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ENTRE BATALHAS E HERÓIS: UMA ANÁLISE DOS ESTUDOS

HISTÓRICOS DE GUSTAVO BARROSO (1920-1950)

Erika Morais Cerqueira∗


Mestranda em História/UFOP

RESUMO: Esta comunicação tem por objetivo analisar importância que a história militar
possui na obra historiográfica de Gustavo Barroso. Propõe-se que a escrita de biografias de
figuras militares brasileiras por parte de Barroso atende a proposta de construção de heróis
nacionais numa perspectiva pedagógica da história. Espera-se evidenciar que a narrativa
barrosiana aponta para uma construção mais ampla: a de uma história nacional identificada à
história militar.
Palavras-Chave: Gustavo Barroso; História Militar; Nacionalismo.

A história militar brasileira tem sido revisitada nos últimos 20 anos por um grupo de
pesquisadores nacionais e estrangeiros1. Procurando associar história social à história militar,
estes autores concentraram-se naquilo que nos Estados Unidos foi denominado de “a nova
história militar”. Esta nova abordagem procura compreender a interação entre as Forças
Armadas e a sociedade. Os trabalhos publicados estudam a origem social, os vínculos de
sociabilidade e as relações de hierarquia entre oficiais e soldados. Os pesquisadores deste
campo entendem que os militares não estão isolados da sociedade mais abrangente,
considerando que a história militar não deve ser concebida como algo distinto da história mais
ampla da sociedade de onde os soldados e oficiais são recrutados.
Os autores de “Nova História Militar Brasileira” destacam que o gênero história
militar emerge por volta de 1890 coincidindo com o crescimento e o fortalecimento
institucionais do Exército, atingindo seu apogeu na primeira metade do século XX. É neste
contexto que se verifica a publicação de uma série de livros sobre as campanhas militares
brasileiras de autoria de Gustavo Barroso. Este autor é conhecido por ter sido o primeiro
diretor do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro e por ter contribuído para a
organização de uma enorme coleção de militaria nesta instituição. Barroso destaca-se também
por ter sido militante e um dos principais líderes da Ação Integralista Brasileira2, além de
membro da Academia Brasileira de Letras.


Mestranda do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto, sob orientação
da Profª. Dra. Helena Miranda Mollo. Bolsista REUNI/CAPES.
Gustavo Barroso produziu uma vasta bibliografia sobre a história militar do Brasil
entre as décadas de 1920 e 19503. A Guerra do Paraguai é o conflito mais discutido na obra
barroseana. O Livro “A Guerra do Lopez: contos e episódios da campanha do Paraguai” é
uma publicação de 1928 na qual Barroso narra uma série de histórias anedóticas sobre esta
guerra. No livro “História Militar do Brasil”, Barroso faz um trabalho minucioso sobre a
história da organização do exército, dos uniformes militares, da hierarquia presente na carreira
militar e da evolução dos armamentos. Este livro apresenta também uma discussão ampla
sobre a história das campanhas militares brasileiras. Nesta obra, Barroso preocupou-se em
analisar cada uma das guerras em que o Brasil se envolveu, conferindo espaço preferencial
para o estudo da Guerra do Paraguai, esta considerada por ele como “o último ato da grande
epopéia bandeirante que constituiu a pátria brasileira” (BARROSO, 1938, p. 215).
Em “A Guerra do Rosas: contos e episódios relativos à Campanha do Uruguai e da
Argentina”, Gustavo Barroso esforça-se em construir a imagem de Rosas como um tirano
capaz de realizar atos desumanos. Rosas é identificado como um homem sem escrúpulos e
seus partidários são apresentados como selvagens e bárbaros. Sobre esta época, Barroso
afirma: “O sangue enrubescia o solo. Os algozes riam. A gentalha cantarolava” (BARROSO,
1929, p. 33). A obra “Nos bastidores da História do Brasil” evidencia a tentativa do autor de
desvendar aspectos da história nacional desconhecidos ou mal interpretados pela grande
maioria dos brasileiros. Neste livro, Barroso busca reafirmar as virtudes dos heróis nacionais.
Neste caso, percebe-se que os heróis eram as personagens históricas responsáveis pelo
descobrimento do Brasil e seu povoamento, e principalmente os líderes militares responsáveis
pela expansão territorial e manutenção das fronteiras nacionais.
A biografia foi um dos gêneros narrativos preferidos pelo autor. Estes trabalhos
biográficos se concentravam em um pequeno número de “patronos” como Osório, Caxias e
Tamandaré. Em 1932 Gustavo Barroso publicou “Osório, o centauro dos pampas”. Neste
livro o autor procurou criar a imagem um herói predestinado desde a infância a ser o
“unificador nacional”. A grande epopéia em que é transformada a vida de Osório tem o seu
ápice na Guerra do Paraguai onde este é definitivamente consagrado. O mesmo estilo de
narrativa é adotado na escrita da biografia de “Tamandaré: o Nelson Brasileiro”. A idéia de
uma predestinação para a glória na vida guerreira é retomada de igual maneira. Nesta obra,
destacam-se valores como a simplicidade e a pobreza, o espírito de solidariedade e de
sacrifício pela pátria.

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O estudo da produção historiográfica de Gustavo Barroso torna possível compreender
que o autor prioriza a discussão de temas militares, especialmente a narrativa das campanhas
brasileiras na região do Prata e a composição de biografias sobre os principais líderes
militares do Exército brasileiro. Neste aspecto, é sempre importante ressaltar que o autor
confere especial atenção à narrativa da Guerra do Paraguai. Barroso considera “essa guerra o
último episódio da grande epopéia escrita por todos quadrantes da terra brasileira pelos nossos
antepassados”. (BARROSO, 1938, p. 217). No livro “História Militar do Brasil”, a Guerra do
Paraguai ocupa quase a metade do espaço destinado às narrativas das campanhas militares
brasileiras. Ao compreender esta guerra como o maior feito da nação, Barroso busca imprimir
grandiosidade ao evento a partir do uso de uma linguagem épica: “Os nossos soldados
escreviam o maior poema épico do continente: a Retirada da Laguna”. (BARROSO, 1938, p.
314).
Sobre os estudos relativos à Guerra do Paraguai, o autor demonstra grande
importância aos motivos que levaram à deflagração do conflito. Barroso enfatiza o caráter de
defesa supostamente assumido pelo Brasil e acusa o Paraguai de ter se armado
silenciosamente criando arsenais, fortalezas e serviço militar obrigatório, com objetivo de
conseguir uma saída para o mar, pois o cerco geográfico que presenciava estaria prejudicando
seu desenvolvimento econômico:

Para essa nova guerra o Império não estava preparado, enquanto que o
Paraguai, inteiramente militarizado e armado até os dentes, era a Prússia da
América do Sul, e do conflito fizera o seu sonho de expansão para o mar e
de predomínio na política do Prata. (BARROSO, 1928, p.131)

Desta forma, ao Brasil caberia se armar em defesa da integridade do território nacional


contra uma guerra planejada pelo Paraguai:

Em 1864, mais uma vez éramos obrigados a uma intervenção além das
fronteiras do Sul, não com o desejo de alargá-las, mas a fim de impedir que
a anarquia dos vizinhos continuasse a prejudicar a vida dos nossos nacionais
domiciliados e estabelecidos nas coxilhas orientais. (BARROSO, 1938
p.198)

Em vários momentos de sua narrativa, Barroso assume um tom de denúncia ao


enfatizar supostos interesses do Paraguai em dominar as regiões vizinhas. Na obra
“Tamandaré, o Nelson Brasileiro”, o autor afirma: “A tirania de Lopes projetava sobre nossas
fronteiras uma sombra ameaçadora” (BARROSO, 1933, p. 112). Nesta perspectiva, o

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Paraguai possuía objetivos nefastos que deveriam ser combatidos. Tais objetivos estariam
claramente expostos nas afirmações do líder militar Solano Lopez. Em “A Guerra do Lopez:
Contos e episódios da Campanha do Paraguai” Barroso apresenta parte de uma entrevista que
teria sido concedida por Heitor Varela a “La Tribuna”, na qual o entrevistado narra seu
contato com o líder paraguaio. Segundo Varela, nesta ocasião Lopez teria afirmado:
“Asseguro-lhe que não poderei garantir a segurança e a independência do Paraguai sem antes
abater de todo e para sempre a predominância do Império e as repúblicas do Prata”.
(BARROSO, 1928, p.09) O Paraguai estaria representado na figura do seu líder militar,
Solano Lopez.
A postura de defesa assumida pelo Brasil durante a guerra parece demonstrar a
nobreza dos ideais da nação que evita o conflito e entra em combate apenas quando este se
torna inevitável. Sobre a invasão do Uruguai: “Em 1854 ocupamo-lo militarmente a pedido de
seu governo incapaz de impor ordem às facções em luta”. (BARROSO, 1933, p. 121) Neste
aspecto, a batalha não é travada contra os vizinhos, e sim contra um governante perverso que
maltrata seu próprio povo. No livro “Osório, o centauro dos pampas”, Barroso fala novamente
de uma guerra que o Brasil tentara evitar, neste caso o conflito com a Argentina: “O Brasil
não movia guerra à nação argentina, porém a tirania pessoal de D. Juan Manuel de Rosas”
(BARROSO, 1932, p. 99).
Barroso compõe uma imagem negativa do Paraguai com a intenção de justificar a
presença e a atuação brasileira na guerra. Sobre os maus-tratos sofridos pelos prisioneiros
brasileiros em embarcações paraguaias o autor fala com tom de indignação: “Passam dias
inteiros sem comer. De tempos em tempos atiram-lhes algumas espigas de milho cruas. Eles
catam pelo chão os restos dos soldados e disputam ossos e vísceras aos cães” (BARROSO,
1928, p.36). Refletindo a respeito do tratamento brasileiro destinado aos paraguaios, ele
explica: “Nenhum prisioneiro paraguaio jamais se queixou de tratamento semelhante”
(BARROSO, 1928, p. 36). Barroso ressalta o heroísmo demonstrado pelos prisioneiros
brasileiros diante das condições adversas:

O velho Carneiro de Campos, horrivelmente magro, com uma tanga


envolvendo-lhe a cintura, o andar vacilante, varre as imundícies
silenciosamente. Nunca se lhe ouviu um queixume, nunca fez uma súplica
aos seus verdugos, nunca teve uma palavra má para ninguém. A resignação
dum santo. A dignidade de um herói. (BARROSO, 1928, p. 36).

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Embora o Brasil tenha lutado ao lado da Argentina e do Uruguai, pouco se fala sobre a
atuação destes dois países na guerra. A narrativa barroseana é feita de forma a engrandecer a
participação do Brasil no conflito, sendo constantemente exaltada a brilhante atuação deste
país: “O Brasil, para castigar e repelir o inimigo comum, não precisava socorro algum das
duas republicas; bastava que lhe dessem o trânsito por seus territórios, trânsito que não
podiam nem lhes convinha negar” (BARROSO, 1938, p.296). Barroso se mostra contrário ao
Tratado da Tríplice Aliança4, pois, em sua opinião, este lançava sobre a Pátria brasileira o
peso dos sacrifícios da guerra, enquanto as glórias eram compartilhadas por todos: “O
Tratado, porém, prejudicou grandemente os nossos interesses nacionais, não pode empanar a
luz da glória militar que conquistaram com dezenas de milhares de cadáveres nos pantanais,
nos esteiros e nas cordilheiras...”. (BARROSO, 1938, p. 206).
As biografias escritas por Gustavo Barroso têm como função ressaltar as virtudes dos
líderes militares brasileiros, construindo uma imagem de verdadeiros heróis nacionais. “[...]
aparecendo na nossa história, então, nomes que seriam os de dinastias de centauros e de
heróis: Marques de Souza, Tomás Osório, Corrêa da Câmara”. (BARROSO, 1938, p. 129)
Estes líderes distinguem-se na escrita barroseana como figuras sobre humanas, que marcaram
a história nacional com uma aura de divindade, sobre esta questão, Miguel Abensour explica
que “o heroísmo aspiraria a uma similitude com o divino” (ABENSOUR, 1992, p. 222). Para
enaltecer os grandes feitos destes heróis, Barroso recorre à memória dos brasileiros: “Todos
nós conhecemos essas epopéias assombrosas dos nossos antepassados” (BARROSO, 1938, p.
125). O contexto em que essas figuras militares agem é apresentado de forma vibrante:
“Época de heroísmo e força, própria para temperar a alma de heróis”. (BARROSO, 1932, p.
18). Referindo-se a idade com que Caxias, Osório e Tamandaré usaram as insígnias de
primeiro posto na carreira militar, o autor reflete: “Tempos heróicos esses do amanhecer da
nossa vida nacional em que as grandes glórias militares da pátria desabrochavam na
adolescência! Talvez por terem brotado com tanta força se mantiveram puras até a velhice.”
(BARROSO, 1933, p. 27).
Em “Osório, o centauro dos pampas” a vida do general Osório é narrada desde seu
nascimento até sua morte. Nas páginas do livro, o autor destaca: “A criança que recebera o
batismo naquele dia de maio que o destino lhe reservava para a sagração definitiva da glória
do campo de batalha, cresceu livremente, sadia e vivaz na simplicidade da estância paterna”
(BARROSO, 1932, p.08). Sobre as primeiras lições aprendidas pelo menino Osório, o autor
acentua: “Era um verdadeiro centauro que se formava” (BARROSO, 1932, p.13). Osório

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participou de batalhas com apenas 14 anos de idade. Neste período, o futuro general estava
em companhia do pai que pretendia apresentar-lhe os primeiros ensinamentos da carreira
militar. Sobre esta fase, Barroso afirma: “O menino tudo suportava com uma alegria estóica e
uma serenidade de veterano” (BARROSO, 1932, p.17).
O vocabulário utilizado pelo autor evidencia a tentativa de elaborar uma história épica,
na qual as figuras militares são semelhantes aos grandes heróis do mundo antigo. Gustavo
Barroso deixa transparecer a tentativa de produzir uma história capaz de sensibilizar, de
despertar sentimentos, de enaltecer o patriotismo: “A religião de Osório era a pátria”
(BARROSO, 1932, p.185). Neste sentido, o herói militar é a figura quase divina, da qual o
povo espera a certeza da vitória: “A figura assombrosa do centauro domina o panorama da
batalha. Ele comanda tudo, ele está em toda parte. Ele salva tudo!” (BARROSO, 1932,
p.160). As virtudes do herói o colocam acima dos homens comuns: “Osório estava acima das
ninharias e mais acima ainda se elevaria em pouco tempo a sua glória de batalhador”
(BARROSO, 1932, p.128).
A idéia de predestinação é recorrente na obra barroseana. O destino assume uma
função distintiva entre as pessoas comuns e as personagens heróicas. É como se estas figuras
militares surgissem à semelhança de deuses, capazes de salvar a nação, entidades ímpares que
não surgiriam em outros contextos. Em “Tamandaré, o Nelson Brasileiro”, Barroso antecipa
os grandes feitos a serem realizados por Joaquim Marques Lisboa, o futuro almirante
Tamandaré: “A este homem que nascera predestinado às lutas guerreiras, o destino reservava
miraculosas salvações de pessoas e de navios” (BARROSO, 1933, p. 68). Sobre a carreira de
Osório, Barroso novamente recorre à idéia de predestinação, exposta na fala do pai do futuro
general que parece predizer seu futuro: “Há muito tempo, meu filho, disse, observo tua vida e
teus gestos, e tudo me indica que nasceste predestinado à carreira das armas” (BARROSO,
1932, p. 16).
A obra barroseana é marcada por descrições detalhadas sobre a aparência, a atuação e
a postura dos líderes militares. Pode-se observar na narrativa que o autor procura compor a
imagem de um herói militar, como exemplo de amor à pátria. Em “A Guerra do Lopez:
Contos e episódios da Campanha do Paraguai” o autor narra com entusiasmo o primeiro
contato das tropas com o general Osório:

No ardor da luta, de repente, um homem passava a cavalo, rodeado de


oficiais e lanceiros. Dava-lhe o vento no cobre-nuca do quépi branco e no
poncho listado, agitando-os como duas bandeiras. Na gola baixa de sua

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túnica singela e negra, havia bordados de general, mas ele trazia na mão
uma lança, como se fosse um simples gaúcho. Os soldados velhos
conheciam de sobra suas feições varonis, qualquer coisa de leonino no
queixo forte, no cabelo basto. Os novos sabiam de sua fama, porém quase
lhe não podiam distinguir a fisionomia entre o esvoaçar do poncho, a poeira
e a fumaceira da peleja. Atirava ao som das cornetas os batalhões para a
frente, épico, ardendo pelas lutas corpo a corpo. (BARROSO, 1928, p.67)

No livro “Osório, o centauro dos pampas”, a figura de Osório surge novamente no


campo de batalha envolvida pela mesma atmosfera fantástica: “O centauro surgiu de lança
apeirada de prata em punho, o poncho flutuando como uma bandeira. Os soldados erguem
vivas frenéticos e avançam eletrizados” (BARROSO, 1932, p. 160).
Os militares Caxias, Osório e Tamandaré são denominados pelo autor de “a espada do
Império”, “o centauro do império” e a “âncora do império”, em referência às atividades das
quais se ocupavam. O contexto em que essas figuras militares emergem é definido por
Barroso como o “período em que se processou a estratificação da nacionalidade”
(BARROSO, 1933, p. 81). Barroso destaca ao longo de sua obra que este momento da história
nacional foi marcado por disputas internas e externas que colocaram em risco a unidade
nacional. Neste aspecto, era fundamental que os militares fossem exemplos autênticos da
obediência, disciplina e lealdade necessárias à manutenção da ordem. Sobre esta questão,
Barroso destaca em “Tamandaré, o Nelson Brasileiro”:

No fim de sua longa vida gloriosa, o marquês de Tamandaré poderia


afirmar com orgulho, como um exemplo aos militares do futuro, que subira
ao mais elevado posto e recebera todas as honras e tivera todas as glórias
sem precisar de ter o espírito revolucionário, sem o qual muita gente pensa
que é absolutamente impossível ser alguma coisa. O velho almirante, tipo
de honra militar e símbolo de bravura e lealdade, subira do primeiro ao
último degrau da hierarquia sem nunca ter participado duma rebelião.
Entretanto, a disciplina e a ordem não o impediam de ter personalidade e
hombridade, como uma vez deixou provado. (BARROSO, 1933, p. 69).

Gustavo Barroso procura aproximar estes personagens de um ideal sublime de


bondade e desprendimento. Sobre a conduta de Duque de Caxias, Barroso ressalta a
“habilidade com que pacificou o Império com a espada na mão para reprimir o excesso, com o
perdão nos lábios para atrair almas” (BARROSO, 1933, p. 88). Estes sentimentos superiores
são enfatizados na obra “Tamandaré, o Nelson brasileiro”, na qual Barroso destaca o
sacrifício da própria vida do almirante em benefício das demais: “Salvando vidas em risco

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manifesto da sua. Não merecia uma espada de ouro, porém uma âncora de ouro, porque a
espada mata e a âncora é a esperança e a salvação” (BARROSO, 1933, p. 110).
Na escrita barroseana, a imagem de Caxias é representada como a figura do grande
homem que sustenta a nação. Este seria o herói maior da nação brasileira, caracterizado pelo
conhecimento em áreas diversas como a política e a diplomacia, e principalmente pelo seu
total desprendimento em defesa da pátria:

Caxias foi a espada que sustentou longos anos o Império, combatendo e,


mais do que combatendo, pacificando. Ninguém, no nosso país, em quatro
séculos de história, foi maior do que ele. Guerreiro e político. Diplomata e
estadista. Ninguém teve maior fé nos destinos da pátria e ninguém a serviu
com maior brasilidade. (BARROSO, 1929, p. 99-100).

Pode-se perceber na obra barroseana que estas figuras constituem exemplos da própria
nacionalidade. Segundo Barroso, Tamandaré seria a: “A história viva da Armada Nacional, a
história viva da própria nacionalidade”. (BARROSO, 1933, p. 205). Os militares seriam,
portanto o retrato autêntico do ideal de brasilidade barroseano, pela capacidade que tinham de
colocar suas vidas ao serviço da pátria. Sobre Osório, Gustavo Barroso afirmou “Fez com
estas palavras o resumo de sua grande vida: coragem tranqüila, independência sem orgulho, a
pátria acima de tudo e a constância no sacrifício”. (BARROSO, 1932, p. 198). Sobre Caxias,
Barroso relata um fato em que este teria conseguido a vitória numa batalha exatamente por ter
conseguido despertar o sentimento de brasilidade nos combatentes, que a partir deste
momento foram capazes de colocar suas vidas em perigo pela defesa da nação:

Caxias desembainha a espada invicta, esporêa o cavalo e conduz à luta a


brigada de infantaria que tem de reserva, gritando em voz estentórea:
‘Sigam-me os que forem brasileiros!’ [...] Um delírio toma os soldados ante
aquele ancião que nunca fora vencido. (BARROSO, 1938, p. 328).

Sobre o desenrolar da Guerra do Paraguai, Barroso se esforça em explicitar que o


Brasil não possuía o interesse de entrar na guerra e esta decisão foi assumida unicamente
devido à postura desrespeitosa de Solano Lopez. Para o autor, o líder paraguaio não respeitava
seu próprio povo, conduzindo-o a uma tirania. Neste caso, o Brasil assumia uma postura
quase messiânica como o salvador de um povo oprimido. Com o fim da guerra, os paraguaios
teriam a oportunidade de reconstruir seu país graças à bondade do Brasil que se pôs em defesa
das liberdades ameaçadas:

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“Não se acabara um povo à margem do Aquidaban; porém se finara um
regime que o fizera desgraçado e abusara do seu fanático heroísmo. Agora,
livre da tirania, embora dessorado pela guerra fatal, o Paraguai poderia
viver outra vida e preparar-se para melhores dias” (BARROSO, 1939, p.
239).

Barroso procura evidenciar que o Brasil não objetivava o domínio sobre nações
vizinhas, e sim que as campanhas militares brasileiras eram planejadas visando socorrer
povos ameaçados por tiranos. No livro “Nos bastidores da História do Brasil”, Barroso
destaca que “O Brasil nunca fez guerra aos povos americanos, seus vizinhos e irmãos senão a
chamado dos oprimidos e dos que desejavam a paz e a proteção imperial, libertando-os de
tiranias ultrajantes”. Em “História Militar do Brasil”, o autor afirma ainda que “sua
intervenção não tinha sentido imperialista, não visava a conquista de territórios, mas o
estabelecimento da paz e da ordem perturbadas dêsde longa data” (BARROSO, 1938, p. 193).
Gustavo Barroso procurou associar os adversários do Brasil a verdadeiros tiranos, figuras
capazes de cometer barbáries no governo e atitudes animalescas com os inimigos nas
batalhas. “A degola e o fuzilamento não lhe eram bastantes para acabar de reduzir aquela
sociedade a expressão mais simples. Lançou mão de outros meios, dos piores. Foram-se-lhe
todos os escrúpulos. E praticou atos inomináveis”. (BARROSO, 1929, p. 19). Para construir
essa imagem, Barroso recorreu ao passado destas personagens, como se já houvesse ali uma
predestinação para a violência. Sobre Rosas, o autor afirmou:

Viveu com sua mocidade e sua força longe das montoñeras e aventuras da
existência caudilhesca. Com sua mocidade, sua força e sua beleza máscula.
Isolou-se vastidão do pampa argentino[...] Por ali tudo, o império das
violências. Nenhuma regra. Nenhuma medida [...] Indiferença pela morte.
Nessa escola, se formou a alma do futuro tirano. (BARROSO, 1938, p. 186-
187)

Sobre o contexto em que se desenrolam essas campanhas militares, Barroso ressalta:


“Triste época de barbárie dos nossos vizinhos”. (BARROSO, 1929, p. 121). Ao longo de sua
obra, Barroso explica que o Brasil não se coloca ao lado dessas tiranias, mas ao contrário as
repele. Neste aspecto, o autor acrescenta que o Brasil surge como a nação defensora das
liberdades e símbolo da civilização na América: “[...] a diplomacia imperial velava pela
civilização da América [...] O Brasil não queria tutelar ninguém, porém não podia consentir
que Rosas continuasse a realização de seus planos, derramando rios de sangue generoso e
nobre” (BARROSO, 1929, p. 121). Desta forma, Barroso julga que “Era necessário demolir o

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regime rosista que degradava a Argentina e envergonhava a América”. (BARROSO, 1929, p.
105).
Esta forma messiânica de conceber a entrada do Brasil nas guerras contra os vizinhos
foi retomada na obra “Osório, o centauro dos pampas” na qual Barroso reflete ao fim da
narrativa sobre o conflito com a Argentina: “No dia 3, pela manhã, travou-se a batalha que
libertou o povo argentino da tirania infame que o humilhava” (BARROSO, 1928, p.100).
Neste aspecto, é possível perceber que a produção historiográfica barroseana demonstra uma
predileção pela monarquia e mesmo uma nostalgia pelo Império. Os valores ressaltados são
característicos dos regimes monárquicos e o período das grandes epopéias nacionais é
identificado com o Império:

O império punha abaixo caudilhos e não precisava deles, nem os temia. Era
suficientemente forte para impedir sua própria fragmentação, como o
demonstrara através da História... A missão do Império era de ordem e paz,
altamente civilizadora. E com isso haveria de ser proclamado (BARROSO,
1929, p 212-213).

Uma História Nacional identificada a História Militar

A partir do estudo da historiografia militar de Gustavo Barroso, pode-se compreender


que o processo de construção da nação englobava principalmente o alargamento e a
demarcação de fronteiras. Barroso entende que o Exército é responsável pela “Manutenção do
equilíbrio e do contorno territorial conquistado em séculos e sacrifício e de heroísmo”.
(BARROSO, 1938, p. 217). Desta forma, os agentes desse processo formavam uma galeria de
heróis e pessoas - símbolo da nacionalidade. Neste aspecto, o exército seria um dos principais
pilares de sustentação da nacionalidade. Sobre esta questão, Barroso afirma:

Num país como o nosso, de origem e formação tumultuárias, o exército é


uma Ordem Permanente, representa uma muralha de sustentamento e uma
garantia dos princípios vitais que asseguram a continuidade da vida
nacional. (BARROSO, 1942, p. 415)

Ao priorizar a escrita de uma história militar, Gustavo Barroso estava propondo uma
valorização desta perante a História Nacional. Analisando a produção historiográfica
barrosena pode-se depreender que o autor considerava que a História possuía um caráter
pedagógico, ele afirmava que a narrativa dos grandes fatos tinha como função: “ensinar o

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povo a amar o passado” (BARROSO, 1947, p.10). O autor entendia que sua obra permitia a
vivência do passado e que este processo seria feito “por meio da narrativa dos episódios mais
importantes e dos exemplos mais significativos dos principais vultos do passado nacional”. O
estudo de sua produção demonstra que a narrativa dos fatos passados tinha como função
ensinar, transmitir ou afirmar valores do presente:

Nossa História Militar possui vultos e glórias fora do comum e está repleta
de grandes ensinamentos técnicos e políticos. É rica de altas lições de
sacrifício e patriotismo. Ilustra-se de belos exemplos. Sua tradição de
episódios, praxes, indumentária, instituições e organizações pode ser
invocada constantemente como base irremovível e inspiração fecunda de
novas construções exigidas pelos novos tempos. (BARROSO, 1942, p.
359).

A historiografia de Gustavo Barroso aponta para a proposta de construção de uma


História Nacional identificada a História Militar5. Neste sentido, pode-se perceber que
Barroso compreendia que a construção da nação se dá com o surgimento do Império no
Brasil: “A verdadeira história militar do Brasil começa com a Nação e a Nação surge no dia
em que a Côroa da Metrópole vem para o continente americano”. (BARROSO, 1938, p. 117).
A partir da leitura de sua obra pode-se depreender que ele propunha uma História
Nacionalista6 com base no resgate de um passado heróico: “E, nesse redescobrimento do
Brasil, os temas de heroísmo, de grandeza, de alto sentimento patriótico geralmente só se vão
buscar no Brasil monárquico”. (BARROSO, 1938, p. 125).
Gustavo Barroso compreende a História Nacional como resultado da ação de heróis.
Desta forma, as biografias escritas pelo autor tinham como função fornecer exemplos às
futuras gerações, formando uma galeria de heróis nacionais. Neste aspecto, Maria da Glória
Oliveira explica que a biografia era exaltada tanto por tornar vivos os grandes homens e as
épocas histórias quanto pela eficácia persuasiva das suas lições morais:

As biografias revelavam-se um gênero eficaz para oferecer lições e


paradigmas de conduta aos cidadãos ao fazer ver as virtudes morais no
relato das vidas exemplares de seus ancestrais, elas incitariam à imitação e
fortaleceriam a convicção de que a pátria era uma entidade real
(OLIVEIRA, 2009, p. 67).

No artigo “A esquematização da História Militar do Brasil” publicado nos anais do


Museu histórico Nacional, Barroso afirma: “Os grandes vultos militares concisamente
biografados formarão uma respeitável e solene galeria de exemplos vivos de bravura,

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lealdade, competência, espírito de sacrifício, compreensão do dever e amor à pátria”
(BARROSO, 1942, p. 429).
A produção composta por Gustavo Barroso demonstrava uma necessidade de
afirmação de valores, possivelmente a bravura, a coragem, o amor à pátria e o heroísmo,
virtudes caras à carreira militar. A figura do Duque de Caxias era recorrente no trabalho de
Barroso. Caxias representava o herói por excelência, “um verdadeiro herói epônimo do
Brasil” (BARROSO, 1942, p. 402). Sua imagem esteve associada à do unificador nacional. A
escrita destas biografias confirmava a proposta barroseana de formação de um verdadeiro
“panteão de heróis e personalidades vinculadas à nação brasileira”.
Na obra de Gustavo Barroso nota-se que o autor entendia que o estudo das grandes
guerras era fundamental para a compreensão da unidade nacional. O autor considerava que as
batalhas ofereciam a oportunidade de união entre os homens, nessa situação todos
comungavam de um mesmo destino e juntos, ofereciam suas vidas por amor à pátria.
Portanto, a guerra despertava “uma maneira coletiva de sentir” (HAROCHE, 2002, p. 83).
Dessa forma, compreende-se que Barroso pretendia compor uma História que fosse capaz de
despertar sentimentos:

Ao ataque imprevisto, todo o Brasil se moveu como um só homem. Nos


campos de batalha, reuniram-se brasileiros de todas as procedências. A
nação inteira comungou no mesmo sangue derramado. Entremearam-se,
amaram-se e juntos se sacrificaram todos os descendentes dos antigos
brasileiros esparsos no imenso corpo da pátria. (BARROSO, 1938, p. 199)

Barroso procuraria recuperar momentos decisivos de uma História Militar para


enfatizar e glorificar o papel do Exército, entendido não apenas como uma instituição
responsável por manter a unidade e a soberania nacionais, mas também como o portador de
um passado glorioso. Gustavo Barroso concebia o Exército como parte um passado histórico
que precisava ser mantido e re-atualizado através de tradições militares7, afinal seria
impossível pensa-lo sem a tradição, pois “Como sabem todos os que estudam as coisas
militares, a tradição é a alma dos Exércitos. Não se cria uma mística militar sem invocar a
tradição. A tradição do nosso Exército é de corpo e de espírito, isto é, de formas e de
doutrina.” (BARROSO, 1942, p. 402). Na concepção barroseana a tradição estaria ligada ao
passado8. Assim, em sua tentativa de enobrecer o papel do Exército, Barroso recorria às
narrativas dos empreendimentos militares:

12
Estava finda a guerra. O Brasil Imperial varrera do Prata seu derradeiro
caudilho de grande vulto. Essa hora demandara grandes sacrifícios, mas
plasmara numa só alma os brasileiros de todas as províncias. Foi preciso
que a República as transformasse em Estados para desuni-las pela
politicagem das hegemonias. A força, porém, dessa coesão dum grande
povo continua latente. É necessário desperta-lo para novos prodígios!
(BARROSO, 1938, p. 307)

Desta forma, compreende-se que a produção barroseana tinha por objetivo elaborar
uma história que fosse capaz de despertar sentimentos e servir como exemplo:

Nossa geração é a que até agora mais tem pousado os olhos no passado
batalhando por ele, estudando-o, tornando-o interessante e estimado [...] não é
saudosismo doentio, mas amor do que foi como conquista do espírito nacional
e lição para o que há de vir. (BARROSO, 1938, p.125)

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1938.

13
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14
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Notas

1
Esta temática é amplamente discutida no livro “Nova História Militar Brasileira” organizado por Celso Castro,
Vitor Izecksohn e Hendrik Kraay.
2
A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi partido de tendência fascista no Brasil. Nesta instituição, Gustavo
Barroso desenvolveu intensa militância e publicou várias obras nas quais demonstra um apreço por idéias anti-
semitas. Apoiou o golpe do Estado Novo (como toda a AIB), tendo sido cogitado para assumir o ministério da
educação. Com o fechamento da AIB por Vargas, Barroso passou a conspirar contra o governo apoiando o
levante integralista de 1938 e, devido a isso foi preso, tendo sido libertado por ausência de provas.
3
A este respeito listam-se as seguintes obras: Uniformes do Exército (1922); Antes do Bolchevismo (1923); A
Guerra do Lopes (1928); A Guerra do Flores (1929); A Guerra do Rosas (1929); A Guerra de Vídeo (1930); A
Guerra de Artigas (1930); O Brasil em face do Prata (1930); História secreta do Brasil, 3 vols. (1936, 1937 e
1938); O livro dos enforcados (1939); O Brasil na lenda e na cartografia antiga (1941); Portugal – semente de
impérios (1943); Anais do Museu Histórico Nacional, vols. I a V (1943-1949); História do Palácio do Itamarati
(1953); Nos Bastidores da História do Brasil (19?); Segredos e Revelações da História do Brasil (19?).
4
O Tratado da Tríplice Aliança foi um “pacto militar” assinado em 1 de maio de 1865 pelos representantes do
Império do Brasil e das repúblicas da Argentina e do Uruguai. O documento especificava a quem caberia o
comando da guerra caso o conflito ocorresse em território uruguaio, argentino ou brasileiro. Definiu-se que se o
conflito fosse travado em solo paraguaio ou argentino o comando das operações militares caberia a Bartolomeu
Mitre, presidente da Argentina, este foi o motivo da indignação de Gustavo Barroso. Sobre este assunto,
conferir: DORATIOTO, F. M. A ocupação político-militar brasileira do Paraguai (1869-76). In: CASTRO, C;
IZECKSOHN, V; KRAAY H (Orgs.). Nova História Militar Brasileira. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. p.
210 a 217.
5
“A Nova História Militar” vem propor exatamente que a História Militar não pode e não deve ser separada da
História Nacional mais geral.
6
Regina Abreu em “A fabricação do imortal: memória, história e estratégias de consagração no Brasil” realiza
um estudo sobre a política de aquisição de objetos por parte do Museu histórico Nacional, instituição na qual
Gustavo Barroso era diretor. A autora analisa que durante a direção de Gustavo Barroso, este procurou
sedimentar na instituição uma História nacionalista a partir do retorno a um suposto passado heróico vivido pela
nação.
7
Gustavo Barroso mostrava-se um incentivador das atitudes cívicas nacionais. Ele é o responsável pela
idealização de algumas datas comemorativas relativas ao passado militar brasileiro, como o Dia do Soldado, e
pela criação de algumas instituições militares, como os Dragões da Independência.
8
Regina Abreu, em “A fabricação do Imortal: memória, história e estratégias de consagração no Brasil”, explica
que a tradição era uma categoria-chave na obra barrosena, associando-se a idéia de passado, neste caso, o tempo
passado, entendido como “antiguidade” conferia legitimidade as coisas e aos homens.

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