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Acordo Ortográfico – Quando entra em vigor?


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Rita Lemes Silva envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"A minha pergunta é bastante simples: Quando entra, efetivamente, em vigor o Acordo
Ortográfico? Ou seja: quando passa a ser obrigatório escrever somente pelas novas regras
ortográficas? Obrigada."

1) Uma leitora indaga, de modo bastante simples e direto, quando entram em vigor as regras
introduzidas na escrita do português pelo novo Acordo Ortográfico. Ou seja: quando passa a ser
obrigatório escrever apenas pelas novas diretrizes.

2) Ora, depois de muitos estudos e discussões, em 12/10/1990, em Lisboa, foram aprovadas as


bases para um acordo ortográfico entre os países lusófonos (que falam o português), a saber,
Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Contou-se
também com a adesão dos observadores de Galiza. Timor Leste ainda não era um país
independente.

3) Pelo próprio documento de acordo, firmado em 16/10/90, incumbia aos países signatários a
responsabilidade de adotarem as medidas necessárias para a efetiva entrada em vigor das regras
respectivas nos correspondentes ordenamentos jurídicos.

4) No Brasil, tal se deu por via dos Decretos 6.583, 6.584 e 6.585, todos de 29/9/2008, e por eles: a)
o Acordo Ortográfico produziria efeitos em nosso País a partir de 1º/1/2009; b) seria observado um
período de transição entre 1º/9/2009 e 31/12/2012; c) nesse interregno, coexistiriam, ambas com
validade, a norma ortográfica antiga e a nova norma estabelecida; d) a contar de 1º/1/2013, a escrita
haveria de obedecer somente à nova norma estabelecida.

5) Antes, porém, de findar-se o prazo acima referido, foi editado o Decreto 7.875, em 27/12/2012,
que alargou para 31/12/2015 o período de transição entre os regimes ortográficos, de modo que,
durante esse novo tempo, coexistiriam a norma ortográfica antiga e a nova norma estabelecida.

6) Como, antes de findar-se o prazo por último concedido, não houve nova dilação, conclui-se, de
modo óbvio e forçoso, que, por expressa previsão da norma por último editada, a partir de 1º/1/2016,
somente passou a ser correto escrever pela nova norma estabelecida.

7) Com essas considerações como premissas, passa-se a responder, de modo objetivo, à indagação
da leitora: a) até 31/12/2008, somente era correto escrever pelas normas anteriormente vigentes; b)
entre 1º/1/2009 e 31/12/2015, era correto escrever tanto pelas normas antigas como pelas novas

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09/02/2019 Acordo Ortográfico – Quando entra em vigor? - Gramatigalhas

determinações; c) a contar de 1º/1/2016, contudo, somente passou a ser correto escrever pelas
regras ditadas pelo Acordo Ortográfico.

8) Em síntese e reiteração: o Acordo Ortográfico a) foi aprovado entre os países lusófonos por
acordo firmado em 16/10/1990, b) ingressou no ordenamento jurídico pátrio em 29/9/2008, c) teve
vigência concomitante com o sistema antigo entre 1º/1/2009 e 31/12/2015 e d) passou a viger com
exclusividade a contar de 1º/1/2016.

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09/02/2019 Acordo Ortográfico de 2008 Informações importantes - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Acordo Ortográfico de 2008 Informações importantes


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Everaldo Cunha envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Seria interessante se tivéssemos algumas ideias mais claras, embora genéricas, do que seja
esse tão falado Acordo Ortográfico".

Acordo Ortográfico de 2008 ─ Informações importantes

1) Um leitor pede algumas considerações e informações genéricas sobre o que realmente seja o
novo Acordo Ortográfico.

2) Sem pretender esgotar o assunto, é de se dizer, em termos históricos, que, de longa data, busca-
se, nesse campo, algum tipo de unificação entre os países que falam o português:

I) em 1945, houve proposta, que acabou sendo inaceitável para os brasileiros, pois se
conservavam consoantes mudas e não articuladas, já abolidas em nosso país, além de haver
radicalismo na questão da acentuação de paroxítonas – como acadêmico, ânimo, cômodo,
econômico, efêmero, fenômeno, gênero, pânico, tônico – sobre as quais os portugueses queriam
pôr acento agudo, e não circunflexo;

II) em 1986, houve um encontro no Rio de Janeiro, em que se fizerem presentes seis dos oito
países lusófonos (Guiné-Bissau não veio, e o Timor Leste ainda não era independente), mas a
tentativa de acordo foi abandonada, porque as propostas foram tidas como drásticas (em um dos
itens, pretendia-se suprimir o acento em todas as palavras paroxítonas e proparoxítonas);

III) em 1990, o encontro foi em Lisboa, e, por ser menos radical que o anterior, acabou sendo
frutífero e, por ele,

a) os signatários deveriam torná-lo lei em seus respectivos países, e

b) a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras seriam as


responsáveis pela publicação de um vocabulário ortográfico comum;

IV) 1994 era a data prevista para se ultimarem as providências e entrarem em vigor as novas
regras;

V) em 2004, o encontro se deu em São Tomé, e lá estavam representados os oito países


lusófonos:

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a) previa-se a entrada do acordo em vigor "com o terceiro depósito de instrumento de
ratificação junto da República Portuguesa";

b) abriu-se a possibilidade de adesão do Timor Leste;

c) pactuou-se data para entrar em vigor o acordo: "no primeiro dia do mês seguinte à data
em que três Estados membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)
tenham depositado, junto da República Portuguesa, os respectivos instrumentos de
ratificação ou documentos equivalentes que os vinculem ao Protocolo)".

3) Muito embora seu texto original e sua assinatura datem de 1990, optamos por chamá-lo de Acordo
Ortográfico de 2008, porque:

I) foi nesse ano que se promulgou o acordo em nosso país, por via do Decreto 6.583, de
29/9/2008, para ser "executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém";

II) também nesse ano se promulgou o Protocolo Modificativo do acordo, firmado em 1998, o que
se deu por meio do Decreto 6.584, de 29/9/2008;

III) ainda em tal ano se editou o Decreto 6.585, de 29/9/2008, a dispor sobre a execução do
Segundo Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico, assinado em 25/7/04.

4) Quanto ao início de sua vigência, a previsão legal era para o acordo produzir efeitos a partir de
1/1/2009 (cf. Decreto 6.583/08, art. 2º).

5) Também se previa que a implementação do Acordo obedeceria ao período de transição de


1/1/2009 a 31/12/2012, durante o qual coexistiriam a norma ortográfica então em vigor e a nova
norma estabelecida (cf. Decreto 6.583/2008, art. 2º, parágrafo único).

6) Desse modo, sem maiores dificuldades de exegese, vê-se que se faculta ao usuário do idioma,
entre 1/1/2009 e 31/12/2012, seguir pelas normas antigas ou pelas novas, sem incorrer em erro
algum, ainda cumpra parcialmente uma e outra. Ou seja, somente a contar de 1/1/2013, haverá
obrigatoriedade de seguir com exclusividade pelas novas regras do Acordo Ortográfico. Até
31/12/2012, quem optar por seguir pelas regras antigas estará escrevendo corretamente, e quem,
até lá, escrever pelas regras novas também não poderá ser condenado. E quem resolver seguir
parcialmente ambas também estará acertando.

7) Algumas características e aspectos importantes:

I) tenta-se simplificação (basta ver a eliminação do hífen em "dia a dia" e "à toa", expressões
essas que em certos casos tinham hífen, e em outros, não);

II) busca-se uma compactação maior do idioma entre os usuários em todo o mundo, na tentativa
de preservar-lhe a unidade e defendê-lo de processos de desagregação, o que é altamente
louvável;

III) o Acordo fixa e restringe as diferenças de escrita entre os falantes;

IV) sedimenta, além disso, uma unidade de grupo linguístico significativo e possibilita seu
prestígio junto a organismos internacionais;

V) por não impor soluções radicais e necessariamente únicas nas divergências entre os
lusófonos, evita o malogro dos acordos anteriores, inclusive o de 1945, que procuravam impor
uma unificação ortográfica absoluta.

8) De maneira mais prática, pelo Acordo Ortográfico de 2008:

a) foram introduzidos k, w e y em nosso alfabeto, que passou de 23 para 26 letras;

b) houve mudanças na acentuação;

c) aboliu-se, como regra, o emprego do trema;

d) buscou-se a simplificação no uso do hífen.

9) Por fim, aos que lançam a pecha de lei imperfeita às regras que norteiam o padrão culto, por não
preverem sanção específica aos que as contrariam, importa realçar que aos seus transgressores,
sobretudo numa esfera em que a comunicação se há de fazer sem barreiras e de maneira limpa e
plena, como é o campo jurídico, aplica-se a pena prevista por Teotônio Negrão em momentosa
palestra a acadêmicos de Direito: "o operador do direito que não consegue ter linguagem correta não

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09/02/2019 Acordo Ortográfico de 2008 Informações importantes - Gramatigalhas

consegue expressar adequadamente seu pensamento".1 E, a um operador do Direito, expressar o


pensamento de modo equivocado ou inadequado é tão grave como tomar-lhe as armas de luta ou
confiscar-lhe as ferramentas de trabalho.

__________________

1 Cf. NEGRÃO, Theotonio. Revista de Processo. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1988, vol. 49, p. 83.

______
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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 Adentrar, Adentrar em ou Adentrar-se em? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Adentrar, Adentrar em ou Adentrar-se em?


quarta-feira, 1º de agosto de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Heloísa Roda Morete envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Dr. José Maria da Costa, qual das proposições abaixo está correta? 1) 'antes de adentrar
especificamente 'ao tema''; 2) 'antes de adentrar especificamente 'o tema''; ou 3) 'antes de
adentrar especificamente 'no tema''. Desde já agradeço a atenção."

Adentrar, Adentrar em ou Adentrar-se em?

1) Significa entrar, penetrar.

2) Quanto à regência verbal, pode, indiferentemente, ter seu complemento sem preposição ou com a
preposição em. Exs.: a) "O réu adentrou o salão do júri" (transitivo direto); b) "O réu adentrou no
salão do júri" (transitivo indireto).

3) Celso Pedro Luft vê, além disso, a possibilidade de seu emprego com os dois complementos (um
sem preposição e outro com preposição), no sentido de fazer entrar à força, meter para dentro. Ex.:
"Um guarda adentrou o preso na cela"1.

4) Além das duas regências mais usuais, Domingos Paschoal Cegalla2 ainda lembra a possibilidade
de construí-lo como pronominal mais a preposição em (adentrar-se em). Ex.: "Ele adentrava-se na
mata..." (Viana Moog).

5) Nessa última acepção, Francisco Fernandes3 também refere significativo exemplo de Mário
Barreto: "À maneira que no país destes profanos eu me adentrava...".

_______________

1 Cf. LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 35.

2 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999. p. 10.

3 Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed., 16. reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo,
1971. p. 51.

______
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09/02/2019 Adequar - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Adequar
quarta-feira, 28 de abril de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Como você usaria o verbo 'adequar' no seguinte exemplo: "Esta medida não se (...) ao caso
concreto"?

1) Anote-se, desde logo, que não há uniformidade entre os gramáticos quanto a sua conjugação
verbal, principiando por Eduardo Carlos Pereira, que o insere no rol dos verbos defectivos, mas sem
outras explicações ou minúcias.1

2) Em posição mais restrita, posta-se Luís A. P. Vitória, para quem “este verbo só se emprega no
particípio passado. Ex.: ‘É este o termo adequado'”.2

3) Para Otelo Reis, também é verbo defectivo, “quase exclusivamente usado no infinitivo e no
particípio. Contudo, entendem alguns autores que pode ser empregado em todas as formas
arrizotônicas”.3

4) Em postura ligeiramente mais liberal, Vitório Bergo leciona ser tal verbo passível de conjugação
“nas formas de desinência em a”.4 Ensinamento esse que eliminaria a possibilidade de uso das
formas arrizotônicas com desinência em e, como adeqüei, adeqüemos...

5) Avançando para maiores possibilidades de seu emprego, Luiz Antônio Sacconi refere ser possível
conjugá-lo em todas as formas arrizotônicas, muito embora realce tal autor seja ele empregado mais
freqüentemente “nas formas nominais: adequar, adequando, adequado”.5

6) Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante vêem-no como passível de conjugação apenas nas formas
arrizotônicas do presente do indicativo (adequamos, adequais), de modo que só seria possível
conjugar a segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo (adequai vós); acrescentam, todavia,
que “alguns autores admitem a conjugação do verbo adequar nas formas arrizotônicas do presente
do subjuntivo (adeqüemos, adeqüeis), o que permitiria também a conjugação dessas mesmas formas
do imperativo negativo e da primeira do plural do imperativo afirmativo”.6

7) Nessa última esteira de maiores possibilidades, de maneira bem didática, lembra Geraldo Amaral
Arruda que tal verbo “não se usa nas formas em que o acento incide sobre a sílaba de, que pertence
ao radical”, conjugando-se nas demais formas.7

8) José de Nicola e Ernani Terra sintetizam do seguinte modo as regras acerca desse verbo:

a) “no presente do indicativo só apresenta a primeira e a segunda pessoa do plural: nós


adequamos, vós adequais”;
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09/02/2019 Adequar - Gramatigalhas

b) “não possui o presente do subjuntivo e o imperativo negativo”;

c) “o imperativo afirmativo só apresenta a segunda pessoa do plural (adequai)”;

d) “nas formas faltantes desse verbo, deve-se utilizar um sinônimo (adaptar, ajustar, apropriar,
etc.) ou uma locução verbal (estou adequando, vou adequar, etc.)”.8

9) Em termos práticos, ante a divergência entre os gramáticos, há de se adotar a alternativa mais


abrangente, permitindo-se que seja empregado em todas as formas arrizotônicas (aquelas em que a
sílaba tônica situa-se na desinência, não no radical): adequamos, adequais (presente do indicativo);
adeqüemos, adeqüeis (presente do subjuntivo); adeqüemos, adequai (imperativo afirmativo); não
adeqüemos, não adeqüeis (imperativo negativo).

10) Atente-se, por conseguinte, a que são errôneas determinadas construções de uso muito corrente
nos meios jurídicos, como se dá no seguinte exemplo: “A solução proposta pelo advogado não se
adéqua ao caso concreto”.

11) Em casos desse jaez, sendo defectivo, o verbo deve ser substituído por um sinônimo: adaptar,
aplicar, harmonizar:

a) “A solução não se adapta ao caso concreto”;

b) “A solução não se aplica ao caso concreto”;

c) “A solução não se harmoniza com o caso concreto”.

12) Registre-se, contudo, que, apontando em direção mais liberal, Domingos Paschoal Cegalla, por
um lado, observa que “não existem as formas adéqua, adéquam, adéqüe, adéqüem, com e tônico,
que às vezes se ouvem de pessoas que, para evitar uma discutível cacofonia, estropiam o verbo”;
por outro lado, questionando que, “se dizemos recua, por que não adequa?”, acrescenta tal autor que
“não constitui erro usar as formas rizotônicas adequo, adequas, adequa, adequam; adeqúe,
adeqúes, adeqúem”.9

13) Tal dúvida e tal posicionamento do mencionado gramático, todavia, não devem espraiar-se para
os textos que devam submeter-se aos padrões da norma culta, os quais hão de obedecer à ortodoxia
tradicional, que manda não empregar esse verbo nas formas rizotônicas.

14) Como tais problemas apenas ocorrem no presente do indicativo e tempos derivados (presente do
subjuntivo, imperativo afirmativo e imperativo negativo), sua conjugação há de ser regular e integral
nos demais tempos e formas.
__________

1 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 113.

2 Cf. VITÓRIA, Luiz A. P. Dicionário de Dificuldades, Erros e Definições de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Tridente,

1969. p. 18.

3 Cf. REIS, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco

Alves, 1971. p. 53.

4 Cf. BERGO, Vitório. Consultor de Gramática e de Estilística. Rio de Janeiro: Livraria Editora Zelio Valverde, 1943. p.

80.

5 Cf. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 87.

6 Cf. CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa, 1. ed. São Paulo: Editora Scipione,

1999. p. 172.

7 Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 66.

8 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 20.

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9 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 11.

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09/02/2019 Aditamento contratual ou Aditivo contratual? - Gramatigalhas

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Aditamento contratual ou Aditivo contratual?


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Edson Beiser de Melo envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Prezado professor, legalmente seria mais correto dizermos 'aditamento' ou 'aditivo'


contratual? Agradeço desde já a atenção."

1) Um leitor indaga se o correto é dizer e escrever aditamento contratual ou aditivo contratual.

2) O aditamento, nos casos mais comuns, quer dizer a ação de aditar. Exs.: a) "Ao Poder Executivo
é facultado exigir que se proceda a alterações ou aditamento no contrato ou no estatuto..."
(CC/2002, art. 1.129); b) "Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo,
o processo será extinto sem resolução do mérito" (CPC-2015, art. 303, § 2º); c) "O aditamento a que
se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas
processuais" (CPC/2015, art. 303, § 3º).

3) Às vezes, aditamento também quer significar o resultado, o próprio acrescentamento ou


respectivo termo dele resultante. Exs.: a) "Ele carreou aos autos cópia do aditamento celebrado"; b)
"Este é o Aditamento n. 01/2015 às Instruções n. 02/2008...".

4) O aditivo, por sua vez, coincide, em seu conteúdo semântico, com esse segundo sentido de
aditamento, significando, então, o resultado do acrescentamento ou respectivo termo dele
resultante. Exs.: a) "Ele carreou aos autos cópia do aditivo"; b) "Este é o Aditivo n. 01/2015 às
Instruções n. 02/2008...".

5) O vocábulo aditivo não tem, contudo, o significado primeiro de aditamento, a saber, o sentido da
própria ação de aditar. Desse modo, seriam incorretos os seguintes exemplos: a) "Ao Poder
Executivo é facultado exigir que se proceda a alterações ou aditivo no contrato ou no estatuto..."; b)
"Não realizado o aditivo a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto sem
resolução do mérito"; c) "O aditivo a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos
mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais".

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09/02/2019 Aditamento contratual ou Aditivo contratual? - Gramatigalhas

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09/02/2019 Adjetivação desnecessária - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Adjetivação desnecessária

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Adjetivação desnecessária
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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A leitora Alessandra Marques dos Santos, do escritório Mello Mazzini Advogados envia à coluna
Gramatigalhas o seguinte texto:

"Eu gostaria de saber se é correto escrever 'meritíssimo juízo'".

Além de saber qual a forma correta em tais circunstâncias, é importante analisar a questão do
emprego do adjetivo antes dos substantivos, em expressões similares, na praxe forense: digna
autoridade, douta Curadoria ou Procuradoria, ilustrado órgão do Ministério Público, egrégia
Câmara, colendo Grupo, venerando acórdão, respeitável decisão, excelso Pretório.

1) O tratamento meritíssimo, de acordo com o ensino dos dicionaristas, destina-se ao juiz, não ao
juízo. A este, a praxe forense tem conferido outros tratamentos: digno juízo, douto juízo, etc.

2) Todavia, na apropriada lição de Eliasar Rosa, seria bom eliminar da linguagem jurídica uma
adjetivação “cheia de mesuras e que soa falso sem nada acrescentar às peças forenses: digna
autoridade; douta Curadoria ou Procuradoria; ilustrado órgão do Ministério Público; egrégia Câmara;
colendo Grupo; venerando acórdão; respeitável decisão ou despacho; excelso Pretório ou Pretório
excelso”.

3) Segundo tal autor, “tudo isso são salamaleques, hoje vazios de significação verdadeira. Autênticos
preciosismos são essas postiças reverências, sem as quais em nada fica sacrificada a cortesia do
advogado, nem a majestade da Justiça e a dos que a servem com elevação e dignidade”.

4) E, finalizando sua admoestação, aduz ele que a linguagem forense deve ser “sóbria e
parcimoniosa, clara, nobre, correta e persuasiva, que bem dispensa o ‘data venia’, o ‘datissima
venia’(!), o ‘concessa venia’, o ‘concessa maxima venia’, o ‘permissa venia’ou ‘venia permissa’etc...1

5) Nessa mesma esteira, sempre é bom não esquecer que se pode discordar com reverência e
polidez, e, por outro lado, a ofensa e o desrespeito podem muito bem embutir-se em cumprimentos
afetados, rapapés, adulações e lisonjas.

6) Por outro lado, atento ao fato de que muitos conceitos, por seu conteúdo, repelem um termo
qualificador, já que este não os modifica, assevera Edmundo Dantès Nascimento que os adjetivos,
em tais casos, são inúteis, porquanto os conceitos têm sua própria conotação, que lhes é conferida
pela doutrina e pela lei; e cita ele exemplos dessa inutilidade: cristalina e indefectível Justiça;
apresentar contestação válida.2

7) No que toca especificamente ao linguajar das determinações dos magistrados, acrescenta


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09/02/2019 Adjetivação desnecessária - Gramatigalhas
Geraldo Amaral Arruda que “não há conveniência em que o juiz, ao manifestar oficialmente o seu
convencimento, peça licença às partes, usando a expressão ‘data venia’ou outra equivalente, ou,
pior, ainda, a aberrante expressão ‘datissima venia’”.3

8) Registre-se, em outro aspecto, que, quanto ao vocábulo egrégio, Antonio Henriques o vê como
composto do prefixo e (ex) denotador de afastamento e grex-gregis (rebanho), significando, assim,
aquele ou aquilo “que sai do rebanho, do comum e se distingue da multidão”.

9) E, ressaltando que seu uso normal é antes do substantivo para realçá-lo, complementa tal autor
que ele “ocorre em expressões próprias do Direito e, em geral, com maiúsculas e sentido superlativo:
Egrégio Tribunal, Egrégia Corte, Egrégio Juiz, Egrégia Câmara e outras”.4

10) Atente-se, por fim, a que, quanto ao vocábulo egrégio, o art. 3º, caput, do Regimento Interno do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assim estatui: “Têm o Tribunal e todos os seus órgãos o
tratamento de Egrégio...”.
__________

1 Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p. 98-

99.

2 Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 229.

3 Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 11.

4 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 53.

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Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 Advogada infra-assinada? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Advogada infra-assinada?
quarta-feira, 6 de abril de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Danilo de Carvalho Cremonini, estagiário da Defensoria Pública do Estado de São


Paulo, envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Em debate acerca do correto emprego da expressão 'infra-assinado', sobreveio-me dúvida


quanto à sua concordância. A expressão, quando precedida dos substantivos femininos
'procuradora' ou 'defensora', deverá concordar com estes e ser redigida da seguinte forma:
'defensora infra-assinada' ou 'procuradora infra-assinada'? Ou o correto seria manter a forma
masculina da expressão: 'defensora ou procuradora infra-assinado'? Atenciosamente."

Advogada infra-assinada?

1) Um leitor pergunta se a expressão infra-assinado tem variação para o feminino (advogada infra-
assinada), ou se fica invariável (advogada infra-assinado).

2) Observe-se, num aspecto preliminar, que, para o prefixo infra, o Acordo Ortográfico veio
determinar que se usa o hífen, quando o elemento seguinte começa por a ou por h: infra-acústico,
infra-assinado, infra-atômico, infra-hepático, infra-humano.

3) Se o segundo elemento se inicia por outra vogal, que não a, a junção se dá sem emprego do
hífen: infraescrito, infraocular, infraumbilical.

4) E, se o segundo elemento se inicia por outra consoante, que não h, a junção também ocorre sem
uso de hífen algum, apenas dobrando-se r e s, conforme a necessidade de manutenção do som:
infrabucal, infracitado, infradotado, infrarrenal, infrassônico, infravermelho.

5) Ainda no aspecto de sua grafia, acresce dizer que tal expressão pode ser um substantivo
composto (como em o infra-assinado) ou um adjetivo composto (como em o advogado infra-
assinado), e, se emprega o hífen em ambos os casos.

6) De modo específico para a consulta, é de se dizer que, quer como substantivo, quer como
adjetivo, o que se tem estruturalmente em tal expressão é o prefixo infra (e, portanto, um elemento
invariável) e o adjetivo ou substantivo assinado (e, portanto, ambos elementos variáveis).

7) Por essa razão, assim se fazem os respectivos plurais: I) o infra-assinado, a infra-assinada, os


infra-assinados, as infra-assinadas; II) o advogado infra-assinado, a advogada infra-assinada, os
advogados infra-assinados, as advogadas infra-assinadas.

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09/02/2019 Advogada, Patrona ou Patronesse? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Advogada, Patrona ou Patronesse?


quarta-feira, 2 de julho de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Luis Fernando Carvalho envia-nos a seguinte mensagem:

"Caro Dr. José Maria da Costa, Seria correta a utilização de 'patronesse' em lugar de 'advogada'?
Ou somente estaria correto o emprego de 'patrona'?"

1) Indaga-se qual dos vocábulos é adequado para indicar a pessoa do sexo feminino que,
regularmente inscrita na OAB, defende um cliente em autos de processo judicial: advogada, patrona
ou patronesse?

2) Por um lado, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – veículo oficial da Academia


Brasileira de Letras para apontar, com força de lei, quais palavras existem oficialmente em nosso
léxico, assim como para definir qual sua grafia e pronúncia adequadas – em sua edição de 2004,
aponta para a existência oficial, em nosso idioma, dos três vocábulos referidos: patrono (masculino),
patrona (feminino) e patronesse (também feminino).1

3) Por outro lado, quando ao conteúdo semântico, se patrono (do latim, patronus), literalmente, é
aquele que protege, que serve de protetor, o certo é que, na linguagem jurídica, também "designa o
advogado que, em nome de outrem, defende seus interesses num processo, ou numa demanda, seja
na qualidade de autor, ou de réu".2

4) Dessas premissas, duas conclusões podem ser extraídas:

I) É de integral juridicidade empregar o vocábulo patrono (no masculino), como sinônimo de


advogado, e os dicionaristas atestam essa acepção de "advogado, em relação ao cliente".3

II) Por outro lado, sendo patrona o normal feminino desse vocábulo, na há dúvida de que pode
ela ser empregada como sinônimo de advogada.

III) Quanto a patronesse, porém, embora seja vocábulo que integra oficialmente nosso léxico,
nossos dicionaristas lhe conferem outra significação:

a) senhora que organiza ou patrocina festa ou campanha de beneficência4;

b) pessoa do sexo feminino escolhida por turma que cola grau, para receber homenagens na
cerimônia de formatura;

c) mulher que dá suporte a pessoa do mundo das artes.5

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09/02/2019 Advogada, Patrona ou Patronesse? - Gramatigalhas
5) Assim sendo, muito embora exista patronesse como vocábulo integrante do léxico oficial, seu
sentido, porém, não corresponde ao de advogada, motivo porque deve ser evitada a palavra nessa
acepção.

_________

1Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 598.

2Cf. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, vol. III. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1989, p. 332.
3Cf. HOUAISS, Antônio (Organizador). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva,

2001, p. 2.151.

4Cf. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 1. ed., 8. reimpressão. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, p. 1.047.

5Cf. HOUAISS, Antônio (Organizador). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva,

2001, p. 2.151.

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09/02/2019 Advogado e Pneu – A grafia mudou? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Advogado e Pneu – A grafia mudou?


quarta-feira, 27 de março de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Mariana de Jesus Lourenço envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Dúvida: o 'd' mudo do vocábulo advogado, por exemplo, ou o 'p' de pneu sofreram
modificação com a nova ortografia?! Ouvi comentários, que considerei absurdos. Daí, buscar
esclarecimentos. Obrigada!"

1) Uma leitora traz a seguinte dúvida: "O d mudo do vocábulo advogado, por exemplo, ou o p de
pneu sofreram modificação com o Acordo Ortográfico? Ouvi comentários, que considerei absurdos.
Daí buscar esclarecimento".

2) Importa observar, de início, que o Acordo Ortográfico veio para eliminar consoantes inúteis,
existentes na grafia mas não pronunciadas, e fixou como fator determinante para sua conservação
ou eliminação as pronúncias cultas da língua.

3) E fixou alguns critérios para tanto: a) Em caso de uniformidade de pronúncia nos países
signatários do Acordo, a grafia será única: ficção, apto, ato, Egito; b) Quando tal uniformidade não
existe, admite-se dupla grafia: sector, setor; concepção, conceção; c) Nas sequências mpc, mpç e
mpt, se o p for eliminado, a letra m passa a n: Assumpção, assunção; sumptuoso, suntuoso; d) Nas
sequências bd, bt, gd, mn e tm, a primeira letra conserva-se ou elimina-se facultativamente, uma vez
que na língua não existe uniformidade de pronúncia: súbdito, súdito; subtil, sutil; amígdala, amídala;
amnistia, anistia; aritmética, arimética.

4) Em resumo, se o Acordo Ortográfico, no aspecto da consulta, veio para eliminar consoantes


inúteis, existentes na grafia mas não pronunciadas, obviamente não atinge a grafia de vocábulos
como advogado e pneu, em que as consoantes são pronunciadas de modo claro e distinto.

5) Assim, a grafia de tais vocábulos continua sendo exatamente advogado e pneu, como, aliás,
facilmente se pode constatar pela última edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,
editado pela Academia Brasileira de Letras, que é o órgão que detém a delegação legal para listar
oficialmente os vocábulos que pertencem ao vernáculo.1

______________________

1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p.
25 e 660.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI128811,61044-Advogado+e+Pneu+A+grafia+mudou 1/2
09/02/2019 Advogado, Ad(e)vogado ou Ad(i)vogado? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Advogado, Ad(e)vogado ou Ad(i)vogado?


quarta-feira, 21 de junho de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Arthur Vieira de Moraes Neto envia-nos a seguinte mensagem:

"Como o palavreado dominante é o utilizado por Vossas Excelências, os parlamentares, peço


vênia para perguntar à Redação algo que me intriga: Uma campanha publicitária, veiculada
nos rádios conclama profissionais liberais para fazerem seguro com vantagens. Chama os
profissionais do Direito de ad(i)vogados, seguindo certamente ad(i)mirar, ad(i)ministrar, etc.
Ora a letra muda chama-se 'de' e não 'di'. Ninguém fala p(i)neu e sim p(e)neu, e o caso é o
mesmo, 'pe' mudo e não 'pi'. Creio que muitos migalheiros ficarão agradecidos se houver um
esclarecimento. Com a palavra a redação. Grato."

1) Quando se tem, em determinado vocábulo, p+e, pronuncia-se pe; já p+i soa, logicamente, pi. P
sozinho, todavia, não seguido de vogal alguma na palavra, não é pe nem pi; constitui apenas um
ruído, e não um som, uma vez que este se caracteriza pela presença de uma vogal: a, e, i, o, u.

2) Deve-se ter em mente essa realidade, quando se está diante de palavras com consoantes
desacompanhadas de vogais: absoluto, administração, admirar, advogado, captar, optar, pneu,
psicologia.

3) Tente o leitor, como exercício, pronunciar, diferenciando, pe, pi e simplesmente p. Quando notar a
diferença, verá, por exemplo, que a pronúncia não será p(i)neu nem p(e)neu, mas apenas pneu. Em
seguida, tente exercitar-se na pronúncia de outras palavras que tenham consoantes
desacompanhadas de vogais, como as da lista anterior.

4) Quando isso ocorrer, há de verificar, para o caso específico da consulta, que não se pronuncia
ad(e)vogado nem ad(i)vogado, mas apenas advogado.

5) Acrescente-se, ainda, que a parte da Gramática que cuida da correta pronúncia dos vocábulos
chama-se ortoepia (ou ortoépia). E Eliasar Rosa, a respeito de advogado, faz a seguinte advertência:
"É comum ouvir o barbarismo: adevogado. Epêntese viciosa que até advogados cometem, porque
não proferem muito ligeiramente o d, mas lhe acrescentam, na pronúncia, um e inexistente".1

6) Esclareça-se, por fim, que epêntese viciosa é a inserção equivocada de um ou mais fonemas no
meio de uma palavra, geralmente para facilitar a pronúncia.

___________

1Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p. 23.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI26096,81042-Advogado+Adevogado+ou+Adivogado 1/2
09/02/2019 Aforisma ou Aforismo? - Gramatigalhas

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Aforisma ou Aforismo?
quarta-feira, 11 de março de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Roberto Toledo envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Sempre me vem a seguinte dúvida: 'o aforisma' é expressão correta? O certo não é 'a
aforisma’? Aforismo também existe?"

1) Aforisma é palavra inexistente com o sentido que pretendem dar-lhe, muitas vezes empregada de
modo errôneo em arrazoados forenses.

2) Já aforismo, palavra de origem grega, significa um dito, "máxima ou sentença, que em poucas
palavras contém uma regra ou um princípio de grande alcance".

3) Anote-se que o vocábulo é masculino. Ex.: "É antigo o aforismo de que não se há de condenar
alguém sem o devido processo legal".

4) Atente-se, também, ao erro muito comum de se dizer e escrever aforisma, ao mesmo tempo em
que se lhe atribui o gênero masculino (o aforisma); tal palavra assim não existe.

5) O que, em realidade, existe, é aforisma, vocábulo efetivamente feminino, de uso na veterinária, a


indicar tumor, em regra sanguíneo, que se forma nos animais, pela ruptura dos vasos.

6) Atento aos frequentes equívocos que se cometem a seu respeito, Eliasar Rosa, com propriedade,
adverte a que "não se diga aforisma, por influência, talvez, de sofisma, aneurisma etc.".

7) Anote-se, por fim, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de
Letras, órgão incumbido oficialmente de determinar a existência dos vocábulos em nosso idioma,
registra a existência tanto de aforisma (como substantivo masculino) como de aforismo (também
como substantivo masculino), sem, contudo precisar-lhe o sentido ou especificar explicação, o que
não é da essência de sua atividade em casos dessa natureza.

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09/02/2019 Aforisma ou Aforismo? - Gramatigalhas

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09/02/2019 Agora há pouco - Existe? - Gramatigalhas

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Agora há pouco - Existe?


quarta-feira, 1º de março de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Mariana de Jesus Lourenço envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Vejo, habitualmente, no telejornalismo global, a expressão 'agora há pouco'. Para mim, se é


'agora' (presente), já não é 'há pouco' (passado). Estou certa? O correto não seria, tão
somente, há pouco, quando se quer dizer que já ocorreu e não que está ocorrendo?
Obrigada."

1) Uma leitora observa que vê e ouve, com frequência, na televisão, o emprego da expressão agora
há pouco. Parece-lhe que, se é agora (presente), não pode ser há pouco (passado). E indaga qual
a forma correta.

2) Esclareça-se, de início, que agora vem do latim, hac hora, com o sentido etimológico de nesta
hora.

3) Por isso, seu significado mais comum é nesta ocasião, atualmente, presentemente. Exs.: a)
"Agora não posso sair"; b) "A moda agora é corpo tatuado"1.

4) Ocorre, todavia, que também se confere a essa palavra o conteúdo semântico de há pouco
tempo, há poucos instantes. Exs.: a) "Ele chegou agora mesmo"; b) "Não posso sair, porque vim
agora do trabalho"2.

5) E, nessa acepção de passado recente, vem com frequência nas formas ainda agora, ou agora
mesmo, ou agorinha, ou mesmo ainda agorinha. Exs.: a) "Ainda agora usava calças curtas; hoje faz
defesas no tribunal"; b) "Fez o café agora mesmo"; c) "Voltou da rua agorinha"; d) "Chegou do
trabalho ainda agorinha".

6) Com essas observações como premissas e procurando responder à indagação da leitora, é de se


dizer que, do mesmo modo que há outras formas reforçativas para agora no sentido de passado
recente – ainda agora, agora mesmo, agorinha e ainda agorinha – nada impede que se adicione a
essa lista a expressão agora há pouco, também no mesmo sentido de passado próximo.

7) Em outros dizeres, para sintetizar: a) agora não tem apenas o sentido de presentemente, mas
pode também significar um passado recente; b) nada impede, assim, que, nesse último sentido, a
palavra agora venha reforçada pela expressão há pouco; c) nesse sentido, pode-se até mesmo
dizer que agora há pouco é uma expressão pleonástica; d) mas não se pode tê-la como errônea ou
equivocada, até porque o pleonasmo nem sempre é vicioso, exatamente como se dá no caso
vertente.

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09/02/2019 Agora há pouco - Existe? - Gramatigalhas
________________

1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010, p.
75.

2 HOUAISS, Antônio (Organizador). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva,
2001, p. 118.

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09/02/2019 Agradável de se ler ou Agradável de ler? - Gramatigalhas

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Agradável de se ler ou Agradável de ler?


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Ana Amélia Farias envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Vejo em vários lugares escrito agradável de se ler e sempre me pergunto se o correto não
seria agradável de ler. Professor José Maria, me ajude a esclarecer essa dúvida."

1) Uma expressão como agradável de se ler – que serve de modelo a tantas outras de mesma
estrutura – é errada e deve ser corrigida para agradável de ler.

2) Para justificar sua correção, basta que se atente à lição de José de Nicola e Ernani Terra: "Em
construções em que o infinitivo é precedido de preposição de e por adjetivos como agradável, fácil,
difícil, possível e semelhantes é errado utilizar-se o pronome se, já que, nessas construções, o
infinitivo já tem sentido passivo". Exs.: a) "Isso é fácil de fazer" (= de ser feito); b) "Aquilo é difícil de
conseguir" (= de ser conseguido); c) "Trata-se de obra agradável de ler" (= de ser lida); d) "Aquele é
um projeto possível de desenvolver” (= de ser desenvolvido).

3) A essas expressões, como o modelo e os outros exemplos lançados pelos ilustres gramáticos,
podem-se acrescentar muitas outras: a) bom de se comer (corrija-se: bom de comer); b) duro de se
roer (corrija-se: duro de roer)...

4) Oportuno é acrescentar valiosa lição de Domingos Paschoal Cegalla para tais casos: "Se o
infinitivo vier seguido de complemento, é preferível dispensar a preposição de depois de difícil [ou
mesmo depois de outro adjetivo]: Hoje é difícil conseguir um bom emprego".

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09/02/2019 Agradecê-lo ou agradecer-lhe? - Gramatigalhas

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Agradecê-lo ou agradecer-lhe?
quarta-feira, 23 de abril de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Enio Pereira da Rosa envia-nos a seguinte mensagem:

"Após ler o merecido agradecimento ao mestre José Maria da Costa contido no Direto da
Redação desse poderoso rotativo, fico a me perguntar o que teria a dizer o insigne mestre ao ler
no referido texto (Migalhas 1.728 – 29/8/07)... agradecê-lo em vez de agradecer-lhe, pois, salvo
melhor juízo, quem agradece algo o faz a alguém por meio de complemento verbal indireto, logo,
com preposição."

O leitor Sílvio Alonso, acerca do mesmo assunto, assim também se manifestou:

"Leio nos esclarecimentos de Migalhas (1.728 – 29/8/07): 'Nós aqui de Migalhas, em nome dos
migalheiros, é que temos de agradecê-lo'. - Agradecê-lo ou agradecer-lhe, meu caro professor?
Isso está parecendo aquela ressalva célebre do escrevente: Onde digo digo não digo digo digo
Diogo. Enfim, herrare humanum oeste."

1) A dúvida que se põe é se, quando se quer agradecer a uma pessoa, diz-se agradecê-lo ou
agradecer-lhe?

2) Vale sempre lembrar, como princípio básico, que o estudo do relacionamento entre as palavras na
frase diz respeito a uma parte da Gramática denominada sintaxe (do grego sin = conjunto + taxe =
construção).

3) E o capítulo específico da Gramática que trata das preposições exigidas pelo verbo para iniciar
seu complemento (ou mesmo ausência de preposição) chama-se regência verbal.

4) Em nosso idioma, as questões de construção, ou seja, de sintaxe, são solucionadas pelo uso que
nossos melhores autores, desde Camões (1524-1580), fizeram do idioma pátrio. E a expressão
melhores autores deve abranger aqueles escritores que empregaram o vernáculo com apuro e zelo.

5) Buscar, porém, na obra literária dos nossos melhores autores, como foi o emprego da regência do
verbo agradecer é como procurar agulha em um palheiro.

6) Mas isso não é necessário, pois, de um modo geral, estudiosos e gramáticos já realizaram
estudos nesse sentido, compilaram milhares de exemplos e sistematizaram, em monografias
preciosas, grande parte da sintaxe de vocábulos dessa natureza.

7) De modo específico para os limites da indagação, ensina Domingos Paschoal Cegalla que o verbo
agradecer "constrói-se com objeto indireto de pessoa" (e pede a preposição a). Ex.: "Ele agradeceu

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI58942,41046-Agradecelo+ou+agradecerlhe 1/2
09/02/2019 Agradecê-lo ou agradecer-lhe? - Gramatigalhas

ao doutor e saiu".1

8) Feita essa observação de que o verbo agradecer, nesse sentido, pede objeto indireto com a
preposição a, caminha-se mais um passo. Os pronomes pessoais oblíquos átonos o, a, os e as
servem para funcionar como objetos diretos, enquanto os pronomes lhe e lhes servem para substituir
objetos indiretos. Exs.:

a) "O juiz sentenciou o caso";

b) "O juiz sentenciou-o";

c) "O documento pertence aos autos";

d) "O documento pertence-lhes".

9) Com essas premissas, parece não haver dúvida, assim, quanto ao acerto ou erronia dos exemplos
trazidos como dúvida, para quando se quer agradecer a uma pessoa:

I) "Ele quis agradecer o autor" (errado);

II) "Ele quis agradecê-lo" (errado);

III) "Ele quis agradecer ao autor" (correto);

IV) "Ele quis agradecer-lhe" (correto).

__________

1Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora

Nova Fronteira, 1999, p. 16.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 Agravo de ou por instrumento? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Agravo de ou por instrumento?

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Agravo de ou por instrumento?


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Thiago Assunção envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"A legislação fala em 'Agravo DE Instrumento', mas o correto não seria 'Agravo POR
Instrumento'?"

1) Um leitor observa que a legislação fala em agravo de instrumento; mas indaga se não seria
correto dizer e escrever agravo por instrumento.

2) Ora, de modo específico para o agravo – uma modalidade de recurso em processos judiciais –
Francisco Fernandes vê possibilidades de construção com as preposições de e em: "agravo de
petição" e "agravo no (em + o) auto do processo". Nesse mesmo sentido é o ensino de Celso Pedro
Luft.

3) O dicionarista Antônio Houaiss refere apenas a possibilidade de construção com a preposição de:
agravo de petição e agravo de instrumento.

4) Já quanto à legislação codificada, anota-se que o Código de Processo Penal não emprega a
palavra agravo em nenhum de seus dispositivos, e o Código de Processo Penal Militar o faz por
duas vezes, ambas para a expressão agravo de instrumento.

5) A Consolidação das Leis do Trabalho refere cinco vezes agravo de instrumento e outras cinco,
agravo de petição.

6) E o Código de Processo Civil de 1973 dentre outros empregos do vocábulo agravo, emprega dez
vezes a expressão agravo de instrumento.

7) Ante esse quadro, é de relevo resumir, por um lado, que em nenhum código vigente aparece o
circunlóquio agravo por instrumento. E apenas uma única vez se registra que, nesse recurso, "será
admitida sua interposição por instrumento" (CPC/1973, art. 522, caput).

8) Todavia, quando se encontra tal expressão, ainda que por uma única vez no direito posto, importa
observar que ela vem exatamente para explicitar qual seja a realidade do agravo em um caso
concreto: um recurso que, a par do tipo retido, admite, na hipótese versada, sua interposição por
instrumento.

9) Nesse quadro, se é verdade, por um lado, que os gramáticos, a tradição jurídica e o direito posto
não têm usualmente contemplado a perífrase tal como trazida pelo leitor, uma adequada análise

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI274825,81042-Agravo+de+ou+por+instrumento 1/2
09/02/2019 Agravo de ou por instrumento? - Gramatigalhas
gramatical da realidade demonstra, por outro lado, que nem por isso ela se alheia do leque das
possibilidades gramaticais de uso.

10) Com essas reflexões, passa-se a responder ao leitor: a) é certo que a única forma dessa
expressão encontrada nas leis atualmente em vigor é agravo de instrumento; b) também é certo
que a perífrase agravo por instrumento não encontra registro nem entre os gramáticos e
estudiosos do assunto, nem na tradição do nosso Direito; c) encontra-se, todavia, embora por uma
única vez, ao se falar desse recurso, a perífrase "interposição por instrumento" (CPC-1973, art.
522, caput); d) e uma detida análise gramatical e sintática mostra nela uma explicação adequada de
tal modalidade de agravo e, por consequência, patenteia a própria correção do intento do leitor; e)
isso quer dizer, em suma, que, a par da expressão consagrada pelos estudiosos do idioma e do
Direito (agravo de instrumento), nada impede que o referido recurso também seja denominado
agravo por instrumento; f) a circunlocução por último referida, aliás, traz com clareza até maior do
que a expressão consagrada o intuito do complemento preposicionado (isto é, explicitar que se trata
de um agravo cuja interposição se dá por instrumento).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
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Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
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09/02/2019 Aguar - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Aguar
quinta-feira, 3 de novembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Recebemos do leitor Conrado de Paulo a seguinte mensagem:

"Prof. José Maria, Qual é o certo? 'Que se apazigúe', ou 'Que se apazígüe' ? Existe regra,
sem exceção, para aguar, enxaguar, e verbos do gênero ?"

1) Modernos gramáticos lecionam que este verbo, quanto à pronúncia, deve seguir averiguar, o que,
segundo eles, significa que se deva pronunciar: agúo, agúas...

2) Melhor posição, todavia, parece estar com outros – como, por exemplo, Otelo Reis – para os quais
aguar, enxaguar e desaguar devem seguir a pronúncia geral do povo: enxáguo, enxáguas...,
enxágüe...

3) Seguindo essa última corrente, que parece a mais aceitável, algumas regras podem ser fixadas
para a conjugação desses verbos:

I) – o u sempre é pronunciado, como se dá na palavra água;

II) – a sílaba forte, nesses casos de maior dúvida, recai no a;

III) – quando ao u se segue e, usa-se o trema.

4) Essa é a posição de diversos autores clássicos, de bons autores modernos e do próprio


Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras.

5) Em termos mais práticos, nos tempos em que há maiores problemas – presente do indicativo e
presente do subjuntivo – assim fica sua conjugação: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
(presente do indicativo); ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem (presente do subjuntivo).

6) Em outros tempos verbais, muito mais do que a conjugação verbal, eventuais problemas referem-
se ao uso do trema: agüei, aguaste...

7) Reitere-se que por aguar se conjugam desaguar e enxaguar.

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09/02/2019 Alavancar - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Alavancar
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Ana Paula Pires Nunes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"O verbo 'alavancar' é citado no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa ou é um


neologismo não-oficializado?"

1) Indaga uma leitora se o verbo alavancar é citado no Vocabulário Ortográfico da Língua


Portuguesa, ou se é um neologismo não-oficializado.

2) Uma consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira
de Letras, em sua mais recente edição, mostra que tal vocábulo integra oficialmente nosso idioma. [1]

3) Acresce dizer que a ABL, entidade que edita o VOLP, tem, por delegação da lei, a a autoridade
oficial e a incumbência de listar as palavras pertencentes ao nosso idioma, assim como de
determinar-lhe a grafia e fixar-lhe a pronúncia.

4) Em outros dizeres, se um vocábulo se encontra registrado na referida obra, significa que ele existe
oficialmente em nosso idioma e deve ser empregado com a grafia e a pronúncia ali especificadas.

5) Por outro lado, se uma palavra lá não se encontra, não está autorizado seu emprego nos textos
que devam submeter-se à norma culta. Essa é a lei, e qualquer problema adicional há de ficar para
discussões teóricas, no plano científico, sem interferência imediata no seu emprego.

6) Observa-se, em adição, que nada impede que, em determinada oportunidade, a ABL altere
posicionamento anterior e passe a incluir no VOLP determinado vocábulo que, até então, ali não
constava.

7) Esclarece-se, por fim, que a ABL mantém, "on line", em seu endereço eletrônico, o VOLP
atualizado. Para tanto, digite no Google a sigla ABL (ou Academia Brasileira de Letras, ou busque
por academia.org.br) e clique na expressão Busca no Vocabulário. Siga, então, as instruções ali
constantes. Se a palavra digitada no espaço de pesquisa constar do VOLP, ela vai aparecer. Se não,
surgirá o esclarecimento de que ela não faz parte dele.

______________

[1] - Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Imprinta,

2004, p. 31.

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09/02/2019 Alavancar - Gramatigalhas
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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
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09/02/2019 Alerta – Existe no plural? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Alerta – Existe no plural?


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Maria Rita S. Dias envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Minha dúvida é se existe o plural da palavra 'alerta'. A frase 'Estamos todos alertas." está
correta?"

1) Tradicionalmente se tem considerado alerta apenas um advérbio e, assim, tem-se preconizado


seu emprego invariável. Ex.: "Estamos todos alerta".

2) Reforçando esse ensino, observa Evanildo Bechara que "há uma tendência para se usar deste
vocábulo como adjetivo, mas a língua padrão recomenda se evite tal prática".

3) Assim também é a lição de Luiz Antônio Sacconi: "fica invariável, porque não é adjetivo, mas
advérbio", muito embora anote tal autor, na língua popular, "uma forte inclinação para a flexão da
palavra".

4) E Luís A. P. Vitória: "Quando alerta for advérbio, manter-se-á invariável: 'As sentinelas
mantinham-se alerta' (e não alertas)".

5) Reiterando a lição de que "não tem cabimento a flexão alertas", apenas excepcionando tal
possibilidade quanto se trata de substantivo – "soaram dois alertas" – Sousa e Silva colheu exemplo
de erronia em um vespertino: "Os observatórios de todo o mundo estão alertas, e os canhões
telescópicos, apontados contra o infinito, aguardam a noite".

6) Repetindo esse ensino tradicional da Gramática, observam José de Nicola e Ernani Terra , por um
lado, que "alerta é advérbio, portanto não deve variar"; por outro lado, atestando o que vem
ocorrendo na linguagem coloquial, com os efeitos sendo espraiados para a própria linguagem
literária, acrescentam que é "comum, no entanto, mesmo em bons autores, encontrar o emprego
dessa palavra como adjetivo, variando, portanto".

7) E Domingos Paschoal Cegalla anota que "na língua de hoje é mais empregado como adjetivo,
portanto variável, no sentido de vigilante, atento". Exs.: a) "Temos de estar alertas..." (Oto Lara
Resende); b) "Fingia-se absorvida, porém seus ouvidos estavam alertas" (Menotti Del Picchia); c)
"Todos os seus sentidos estão alertas" (Adonias Filho).

8) Ora, apesar de considerado um advérbio pelo ensino tradicional, o certo é que o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, órgão incumbido oficialmente
de determinar a natureza dos vocábulos em nosso idioma, a par de advérbio, também permite, de
modo expresso, seu emprego como adjetivo.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI226719,21048-Alerta+Existe+no+plural 1/2
09/02/2019 Alerta – Existe no plural? - Gramatigalhas
9) Disso resulta a obrigatoriedade de também ser aceita sua flexão como tal. Exs.: a) "Estamos todos
alerta" (correto); b) "Estamos todos alertas" (correto); c) "As sentinelas mantinham-se alerta"
(correto); d) "As sentinelas mantinham-se alertas" (correto); e) "Os observatórios de todo o mundo
estão alerta" (correto); f) "Os observatórios de todo o mundo estão alertas" (correto); g) "Temos de
estar alerta" (correto); h) "Temos de estar alertas" (correto); i) "Fingia-se absorvida, porém seus
ouvidos estavam alerta" (correto); j) "Fingia-se absorvida, porém seus ouvidos estavam alertas".

10) No plano da regência, Celso Pedro Luft vê a possibilidade de construção com uma de três
preposições, a saber, a, contra e para: a) "Sensibilidade muito alerta ao sofrimento humano"; b)
"Pessoa alerta contra imprevistos"; c) "No olhar a expressão de quem está alerta para aquele
chamamento".

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09/02/2019 Alface – O ou a? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Alface – O ou a?
quarta-feira, 27 de julho de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Selma da Silva envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Tenho ouvido, em restaurantes, pessoas pedindo o alface, em vez de a alface. Como tem
sido muito comum, até eu fiquei na dúvida: o certo é o alface ou a alface? Obrigada."

1) Uma leitora afirma que tem ouvido, com certa frequência, em restaurantes, pessoas pedindo o
alface em vez de a alface. Como até ela ficou na dúvida, pergunta se o correto é dizer e escrever o
alface ou a alface.

2) Ora, sempre é bom lembrar – até para criar no leitor o hábito de um salutar raciocínio que se
repete – que, quando se quer saber se uma palavra existe ou não em português, ou mesmo qual é
seu gênero, grafia e/ou pronúncia, ou qual o seu plural quando foge à normalidade, deve-se tomar
por premissa o fato de que a autoridade para listar oficialmente os vocábulos pertencentes ao nosso
idioma e para definir-lhes as demais peculiaridades e circunstâncias, é a Academia Brasileira de
Letras.

3) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.1

4) Uma simples consulta ao VOLP mostra que alface é palavra pertencente ao gênero feminino (a
alface, e não o alface).2

5) Assim, em reposta à leitora, confiram-se os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção
ou erronia entre parênteses: a) "Ele pediu um alface com tomate" (errado); b) "Ele pediu uma alface
com tomate" (correto).

______________

1 Em algumas épocas, a ABL põe o VOLP à disposição do leitor on-line; em outras, a disponibilização ocorre apenas por
edição de livro específico com tal função.

2 Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global Editora
Distribuidora Ltda., 2009, p. 37.

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09/02/2019 Alface – O ou a? - Gramatigalhas

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09/02/2019 Alternativa ou outra alternativa? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Alternativa ou outra alternativa?


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Paulo Trevisani, do Sistema COC de Ensino,envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Caro professor e ex-magistrado Dr. José Maria. Deparei com a seguinte frase. 'Não lhe restando ao credor outra
alternativa senão procurar a via judicial'. É correto usar o vocábulo 'outra' ou é dispensável."

1) A indagação a que ora se responde busca saber se está correta a seguinte frase: "... não lhe
restando ao credor outra alternativa, senão procurar a via judicial". E se questiona se é correto o
emprego de outra, ou se é dispensável tal vocábulo.

2) Ora, por um lado, a análise do vocábulo alternativa faz ver que nele já existe um radical (alter)
que, em latim, significa outro.

3) Com base em tal argumento da etimologia, até mesmo há quem veja na expressão outra
alternativa um pleonasmo vicioso, uma redundância, que se há de evitar com a supressão do
pronome.1

4) Não se pode, porém, esquecer que, quando se fala em alternativa, não se tem necessariamente
uma dualidade de posições, de modo que se pode abrir um leque para uma multiplicidade delas. Ou
seja: quando se fala em alternativas, pode-se não estar em face de apenas duas delas, mas até
mesmo de várias para escolher.

5) Assim, apesar da aparente redundância perceptível pela etimologia, pode muito bem ser correto,
dependendo da análise do caso concreto, o emprego da expressão outra alternativa. Ou seja: entre
apenas duas alternativas, dispensável é o pronome outra; em face de mais de duas opções,
entretanto, é correto o emprego do mencionado pronome.

__________

1Cf. RODRÍGUEZ, Victor Gabriel de Oliveira. Manual de Redação Forense. 1. ed. Campinas: Mizuno, 2000, p. 390.

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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI45348,101048-Alternativa+ou+outra+alternativa 1/2
09/02/2019 Alternativa ou outra alternativa? - Gramatigalhas

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09/02/2019 Aluga-se uma casa - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Aluga-se uma casa


quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Um pedido de solução para o emprego do verbo assistir, formulado pelo leitor Jefferson Ribeiro,
trouxe não apenas a solução específica de uso desse verbo, mas uma coluna adicional sobre o
conceito e o emprego da voz passiva dos verbos em Português. Alguns leitores, todavia, pedem
que se esmiúce a questão da voz passiva sintética e da formulação do plural em tais
circunstâncias.

1) Diferentemente da frase Gosta-se de um bom vinho - com a qual esta deve sempre ser comparada
em análise - uma frase como Aluga-se uma casa, em que há um se acoplado ao verbo, pode ser dita
de outra forma: Uma casa é alugada.

2) E, por permitir essa transformação, pode-se dizer que é uma frase reversível, que serve de
modelo para todas as outras, também reversíveis, que tenham o se unido ao verbo desse modo.

3) Em frases dessa natureza, podem-se extrair as seguintes conclusões:

a) o exemplo está na voz passiva sintética;

b) o se é partícula apassivadora;

c) o sujeito é uma casa (sujeito, e não objeto direto).

4) Por essas razões, se, em vez de uma casa, se diz casas, tem-se, por conseqüência, o sujeito no
plural.

5) Exatamente por isso e por mera aplicação da regra de concordância verbal de sujeito simples, se
o sujeito está no plural, o verbo também deve ir para o plural: “Alugam-se casas”.

6) Atente-se a que essa é uma construção muito comum nos meios jurídicos, devendo-se zelar por
sua concordância adequada, no plural, e não no singular: “Buscaram-se soluções para o conflito”;
“Citem-se os réus”; “Devolvam-se os autos”; “Entreguem-se os autos da carta precatória”; “Intimem-
se as testemunhas”; “Processem-se os recursos”.

7) A essa altura, lembre-se o ensinamento de Mário Barreto: “Pondo de lado discussões teóricas,
complicadas e difíceis, todos, na prática, estamos de acordo, sábios e leigos, em que viu-se muitas
desgraças, aceita-se comensais, via-se lindas flores, aqui vende-se jornais, na passiva com se, são
concordâncias absolutamente intoleráveis em português”.1

8) Pelas observações já feitas, tais frases devem ser assim corrigidas: viram-se muitas desgraças,
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI4853,71043-Alugase+uma+casa 1/3
09/02/2019 Aluga-se uma casa - Gramatigalhas
aceitam-se comensais, viam-se lindas flores, aqui vendem-se jornais.

9) Vale registrar a observação de Júlio Nogueira, para quem, em situações dessa natureza, a índole
de nossa língua exige que se concorde o verbo com o seu sujeito (Alugam-se casas), do mesmo
modo como usaríamos o plural com outra forma passiva (Casas são alugadas).2

10) Atente-se, de igual modo, à admoestação de Eduardo Carlos Pereira de que “são, pois,
solecismos”, que importa evitar, as expressões: Corta-se árvores, Vende-se queijos, Conserta-se
relógios, Compra-se livros usados, Ferra-se cavalos”.3

11) A exemplo de ensino anterior, tais frases devem ser assim corrigidas: Cortam-se árvores,
Vendem-se queijos, Consertam-se relógios, Compram-se livros usados, Ferram-se cavalos.

12) A um consulente que lhe indagava qual a forma correta – “Fez-se tentativas”ou “Fizeram-se
tentativas”- Cândido de Figueiredo, asseverando que, “a este respeito, não pode haver duas opiniões
fundamentadas”, observava ser “pecado grave contra a língua portuguesa” a primeira forma, que “é
construção francesa, e portanto galicismo de frase, além de erro de gramática”.

13) E explicava o motivo de sua posição: “os ingênuos supõem que o on francês equivale ao
pronome se português, e, ao verem ‘on achete des livres’, traduzem lampeiramente – ‘compra-se
livros’... No citado exemplo francês, on é sujeito da proposição; em português o se nunca é sujeito”.4

14) Anote-se, ademais, que desses equívocos nem mesmo escapam os melhores escritores, como,
só para ilustrar, se vê no caso de Mário Barreto, que estudava um erro de concordância verbal de Rui
Barbosa e um outro de Alexandre Herculano, e exatamente no artigo em que o fazia, incidiu no
mesmo solecismo (muito embora tenha corrigido de pronto tal descuido no artigo seguinte): “Na
língua falada, faz-se quotidianamente freqüentes aplicações”...”5 Ante os ensinos anteriores, corrija-
se para: “Na língua falada, fazem-se quotidianamente freqüentes aplicações...”

15) Também não estão imunes a equívocos desse jaez os próprios textos de lei, que, esquecidos da
existência do se e da necessidade de flexão verbal, olvidam a concordância do verbo com o seu
sujeito.

16) Assim o art. 273 do Código Civil de 1916, em redação conferida pela Lei 4.121, de 27/8/62, que
instituiu o Estatuto da Mulher Casada: “No regime da comunhão de bens, presume-se adquiridos na
constância do casamento os móveis, quando não se provar com documento autêntico, que o foram
em data anterior”.

17) Sua correção há de ser: “... presumem-se adquiridos... os móveis” (porque os móveis são
presumidos adquiridos).

18) De igual modo, o art. 33 do Decreto-lei 70, de 21/11/66, que instituiu a cédula hipotecária:
“Compreende-se no montante do débito hipotecado, para os efeitos do art. 32, a qualquer momento
de sua execução, as demais obrigações contratuais vencidas...”

19) Corrija-se: “Compreendem-se... as demais obrigações contratuais vencidas...”(porque as


obrigações contratuais vencidas são compreendidas).

20) E também o art. 113 da Lei 8.078, de 11/9/90, que dispôs sobre a proteção ao consumidor:
“Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5° da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985.”

21) A correção há de ser: “Acrescentem-se os seguintes §§...” (porque os seguintes parágrafos


sejam acrescentados).
___________

1 Cf. BARRETO, Mário. Através do Dicionário e da Gramática. 3. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1954.

p. 263.

2 Cf. NOGUEIRA, Júlio. A Linguagem Usual e a Composição. 13. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1959. p. 72.

3 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato & Cia.,

1924. p. 321.

4 Cf. FIGUEIREDO, Cândido de. Falar e Escrever. 6. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1946. vol. I, p. 13-14.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI4853,71043-Alugase+uma+casa 2/3
09/02/2019 Aluga-se uma casa - Gramatigalhas
5 Cf. JUCÁ FILHO, Cândido. Índice Alfabético e Crítico da Obra de Mário Barreto. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui

Barbosa, 1981. p. 54.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
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fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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por José Maria da Costa

Aluguel ou Aluguer?
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

1) Conquanto aluguel seja mais recente, com o plural aluguéis, também é correta a forma mais
antiga aluguer, que tem por plural alugueres.

2) Observam José de Nicola e Ernani Terra que "ambas as formas são aceitas como corretas",
esclarecendo que aluguel "é de uso mais comum no Brasil", ao passo que aluguer "é muito
empregada em Portugal e na linguagem jurídica".

3) E reiteram tais autores que "aluguel faz o plural aluguéis e aluguer, alugueres".1

4) Luís A. P. Vitória, embora dê preferência, sem justificativas adicionais, a aluguel, aceita que "são
formas variantes, portanto admissíveis ambas".2

5) Domingos Paschoal Cegalla, entre aluguel e aluguer, faz sua opção para o emprego cotidiano:
"prefira-se a primeira forma. A segunda (aluguer) é restrita à linguagem forense".3

6) Acresça-se que Rui Barbosa, ao fazer comentários acerca da redação do art. 1.191 do Projeto do
Código Civil, aceitou indiferentemente ambas as variantes;4 por sugestão sua, entretanto, acabou
vingando aluguer na redação definitiva do art. 1.190 do Código Civil de 1916.

7) E, sistematicamente, o Código Civil emprega as formas aluguer e alugueres (arts. 178, § 10, IV,
776, II, 1.192, II, 1.193, 1.195, 1.196, 1.201, 1.202, 1.205, 1.214, 1.252, 1.566, VII).

8) Nessa mesma esteira de dupla possibilidade de emprego, esclarece Silveira Bueno que, assim
como em outros vocábulos, as duas consoantes finais, l e r, substituem-se indistintamente, e ambas
as formas são igualmente aceitas e corretas; apenas acrescenta ele que, no caso, "a grafia com r já
vai cedendo lugar à grafia com l ".5

9) Dirimindo qualquer dúvida para a atualidade, registra ambas as formas o Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa* editado pela Academia Brasileira de Letras, órgão incumbido de atestar
oficialmente quais os vocábulos que integram nosso léxico,6 o que implica asseverar que o emprego
de ambas as formas está oficialmente autorizado.

10) Quanto aos demais textos de lei – além do Código Civil de 1916 já referido -, há alguns casos de
emprego das formas aluguer e alugueres (Decreto-lei n. 3.200, de 19/4/41, art. 7º, parágrafo único;
Decreto-lei n. 7.661, de 21/6/45, art. 44, VII; Lei n. 5.478, de 25/7/68, art. 17; Lei n. 8.245, de
18/10/91, art. 69).

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09/02/2019 Aluguel ou Aluguer? - Gramatigalhas
11) Quer em tempos antigos, todavia, quer em tempos modernos, tem-se dado preferência às formas
aluguel e aluguéis (Código Comercial, arts.87, 96, 97,99, 100, 113, 116, 228, 230, 470, 764; Código
de Processo Civil, arts. 585, IV, e 723; Lei n. 4504, de 30/11/64, art. 91, XI, a; Lei n. 6.091, de
15/8/74, arts, 2º, caput, e 5º, IV; Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 77; Lei n. 8.245, de
18/10/91, arts. 6º, parágrafo único, 9º, III, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 32, 38, 42, 43, 44, 49,
50, 58, 59, 62, 64, 67, 68, 69, 70, 72, 73, 78, 85; Lei n. 8.383, de 30/12/91, arts. 1º, 72 e 74.

___________

1 Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 29.

2 Cf. VITÓRIA, Luiz A.P. Dicionário de Dificuldades, Erros e Definições de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Tridente,

1969. p. 23.

3 Cf.CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 21.

4 Cf.BARBOSA, Rui. Parecer sobre a Redação do Código Civil. Rio de Janeiro: edição do Ministério da Educação e

Saúde, 1949. p. 329.

5 Cf. BUENO, Silveira. Português pelo Rádio. São Paulo: Saraiva & Cia., 1938. P. 25.

6 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta. p. 40.

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09/02/2019 Amámos ou Amamos? - Gramatigalhas

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Amámos ou Amamos?
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Letícia Vizotini de Almeida envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É verdade que as recentes modificações na Ortografia passaram a obrigar o uso do acento
agudo na forma verbal amámos (pretérito perfeito) para distingui-la de amamos (presente do
indicativo)?"

Amámos ou Amamos?

1) Um leitor indaga se as recentes modificações na Ortografia passaram a obrigar o uso do acento


agudo na forma verbal amámos (pretérito perfeito) para distingui-la de amamos (presente do
indicativo).

2) Ora, contrariamente ao que muitos pensam, o Acordo Ortográfico de 2008 não veio para
simplificar a escrita; seu objetivo maior foi justificar as escritas de Brasil e Portugal, ou, talvez,
sistematizá-las, mediante a permissão de emprego de formas distintas usadas em ambos os países.

3) Assim, para acertar a duplicidade de pronúncias dos dois países, criou ele a dupla possibilidade
de grafia, mediante a diferenciação, pelo acento agudo, da primeira pessoa do plural do pretérito
perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação (louvámos, adorámos e falámos), formas
essas pronunciadas de modo aberto em Portugal, para opor-se à primeira pessoa do plural do
presente do indicativo (louvamos, adoramos e falamos).

4) Vale lembrar que, no Brasil, com raras exceções de usuários que tiveram contatos prolongados
com Portugal, não se faz distinção de pronúncia entre a primeira pessoa do plural do presente do
indicativo e a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, de modo que ambas são
aqui pronunciadas com som fechado.

5) Mas, em termos do que é a situação após o Acordo Ortográfico de 2008, sintetize-se a questão
com duas observações: a) O acento ocorre no pretérito perfeito, mas não no presente do indicativo;
b) Tal acento é facultativo, e não obrigatório.

6) Com essas premissas, confiram-se, quanto à grafia, os seguintes exemplos, com a indicação de
sua correção ou erronia entre parênteses: a) "Será que hoje amamos os inimigos?" (correto); b)
"Será que hoje amámos os inimigos?" (errado); c) "Será que, no passado, amamos os inimigos?"
(correto); d) "Será que, no passado, amámos os inimigos?" (correto).

______

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127812,51045-Amamos+ou+Amamos 1/2
09/02/2019 Amanhã voltamos ou Amanhã voltaremos? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Amanhã voltamos ou Amanhã voltaremos?


quarta-feira, 23 de março de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rubens Rodolfo Albuquerque Lordello envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Minha dúvida é sobre o uso dos verbos no futuro. Nos noticiários da noite na TV, entendo que
é correto falarem: 'voltamos após os comerciais', em razão da continuidade do ato. Todavia
entendo como errada uma frase como 'voltamos amanhã'. E pior: 'voltamos na próxima
semana'. No caso de amanhã, até se pode entender o dia seguinte como extensão do
presente contínuo. Prof. José Maria, o que é correto nestes usos?"

1) Um leitor faz as seguintes considerações: a) quanto ao emprego do presente do indicativo em


lugar do futuro do presente, entende ser correto dizer "Voltamos após os comerciais", por se tratar de
continuidade do ato; b) mas acredita ser errada a frase "Voltamos amanhã"; c) e reputa, ainda, muito
pior e equivocado dizer "Voltamos na próxima semana". Indaga, por fim, o que é correto em tais
casos.

2) Ora, a primeira regra sobre o uso do presente do indicativo é aquela segundo a qual esse tempo
denota uma declaração que pode ser de três tipos: a) ou se verifica no momento em que se fala
("Ocorre-me, neste exato momento, uma ideia interessante"); b) ou acontece habitualmente ("A Terra
gira em torno do Sol"); c) ou representa uma verdade universal ("O homem é mortal").

3) Todavia, a par dessas possibilidades usuais, além de outras excepcionais não especificadas, o
certo é que também se emprega o presente do indicativo em lugar do futuro do presente do
indicativo, como no seguinte exemplo: "Amanhã eu vou à cidade".1

4) Embora alguns autores falem na permissão de uso do presente apenas "para indicar um futuro
próximo", como em "Subo hoje e volto na segunda-feira"2, o certo é que eles acabam sendo
contrariados na prática, muitas vezes, por citações de autores célebres do idioma, que eles próprios
invocam.

5) É o que se dá, por exemplo, com Celso Cunha, que fala em emprego do presente do indicativo
"para marcar um fato futuro, mas próximo", porém traz em abono uma frase de Machado de Assis
que lhe contraria, na íntegra, o ensino: "Vou arranjar as malas, e amanhã embarco para a Europa;
vou a Roma, depois sigo imediatamente para a China".3

6) Diante dessas considerações, assim se responde ao leitor: a) o presente do indicativo pode, sim,
ser empregado em lugar do futuro do presente; b) muito embora alguns gramáticos queiram restringir
esse uso aos casos em que se está diante de um futuro próximo, a escrita dos melhores escritores
demonstra que essa limitação efetivamente não existe; c) assim, de modo prático e concreto, os
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09/02/2019 Amanhã voltamos ou Amanhã voltaremos? - Gramatigalhas

exemplos arrolados pelo leitor estão todos corretos (i) "Voltamos após os comerciais", ii) "Voltamos
amanhã" e iii) "Voltamos na próxima segunda-feira"); d) não parece haver erro até mesmo em um
exemplo ainda mais radical: "Ainda nos encontramos na eternidade".

_________________

1 BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 19. ed., segunda reimpressão. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1974, p. 273-274.

2 MELO, Gladstone Chaves de. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria
Acadêmica, 1970, p. 283.

3 CUNHA, Celso. Gramática Moderna. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1970, 2. ed., p. 218.

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09/02/2019 Ambas grafias ou ambas as grafias? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Ambas grafias ou ambas as grafias?


quarta-feira, 30 de abril de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rony Zanini envia-nos a seguinte mensagem:

"A propósito da Gramatigalhas do leitor Josué Mastrodi (Migalhas 1.396 – 19/4/06 – clique
aqui), qual a forma correta: 'ambas grafias estão corretas?' ou 'ambas as grafias estão corretas?'"

1) São trazidos, para análise, os seguintes exemplos, com um pedido de definição de qual está
correto:

a) "Ambas grafias estão corretas?";

b) "Ambas as grafias estão corretas?"

2) O que se nota com facilidade, pela leitura dos exemplos encontrados em nossos melhores
autores, é que a palavra ambos, quando vem seguida de um substantivo, exige o emprego do artigo
o, a, os, as. Ex.:

a) "... ambas as mãos..." (João Ribeiro);

b) "Ambas as formas são gramaticais?" (Rui Barbosa).

3) Mesmo quando se emprega a expressão pleonástica, o artigo vem inserido na expressão. Exs.:

a) "O certo é que ambos os dois monges caminhavam juntos" (Alexandre Herculano);

b) "Ambas as formas são gramaticais? São-no ambas as duas" (Rui Barbosa).

4) À falta de exemplos autorizados, nos melhores autores, que dispensem o emprego do artigo em
tal situação, o melhor é assim resumir:

a) "Ambas grafias estão corretas?" (errado);

b) "Ambas as grafias estão corretas?" (correto).

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09/02/2019 Amoral ou Imoral? - Gramatigalhas

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Amoral ou Imoral?
quarta-feira, 30 de outubro de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Ricardo Santos envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Professor, explique-nos qual a diferença entre as palavras amoral e imoral. Em quais casos
devemos usar cada uma delas. Obrigado."

1) Amoral não tem acepção alguma de contrariedade aos bons costumes, mas quer dizer algo
simplesmente afastado de qualquer preocupação com a moralidade. Ex.: "Não repassar às crianças
e aos jovens princípios de espiritualidade é criar uma geração de ateus e amorais".

2) Já sua parônima imoral significa contrário aos bons costumes, desonesto, devasso, libertino. Ex.:
"Mesmo não sendo crime, o incesto é imoral".

3) Nesse sentido é a síntese de Luís A. P. Vitória: a) "Amoral – que é destituído de moralidade. Ex.:
'Esse indivíduo é um amoral'. Não confundir com imoral, cujo significado é: contrário à moral,
desonesto. Ex.: 'À polícia compete reprimir as práticas imorais'".

4) Essa também a lição de José de Nicola e Ernani Terra: a) "utiliza-se amoral quando queremos
fazer referência àquele que não é nem contrário nem conforme à moral, ou para designar algo a que
falta moral"; b) "imoral deve ser empregado com o sentido de contrário à moral".

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Andar a ou Andar de?


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Uma leitora, que se identifica como Fátima, envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber a diferença entre usarmos as expressões andar a cavalo e andar de


jegue."

1) Uma leitora indaga qual a diferença entre as expressões andar a e andar de, como nos seguintes
exemplos: a) "Andar a cavalo"; b) "Andar de jegue".

2) Ora, no sentido de se conduzir ou ser conduzido, ou de se fazer transportado, o verbo andar


admite, em alguns casos, construção com a preposição a, e, em outros, com a preposição de. Exs.:
a) "Andar a pé"; b) "Andar a cavalo"; c) "Andar de carro"; d) "Andar de avião"; e) "Andar de jegue".

3) Nesses casos, entretanto, tais preposições não são intercambiáveis – vale dizer, não podem ser
empregadas uma em lugar da outra – , de modo que não encontram respaldo nas regras de
Gramática as seguintes expressões: a) "Andar de pé"; b) "Andar de cavalo"; c) "Andar a carro"; d)
"Andar a avião"; e) "Andar a jegue".

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09/02/2019 Anos vinte ou Anos vintes? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Anos vinte ou Anos vintes?


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Barbara L. Rezende envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Gostaria da explicação do professor José Maria para expressões como 'anos vinte'. O correto
é 'anos vinte' ou 'anos vintes’? Obrigada."

1) Josué Machado anota que, na substantivação, não há motivo para abandonar os numerais sem
flexão para o plural. Exs.: a) "As eleições dos anos noventas serão diferentes com as urnas
eletrônicas"; b) "Os ladrões do Congresso transformavam cincos em cinquentas"; c) "Os noves do
baralho foram marcados".

2) Excepciona tal autor, porém, que "só não se flexionam em número os numerais cardinais
terminados em s (dois, três, seis, dezesseis), em z (dez) e mil"; não é, todavia, por exceção, que não
se flexionam tais palavras em número, mas que, por exemplo, ao menos as primeiras, à semelhança
de outros substantivos terminados por s, como pires e ônibus, têm a mesma forma no singular e no
plural.

3) De Vitório Bergo também é a lição de que as palavras substantivadas seguem geralmente as


regras normais de flexão para o plural, segundo a sua terminação, como é o caso de os noves.

4) Para Domingos Paschoal Cegalla, por um lado, "numerais substantivados terminados por fonema
vocálico formam o plural como os substantivos: dois uns, quatro setes, prova dos noves fora, dois
cens"; por outro lado, ficam invariáveis os que finalizam por fonema consonantal: "No teste, João
tirou quatro seis e dois dez".

5) Bem por isso, de modo específico para o caso, há de se dizer anos vintes, e não anos vinte,
como tem sido de corriqueira audiência.

6) É bastante comum encontrar equívocos dessa natureza em textos jurídicos e forenses, como se
pode comprovar pelo seguinte excerto de aresto de um de nossos tribunais superiores: "A
Constituição republicana dos oitenta deu um novo passo no que concerne à organização familiar".
Corrija-se: "A Constituição republicana dos oitentas deu um novo passo no que concerne à
organização familiar".

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 Ante-braço ou Antebraço? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Ante-braço ou Antebraço?
quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor João Marcos da Cunha enviaa seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Com o novo Acordo Ortográfico, como ficou o uso do hífen nas palavras precedidas pelo
prefixo ante: assim, ante-braço ou antebraço?”

Ante-braço ou Antebraço?

1) Um leitor indaga como ficou o uso do hífen, após o Acordo Ortográfico de 2008, nas palavras
precedidas pelo prefixo ante. Assim: ante-braço ou antebraço?

2) Antes de resolver a questão, é de suma importância ver que o prefixo ante traz em si o sentido de
anterioridade (como em antemanhã), e, assim, não deve ser confundido com anti, que indica a ideia
de ação contrária (como em antiaérea).

3) Quanto ao mais, como geralmente ocorre com os prefixos e falsos prefixos terminados por vogal,
apenas em duas hipóteses se usa o hífen:

a) quando o elemento seguinte se inicia por h (ante-hipófise, ante-histórico);

b) quando o elemento seguinte se inicia pela mesma vogal com que termina o prefixo (ante-
estreia).

4) Desse modo, acopla-se diretamente à palavra seguinte, sem intermediação de hífen, quando
iniciada esta por outra vogal, que não a que encerra o prefixo. Exs.: anteagora, antealvorada,
anteislâmico.

5) Continua valendo a regra de junção direta, mesmo que o elemento seguinte se inicie por
consoante: antebraço, antecâmara, antedatar, anteface, antegozo, antejulgar, anteporta,
anteprojeto, antevisão.

6) Apenas para a hipótese de ser o segundo elemento iniciado por r ou s, dobram-se tais consoantes
para continuidade do som originário. Exs.: anterreforma, anterrepublicano, antessala, antessentir,
antessinistro.

______
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09/02/2019 Antecipa(m)-se as eleições...? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Antecipa(m)-se as eleições...?
quarta-feira, 6 de outubro de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Álvaro Braga Lourenço envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezados, gostaria de enviar uma dúvida para o ilustre José Maria da Costa, gramático do
Migalhas, que sempre nos brinda com seus esclarecimentos precisos. No Migalhas 2.102
(16/3/09 – ""Kirchnerismo""), foi publicada a seguinte frase: 'Assim, antecipa-se as eleições
antes que os problemas cheguem à classe baixa.' A dúvida consiste justamente no conflito
entre o emprego da voz passiva sintética ou a utilização do sujeito indeterminado. A meu ver a
frase transcrita está incorreta, pois deveria prevalecer a concordância verbal de acordo com a
voz passiva sintética, não?"

Antecipa(m)-se as eleições...?

1) Um leitor indaga se é correto o verbo no singular no seguinte exemplo: "Assim, antecipa-se as


eleições antes que os problemas cheguem à classe baixa".

2) Num caso como esse, para saber qual a forma correta, é importante verificar qual a função do se e
o próprio comportamento da estrutura sintática como um todo, no que tange à concordância verbal.

3) Para facilitar o entendimento prático da questão, pode-se dizer que, em frases como essa, em que
há um se acoplado ao verbo, deve-se ver em qual de dois modelos o exemplo se encaixa e, então,
extrair as conclusões mais adequadas.

4) Um primeiro modelo é "Aluga-se uma casa", no qual se acham presentes os seguintes aspectos: I)
– Pode-se dizer o exemplo de outra forma – "Uma casa é alugada"; II) – É, portanto, o que
denominamos uma frase reversível; III) – Em casos como esse, o exemplo está na voz passiva
sintética; IV) – Em termos técnicos, o se é uma partícula apassivadora; V) – O sujeito do exemplo é
uma casa; VI) – Porque o sujeito é uma casa, quando se diz casas, o verbo deve ir para o plural, já
que a regra geral de concordância verbal determina que o verbo concorda com o seu sujeito; VII) – O
correto, então, no plural, é "Alugam-se casas", e não "Aluga-se casas".

5) Essa, aliás, é uma construção muito comum nos meios jurídicos, de modo que se há de zelar pela
concordância adequada no plural, e não no singular, em casos como os que seguem: "Buscaram-se
soluções para o conflito"; "Citem-se os réus"; "Devolvam-se os autos"; "Entreguem-se os autos da
carta precatória"; "Intimem-se as testemunhas"; "Processem-se os recursos".

6) Um segundo modelo é "Gosta-se de um bom vinho", do qual se podem extrair as seguintes


ilações: I) – O exemplo não pode ser dito de outra forma (ninguém pensaria em dizer "Um bom vinho

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09/02/2019 Antecipa(m)-se as eleições...? - Gramatigalhas
é gostado"); II) – Não é, portanto, uma frase reversível; III) – Nesse caso, o exemplo não está na voz
passiva, muito menos na voz passiva sintética; IV) – O "se", no exemplo, não é partícula
apassivadora, mas símbolo (ou índice) de indeterminação do sujeito; V) – O sujeito da oração não é
"um bom vinho", mas é indeterminado; VI) – seria impossível considerar um bom vinho o sujeito,
porquanto, como bem lembra Sousa e Silva, "o sujeito é membro regente, não pode vir regido de
preposição"1; VII) – Em tais circunstâncias, pela própria estrutura sintática apontada, se, em vez de
um bom vinho, se diz bons vinhos, o sujeito não se altera, mas continua indeterminado; VIII) –
Exatamente porque, ao se pluralizar o referido termo, não se altera o sujeito, não há razão alguma
para modificar o verbo; IX) – O correto, então, no plural, é "Gosta-se de bons vinhos", e não
"Gostam-se de bons vinhos".

7) Também é comum essa construção nos meios jurídicos, de modo que se há de atentar à
concordância adequada no singular, e não no plural, em casos como os que seguem: "Trata-se de
embargos à execução"; "Proceda-se aos inventários"; "Obedeça-se aos princípios legais". Lembra-se
que o traço comum, nesses casos, é a existência de uma preposição antes do termo que seria
levado a pensar ser o sujeito (de embargos, aos inventários, aos princípios).

8) Com as ponderações feitas, volta-se ao exemplo da consulta – "Antecipa-se as eleições", do qual


se podem extrair as seguintes conclusões: I) – Pode-se dizer o exemplo de outra forma – "As
eleições são antecipadas"; II) – É, portanto, o que se chama uma frase reversível; III) – Nesse caso,
o exemplo está na voz passiva sintética; IV) – O "se" é o que se chama partícula apassivadora; V) –
O sujeito do exemplo é as eleições; VI) – Porque o sujeito é as eleições e está no plural, o verbo
deve ir para o plural, para obedecer à regra geral de concordância verbal de que o verbo concorda
com o seu sujeito; VII) – O correto, assim, no plural, é "Antecipam-se as eleições", e não "Antecipa-
se as eleições".

_______________

1 Cf. SILVA, A. M. de Souza e. Dificuldades Sintáticas e Flexionais. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1958,

p. 264.

______
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09/02/2019 Antes de ou Antes que? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Antes de ou Antes que?


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

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O leitor Lúcio Mariano envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

O professor José Maria da Costa pode esclarecer quando devemos usar "Antes de" ou
"Antes que" ?

1) Antes de rege palavras ou verbos nas formas nominais. Exs.: a) "Antes das quatro, o réu já
estava acordado"; b) "Antes de morrer, o detento feriu um policial".

2) Na lição de José de Nicola e Ernani Terra, "antes de é locução prepositiva e deve ser usada antes
de palavras ou orações reduzidas”. Exs.: a) "Antes de outras questões, devo dizer que não
concordo"; b) "Abasteceu o carro antes de viajar".

3) Antes que, por sua vez, é locução destinada a ligar orações. Ex.: "A testemunha saiu, antes que
ocorresse alguma desgraça".

4) Para José de Nicola e Ernani Terra, "antes que é locução conjuntiva e deve ser usada antes de
orações desenvolvidas". Ex.: "Saia rapidamente antes que chova".

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09/02/2019 Anti - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Anti
quarta-feira, 19 de abril de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Josué Mastrodi envia-nos a seguinte mensagem:

"Prezados Migalheiros : lendo o tratado sobre a mentira publicado semana passada (Migalhas
1.261 – 27/9/05 – "Migalhas quentes -Tratado da mentira" – clique aqui), notei que ora foi
grafado o termo 'antissocial', ora 'anti-social'. Dúvida para a seção Gramatigalhas: ambas
grafias são corretas ? Saudações migalheira".

1) É prefixo grego, que tem o sentido de ação contrária, como, por exemplo, em antiaéreo.

2) Quanto a seu uso na formação das palavras, exige hífen antes de h, r, s: anti-higiênico, anti-
rábico, anti-semita.

3) Se, todavia, as palavras são começadas por outras consoantes ou por vogais, a ligação é direta,
sem hífen: antiabortivo, anticívico.

4) Não confundir com o prefixo latino ante, que indica anterioridade.

5) Assim, vejam-se as seguintes diferenças: anti-histórico significa contrário aos fatos históricos ou a
seus princípios; já ante-histórico quer dizer simplesmente pré-histórico.

6) Aqui vale encartar a pérola de um aluno de Direito que, em prova escrita, registrou pacto
antinupcial para significar aquele contrato que os nubentes celebram antes do casamento,
regularmente previsto pelo Código Civil, com o escopo de fixar regime de bens diverso do
normalmente estabelecido pela lei, além de avençar outras cláusulas de convivência matrimonial;
com a expressão do referido aluno, todavia, o máximo que tais noivos poderiam querer seria
solenizar um pacto de jamais se casarem, por avessos à celebração de um casamento.

7) Sintetizando a questão para os prefixos ante e anti, assim leciona Arnaldo Niskier: “O prefixo ante
significa anterior; já anti significa contrário. Os dois só se ligam por hífen a palavras começadas por
h, r ou s; nos demais casos, os elementos se juntam sem o hífen”.1

8) Voltando à específica questão da consulta, o correto é anti-social, e não antissocial.

_____________

1 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 11.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI23330,41046-Anti 1/2
09/02/2019 Anti-crise ou Anticrise? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Anti-crise ou Anticrise?
quarta-feira, 20 de julho de 2011

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O leitor Ricardo Léo De Paula Alves envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"No Migalhas 2.110 (26/3/09 – "Alternativas anti-crise"), não seria 'Alternativas Anticrise'?"

Anti-crise ou Anticrise?

1) Um leitor indaga qual a forma correta, quanto ao hífen, após o recente Acordo Ortográfico: Anti-
crise ou Anticrise?

2) Antes de resolver a questão, é de suma importância ver que o significado do prefixo anti é ação
contrária (artilharia antiaérea), de modo que não deve ser confundido com ante, que traz o sentido
de anterioridade (antebraço).

3) Pelo recente Acordo Ortográfico, o prefixo anti, como regra, acopla-se diretamente à palavra
seguinte, sem intermediação de hífen. Exs.: antibritânico, anticapitalista, anticrise, antidemocrático,
antiferrugem, antigovernista, antipatriota.

4) Continua valendo a regra, mesmo que o elemento seguinte se inicie por vogal. Exs.: antiabortivo,
antialérgico, antiamericano, antieconômico, antiescravista, antioxidante.

5) Para a hipótese de ser o segundo elemento iniciado por r ou s, dobram-se tais consoantes para
continuidade do som originário. Exs.: antirradical, antirreformista, antirreligioso, antirruído,
antissemita, antissocial, antissubmarino.

6) Apenas em duas hipóteses se usa o hífen com o prefixo anti: I) quando o elemento seguinte se
inicia por h (anti-herói, anti-higiênico, anti-humanista); II) quando o elemento seguinte se inicia pela
mesma vogal com que termina o prefixo (anti-imperialista, anti-industrial, anti-israelita).

______
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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127297,91041-Anticrise+ou+Anticrise 1/2
09/02/2019 Antitrustes ou Antitruste? - Gramatigalhas

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Antitrustes ou Antitruste?
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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A leitora Carolina Saito da Costa, do escritório Grinberg, Cordovil e Barros Advogados, envia a
seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Quando eu utilizo a expressão 'autoridade antitruste' no plural, devo usar: 'autoridades


antitrustes' ou 'autoridades antitruste'?"

Antitrustes ou Antitruste?

1) Uma leitora indaga se, no plural, se deve dizer autoridades antitrustes ou autoridades
antitruste?

2) Uma consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa mostra os seguintes verbetes com
as seguintes indicações: a) antiprático - adj.; b) antipopular - adj. 2g.; c) antitraça - adj. 2g. 2n.1

3) Essas especificações mostram que antiprático é um adjetivo, o qual, por falta de outra indicação
excepcional, tem sua normal variação em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
Ou seja: projeto antiprático, medida antiprática, projetos antipráticos e medidas antipráticas.

4) Já antipopular é também um adjetivo cuja forma serve para os dois gêneros (ou seja, não varia,
quanto à forma, do masculino para o feminino), mas não há indicação específica quanto ao número,
o que implica dizer que varia do singular para o plural. Assim: projeto antipopular, medida
antipopular, projetos antipopulares e medidas antipopulares.

5) Por fim, antitraça é um adjetivo que tem a mesma forma para os dois gêneros e para os dois
números. Assim: remédio antitraça, cortina antitraça, remédios antitraça e cortinas antitraça.

6) Nesse raciocínio, você também constatará que os adjetivos com prefixo anti, cujo elemento
seguinte é um substantivo, têm todos a mesma forma de comportamento: anticaspa, antichoque,
antifurto, antigreve, antirroubo, antirruído, antitanque, antitraça, antitruste...

7) Importa observar que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é editado pela Academia
Brasileira de Letras, a qual, em cumprimento à vestusta Lei n. 726, de 08.12.1900, tem a
responsabilidade legal de editá-lo e a autoridade para definir tais aspectos gramaticais no idioma.

8) Voltando, de modo específico, à consulta da leitora: projeto antitruste, autoridade antitruste,


projetos antitruste, autoridades antitruste...

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI124431,71043-Antitrustes+ou+Antitruste 1/2
09/02/2019 Antitrustes ou Antitruste? - Gramatigalhas
______________

1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p.
65.

______
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09/02/2019 António ou Antônio? - Gramatigalhas

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António ou Antônio?
quarta-feira, 5 de setembro de 2012

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O leitor Antônio de Souza Nogueira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Ouvi dizer que António é a grafia correta do meu nome após as recentes modificações em
nossa ortografia. É isso verdade ou não?"

António ou Antônio?

1) Um leitor de nome Antônio ouviu dizer que António é a grafia correta do seu nome após as
recentes modificações em nossa ortografia e indaga se isso corresponde à realidade ou não.

2) Vale a pena lembrar, de início, que, contrariamente ao que muitos pensam, o Acordo Ortográfico
de 2008 não veio para simplificar a escrita; seu objetivo maior, em verdade, foi unificar a duplicidade
de escritas de Brasil e Portugal, ou, quando muito, sistematizá-las, mediante a permissão de
emprego de formas distintas usadas em ambos os países.

3) Também não se deve esquecer, quanto aos fatos da língua, que uma palavra como a da consulta,
em que a sílaba tônica vem logo antes de um som nasal (normalmente antes de m ou n), é
pronunciada de modo fechado (ô) no Brasil, mas com o timbre aberto (ó) em Portugal.

4) Ante tal realidade, ao sistematizar a duplicidade de pronúncias dos dois países, o Acordo
Ortográfico, querendo legalizar a ambas perante a ortografia, determinou de modo expresso que
"levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas
vogais tônicas/tónicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes
nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas
pronúncias cultas da língua".

5) Seguem alguns exemplos dessa correta duplicidade de grafias: acadêmico/académico,


anatômico/anatómico, cênico/cénico, cômodo/cómodo, fenômeno/fenómeno, gênero/género,
topônimo/topónimo, Amazônia/Amazónia, Antônio/António, blasfêmia/blasfémia, fêmea/fémea,
gêmeo/gémeo, gênio/gênio, tênue/ténue.

6) Duas observações não podem ser esquecidas: a) Em todas essas palavras, sempre há um acento
obrigatório; b) O que se põe ao usuário é a opção de empregar acento circunflexo (^) ou acento
agudo ('), conforme a pronúncia do país.

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127843,101048-Antonio+ou+Antonio 1/2
09/02/2019 Ao mesmo tempo que ou Ao mesmo tempo em que? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Ao mesmo tempo que ou Ao mesmo tempo em que?


quarta-feira, 28 de maio de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Laiane Freitas envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Professor, ajude a esclarecer a dúvida. Qual é a forma correta: 'Ao mesmo tempo que' ou 'Ao
mesmo tempo em que'? Obrigada."

1) Na conformidade com ensinamento de Domingos Paschoal Cegalla, ao mesmo tempo que "é a
locução correta e não ao mesmo tempo em que". Exs.: a) "Os soldados cantavam hinos, ao mesmo
tempo que marchavam"; b) "As suas curas eram mais baratas e mais rápidas, ao mesmo tempo
que as ofertas dos doentes escasseavam nos templos pagãos" (Alexandre Herculano).

2) E carreia tal gramático lição complementar de que "a preposição em tem cabimento nas
expressões desde o tempo em que e no tempo em que". Exs.: a) "No tempo em que não havia luz
elétrica, a iluminação das ruas era a gás"; b) "Ouço falar dele desde o tempo em que eu era
estudante”.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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09/02/2019 Ao mesmo tempo que ou Ao mesmo tempo em que? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Ao que sei ou Pelo que sei?


quarta-feira, 7 de maio de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Arthur Pelinni envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Professor, qual é a forma correta : 'pelo que sei...' ou 'ao que sei...'? Agradeço pela ajuda."

1) Edmundo Dantès Nascimento condena o uso de a para formular locuções como essa, inserindo-a
no rol dos estrangeirismos sintáticos.

2) Observa ele que "o correto é o emprego de por".

3) E finaliza com a conclusão de que se deve dizer pelo que sei, em vez de ao que sei.

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Aparando arestas - 1
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Na coluna Gramatigalhas, foi publicado recentemente o verbete "Condena-se os excessos ou


condenam-se os excessos?" (Migalhas 2.057- 7/1/09).

Após tal publicação, porém, houve alguns específicos comentários e dúvidas dos leitores.

1) "Acredito que houve omissão de uma importante palavra, que muda totalmente o sentido da
frase. Na minha opinião, realmente o correto é 'Condena-se o excesso; Condenam-se os
excessos'. Ocorre que a frase escrita por Millôr, conforme a própria colega escreve é
'Condena-se muito os excessos...'. Neste caso o advérbio 'muito' não é de quantidade,
'Condenam-se os muitos excessos cometidos pela P.F...' por exemplo. Acredito tratar-se de
um advérbio de intensidade ressaltando o grau de condenação, de forma que o verbo deve
ser posto no singular. Por exemplo: 'Sente-se muito as mortes em Israel...' Espero ter ajudado.
Atenciosamente." (Ivã Augusto Fedulo, do escritório Martorelli e Gouveia Advogados)

2) "Ainda sobre a análise da citação do Millôr: 'Condena-se muito os excessos (...)'; onde a
palavra 'muito' não foi considerada. Gostaria de saber do eminente professor se seria
incorreto dizer: 'Muito se condena os excessos cometidos por determinados políticos'."
(Oswaldo Melo Franco)

3) "Já faz muito tempo, mas acho que me lembro de ter sido ensinado que havia para o 'se'
uma função de 'partícula de indeterminação do sujeito'. Assim, nas construções que o
usassem, o verbo ficaria na terceira do singular, 'impessoal'. Exemplos seriam o tradicional
'vende-se' ou 'aluga-se casas'. O Millôr de 'condene-se os excessos' estaria certo...
Cordialmente." (Antônio Augusto Penteado)

4) Vale a pena acrescentar outra consulta: "Prezado Professor José Maria da Costa: Qual a
conjugação correta do verbo exigir na seguinte expressão, muito utilizada em acórdãos do
Conselho de Contribuintes do Estado de Minas Gerais (CC/MG): 'Exigem-se ICMS, Multa de
Revalidação e Multa Isolada' ou 'Exige-se ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada'?
Obrigado!" (Antonio L. Vela, da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais).

5) E também se lembre esta outra: "Gostaria de saber se, na frase 'O material orgânico
presente no lixo se decompõe lentamente, formando biogás rico em metano, um dos mais
nocivos ao meio ambiente por contribuir intensamente para a formação do efeito estufa', a
substituição de 'se decompõe' por é decomposto mantém a correção gramatical do período."
(Honey da Silva Lopes, de Teresina, no Piauí).

Aparando arestas - 1

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI76629,51045-Aparando+arestas+1 1/3
09/02/2019 Aparando arestas - 1 - Gramatigalhas

1) Com a publicação do verbete "Condena-se os excessos ou Condenam-se os excessos?", alguns


leitores trouxeram indagações suplementares. Adicionam-se dúvidas de outras oportunidades,
porque também se enfeixam neste raciocínio:

I) – Se a frase proposta fosse "Condena-se muito os excessos", estaria ela correta?

II) – Em frases como "Vende-se casas" e "Aluga-se casas", o se não é partícula (ou símbolo, ou
índice) de indeterminação do sujeito, situação essa em que o verbo deve ficar sempre no
singular?

III) – A frase "O material orgânico... se decompõe lentamente", ao ser substituída por "O material
orgânico... é decomposto lentamente", mantém a correção gramatical?

IV) – Qual o correto: "Exigem-se ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada" ou "Exige-se
ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada"?

2) Comece-se com a observação de que, em uma frase como "Condena-se o excesso", em que há
um se acoplado ao verbo, podem-se fixar as seguintes conclusões: a) porque pode ser dita de outro
modo – "O excesso é condenado" – tipifica ela uma frase reversível; b) quando se comparam tais
duas frases, o exemplo que tem o se está na voz passiva sintética, e o outro está na voz passiva
analítica; c) o se, em tais casos, chama-se partícula apassivadora (e não índice de indeterminação
do sujeito); c) o sujeito do exemplo dado na voz passiva sintética é o excesso (veja-se bem: sujeito, e
não objeto direto).

3) Em continuação, quando se aplica a regra geral de concordância verbal do sujeito simples – o


verbo concorda com o seu sujeito em número e pessoa – tem-se que, se o sujeito vai para o plural, o
verbo também vai: I) "Condena-se o excesso"; II) "Condenam-se os excessos".

4) Se, na frase "Condena-se o excesso", se acrescenta a palavra muito ("Condena-se muito o


excesso", o raciocínio é o seguinte: a) muito é um advérbio e tem a função de adjunto adverbial; b)
modifica ele o verbo (condenar) e indica a intensidade com que se dá a ação indicada pelo verbo; c)
sua função sintática é adjunto adverbial de intensidade; d) como a regra básica de concordância
verbal do sujeito simples é a de que "o verbo concorda com o seu sujeito", quando se adiciona ou se
exclui outra palavra, tal circunstância não exerce interferência alguma na concordância verbal.
Vejam-se, portanto, os seguintes exemplos: I) "Condenam-se muito os excessos" (correto); II)
"Condena-se muito os excessos" (errado).

5) Observe-se que a alteração da ordem dos termos da oração não lhes muda a função sintática: I)
"Muito se condena o excesso cometido por determinados políticos" (correto); II)"Muito se condenam
os excessos cometidos por determinados políticos" (correto); III) "Condena-se o excesso cometido
por determinados políticos" (correto); IV) "Condenam-se os excessos cometidos por determinados
políticos" (correto).

6) Anote-se também que, se a frase fosse "Condenam-se os muitos excessos...", a estrutura sintática
não haveria de se alterar para as considerações aqui postas. E se veja que, no novo caso, muitos,
que modifica excessos, não é um adjunto adverbial (não modifica verbo), e sim adjunto adnominal
(modifica substantivo). E, assim: I) "Sente-se muito a morte em Israel" (correto); II) "Sentem-se muito
as mortes em Israel" (correto).

7) E se realce – para fixar conceitos e também para responder adequadamente a uma das
indagações – que, em todos os casos em que a frase é reversível (ou seja, naqueles casos em que
ela pode ser transformada, como se deu com todas as que referimos até agora), o se é partícula
apassivadora, e não símbolo de indeterminação do sujeito.

8) E se acrescente que, para a existência de um índice de indeterminação do sujeito, um dos


elementos característicos é que, na prática, a frase não seja reversível, como se dá nos seguintes
exemplos: I) "Gosta-se de um bom vinho"; II) "Vive-se bem aqui". Ora, como é de fácil percepção,
frases como "Alugam-se casas", "Vendem-se casas", "Condenam-se os excessos..." ou "Condenam-
se muito os excessos..." não se enquadram em tal perfil de se como índice de indeterminação do
sujeito, até porque são evidentemente reversíveis.

9) Também em adendo, vê-se que a frase "O material orgânico... se decompõe lentamente", como
reversível que é, sem dúvida pode ser substituída por "O material orgânico... é decomposto
lentamente". Porque reversível, aplicam-se-lhe as lições próprias de tal circunstância. E, lembrado o
conceito de que voz ativa e voz passiva são duas maneiras sintaticamente diversas de dizer a
mesma coisa, conclui-se que ambas estão igualmente corretas quanto à estruturação sintática.

10) Por fim, analisam-se, quanto à correção, os seguintes exemplos: I) "Exige-se ICMS, Multa de
Revalidação e Multa Isolada"; II) "Exigem-se ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada".
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI76629,51045-Aparando+arestas+1 2/3
09/02/2019 Aparando arestas - 1 - Gramatigalhas
11) Ora, se se dissesse apenas "Exige-se ICMS", o exemplo seria reversível: "O ICMS é exigido",
motivo por que se aplicariam ao exemplo os itens próprios de frases dessa natureza. Em
continuação, quando se diz "Exige-se ICMS, Multa ... e Multa...", vê-se que ICMS, Multa e Multa são
os núcleos de sujeito composto. Ora, se o sujeito é composto, é regra normal de concordância que o
verbo pode ir para o plural. Assim: "Exigem-se ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada".

12) E se acrescenta uma peculiaridade para o caso: há outra regra para a concordância verbal do
sujeito composto: se o sujeito é composto e posposto ao verbo, este pode concordar com o plural ou
com o núcleo mais próximo. Exs: I) "Saiu o menino e a menina" (correto); II) "Saíram o menino e a
menina" (correto).

13) Aplicando-se tal regra ao caso concreto, são corretas as duas formas da consulta: I) "Exige-se
ICMS, Multa de Revalidação e Multa Isolada" (correto); II) "Exigem-se ICMS, Multa de Revalidação e
Multa Isolada" (correto).

______
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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
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09/02/2019 Aprenção, Aprenssão ou Apreensão? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Aprenção, Aprenssão ou Apreensão?


quarta-feira, 28 de março de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Luiza Mascarenhas envia-nos a sucinta indagação:

"'Apreenção', 'aprenssão' ou 'apreensão'?"

1) A dúvida trazida para solução questiona qual o correto:

a) aprenção;

b) aprenssão ou apreensão?

2) Numa primeira resposta de caráter objetivo, pode-se dizer que a autoridade para listar as palavras
existentes em nosso idioma é a Academia Brasileira de Letras, que tem delegação legal para compor
oficialmente nosso léxico.

3) E a ABL o faz por intermédio do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, uma espécie de
dicionário publicado de tempos em tempos, em que são listados, em ordem alfabética, os vocábulos
pertencentes ao nosso idioma, mas normalmente não se indica o respectivo sentido. A cada nova
edição, novas palavras são acrescentadas ao nosso idioma.

4) Em solução objetiva para a indagação, assim, pode-se dizer que uma consulta ao VOLP revela
que se encontra ali registrado o vocábulo apreensão1, mas não se registra apreenção nem
aprenssão. Ou seja: o correto é apreensão, e as duas outras formas estão erradas.

5) Na tentativa de aprofundar um pouco mais a resposta, entretanto, acresce dizer, de início, ser
inviável a grafia aprenssão ou apreenssão, já que, em português, o emprego de ss restringe-se às
hipóteses em que se situam eles entre duas vogais, como em osso e massa. Se há uma vogal e uma
consoante, basta um s, como em insalubre e insônia.

6) Além disso, não se pode esquecer que nossa grafia obedece a critérios etimológicos, o que
significa que o vocábulo se comporta em português conforme era sua grafia em latim.

7) Na língua materna, a palavra era apprehensio, de modo que duas conclusões podem ser extraídas
no português:

I) permanecem ee na grafia;

II) permanece o s na grafia;

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI37103,91041-Aprencao+Aprenssao+ou+Apreensao 1/2
09/02/2019 Aprenção, Aprenssão ou Apreensão? - Gramatigalhas
III) caso similar é o vocábulo compreensão (comprehensio).

8) Anota-se, por fim, que, normalmente, em português, em vocábulos de terminação parecida, o t


latino transforma-se em ç: actio (ação), contentio (contenção) e contestatio (contestação).

______

1Cf, Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Imprinta, 2004,

p. 66.

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09/02/2019 Àquele - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Àquele
quarta-feira, 2 de agosto de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Marta Diógenes, do Mazzaferro Group, envia-nos a seguinte mensagem:

"Prezado Dr. José Maria da Costa: Gostaria de saber se é correto grafar o pronome
demonstrativo 'aquele' utilizando crase, conforme a frase abaixo. 'Por que, então, a confusão?
Claro que ela interessa àqueles que enriqueceram com falcatruas, que continuam explorando
à vontade...' Atenciosamente."

1) Ocorre o acento indicativo da crase nesse pronome sempre que a palavra que o antecede exige a
preposição a, não importando o fato de ser masculino ou plural o substantivo a que se refere. Exs.:

a) "Dirijo-me àquele tribunal";

b) "Dirijo-me àquela corte";

b) "Dirijo-me àqueles tribunais";

d) "Dirijo-me àquelas cortes".

2) Essa observação vale para todos os pronomes similares, de mesmo radical: aquela, aqueles,
aquelas, aquilo, aqueloutro.

3) De modo específico para a frase objeto da consulta, está correto o emprego da crase em àquele,
pois o que interessa, interessa a alguém. Ou seja: interessa a aqueles. Disso resulta a fusão, que é o
que, em última análise, significa a crase (fusão de duas vogais idênticas): interessa àqueles...

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09/02/2019 Árbitro ou Juiz? - Gramatigalhas

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Árbitro ou Juiz?
quarta-feira, 17 de maio de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Uma leitora, que se identifica apenas como Marilene, envia a seguinte indagação ao
Gramatigalhas:

"Aquele que apita uma partida de qualquer modalidade esportiva é juiz ou árbitro?"

1) Uma leitora indaga se quem apita uma partida de qualquer modalidade esportiva é juiz ou árbitro.

2) Ora, para começo, importa observar que, num sentido genérico, as palavras árbitro e juiz
costumam ser sinônimas e intercambiáveis, significando aquele que se põe ou é posto para dirimir
questões, como se pode ver em boas traduções da Bíblia. Exs.: a) "Pecando o homem contra o
próximo, Deus lhe será o árbitro" (1 Samuel 2:25); b) "Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós?"
(Êxodo 2:14).

3) Mesmo com essa ambivalência, porém, o certo é que, normalmente, árbitro costuma ser um
vocábulo mais empregado para as hipóteses em que sua escolha se faz por vontade das partes para
resolver uma questão, enquanto juiz se reserva para designar aquele que tem o poder de julgar por
determinação da lei.

4) Já para a indagação da leitora, contudo, o certo é que, quando se faz referência à pessoa que, em
uma modalidade esportiva, é encarregada de verificar a ocorrência de faltas e aplicar o regulamento,
pode-se empregar qualquer dos dois vocábulos, indistintamente, e essas duas possibilidades podem
ser verificadas em dois dos nossos mais importantes dicionaristas da atualidade.

5) Assim, Antônio Houaiss, num primeiro aspecto, vê o árbitro como "aquele que faz cumprir, numa
competição ou disputa, as regras estabelecidas para a modalidade de esporte que está sendo
praticada". Já num segundo aspecto, quando trata do juiz, aplica exatamente as mesmas palavras
para designar encarregado de cumprir as regras em uma modalidade esportiva (2001, p. 276 e
1.690).

6) E Aurélio Buarque de Holanda Ferreira também vê o árbitro como "aquele que dirige um jogo ou
prova esportiva, com direito de decisão quanto ao seu desenvolvimento ou aos fatos disciplinares".
E, num segundo aspecto, ao tratar do vocábulo juiz, fala, até mesmo, de maneira específica do juiz
de linha, para significar o bandeirinha de um jogo de futebol (2010, p. 191 e 1.216).

7) Com essas ponderações, e agora respondendo diretamente à leitora, pode-se dizer, em suma,
que aquele que apita uma partida de qualquer modalidade esportiva tanto pode ser árbitro como
juiz.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI258930,61044-Arbitro+ou+Juiz 1/2
09/02/2019 Árbitro ou Juiz? - Gramatigalhas
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09/02/2019 Arco-íris – Qual é seu plural? - Gramatigalhas

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Arco-íris – Qual é seu plural?


quarta-feira, 25 de maio de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Neide Domingues envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Minha dúvida suscita investigações, haja vista os dois plurais encontrados em fontes
diferentes. No Ciberdúvidas: arcos-íris. No 'Nossa Língua Nossa Pátria', os arco-íris, ou seja,
palavra invariável. Vocês poderiam me ajudar a escolher o plural de arco-íris?"

Arco-íris – Qual é seu plural?

1) Uma leitora diz haver encontrado em fontes diferentes plurais também difversos para a palavra
arco-íris. E indaga qual o plural correto: arcos-íris ou os arco-íris?

2) Importa observar, neste começo, que, desde o início do século XX, por delegação, a Academia
Brasileira de Letras é o órgão incumbido por lei de listar oficialmente os vocábulos existentes em
nosso idioma bem como de determinar-lhes a correta grafia, o gênero e eventuais variações, e ela o
faz por meio da edição periódica do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

3) Pois bem: uma consulta à mais recente edição do VOLP mostra que, ao lado do registro do
substantivo masculino arco-íris, está a indicação de seu plural: arcos-íris.1

4) A razão técnica para essa flexão no plural reside no fato de que arco-íris é um substantivo
composto, formado por dois substantivos, e, quanto assim ocorre, o primeiro substantivo sempre
varia no plural.

5)Resolvida a questão, oportuno é observar, acerca dos tira-dúvidas e dicionários, que, não
importando a grande contribuição que possam prestar aos usuários da língua portuguesa, se houver
alguma desavença entre eles e o VOLP, a razão há de estar sempre com este último, no que
concerne à existência, flexão e modo de ser e de escrever dos vocábulos em nosso idioma.

_______________________

1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p.
75.

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI128723,31047-Arcoiris+Qual+e+seu+plural 1/2
09/02/2019 Ar-condicionado – Qual o plural? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Ar-condicionado – Qual o plural?


quarta-feira, 4 de julho de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Giovana Sangaletti envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Qual o plural de ar condicionado? E por quê?"

1) Uma leitora indaga qual o plural de ar condicionado. E complementa sua indagação: por quê?

2) Ora, sempre é bom lembrar – até para criar no leitor o salutar hábito de um raciocínio que se
repete – que, quando se quer saber se uma palavra existe ou não em português, ou mesmo qual é
sua grafia e/ou pronúncia, ou qual o seu plural quando foge à normalidade, deve-se tomar por
premissa o fato de que a autoridade para listar oficialmente os vocábulos pertencentes ao nosso
idioma e para definir-lhes as demais peculiaridades e circunstâncias, é a Academia Brasileira de
Letras.

3) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.

4) Uma simples consulta ao VOLP mostra que, para o vocábulo trazido pela leitora, determina ele os
seguintes aspectos: a) a grafia é ar-condicionado (assim com hífen, e não como foi trazido pela
leitora, sem ele); b) por se tratar de vocábulo com certo grau de dificuldade, também traz seu plural,
que é ares-condicionados (2009, p. 75).

5) A razão de se fazer o plural desse modo é que, em substantivos compostos (como esse, que tem
dois elementos unidos por hífen), quando formados por elementos variáveis (no caso, um substantivo
[ar] e um adjetivo [condicionado]), ambos vão para o plural.

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09/02/2019 Ar-condicionado – Qual o plural? - Gramatigalhas

José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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09/02/2019 Aresto - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Aresto
quarta-feira, 23 de junho de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rubem Sarmento envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas :

"Caro Professor Doutor José Maria da Costa, sinto dificuldade em pronunciar e utilizar o
vocábulo 'aresto'."

Aresto

1) É termo técnico, de largo uso na linguagem jurídica, com o significado de acórdão, decisão de um
tribunal, decisão coletiva. Ex.: "Com o retorno dos autos do tribunal, o juiz da comarca determinou o
cumprimento do venerando aresto".

2) Não confundir com sua parônima arresto, que significa apreensão autorizada pela Justiça.

3) Sob outro aspecto, Antonio Henriques, por um lado, conceitua acórdão como "forma verbal
substantivada; trata-se da 3ª pessoa do plural (forma arcaica) do presente do indicativo do verbo
acordar (concordar), cujo significado é 'julgamento feito pelos tribunais superiores' (CPC, art. 163,
CPP, arts. 556, 563, 564 e 619)".

4) Por outro lado, tal autor — embora lembrando a sinonímia tomada por diversos autores —
diferencia-o de aresto, dando a este o conceito de "decisão judicial irreformável tomada pelos
tribunais superiores".

5) Em mesma direção, Edmundo Dantès Nascimento observa que "tecnicamente não são sinônimos
acórdão e aresto, trazendo, em abono lição de Mendes Júnior: "Chamam-se arestos as decisões
judiciais não suscetíveis de reforma, proferidas em forma de julgamento definitivo pelos tribunais
superiores"."

6) Para sintetizar, enquanto acórdão é, genericamente, a decisão colegiada dos tribunais, o aresto é
a decisão colegiada de um tribunal que não mais se apresente como suscetível de reforma.

7) Nem mesmo os textos de lei escapam ao cometimento de deslizes no emprego de palavras dessa
natureza, bastando ver que, para o art. 23 do Decreto-lei n. 70, de 21/11/66, que instituiu a cédula
hipotecária, a Coleção das Leis da União registrou aresto, quando, em realidade, queria significar
arresto.

8) Quanto à pronúncia, além do fato de que o e é aberto (é) em ambos os vocábulos, é oportuno
acrescentar que, em aresto, o r é pronunciado como em arisco (desconfiado), enquanto, em arresto,

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI109704,61044-Aresto 1/2
09/02/2019 Aresto - Gramatigalhas
ele é pronunciado como em arrisco (que significa eu ponho em risco).

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09/02/2019 Arrolar e Arrulhar - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Arrolar e Arrulhar
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Odete Rocha envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezado professor, qual seria a melhor pronúncia para o verbo 'arrolar', no sentido de
'arrulhar', na terceira pessoal do plural? Com ó aberto: (eles arrólam, fazem um rol) ou ô
fechado (eles arrôlam, que fica mais perto de rolinhas e pombinhos)? Pergunto, porque
pretendo fazer uma brincadeira com esses sentidos do verbo no interprograma que escrevo e
apresento na TV Justiça, o Quem Tem Dúvidas, quando falar sobre arrolamento de
testemunhas. Abraços e obrigada."

Arrolar e Arrulhar

1) Uma leitora indaga qual a melhor pronúncia para o verbo arrolar no sentido de arrulhar na terceira
pessoa do plural do presente do indicativo: eles arrolam (ó) ou eles arrolam (ô)?

2) Observado o fato de que arrulhar não traz problema algum, já que é integralmente regular, uma
primeira distinção a ser feita, em sequência, é que, normalmente, o verbo arrolar significa fazer um
rol, fazer uma relação, enquanto arrulhar quer dizer produzir arrulhos, que é o som de alguns
pássaros, como as pombas e as rolas.

3) Ocorre, todavia, que arrolar também pode significar arrulhar. Ou seja: arrolar tanto significa fazer
um rol, fazer uma relação, como também produzir arrulhos, como as pombas e as rolas.

4) O que se dá, porém, é que, independentemente do sentido que tenha, o verbo arrolar, seguindo os
demais da língua portuguesa terminados em –olar, tem sempre o som aberto nas formas rizotônicas
(ó). Exs.: I) "Os advogados arrolam (ó) as testemunhas"; II) "Os pássaros arrolam (ó) no beiral da
casa".

______
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09/02/2019 Arrolar e Arrulhar - Gramatigalhas

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09/02/2019 Ascendência ou descendência italiana? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Ascendência ou descendência italiana?

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por José Maria da Costa

Ascendência ou descendência italiana?


quarta-feira, 14 de junho de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Marco Aurelio Chagas Martorelli envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte


indagação:

"Caríssimo Professor, No Migalhas de hoje (1.319), 22/12, acredito ter-se dado uma
escorregadela, certamente decorrente do cansaço deste fim de ano mais que intenso. É que o
título da coluna 'Migalhas dos leitores - Descendência italiana ?', pelo qual o leitor migalheiro
questionou o fato de a Primeira Dama, Dona Marisa Letícia, ter obtido cidadania italiana
parece-me equivocado; ocorre que o título correto, s.m.j., deveria ser 'Ascendência italiana',
pois é por conta de seus ascendentes que alguém pode pleitear tal 'status', desde que o país
concedente siga a regra do 'ius sanguinis' para tanto; caso a migalha tivesse se reportado aos
filhos de Lula e Marisa Letícia que, a partir da concessão de cidadania européia, poderiam,
como seus descendentes, obtê-la, acredito ser aquele o título adequado. De toda forma, o que
nos mais estranha é que alguém que divide os lençóis com o mais alto magistrado brasileiro,
que se jacta aos jornais de que, com seu empossamento, deu-se início aos tempos de
bonança e liderança global desse 'gigante adormecido' se preocupe em 'garantir o futuro de
seus filhos', de preferência, fora daqui. Isso me lembra uma frase de um ilustríssimo
Migalheiro, o Mestre Renato Stetner: 'Em terra de cego, quem tem um olho emigra!'
Saudações Migalheiras."

1) Os dicionários registram, sem maior dificuldade, que ascendente significa antepassado ou


antecedente, enquanto descendente tem o sentido de póstero, de posterior, de vindouro.

2) E, quanto à etimologia, ascender significa subir, enquanto descender guarda o sentido de descer.

3) Buscando alguma razão para justificar o conteúdo semântico de tais vocábulos em relação a sua
etimologia, o que parece mais lógico é verificar que, quando se quer representar graficamente, em
uma folha de papel, uma sucessão de gerações, o centro de referência é posto em algum lugar físico
da página. Os pais são colocados imediatamente antes, os avós os precedem, e assim por diante. Já
os filhos são postos imediatamente depois, seguidos dos netos...

4) Quando se termina uma tarefa dessa natureza, tem-se a árvore genealógica, ou seja, o
apontamento das origens e da seqüência de uma família. Quando, porém, se analisa a
representação gráfica, percebe-se que, diferentemente de uma árvore normal, que nasce da terra e
segue para o alto, uma árvore genealógica nasce do alto e segue em direção oposta.

5) Assim, quando se parte em direção aos antepassados, ascende-se,sobe-se na árvore


genealógica; já quando se caminha rumo aos pósteros, descende-se, ou desce-se, quer em linha

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI25948,11049-Ascendencia+ou+descendencia+italiana 1/2
09/02/2019 Ascendência ou descendência italiana? - Gramatigalhas
reta (quando um se origina de outro), quer em linha colateral (quando se verifica a existência de
algum relacionamento familiar, mas um não provém do outro).

6) Feitas essas ponderações, parte-se para a consideração do fato da consulta: a primeira-dama,


Marisa Letícia, obteve a cidadania italiana, e a notícia do jornal veio com a manchete "Descendência
italiana", quando, no entender de um leitor, deveria vir "Ascendência italiana".

7) Ora, uma mesma realidade de fato pode ser expressa de dois modos igualmente corretos:

a) "Marisa Letícia tem ascendência italiana";

b) "Marisa Letícia descende de italianos".

No primeiro caso, consideram-se os ascendentes em relação a ela; no segundo caso, ela é posta
como descendente de seus antepassados.

8) E a manchete segue em mesmo caminho: ascendência italiana estaria pressupondo o raciocínio


de que "Marisa Letícia tem ascendência italiana"; já descendência italiana estaria levando em conta
o fato de "Marisa Letícia descende de italianos".

9) Resuma-se: ambas as manchetes são corretas, com a observação de que partem de enfoques
diferentes.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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09/02/2019 Aspas - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Aspas
quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Karla Coachman reproduz o seguinte texto do Migalhas 1.186 (13/6/05):

"Eu falei: "Mas me importa a restauração da minha honra. A "Veja" está fazendo um
verdadeiro linchamento". Ele respondeu: "Roberto, na "Veja" não tenho nenhuma ação,
porque a "Veja" é tucana". Eu falei: "Mas "O Globo" e a Globo estão repetindo o linchamento".
Ele falou: "No "Globo" eu falo por cima. Dá para segurar". Retirar a assinatura foi o meu maior
erro. Depois que fiz isso, recrudesceu o noticiário contra o PTB. Eu entendi que foi uma
armadilha do Zé Dirceu para mim. Recrudesceu o noticiário, e eu vi claramente a mão do
governo."

E indaga:

"Com base no texto acima publicado, gostaria, se possível, que fosse comentado o uso
correto de aspas duplas e simples. Obrigada."

1) Do gótico "haspa", também conhecidas por comas ou vírgulas dobradas (às vezes em forma de
cunhas), são sinais (" " ou ' ') com que, normalmente, se abrem e fecham citações, sendo bastante
oportunas algumas considerações para seu uso.

2) Quando, dentro do trecho já entre aspas, há necessidade de novas aspas, estas são simples.1
Ex.: Deu nos jornais: "O articulista defende, como forma de melhoria nas relações jurídicas, uma
assim chamada 'globalização' das leis".

3) Se o sinal de pontuação pertence à citação, fica ele dentro das aspas, como o ponto de
interrogação no seguinte exemplo: Por que você não disse "Eu vou?".

4) Se, porém, pertence o sinal de pontuação ao autor, fica ele depois das aspas, como é o caso do
ponto final no seguinte exemplo. Ex.: Como já dizia Hipócrates, traduzido por Sêneca, "a arte é
longa, e a vida é breve".

5) Nas palavras de Celso Cunha, "quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença
que se acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas, se encerram
apenas uma parte da proposição; quando, porém, as aspas abrangem todo o período, sentença,
frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas".2

6) Para Luiz Antônio Sacconi, "o ponto vem após as aspas", se "não foram estas que deram início ao
período". Ex.: Napoleão disse: "Do alto destas pirâmides quarenta séculos vos contemplam".

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI15068,101048-Aspas 1/3
09/02/2019 Aspas - Gramatigalhas
7) Complementa, todavia, tal autor com a observação de que "as aspas aparecem depois da
pontuação somente quando abrangem todo o período". Ex.: "O Brasil espera que cada um cumpra o
seu dever."3

8) Interessante lembrete ainda vem do mesmo gramático acerca dos trechos de outros autores,
empregados, por exemplo, na elaboração dos arrazoados jurídicos: "se a citação ou a transcrição
não começar com a palavra inicial, colocar-se-ão reticências logo após a abertura das aspas. Da
mesma forma, devem ser usadas as reticências no final, antes do fechamento das aspas, se a
intenção é não terminar a referida citação ou transcrição".4

9) A esse respeito, assim se expressa Josué Machado: "Quando a pausa coincide com o final da
expressão ou sentença que se acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois
delas, se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as aspas abrangem todo o
período, sentença, frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas".5

10) Ainda para a ordem de colocação entre as aspas e o ponto, Cândido de Oliveira estabelece duas
regras:

a) "Primeiro ponto final e por último aspas, se toda a declaração (o período inteiro, da
maiúscula inicial ao ponto final) estiver entre aspas";

b) "Primeiro aspas e depois ponto final, se somente a parte derradeira do período receber
aspas".6

11) As palavras e expressões estrangeiras, de igual modo, devem vir entre aspas, permitindo-se
também explicitar tal circunstância com o uso de grifo equivalente, sublinha, itálico ou negrito. Ex.: "O
magistrado negou liminar ao pedido, fundado na inexistência do 'periculum in mora'".

12) Veja-se, nesse sentido, o ensino de Eduardo Carlos Pereira em corroboração ao fato de que se
escrevem "sublinhadas ou em grifo as palavras de língua estrangeira, que se intercalam no
discurso".7

13) Artur de Almeida Torres também observa a possibilidade de emprego das aspas, "quando se
deseja chamar a atenção do leitor para certos vocábulos que devem ser postos em evidência: Aquele
'sim' me confortou".8

14) Ensina, ainda, Luciano Correia da Silva que "não se usam aspas nas atribuições nominais ou dos
epônimos: Fundação Roberto Marinho, Rodovia Castelo Branco, EEPSG Horácio Soares, Fundação
Educacional Miguel Mofarrej, Fórum João Mendes Júnior".

15) Em critério aparentemente diverso, todavia, em outra passagem, manda que se usem tais sinais
"em nomes de livros, jornais, obras de arte...", como, por exemplo, "Folha de S. Paulo".9

16) Ultime-se com a observação de Hêndricas Nadólskis e Marleine Paula Marcondes Ferreira de
Toledo no sentido de que, em tais hipóteses, em vez de empregar aspas, pode-se optar pelo
destaque gráfico do negrito ou do itálico,10 a que se pode acrescer também a sublinha. Exs.:

a) Não se demonstrou o "fumus boni júris";

b) Não se demonstrou o fumus boni juris;

c) Não se demonstrou o fumus boni juris;

d) Não se demonstrou o fumus boni juris.

17) No caso da consulta, o ideal seria observar a questão das aspas duplas e aspas simples, com o
acréscimo de que, ante o elemento complicador dos nomes dos órgãos de imprensa, sejam eles
escritos em itálico. Ou, em termos mais práticos:

"Eu falei: 'Mas me importa a restauração da minha honra. A Veja está fazendo um verdadeiro
linchamento.' Ele respondeu: 'Roberto, na Veja não tenho nenhuma ação, porque a Veja é
tucana'. Eu falei: 'Mas O Globo e a Globo estão repetindo o linchamento.' Ele falou: 'No Globo eu
falo por cima. Dá para segurar.' Retirar a assinatura foi o meu maior erro. Depois que fiz isso,
recrudesceu o noticiário contra o PTB. Eu entendi que foi uma armadilha do Zé Dirceu para mim.
Recrudesceu o noticiário, e eu vi claramente a mão do governo."

____________

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI15068,101048-Aspas 2/3
09/02/2019 Aspas - Gramatigalhas
1 Cf. NADÓLSKIS, Hêndricas; TOLEDO, Marleine Paula Marcondes Ferreira de. Comunicação Jurídica. 2. ed. São

Paulo: Edição dos Autores, 1998. p. 51.

2 Cf. CUNHA, Celso. Gramática Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Bernardo Álvares S/A, 1970. p. 284.

3 Cf. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 244 e 248.

4 Cf. Ibid., p. 247.

5 Cf. MACHADO, Josué. Manual da Falta de Estilo. 2. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. p. 66.

6 Cf. OLIVEIRA, Cândido de. Revisão Gramatical. 10. ed. São Paulo: Editora Luzir, 1961. p. 67.

7 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 48.

8 Cf. TORRES, Artur de Almeida. Moderna Gramática Expositiva. 18. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura,

1966. p. 245.

9 Cf. SILVA, Luciano Correia da. Manual de Linguagem Forense. 1. ed. São Paulo: EDIPRO, 1991. p. 179 e 197.

10 Cf. NADÓLSKIS, Hêndricas; TOLEDO, Marleine Paula Marcondes Ferreira de. Comunicação Jurídica. 2. ed. São

Paulo: Edição dos Autores, 1998. p. 51.

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09/02/2019 Assessoria técnica-jurídica ou técnico-jurídica? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Assessoria técnica-jurídica ou técnico-jurídica?


quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Wagner Anderson Galdino envia-nos a seguinte mensagem:

"Socorro-me deste informativo, para que o Dr. José Maria Costa possa tirar-nos a seguinte
dúvida: assessoria técnica-jurídica ou assessoria técnica jurídica (sem o hífen) ou assessoria
técnico-jurídica. E o assessor: assessor técnico-jurídico ou assessor técnico jurídico? E o
feminino? Desculpe-me pelo incômodo, mas gostaríamos de sanar tal dúvida na maior brevidade
possível. Abraços!"

1) Numa expressão como a que é trazida para análise, tem-se um substantivo (assessoria) que
recebe a qualificação de dois adjetivos (técnica e jurídica).

2) Quando dois adjetivos qualificam um substantivo ao mesmo tempo, é comum e correto que tais
adjetivos venham unidos por hífen: tratado luso-brasileiro, parecer técnico-jurídico. Mas nada impede
que estejam separados, de modo que são igualmente corretas as seguintes expressões: tratado luso
e brasileiro, parecer técnico e jurídico.

3) Quando dois adjetivos unidos por hífen se referem a um mesmo substantivo, tecnicamente se tem
o que se denomina um adjetivo composto, o qual possui um modo próprio de variar em gênero
(masculino ou feminino) e número (singular ou plural).

4) Num adjetivo composto, o primeiro elemento é sempre invariável, e o segundo elemento só varia
para o plural ou feminino, quando ele próprio é um adjetivo. Exs.: tratado luso-brasileiro, convenção
luso-brasileira, tratados luso-brasileiros, convenções luso-brasileiras.1 E ainda: olho castanho-
claro, cabeleira castanho-clara, olhos castanho-claros, cabeleiras castanho-claras, assessor
técnico-jurídico, assessoria técnico-jurídica.

5) Explicite-se, ademais, que, se o segundo elemento do adjetivo composto não é um adjetivo, fica
invariável a expressão toda. Exs.: vestuário verde-oliva, farda verde-oliva, vestuários verde-oliva,
fardas verde-oliva.

6) De modo específico para a indagação trazida, veja-se o que é correto e o que não o é:

I) assessoria técnico-jurídica (correto);

II) assessoria técnica-jurídica (errado).

Também estariam corretas as expressões assessor técnico e jurídico e assessoria técnica e


jurídica.

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09/02/2019 Assessoria técnica-jurídica ou técnico-jurídica? - Gramatigalhas

_______

1Cf. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1979, p. 48.

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ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

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quarta-feira, 28 de julho de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Jefferson Ribeiro enviou o seguinte texto:

"Gosto da Gramatigalhas, pois aprendo muito. Gostaria de conhecer a regência correta do


verbo assistir, quando significa ver e quando significa dar assistência. 'Assisto ao filme' tem o
sentido de ver o filme ou de dar assistência ao filme? Obrigado".

1) É verbo que deve ser estudado sob o prisma da regência verbal, devendo-se atentar, já de início,
à sábia ponderação do Padre José F. Stringari: “muito cuidado exige o emprego do verbo assistir,
pois muda de regência em se lhe mudando o sentido”.1

2) Tem quatro significados, com peculiaridade de construção para cada qual deles.

3) No sentido de prestar ajuda, é transitivo direto. Exs.:

a) “A enfermeira assiste o doente”;

b) “A enfermeira assiste-o”.

4) No significado de presenciar, ver, é transitivo indireto, pede a preposição a, e não admite lhe como
complemento. Exs.:

a) “O estagiário assiste a vários debates e audiências”;

b) “O estagiário assiste a eles”.

5) Vale ao caso a oportuna lição de Laudelino Freire: “Na língua portuguesa existem verbos cujos
complementos indiretos são representados pela forma a ele em lugar de lhe. Isto ocorre, entre
outros, com assistir (estar presente), aspirar (desejar), recorrer (pedir auxílio), que, recusando a
forma lhe, têm os seus objetos indiretos expressos pela forma a ele”.2

6) No sentido de pertencer, caber, é transitivo indireto e admite lhe como complemento. Exs.:

a) “Este direito assiste ao vencedor”;

b) “Este direito lhe assiste”.

7) Na acepção pouco usada de morar, residir, é intransitivo e pede por complemento um adjunto
adverbial de lugar. Ex.: “Os rapazes assistem em humilde pensão”.
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8) De Júlio Nogueira é preciosa síntese acerca das regências mais comuns de tal verbo: “no sentido
de estar presente, requer a preposição a: ‘assistirás à cerimônia’, ‘assistiremos ao baile’. No
sentido de prestar assistência, requer objeto direto: ‘qual o médico que assiste este doente?’. No
sentido de morar, residir, exige uma relação de lugar: ‘el-rei assiste em Lisboa’. No sentido de ter um
direito, atribuição etc., pede a preposição a: ‘não assiste esta faculdade aoscandidatos’(ou a forma
pronominal correspondente: ‘não lhes assiste...’)”.3

9) Nos textos de lei, tem-se verificado a observância da distinção entre os significados de tal verbo,
correspondendo a uma igual distinção entre as regências.

10) Assim, no significado de auxiliar, tem sido empregado como transitivo direto (admitindo ser usado
na voz passiva). Exs.:

a) “O herdeiro do depositário é obrigado a assistir o depositante na reivindicação...”(CC/1916,


art. 1.272);

b) “Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será


assistido por perito, segundo o disposto no art. 421”(CPC, art. 145);

c) “Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores: ... V - Representá-los, até os
dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem
partes, suprindo-lhes o consentimento” (CC/1916, art. 384, V);

d) “O herdeiro do depositário, que de boa-fé vendeu a coisa depositada, é obrigado a assistir o


depositante na reivindicação, e a restituir a comprador o preço recebido” (CC/1916, art. 1.272);

e) “O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o


alienante ou o cedente”(CPC, art. 42, § 2º);

f) “São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional: ... III - assistir tecnicamente as


unidades federativasna implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta Lei”(Lei nº
7.210/84, art. 72, III).

11) Por outro lado, no sentido de ver, presenciar, tem-se observado a construção como transitivo
indireto (preposição a). Exs.:

a) “A anulação do casamento contraído com infração do n. XI do art. 183 só pode ser requerida
pelas pessoas que tinham o direito de consentir e não assistiram ao ato”(CC/1916, art. 212);

b) “É defeso a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte”(CPC, art. 344,
parágrafo único);

c) “São requisitos essenciais do testamento público:... II - Que as testemunhas assistam a todo


o ato”(CC/1916, art. 1.632, II);

d) “A certidão deve conter: ... III - os nomes das testemunhas, que assistiram ao ato, se a
pessoa intimada se recusar a apor a nota de ciente”(CPC, art. 239, parágrafo único);

12) Na acepção de caber, pertencer, tem sido construído como transitivo indireto (preposição a),
estrutura essa que admite o emprego de lhe em substituição ao nome. Exs.:

a) “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; mas não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias”(CC/1916, art. 517);

b) “Ao proprietário prejudicado, em tal caso, assisteo direito de indenização pelos danos, que
de futuro lhe advenham...”(CC/1916, art. 567, parágrafo único);

c) “Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente
investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro”(CC/1916, art. 878);

d) “A toda empresa ou indivíduoque exerçam respectivamente atividade ou profissão...


assisteo direito de ser admitido no Sindicato da respectiva categoria...” (CLT, art. 540).

13) Desse modo, vê-se que “Assisto ao filme”é regência correta e significa que eu vejo o filme na
qualidade de espectador; já “Assisto o filme” também é regência correta, mas significa, em última
análise, que auxilio em sua produção, em sua confecção.
_________

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1 Cf. STRINGARI, Padre José F. Canhenho de Português. São Paulo: Editorial Dom Bosco, 1961. p. 86.
2 Cf. FREIRE, Laudelino. Linguagem e Estilo. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora A Noite, sem data. p. 7.
3 Cf. NOGUEIRA, Júlio. Programa de Português . 3ª série secundária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939. p.

192.

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Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
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OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O Dr. Rodrigo Baldocchi Pizzo envia-nos a seguinte mensagem:

"Prezado Dr. José Maria da Costa, gostaria de saber do nobre Professor se é correto o uso da
expressão: 'assiste razão o requerente'. Não seria mais correta a afirmação: 'assiste razão ao
requerente (...quanto ao pedido/quanto ao requerimento, etc.)'. Verificamos corriqueiramente o uso
da primeira hipótese no meio forense, e essa forma de redação me causa dúvidas acerca de sua
concordância verbal e propriedade vernacular. Saudações de um Migalheiro!"

1) Quando se diz "assistir razão", o verbo assistir tem o significado de pertencer, caber.

2) Em oração com tal verbo na mencionada acepção, razão será o sujeito, e o referido verbo será
transitivo indireto, de modo que exigirá um complemento preposicionado, um objeto indireto. Exs.:

a) "A razão assiste ao réu";

b) "O direito assiste ao vencedor".

3) Em sentido prático, basta ver orações em que se empreguem os sinônimos referidos:

a) "A razão pertence ao réu";

b) "O direito cabe ao vencedor".

4) É importante acrescentar que, em tal sentido, diferentemente de outros de seus significados,


assistir admite lhe como complemento. Exs.:

a) "A razão assiste-lhe";

b) "O direito assiste-lhe".

5) Ante tais ponderações conceituais, será equivocado o emprego de tal verbo, no mencionado
sentido, como transitivo direto: "Assiste razão o requerente". Corrija-se: "Assiste razão ao
requerente".

6) Acrescente-se, por fim, que a questão aqui estudada não concerne à harmonização do verbo no
singular ou no plural, adaptando-se ao sujeito; em outras palavras, não se trata de concordância
verbal. O assunto diz respeito, isto sim, ao tipo de complemento que o verbo exige:

a) sem preposição?;
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b) com preposição?;

vale dizer, a questão concerne à regência verbal.

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Através de
quarta-feira, 1º de abril de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Márcio Britto envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caro Professor, vejo, com bastante frequência, o advérbio 'através' utilizado em textos
jurídicos em substituição da preposição 'por'. Exemplos: 'vem, 'através' da presente, propor
ação...' (pela presente); 'o réu, 'através' da contestação, rechaçou o pedido do autor...' (pela
contestação), etc. Corrija-me eventual ignorância, mestre, mas a utilização do citado advérbio,
no caso, parece-me incorreta, já que exprime a idéia de 'passar por entre'. Certo ? Cordiais
saudações."

Através de

1) A primeira observação que se há de fazer é que deve sempre haver, na referida expressão, a
preposição de, e até mesmo configura galicismo sintático sua omissão, como, aliás, lembra Vitório
Bergo em seu ensinamento: "É francesa a construção de frase em que através sem a preposição
de".1 Exs.: a) "A notícia se modificou através dos tempos" (correto); b) "A notícia se modificou
através os tempos" (errado).

2) Luiz Antônio Sacconi é de idêntico parecer, quanto à obrigatoriedade de emprego da preposição


de, sob pena de galicismo.2

3) Em tal erro incidiu Eça de Queirós, quase sempre modelar no vernáculo, ao dizer, em Bilhetes de
Paris: "Através a folhagem copada... não logrei perceber...".

4) Ao comentar o vicioso hábito de empregar através sem o acompanhamento da preposição de –


como em através o século, através a multidão, através o vidro... – Laudelino Freire observa que "tal
modo de escrever é inadmissível, por ser estranho à nossa língua. Próprio é da francesa, onde a
locução prepositiva à travers nunca pede a preposição de, exceto se o de for partitivo... No
português, pelo contrário, é de rigor o emprego da preposição de depois de através...".3

5) Também anotando que através o, com artigo e sem preposição, constitui "inútil e intolerável
galicismo, cópia servil do francês travers le", Aires da Mata Machado Filho acrescenta que o erro é
prolífero, pois agora surge, na fala comum, o através à, "com preposição e artigo fundidos no a
craseado".

6) E esclarece tal autor que o vício inicial, em que marginalizada a preposição, à semelhança de
muitos outros em nosso idioma, ocorre "pela falta da comezinha noção de gramática elementar de

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que a locução prepositiva termina em preposição".4

7) Também Eliasar Rosa anota que "dizer através o, através a é falar como os franceses. Em bom
português, usa-se a preposição de".5

8) Para Cândido de Figueiredo, "quem escreve através os campos, através os séculos, etc.,
macaqueia o francês".6

9) Ronaldo Caldeira Xavier também insere a expressão através o no rol dos galicismos sintáticos e
aconselha sua substituição por através de.7

10) Sousa e Silva, sem maiores preocupações teóricas, assim aconselha: "É erro dizer através o
Brasil, através os séculos, através a Idade Média etc. Digam assim: através do Brasil, através dos
séculos, através da Idade Média etc."8

11) Para Edmundo Dantès Nascimento, em interessante aspecto, essa expressão, por um lado, "não
rege nome de pessoa"; por outro, "exige a preposição de".9

12) Num segundo aspecto, quanto a seu exato sentido, principia-se com ensinamento de Antonio
Henriques: a) "Empregar-se-á quando houver idéia de penetração de um lado a outro, por dentro de,
ao longo de, no decurso de"; b) "Não havendo o sentido anteriormente mencionado, não se deve
usar através de, que se substituirá por mediante, por meio de, com, por, por intermédio de".10

13) Em seu divertido modo de observar os lapsos veiculados pela mídia, aponta Josué Machado que
"ouvimos e lemos várias vezes que a declaração do presidente (da República) foi feita através do
porta-voz. Para o presidente falar através do porta-voz terá de fazer mais um orifício no pobre
cidadão que porta a voz dele, porque a locução prepositiva através de tem sentido de
transpassagem, de travessia. Através da vidraça, através de rios e montanhas, da cerração, do
tempo, dos anos, dos planos econômicos".11

14) Como se vê, por seu próprio significado, deve-se evitar sempre a expressão para significar
adjunto adverbial de meio ou de instrumento, hipóteses em que pode ser substituída sem problemas
e simplesmente por mediante, por meio de, por ou de. Exs.: a) "Provou por testemunhas" (correto);
b) "Provou através de testemunhas" (errado); c) "Deduz-se desses argumentos que o réu há de ser
condenado" (correto); d) "Deduz-se através desses argumentos que o réu há de ser condenado"
(errado).

15) De Afrânio do Amaral advém preciosa síntese sobre a questão: "É impróprio o emprego, entre
nós cada vez mais frequente, da locução prepositiva através de, para indicar instrumento ou veículo,
em lugar de mediante, por meio de, em frases com esta: 'Chegaram a termo através de um
convênio', 'Pode violar esses preceitos proibitivos através de atos de direito', 'O médico salvou a
cliente através de uma injeção'. Tal emprego não se estriba no exemplo de nossos mestres. O
sentido certo daquela locução, que apenas denota passagem ou travessia, é de por entre, de lado a
lado, ao correr ou no decurso de. Exs.: a) '... laços que se prolongam através das eras' (Alexandre
Herculano); b) 'Muito longe, através da montanha' (Coelho Netto); c) 'Os seres sucedem-se através
das vicissitudes' (F. de Castro); d) 'Através dos tempos, os vocabulários sofrem modificações'
(Laudelino Freire)".12

16) Com supedâneo nessas premissas, extrai Edmundo Dantès Nascimento a ilação de que
"constitui vício usar através de regendo nome de pessoa ou indicando meio", como em "Conseguiu
através do deputado", ou "Pagou através de cheque".13

17) Tal vício é bastante comum, e Vasco Botelho de Amaral observa textualmente, no que toca ao
emprego da expressão para iniciar adjuntos adverbiais de meio ou de instrumento: "Esta mania do
através tenho-a notado em muita gente que fala e escreve difícil".14

18) Apenas para registro – já que se destina a observação à linguagem coloquial, não merecendo
extensão para o padrão culto, onde se há de observar o posicionamento mais liberal e até permissivo
de Domingos Paschoal Cegalla: "Está generalizado o emprego desta locução no sentido de por meio
de, por intermédio de. Por isso, não há senão legitimá-lo".15

19) Análise gramatical das leis civil e processual civil, por seu lado, confirma o adequado uso de
outras preposições – jamais do emprego errôneo da locução prepositiva considerada neste verbete -
para os adjuntos adverbiais de meio ou de instrumento.

20) Assim, o art. 530 do Código Civil de 1916 registra que se adquire a propriedade imóvel pela
transcrição, pela acessão, pelo usucapião e pelo direito hereditário.

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21) De igual modo, o art. 221 do Código de Processo Civil discrimina que a citação se fará pelo
correio, pelo oficial de justiça ou por edital.

22) Uma análise de outros dispositivos da lei processual confirma o emprego reiterado da preposição
por: arts. 222, 223, 231,232 e 233 do Código de Processo Civil, dentre outros (citação pelo correio,
citação por edital).

23) Também se utiliza a expressão por meio de, como no art. 224 (citação por meio de oficial de
justiça).

24) Já o art. 404 emprega a preposição com e fala em provar com testemunhas.

25) E o art. 664 usa a preposição mediante, ao dizer: "Considerar-se-á feita a penhora mediante a
apreensão e o depósito dos bens..."

26) Acresça-se que através de não serve para indicar o agente da passiva. Exs.: "O gol foi feito pelo
atacante" (correto); b) "O gol foi feito através do atacante" (errado).

27) Em apreciação de excertos de arrazoados jurídicos e textos forenses, Geraldo Amaral Arruda
colecionou uma série de exemplos de emprego equivocado da expressão para introduzir agente da
passiva ou adjunto adverbial de meio ou de instrumento: através de escritura pública, materialidade
presente através dos autos, através de seu procurador, através da avença, foi provado através do
atestado, furto através de arrombamento, aquisição de domínio através de usucapião, sentença
reformada através de apelação.

28) Tais expressões, em verdade, deveriam ser corrigidas do seguinte modo: por escritura pública,
materialidade presente nos autos, por seu procurador, pela avença, foi provado pelo atestado, furto
com arrombamento, aquisição de domínio por usucapião, sentença reformada em apelação.16

____________________________

1 Cf. Bergo, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. vol. II, p. 36.

2 Cf. Sacconi, Luiz Antônio. Nossa Gramática. São Paulo: Editora Moderna, 1979. P.268.

3 Cf. Freire, Laudelino. Estudos de Linguagem. Sem número de edição. Rio de Janeiro: Cia. Brasil Editora, impresso em

1937. P. 81.

4 Cf. Machado Filho, Aires da Mata. "Análise, Concordância e Regência". In: Grande Coleção da Língua Portuguesa.

São Paulo: co-edição Gráfica Urupês S/A e Edinal – Editora e Distribuidora Nacional de Livros Ltda., 1969. vol. 2, p. 736.

5 Cf. Rosa, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1993. p.32.

6 Cf. Figueiredo, Cândido de. Falar e Escrever. 5. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1943. vol. III, p. 186.

7 Cf. Xavier, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 89.

8 Cf. Silva, A. M. de Sousa e. Dificuldades Sintáticas e Flexionais. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1958. p.

42.

9 Cf. Nascimento, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 84.

10 Cf. Henriques, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 26.

11 Cf. Machado, Josué. Manual da Falta de Estilo. 2. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. p. 60.

12 Apud Nascimento, Edmundo Dantès. Op. Cit., p. 115, nota 611.

13 Ibid., p. 17-18.

14 Cf. Amaral, Vasco Botelho de. A Bem da Língua Portuguesa. Lisboa: Edição da Revista de Portugal, 1943. p. 225.

15 Cf. Cegalla, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 43.

16 Cf. Arruda, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 14-15.

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09/02/2019 Auferimento – Existe? - Gramatigalhas

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Auferimento – Existe?
quarta-feira, 21 de março de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Priscila Barbosa envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Qual o substantivo do verbo 'auferir'? Seria 'auferimento', ou não existe?"

1) Quando se quer saber se uma palavra existe ou não em português, deve-se tomar por premissa o
fato de que a autoridade para listar oficialmente os vocábulos do nosso idioma é a Academia
Brasileira de Letras.

2) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.

3) Ora, uma simples consulta ao VOLP mostra que, a par do verbo auferir, não se registra nenhum
substantivo correspondente: nem auferimento, nem auferição ou algo similar. Tais substantivos, por
conseguinte, não existem em nosso léxico.

4) Em tais circunstâncias, se se quer usar um substantivo com esse significado, a solução é buscar
um verbo sinônimo de auferir, que tenha um substantivo correspondente.

5) E, assim, partindo do princípio de que auferir normalmente tem o sentido de colher, ganhar ou
obter, tem-se, por consequência, que os substantivos correspondentes podem ser colheita, ganho ou
obtenção. A alternativa é escolher, nesse rol, o vocábulo que mais se amolda à acepção pretendida
pelo contexto.

6) E não se pode olvidar a possibilidade que sempre existe de substantivação dos infinitivos: o
colher, o ganhar, o obter e, portanto, o auferir.

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09/02/2019 Auferimento – Existe? - Gramatigalhas

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09/02/2019 Autópsia ou necrópsia? - Gramatigalhas

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Autópsia ou necrópsia?
quarta-feira, 3 de outubro de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Emílio de Oliveira e Silva envia-nos a seguinte mensagem:

"Deu no Migalhas que, segundo relatório preliminar da autópsia, Slobodan Milosevic morreu em
conseqüência de um enfarte do miocárdio (Migalhas 1.371 – 13/3/06 – "Milosevic morreu de
enfarte"). Ora, se autópsia consiste no exame de si mesmo, não seria o caso de substituir este
termo por necropsia (exame de cadáver)? Fica a dúvida para o Dr. José Maria da Costa.
Abraços!"

Também indaga Aparecido Nunes Barbosa:

"No texto há a afirmação de que Badan fez 'autópsia' (Migalhas 1.741 – 18/9/07 – "Migas – 10" –
clique aqui). Qual a terminologia indicada, esta ou necropsia? Sou estudante de Direito, busco
com esta indagação o aprendizado, espero contar com a ajuda deste."

1) Em termos de análise de seus elementos componentes, autópsia vem do grego: auto (por si
mesmo ou pessoalmente – e não de si mesmo) + psia (ação de ver ou examinar). Significa, em
suma, analisar por si mesmo ou analisar pessoalmente. E aqui já se verifica que não quer dizer
examinar a si próprio.

2) Necropsia também vem do grego: necro (morte, morto ou cadáver) + psia (ação de ver ou
examinar).

3) Para Domingos Paschoal Cegalla, autópsia é um "termo usado impropriamente em Medicina


Legal, em vez de necropsia, que é a perícia feita em cadáver para apurar a causa do óbito (causa
mortis)".1

4) Por outro lado, leciona Eliasar Rosa que necropsia é "neologismo criado para substituir autópsia,
que, entretanto, não vingou".2

5) Quanto à prosódia da primeira das palavras mencionadas – ou seja, no que tange à correta
pronúncia e localização da sílaba tônica no vocábulo – veja-se que o Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa – veículo oficial da Academia Brasileira de Letras para apontar quais as palavras
existentes em nosso léxico, assim como para definir qual sua grafia e pronúncia adequadas – em sua
edição de 2004, registra autópsia, mas não autopsia.3

6) Quanto ao segundo dos termos, por seu lado, o VOLP registra apenas necropsia, e não
necrópsia.4

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI46431,31047-Autopsia+ou+necropsia 1/2
09/02/2019 Autópsia ou necrópsia? - Gramatigalhas
7) Ora, ao editar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, a Academia Brasileira de Letras
age por delegação legal, de modo que sua palavra é a própria lei, no que concerne aos aspectos de
sua incumbência. Desse modo, conclui-se, por um lado que está oficialmente autorizado o emprego
dos substantivos autópsia e necropsia, mas não de autopsia nem de necrópsia.

8) Por outro lado, embora necropsia tenha conteúdo etimológico mais preciso, nada impede em
nosso idioma o emprego de autópsia. Os vocábulos coexistem no idioma e se prestam a expressar o
mesmo significado e a mesma realidade.

__________

1CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999, p. 46.

2ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S.A., 1993, p. 98.

3Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 87.

4Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 549.

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colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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09/02/2019 Autor ou autor; Réu ou réu? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Autor ou autor; Réu ou réu?


quarta-feira, 7 de março de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor José Vicente Ferreira envia-nos a seguinte mensagem:

"Olá, amigos do Gramatigalhas. Gostaria de obter o esclarecimento de uma dúvida: quando


estamos redigindo uma peça processual, ao nos referirmos às partes envolvidas no processo,
devemos escrever com inicial minúscula ou maiúscula? Ex.: autor ou Autor; réu ou Réu;
advogado ou Advogado; juiz ou Juiz; desembargador ou Desembargador; requerente ou
Requerente; requerido ou Requerido? Obrigado pela atenção."

1) Algumas regras sobre o emprego de maiúsculas devem ser fixadas:

I) – Cada língua tem seu sistema de uso das maiúsculas iniciais das palavras: no alemão, por
exemplo, todo substantivo se escreve com inicial maiúscula, o que não se dá no português;

II) – Em nosso idioma, o Formulário Ortográfico, elaborado pela Academia Brasileira de Letras,
com a autoridade que lhe foi conferida por lei, fixa alguns casos de uso obrigatório de
maiúsculas: por exemplo, nomes de vias e lugares públicos (Avenida Nove de Julho), nomes de
fatos históricos importantes (Independência do Brasil), de escolas (Colégio Estadual Alberto
Santos Dumont);

III) – O mesmo Formulário Ortográfico estabelece, todavia, casos em que se proíbe o emprego
de maiúsculas, como nomes de meses (janeiro, fevereiro...) e de festas pagãs ou populares
(carnaval...).

2) Acrescente-se, por oportuno, que nosso sistema de emprego de maiúsculas não é imune a
críticas, e uma análise acurada revela que a sistematização oficial não prevê solução segura para
diversas hipóteses.

3) A essa altura, não se pode esquecer a possibilidade de emprego optativo de maiúsculas iniciais,
norteada por critérios subjetivos, em que se confere proeminência e relevo a determinados
elementos da frase. Ex.: "Meu querido Mestre e Amigo Dr. Saulo:..."

4) Deve-se atentar, contudo, para não haver abuso de tal expediente, sob pena de se tornar esse
emprego corriqueiro e sem brilho, incapaz, assim, de conferir a proeminência e o relevo pretendidos.

5) Vale dizer, com especificidade para o caso da consulta: quanto aos nomes dos integrantes e
figurantes de uma relação processual, a questão pode ser solucionada por essa possibilidade
facultativa de se empregar ou não a maiúscula, conforme a deferência com que se queira distinguir a
pessoa tratada: Apelante ou apelante, Apelado ou apelado...

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI36124,61044-Autor+ou+autor+Reu+ou+reu 1/2
09/02/2019 Autor ou autor; Réu ou réu? - Gramatigalhas
6) Em decorrência do próprio respeito e cortesia com que as partes devem tratar-se nos atos
processuais, ensina, aliás, com propriedade, Luciano Correia da Silva que "é de boa ética tratar as
partes, no processo, escrevendo-lhes os nomes com a inicial maiúscula: o Requerente, o Exeqüente,
o Executado, o Autor, o Réu, etc."1

7) Não se esqueça, contudo, que se trata de caso de uso facultativo de maiúsculas, de modo que
não haverá erro gramatical algum em referir tais integrantes da relação processual como o
requerente, o exeqüente, o executado, o autor, o réu, etc.

________

1Cf. SILVA, Luciano Correia da. Manual de Linguagem Forense. 1. ed. São Paulo: EDIPRO, 1991, p. 206.

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09/02/2019 Autor ou Requerente? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Autor ou Requerente?
quarta-feira, 3 de outubro de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Larissa Waldow envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezado professor, existe diferença entre o uso das denominações 'Requerente' e 'Autor'? Se
diferentes, quando cada uma deve ser usada? Grata."

Autor ou Requerente?

1) Uma leitora indaga se existe diferença de uso entre os vocábulos Requerente e Autor. Em caso de
resposta positiva, pergunta quando se deve empregar uma palavra ou outra.

2) Por um lado, presencia-se, na atualidade, um crescente avanço da ciência processual, a qual, em


aprimoramento da técnica de redação, leva ao abandono de uma terminologia genérica e à busca de
vocábulos que indiquem uma real e específica posição do interessado no processo.

3) Por outro lado, e até mesmo em decorrência da ponderação anterior, os tempos modernos exigem
o abandono de uma tradição anacrônica e nitidamente extemporânea, como a que pretende
perpetuar termos como Suplicante e Suplicado, resquícios de uma vassalagem, oriundos dos tempos
da Casa de Suplicação, que os séculos já esqueceram.

4) Ante essas duas premissas, inegável é concluir desde logo que o vocábulo Requerente é termo
totalmente genérico e não guarda em si elemento algum de técnica processual, que possa conferir-
lhe sentido específico ou posicionamento num determinado feito.

5) De modo mais claro, veja-se que, se Requerente é aquele que requer, tanto o Autor como o Réu
podem, numa específica petição, ser o Requerente da providência a que visa o mencionado pedido.
Vale dizer: empregar Requerente numa petição não serve, de modo algum, para clarear a situação,
nem para indicar a posição processual da pessoa referida.

6) Já Autor é aquele que promove uma ação judicial civil ou uma denúncia penal; e Réu, em
contraposição, "é aquele contra quem se promove ação judicial (sentido civil) ou aquele contra quem
se move denúncia por fato criminoso (sentido penal)."1 São termos genéricos e corretos para indicar
os lados envolvidos em determinada medida judicial.

7) Em outros dizeres: aquele que promove uma ação sempre pode ser chamado de Autor; e aquele
contra quem se ajuíza a demanda pode ser chamado de Réu, independentemente das
especificidades. Trata-se de terminologia genérica aceita sem problemas maiores.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127593,11049-Autor+ou+Requerente 1/2
09/02/2019 Autor ou Requerente? - Gramatigalhas
8) É claro que esse Autor pode ser especificado de acordo com a modalidade da medida judicial
manejada: em execução é o Exequente; em ação desconstitutiva de título judicial ou extrajudicial é o
Embargante; em reconvenção é o Reconvinte; em mandado de segurança é o Impetrante.

9) E aquele contra quem se manejam tais providências judiciais também podem ser assim
especificados: Executado, Embargado, Reconvindo, Impetrado.

10) De modo específico para o caso da consulta: a) Requerente é vocábulo que se deve evitar em
petições judiciais, porque, longe de se amoldar à técnica processual, constitui generalidade que
confunde (nada impede, por exemplo, que o próprio Réu de determinada ação seja o requerente de
certa petição); b) Autor é termo técnico genérico, que pode ser usado para indicar todo aquele que
promove uma ação judicial civil (não importando sua especificidade) ou de uma denúncia penal; c)
nada impede que haja o emprego de termos mais específicos que se amoldem à medida judicial
manejada: Autor (para ações de conhecimento em geral), Exequente, Embargante, Reconvinte,
Impetrante.

__________________

1Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 175.

______
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09/02/2019 Autor/réu – maiúscula inicial? - Gramatigalhas

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Sábado, 9 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Autor/réu – maiúscula inicial?


quarta-feira, 30 de junho de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Diógenes Gori Santiago envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas :

"Gostaria de saber se ao se referir as partes do processo, usando expressões tais como autor (a),
reclamante, recorrido (a), recorrente, requerido (a), e tantas outras, deve-se escrever estas
expressões com inicial maiúscula ou minúscula?"

Autor/réu – maiúscula inicial?

1) Um leitor indaga se expressões como autor e réu, em autos de processo, devem ser escritas com
inicial maiúscula ou não.

2) Uma leitura atenta do Formulário Ortográfico – um conjunto de instruções para a organização do


Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovadas unanimemente pela Academia Brasileira
de Letras, na sessão de 12 de agosto de 1943 – não traz regras específicas para o mencionado
assunto.

3) Isso quer significar que, em princípio, não seria obrigatória a grafia de vocábulos dessa natureza
com inicial maiúscula.

4) Embora, assim, não seja obrigatória tal grafia, vale a pena ponderar com palavras de Luciano
Correia da Silva: "é de boa ética tratar as partes, no processo, escrevendo-se-lhes os nomes com
inicial maiúscula: o Requerente, o Exequente, o Executado, o Executado, o Autor, o Réu, etc."1

5) Quando se escrevem tais nomes com inicial maiúscula, em realidade, não deixa de haver
demonstração de um respeito adicional e uma cordialidade para com a parte adversária.

_____________

1 Cf. SILVA, Luciano Correia da. Manual de Linguagem Forense. São Paulo: Edipro, 1991. p. 206.

______
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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI110184,81042-Autorreu+maiuscula+inicial 1/2
09/02/2019 Autos foi (ou foram) encaminhado(s)? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Autos foi (ou foram) encaminhado(s)?


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Wellington Luiz da Rocha envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Gostaria de saber qual a expressão é a correta: '...os autos do processo foi encaminhado ao
tribunal' ou '...os autos do processo foram encaminhados ao tribunal'. Obrigado"

Autos foi (ou foram) encaminhado(s)?

1) Um leitor busca saber qual das duas expressões é correta: I) "Os autos do processo foi
encaminhado ao tribunal"; II) "Os autos do processo foram encaminhados ao tribunal".

2) Autos são o conjunto ordenado das peças de um processo, a materialização dos documentos em
que se corporificam os atos do procedimento. Ex.: "O que não está nos autos não está no mundo".

3) É errôneo o uso de processo para significar tal conjunto ordenado de peças, já que processo, em
realidade, configura instituto complexo, formado assim pela relação jurídica processual que se
estabelece entre as partes e o Estado-juiz, como pelos atos por eles praticados na forma, sequência
e prazos determinados na lei.

4) Trata-se de palavra só usada no plural, devendo-se, assim, atentar a sua concordância verbal,
quando desempenhar a função de sujeito, caso em que levará o verbo para o plural.Ex.: "Os autos
foram retirados de cartório pelo advogado".

5) Também importante é atentar à concordância, quando se empregar um verbo seguido de se como


partícula apassivadora: "Retiraram-se os autos", e não "Retirou-se os autos".

6) Não confundir com auto, no singular, que, em acepção mais estrita na linguagem forense, "indica
todo termo ou toda narração circunstanciada de qualquer diligência judicial ou administrativa, escrita
por tabelião ou escrivão, e por estes autenticada", como auto de corpo de delito, auto de infração,
auto de partilha, auto de penhora.

7) Assim, de modo específico para os exemplos da consulta que motivou essas explicações: I) "Os
autos do processo foi encaminhado ao tribunal" (errado); II) "Os autos do processo foram
encaminhados ao tribunal" (correto).

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI96785,11049-Autos+foi+ou+foram+encaminhados 1/2
09/02/2019 Averiguar - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Averiguar
quinta-feira, 8 de setembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Recebemos do leitor Conrado de Paulo a seguinte mensagem:

"Prof. José Maria, Qual é o certo? 'Que se apazigúe', ou 'Que se apazígüe'? Existe regra, sem
exceção, para aguar, enxagüar, e verbos do gênero?"

1) Nesse verbo, o u é sempre pronunciado, esteja ele em sílaba forte ou não.

2) Na lição de Otelo Reis, tal sílaba tônica jamais é a terceira (ri), sendo errôneo pronunciar averíguo,
para rimar com ambíguo.1

3) Apresenta dificuldades de pronúncia (às vezes o u é fraco, às vezes é forte), do que advêm
problemas no uso do tremae do acento gráfico.

4) Relembre-se a respeito, ainda com Otelo Reis, que, "quando à letra u se segue a letra e,
emprega-se o acento agudo ou o trema, conforme a referida letra u seja tônica ou não: averigúe,
averigüemos".2

5) Tais dificuldades normalmente estão no presente do indicativo e nos tempos daí derivados:
averiguo, averiguas, averigua, averiguamos, averiguais, averiguam (presente do indicativo);
averigúe, averigúes, averigúe, averigüemos, averigüeis, averigúem (presente do subjuntivo);
averigua, averigúe, averigüemos, averiguai, averigúem (imperativo afirmativo); não averigúes, não
averigúe, não averigüemos, não averigüeis, não averigúem (imperativo negativo).

6) A alternância entre u fraco e forte apenas ocorre nos mencionados tempos; nos demais, o u é
sempre fraco, motivo por que, neles, pode haver trema (se o u for seguido de e) ou não (quando for
seguido de a), mas jamais acento gráfico: averiguava (imperfeito do indicativo), averiguarei (futuro do
presente), averiguaria (futuro do pretérito), averigüei (pretérito perfeito do indicativo), averiguara
(mais-que-perfeito do indicativo), averiguar (futuro do subjuntivo), averiguasse (imperfeito do
subjuntivo), averiguando (gerúndio), averiguado (particípio).

7) Interessante é anotar que Silveira Bueno, por um lado, afirma que, "como todos os verbos
terminados em guar, conjuga-se este, acentuando-se a vogal u no presente do indicativo, imperativo
e subjuntivo";3 por outro lado, porém, tal autor, além da maneira de conjugação normalmente aceita,
também assim conjuga no presente do indicativo: averíguo, averíguas, averígua...4

8) Tal posicionamento solitário quanto à flexão do mencionado verbo não deve, todavia, ser seguido,
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI15553,11049-Averiguar 1/2
09/02/2019 Averiguar - Gramatigalhas

até por não contar com respaldo do uso da língua e da própria autoridade dos gramáticos.

9) Serve de modelo para apaniguar e apaziguar.

10) Já que o verbo averiguar serve de modelo para a conjugação de apaziguar, então se volta à
indagação do leitor: o correto é apazigúe, e não apazigúe. Veja-se a conjugação do referido verbo no
presente do indicativo e no presente dos subjuntivo, tempos esses onde ocorrem os problemas:
apaziguo (ú), apaziguas (ú), apazigua (ú), apaziguamos, apaziguais, apaziguam (ú) (presente do
indicativo); apazigúe, apazigúes, apazigúe, apazigüemos, apazigüeis, apazigúem (presente do
subjuntivo).
__________

1 Cf. REIS, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco

Alves, 1971. p. 56-57.

2 Ibid., p. 57.

3 Cf. BUENO, Silveira. Português pelo Rádio. São Paulo: Saraiva & Cia., 1938. p. 178-179.

4 Ibid., p. 56.

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