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Índice

Introdução ..................................................................................................................................................... 1
Problema de estudo ....................................................................................................................................... 2
Hipóteses ....................................................................................................................................................... 2
Justificativa ................................................................................................................................................... 2
Objectivos ..................................................................................................................................................... 3
Objectivo Geral ............................................................................................................................................. 3
Objectivos Específicos: ............................................................................................................................. 3
Metodologia .................................................................................................................................................. 4
Revisão da literatura ..................................................................................................................................... 6
Vítimas da violência domésticas ............................................................................................................... 6
Violência doméstica contra a mulher em Moçambique ............................................................................ 7
Perfil da Violência contra a mulher em Moçambique .............................................................................. 8
Tipos de violência ..................................................................................................................................... 8
Factores que Eternizam a Violência da Domestica ................................................................................. 11
O ciclo da violência doméstica ............................................................................................................... 12
Lei da violência doméstica...................................................................................................................... 15
Lei N°. 29/2009: Lei sobre a Violência Doméstica Praticada contra a Mulher .......................................... 15
Gabinete de Atendimento da Mulher e Criança Vitima da Violência Domestica .................................. 17
Cronograma................................................................................................................................................. 19
Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 20
I
Introdução

A cidade de Maputo, apresenta um nível muito elevado da violência doméstica contra a mulher
comparativamente ao resto das cidades do país. De acordo com os dados Estatísticos de Crime e
Justiça e do Inquérito Demográficos de Saúde, do Instituto Nacional de Estatística, indicam que
no período de 2010 a 2014 a cidade de Maputo apresenta mais casos de violência doméstica na
cidade de Maputo contra o resto das províncias.
A violência doméstica pode ser definida como qualquer tipo de abuso físico, sexual ou
emocional praticado por um parceiro contra o outro ou ainda contra crianças ou idosos, no
ambiente doméstico (Zilberman, 2005). A violência contra a mulher refere-se a todos os actos
negativos feito a mulher; estes actos podem ser físicos, sexuais, psicológicos e de outros tipos
(Fórum Mulher, 2007, referenciado no Plano Nacional de Acção para Prevenção e Combate à
Violência contra a Mulher, 2012 – 2014, nd).
Segundo Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (2012), todas as pessoas são sujeitas a
violência doméstica independentemente do seu estado económico, seu sexo, idade, religião e
estado civil.
Na tentativa de redução da violência doméstica principalmente para as camadas mais
vulneráveis, foi criado em Moçambique, a Lei da Violência Domestica (LVD), Lei n° 29/2009
de 29 de Setembro, para ajudar na protecção da mulher e da criança. Esta lei tem como objectivo
aumentar a protecção das mulheres e das crianças contra o abuso e a exploração sexual em casa e
nas comunidades, e criminaliza pela primeira vez a violência doméstica em Moçambique, indica
penalizações acrescidas para os infractores e atribui ao Estado a obrigação de assistir as vítimas
oferecendo serviços como investigação policial e tratamento médico (Pobreza Infantil e
Disparidades em Moçambique [PIDM], 2010).

1
Problema de estudo
Para a redução do índice de violência contra a mulher foi criado em Moçambique no ano de 1998
o Gabinete de Protecção da Mulher e Criança contra Violência. Mas, estudos realizados no
período depois da criação deste gabinete indicam que o índice da violência doméstica contra a
mulher continua a registar números acima de 60% em todo o país (Instituto Nacional de
Estatística 2010, 2011, 2012, 2013,). Em 2010, os resultados de pesquisa registaram 8 923 casos
de violência doméstica contra mulher. A cidade de Maputo no mesmo ano registou o índice mais
elevado, cerca de 29% dos casos, seguido pela província de Nampula com 17% (Instituto
Nacional de Estatística 2010). Estudos conduzidos em 2013 mostraram uma tendência de subida
de casos de violência para mais 85 % de casos registados pelas autoridades (Instituto Nacional de
Estatística, 2013).

Baseando-se nos resultados de estudos do INE acima citados, o índice de violência contra estes
grupos sociais não tem mostrado tendência de redução como se esperava, com a criação do
Gabinete para Protecção da Mulher e Criança se a Lei n.º29/2009, de Setembro. Portanto, de que
maneira o Gabinete de Atendimento a Mulher e Criança Vitima da Violência e a Lei n.º29/2009,
de Setembro contribui para a redução da violência domestica?

Hipóteses
Segundo Boaventura (2004), a elaboração das hipóteses serve como um guia na tarefa de
investigação e auxilia na compreensão e elaboração dos resultados e conclusões da pesquisa.
Nesta ordem de ideias do autor, tem-se como hipótese o seguinte: O índice elevado da violência
doméstica continua a apresentar números elevados porque muitos dos casos são resolvidos pelas
estruturas locais por métodos ineficientes e mal definidos.

Justificativa
A violência contra a mulher é, antes e acima de tudo, um problema mundial. Ela constitui uma
das principais barreiras ao esforço da humanidade na construção de um mundo de harmonia,
amor, fraternidade e respeito pela igualdade de direitos entre o homem e a mulher. Abala a
estabilidade familiar distorcendo, assim, as bases sólidas que promovem e sustentam o
desenvolvimento dos países.
Por um lado, e em harmonia com a elevada imoralidade social no mundo, o fenómeno de
violência contra a mulher em Moçambique atingiu proporções escrupulosamente significativas,
limitando de forma drástica as suas enormes potencialidades, na produção, na educação e
preservação da identidade e coesão familiar, deturpando por outro lado, o mais importante pilar
que assegura a existência, manutenção e desenvolvimento do país (Plano Nacional de Acção para
Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher, [PNAPCVCM], nd).

Por fim, os aspectos que influenciaram, ou mesmo dominaram no interesse por questões ligadas
a violência doméstica contra a mulher não é só os acentuados níveis dela, mas também a procura
pelos meios legais de erradicar ou extinguir a mesma.

Objectivos
Segundo Carvalho (2009) os objectivos definem as linhas de prossecutiva a desenvolver
que proporcione valor acrescentado a situação de partida. Nesta ordem de ideia, formulamos os
seguintes objectivos:

Objectivo Geral
Descrever a contribuição dos Gabinetes de Protecção da Mulher e Criança Contra Violência na
redução da violência doméstica, na cidade de Maputo.

Objectivos Específicos:
 Caracterizar a problemática da violência doméstica nos anos 2011 à 2014

 Descrever as actividades desenvolvidas pelo Gabinete de Atendimento da Mulher


e Criança Vítima da Violência para a redução da violência doméstica

 Identificar os factores que levam a cidade de Maputo a ter níveis mais do país;

3
Metodologia

Para esta pesquisa será feito o trabalho descritivo transversal prospectivo com abordagem
quantitativa e qualitativa. A pesquisa descritiva visa delinear as características de determinada
população ou fenómeno e estabelecer relações entre variáveis. Pesquisas quantitativas visam
conhecer as ocorrências naturais de certos fenómenos e estabelecer relações neles (Moresi,
2003). Abordagem qualitativa refere-se a estudos de significados, ressignificações,
representações psíquicas, representações sociais, simbolizações, percepções, pontos de vista,
perspectivas, vivências, experiências de vida, analogias, pela qual o objecto opera (Turato,
2003).

Como meio de colecta de dados qualitativos utilizar-se-á as fontes bibliográficas e Documentais.


Para Gil (2008), a Pesquisa Documental é semelhante a Pesquisa Bibliográfica. A principal
diferença está na natureza das fontes. Na Pesquisa Bibliográfica, os assuntos abordados recebem
contribuições de diversos autores, enquanto na Pesquisa Documental os materiais utilizados
geralmente não receberam ainda nenhum tratamento analítico (por exemplo, documentos
conservados em arquivos de órgãos públicos e privados: cartas pessoais, fotografias filmes,
gravações, diários, memorando, ofícios, actas de reuniões, boletins, etc.)
A Pesquisa Bibliográfica, ou Fonte Secundária abrange toda bibliográfica já tornada pública em
relação ao tema em estudo, desde as publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
monografias, teses, materiais cartográficos, etc. (Marconi & Lakatos 2008). A Pesquisa
Bibliográfica será utilizada para dar esclarecimento teórico sobre os conceitos da violência
doméstica contra a mulher, e a Pesquisa Documental será utilizada para dar mais esclarecimentos
sobre o papel dos Gabinetes de Protecção da Mulher e Criança Contra Violência na redução da
violência doméstica, na cidade de Maputo nos anos de 2011 à 2014, adoptado por vários
elementos que nos forneceram dados referentes ao tema em questão.

O trabalho será iniciado com um levantamento Documental do tema para a elaboração de


procedimentos teóricos, abordando uma pesquisa aplicada para solução de problemas
específicos.
Para complementar os dados secundários serão feitas também entrevista semi-estruturadas
dirigidas aos representantes dos Gabinetes de Protecção da Mulher e Criança Contra Violência,
entidade oficial responsável pela protecção da mulher e criança vítima da violência doméstica.
As entrevistas também serão dirigidas a outros informantes chaves tais como as estruturas dos
bairros e as Organizações Não Governamentais que lidam com as matérias deste estudo a nível
da cidade de Maputo.

Organização, análise e interpretação dos Dados

Esta etapa preocupa-se em dar uma ordem lógica aos dados colocando todos os elementos da
amostra e as variáveis em estudo numa tabela. A organização de dados do presente estudo vai se
basear em agrupar e resumir os dados através de:

 Resumo das principais estatísticas


 Medidas de tendência central

Análise e interpretação de dados envolve comparações de grandezas estatísticas das varáveis de


interesse. Para este estudo, os dados quantitativos serão analisados um processo designado por
tabulação e os dados qualitativos vai se fazer uma análise de conteúdo

5
Revisão da literatura
Existem várias abordagens teóricas e metodológicas que definem violência de forma geral, Esta
diversidade resulta da multiplicidade de actores distintos que por sua vez fomentam uma
variedade de conceitos que se focalizam em realidades distintas buscando as especificidades de
cada uma delas.

A violência é vulgarmente percebida como a acção física com recursos ou não de instrumentos
para causar danos a uma pessoa ou grupos. As perspectivas restritas de definição da violência
dependem de cada disciplina que a estuda. Por exemplo as ciências penais e jurídicas a estudam
de modo a punir o agressor, dando importância por isso a agressão directa visível1

Violência doméstica

A Organização Mundial da Saúde (2002) define violência como sendo o uso intencional da força
física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo
ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

E a violência doméstica é todo tipo de violência que é praticada entre os membros que habitam
um ambiente familiar em comum. Pode acontecer entre pessoas com laços de sangue (como pais
e filhos), ou unidas de forma civil (como marido e esposa ou genro e sogra).2

E a violência doméstica contra a mulher é qualquer incidente de ameaça, violência ou abuso


(psicológico, físico, sexual, financeiro ou emocional) perpetuada pelo parceiro ou ex-parceiro e
pelos demais familiares contra a mulher, no espaço doméstico (Taela, 2006). Também pode-se
considerar violência doméstica o abuso sexual de uma criança e maus tratos em relação a idosos

Vítimas da violência domésticas


Para Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, (2012) as pessoas que são vitimas da violência
são Mulher, homens, crianças e idosas. A violência contra as mulheres é um fenómeno complexo
e multidimensional, que atravessa classes sociais, idades e regiões, e tem contado com reacções
de não reacção e passividade por parte das mulheres, colocando-as na procura de soluções

1
DIVEP, vigilância epidemiológica das doenças e agravos não transmissíveis – dant and vigilância
epidemiológica das causas externas. A violência e a saúde, p. 2
2
www,significados.com.br/violencia-domestica/
informais e/ou conformistas, tendo sido muita a relutância em levar este tipo de conflitos para o
espaço público, onde durante muito tempo foram silenciados. Os homens vítimas de violência
doméstica experimentam comportamentos de controlo, são alvo de agressões físicas (em muitos
casos com consequências físicas graves) e psicológicas, bem como também estes receiam
abandonar relações abusivas. O medo e a vergonha são, para estas vítimas, a principal barreira
para fazer um primeiro pedido de ajuda (APAV, 2012).

Violência doméstica contra a mulher em Moçambique

A violência doméstica contra a mulher é uma prática enraizada na sociedade moçambicana e


continua a ser considerada como um problema privado, isto é, como um assunto que apenas diz
respeito ao casal e sua família. Há a percepção generalizada do recurso a violência no contexto
doméstico como legítimo. (Instituto Nacional de Estatística INE, 2003).
Estudos conduzidos em Moçambique revelam que 50% dos casos de violência reportados
praticados contra a mulher estão relacionados com o abuso sexual e na capital, pelo menos 5 de
entre 10 mulheres são vítimas de violência física e duas morrem em cada mês, sendo a maior
parte abusadas pelos seus maridos. Em 1999, Kulaya, uma ONG local, recebeu 500 mulheres
vítimas de violência. (Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against
Women [CEDAW], 2005). Dados do Ministério do Interior (2011) mostram que de 2006 a 2010,
mais de 60% dos casos anualmente registados referem-se a casos de violência praticada contra a
mulher. Outros trabalhos4 indicam também que são poucas as mulheres que denunciam e mesmo
as que se dirigem à Polícia vão mais para pedir pensão de alimentos para as crianças, ainda que
sejam vítimas de violência física, sexual e psicológica.

7
Perfil da Violência contra a mulher em Moçambique

A violência é tida no geral como o uso intencional da força física ou do poder, real ou ameaça,
contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou
tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação. (Organização Mundial da Saúde, OMS, 2002),
Para fórum mulher, (2007) A violência contra a mulher são todos os actos perpetrados contra a
mulher e que causem, ou que sejam capazes de causar danos físicos, sexuais, psicológicos e
outros, incluindo a ameaça de tais actos, a imposição de restrições ou privação arbitrária de tais
actos das liberdades fundamentais na vida privada e pública.

Tipos de violência
A Lei n.º29/2009 prevê vários tipos de violência doméstica, a saber: a violência física simples
(artigo 13.º), a violência física grave (artigo 14.º), a violência psicológica (artigo 15.º), a
violência moral (artigo 16.º), a cópula não consentida (artigo 17.º), a cópula com transmissão de
doenças (artigo 18.º), a violência patrimonial (artigo 19.º) e a violência social (artigo 20.º).

Quanto às noções de violência, violência contra a mulher, violência física, moral, psicológica,
sexual, e ciclo de violência, note-se que o legislador remete, no seu artigo 4.º para as definições
previstas no glossário em anexo à Lei n.º29/2009.

Violência Sexual como qualquer acto sexual, tentativa de obter um acto sexual, comentários ou
investidas sexuais indesejados, ou actos direccionados ao tráfico sexual, ou de alguma forma,
voltados contra a sexualidade de uma pessoa usando a coação, praticados por qualquer pessoa
independentemente de sua relação com a vítima, em qualquer cenário, inclusive em casa, no
trabalho, mas não limitado a eles (Organização Mundial da Saúde, 2002)

Violência física simples (artigo 13.º)


O crime de violência física simples traduz-se na situação em que o agente atenta contra a
integridade física da mulher, utilizando ou não algum instrumento, causando-lhe qualquer dano
físico.

Violência física grave (artigo 14.º)

Violência física grave, o mesmo é cometido quando a violência física praticada sobre a mulher
afecte gravemente a possibilidade de usar o corpo, os sentidos, a fala e as suas capacidades de
procriação, de trabalho manual ou intelectual; ou quando tal violência física venha a causar um
dano grave e irreparável a algum órgão ou membro do corpo da mulher; ou ainda quando tal
violência física venha a causar doença ou lesão que ponha em risco a vida da mulher.

Violência psicológica (artigo 15.º),

Violência psicológica, o mesmo consiste na ofensa psíquica, por meio de ameaças, violência
verbal, injúria, difamação ou calúnia

Violência moral (artigo 16.º),

Violência moral, conclui-se, através da conjugação do constante do artigo 16.º com a definição
constante do glossário em anexo, deverá ser entendida como a calúnia, difamação ou injúria
ofensiva da honra e carácter da vítima, praticada por escrito, desenho publicado ou qualquer
publicação, sendo aplicáveis as penas previstas na lei penal geral, ou seja, no Código Penal, para
os crimes comuns.

Cópula não consentida (artigo 17.º),

tipo criminal de cópula não consentida, assumindo algo que era discutido há muito a propósito
do crime de violação, que consistia em saber se faria sentido incriminar uma espécie de violação
dentro do casamento.

Cópula com transmissão de doenças (artigo 18.º)

Cópula com transmissão de doenças, a mesma não encontra correspondência directa na parte
geral do Código Penal, uma vez que não se encontra tipificado o crime de propagação de doença
contagiosa. Porém, a transmissão de doença sexualmente transmissível é considerada uma

9
circunstância agravante do crime de violação, nos termos do artigo 398.º, sem prejuízo da
legislação especial relativa à transmissão do HIV.

Violência patrimonial (artigo 19.º)

Quanto à violência patrimonial, prevista no artigo 19.º da Lei n.º29/2009, a mesma comporta três
tipos diferentes.

O primeiro tipo, previsto no n.º1, deverá ser integrado com o conceito de violência previsto no
glossário em anexo, segundo o qual é violência “qualquer conduta que configure retenção,
subtracção, destruição parcial dos objectos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos económicos incluindo os destinados a satisfazer as suas
necessidades”.

O segundo tipo de violência patrimonial encontra-se previsto no n.º2 do artigo 19.º, segundo o
qual, além de ser obrigado a pagar em dobro o montante em falta, aquele que deixar de prestar
alimentos a que está obrigado, por um período superior a sessenta dias privando, deste modo, os
beneficiários de sustento e pondo em risco a sua saúde, educação e habitação, é punido com pena
de prisão até seis meses.

Já relativamente ao terceiro tipo de violência patrimonial, o mesmo encontra-se previsto no n.º3


do artigo 19.º, segundo o qual aquele que se apoderar dos bens do núcleo familiar da mulher após
a morte do cônjuge ou do homem com quem vivia em união de facto ou em situação equiparada,
é punido com pena de prisão até seis meses e multa correspondente.

Violência social (artigo 20.º).

Crime de violência social, previsto no artigo 20.º da Lei n.º29/2009, segundo o qual é punido
com pena de prisão até um ano e multa correspondente aquele que impedir a mulher com quem
tem relações familiares ou amorosas de se movimentar ou de contactar outras pessoas, retendo-a
no espaço doméstico ou outro, não se pode considerar um verdadeiro crime específico, por não
ter correspondência directa com nenhum crime comum previsto na lei penal geral, apenas
encontrando alguma aproximação com o crime de cárcere privado previsto no artigo 330.º do
Código Penal

Os actos de violência física mais frequentes no país são: as ofensas corporais voluntárias simples
(esbofetear, pontapear, morder ou esmurrar), outras ofensas qualificadas (espancamentos que
resulte em sangramento) e ameaças à integridade física. A principal forma de violência sexual no
país é ser forçado a ter uma relação sexual com qualquer parceiro (estupro, assedio sexual,
sucessor do falecido). Por sua vez, violência psicológica é tida como a que mais ocorre no país,
pois que antes de ocorrência de qualquer uma das duas violências anteriormente citadas, ocorre
primeiro a violência psicológica.

Factores que Eternizam a Violência da Domestica


Os factores que contribuem para a desigualdade são de natureza diversa: sociocultural,
económica, legal, política e institucional, como por exemplo o papel da família como principal
agente de socialização e como espaço onde se aprende a associar masculino e feminino com
superior e inferior; a falta de acesso das mulheres a serviços básicos como saúde e educação e
aos recursos económicos; as normas culturais que negam a mulher um estatuto social; a
legislação que muitas vezes apenas representa os interesses dos homens e não os direitos das
mulheres através de leis discriminatórias como por exemplo em relação aos direitos de
propriedade da mulher; o fraco compromisso das lideranças para tratar a violência doméstica
contra a mulher como um problema social, entre outros.

Segundo HEISE: 1994, citado em Digest (2000) Factores que perpetuam a violência doméstica
contra as mulheres

I. Sócios culturais
 Socialização diferenciada com base no sexo
 Definição cultural dos papéis sociais
 Crença numa inerente superioridade masculina
 Normas que tratam a mulher como propriedade do homem
 Costumes ligados ao casamento (lobolo, dote)
 Expectativas sociais em relação a cada sexo
 Aceitação da violência como forma de resolução de conflitos

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II. Económicos
 Dependência económica da mulher em relação ao homem
 Limitado acesso ao dinheiro e a crédito
 Leis discriminatórias em relação a herança, direitos de propriedade, uso de terras
comunais, pensão após divórcio e viuvez
 Limitado acesso ao emprego nos sectores formal e informal
 Limitado acesso a educação e a formação.

III. Legais
 Estatuto legal da mulher inferior
 Leis em relação ao divórcio, custódia das crianças, pensões e herança
 Definição legal da violação e da violência doméstica
 Baixo nível de conhecimento acerca da legislação por parte das mulheres
 Tratamento insensível as mulheres por parte da polícia e do sistema judiciário
IV. Políticos
 Baixa representação das mulheres no poder, na política, na média, no sistema legal e em
profissões médicas
 Violência doméstica não levada a sério
 Noção da família como esfera privada e fora do controle do Estado
 Limitada organização das mulheres como força política
 Limitada participação das mulheres no sistema político

O ciclo da violência doméstica


Os actos violentos são desencadeados por uma atitude, um comportamento ou palavra que o
agressor interpreta como uma ameaça a sua autoridade, ferindo a sua auto-estima. A agressão é
por um lado uma auto afirmação da identidade e por outro instrumento de manutenção do poder
do homem e de reprodução da submissão da mulher.
O ciclo da violência doméstica contra a mulher é caracterizado por três fases:3

 Primeira Fase (acumulação da tensão) – As agressões apresentam-se na forma de


incidentes menores de maltrato e pouco frequentes. A vítima é complacente e tenta
encontrar desculpas para a agressividade do seu parceiro pois é tomada de surpresa e não
espera que tal volte a suceder, o homem entende esta atitude como uma
aceitação/reconhecimento da sua autoridade e sente-se encorajado.

 Segunda Fase (explosão de violência) – As agressões e as lesões tornam-se mais graves,


o agressor deixa-se dominar pela raiva e os incidentes começam a ser cada vez mais
frequentes. A mulher perde o controle sobre a situação, é totalmente controlada pelo
agressor e já não consegue explicar os actos violentos do seu agressor; esta fase pode
durar dias
 Terceira Fase (arrependimento) – A violência e a tensão desaparecem temporariamente; o
agressor mostra-se amável e simpático podendo chegar a pedir perdão pela sua
agressividade e chegando a prometer não repeti-lo. A vítima aliviada e satisfeita crê no
parceiro e sente que é sua responsabilidade manter a paz no relacionamento assim como a
continuidade da relação familiar; geralmente esta não abandona o agressor.

 Segundo Osório et al. (2001) Identificam como principais componentes do ciclo de


violência os seguintes: o começo; o abuso; o medo das consequências; a racionalização; o
contínuo abuso emocional e o contínuo abuso físico. Uma das principais características
da violência doméstica é a sua rotinização; com o tempo os actos violentos tornam-se
repetitivos e a sua gravidade aumenta podendo ser estender-se a outros membros da
família e ser transmitidos de geração em geração. A medida que o tempo vai passando o
abuso contra a mulher passa a incorporar todos os tipos de violência. O ciclo repete-se
constantemente e a fase de arrependimento dura pouco; a violência transforma-se num
ciclo vicioso.

3
Segundo os críticos este modelo é estático e não dinâmico. R. Emerson Dobash & Russel P. Dobash, Women,
Violence and Social Change 222-23, 225, 229-32 (1992) citado em
http://www.stopvaw.org/Evolution_of_Theories_of_Violence.html?SEC={CB975022-9EC6-44889566-
8A27E91EDC6D}&Type=B_BASIC

13
 Segundo Favieres, (nd) durante a fase de arrependimento o homem cede poder a mulher,
mas apenas momentaneamente pois cada vez que esta tenta exercer esse poder recém-
adquirido as tensões voltam a acumular-se e ocorre uma nova explosão de violência.
Lei da violência doméstica

Os instrumentos legais de que se dispõe para combater a violência: (A) Lei N°. 29/2009: Lei
sobre a Violência Doméstica Praticada contra a Mulher, e (B) o Código Penal e o Código de
Processo Penal (em revisão).

Lei N°. 29/2009: Lei sobre a Violência Doméstica Praticada contra a Mulher

A Lei tem como objecto a violência praticada contra a Mulher, no âmbito das suas relações
domésticas e familiares e de que não resulte a morte. Nos casos de morte, o Código Penal é
aplicável. A lei visa proteger a integridade física, moral, psicológica e patrimonial e sexual da
mulher contra qualquer forma de violência exercida pelo seu cônjuge, ex-cônjuge, parceiro, ex-
parceiro, namorado, ex-namorado e familiares. As penas variam desde a prestação de trabalhos
na comunidade até ao encarceramento na prisão por tempo que pode ir até aos 8 anos (caso
atente contra a vida da mulher) ou 12 anos (nos casos de cópula em que envolva a transmissão do
vírus de imunodeficiência adquirida) no máximo, para além do pagamento de multas. Para além
das que estão previstas no Código Penal, uma das circunstâncias agravantes de carácter especial
é se a violência for praticada em frente aos filhos ou outros menores.

O crime da violência doméstica tem a categoria de crime público 4, com as especificidades


resultantes da Lei. Por fim é parte integrante da Lei a referência à igualdade de género, no artigo
36, onde se garante que as disposições da Lei aplicam-se ao homem, em igualdade de
circunstâncias e com as necessárias adaptações.

4
Nos crimes públicos, mesmo que a/o queixoso/a retire a queixa apresentada, o caso continuará a ser processado
pelas instâncias competentes

15
Código Penal e o Código de Processo Penal

O Código Penal prevê a aplicação de diversas penas aos casos de violência. Para efeitos do
presente mecanismo, serão destacadas outras penas aos crimes cometidos contra a mulher (desde
que não resulte a morte), não previstos na Lei 29/2009, como o estupro, violação e tráfico.). Isto
não impede o reconhecimento e cumprimento de outros crimes, assim como o que consta do
restante Código Penal e Código de Processo Penal.

No processo de revisão do Código Penal e do Código de Processo Penal, há que realçar, com
relevância para a presente proposta. Quanto ao Código Penal, em revisão, duas questões são
extremamente relevantes:

 A integração no Código Penal do crime de violência doméstica, reconhecido como crime


público;

 O reconhecimento da violação ao nível conjugal.

II. No que respeita ao Código de Processo Penal, há que salvaguardar:

 O reconhecimento de alternativas para a perícia legal, em locais onde não estejam em


funcionamento serviços de medicina legal (já discutido atrás);

 Uma maior celeridade no tratamento dos processos de violência doméstica, por


implicarem a segurança e o bem-estar de famílias inteiras, sobretudo das mulheres
atingidas de violência e dos seus filhos
Gabinete de Atendimento da Mulher e Criança Vitima da Violência Domestica
Para além da reforma legal outra abordagem seguida na resposta pública ao fenómeno da
violência contra a mulher e criança foi a criação de condições para o atendimento de vítimas nas
esquadras da polícia com a constituição dos Gabinetes de Atendimento a Mulher e Criança. Estas
instâncias foram instituídas na sequência do Plano pós-Beijing pelo Ministério do Interior que
definiu três estratégias, entre as quais o aumento de efectivos policiais de sexo feminino e
criação de esquadras de atendimento de mulheres e crianças vítimas de violência e abuso sexual.
Posteriormente em 1998 foi aprovada a introdução de Gabinetes piloto nas esquadras, com o
objectivo de servir de espaço informal para que as mulheres vítimas de violência possam sentir-
se a vontade para exporem os seus problemas.5

As funções do gabinete de atendimento

Segundo UNICEF, (2010) as funções do gabinete de atendimento são:

 Atendimento as vitimas da violência domestica,


 Delinquência juvenil
 Abuso sexual
 Tráfico humano.

Atendimento

Em função da gravidade da violência a vitima pode registar a queixa ou ser primeiro


encaminhada para o hospital ou centro de saúde e registar depois de ser passado pelos cuidados
médicos.

Os casos são registados em livros de ocorrência utilizado normalmente pela polícia.

Em função a natureza da violência sofrida

As vítimas e o agressor são aconselhados no próprio gabinete de atendimento

O caso é encaminhado normalmente via polícia de investigação criminal, para procuradoria que
por sua vez encaminha para o tribunal

5
Outra Vozes nº 10 Fevereiro 2005, p. 9

17
O caso é encaminhado para instituição de assistência jurídica ou AMETRAMO.

Actualmente a vitima ao apresentar queixa no gabinete ou secção de atendimento tem que


responder um questionário. Quando encaminhada para outras áreas tais como saúde, acção social
ou assistência jurídica volta a ter que responder a questionário em que em grande parte das
questões já haviam sido respondidas no primeiro questionário. Este processo para além de ser
muito moroso é desgastante para a vítima (UNICEF, 2010).

Acompanhamento e seguimento dos casos

Na maior parte dos casos não há o acompanhamento da vítima até o desfecho definitivo do caso
e em todos casos a data e forma de desfecho não é registado no livro de ocorrência, desta forma
não é possível estimar o tempo que decorre ente o registo e o desfecho definitivo do caso
(UNICEF, 2010).

Profissionalismo e confidencialidade na resolução de problemas

Em geral nota-se que a bastante profissionalismo e confidencialidade por parte dos agentes que
trabalham nos gabinetes de atendimento. Por outro lado em alguns gabinetes o local onde a
vítima está a ser atendida e o local onde outras vítimas esperam o momento para serem atendidas
permite escutar a conversa (UNICEF, 2010).
Cronograma

Actividades Julho Agosto Setembro Outubro

Concepção do Projecto X X

Levantamento de X X X
Literatura

X X
Colecta de Dados

Análise e sistematização X
dos Dados

Produção do relatório da X
pesquisa

Entrega do Trabalho X

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Referências Bibliográficas
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