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L. Graciela Natansohn
Universidade Federal da Bahia
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All content following this page was uploaded by L. Graciela Natansohn on 24 October 2018.
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Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal
da Bahia, coordena o Grupo de Pesquisa Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura/GIG@, http://gigaufba.net/ email:
graciela71@gmail.com
2
HARAWAY, Donna. Conocimientos situados: la cuestión científica en el feminismo y el privilegio de la perspectiva
parcial. In: HARAWAY, D. Ciencia, Cyborgs y mujeres. La reinvención de la naturaleza. Madrid: Cátedra, 1995.
2
(Lady Lovelace), Henrietta Swan Leavitt, Grace Murray Hopper, Adele Goldberg, Heidi
Lamarr e tantas outras, reconhecendo-se o lugar que tiveram muitas mulheres no
desenvolvimento da computação. Assim como sucede em outras áreas tecnológicas,
existem poucas mulheres em cargos de decisão sobre governança na internet, nas
decisões estatais sobre infraestructura das telecomunicações, no gerenciamiento de
empresas tecnológicas de ponta.
4
Os informes são Cultivando a violência a través das tecnologias, disponível em: http://bit.ly/T9HHHl e Perigos
digitais: as tecnologias da informação e comunicação e o tráfico de mulheres, em: http://bit.ly/VqxdBY.
5
http://www.genderit.org/sites/default/upload/erotics_sintesis_espanol.pdf
6
https://www.takebackthetech.net/es
4
7
O Serviço Federal de Processamento de Dados-SERPRO – empresa pública brasileira vinculada ao Ministério da
Fazenda, que desenvolve tecnologias em software livre para projetos e programas públicos do Brasil – instituiu em
2013 um comitê gestor do ―Programa Serpro de Equidade de Gênero e Raça-PSEG‖, ―para elaboração, estruturação,
implementação e gerenciamento das ações a serem executadas pelo Comitê Gestor Central e Comitê Regional. Até o
momento (setembro de 2014) não temos informações sobre seu desenvolvimento
(https://www.serpro.gov.br/conteudo-oserpro/equidade-de-genero/decisao-de-diretoria-programa-de-equidade-
2013/view)
5
A maioria dos programas não oferecem dados por sexo, nem de usuarixs nem de
monitores ou responsáveis. Usuários e usuariás são sempre chamados na forma
masculina (―usuários‖, ―cidadãos‖, ―empreendedores‖, etc.), mesmo se sabendo que em
alguns setores, como a docência e a pesca, a maioria é de mulheres. Não são previstas,
em suas acções de capcacitação, distinções por sexo, supondo-se que homens e
mulheres teêm possibilidades e condições idênticas de aprendizado, expectativas,
interesses, contextos, formas de lidar com a tecnologia, tempo. Nenhum dos programas
de inclusão digital analisados aborda a discussão em suas ações educativas de conteúdos
ligados aos direitos humanos das mulheres, à igualdade de gênero ou à violência de
gênero.
8
O estado de Bahia, Brasil, possui, segundo os dados disponíveis, 105.455 pescadores registrados, sendo 54,9%
homens e 45,1% mulheres, ocupando o primeiro lugar na Região Nordeste em quantidade de pescadorxs registrados
(BRASIL, 2011). Supõe-se que o subregistro é muito grande, pois a maioria das pescadoras e marisqueiras trabalha
informalmente.
8
Judy Wajcman9
Descrevemos até aqui algumas das muitas intervenções políticas que os governos,
o movimento de mulheres e o feminista têm realizado. No entanto, o olhar de gênero
não se esgota na questão das ausencias femininas nas TIC e as brechas de gênero.
Porque abordar as questões de gênero somente a partir do ponto de vista da exclusão das
mulheres significa deixar de fora da problematização o caráter androcêntrico da ciencia
e da tecnologia10 , onde as exclusões são apenas um sintoma. Da mesma forma, o
conceito de brecha digital não dá conta da dimensão do problema que esta em jogo.
9
Judy Wacjman. El tecnofeminismo. Madrid: Cátedra, 2006, p. 174.
10
―Os discursos e as práticas androcéntricas não são empre fáceis de identificar, já que se mantêm à base de
comissões e omissões. Não basta dizer que o androcentrismo existe quando o homem, o masculino ou a mas-
culinidade são considerados a medida de todas as coisas; quando as ações individuais refeltem perspectivas,
interesses ou valores masculinos; quando o homem, o masculino e a masculinidade são consideradas fontes únicas ou
primordiais de sabedoria e autoridade, ou quando as experiências masculinas são as preeminentes, as normativas, as
imitáveis, as desejáveis etc. É necessário, também, sublinhar o reforço que outros fatores oferecem androcentrismo:
representações e estereotipos, misoginia, sexismo, machismo, marginação, represão, violência física e simbólica
etc.‖. Gonzalez Vázquez, 2013, p.493.
9
11
Experiências e saberes que, para Haraway, são o fundamento da política e epistemologia das perspectivas parciais,
dos conhecimentos situados, encarnados, os únicos que têm a posibilidade de serem objetivos e racionais, mas
assumindo a provisoriedade e parcialidade do sujeito de conhecimento que diz falar em nome da ciência
(HARAWAY, 1995).
10
12
Gordano, a partir del concepto de Haraway de outredade inapropiada/vel, afirma que ―podemos emplear el término
otro digital para referirnos a grupos y personas subordinados en relaciones de poder cuya otredad encarnada
reverbera en el acceso y la apropiación de las TIC. Esta otredad encarnada se manifiesta en aquellos cuerpos que no
responden al modelo universal humanista del hombre-blanco-joven-occidental-de clase media o alta, y que no gozan
de los recursos materiales ni simbólicos para ocupar el espacio digital con esa lógica dominante‖(2009, p.151-152).
13
http://actantes.org.br/manifesto-actantes
11
―Quando você vai aos grupos de mulheres e aos grupos feministas, a Internet
não é um tema importante do ponto de vista político, não se tem conhecimento na área‖
avalia a brasielira Magaly Pazzelo. Ela observa que a internet é vista como um meio,
um veículo, não há conhecimento elaborado sobre seu significado e impacto:
... uma coisa é você usar o Facebook para a sua atuação política, outra coisa
é você debater a privacidade no Facebook, como a forma como o Facebook
foi construído tecnicamente vai impactar o próprio uso da ferramenta e outras
coisas, questões mais amplas de privacidade, liberdade de expressão, que são
para além da Internet. Então, você não pode mais fazer um debate sobre
privacidade que não contemple o que está acontecendo hoje com a Internet
ou um debate sobre sexualidade, ou outros direitos, sem contemplar o que
acontece hoje na Internet, na camada da Internet onde se dá a interação dos
usuários e na camada da Internet onde acontece o transporte (BANDEIRA,
2012, p.349).
Os temas que mais mobilizam as mulheres são aqueles que se referem aos
conteúdos da web e às formas de violencia sexista oriundas do mundo digital, como o
ciberassédio, a violência simbólica e midiática na internet, a invasõa de privacidade, a
divulgação da intimidade, a vigilância eletrônica sobre as mulheres, entre outras mais.
No entanto, é insuficiente discutir conteúdos e formas de controle se não se discute a
natureza, direcionamento e funcionamento dos sistemas técnicos que posibilitam o
establecimiento de relações sociais na e através da tecnologia digital.
prácticas sobre alfabetização e competências digitais focalizam sobre os usos das TIC e
pouco sobre o desenvolvimento e criação. A igualdade de gênero em TIC significa usar,
mas também programar, manipular, inventar com a tecnologia de maneira proativa.
Estas habilidades deixaram de ser exclusivas do ámbito da Ciência da Computação ou
das Engenharias e hoje são objeto de estudo e desenvolvimento também das Ciências
Sociais e das Humanidades (As ―humanidades digitais‖14) nas quais os estudos sobre o
software são centrais. As formas de criação, desenvolvimento e difusão das inovações
tecnológicas e culturais têm hoje a forma de software. Softwares take command, afirma
Lev Manovich, metaforicamente, mas nem tanto.
14
https://es.wikipedia.org/wiki/Humanidades_digitales
13
operação de uma máquina. Por isso, mulheres feministas que desenvolvem códigos têm
um papel fundamental, como assegura Graciela Selaimen, para quem escrever código é:
―A partir de estudos de mídia, passamos para algo que pode ser chamado de
estudos de software; da teoria da mídia à teoria software‖15, sugere Manovich (2008,
online). Qual será o lugar do feminismo frente a este novo paradigma teórico? O que
seria, então, uma aposta nas TIC com sensibilidade de gênero, uma política TIC
feminista, uma teoria social feminista da tecnologia digital? Não existem respostas
prontas, acabadas. Como vimos, é necessário demonstrar com dados robustos as brechas
digitais de gênero e, ainda assim, não podemos supor que uma política de inclusão
digital por si só contribua para a superação das desigualdades digitais de gênero.
Expusemos alguns exemplos das ações políticas feministas e discutimos as fronteiras do
conceito de brecha digital. Discorremos sobre a importância da promoção de
compentências digitais que avancem para além da alfabetização e dos usos das TIC e
apostamos no diálogo transdisciplinar entre feminismo, as humanidades digitales e os
estudos tecnológicos, com uma perspectiva ampla e interseccional de gênero.
Referências
15
No original:‖ From media studies, we move to something which can be called software studies; from
media theory — to software theory‖(MANOVICH, 2008, online, s/n)
14
BANDEIRA, Olivia. Entrevista com Magaly Pazello. In: PEREIRA, S.; BIONDI, A.
Caminhos para a universalização da Internet Banda Larga. Experiências
internacionais e desafíos brasileiros.S.Paulo: Intervozes, 2012. p. 347-358. Disponible
en http://www.caminhosdabandalarga.org.br/wp-content/uploads/2012/10/Caminhos-
para-a-universaliza%C3%A7%C3%A3o-da-Internet-banda-larga.pdf. Acceso en 24 de
febrero de 2014.
GALLOWAY, A. "Qual o potencial de uma rede?" In: SILVEIRA, Sérgio Amadeu da.
(Org.). Cidadania e Redes Digitais/Citizenship and digital networks. São Paulo:
Comitê Gestor da Internet no Brasil : Maracá – Educação e Tecnologias, 2010.p.88-99.
HAFKIN, Nancy J. Son las TIC neutrales a las cuestiones de género? Análisis de
género de seis estudios de caso de proyectos TIC con múltiples donantes. 2002.
Disponible en http://www.genderit.org/sites/default/upload/Hafkin_SP.pdf . Acesso en
24 de febrero de 2014.
SÁINZ, M., CASTAÑO,C., ARTAL, M. Review of the concept ―digital literacy‖ and
its implications on the study of the gender digital divide. Barcelona: Internet
Interdisciplinary Institute / FUOC, 2008. Disponible en
http://www.uoc.edu/in3/dt/eng/sainz_castano_artal.pdf . Acceso en 20 de febrero de
2014.