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SUMÁRIO: 1. CONCEITO (2) 2. OS DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (2) 2.1. DIREITOS OU INTERESSES DIFUSOS (3) 2.2. DIREITOS OU
INTERESSES COLETIVOS (4) 2.3. DIREITOS OU INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (4) 3. A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOSITURA DE AÇÕES COLETIVAS (5) 3.1.
LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE E DISJUNTIVA (5) 3.2. LEGITIMAÇÃO AUTÔNOMA (5) 3.3. LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA (6) 3.4. LEGITIMADOS EM ESPÉCIE (6) 4. AS
AÇÕES JUDICIAIS (7) 5. OBRIGAÇÕES DE FAZER OU NÃO FAZER (7) 6. GRATUIDADE NAS AÇÕES COLETIVAS (8) 7. DIREITO DE REGRESSO E DENUNCIAÇÃO DA LIDE (8)
8. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA (9) 9. AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (9) 9.1. COMPETÊNCIA (10) 9.2. LITISCONSÓRCIO
(11) 9.3. CONDENAÇÃO GENÉRICA (11) 9.4. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DE SENTENÇA (11) 9.5. EXECUÇÃO COLETIVA (12) 9.6. CONCURSO DE CRÉDITO (12)
9.7. PRAZO DE HABILITAÇÃO DOS INTERESSADOS (12) 10. AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS (13) 10.1. FORO DO DOMICÍLIO DO
CONSUMIDOR (13) 10.2. CHAMAMENTO AO PROCESSO (14) 10.3. AÇÃO PREVENTIVA MANDAMENTAL (14) 11. COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS (14) 11.1.
DIREITOS DIFUSOS (INCISO I) (15) 11.2. DIREITOS COLETIVOS (INCISO II) (15) 11.2.1. RELAÇÃO COM O DIREITO INDIVIDUAL DO CONSUMIDOR (§ 1º) (15) 11.3.
EXTENSÃO SUBJETIVA DA COISA JULGADA NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (§ 3º) (16) 11.4. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (INCISO III) (16) 11.5. AÇÃO INDENIZATÓRIA
INDIVIDUAL (§ 2º) (16) 11.6. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA (§ 4º) (16) 12. LITISPENDÊNCIA E CONTINÊNCIA (17) REFERÊNCIAS (18) ANOTAÇÕES (18)
Nesta unidade abordaremos a tutela jurisdicional e as ações coletivas, que tratam da defesa dos
direitos dos consumidores, falaremos da defesa do consumidor em juízo, a qual poderá ser de
direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, trataremos das pessoas que têm legitimidade
ativa para a propositura desse tipo de ação coletiva, da competência, do litisconsórcio, do
concurso de credores, dos efeitos da coisa julgada (erga omnes e ultra partes) e da litispendência e
continência com suas diferenciações para a aplicação em cada caso específico.
Objetivo
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1 Conceito
O Código de Defesa do Consumidor veio garantir a tutela jurisdicional do consumidor, em
outras palavras, dando uma resposta legislativa adequada ao tema do acesso do consumidor aos órgãos
judiciários e, mais que isso, preocupando-se principalmente com a proteção de toda a coletividade
de consumidores, sendo o responsável, no sistema jurídico pátrio, por definir o sentido de direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos e inovando com a introdução do mecanismo intitulado
ação civil coletiva para a defesa desses últimos.
Conceito
Por “defesa” entendemos os meios inscritos na legislação e utilizáveis pelo
consumidor perante um órgão do Judiciário a fim de proteger sua pessoa, bem
como seus bens contra eventuais lesões. A defesa do consumidor em juízo foi
abordada pelo legislador, individualmente ou a título coletivo, a partir do artigo
81 e se estende até o artigo 104 do CDC.
Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida
em juízo individualmente ou a título coletivo.
Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
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Exemplo
Pode-se exemplificar a existência de tal direito com a veiculação de publicidade
enganosa na televisão, quando se pretende a retirada da publicidade do ar, pois o
anúncio sujeita toda a população a ele exposta, ou seja, de forma indiscriminada e
geral, todas as pessoas são atingidas pelo anúncio enganoso.
É bem verdade, isso não elimina que uma pessoa em particular possa ser atingida e enganada
pelo anúncio, chegando a adquirir o produto veiculado e não obtendo o resultado prometido ou
sofrendo algum dano pelo consumo do referido produto. Caso em que o consumidor tem um direito
individual próprio também protegido, podendo exercer todos os direitos assegurados pelo CDC,
como, por exemplo, ingressar com ação de indenização por danos materiais e morais.
Ressalte-se, entretanto, que não é necessário que se identifique um consumidor que tenha sido viola-
do no seu direito individual para que se possa proteger um direito tido como difuso. Até porque sua caracterís-
tica marcante e diferenciadora repousa exatamente na indeterminabilidade da pessoa concretamente violada.
Em matéria de direito difuso, as circunstâncias de fato objetivamente consideradas são que
estabelecem a ligação entre o obrigado e todas as pessoas difusamente consideradas, inexistindo
uma relação jurídica base.
No exemplo da publicidade enganosa, o anúncio e sua projeção objetiva e significativa sobre toda
a população difusamente considerada seriam as circunstâncias fáticas ensejadoras de responsabilidade.
O bem jurídico protegido possui natureza indivisível, não podendo ser cindido, exatamente por
atingir e pertencer a todos indistintamente. O fato de o mesmo objeto gerar dois tipos de direito (individual
e difuso) não modifica a característica da indivisibilidade do objeto relativo a esse direito difuso.
São exemplos de fatos de direitos difusos a publicidade em geral, a distribuição e venda de
medicamentos e as questões ambientais em geral, desde que esses direitos sejam tratados de uma forma
a não determinarem as pessoas que eventualmente poderiam ser lesadas. Em outras palavras, estará no
pedido e na causa de pedir (mais adiante explicado) a diferenciação dos direitos coletivos (gênero).
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Direito do Consumidor
O objeto ou bem jurídico protegido é indivisível, pois não pertence a nenhum consumidor em
particular, mas à coletividade de consumidores como um todo.
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Exemplo
São exemplares as indenizações em virtude de acidentes com transportes aéreos,
naufrágios, cláusula abusiva em contrato de prestação de serviços educacionais,
ameaça de ruína em conjunto habitacional e outros. Percebam que, no caso dos
direitos individuais homogêneos, o pedido de indenização a todos os consumidores
lesados e a sentença sempre serão de forma genérica
Art. 82 - Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos
por este Código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus
fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código, dispensada a
autorização assemblear.
§ 1º - O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas no
art. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 2º - (VETADO).
§ 3º – (VETADO).
Acabamos de ver o art. 82, sobre os legitimados, acompanhe agora os tipos de legitimação.
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Como não há necessidade de identificação dos titulares e o objeto é indivisível, não se pode
afirmar que as entidades estariam defendendo direito alheio em nome próprio, elas recebem da lei,
especialmente em razão dessa indivisibilidade do objeto, legitimidade autônoma para agir judicialmente.
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4 As Ações Judiciais
Art. 83 - Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Parágrafo único – (VETADO).
Todas as espécies de ações, hábeis a propiciar a tutela adequada e efetiva dos interesses dos
consumidores protegidos pelo CDC, tais como, ação de conhecimento, cautelares, mandamentais,
execuções, ação coletiva, ação civil pública, habeas corpus e outras, são admissíveis.
Conceito
Entende-se tutela adequada como aquela que se ajusta às necessidades reais do
consumidor, ao passo que efetiva é a que produz resultados.
Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar
o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2º - A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287 do Código de
Processo Civil).
§ 3º - Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia,
citado o réu.
§ 4º - O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º - Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
Art. 85 - (VETADO).
Art. 86 - (VETADO).
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A lei procurou facilitar o acesso à Justiça e o legítimo estímulo à propositura das ações coletivas
através da garantia da gratuidade do processo nessas ações. A liberação é automática e independe
de pedido, bastando que a ação coletiva seja proposta. Todavia, existe a ressalva para os casos de
litigância de má-fé, onde os objetivos retromencionados não podem servir de suporte à prática de
abusos por parte das associações no ingresso da ação, caso em que haverá a condenação solidária entre
a associação autora e seus diretores responsáveis pelo ajuizamento da ação às verbas de sucumbência,
a saber: honorários de advogado, décuplo das custas e despesas processuais.
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8 Aplicação Subsidiária
Art. 90 - Aplicam-se às ações previstas neste Título as normas do Código de Processo Civil e
da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo
que não contrariar suas disposições.
Desde que não haja incompatibilidade, são aplicadas às ações previstas no CDC para a defesa do
consumidor as normas do CPC e as da Lei nº 7.347/85, que estabelecem o procedimento da ação civil pública.
Importante
Assim, as ações individuais devem submeter-se, em princípio, ao CPC, e as
coletivas às regras especiais da ação civil pública, com as inovações da própria
Lei 8.078/90, além das regras gerais da codificação processual não afetadas pelo
regime específico deste último e moderno grupo de ações.
Art. 92 - O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Parágrafo único - (VETADO).
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Para atuação do Ministério Público, é necessário que a causa envolva interesse social ou
individual indisponível, pois não se admite que o parquet venha a propor ações para a proteção de
direitos individuais disponíveis sem que haja um mínimo de relevância social. Ressalte-se que como
fiscal da Lei, o MP deve intervir em qualquer processo decorrente de ação coletiva para a defesa de
interesses individuais homogêneos, haja ou não relevância social.
9.1 Competência
Art. 93 - Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a Justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou
regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
O presente artigo rege todo e qualquer processo coletivo, estendendo-se também às ações em
defesa de interesses difusos e coletivos.
Ressalva-se aqui a competência da Justiça Federal aplicando, naquilo que interessa ao direito do
consumidor, as hipóteses previstas no art. 109 da Constituição da República, conforme resumo que se segue:
◆◆ Nas causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, compete à Justiça Federal
julgar as ações coletivas para a defesa dos interesses individuais homogêneos, desde que no
local do dano exista vara federal.
◆◆ Não havendo, porém, na comarca juízo federal, e tendo o dano ocorrido no local, será
competente para julgar a causa o Juiz Estadual, cabendo recurso ao Tribunal Regional
Federal da região correspondente.
◆◆ Inexistindo interesse da União, o cargo competente para a apreciação das ações mencionadas,
oriundas de danos ocorridos no local, é o Juiz Estadual, podendo ser interposto recurso
contra sua decisão perante o Tribunal de Justiça do Estado.
◆◆ Tratando-se de dano de âmbito nacional ou regional, existindo interesse da União,
será competente, de qualquer maneira, a Justiça Federal, que deve possuir pelo menos
uma vara na Capital do Estado ou Distrito Federal. O recurso deve ser interposto
perante o Tribunal Regional Federal.
◆◆ Inexistindo interesse da União e sendo o dano de âmbito nacional ou regional, competente
será o Juiz de Direito sediado na Capital do Estado ou no Distrito Federal, podendo ser
interposta apelação contra sua sentença junto ao Tribunal de Justiça.
No que pertine à competência no dano de âmbito local, deve ser feita uma interpretação
sistemática do modelo adotado na combinação do art. 93, I, com o art. 101, I, ambos do CDC, para
concluir que a competência para o ajuizamento de qualquer ação para apurar a responsabilidade do
fornecedor pelos danos causados na ação coletiva é de escolha do autor, isto é, dos legitimados do art. 82.
Pode, portanto, escolher entre o foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano ou no seu domicílio.
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Para a competência no direito individual remanesce valendo a regra do art. 101, I, CDC, para o
ajuizamento das ações individuais baseadas em danos de ordem local, bem como nos casos de danos de
âmbito regional ou nacional, podendo a ação ser proposta no domicílio do autor, do réu ou no local do dano.
9.2 Litisconsórcio
Art. 94 - Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos
meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
A sentença de procedência, atendo-se ao pedido, deve ser genérica, certa e ilíquida, fixando a
responsabilidade do réu pelos danos causados, já que, até aquele instante, não teria sido possível ao
juiz verificar os prejuízos sofridos por todas as vítimas interessadas no processo.
Os valores a serem pagos advirão da fase posterior de liquidação.
São partes legítimas, para promover a liquidação e a execução de sentença, a vítima ou seus
sucessores, agora individualmente considerados (legitimação ordinária), bem como todos os legitimados
do art. 82 do CDC, na qualidade de representantes, agindo, em nome da vítima ou sucessores, ainda que
não tenham ajuizado a ação de conhecimento. O que significa, em tese, que a ação de responsabilidade
pode ter sido proposta pelo MP, que a liquidação tenha permanecido a cargo da Procuradoria do Estado,
e que a execução de sentença fique por conta de uma associação de consumidores.
A liquidação visará o quantum debeatur, cabendo ao interessado demonstrar, sob o crivo do
contraditório, a existência dos prejuízos sofridos – danos patrimoniais e extra patrimoniais – e o nexo
de causalidade. Embora vetado o parágrafo único, devem ser aplicados os arts. 608 e 609 do CPC,
atinentes à liquidação por artigos, por força do art. 90 do CDC.
O ajuizamento da liquidação seguirá o prazo prescricional da execução, nos termos da
súmula nº 150 do STF. Portanto, enquanto a execução não estiver prescrita, não haverá como falar em
prescrição do procedimento preparatório de liquidação.
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Não houve por parte do CDC, ao referir-se ao gênero responsabilidade civil, intenção
de distinguir entre as espécies contratual e extracontratual, concluindo-se que ambas foram
abrangidas pela regra em comento.
Importante
Vale ressaltar que a portaria nº 4/98 da Secretaria Nacional de Direito Econômico
considerou abusiva a cláusula que elege foro, para dirimir conflitos decorrentes de
relação de consumo, diverso daquele onde reside o consumidor.
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Embora seja vedada a denunciação da lide na ação proposta contra o comerciante visando à
indenização pelo fato do produto/serviço (art. 88, CDC), é permitido ao réu o chamamento de sua
seguradora ao processo. Referida medida processual em vez de prolongar o andamento do feito, na
verdade, aumenta a garantia do consumidor, em favor de quem poderá ser proferida uma sentença
condenatória, determinando à seguradora o pagamento direto de uma indenização.
A ação prevista no art. 102 do CDC tem natureza preventiva, segue o rito ordinário e visa a
um provimento jurisdicional mandamental, cuja inobservância deve sujeitar o responsável às penas
do crime de desobediência (art. 330 do CP).
É importante lembrar que as normas contidas no artigo retromencionado não são aplicadas
somente às ações coletivas tratadas pelo código, mas a qualquer tipo de ação coletiva.
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feito. De outro modo, a coisa julgada da ação coletiva positiva beneficia o consumidor individual e
se justifica com fundamento na lógica do sistema, qual seja, o de que a ação foi proposta para trazer
resultado benéfico para toda a coletividade.
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interesses individuais homogêneos. Identificamos aqui uma verdadeira ampliação do art. 63 do CPP, o
qual prevê que “transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no
juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros”.
12 Litispendência e Continência
Art. 104 - As ações coletivas, previstas nos incisos I e II do parágrafo único do art. 81, não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
Conceito
A litispendência caracteriza-se pela tríplice identidade (partes, pedido e causa
de pedir) entre duas ações e não vislumbramos em nenhum dos tipos de ações
coletivas essa identificação com a ação individual. Portanto, as ações coletivas
não induzem litispendência para as ações individuais.
Os efeitos da coisa julgada das ações coletivas só devem beneficiar os autores das ações
individuais, se requererem a suspensão do andamento do feito no prazo de 30 dias, caso contrário
terá sua demanda prosseguindo por sua conta e risco, abrindo mão do eventual benefício da
procedência da ação coletiva.
Tal medida se justifica, primeiro, pelo princípio da economia processual, pois é preferível
o julgamento de uma ação coletiva que possa beneficiar todos os consumidores individuais e,
segundo, procura-se evitar decisões conflitantes, mas, para tanto, é necessário que na ação coletiva
haja prova de sua ciência real e inequívoca. Em outras palavras, não basta a publicação do edital
e a divulgação em órgãos de comunicação, a intimação pessoal do consumidor é necessária para
que ele possa ser atingido pela prejudicialidade.
Ressalta ainda Rizzatto Nunes (2004, p. 755) que “[...] uma vez que o réu é o mesmo na
ação coletiva e na individual, então caberá a ele o ônus de requerer na ação coletiva a intimação do
consumidor que lhe está movendo a ação individual, para que este, no prazo de 30 dias, contados da
intimação, possa requerer a sua suspensão”.
Não há também continência entre as ações coletivas e as individuais, uma vez que aquela se
caracteriza pela ocorrência da identidade de partes e das causas de pedir entre duas ações, sendo que
o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o da outra.
Nas ações coletivas e individuais, apenas a causa de pedir pode ser a mesma, não sendo
os mesmos os autores e não sendo o objeto das ações coletivas mais abrangentes que o das
individuais, mas apenas diferentes.
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Referências
ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. São Paulo: Saraiva, 2000.
Anotações
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Créditos
processo ensino-aprendizagem.