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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” –

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTES​:
Beatriz Ghazarian (Vespertino) ​RA​:171223969
Barbara Vasconcelos Cruz (Vespertino) ​RA:​171222911
Luiz Eduardo de Assis Moreira (Vespertino) ​RA​:181224224
Matheus Bittencourt de Amorim (Vespertino) ​RA​:171220102
DOCENTE​: Prof. Dr. Eduardo Mei
DISCIPLINA​: Sociologia das Relações Internacionais
CURSO​: Relações Internacionais, 3° ano

Relatório do seminário sobre Raymond Aron - A edificação das Relações Internacionais

1. Comentários Gerais
Raymond Aron é reconhecido como um grande contribuinte para o estudo das
Relações Internacionais, agregando à análise sobre o fenômeno do ​internacional a perspectiva
da Sociologia, principalmente. Entretanto, verifica-se que o tempo de vida do autor foi
cenário dos mais turbulentos, abrangendo duas guerras mundiais; crise econômica global; a
ameaça nuclear (inédita na História); ou seja, a verdadeira ​era dos extremos​, como cunhou
Eric Hobsbawm.
Sendo agente e espectador de tal conjuntura, bem como inserido no ambiente
acadêmico, iniciando na Filosofia e, mais tarde, numa busca pela compreensão inteligível
dessa realidade trouxe a necessidade de se ampliar o escopo de análise para além desta
ciência, foi então que Raymond Aron veio a conhecer a Sociologia, que o consagrou como
pensador, quando buscava um tema de doutorado na Alemanha, no início da década de 1930.
A partir de então revela-se uma nova faceta do autor: o Aron político, que confronta a
tradicional sociologia francesa baseada em Durkheim com a visão anglo-saxã de Max Weber,
que o acompanha permanentemente.
Após a ascensão nazista na Alemanha, Aron, de ascendência judia, passa um período
em Londres antes de retornar à natal Paris, onde serve junto às tropas francesas do general
Charles de Gaulle e entra em contato com outra atividade intelectual onde pode investigar
justamente esta realidade que se torna devenir histórico e passa diante de seus olhos: o
jornalismo. Dentre várias publicações pelas quais transitou como articulista político,
destacam-se o ​La France Libre e o popular jornal francês ​Le Figaro. Deste modo, além de um
intelectual, Raymond Aron é também um analista de conjuntura de seu tempo.
Durante 30 anos há uma dedicação quase que exclusiva aos periódicos, pois se
afastara da docência, mas não do exercício intelectual. É neste período, pós-2ª Guerra
Mundial, que escreve obras sobre diversos assuntos, com opiniões diversas, porém com um
tema em comum: a análise de questões contemporâneas de seu tempo - Aron vive e escreve a
história.
De meados da década de 50 até sua morte, em 1983, ministra cursos onde, além de
outros temas, retoma o assunto de seu início de carreira, a filosofia da História, agora revista
com a experiência pessoal entre os agentes históricos e enriquecida pela perspectiva da
Sociologia e da Ciência Política anglo-saxã e estadunidense, perspectivas essas estranhas às
humanidades francesas e que, no fim, à parte das opiniões pessoais, o colocam como pioneiro
no estudo das relações internacionais na França; e na história da disciplina, como um teórico
que contribui com uma “sociologia histórica” para entender o fenômeno do “internacional”.
Dito isso, este seminário foi pensado de modo proporcionar um outro olhar sobre o
autor, que é comumente apresentado nos cursos de Relações Internacionais como teórico da
corrente Realista e que, visto os acontecimentos internacionais de seu tempo e sua trajetória
acadêmica se mostra muito mais complexo do que um rótulo é capaz de contemplar.

2. Motivações, problema e metodologia


Neste tópico, o seminário aborda as motivações do autor, o problema que permeia o
texto e a metodologia utilizada no mesmo. Aron fornece três porquês de sua abordagem do
tema da história diplomática das relações internacionais, sendo eles: a existência de uma
publicação própria que já discorre acerca da história; a ideia de que no campo da história
diplomática das relações internacionais a história é frequentemente imposta e o estilo
narrativo tucidiano sobrevive quase que intacto; neste campo, não há proporcionalidade entre
a tomada de decisão individual e as consequências de suas ações.
No decorrer de sua exposição, Aron apresenta de forma clara o problema que irá
discutir: “... la problemática fundamental de este curso: la relación entre los
microacontecimientos intencionales y las consecuencias no deseadas.” (ARON, 1996, p. 264).
Deste modo, o autor considera a relação entre a tomada de decisão individual e as
consequências imensuráveis uma relação paradoxal que ocorre devido à hierarquização do
mundo político.
A partir da apresentação da problemática, é exposta a metodologia do estudo, que
consistirá na análise da narrativa e edificação dos historiadores das relações interestatais, do
significado da objetividade na história diplomática, da ideia de um mundo novo
proporcionado pelo estudo das ciências das relações internacionais em comparação com o
universo diplomático ou jurídico tradicional e da articulação dos microacontecimentos e dos
conjuntos.
3. Relações interestatais, internacionais e transnacionais
Antes de dar início propriamente à sua análise da história das relações internacionais,
Aron faz uma diferenciação entre relações interestatais, internacionais e transnacionais,
visando deixar clara a natureza de seu objeto de estudo. A primeira consistiria em relações
estabelecidas entre Estados, constituindo também o cerne das relações internacionais. Já a
segunda são relações que se formam entre grupos ou indivíduos de diferentes nações.
Enquanto a terceira são relações que são estabelecidas entre coletivos ou organizações não
ligadas à unidades políticas.

4. Conceitos e binômios imprescindíveis à análise


Debruçando sobre a obra sugerida como principal, observamos conceitos que
permeiam, se não diretamente, a grande maioria das lentes utilizadas por Aron. Ao buscar
interpretar, também por meio da sociologia as Relações Internacionais, o autor apoia-se de
forma bastante clara na metodologia weberiana de criação de categorias de análise, daí o
surgimento em “Paz e Guerra entre as Nações” um nicho próprio de discussão acerca da
sociologia nas RI.
Ora com enunciados claros, ora não, as proposições estão circunscritas nos seguintes
termos: Micro acontecimentos, Macro acontecimentos, Estrutura Interna e Estrutura Externa,
Sistema e Subsistema, Ator, Conjunto; homogeneidade e heterogeneidade. Pensar todos essas
categorias foge da concepção monocausal da história, cuja premissa guia-se pela explicação
dos fatos e dos acontecimentos por meio de uma única perspectiva. Olhar o objeto de estudo
por meio de uma teia complexa e sistêmica, possibilita ao observador da conjuntura um
instrumento mais preciso para a compreensão da realidade vista.

5. Método de Análise da conjuntura diplomática


Permeando a análise no que concerne às relações interestatais, Aron busca constituir
um arcabouço metodológico que explore, dada a realidade, os principais elementos, que não
apenas o relato histórico, que devem ser realçados quando empreende-se na tarefa de entender
o hoje. Para tanto, lança luz sobre alguns eixos principais, condicionantes da ação dos Estados
e governantes respectivamente.
Primeiro, busca-se identificar quais atores estão em jogo, no campo diplomático, e de
que forma esses ​players ​possuem poder de fato para influir na ação de outros personagens.
Entende-se aqui as potências e suas capacidades de tensionar no sistema de Estados a ação de
seus pares estatais. A ação é viabilizada por instrumentos militares e/ou econômicos, meios
estes que são a base do exercício do papel de potência.
Entender o alinhamento das entidades políticas é uma tarefa também importante, pois
revela pontos em comum dos regimes, como a ideologia que pode ser compartilhada, ou
pontos de desavença, no caso de Estados que se opõem por meio de seus soldados.

6. Responsabilidade, causalidade e intencionalidade


Esta parte da apresentação se destina a explicitar a análise que Aron deseja fazer sobre
a história através de certos conceitos demonstrados ao longo do texto, podendo então ressaltar
as relações de responsabilidade, causalidade e intencionalidade de acordo com a forma como
o próprio autor as expõe.
Dito isso, propõe-se então a discutir essas relações com base nos acontecimentos da
Primeira Guerra Mundial, citados frequentemente. Como Aron não define de forma objetiva o
que são esses conceitos, reflexo de toda a intenção com que ele está escrevendo a obra, em
busca de uma teoria da história crítica e ressaltando a importância dos micro acontecimentos
para o curso da história, faz-se necessário atribuir essas relações a sua aplicação de fato, com
os questionamentos que o autor realiza sobre o comportamento dos governantes europeus,
particularmente da Áustria-Hungria e da Alemanha, nesse recorte histórico.
Através dessas relações que se torna possível conhecer a importância dos relatos
diplomáticos para abordar esses temas e entender determinadas controvérsias sobre o período
histórico mencionando, analisando-o sob uma perspectiva diferente, em que se salienta a
importância das decisões dos indivíduos, em que tais ações foram executadas de forma
planejada anteriormente (vide a intervenção da Áustria-Hungria na Sérvia) e que possuíram as
devidas consequências. A partir desse ponto que se estabelecem as relações de
responsabilidade, intencionalidade, etc.

7. Formas de análise da causalidade:


Neste momento do texto são expostas três formas de análise de causalidade, formas
estas todas baseadas em algum tipo de juízo de probabilidades - que leva em consideração a
intencionalidade por trás do ato, a qual deve ser tomada como lente de análise quando se
busca, por exemplo, responsabilidade e culpabilidade. São elas: formular um juízo de
probabilidades; o método das construções irreais (análise do ​counterfactual)​ e o método
americano da análise de sistemas.
Seguindo o movimento do texto, o autor irá problematizar a questão da causalidade na
análise da história, que se relaciona também ao problema da objetividade. Neste sentido, Aron
irá criticar o modo de produzir história que atribui a acontecimentos um único ponto de vista,
o que descreve como “monismo causal”, defendendo que a análise de um acontecimento
histórico não se limita a uma única abordagem sobre os fatos, o que foi feito ou dito.
O autor ilustra isso quando coloca a reflexão sobre o porquê de a Primeira Guerra
Mundial ter seu estopim a partir do assassinato do arquiduque Ferdinando. Percebe-se então
uma preocupação em agregar à análise o elemento dos micro-acontecimentos, ou seja, das
etapas de negociação, comunicações, digamos, que envolveram diversos atores que não o
Estado, mas que o compõem, a ponto de se chegar a uma declaração de guerra - o
acontecimento manifesto em macro-acontecimento.Nessa perspectiva, é valorizado o papel do
indivíduo como construtor da realidade e, consequentemente, da História. É a partir das
especificidades do sub-sistemas que se edificam as relações internacionais.

REFERÊNCIAS:
ARON, Raymond. La edificación del mundo historico. In:​Lecciones sobre la Historia:
Cursos del College de France. ​México: Ed. Fondo de Cultura Económica, 1996.

______. Responsabilidad, culpabilidade, intención. In: ​Lecciones sobre la Historia: Cursos


del College de France. ​México: Ed. Fondo de Cultura Económica, 1996.
CATANI, Afrânio Mendes. Aron, Raymond. Memórias. ​Revista de Administração de
Empresas​, [s.l.], v. 27, n. 2, p.61-64, jun. 1987. FapUNIFESP (SciELO). Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/s0034-75901987000200010.

HOLEINDRE, Jean-Vincent. Raymond Aron e a sociologia das relações internacionais.


Relações Internacionais​, Lisboa , n. 35, p. 35-45, set. 2012 . Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992012000300003&l
ng=pt&nrm=iso>.

MEI, Eduardo. Raymond Aron: dos limites do conhecimento histórico à


teoria das relações internacionais. In: ​Relações Internacionais: olhares cruzados. ​Orgs.
Corival Alves do Carmo [et al]. Brasília: FUNAG, 2013.

MEI, Eduardo. ​Teoria da História e Relações Internacionais:​ dos limites da objetividade


histórica à história universal em Raymond Aron. 2009. 159 f. Tese (Doutorado em História) -
Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP, Franca, 2009.

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