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MENSA
B R A S I L
s o l s t í c i o d e i n v e r n o / 2 0 1 8 • a n o 1 8 • n ú m e r o 2 • ISSN 2594-8989
•A IMPORTÂNCIA DA
PESQUISA ESPACIAL
•JOGOS PARA
UM MUNDO MELHOR
Avenida Rebouças, 353. cj 84. Jardins. São Paulo (SP). CEP 05.401-000
www.mensa.org.br • revista@mensa.org.br
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REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
NESTA EDIÇÃO
EDITORIAL 04
Antonio Intini
DA BANCADA À ESTRATOSFERA 14
Lucas Boldrini
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RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
EDITORIAL
A n to n io Intini (MB 1 1 4 7 )
me m bro d o C o m itê E xe c u ti vo
da A s s o ci aç ão M e n s a B ra s i l
Ao longo dos últimos anos, a Mensa Brasil Também temos trabalhado para aprimorar
tem organizado o Annual Gathering, uma o programa e facilitar os procedimentos
das grandes tradições de nossa associação. de transmissão para os apresentadores.
O evento é realizado sempre em regiões Foi elaborado um manual de streaming
diversas do país, onde associados têm a com um passo a passo e recomendações
oportunidade de assistir a apresentações de boas práticas para os apresentadores.
propostas por outros associados. O próximo Estes recebem o material com antecedência,
Annual Gathering será sediado no Rio de o que lhes permite fazer testes bastante
Janeiro, nos dias 6 e 7 de setembro de 2018, antecipados. Para garantir uma boa qualidade
e as inscrições estão disponíveis no site de de transmissão, efetuamos também testes de
nossa associação (www.mensa.org.br). velocidade de conexão, o que nos permite
A despeito do grande sucesso que é o Annual identificar e corrigir possíveis problemas.
Gathering, o alcance das apresentações é A receptividade ao programa Mensa
limitado aos presentes, e, além disso, o evento Masterclass foi extremamente positiva. Há
ocorre apenas uma vez por ano. Pensando associados que decidiram se regularizar
nessas limitações, fizemos nascer o programa apenas para poder assistir aos eventos, o que
Mensa Masterclass: mais uma alternativa para demonstra a importância deste programa
o intercâmbio intelectual entre mensans, como forma de valorização da associação.
permitindo que temas sejam apresentados
durante todo o ano, e para qualquer associado A grande novidade para o programa Mensa
no Brasil. Masterclass foi o anúncio da primeira
O programa, surgido de uma sugestão do série de episódios, tratando do tema
mensan André Teixeira, é uma oportunidade “Economia”. Serão cinco episódios, que serão
para que nossos associados assistam a apresentados pelos mensans Wenersamy
palestras de membros que se destacam Ramos de Alcântara e Marcos Silva, e por
em suas áreas profissionais, acadêmicas e seus convidados. O primeiro episódio já está
culturais. A plataforma escolhida foi o Youtube, agendado para o dia 3 de julho de 2018. Este
dada a sua praticidade e difusão como mídia formato de série nasceu também de uma
para transmissões pela internet. O vídeo outra discussão em fóruns, o que demonstra
transmitido ao vivo (streaming) apenas para o caráter de espontaneidade deste programa.
associados. Isto permite que os espectadores Associados, não deixem de participar!
possam interagir com o apresentador, e façam Temas já apresentados:
perguntas no chat da apresentação. O vídeo
também fica disponível para os membros “Introdução ao Sistema de Edição Genômica
ativos da associação através de um link, que CRISPR Cas 9”, por Camila Leal.
é transmitido antes do início de cada sessão. “Arte de dar vida: Técnicas e conceitos do
Até o momento, foram apresentadas cinco aulas desenho animado”, por Rafael Pah.
dos mais variados temas: desde tecnologia
genômica até temas de fotografia, passando “Noções de fotografia: vale até com câmera
também por investigação genealógica, de celular”, por Douglas Drumond.
animações e blockchain (a tecnologia por “Introdução à Pesquisa Genealógica”, por
trás do Bitcoin), com profissionais com Alexey Dodsworth.
grande experiência e conhecimento técnico.
Temos mantido uma periodicidade mensal “Entendendo Blockchain, a tecnologia por
de apresentações. Houve um grande número trás do Bitcoin”, por André Motta.
de inscrições de temas, o que demonstra Próximos temas:
o interesse pelo programa. Interesse este
que se reflete também na participação, não Série “Economia” – 5 Episódios, com Marcos
somente no número de participantes ao vivo, Silva e Wenersamy Ramos de Alcântara.
mas também de visualizações posteriores. Episódio 1: “Economia 101”, por Marcos Silva.
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de topografia, a fonte solar fotovoltaica possui geração distribuída (sistemas solares fotovol-
o maior potencial técnico dentre todas as fon- taicos de pequeno e médio portes, instalados
tes de geração de energia elétrica do País. junto a unidades consumidoras, como resi-
Conforme levantamento disponível no livro dências, comércios, indústrias, edifícios públi-
“Energia Renovável: Hidráulica, Biomassa, cos e produtores rurais) apenas em telhados de
Eólica, Solar, Oceânica”, lançado em 2016 pela residências equivale a mais de 164 GW, sendo
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Mi- suficiente para abastecer mais de duas vezes a
nistério de Minas e Energia, o potencial téc- totalidade da demanda residencial de energia
nico da fonte hídrica é de 172 GW, sendo que elétrica do País. Cabe destacar que o potencial
mais de um terço do mesmo está localizado na técnico solar fotovoltaico apurado pela EPE já
região amazônica, de difícil aproveitamento exclui as áreas sensíveis do território nacional,
devido às restrições sociais (deslocamento de tais como: Amazônia, Pantanal, Mata Atlânti-
comunidades tradicionais e população local ca, unidades de conservação, terras indígenas
quando do alagamento de regiões povoadas) e comunidades quilombolas.
e ambientais (devido ao alagamento de ecos- Poucos setores da economia nacional cresce-
sistemas e biomas sensíveis), ao passo em que ram de forma tão robusta nos últimos anos
o potencial técnico da fonte eólica é de 440,5 quanto o setor solar fotovoltaico, especialmen-
GW. te levando-se em consideração que o Brasil
Por outro lado, a geração centralizada solar atravessou recentemente uma de suas piores
fotovoltaica (usinas solares fotovoltaicas de crises econômicas. Apesar do cenário macroe-
grande porte, capazes de gerar energia elétri- conômico adverso, o setor destacou-se, cres-
ca a milhares de consumidores de uma só vez) cendo consistentemente a taxas superiores a
possui um potencial técnico superior a 28.519 100% ao ano desde 2013. O crescimento his-
GW, ou seja, equivalente a mais de 179 vezes tórico da fonte, bem como a projeção da Asso-
a potência total da matriz elétrica brasileira ciação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
atual, com 159 GW em potência operacional (ABSOLAR) para o ano de 2018, são apresen-
de todas as fontes. Já o potencial técnico da tados no gráfico a seguir.
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O ano de 2017, em especial, foi um marco his- mil novos empregos diretos e indiretos, em
tórico para o setor, com um crescimento anual sua maioria qualificados e descentralizados ao
de mais de 12 vezes no período. Com isso, o redor do País, contribuindo para o desenvolvi-
Brasil, que possuía menos de 90 Megawatts mento social, econômico e ambiental das cin-
(MW) no final de 2016, ultrapassou a marca co regiões de nosso País.
histórica de 1 GW (1.000 MW) em projetos Até maio de 2018, o Brasil contava com mais
operacionais da fonte solar fotovoltaica co- de 1,4 GW da fonte solar fotovoltaica em ope-
nectados na matriz elétrica nacional em 2017, ração e deverá ultrapassar a marca de 2 GW
proporcionando energia elétrica suficiente até o final do ano. Desta potência, são mais de
para abastecer o consumo residencial de mais 29 mil sistemas de geração distribuída solar
de 1,6 milhões de brasileiros. fotovoltaica localizados em telhados, fachadas
Apenas 30 dos 195 países do mundo possuem e coberturas de residências, comércios, indús-
mais de 1 GW da fonte solar fotovoltaica em trias, edifícios públicos e propriedades rurais.
suas matrizes elétricas. O primeiro GW solar Estes pequenos e médios sistemas representam
fotovoltaico brasileiro foi o resultado de um uma potência instalada de mais de 270 mega-
forte crescimento dos segmentos de mercado watts (MW), responsáveis por mais de R$ 1,8
de geração centralizada e de geração distribuí- bilhão de investimentos privados injetados na
da. economia nacional pelo setor e pelos usuários
Na geração centralizada, houve a inauguração da tecnologia.
de grandes usinas solares fotovoltaicas loca- Apesar dos grandes avanços dos últimos anos,
lizadas principalmente nos estados da Bahia, a fonte solar fotovoltaica representa até o mo-
Piauí, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e mento menos de 1% da matriz elétrica brasi-
Pernambuco, contratadas pelo Governo Fe- leira. No entanto, dado o acelerado desenvol-
deral em leilões de energia elétrica realiza- vimento da fonte previsto para os próximos
dos em 2014 e 2015. Na geração distribuída, anos e décadas, a energia solar fotovoltaica
houve forte crescimento do uso da tecnologia poderá representar mais de 10% da matriz na-
pela população, empresas e governos, impul- cional em 2030, um crescimento de mais de 10
sionado por três fatores principais: (i) a forte vezes em menos de 15 anos, segundo a avalia-
redução de mais de 75% no preço da energia ção da EPE.
solar fotovoltaica ao longo da última década;
Evolução dos preços da tecnologia no Brasil
(ii) a elevação nas tarifas de energia elétrica
dos consumidores brasileiros, que acumulam Um dos principais destaques da fonte solar fo-
alta de 499% desde 2012, segundo dados des- tovoltaica a partir da realização de leilões de
te ano publicados pelo Ministério de Minas compra de energia elétrica pelo Governo Fe-
e Energia; e (iii) o aumento na consciência e deral, com início no ano de 2014, foi o mar-
na responsabilidade socioambiental dos con- cante ganho de competitividade da tecnologia,
sumidores, cada vez mais dispostos a econo- conforme pode-se observar pelo histórico de
mizar dinheiro ajudando, simultaneamente, a preços médios de venda da fonte apresentados
preservação do meio ambiente. no gráfico na próxima página.
Atualmente, o retorno sobre o investimento A fonte solar fotovoltaica conseguiu reduzir
em um sistema solar fotovoltaico já ocorre em drasticamente seus preços de um patamar de
entre 5 e 7 anos, sendo que os sistemas pos- mais de R$ 300,00/MWh em 2015 para menos
suem uma vida útil superior a 25 anos. Des- de R$ 120,00/MWh em 2018, tendo atingido
sa forma, trata-se de uma decisão econômica desde 2017 preços médios de venda de ener-
favorável aos consumidores, com retorno po- gia elétrica inferiores aos praticados pelas fon-
sitivo e de curto a médio prazo, superando in- tes hídrica (pequenas centrais hidrelétricas –
vestimento de baixa rentabilidade, como por PCHs) e termelétricas a biomassa, passando a
exemplo a poupança. ser a segunda fonte renovável mais competiti-
Somando estes dois segmentos do mercado, o va da matriz elétrica brasileira, atrás apenas da
setor solar fotovoltaico atingiu 1,1 GW opera- fonte eólica.
cionais ao final de 2017, gerando mais de 25 Esta evolução representou um marco relevante
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cadeia produtiva nacional de alta tecnologia, de energia elétrica, investimentos estes que
atraindo novos investimentos privados ao país seriam rateados por todos os consumidores
e contribuindo para o aquecimento das econo- brasileiros, e permitir uma operação eficaz e
mias locais, regionais e nacional. eficiente do setor elétrico brasileiro.
Nos âmbitos estratégico e energético, a fonte Já no eixo ambiental, a energia solar fotovol-
solar fotovoltaica contribui para a diversifica- taica é reconhecida internacionalmente como
ção do portfólio de geração de energia elétrica uma fonte renovável, limpa e sustentável, de
do Brasil, sendo uma emergente e promissora alta durabilidade, com baixos impactos am-
fonte renovável do país. Ao ser incorporada na bientais, baixas emissões de gases de efeito
matriz elétrica nacional, a fonte solar fotovol- estufa, que não produz resíduos ou ruídos du-
taica aumenta asegurança de suprimento de rante a sua operação e de ágil instalação, sendo
nosso sistema elétrico, complementando, com necessários menos de dois anos (em alguns ca-
sinergia, a geração a partir de hidrelétricas, eó-sos internacionais, apenas alguns meses) para
licas e biomassa. que uma usina solar fotovoltaica seja projeta-
Em períodos de seca, com baixa precipitação e da, construída e entre em operação.
hidrologia desfavorável, como vivenciado pelo Por estas características, a fonte solar fotovol-
Brasil nos últimos 4 anos, existe grande dis- taica contribui para o atingimento das metas
ponibilidade de radiação solar para a geração nacionais de redução das emissões de gases
de energia elétrica. Com isso, a energia solar de efeito estufa, em sintonia com o compro-
fotovoltaica contribui para a preservação dos misso brasileiro apresentado frente à COP 21
recursos hídricos do país, aumentando a dis- (NDC), durante o Acordo de Paris, que prevê
ponibilidade de água para usos nobres, como
uma redução de 37% até 2025 e 43% até 2030
consumo humano, agricultura e agropecuária,
nos níveis de emissões de gases de efeito estu-
bem como preservando os reservatórios das
fa, em relação às emissões de 2005. Adicional-
hidrelétricas em períodos de baixa hidrologia.
mente, contribui para o atingimento da meta
De maneira similar, na região Nordeste, onde estabelecida pelo Governo Federal, que prevê
a fonte eólica apresenta perfil de geração ma- uma participação de pelo menos 23% das fon-
tutino (primeiras horas da manhã) e noturno, tes renováveis não-hídricas na matriz elétrica
a fonte solar fotovoltaica representa comple- do país até 2030, alavancada pelas fontes solar
mento estratégico à matriz elétrica, uma vez fotovoltaica, eólica e biomassa.
que gera energia elétrica ao longo do período
diurno, em especial no meio do dia. Com a in- O Brasil possui vasto recurso solar, na sua
clusão de geração solar fotovoltaica na região, maioria ainda pouco aproveitado. Entretanto,
teremos um perfil de geração mais estável ao há um interesse crescente da população, das
longo do dia. Com isso, o país terá condições de empresas e também de gestores públicos em
reduzir o despacho de termelétricas onerosas aproveitar seus telhados, fachadas e estacio-
que é atualmente acionado para complemen- namentos para gerar energia renovável local-
tar a geração de energia elétrica no Nordeste, mente, economizando dinheiro e contribuin-
trazendo maior economia aos consumidores e do, na prática, para a construção de um País
segurança para a operação da matriz elétrica mais sustentável e com mais empregos renová-
nacional. veis locais e de qualidade.
Adicionalmente, por gerar energia de forma Este cenário favorável traz a oportunidade
distribuída e próximo aos centros de consu- de que o Brasil tenha, ao longo dos próximos
mo, a fonte solar fotovoltaica alivia os picos de anos e décadas, uma forte expansão da fonte
demanda diária e reduz os gastos com o des- solar fotovoltaica na matriz elétrica nacional.
pacho de termelétricas onerosas nos demais Esta expansão abrirá caminho para novas
centros de carga ao redor do país. Esta gera- oportunidades e modelos de negócio, inves-
ção local também beneficia o país ao reduzir timentos, empregos qualificados, aplicação de
as perdas elétricas do Sistema Interligado Na- tecnologias inovadoras, contribuindo, assim,
cional (SIN), postergar a necessidade de novos para a construção de um Brasil e um mundo
investimentos em transmissão e distribuição melhores.
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Mensa Brasil
Entrevista
LUCAS FONSECA
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da maior
empreitada
tecnológica
conjunta da que
humanidade, t e m o s
uma perspectiva
que foi a Estação
muito promissora
Espacial Internacional; e,
para os próximos anos, pois o
recentemente, fomos informados que
barateamento do acesso ao espaço
teríamos um fim parecido em nossa
através dessas iniciativas privadas
participação no ESO, observatório
já tem impactado a frequência de
que está sendo construído no Chile
lançamentos para enviar cargas
através dos esforços de vários países.
para órbita, praticamente dobrando
Não podemos mais ser reconhecidos a cada ano nos últimos 3 anos.
como um país que não honra seus Estamos vivendo tempos de ouro
comprometimentos, está na hora de numa nova corrida espacial que
conscientizarmos as pessoas de como está fundamentada no acesso
isso é maléfico para nossa história. democrático ao espaço. Cabe ao
Na sua opinião, qual o próximo Brasil decidir se vai ser ator ou plateia
grande campo a ser desenvolvido/ desse movimento que vai impactar
explorado na pesquisa espacial? profundamente a nossa sociedade
nas próximas décadas.
A revolução que vivemos atualmente
na área espacial é baseada na A sua empresa, a AIRVANTIS, é a
capacidade de esforços empresariais responsável pelo gerenciamento
privados de construírem modelos dos projetos da marca ‘Garatéaî’.
econômicos provenientes do acesso Quais os principais desafios que
ao espaço. Esse movimento, que a sua empresa tem enfrentado no
que diz respeito à viabilidade da
chamamos de NewSpace, abre
Missão Garatéa-L? Qual é a sua me-
oportunidades em diversos campos,
lhor estimativa em termos de pra-
desde imageamento terrestre, até
zo para envio da sonda lunar?
atividades que parecem terem sido
retiradas de contos científicos, tais Os desafios são muitos e variam: des-
como a mineração espacial. Sabemos de composição jurídica entre vários
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t
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para a lua? Partindo dessa pergunta, garantir que os objetivos macros de
resolvemos quebrar nossas ativida- nossa missão sejam mantidos como
des em três verticais que classifica- legado para o futuro e dar continui-
mos como: “Ciência de Excelência”, dade para as atividades mesmo após
“Desenvolvimento da Indústria Na- o término da Garatéa-L. Afinal, Marte
cional” e “Inspiração Educacional”. também está logo ali!
DA BANCADA
À ESTRATOSFERA:
O RELATO DE UM MENSAN
Luca s Boldrini (MB 787)
Graduando em Biotecnologia pela Universidade Federal de São Carlos e
coordenador do Departamento Científico do Zenith Aerospace.
lucas_tboldrini@hotmail.com
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de um recipiente ideal. Ele havia se enga- to. Como o objetivo seria isolar o com-
jado na coordenação de um dos projetos ponente ‘radiação estratosférica’ apenas
candidatos à missão educacional do Ze- em parte da amostra, optamos por uma
nith, a sonda Garatéa E, cujo lançamen- fita que absorvesse por completo esse
to está previsto para agosto. Ela portará espectro. Este desafio foi menos comple-
experimentos de alunos do ensino fun- xo que encontrar o Ultralene, e a fita Kap-
damental e médio. Meus olhos brilharam ton foi selecionada.
quando ele me mostrou o que estava de- Neste ínterim, o Departamento de Estru-
senvolvendo para a criançada. Tratava-se turas ficou responsável por produzir um
de uma placa de cultura com 24 poços de suporte para o recipiente. Possivelmen-
cultivo e que seria coberta por um filme te, esse foi o problema mais difícil de ser
especial, permeável à radiação ultravio- resolvido. O suporte impresso em 3D não
leta. E o mais importante: foi testado em se adequava à sonda, pois as perfurações
vácuo! Imediatamente entrei em conta- na estrutura já tinham sido feitas. Erro de
to com a dou- principiante.
toranda que Mais uma vez,
me auxiliou a de volta à es-
montar o ex- taca zero. Um
perimento e… novo design,
back in busi- utilizando pa-
ness! rafusos para fi-
Dois dos qua- xar diretamen-
tro problemas te o suporte
estavam so- à placa, foi
lucionados. A desenvolvido,
placa não era impresso, tes-
fechada nem tado e aprova-
quebradiça, do com algu-
embora tam- mas ressalvas,
bém composta já que estáva-
por poliestireno, e era resistente à baixa mos há poucos dias da data do voo. Vale
pressão. Mas e o filme? Seria mesmo per- lembrar que foi preciso fazer jus ao ‘jeiti-
meável à radiação ultravioleta? E como nho brasileiro’ para adaptar este suporte.
seria feita a fixação na sonda? Absoluta- Simultaneamente, no laboratório, foi ini-
mente ninguém conhecia a composição ciado o preparo das amostras biológicas,
deste filme. Em virtude da pouca ofer- e para meu alívio, não surgiram proble-
ta de materiais com as características mas graves.
necessárias, assumi que ele não seria Em síntese, se fosse definir o preparo em
adequado e parti para a busca do ‘mate- uma única palavra, seria definitivamente
rial perfeito’ Após muita pesquisa sem ‘correria’.
sucesso, entrei em contato com os pes-
quisadores do Instituto de Química, que No dia 11 de abril, em um evento inde-
também enviariam um experimento na pendente ao preparo do experimento, fui
sonda. Gentilmente me cederam um pe- nomeado coordenador do Departamento
daço de Ultralene, material este com alta Científico.
transmitância no espectro ultravioleta, O LANÇAMENTO
e que seria trazido no dia do lançamen-
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t
so de descida, com seu paraquedas rosa tempo disponível para o preparo. Através
choque cruzando as nuvens. Foi lindo! deste projeto piloto, pudemos verificar
RESULTADOS a sobrevivência do protozoário ao meio
testado, o que permite darmos sequên-
Os protozoários atingiram um apogeu cia a novos experimentos mais comple-
de 31634 metros. Os resultados obtidos xos, preparados em tempo hábil, onde
não são inteiramente conclusivos, mas será possível realizar o tão esperado ex-
é possível afirmar que os cistos, apesar perimento de epigenética.
de terem suportado fisicamente o am-
biente estratosférico, se tornaram inviá- CONSIDERAÇÕES FINAIS
veis, tanto aqueles em poços permeáveis Apesar de todo o estresse ao qual fui sub-
quanto em impermeáveis à radiação ul- metido, a experiência valeu cada minuto
travioleta. Pode-se concluir também que dedicado ao experimento. Jamais apren-
amebas protegidas da radiação ultravio- deria tanto em uma sala de aula ou em
leta mantiveram sua viabilidade, encis- um trabalho convencional. Muitas pes-
tando durante o voo e retornando à sua soas, dias após o lançamento, souberam
fase original no dia seguinte. Amebas em do evento e me parabenizaram, e isso é
poços permeáveis à radiação não sobre- simplesmente impagável. A melhor parte
viveram. Não sabemos o motivo da inca- é saber que esse foi só o começo. Todo
pacidade dos cistos em se manterem vi- esse esforço rendeu ao grupo o terceiro
áveis, visto que as amebas sobreviventes lugar em melhor design no Global Space
se protegeram através do processo de Balloon Challenge (GSBC), competição
encistamento para suportar as condições mundial de balões de alta altitude, que
estratosféricas. contou com 554 equipes registradas.
Esses resultados foram bastante inespe- Por fim, é crucial lembrar que isso nun-
rados. Nosso próximo passo será realizar ca aconteceria sem o auxílio de vários
novos testes em laboratório para verifi- membros do Zenith, além dos pesquisa-
carmos alguns parâmetros, dado que a dores que me ajudaram. A eles, o meu
metodologia científica não foi suficien- muito obrigado.
temente robusta em virtude do pouco
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P REM I O PIE R L U IG I
P IA ZZI – O DE SAF IO
DE ESTI M U L AR A
IN TELI G Ê NC IA NO
BRASI L
S im on e Vo ll b re c h t M B 1044
Advogada, pesquisadora de ficção científica e diretora da Mensa Brasil.
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Cursou Química Industrial na Escola Nos anos 80 foi aprovado como mem-
Técnica Oswaldo Cruz. Foi trabalhar bro da Mensa, antes ainda da criação da
como químico, engenheiro e tratorista Mensa Brasil, da qual é membro funda-
em Goiás. Ao prestar processo seletivo dor e posteriormente ocupou o cargo de
para a Sociedade Algodoeira do presidente por dois mandatos. Ainda,
Nordeste Brasileiro (SANBRA), teve teve presença massiva na mídia em pro-
contato pela primeira vez com testes gramas na TV Cultura, Jovem Pan AM, Ra-
psicométricos para medição de QI. Foi dio Eldorado AM, colunas no Estado de
aprovado com a indicação de que estava São Paulo, entre outros.
significativamente acima da média. Ao longo de sua carreira, lecionou Teoria
Voltou a São Paulo e começou a estudar da Relatividade na Politécnica da USP;
computação na Faculdade de Higiene Teoria Geral dos Sistemas e Cibernética
da USP, seu primeiro contato com na pós-graduação em terapia familiar na
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PUC; Inteligência Artificial, Redes Neu- genético é uma mentira que impede que
rais e noções de Computação Quântica as pessoas busquem o aprimoramento.
para o curso de Ciências da Computação, Em suas palestras, mencionava
e Técnicas Avançadas de Processamento seguidamente estudos que demonstram
de Dados para o curso de Engenharia da que filhos de pais inteligentes possuem
Computação, na UNISANTA, com foco em inteligência semelhante. Porém o
redes neurais. Foi o primeiro desenvol- resultado é também observado com
vedor de softwares pedagógicos no Bra- filhos adotivos. Ou seja, o ambiente
sil. E, por conta desse trabalho na área possui grande influência. Piazzi, desta
da informática voltado a redes neurais e forma, defendia que inteligência, talento
educação, começou a estudar neurolo- e vocação são na verdade mais produtos
gia. do ambiente que da natureza de cada
um. Dessa forma, o desenvolvimento
E, em seus estudos, focava nos proble-
supera a natureza e o debate nature
mas que encontrava em sala de aula.
versus nurture teria um exemplo claro.
Não eram poucos. Por tradição ou clichê,
brasileiros são tidos como inaptos em No entanto, Pierluigi não descarta com-
duas áreas: leitura e estudo. pletamente o papel da genética. Se-
gundo ele, a genética se manifesta na
Todos conhecemos a sequência anual de capacidade diária de retenção de infor-
notícias na época de divulgação de re- mações e no range de aprimoramento
sultados de levantamentos e avaliações possível. Algumas pessoas podem se de-
coletivas: os brasileiros não leem, os senvolver mais rápido que outras, porém
brasileiros possuem baixa compreensão todas podem obter avanços e melhoras
do pouco que leem, os brasileiros pos- consideráveis estimulando a própria in-
suem baixo aproveitamento em sala de teligência.
aula, os brasileiros...
Alguns estudos, como o publicado por
No levantamento mais recente do Pro- William T. Dickens na Psychological
grama Internacional de Avaliação de Review, corroboram a posição de Pier.
Alunos (PISA), coordenado pela Orga- Segundo Dickens, “quase todos que es-
nização para Cooperação e Desenvol- tudam QI concordam em duas coisas: o
vimento Econômico (OCDE), chegou-se ambiente pode afetar o QI e aqueles com
à estimativa de que alunos brasileiros alto QI tendem a ser encontrados em am-
podem demorar até 260 anos para che- bientes mais favoráveis para desenvol-
gar ao nível de proficiência de leitura de vimento e manutenção do alto QI”. Por
seus pares em países com melhor índice qual motivo o ambiente escolar brasilei-
de desenvolvimento humano. ro não se mostra propício a desenvolver
Pier começou a dar aulas aos 18 anos. os estudantes? – se questionava.
Lecionou em turmas de pré-escola a pós Ainda que estivesse aparentemente
graduação, com mais de cem mil alunos sempre em guerra contra pedagogos,
em turmas de cursinho, segundo levan- Pierluigi defendia ferrenhamente pro-
tamento próprio. E, segundo ele, com fessores e alunos na tentativa de apren-
mais de cem mil provas vivas de que o dizagem.
sistema educacional tem problemas sé-
“Temos os piores professores do mundo?
rios.
Não. Temos os piores alunos do mundo?
Segundo Piazzi, o clichê de que Não. O que está errado? As regras do jogo
inteligência seria meramente e a cultura. (...) Qual a diferença entre o
dependente de um componente Brasil e a Argentina, que sempre está tão
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acima de nós nos levantamentos? (...) Só “ ’Vai desligar o videogame, você tem pro-
na cidade de Buenos Aires temos mais li- va amanhã!’ – esses pais acham que es-
vrarias que no Brasil inteiro. Estudante tão ajudando o filho. Esses pais estão co-
argentino lê e é incentivado e estimulado metendo um crime hediondo. Esses pais
a ler.” deveriam ser presos sem direito a fiança.
Em suas palestras e livros, repetia sem- Estão arruinando a vida do filho induzin-
pre que os alunos brasileiros estudam do o filho a estudar apenas para prova” –
para a prova, e não para aprender. Deste dizia em suas palestras, com risadas dos
modo, temos a distinção entre alunos e presentes como resposta.
estudantes. Alunos focam no resultado O humor duro e as palavras sem medida
imediato de uma avaliação, e estudantes faziam parte do modo de se expressar
focam no processo de aprendizagem em de Pier. Tanto as palestras quanto os li-
si. Alunos que só focam na prova, segun- vros estão repletos de frases que podem
do Pier, ou colam ou decoram de forma ofender quem quer que esteja do outro
superficial logo antes da prova. lado da briga incansável dele contra o
O primeiro caso, da cola, é grave. Caso que via como ignorância. “As pessoas
não seja reprimido, o aluno cresce com acham que estamos ofendendo quando
essa cultura e pode virar um dia um se- queremos na verdade ajudar. Se eu te
nador ou outro tipo de político, dizia. chamo de idiota, não é um insulto: é um
diagnóstico. Esse é o primeiro passo para
O segundo caso seria ainda mais gra- a cura!” – dizia com o dedo em riste em
ve e potencialmente danoso ao futuro palestras. Risadas de alguns, semblantes
do país, já que o aluno se ilude de que ofendidos de outros. Mas ninguém saía
está aprendendo e passa a vida inteira sem escutar e sem ser atingido de algu-
desperdiçando seu tempo e potencial ma forma por algumas duras questões
sem realmente aprender. Passa a vida levantadas.
estudando sem nunca chegar a desen-
volver sua inteligência, tendo em vista Na sequência de desastres da cultura
que decorar de forma superficial não é educacional brasileira, dizia, temos o
reter a estrutura do conhecimento nem grande número de analfabetos funcio-
absorver o conteúdo de forma produti- nais no país. “Temos um baixo índice
va. O aluno decora o conteúdo em cima de analfabetismo efetivo. Temos muitas
da hora justamente com o objetivo de pessoas que conseguem transformar le-
não esquecer para a prova. O resultado tras em sons, mas poucas que conseguem
imediato é que, passando pouco tempo, transformar letras em ideias”. A solução
esquece. O tempo é desperdiçado e o para este problema que propunha era a
potencial de uma geração inteira é joga- leitura. Só se comunica bem (compreen-
do no lixo. dendo o outro e explicando) quem lê
muito, e só lê muito quem lê por prazer.
Defendia que estudar era tarefa diária,
ativa e solitária. Só aprende quem estu- E ler por prazer não combina com ler por
da sozinho, reescrevendo o que leu ou educação. Pier execrava o culto de leitu-
ouviu na aula, no mesmo dia. “Aula dada ra dos clássicos apenas por estarem no
é aula estudada...hoje!”, bradava. Meia cânone. Colocava as leituras obrigatórias
hora, todo dia, de estudo solitário, em junto dos maus hábitos de estudo como
oposição ao estudo longo e desespera- assassinos da inteligência dos alunos.
do de véspera de provas que é a regra Defendia que não existe um livro certo
entre os alunos de todas as idades. para todo mundo, apenas um livro certo
para você. Apresentava em algumas pa-
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é aceitar que está se lidando com incertezas. econométricos, que tem como saída uma res-
Uma forma proposta de classificar as incerte- posta única e certa, levam a uma atitude pas-
zas futuras estabelece quatro níveis e afirma siva, ou no máximo reativa, com relação ao
que a maioria das situações se enquadra nos futuro [14]. No médio/longo prazo as incerte-
níveis 2 e 3 [4]: zas aumentam e apenas o estudo de tendências
1. Futuro suficientemente claro: determina- não tem se mostrado muito eficaz.
do por uma simples análise de tendência Partindo da aceitação dessa incapacidade do
2. Futuros alternativos: alguns poucos cená- homem em prever o futuro é que nasceram
rios definem o futuro os estudos de cenários, que exploraram con-
figurações de variáveis de forma a criar vários
3. Leque de futuros: existe um leque de cená- futuros possíveis. Há comparações de resul-
rios futuros possíveis, nenhum natural tados de estudos econométricos com estudos
4. Ambiguidade total: visualizar o futuro tor- utilizando métodos de cenários que acabam
na-se uma tarefa impossível por concluir que o método de cenários obteve
claras vantagens sobre os métodos projetivos
Tendo em vista o motivo pelo qual existe nos-
tradicionais [26]. Outros analisaram previ-
sa necessidade em prever o futuro podemos
sões realizadas anos antes e constataram que
concluir que o conceito de previsão é um pa-
os erros foram baseados principalmente em
radoxo! Antecipar o futuro é necessário, mas
dois itens: a superestimação dos impactos dos
a previsão é inútil sem essa ação para moldar
avanços tecnológicos e a subestimação de fa-
o futuro ao seu favor. Mas se há o desejo, e a
tores inerciais, como os comportamentos e es-
possibilidade, de se moldar o futuro, então o
truturas sociais [8].
que foi feito não é uma previsão. E aí está o
paradoxo: se a previsão é possível, ela é inútil. Portanto, para trabalhar com cenários é pre-
Se ela é útil, então não é previsão. A verdade é ciso disposição para rejeitar a tentação das vi-
que é impossível prever o futuro. A única cer- sões determinísticas. Como o futuro não está
teza que existe sobre a previsão é que ela está definido, só é possível trabalhar com as noções
errada - o futuro insiste em não se comportar de riscos e probabilidades, e em muitos casos
conforme os tradicionais modelos determinis- nem isso [29]. Utilizar os métodos de constru-
tas, causais ou econométricos, em especial nas ção de cenários como ferramentas para visua-
previsões de longo prazo. lizar futuros alternativos e múltiplos, no lugar
Vimos que o futuro dificilmente é certo e úni- de futuros simples ou únicos (além, é claro, de
co, mas também dificilmente é totalmente in- escapar das armadilhas das técnicas preditivas
certo. No curto prazo, projeções de tendências e projetivas), têm como vantagens [18]:
costumam funcionar muito bem. No entanto, • Desafiar o conhecimento estabelecido, de-
esses modelos determinísticos, estatísticos e monstrando a plausibilidade de diversos
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competitivo da empresa e, dessa forma, defi- rápida, no universo do Planejamento por Ce-
nir o que é fundamental analisar quanto aos nários. A sua visão encontra-se desenvolvida
futuros possíveis dentro desse contexto. Os em The Competitive Advantage: Creating and
cenários são então construídos e confrontados Sustaining Superior Performance (de 1985),
com a Business Idea e a partir dos resultados onde apresentou um método para a constru-
desse confronto ocorre uma revisão das con- ção de cenários industriais e para a definição
dições de sobrevivência e autodesenvolvimen- de estratégias competitivas em condições de
to da empresa nos futuros contextos. Uma vez incerteza. A inclusão da GBN no universo do
que essa revisão tenha sido realizada e que a Monitor Group (do qual Porter foi co-funda-
Business Idea tenha sido considerada robusta dor) pode significar um renovado interesse,
em relação aos cenários visualizados, passa-se por parte de Porter, nas potencialidades do
à definição da direção estratégica que deve ser Planejamento por Cenários.
implementada. Na Estratégia Competitiva, a unidade apro-
O método de Heijden também é bastante sub- priada para a análise de cenários é a indústria.
Baseia-se no fato de que os possíveis compor-
jetivo, sendo ele um fervoroso crítico da utili-
zação de probabilidades subjetivas em análises tamentos de qualquer empresa ocorrem em
de cenários. Um destaque de seu método é o função do comportamento do macro ambien-
fato de considerar seriamente os atores exter- te em interação com o ramo industrial da em-
nos em sua análise. Seu método é uma versão presa. Por isso, ambos devem ser estudados.
mais profunda em conceitos e estrutura da Nessa forma de análise centrada na indústria,
abordagem de Peter Schwartz. Sua base parte desenvolvida por Michael Porter [21], as incer-
do conceito de enquadramento de Schwartz e tezas macroeconômicas, políticas, tecnológi-
adiciona os conceitos de competências essen- cas e outras não são analisadas em si próprias,
ciais de Michael Porter. O método de constru- mas sim testadas na busca das implicações
ção de cenários de Heijden pode ser resumido para a concorrência. O fundamento conceitual
em nove (9) etapas principais: para construção dos cenários é o modelo das
“Cinco Forças Competitivas” − Concorrentes
1. Definir a Business Idea e Posicionamento
na Indústria, Competidores Potenciais, Poten-
Estratégico
ciais Substitutos, Fornecedores e Comprado-
2. Definir a agenda de cenarização res. Tem como características, assim como o
3. Construir e organizar a base de conheci- método GBN, ser bastante subjetivo e flexível.
mento A grande diferença entre os dois métodos é
o foco setorial ou industrial no proposto por
4. Realizar a análise sistêmica do nível con- Michael Porter. Por esse motivo, é o único
textual que considera de forma destacada o compor-
5. Escolha das forças motrizes tamento da concorrência em suas análises.
6. Estruturação dos cenários Porter também introduz timidamente em seu
método o conceito de probabilidades subjeti-
7. Construção da lógica de base dos cenários vas em cenários. Seu método contém oito (8)
8. Narração dos cenários passos:
9. Teste dos cenários (por quantificação ou 1. Identificação das principais incertezas na
estratégia de atores) estrutura industrial
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chnology Foresight Manual: Volume 1 Orga- Acadêmico, no 59, abril de 2006.
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IV Congresso Português de Sociologia, 2000, Globaux d’Economie d’Entreprise. Paris:
Coimbra. Anais... Coimbra: APS, 2000. Dunod, 1969
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bruno gontijo vs. otavio monteagudo
DIALÉTICA MENSAN
PORTE DE ARMAS:
RAZÕES PARA SER CONTRA
Bruno Eduardo Freitas Gontijo (MB 1290)
Policial civil e estudante de Medicina. É também roteirista de curtas, quadrinhos e músico.
Casado com Fernanda e pai de três filhos.
Quando é levantado o debate sobre a libe- dos 63,75 homicídios por 100 mil habi-
ração do porte de armas a todos os civis, tantes. Um índice superior ao dos países
devemos fugir aos truísmos e debatê-la com políticas restritivas, mas com uma
de forma clara e direta. É o que tentarei porcentagem de aumento menor, porém
fazer. É notório o fato que a liberação do em números absolutos expressivamente
porte de armas por si só não é fator de- maior.
terminante no quanto um país é violen- É evidente que, apesar de percebermos
to. Temos exemplos em todos os quatro
espectros possíveis (dados retirados da
UNODC referentes ao ano de 2015):
1. Temos a Holanda e Alemanha com
legislações extremamente restritivas à
posse e porte de armas e com uma bai-
xíssima taxa de homicídios por 100 mil
habitantes. Respectivamente: 0,61 homi-
cídios por 100 mil e 0,85 homicídios por
100 mil;
2. Já a Islândia e Suécia, com suas le-
gislações permissivas, apesar de ter ín-
dices ligeiramente maiores os mesmos
ainda são baixíssimos, sendo eles de
0,91 homicídios por 100 mil habitantes
e de 1,15 homicídios por 100 mil habi-
tantes;
uma diminuição dos índices de homicí-
3. Do outro lado vemos que o opos- dios quando a lei é restritiva à posse e
to também se verifica com a Venezuela, porte de armas, nós ainda temos bons
com sua recente política de desarma- exemplos de países com leis permissivas
mento e o preocupante índice de 57,15 e bons índices de violência por arma de
homicídios por 100 mil habitantes; fogo. Podemos perceber que, apesar das
4. E temos Honduras, com sua per- diferentes abordagens, há fracassos e su-
missiva política de armas e seus absur- cessos em ambas as abordagens.
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Então por quê proibir o porte de armas digo Penal: “O ajuste, a determinação ou
no Brasil? instigação e o auxílio, salvo disposição
Existem inúmeros argumentos possíveis expressa em contrário, não são puníveis,
se o crime não chega, pelo menos, a ser
e que fogem à mera subjetividade. Um
tentado”, o que nos coloca defronte a ou-
deles é o fato de o povo brasileiro ser im-
tra realidade brasileira: nossa imensidão,
pulsivo e violento. Para demonstrar isso
tanto populacional quanto territorial, e
em dados, precisarei conceituar que, ao
a precariedade do serviço policial. Ima-
analisarmos os dados do mapa da violên-
ginemos a seguinte situação: um homem
cia de 2016, o Estado de São Paulo é o
totalmente qualificado diante das novas
segundo menos violento no que se refere
leis para adquirir uma arma e portá-la vai
a homicídios por arma de fogo, e sua ca-
a uma loja de armas e a adquire, comen-
pital se comporta de forma homogênea,
tando com outro comprador que matará
sendo também a segunda capital menos
seu vizinho. Diante dessa confissão de
violenta. E por sua ótima posição e por
intenção, o outro comprador fugindo à
seu comportamento homogêneo, possui
lógica apática da popula-
os melhores dados para analisar-
ção brasileira, liga para
mos essa tendência à violência e a polícia denunciando
impulsividade dos brasileiros. o homem. Pois bem,
Pois bem, o Estado de São diante dessa denúncia a
Paulo teve no ano de 2017 polícia tem somente uma
um total de 3294 homicí- possibilidade de ação, caso
dios dolosos e 3813 ten- o porte de armas esteja le-
tativas de homicídio, da- galizado, para assegurar a
dos esses da Secretaria de vida deste vizinho: vigiar
Segurança Pública de São em tempo integral o ho-
Paulo. Ainda no mesmo ano mem que tem por intenção
tivemos 136136 vítimas de matar seu vizinho e agir
lesão corporal dolosa e 49 imediatamente antes que
lesões corporais seguidas o mesmo consiga o seu in-
de morte, ou seja, 136136 tento, o que sabemos ser
desavenças, sejam elas pelos impraticável no Brasil, pelo
motivos que foram, levaram uma menos por enquanto.
pessoa a causar danos físicos a outra
Eu teria inúmeros outros argumentos
pessoa. Isso sem contar o número de vias
técnicos e empíricos para defender a
de fato e agressão que não foram divul-
proibição da liberação do porte de armas
gados, além dos subnotificados. Agora
pelos cidadãos comuns, mas, em decor-
imagine que todas as pessoas que por
rência do limite de espaço, concisamente
algum momento cogitaram causar danos
saliento que leis restritivas diminuem os
físicos a outras pessoas tivessem aces-
índices de homicídio de um país em com-
so a uma arma de fogo de forma rápida
paração a outro que possua equivalência
e fácil, e ainda pudessem transitar com a
cultural. E, mais determinante que a libe-
mesma em vias públicas. Deixo pra vocês
ração do porte de armas, é a comprovada
as conclusões. passionalidade do povo brasileiro, que,
Outro ponto que é bom salientar é que, somada, aumentaria as fatalidades de-
no Brasil, planejar um crime não é um de- correntes de simples disputas particula-
lito, como fica expresso no Art. 31 do Có- res.
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ARMAS E VIOLÊNCIA
Otávio Monteagudo
que redigirá um currículo amanhã.
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ção de legislação restritiva ao porte de armas um exemplo de calamidade pública após a fa-
de fogo, os resultados variam entre o aumen- lência do governo daquele estado, com Porto
to de ocorrências de crimes violentos ou uma Alegre sendo atualmente a terceira capital
manutenção de tendências passadas. Estrean- brasileira mais violenta (64,1/100.000 hab).
do as comparações ilustrativas do ponto, use- Falando em calamidades, um dos insights du-
mos como exemplo alguns países europeus
rante a pesquisa deste artigo foi como a con-
(aliás, vale a pena chamar atenção ao fato de
tenção da violência em sociedades mais ar-
que esse continente tem uma proporção muito
maior de cidadãos com porte do que o senso madas em relação às menos armadas se torna
comum sugere): a Suíça, nação formada pelo muito mais acentuada e relevante em casos de
encontro das tradições italiana, alemã e fran- guerra civil ou falência do poder público, mas
cesa, tem uma menor ou igual taxa de homicí- por uma questão de espaço não expandirei.
dios (0,7/100.000hab) e uma maior proporção
Por que então o movimento desarmamentista
de casas com a presença de pelo menos uma
existe? Embora não haja um estudo que apre-
arma (28,6%) do que a Itália (0,9/100.000 hab;
12,9%), Alemanha (0,8/100.000 hab; 12,5%) sente clara correlação entre mais armas e mais
e França (0,7/100.000 crimes (se houvesse
hab; 16,1%). Nos um único pode
EUA, é possível ob- ter certeza que
servar um ciclo: au- seria amplamen-
mento de violência te divulgado) os
seguido por (quase que ligam maior
sempre frustradas) medo de avião
tentativas de re-
que de carro
gulação mais forte
(mesmo com aci-
sobre armas segui-
do por aumento na dentes de avião
proporção de casas matando muito
com armas segui- menos) existem,
do por diminuição ou seja, é da na-
tanto na violência tureza humana a
quanto na propor- ojeriza à sensação
ção de casas com ar- de que sua vida está em
mas. Comparar o Uruguai poder de um desconhecido. E política trabalha
(7,6/100.000 hab; 32,6 armas por 100 pessoas,
muito mais com sensações do que com racio-
sem dados por casa), um dos países mais arma-
nalidade.
dos do mundo, com o Brasil (28,8/100.000hab;
2,74 armas por 100 pessoas, sem dados por É razoável assumir que, caso a falência institu-
casa), embora vá a favor da posição sendo cional brasileira não ocorresse, o Estatuto do
construída nesse texto, é falacioso e injusto. Desarmamento não teria um impacto tão nega-
Porém, comparar o Uruguai com outra região tivo na segurança pública, porém, não foi isso
de tradição gaúcha, com populações e índices que aconteceu. Considerando todos os pontos
socioeconômicos semelhantes, não é: o esta-
aqui apresentados, esse texto se conclui com a
do do Rio Grande do Sul, além de notavelmen-
te mais violento (17,9/100.000 hab) que o ideia de que legislações com bom-senso que
Uruguai, é possivelmente o maior símbolo da considerem o cidadão que deseja se armar al-
falha do Estatuto do Desarmamento brasilei- guém que quer se defender e não um maníaco
ro: sendo o estado mais afetado pela lei, que são uma boa ideia para nações que querem ser
mais entregou armas legítimas, o RS se tornou seguras e abraçar instituições democráticas.
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JO G O S PA RA
UM MUNDO
M ELH O R
P á Falcão (MB 669)
Observação: entre nesta aventura por sua conta e risco. Descubra quantos dos am-
bientes são verdadeiros e mande sua opinião para mim. Receba em troca uma biblio-
grafia que vai te ajudar a descobrir seus acertos e se aprofundar nos jogos por um
mundo melhor. Para isto, use o QR Code:
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Solaris sabia que estava preparado. cia eslava, testa alta e maxilares qua-
Mas sentia tensão e um pouco de drados, era emoldurado por longos
medo misturados com a ansiedade de cabelos loiros. A pele não era de ne-
experimentar uma nova fase. Sabia nhuma cor encontrada na Terra, pare-
que, se antes as coisas eram sérias, cia um tom de dourado. Se não fosse o
agora a responsabilidade se multipli- uniforme branco de almirante, Solaris
cava, e era toda dele. Conduzira Ina poderia pensar em Vaala como uma
por todas as fases do jogo até agora. mulher completamente dourada.
No começo, a garota nem se dava con- Solaris escolheu uma almofada ama-
ta de sua existência. Mas aos poucos rela, sentou e assumiu uma atitude
foi aprendendo a jogar com ele, até meditativa também. Ao fazer isto
que ambos eram como um. Ina mos- imediatamente se conectou de forma
trou a Solaris que estava preparada, consciente tanto com Ina quanto com
mas mais ainda, mostrou que toda a Vaala, tornando-se o elo entre as duas.
humanidade estava quase preparada.
E a conversa telepática começou.
E Solaris percebeu que estava na hora.
Contatou Vaala na nave mãe e comu- - Queridos, estou muito feliz de vocês
nicou sua experiência. E agora se en- finalmente estarem aqui! – Solaris e
contrava no transporte, sem saber o Ina ficaram extasiados com o amor e a
que esperar. sabedoria que vinham do pensamen-
to de Vaala – Finalmente poderemos
Vaala sorriu. Finalmente! 300 mil
entrar na próxima fase.
anos de esforço e o primeiro observa-
dor retornou! Sabia que agora era uma - O que eu tenho que fazer? – Ina me-
questão de pouco tempo até chamar lhorara muito, mas ainda sentia um
toda a frota para a colonização. A se- resto da ansiedade dos velhos tem-
mente que plantara com todo cuidado pos.
e amor já era uma árvore jovem, co- - Não se preocupe – acalmou-a Solaris
meçando a florescer e finalmente iria – ocupe-se de se divertir e aproveitar
dar seus frutos. Sentiu que o transpor- agora que você chegou ao nível 110.
te estava chegando, foi para a sala do
comando, sentou em posição lótus em - Solaris, você me disse que os outros
sua almofada e aguardou. já estão quase preparados?
As pernas de Solaris tremeram um - Sim, Vaala, apesar de um ou outro
pouco no momento em que ele pi- iniciante, o nível médio da Terra hoje
sou na nave. Parou, respirou profun- é 95, temos cerca de 150.000 acima
damente, acalmou Ina e pensou em de 100 e falta pouco para todos che-
Vaala. Imediatamente foi transporta- garem a 110.
do à sala de comando: uma estrutura - Para poder colocar a frota em pronti-
circular, com paredes translúcidas, o dão preciso reviver tudo pessoalmen-
chão branco com a estrela da Federa- te com vocês. Vamos voltar ao nível
ção Galáctica em dourado desenhada zero e experimentar algumas mudan-
e vários almofadões de todas as cores ças de nível. – Vaala mal podia esperar
do arco-íris. pela aventura!
Vaala estava sentada em um almofa- - Vamos! – Pensaram em uníssono So-
dão dourado em profunda meditação. laris e Ina.
Solaris admirou a face tranquila e pa-
cífica da bela mulher. Não era jovem ...
nem velha, na verdade era como se Os três estavam em uma floresta em
não tivesse idade. O rosto, de aparên- algum lugar do que hoje é conhecido
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como França. Estavam sujos, descal- uma parte do coração do próximo vea-
ços e se vestiam com peles. Vaala ti- do que matarmos. Vamos repetir esse
nha uma funda na mão e um saco de jogo como parte da comemoração por
pedras a tiracolo. Solaris segurava um cada bicho grande que matarmos! A
fêmur de bisão e Ina um grosso galho tribo toda se levantou e começou a
de árvore, para serem usados como pular e gritar!
clavas. ...
Ina foi a primeira a perceber o vea- “Nível Zero Completo!”. Os três ouvi-
do entre as árvores. Apontou e Vaala ram a voz robótica e se perceberam na
imediatamente lançou uma pedra que sala de comando novamente.
o atingiu na pata traseira esquerda. A
pedra machucou menos do que deve- - Ina, porque você sugeriu o jogo a
ria. O animal saiu correndo, mancando eles?
levemente. Os três saíram correndo - Vaala, com o jogo eles vão ficar me-
atrás. Agora era puramente uma ques- lhores corredores, mais fortes e en-
tão de resistência, ver quem aguenta- contrar um jeito menos chato de car-
va mais. Correram e correram. O Sol regar a caça de volta à caverna.
ficou a pino. Correram. O Sol começou
a abaixar e continuavam correndo. O - Então estamos criando uma cultura
veado começou a diminuir a veloci- de aprendizado e melhoria aqui? –
dade. O suficiente para Vaala lançar perguntou Solaris.
outra pedra. Esta pegou na cabeça e - Exatamente. E o Deus da Caça e o
o animal caiu. Solaris e Ina se aproxi- Espírito do Veado deram um toque de
maram e com as clavas terminaram o magia, tornando a experiência trans-
trabalho. cendental e fazendo com que se en-
Na noite seguinte, na caverna, já com a volvam em algo sagrado. Não que eles
barriga cheia, aquecidos pela fogueira realmente não tenham inspirado Ina!
e pela felicidade dos companheiros – os olhos de Vaala sorriam.
de tribo, Ina percebeu como fora im- - Gostei de jogar. Quero mais! Vamos
portante aguentar quase um dia cor- para o nível 1? – perguntou Ina.
rendo. E lembrou de todos os animais
- Já jogamos antes, não precisamos
que tinham perdido por não conseguir
mais passar cronologicamente por
correr o necessário. Também lembrou
todos os níveis. Mas vamos para um
do sacrifício que fora trazer o veado
novo ambiente sim!
de volta à caverna. Teve uma ideia,
que imediatamente veio às cabeças ...
de Vaala e Solaris também. Ina se le- Solaris sentiu um enorme alívio com
vantou, pegou o coração do veado, di- a sombra e o ambiente relativamente
reito dos caçadores, e levantou acima fresco do palácio. Através das colunas
de sua cabeça. podia ver as casas brancas de Mênfis e
- O Deus da Caça e o Espírito do Ve- o templo de Ptah. Ina suava carregan-
ado me passaram uma mensagem! do a mesa-tabuleiro de ébano, com as
Amanhã, todos da aldeia irão correr 30 casas do jogo revestidas de mar-
até a pedreira do outro lado do mor- fim. Nas laterais do tabuleiro estavam
ro. Na volta não precisam correr, mas gravados hieróglifos desejando boa
precisam cantar uma música e andar sorte e vida longa ao Faraó. O tabulei-
no ritmo dela, carregando uma pedra ro tinha 4 pernas e um trenó embai-
que seja maior do que a sua cabeça. xo e na lateral uma gaveta onde eram
Quem chegar primeiro terá também guardadas as peças do jogo, de ouro e
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bosque de plátanos no topo de uma samente pelo dia de jogar. Com isto,
colina. Olhando à esquerda, um pe- suportaram 8 anos de fome.
queno barranco, uma praia estreita e - Ué, eu já conhecia a história, mas
o mar mais azul que já tinham visto na ouvi 18 anos em vez de 8. – Observou
vida. Ina.
Continuaram andando até ouvir vo- - Tenho certeza que foram 8. – respon-
zes. Um grupo de jovens e um ancião deu Heródoto. A informação deve ter
comiam queijo de cabra e bebiam vi- se deturpado.
nho, sentados à beira da maior árvo-
re. Acenaram para os 3 amigos que se - E o que aconteceu ao final dos 8
aproximaram e receberam boas vin- anos? – perguntou um dos jovens.
das, comida e bebida. - Atys percebeu que o problema, ini-
- É muito bom estar aqui, aproveitan- cialmente originado pela seca, tinha
do o Sol, a sombra, comida, bebida e a ver com a capacidade de produção
amigos. Mas nem sempre tem sido as- agrícola do reino. Era muita gente
sim. – disse o velho. para pouca comida. Ele dividiu o povo
em dois grupos e organizou um gran-
- Quem é ele? – Ina perguntou para o de jogo final, com um prêmio mara-
rapaz ao seu lado. vilhoso: a equipe ganhadora iria dei-
- É Heródoto de Halicarnasso. Ele ado- xar o país, comandada por seu filho
ra contar histórias! Tursenos. Tursenos então comandou
- Hoje vou contar a vocês a história da a expedição dos melhores jogadores
grande fome da Lídia. – Declarou He- até a Úmbria, onde se assentaram e
ródoto. passaram a ser conhecidos como os
tirrenos.
- Lídia, na Ásia Menor? – perguntou
outro jovem. - É um jeito maravilhoso de usar jo-
gos! – Observou Solaris.
- Sim, um pouco ao norte de minha
cidade natal. – Respondeu Heródo- - Sim, e tudo isto acontece porque
to. – Durante o reinado do rei Atys quando estamos sérios é o deus Kro-
houve uma seca e uma grande fome nos que controla o nosso tempo, mas
se alastrou pelo reino. Atys sabia que quando jogamos e nos divertimos o
precisava dar uma solução ou o povo tempo é controlado por Kairós, que
se revoltaria, mas não tinha acesso a traz envolvimento, imersão e a noção
mais alimentos. Pediu ajuda dos mais de que o tempo deixa de existir. – ex-
inteligentes do reino e eles inventa- plicou Heródoto.
ram uma série de jogos. Inventaram ...
os dados, e duas formas diferentes “Nível 63 Completo”
de jogar. Com uma bola de bexiga de
carneiro, inventaram a Péla. Também Na sala de comando, junto com Hui-
criaram vários outros jogos de tabu- zinga estava uma moça alta, magra
leiro. O povo imediatamente se apai- e loira. Os dois discutiam acalorada-
xonou pelos jogos. Atys então insti- mente e nem perceberam a chegada
tuiu um rodízio: metade da população dos três.
jogava por um dia inteiro, mas não po- - Olá? – disse Solaris.
dia comer neste dia. No dia seguinte, a
outra metade que havia comido no dia - Olá! Deixe-me apresentar vocês a
anterior jogava e os outros comiam. Jane McGonigal! – disse Huizinga.
Isto tornou não só a fome suportável - “A” Jane McGonigal?!! – pulou Ina,
como fez as pessoas esperarem ansio- já abraçando e beijando a moça. – A
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maior game designer de ARGs que te- meçou a subir em direção ao Alcázar.
mos hoje????? Ao passar por eles Alfonso notou o ta-
- Não sei se sou a maior - riu Jane -, buleiro de xadrez de Solaris, parou e
mas faço o melhor que posso. levantou a viseira de seu elmo. Os três
fizeram uma mesura.
- O que são ARGs? – perguntou Hui-
zinga. - Olá, estranho. Vejo que portas as co-
res e o brasão da família VillaMayor,
- ARGS são “Alternate Reality Games”, és parente de D. Garcia? – perguntou
jogos que tornam possível outras re- o monarca.
alidades e que muitas vezes colocam
- Sim majestade, sou primo em tercei-
por terra o seu conceito de círculo má-
ro grau. D. Garcia é um grande amigo
gico. – respondeu Vaala.
e passamos deliciosas tardes juntos
- Nem sempre os ARGs acontecem na jogando xadrez. – respondeu Solaris.
vida real. Evoke, um dos jogos que eu
- Xadrez é o mais nobre dos jogos. –
criei para conscientizar as pessoas
Declarou o rei. - Porque Deus quis
sobre a situação da África, é simples-
que os homens pudessem dispor na-
mente um game eletrônico. Mas já turalmente em si próprios de todas
ajuda. – Completou Jane. as formas de alegria, a fim de pode-
- Talvez a história de Atys e da fome rem enfrentar as preocupações e os
na Lídia tenha sido o primeiro exem- problemas, quando estes surgissem.
plo conhecido de jogo que influencia Os homens então buscaram muitas
a realidade. Mas, Jane, Heródoto nos maneiras de realizar completamente
falou em 8 anos e você quando con- essa felicidade, pelo que descobriram
ta esta história fala em 18, porque? – e fizeram muitos tipos de jogos e de
perguntou Ina. trebelhos com que se alegrar.
- Bom, preciso checar minhas fontes. O rei sorriu e continuou:
– Jane fez uma anotação em seu smar- - E, portanto, nós, Dom Afonso, pela
tphone. graça de Deus, Rei de Castela, de To-
- Não importa, vamos continuar. – So- ledo, de Leão, da Galiza, de Sevilha,
laris atentou para o foco da aventura. de Córdova, de Múrcia, de Jaén e do
Algarve, mandamos fazer um livro,
...
em que falamos da maneira como são
Vaala notou, pelas roupas, que esta- feitos aqueles jogos mais agradáveis,
vam na época medieval. Ela e Ina usa- tal como o xadrez, os dados e as tá-
vam vestidos mais humildes, mas So- bulas. E ainda que estes jogos se di-
laris estava vestido como um fidalgo, ferenciem de muitas maneiras, como
com calças de lã marrom, botas, um o xadrez é mais nobre e exige maior
casaco curto listrado de vermelho e mestria do que os outros, falamos
amarelo e uma capa com o brasão da dele em primeiro lugar. Fico muito fe-
família Villamayor. Embaixo do braço, liz, meu jovem, que vossa mercê goste
um tabuleiro de xadrez. de xadrez. No livro, entre outras coi-
Os três estavam na porta do Alcázar sas, apresentamos 64 fólios com pro-
de Toledo e morro abaixo podiam ver blemas para serem resolvidos. Vossa
o Rio Tejo e a Ponte Alcântara onde mercê irá receber uma cópia pelas
passava a comitiva real. Pelos unifor- mãos de vosso primo.
mes dos cavaleiros Vaala deduziu que - Muito agradecido, majestade! – Sola-
o rei era Alfonso X, o sábio. ris fez uma mesura.
A comitiva atravessou a ponte e co- O rei baixou a viseira e fez sinal para
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dia, os jogos divertidos, onde as pes- - Muito prazer! – Ina respondeu tímida
soas riem e fazem bagunça e Ludus, e ruborizada.
onde os jogadores exercitam muito - Então, vamos lá ver esses jogos cons-
mais o pensar e a estratégia. – Roger cientes dentro de outros jogos?
estava deliciado com a atenção que
todos prestavam a ele. - Dentro das ...
duas categorias existem os mesmos Estar ou não na quadra de hockey não
4 tipos de jogos: Agôn, os jogos onde fazia a menor diferença. A quadra era
o importante é a competição; Alea, os de gelo e todo o ambiente em volta
jogos de sorte; Mimicry, os jogos de também. James nunca tinha visto uma
simulação e Vertigo, os jogos feitos quadra de hockey aberta, ao ar livre,
para despertar grandes emoções. mas percebeu que na quadra estava
- Mas como alguém pode ser estra- um treinador e uma dúzia de crianças
tégico e ter grandes emoções? – per- esquimós, superconfortáveis com a
guntou Solaris. temperatura, mas extremamente des-
confortáveis com os tacos e o puck.
- Escalando o Everest, meu amigo.
Vaala, Solaris, Ina, Johan, Jane, Roger
Atravessando o Oceano Atlântico so-
e James se sentaram em um banco na
zinho em um barco a remo. Voltando
beira da quadra, batendo ocasional-
para casa no horário do rush em qual-
mente os pés no chão e esfregando as
quer grande cidade do planeta.
mãos para não congelarem. Observa-
- Então, meu querido, não desprezo vam as crianças.
sua contribuição, mas os ARGs estão O técnico os cumprimentou com a ca-
em todos estes tipos e categorias. – beça, um pouco tímido.
Observou Jane.
- Quem é ele? -perguntou Ina.
- Minha querida, escrevi meu livro em
1958 e não existia este conceito na - Acho que é Terry Orlick. Um dos tra-
época. O nível dos humanos não pas- balhos de Terry na década de 70 foi
sava de 46. Será que podemos conhe- tentar ensinar hockey para as crianças
cer alguns desses ARGs para que eu e Inuit do Canadá. – Esclareceu Vaala. –
Johan possamos nos atualizar? – per- Vamos observar.
guntou o francês. O técnico mostrou como movimentar
- Claro, vamos todos, mas gostaria de o puck com o taco e colocou as crian-
chamar mais uma pessoa para partici- ças em dupla, para que uma passas-
par. – Vaala interveio. – Jane vai gos- se o puck para a outra. As crianças se
tar, quero chamar James P. Carse. mostraram bastante interessadas e
não tiveram maiores dificuldades em
Imediatamente apareceu um ameri- fazer isto.
cano grisalho, de camisa polo e calças
O técnico então ordenou que fossem
caqui.
para o fundo da quadra e que as du-
- Alô, amigos! Vaala, que bom ser cha- plas se colocassem com uma pessoa
mado por você! – James Carse era ex- de frente para a quadra e outra de
tremamente simpático. – Solaris, creio costas para a quadra e de frente para
que você contatou Vaala por perceber a sua dupla. Pediu então que aqueles
na humanidade a crescente consciên- que estivessem de frente levassem o
cia de que a vida é um jogo feito de puck com tacadas até o lado oposto.
muitos jogos. E creio que essa moça A outra pessoa da dupla deveria “rou-
bonita é Ina, a primeira jogadora nível bar” o puck com o taco, impedindo a
110! outra criança de conseguir seu obje-
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INVENÇÕES
INTELIGENTES DA
FANTASIA PARA UM
MUND O MELHOR
Al in e Vie ira Malanovic z ( M B 1 5 3 3 )
Analista de Sistemas, Desenvolvedora de Software, Estudante de Direito. Técnica
em Gestão, Doutora em Administração de Sistemas de Informação, Bacharel e Mes-
tra em Ciência da Computação. Técnica em Eletrônica, Especialista em Engenharia
de Software. Aspirante a escritora. Interessada em aprender de tudo um muito.
malanovicz@gmail.com
Texto originalmente publicado no blog “Recanto das Letras”..
Hugo Gernsback (1963). por Alfred Eisenstaedt—The LIFE Picture Collection/Getty Images
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eficácia das instituições, assim como namelhor”. (É claro que o avanço tecno-
acurácia das investigações de polícia lógico não traz o fim das mazelas. Seria
e dos julgamentos. Incrível! Creio ingenuidade pensar isso.) Se analisar-
que desenvolver as tecnologias que mos bem, é muito possível que algumas
ampliem o conhecimento já nos serve deem uma bela mãozinha para alguns
para esclarecer as pessoas e promover daqueles megaobjetivos da ONU. E já
o entendimento do mundo, o que é um pensou no desenvolvimento e na me-
objetivo positivo. lhoria das condições de vida que cada
Todas essas invenções da fantasia ser- uma delas poderia trazer? Talvez até… a
vem às pessoas, seja para viver mais paz mundial!
ou melhor, para viajar no tempo ou se Qualquer mensan que pretenda se dedi-
deslocar no espaço, para ficar incóg- car a tamanha empreitada pode se inspi-
nito ou simplesmente facilitar as tare- rar, é claro, nos livros. Como disse Arthur
fas do dia-a-dia, para a comunicação e C. Clarke: “qualquer tecnologia suficien-
o entendimento entre as pessoas, para temente avançada é indistinguível da
o melhor uso da memória ou para ob- magia”. Então, mãos à obra! “Mensans
tenção de conhecimento. E todas pare- do mundo, unamo-nos”: “usemos a inte-
cem ter amplo potencial como “ideias e ligência para melhorar o mundo”.
ações” para contribuir para “um mundo
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FONTES DE CONSULTA
BUENO, Eduardo “Peninha”. Buenas Ideias. 24 abr. 2017. Canal no YouTu-
be. Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCQRPDZMSwX-
FEDS67uc7kIdg/featured>. Acesso em: 6 maio 2018.
CLARKE, Arthur C. Sir Arthur’s Quotations. The Arthur C. Clarke Foundation
website. 2016. Disponível em: https://www.clarkefoundation.org/about-
sir-arthur/sir-arthurs-quotations/ Acesso em: 9 jun. 2018.
ESTANTE VIRTUAL. Escritores visionários: eles previram o futuro em seus
livros. 20 mar. 2012. Disponível em: <http://blog.estantevirtual.com.
br/2012/03/20/escritores-visionarios-eles-previram-o-futuro-em-seus
-livros/> Acesso em: 30 abr. 2018.
ONU - Organização das Nações Unidas. Conheça os novos 17 objetivos de
desenvolvimento sustentável da ONU. 25 set. 2015. (Atualizado em 12
abr. 2017) Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-
17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/> Acesso em: 28
abr. 2018.
R7: Tecnologia e Ciência. 10 invenções da ficção científica que você queria
ganhar de Natal. 19 dez. 2015, 00:10. Disponível em: <https://noticias.r7.
com/tecnologia-e-ciencia/fotos/10-invencoes-da-ficcao-cientifica-que-
voce-queria-ganhar-de-natal-19122015#!/foto/7> Acesso em: 5 maio
2018.
ROSA, Rafael de la. 7 objetos mágicos en las novelas de fantasía. set.
2017, 9:14. Disponível em: <https://www.dragonmecanico.com/2017/09/
objetos-magicos-novelas-fantasia.html>. Acesso em: 6 maio 2018.
SUPERINTERESSANTE: Tecnologia. 10 invenções que a ficção científica in-
ventou. 22 abr. 2010, 22:00 (Atualizado 9 jan. 2017, 19:56). Disponível
em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/10-invencoes-que-a-ficcao-
cientifica-inventou/>. Acesso em: 29 abr. 2018.
TAVERNA DO ARKANUM. Top 10 itens mágicos mais poderosos! 2 ago.
2017, 23:15. Disponível em: <http://tavernadoarcanum.blogspot.com.
br/2017/08/top-10-itens-magicos-mais-poderosos.html>. Acesso em: 6
maio 2018.
TURING, Alan. Computing Machinery and Intelligence, Mind, Oxford (OUP),
LIX (236), out. 1950. p.433-460, doi:10.1093/mind/LIX.236.433 https://
academic.oup.com/mind/article/LIX/236/433/986238
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância. Objetivos de Desenvol-
vimento do Milênio. 8 set. 2000. Disponível em: <https://www.unicef.org/
brazil/pt/overview_9540.htm>. Acesso em: 29 abr. 2018.
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A S PROVO C AÇ Õ E S DE
FINNEG A NS WAK E
F l av io Olive ira (MB 1 1 5 9 )
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Por sorte, sua opinião não foi ouvida e as bebe demais e acaba sofrendo uma que-
páginas foram publicadas com números. da – símbolo da “queda do homem” – e
Ninguém tem absoluta certeza, mas morre. Durante o seu velório (“Wake”)
aparentemente o livro descreve a história tipicamente irlandês, regado a muita be-
do taberneiro Humphrey Chimpdem bida, no intercurso de uma briga entre
Earwicker (HCE), sua mulher Anna Livia os convidados, algumas gotas de uísque
Plurabelle e seus três filhos, os gêmeos – do gaélico uisce beatha, “água da vida”
Shen e Shaun, e a caçula Issy. O que – caem sobre Tim Finnegan, que volta à
torna a coisa interessante é o fato de vida e termina o velório em uma animada
que esta história é contada através de dança. O “wake” tanto pode ser o veló-
uma narrativa onírica, descrevendo os rio quanto o “despertar” do homem que
sonhos de HCE, com toda imprecisão e caiu. A circularidade de Vico.
imprevisibilidade que se espera de uma • “Finnegan” poderia ser a junção de
noite repleta de alucinações. Já que em dois termos de diferentes línguas. “Finn”
Ulisses, seu livro anterior, James Joyce poderia ser uma alteração da expres-
narrou os eventos ao longo de um dia são latina “finis”, fim. Em seguida viria
na vida de Leopold Bloom (16 de junho “egan”, outra alteração, agora do inglês
de 1905, o famoso “Bloomsday”), a “again”, novamente. Juntas as expres-
noite é o palco onde os acontecimentos sões formam a ideia de “fim de novo” ou
de “Finnegans Wake” se desenvolvem, “fim e novamente”. Mais uma vez a circu-
particularmente durante uma noite cheia laridade de Vico é evocada para trazer à
de sonhos inquietantes. Neste contexto, luz a ideia do eterno recomeço.
como o próprio James Joyce dizia, “era de • A inspiração pode ter vindo de
se esperar que as coisas não fossem tão Finn MacColl, um herói patriótico gigante
claras durante a noite, não mesmo?”. irlandês, cujo corpo se encontra deitado
Se as tradicionais palavras cruzadas e ao longo do leito do Liffey (rio que corta
os livros de colorir para adultos podem Dublin), com os pés em Howth e a cabeça
ser considerados uma “saudável ginás- no Phoenix Park.
tica intelectual”, os seis desafios que eu
estou prestes a propor a você pode ser Procure as mais de sessenta e cinco lín-
entendido como um “circuito death metal guas diferentes presentes no texto
de crossfit extremo”, que poucos poderão Não existe consenso a respeito da quan-
terminar sem uma cãibra mental. tidade exata, mas especula-se que James
Joyce tenha incluído fragmentos de mais
Escolha a melhor hipótese para a de sessenta idiomas, mortas e atualmen-
origem do nome do livro te em uso, orientais e ocidentais. É arris-
O pesadelo dos críticos literários começa cado dizer que o texto tenha sido escrito
já no título da obra. em inglês, tanto pela enorme quantidade
Durante todo o seu processo de criação – de termos em outras línguas, quanto pe-
que durou quase dezoito anos, como dito las incontáveis distorções que as supos-
anteriormente – James Joyce chamava tas “palavras inglesas” sofreram. Traduzir
sua obra apenas de “Work in Progress”. este livro é um pesadelo muito maior do
Próximo ao final da composição, ele se que lê-lo. O fato do texto ter sido escrito
divertia pedindo aos seus amigos e fa- em tantos idiomas chega a tornar a sua
miliares tentassem adivinhar o nome do tradução quase que desnecessária, ou
livro. A seguir algumas das hipóteses: eventualmente inútil. Para entender boa
• “Finnegan’s Wake” (com após- parte dos termos traduzidos para o por-
trofe) é o nome de uma balada irlande- tuguês, por exemplo, é imprescindível
sa sobre Tim Finnegan, um pedreiro que recorrer ao texto original, procedimento
72
este que deve ser adotado inúmeras ve- James Joyce lançou mão de uma infinida-
zes ao longo de toda a peleja com o livro. de de recursos linguísticos durante a sua
A tradução para o português (?) de Do- composição. Cada palavra foi cuidadosa-
naldo Schüler, publicada pelo Ateliê Edi- mente escolhida para satisfazer as suas
torial, foi produzida de modo que a cada intenções subversivas e rebeldes. Há for-
folha virada, na página esquerda esteja tes indícios de que Joyce tenha cometi-
a versão original e na página da direita a do tantos “atentados” ao inglês padrão
versão traduzida, o que facilita bastante como forma de protesto contra a ocupa-
o processo comparativo. ção inglesa da Irlanda.
Tome os dois trechos mostrados a seguir Sinceramente, acredito que a busca por
e conclua por si mesmo se faz algum sen- estas diversas formas de trocadilhos e
tido traduzi-los: palavras-valise provocará, além de diver-
"Attention! Atención! Atençãooo! Le roi são certa, a inspiração para o significativo
viking rend visite aus belles jeunes filles. aumento no acervo de piadas infames a
Three Little Irish Children with the Scandi- serem usadas nos diversos grupos de re-
navian Giant in Phoenix Park. Y, mientras des sociais.
tanto, Ana alegremente con su amante se Os trocadilhos se amontoam: “Maria
banana." (FW 100-5) cheia de Graça” pode ser encontrada
como “Maria full of Grease” (“Maria cheia
“Are we speachin d’anglais landage or are de Graxa”). “Making love” transformou-
you sprakin sea Djoytsch?” (FW 485) se em “Making loof” (“fazendo rumor”).
“Your rere gait's creakorheuman bitts your
Inglês, espanhol, português, alemão, di- butts disagrees” (Teu retrovisor é grego
namarquês e francês em duas sentenças. ou romano, mas tua bunda é uma disgré-
Em alguns casos, uma única palavra é es- cia) (FW 214-22).
crita em mais de um idioma, como “spea- Além dos trocadilhos, as chamadas “pa-
chin” (speak + spreche). lavras-valise” (palavras que encerram
em si mais de um significado) também
Procure as referências para os diferen- abundam (sem trocadilho) pelo texto, de
tes nomes de H.C.E. maneira que chega a ser surpreendente
Como sabemos, “Finnegans Wake” pro- quando encontramos palavras escritas
vavelmente retrata os sonhos de um ta- do jeito certo. Alguns exemplos de pa-
verneiro chamado Humprhey Chimpdem lavras-varizes (desculpe, foi irresistível):
Earwicker. Seria muito simples se James “laughtears” (gargalhada + lágrimas),
Joyce sempre se referisse a ele pelo seu “chaosmos” (caos + cosmos), “funferall”
nome, mas (claro) não é o que ocorre. Isso (funeral + alegria para todos), “Anytongue
seria óbvio. O autor alude ao personagem athall” (“umúnica língua qualinguer”).
principal do seu livro de diversas formas, Outros casos de utilização não conven-
às vezes como H.C.E., outras como Here cional da linguagem na prosa são as brin-
Comes Everybody (HCE), Huges Caput cadeiras com as rimas e canções. Algumas
Earlyfouler (HCE) e outras tantas formas passagens, se lidas em voz alta, revelam a
perdidas no meio do texto. Os gêmeos intenção do autor, como em “Like Liviam
Shaun e Shen, filhos de HCE, às vezes são Liddle did Loveme Long” (FW 207).
pedra, árvore ou montanha. A outra filha, Leia a seguinte passagem em voz alta:
Issy, surge vez e outra como Isobel, repre-
sentação de Isolda. "Dont retch meat fat salt lard sinks down
(and out)." (FW 260 12-E)
Perca-se no labirinto de trocadilhos,
aliterações, rimas e canções Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó... Legal, né?
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P RA QUE S E RVE A
M E NS A?
So b re Acho co l at ados ,
Ri votril e a S ín dro me
do Segu ndo L u gar
M o ys és Chaves, (MB 154 9 ) .
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ma. A tristeza era ocasionalmente diluída de parte dos deprimidos, eu também era
por ótimos amigos e a auto-estima vivia muito ansioso. O vestibular era um pesa-
submersa. Aparecia desconfiada quando delo certo. A pressão que, até ali, me fa-
aconteciam fatos que provavam que eu zia estudar na madrugada antes das pro-
era inteligente. Mas fatos não conven- vas, se tornou uma tortura. Pela primeira
cem sentimentos. Eu já estava vivendo vez consegui ter um esquema de estudo
em depressão, e eu era um menino. diário. Eu, como super-ultra inteligente
A depressão é uma mãe de braços longos que não tinha nenhuma certeza disso, sa-
e olhos embotados. Pega uma criança bia que a única maneira de ser aprovado
linda em seu colo e dá tempo para que em uma boa faculdade era ter disciplina.
ela se ajeite e busque a melhor posição. Disciplina é liberdade? No meu caso,
Depois, fica imóvel e se torna uma casa não. Tinha uma tabela de estudos com
fria. Estiquei meus braços porque era o horários exatos, intervalos para tomar
colo que havia. Aceitei os olhos que não água e metas a bater. Durou um bimestre.
significavam nada porque olhavam para Média geral 9,78. “Consegui! Muito bom!
mim. Impressionante!” 2º Lugar
Não conseguia es- em todas as unidades
tudar quando es- do Colégio “XYZ”,
tava deprimido. na época, talvez o
Superdotados melhor de Brasí-
ainda assim lia.
precisam estu-
dar, ou ler, ou 2º LUGAR
ir às aulas, ou O primeiro lugar
fazer as pro- teve média 9,83.
vas. De vez em 0,05 ponto de di-
quando conse- ferença. Era da
guia fazer uma minha sala. Não
coisa ou ou- me lembro disso
tra. Em escolas aos 40 anos à toa.
pouco exigen- É possível que al-
tes, tinha notas guém duvidasse da
muito boas, es- inteligência com um
trelinhas douradas fato desses? Mas fatos
e certificados de honra não convencem sentimen-
ao mérito. Um superdotado deprimido tos. Eu era ruim. 15 anos. O mais baixo da
pode se sentir e realmente ser uma farsa. turma. E só.
Praticamente nunca estudei diariamente Meu pai se aposentou no meio do ano.
ou ao menos uma semana antes de uma Mudamos para outra cidade, e o deses-
prova. Bonito, não é? “Esse menino é in- pero transformou-se em terror. O cro-
teligente demais, nem estuda e tira notas nograma de ensino do novo colégio era
ótimas!”. Coitados. Sofria muito procras- totalmente diferente e não tive aulas de
tinando, com zero vontade de estudar, boa parte da matéria do vestibular. Depri-
de sair de casa, de ver “Sessão da Tarde”. mido ao máximo, na metade do segundo
Descobri, já adulto, que um TDAH subti- semestre comecei a pensar em suicídio.
po desatento piorava a situação. Veja bem, você é inteligente “pero no
Só consegui manter um horário de es- mucho”, porque não vai passar no ves-
tudo (em casa) no início do terceiro ano tibular, porque não estudou como deve-
do então chamado 2º Grau. Como gran- ria, porque mudou de escola. Passei pela
77
RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
psicóloga do colégio que, pela gravidade ser levado para a prova, de folhas, fiscais,
do quadro, deveria ter me encaminhado gente. Na segunda fase do vestibular eu
para um psiquiatra, mas não o fez. Prefiroestava deprimido, mas acordado. No final
imaginar que ela subestimou a situação das contas, passei.
como um “estado de estresse reacional”. A Faculdade de Medicina foi um suplício.
Bem, era mais que isso. Idealizei tudo, achava que ia chegar e fa-
zer pesquisa. A depressão, sempre alerta,
RIVOTRIL me perseguiu praticamente durante todo
O vestibular estava marcado para o do- o curso. Reprovei no primeiro ano por no-
mingo seguinte. Tudo seria confirmado: tas medíocres e muitas faltas. Me arrastei
meu fracasso, minha incompetência, mi- sem estudar direito até às vésperas da
nha farsa para mim e para todos. prova de residência. Estudei por 30 dias.
O suicídio não é um ato de coragem. É Passei nos lugares que queria. Onde cur-
tentar sair do colo daquela mulher fria sei, fui nono entre 10 aprovados. Sempre
de braços longos. Ela me cobrou um pre- mais ou menos. Vim trabalhar na Região
ço que não poderia ser pago. Depois de Norte do Brasil, e prestei um concurso
muito tempo tentando me livrar de todas para Psiquiatra. Segundo lugar.
as maneiras, eu precisava que meus mús- Há 1 ano e meio estou em tratamento
culos desistissem e minha cabeça paras- com novo psiquiatra e nova psicotera-
se de doer. Na noite anterior ao vestibu- peuta. Ele, atencioso, calmo e preciso
lar da Faculdade em que cursei Medicina, com as medicações; ela, ex-membro da
tranquei o quarto e tomei uma cartela de Mensa de outro país e uma identificação
rivotril. Como tantas pessoas, tive muito entre nossas histórias. Pelas mãos destas
medo e me arrependi. Chamei meu pai e pessoas estou conseguindo fazer os fatos
fomos para um hospital. Tomei litros de vencerem os sentimentos.
água morna para que vomitasse. Volta-
mos para casa depois de uma bronca do PRA QUE SERVE A MENSA?
médico do tipo “você é novo, tem uma Entrei na Mensa Brasil porque consegui
vida pela frente, não faça isso com seu ao menos tentar admitir (ou confirmar)
pai”(!!??) quem sou. Conheço a Associação daqui e
Na volta, paramos em uma Loja de Con- de outros países talvez há décadas. SEM-
veniência e ganhei um “Toblerone”. Bem, PRE quis fazer parte da Mensa como afir-
estava com fome, né? Meninos se criam mação do orgulho que (agora) tenho de
com bolas e chocolates. minha inteligência. Antes, tinha certeza
Quem trabalha em hospital sabe que, de que não era “Mensa material”. Ago-
mesmo quando se faz uma lavagem gás- ra sei que sempre fui. A Mensa, em meu
trica, uma parte da substância tóxica é caso, serviu como parte de minha cura
absorvida. Traduzindo para o meu episó- emocional, um repouso por não ter mais
dio: fiz o vestibular chapado. Lembro de que desistir de quem eu sou.
78
RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
BOLSA LUC AS
STANQU EV ISC H
DE E STÍ M U LO À
C RIATI VI DADE
Alexey D o ds wor th (MB 6 7 2 ) .
membro do comitê executivo da Associação Mensa Brasil.
80
REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
81
COMO ANUNCIAR NA
revista
MENSA
B R A S I L
¼ de página - 53mm X 297mm (vertical)
ou 210mm X 75mm (horizontal)
Valor: R$ 400,00
½ página - 105mm X 297mm (vertical)
ou 210mm x 150mm (horizontal)
Valor R$ 700,00
¾ de página - 158mm X 297mm (vertical)
ou 210mm X 223mm (horizontal)
Valor R$ 1000,00
1 página - 210mm X 297mm
Valor R$ 1200,00
Membros adimplentes da Associação Mensa Brasil que escrevam artigos, caso o artigo
seja aprovado, terão direito a um anúncio de ¼ de página. O limite para associados
que escrevam artigos é de um anúncio gratuito por ano, mesmo que mais de um
artigo seja escrito. Demais membros adimplentes têm desconto de 50% no anúncio.
Empresas parceiras têm 20% de desconto para anúncios e um anúncio de ¼ de
página gratuito por ano.
Lembrando que:
1. Anúncios de caráter político partidário não serão aceitos.
2. Anúncios de caráter religioso não serão aceitos.
3. O conselho editorial se reserva ao direito de rejeitar anúncios de serviços e
negócios que de alguma forma contrariem os propósitos da Associação.
Os interessados em anunciar deverão enviar a arte de seus anúncios de acordo com
as medidas desejadas para o e-mail revista@mensa.org.br
REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
SUPLEMENTO INTERNACIONAL
MENSA WORLD JOURNAL
julho/agosto 2018
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RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
THE
suplemento internacional | MENSA WORLD JOURNAL
DH R U V
P ROJ ECT
M e n s a I nd i a’s
u n d erp ri v i lege d gi f te d
child i d enti fi cati on &
nu r t u ri n g p rogra m
Kisho re A s thana
Preside nt Me ns a Ind i a
On the basis of the 2011 census, there may parents have every-day jobs such as day-labor-
be about 5 million children in the urban vil- ers, maids, rickshaw pullers, weavers, drivers,
lages and rural areas of India who can meet carpenters, petty shop keepers, street vendors
Mensa’s definition of ‘gifted’ with a score etc. Some of these children are from homes
above the 98th percentile in a standardized without fathers. Some others have fathers who
IQ test. The genius of these gifted children, are alcoholics. They have all seen tough, often
in the normal course will remain un-recog- violent, days.
nized and under-utilized. If properly identi-
There are many stories that touch the heart.
fied and nurtured, we can even produce po-
One Class VII child left school to become a
tential Nobel Prize winners out of these.
caretaker for two children, 24x7, because she
We feel that recognizing and mentoring as could not see her parents and siblings survive
many of these geniuses as we can, is a major ef- on only dry roti (flatbread) and salt for days.
fort towards nation-building. Our Dhruv was Her father is an acute alcoholic and her moth-
initiated with this in mind. er used to work as a construction laborer, but
In Phase 1 of this program we selected 102 after an accident involving bricks falling on
underprivileged gifted children in Gurgaon. her head she could work no more. We got the
In Phase 2 we selected another 50 in Vara- girl back to school and supported the family
nasi. Most of them have an IQ in the range until the mother managed to find a position as
of 130-145. Some are even more gifted. Their a cook, a position that we helped her to find.
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REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
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RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
suplemento internacional | MENSA WORLD JOURNAL
We are lo oki n g fo r
o u r n ew In te rn at i o n al
Comu n i cat i o n s O ffi ce r !
The purpose is to bring together the several in the international arena across all relevant
strands of communications within Mensa but media, so expertise with the use of social media
also in respect of presenting a positive image of and strong IT skills are also required.
Mensa to the outside world. The person would
be responsible for coordinating and advising on The Communications Officer is responsible for
Mensa’s message across all media and including the following:
the creation of more dynamic content on the
Mensa International web site. 1. The provision of advice to Mensa International
DO YOU HAVE THESE SKILLS? ExComm and the Executive Director on
The International Communications Officer is creating and implementing communications
expected to have professional experience in strategies and campaigns for brand-building,
the field of Public Relations or media and to be media relations, and the provision of consistent
communications messages and materials to
proficient in written and spoken English, the
support these responsibilities.
official language of Mensa International. He
2. Increasing Mensa International’s profile across
or she will be required to play an active role in
media, and with influencers and relevant
promoting the message and ‘brand’ of Mensa in organizations.
the international arena across all relevant media, 3. Overseeing PR activities across the various
so expertise with the use of social media and communications channels and functions.
strong IT skills are also required. 4. Monitoring relevant media for news and items
Given the special character of this volunteer post, that involve Mensa, and providing timely crisis
we are looking for professionals, i.e. members communications, acting as a spokesperson
with education and/or active in the field of when necessary.
public relations and communication - therefore, 5. Working with the Name and Logo Protection
that is a clear advantage. Further desired skills: Committee and Executive Director to
creativity, excellent writing skills, knowing implement strategies to preserve the integrity
Mensa - at the same time ability to think out of of the Mensa logo and name.
the Mensa box. Knowing several languages is an 6. Leading and directing the compilation, writing,
advantage. editing, design, production and distribution of
content for the Mensa International web site
Can you volunteer a large chunk of your time?
and social media channels.
If interested, please write to the Director 7. Creating content for the Mensa International
of Administration, admin-mil@mensa. web site, regularly reviewing and updating as
org, copied to the Executive Director, necessary to keep it relevant.
MensaInternational@mensa.org for more 8. Liaising with national Mensa groups,
details or go to members’ section of encouraging the sharing of best practices and
www.mensa.org. material that can be used either by Mensa
Please also provide your CV. International or other national Mensas.
9. Developing effective internal and external
Closing date for applications: 15 August, 2018 customer relationships. In order to successfully
*Detailed duties of the ICO: fulfill the remit, the Communications Officer
will be expected to liaise with the Executive
The International Communications Officer is
Director and any relevant International
expected to have professional experience in
Appointees and chairs of Committees,
the field of Public Relations or media and to be currently the ISP, Web Board, Name and
proficient in written and spoken English, the Logo Protection Committee, Editor of the
official language of Mensa International. Mensa World Journal, Events Officer, as well
He or she will be required to play an active role as the communications officers/PR officers of
in promoting the message and ‘brand’ of Mensa national Mensas.
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REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
Copper Black Award For Creative Achievement This text has been slightly adapated from the
Recognizing a Mensan for exceptional creativity and announcement page on Mensa Foundation. For
problem solving more information on these awards, including the
Awards for Excellence in Research, see https://
Jerry Martin of Grass Valley, California, believes www.mensafoundation.org/about-the-mensa-
Sudoku, a puzzle pastime enjoyed by millions, can foundation/news/2018-mensa-foundation-award-
teach young students how to think, in addition to winners-announced/.
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RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
suplemento internacional | MENSA WORLD JOURNAL
CONFLICTS OF INTEREST
How do you handle conflicts of interest
on your board?
Ms LaRae Bakerink
Chair of American Mensa
Our latest face to face ExComm meeting There are a number of examples available that
was held in London this year. One of the can be directly related to Mensa, especially
highlights and most important part of our regarding meetings and events. Where they
meeting was training in conflicts of interest. are held and who benefits from the decision.
While we are a social organization, we are If you have policies in place to deal with these,
still an organization that needs to follow it is easy to manage the conflicts a long as the
the rules and pay attention to things like individuals are open and honest about what is
conflicts of interest. happening. But, you need to ask the question in
Does your National Mensa have a policy order to get the answers. In the example listed
regarding conflicts of interest? If you don’t, it above, a way to manage the conflict is that the
would be wise to consider adding this to your insurance agent could refuse to accept any
policy documents. financial compensation. The board member
could also disclose the conflict and then
Conflicts can be apparent, or they may be abstain from voting on any matters dealing
somewhat subtle when they arise. A conflict with the decisions or interactions or decisions
may come from a transaction or agenda item made regarding the insurance agency. This
that is coming up and they need to be reviewed would all be recorded in the minutes to provide
and addressed. If a board member or officer, transparency and remove the conflict.
or even an employee (if you employ staff),
Many boards request disclosures of potential
may benefit either financially or otherwise on
conflicts at the beginning of each meeting,
a personal level from an arrangement, that is
allowing the board members to talk about
a conflict of interest. This includes relatives anything that might prevent them from
of those individuals, not just the individuals participating in a certain discussion or vote on
themselves. an upcoming issue.
An example taken directly from the Board That is the key to avoiding conflicts: defining
Effect blog is: potential conflicts, have policies in place,
“A board member works as an insurance agent disclosing and dealing with any issues as
outside of duties on the board. The organization they arise, insuring your board members
places their commercial insurance policies understand what the consequences could
with the insurance agency where the board be for the organization if there is a conflict,
member works full time. The insurance agency calling out a conflict if you suspect there may
pays the insurance agent a commission for all be one, and abstaining or recusing yourself if
new business that the agent brings into the you believe there is a conflict.
agency. The agency paid a commission to the I’m grateful that we participated in this
agent for the board bringing their insurance training as I felt it was a valuable addition to
policies to the agency. In this situation, the our discussions. I also believe it was important
insurance agent has directly profited from his training that we may now pass on to others to
relationship on the board”. prevent any issues for the future.
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REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
Mensa consists of quite a large number Colombia, Cyprus, Ecuador, Iceland, India,
of often quite different aspects. This very Indonesia, Jordan, Luxembourg, Malta, Mexico,
variety of opportunities to meet other bright Moldavia, Montenegro, Nigeria, Pakistan, Peru,
minds, to initiate fascinating activities and Philippines, Portugal, Russia, Senegal, Taiwan,
to enjoy intellectual and social events make Thailand, Tunisia, Turkey, United Arab Emirates,
the attractiveness of Mensa today. To have a Uruguay and Vietnam.
wonderful Mensa at present is a great thing. As I mentioned, some of these projects have
But great things should be ongoing, should already run for a few years, others are quite new.
continue to inspire the next generation and All of these projects need attention and support,
finally last for “eternity”. In order to ensure and some require rather a lot of support. At the
this, each single member of Mensa can end it will be good for all of us if we can welcome
contribute – and each officer must contribute. more national Mensas at our table.
Among the latter the task lies primarily on the But in my opinion development does not only
elected members of the International Board, consist of recruiting members in new places
and especially the International Director of and giving them a constitution, helping them
Development, to play a leading role. to produce a first magazine and a first annual
The development of Mensa, as I see it, is the gathering. They need guidance and support for
most important task in order to guarantee many years in order to reach a level where they
the survival of Mensa. All other international can act in a really stable and independent way.
directors are of course very important. Without The second task of the Director of Development
efficient administration, dynamic support of must therefore be to continue with activities in
smaller national Mensas, well managed finances previous development areas, to actively provide
and the energy and ideas of the chair, Mensa as a helping hand as long as the new national group
a whole will not work. But without permanent is happy with it.
development Mensa will also cease to exist in the The third task: well-established national Mensas
long run. are far away from the theoretical maximum of
The first obvious task is of course to transport members they could have. There too, there may
the idea of Mensa into the untapped areas of the be opportunities for development. The Director
globe. And there are many, on all continents. of Development should encourage them to start
All members of the ExComm are included in new campaigns and activities, to make Mensa
these activities, and together with our Executive even more popular and win new members,
Director development projects are determined and also to make Mensa more attractive for
and prioritized. actual members. Then they will renew their
At present we have development activities in membership and support by spreading the ideas
a number of countries on our agenda. Below I of Mensa in their own neighbourhoods.
name them in alphabetical order, since for me By way of a parenthesis, as I write of lacking
they are all equally important. In some countries resources to intensify development activities: if
the activities are already up and running for any one of you reading this feels the desire, and
some years (my predecessors invested their might also sense that there is a possibility, to
energy there already), others are quite new and actively help out in developing a region, even by
in the initial stages for all intents and purposes, a small contribution – please write to me. I gladly
while some suffer from lack of attention as the will support this intention and for sure we will
day does not have enough hours to take care find something that makes three partners happy:
of all of these opportunities as they indeed do you, the region to develop, and finally me.
deserve.
There are currently Mensa start-up projects Thank you all,
going on in Algeria, Andorra, Argentina,
Baltic Countries, Bolivia, Brazil, Chile, China, floreat Mensa!
89
RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
suplemento internacional | MENSA WORLD JOURNAL
A Brief History of
IQ tests
Thomas J Hally
(Originally published on academia.edu and researchgate.com; somewhat edited for the MWJ)
The term “IQ” was coined by a German the now classical concept of mental age came
psychologist named William Stern as an into being. Their test, the Binet - Simon Scale,
acronym for Intelligenz-Quotient. IQ was the first standardized IQ test.
was a score derived from one of a number
Standardized IQ Tests
of standardized tests (psychologist-
administered) designed to access one’s By 1916, Stanford University psychologist
intelligence. In the beginning, researchers Lewis Terman had taken the Binet - Simon
questioned whether human intelligence scale and adapted it to the American public.
could actually—and accurately—be The Binet –Simon Scale (adapted) was named
measured. the Stanford-Binet Intelligence Scale and
soon became the standard
While interest in the
intelligence test—for several
measuring of intelligence
decades—in the United
dates back millennia, it was
States. The Stanford-Binet,
not until relatively recently
as it is called, used (and uses)
that the first IQ test was born.
a single number known as
In 1904, French government
IQ (“intelligence quotient”)
officials asked psychologist
to represent an individual’s
Alfred Binet to help them
score on the test.
decide which students were
most likely to experience One’s IQ was originally
difficulty in school, since determined by dividing the
they needed a way to identify test taker’s mental age by
and help these youngsters. his chronological age, and
(Primary school education Alfred Binet. multiplying the resulting
was mandatory in France). quotient by 100. Needless to
Binet asked a colleague, Theodore Simon, to say, the works only for—or best for—children.
help him create a test with questions focusing For example, a child with a mental age of 13.2
on practical matters such as attention, memory years and a chronological age of 10 would
and problem solving, things the children were have an IQ of 132—and be eligible for Mensa!
not taught in school. Some children were able (13.2 ÷ 10 x 100 = 132). During World War
to answer more advanced questions than their I, several tests were developed by the United
age group, and so, based on these observations, States Army with an eye to screening recruits
90
REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
In 1955, the Wechsler Adult Intelligence Scale Paul Cooijmans of The Netherlands is
made its debut. The WAIS, as it is called, was considered the founding father of high range
psychologist Robert Wechsler’s first test, and IQ tests and he is the creator of most of the
the WISC (Wechsler Intelligence Scale for original—and now classic—high range IQ
Children) and the Wechsler Preschool Primary tests. He is also the founder and administrator
Intelligence Scale of Intelligence (WPPSI) of super high IQ societies, such as the Glia
were developed later. The adult version has Society, The Giga Society and the Grail
since gone through three revisions: WAIS-R Society. Among Cooijmans’ most famous and
(Revised, 1981), the WAIS III (1997), and, in popular tests are The Test For Genius, The
2008, the WAIS – IV made its first appearance Nemesis Test and Qoymans’ Multiple Choice
in the United States. The WAIS –IV is still not Test. Paul Cooijmans presence, influence and
available in a number of countries; and it has participation are still factors to be considered
and they are integral to the ethos of super
yet to be officially translated to and sanctioned
in Spanish. high IQ tests and societies. Other classical
high range IQ test gurus include Ron Hoeflin,
Rather than scoring the test on a chronological
Robert Lato, Laurent Dubois, Mislav Predavec
and mental age-related scale and norm, as was
and Jonathon Wai.
the case with the Stanford-Binet, all versions
of the WAIS are scored by comparing the With just a tiny bit of knowledge at my then
91
RE V I STA M EN S A BRA S I L • INVERNO 2 0 1 8
suplemento internacional | MENSA WORLD JOURNAL
Ivan Ivec works at Gimnazija A. G. Matoša High School in Samobor, Zagreb. photo: Grgur Zucko/PIXSELL.
immediate disposal, I asked Ivan Ivec, a 28- [and] even (gasp!) inspirational and genius!”
year old Croatian and Mensan, and Jason Betts,
Both high range IQ tests and standardized IQ
an Australian from the island of Tasmania
tests show and report the manifestation of a
and also a Mensa Member, for adequate
g-factor, or “general intelligence factor”; but
descriptions of and the purpose and value of
g is manifest in different ways [in high range
high range IQ
tests]. “And that’s why high range tests work.
testing. Both of these men are IQ test authors They really work” states Betts.
(“creators”) in the high range—and both have
Both Jason Betts and Ivan Ivec claim that a
humungous IQs! I found out quickly that,
test taker will achieve a similar score on a high
aside from their inherent difficulty, high range
range IQ test as he would on a standardized
IQ tests have yet another very noteworthy
IQ test, such as the WAIS, the RAPM, the
quality— they have no time limit! And, after
CFIT and the Stanford-Binet. (This claim
you have finished, you (usually) have the
may debatable, however, given the human
option to send your answer sheet (“better”
condition and the fact that IQ scores may rise
sent with brief explanations for each answer...)
or fall substantially, depending upon one’s
to the test administrator (usually the author)
physical and mental state ((mood)) at test
either by email or by postal mail.
time). Ivec informs us that another benefit
According to Betts “There are different types of high range tests is that they are relatively
of intelligence that manifest [sic] differently inexpensive (10€ or $15 in most cases—and
at different levels. We know people have sometimes free!); and there are contests when
different skills and levels of different types favorite IQ tests are featured or new IQ tests
of intelligence—such as verbal, patterned, are debuted. With lucrative prizes on occasion,
spacial, conceptual, mathematical—but there these contests can be a “big money draw” for
are different WAYS of g to manifest [sic], i.e., many eager participants. Both Ivec and Betts
logical, lateral, convergent, linear, divergent hold contests and feature a test of the month to
92
REV I STA M E N S A BRA S I L • INVERNO 2018
LINKS
Ivec’s special IQ society and high range IQ tests: http://www.iq.ultimaiq.net.
Jason Betts’ tests (as well as the tests of a score or more other authors) can be found on
the World Genius Directory at: www.psiq.org.
93
MEN S A B RAS I L
Diretoria Executiva
Controladoria
Voluntários
Coordenadores Regionais
AM (Manaus): Henrique Filho MB1514
AM (Humaitá): Gustavo Silva MB1465
BA: Valter Rinke MB449 e Douglas Honório MB309
BA (Vitória da Conquista): Jacqueline Castro MB80
CE: Samy Soares MB1062
DF: Luis Krassuski MB1438 e Lucas Mariano MB1461
MA/PI: Mucio Oliveira MB373
MG: André Motta MB827
MT: Mario Palma MB849
PA: Brunno Silva MB884
PE: Renata Romero MB119
PR: Marcelo Eduardo Borges MB1069 e Majed Lacerda MB1359
RJ: Mario Brandão MB485, Pedro Borges Fortes MB564 e Ricardo Lopes MB1479
RN: Mirko Lamberti MB1509
RS: Alexis Efremides MB823
SC: Carlos Nogueira MB725
SP: Pá Falcão MB699 e Gustavo Peixoto MB122
SP (Campinas): Fabíola Pedrini MB250, Samuel Pedrini MB942 e Bruno Sanches MB1149
SP (Santos): Hiram Martori MB1240
SP (Vale do Paraíba): Wandeclayt Melo MB915 e João Hallage MB752
TO: Moyses Chaves MB1549
revista
MENSA
B R A S I L