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Segundo os monges do deserto, esse é o caminho mais seguro para Deus. Nouwen
cita Arsênio: “Muitas vezes me arrependi de ter falado”, disse Arsênio, “mas nunca de ter
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permanecido em silêncio”. O silêncio é precioso. A partir do silêncio, as palavras
adquirem um significado mais profundo. Como diz Leloup: “Pela palavra, gastamos
muita energia, e pelo silêncio, recolhemos esta energia, que nos tornará capazes de dizer
‘palavras dignas do silêncio’, tão fortes como ele”. 5
Somente quem sabe silenciar,
também sabe escutar. 6 “O silêncio dos lábios para os antigos devia levar ao silêncio do
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coração que, por sua vez, podia levar ao silêncio do Espírito”. Contudo, não podemos
esquecer que esse silêncio é dom de Deus. Thomas Merton o descreve:
Segundo o Frei Patrício, “os místicos são atraídos pelo mistério; eles não querem
compreender, querem permanecer a contemplar silenciosamente o mistério.” 9
Para
contemplar silenciosamente o mistério, se faz necessária a solidão. A solidão propicia o
silêncio, que auxilia na contemplação do mistério. A solidão “tem por finalidade colocar
a alma em estado de silêncio e receptividade, para que se abram as profundezas espirituais
à ação do Espírito Santo, que faz conhecer os mistérios do reino de Deus e nos ensina as
insondáveis riquezas do amor e da sabedoria de Cristo”. 10 O monge beneditino Anselm
Grün nos fala da mística cristã:
De uma maneira substancialmente mais otimista fala-se da experiência
silenciosa de Deus na mística alemã da Idade Média. Para Mestre Eckhart,
Johannes Tauler e Heinrich Seuse, o degrau mais elevado da oração é a união
silenciosa com o mais profundo da alma, onde o próprio Deus repousa sem
qualquer imagem. Quando nos desvinculamos de todas as nossas imagens, e
mergulhamos no fundamento mais íntimo de nós mesmos livre de toda e
qualquer imagem, então nós somos um com Deus. Mestre Eckhart acha que as
imagens que fazemos de Deus podem impedir que o próprio Deus entre em nós:
‘A própria imagem criada que se fixe em ti é tão grande como Deus: ela impede
a presença de Deus inteiramente. Na medida em que esta imagem penetra em
ti, Deus tem que ceder lugar, e na medida em que ela sai Deus entra’. 11
8
Thomas MERTON. A Vida Silenciosa, p. 156-157.
9
Frei PATRÍCIO, ocd. O barulho adoece e o silêncio cura, p. 38.
10
Thomas MERTON. A Vida Silenciosa, p. 130.
11
Anselm GRÜN, As Exigências do Silêncio, p. 81-82.
pensamentos próprios, quando tivermos mandado embora o Deus que nós criamos,
estaremos dando a Deus a possibilidade de nascer em nós.” 12 Anselm Grün diz mais:
12
Anselm GRÜN, As Exigências do Silêncio, p. 82.
13
Ibid., p. 81-83.