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Obras Literárias – UFPR

AULA 01
POEMAS ESCOLHIDOS DE GREGÓRIO DE MATOS
(Seleção de José Miguel Wisnik)
O PERÍODO BARROCO Ó voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada fantasia, sono brando,
Século 17: o homem em conflito
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando,
Nos séculos 15 e 16, a mentalidade mais liberal Onde o próprio, que escuto, não entendo!
da filosofia pagã, proposta pelo Renascimento, que
cultuava o corpo e o prazer, entrou em choque com os Sempre és certeza, nunca desengano,
rígidos princípios cristãos da ascese, da penitência e da E a ambas propensões, com igualdade
fuga dos prazeres da carne. No bem te não penetro, nem no dano.
Para combater o “paganismo” que estava
invadindo seus domínios, a Igreja contrarreformista És ciúme martírio da vontade,
prega uma religião que incute o medo do castigo divino, Verdadeiro tormento para engano,
a insegurança quanto à salvação eterna, o terror das E cega presunção para verdade.
torturas infernais, a imagem de um Deus cruel e
vingativo. O homem da época se sente inseguro, 2. A religiosidade (sentimento do exílio e da brevidade
temeroso, em dúvida. da vida, desengano do mundo, terror do inferno,
É então que, no século 17 surge, nas artes ânsias do céu): frustração, sentimento trágico da
plásticas e na literatura, o movimento Barroco, existência. Exemplo:
intérprete dos anseios desse homem seiscentista, Que és terra Homem, e em terra há de tornar-te,
solicitado simultaneamente por ideais pagãos e cristãos Te lembra hoje Deus por sua Igreja,
em conflito. De pó te faz espelho, em que se veja
Cultismo e Conceptismo são as duas A vil matéria, de que quis formar-te.
coordenadas fundamentais da literatura barroca das
quais derivam sua temática e seus processos técnicos e Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,
E como o teu baixel sempre fraqueja
expressivos.
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Dificilmente distinguíveis um do outro, o Cultismo Te põe à vista a terra onde salvar-te.
se refere principalmente ao som e à forma do texto
levando a fantasia a buscar sensações físicas e Alerta, alerta pois, que o vento berra,
imagens. O Conceptismo se apoia sobretudo no E se assopra a vaidade, e incha o pano,
significado da palavra, no jogo de vocábulos e de Na proa a terra tens, amaina e ferra.
raciocínio, nas sutilezas e associações das ideias.
Todo o lenho mortal, baixel humano
A partir desses pressupostos temáticos e
Se busca a salvação, tome hoje terra,
técnicos, temos como características principais do Estilo
Que a terra é porto soberano.
de Época Barroco:
3. Heroísmo, gosto de cenas e descrições horripilantes;
1. A tentativa de conciliar opostos, incorporando
a linguagem é pomposa, exagerada, expressando
contrários como espírito e matéria, pecado e
gosto pela grandiosidade com emprego de
virtude; utilizando-se de uma linguagem rebuscada
hipérboles, metáforas, metonímias e elipses.
com emprego intenso de anáforas, anacolutos,
Exemplo:
antíteses e paradoxos. Exemplo:
Suspende o curso, oh Rio, retorcido,
Tu, que vens a morrer, adonde eu morro,
Ó caos confuso, labirinto horrendo, Enquanto contra amor me dá socorro,
Onde não topo luz, nem fio amando, Algum divertimento, algum olvido.
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte aonde estou vivendo! Não corras lisonjeiro, e divertido,
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Quando em fogo de amor a ti recorro, Eu sou aquele que os passados anos


E quando o mesmo incêndio, em que me torro, Cantei na minha lira maldizente
Teu vizinho cristal já tem vertido. Torpezas do Brasil, vícios e enganos.

Pois já meu pranto inunda teus escolhos, De que pode servir calar, quem cala,
Não corras, não te alegres, não te rias, Nunca se há de falar, o que se sente?
Nem prateies verdores, cinge abrolhos. Sempre se há de sentir, o que se fala!

Que não é bom, que tuas águas frias, Qual homem pode haver tão paciente,
Sendo o pranto chorado por meus olhos, Que vendo o triste estado da Bahia,
Tenham que rir em minhas agonias. Não chore, não suspire e não lamente?

4. O sensorialismo: busca-se o efeito sugestivo de


A ignorância dos homens destas eras
fortes impressões sensoriais (procurando Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
impressionar a vista, o ouvido, o tato, o olfato, o Que a mudez canoniza bestas feras.
palato) com emprego de aliterações, assonâncias e
onomatopeias. Exemplo: Há bons, por não poder ser insolentes,
Discreta, e formosíssima Maria, Outros) há comedidos de medrosos,
Enquanto estamos vendo claramente Não mordem outros não, por não ter dentes.
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a aurora fria: Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício, e a virtude,
Enquanto pois produz, enquanto cria De que uns são comensais, outros adversos.
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente, A OBRA
E na boca a mais fina pedraria:
Gregório de Matos teve sua poesia dividida pelos
Gozai, gozai da flor da formosura, historiadores em três blocos temáticos:
Antes que o frio da madura idade
a) Poesia religiosa e filosófica, em que atende aos
Tronco deixe despido, o que é verdura.
apelos de ordem moral e religiosa da
Contrarreforma. São textos em que manifesta os
Que passado o zênite da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura, conflitos entre espírito e matéria, pecado e virtude,
É cada dia ocaso da beldade. próprios da natureza humana e a consciência da
brevidade da vida; são expressões do
arrependimento por ter pecado, os pedidos de
perdão e as promessas de se corrigir. Exemplo:
BUSCANDO A CRISTO
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa crua sacrossanta descobertos,
O AUTOR Que para receber-me, estais abertos,
Gregório de Matos Guerra foi o primeiro grande E, por não castigar-me, estais cravados.
poeta brasileiro. Filho de família rica, nasceu na Bahia
em 1636/1633 (?) e, depois dos primeiros estudos em A vós, divinos olhos, eclipsados
Salvador, foi para Coimbra, Portugal, onde se formou De tanto sangue e lágrimas abertos,
em Direito aos 25 anos. Casou-se e ficou por lá até os Pois, para perdoar-me, estais despertos,
45 anos, quando enviuvou e retornou ao Brasil. E, por não condenar-me, estais fechados.
Boêmio e irreverente, passou anos cantando e
improvisando versos líricos, eróticos e satíricos. A vós, pregados pés, por não deixar-me,
Debochava de todos, principalmente das pessoas A vós, sangue vertido, para ungir-me,
importantes. Depois de um exílio em Angola, na África, A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.
voltou e se estabeleceu em Pernambuco, onde morreu
com aproximadamente 60 anos. A vós, lado patente, quero unir-me,
Assim ele se apresentava: A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
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Para ficar unido, atado e firme. ESTUDO CRÍTICO


b) poesia lírica e amorosa, pela qual o poeta, com Poesia satírica: social e política
malícia, sensualismo e erotismo, pratica o lema Gregório de Matos foi uma das primeiras vozes a
pagão do “carpe diem”. Nessa poesia defende a se elevar contra os desmandos administrativos, a
necessidade de se gozar a vida intensamente corrupção e a opressão dos governantes para cá
enquanto é tempo. Observe, no poema a seguir, de enviados pela metrópole. Se os cronistas, com o louvor
um lado, o emprego de muitos dos recursos do da terra, plantaram a semente do nativismo, Gregório de
estilo barroco; de outro, a contradição entre a Matos, com suas sátiras foi o primeiro a mostrar que
Beleza e a perdição que ela provoca, entre a amar a terra natal é também denunciar os que a
mulher que é um anjo, mas causa infelicidade: exploram e empobrecem.
Não vira em minha vida a formosura, Seus poemas já revelam um tom de brasilidade,
Ouvia falar nela cada dia, através dos contrastes que estabelece entre o
E ouvida me incitava, e me movia misticismo e o erotismo, e na linguagem melancólica
A querer ver tão bela arquitetura. que ele utiliza: ele é o melhor exemplo do conflito entre
a sujeição e a rebeldia que conviviam nas letras dos
Ontem a vi por minha desventura escritores coloniais.
Na cara, no bom ar, na galhardia Gregório de Matos afastou-se mais da cultura
De uma mulher, que em Anjo se mentia, europeia que alguns poetas românticos, simbolistas e
De um Sol, que se trajava em criatura: parnasianos, surgidos dois séculos depois. Observe o
humor, a malícia e a sagacidade nos seguintes
Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me, exemplos a seguir da poesia satírica de Gregório de
Se esta a cousa não é, que encarecer-me Matos.
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.
O poeta destila sua raiva e revolta contra a cidade
e seus habitantes, que o rejeitaram, o levaram à prisão
Olhos meus, disse então por defender-me,
e o exilaram por um ano:
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me. DESPEDE-SE O POETA DA BAHIA, QUANDO FOI
DEGREDADO PARA ANGOLA
c) Poesia satírica, através da qual ele satiriza tudo e Adeus, praia; adeus, cidade,
todos, debochando das pessoas, denunciando os E agora me deverás,
desmandos dos poderosos e do clero e colocando Velhaca, dar eu a Deus
diante do público as barbaridades sociais, A quem devo ao demo dar.
religiosas e administrativas do Brasil Colônia. Por (...)
causa deste espírito crítico, irreverente e satírico,
E tu, cidade, és tão vil,
Gregório de Matos foi chamado de Boca do Inferno.
Que o que em ti quiser campar,
Exemplo:
Não tem mais do que meter-se
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
A magano, e campará.
Quem mais limpo se faz tem mais carepa;
(...)
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
Que os brasileiros são bestas
O velhaco maior sempre tem capa.
E estarão a trabalhar
Toda a vida por manterem
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Maganos de Portugal
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
(...)
Quem menos falar pode, mais increpa:
No Brasil a fidalguia
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
Do bom sangue nunca está,
Nem no bom procedimento:
A flor baixa se inculca por tulipa;
Pois logo em que pode estar?
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Consiste em muito dinheiro,
E consiste em o guardar,
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
Cada um a guardar bem,
E mais não digo, porque a Musa topa
Para ter que gastar mal.
Em apa, epa, ipa opa, upa.
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O poeta denuncia a ignorância e a devassidão O poeta comenta e critica a decadência da


dos religiosos: colônia provocada pela exploração econômica exercida
Aos padres pelos comerciantes portugueses e incentivada pela
A nossa Sé da Bahia, metrópole:
Com ser um mapa de festas, TRISTE BAHIA
É um presepe de bestas Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Se não for estrebaria. Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Epílogos Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
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E nos frades há manqueiras?....... Freiras. A ti trocou-te a máquina mercante,
Em que ocupam os serões? ......... Sermões. Que em tua larga barra tem entrado,
Não se ocupam em disputas?....... Putas. A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Com palavras dissolutas
Me concluís, na verdade, Deste em dar tanto açúcar excelente
Que as lidas todas de um Frade Pelas drogas inúteis, que abelhuda
São freiras, sermões, e putas. Simples aceitas do sagaz Brichote.
O poeta debocha das características físicas do
Governador: o cabelo seboso, a sobrancelha de Oh se quisera Deus que de repente
vassoura, a boca e o nariz enormes, a corcunda de Um dia amanheceras tão sisuda
camelo, as partes íntimas sujas e fedorentas, etc.: Que fora de algodão o teu capote!

AO GOVERNADOR ANTÔNIO LUÍS DA CÂMARA


COUTINHO O poeta desmascara a roubalheira e a
Nariz de embono degradação moral:
Com tal sacada DEFINE SUA CIDADE
Que entra na escada 1
Duas horas primeiro que seu dono. Recopilou-se o direito,
O poeta ironiza o grande número e a e quem o recopilou
incompetência dos funcionários, os fuxiqueiros, os
com dois ff o explicou
negros arrogantes e malandros que espezinham os
verdadeiros nobres, e a roubalheira generalizada: por estar feito e bem feito:

DESCREVE O QUE ERA NAQUELE TEMPO A por bem digesto, e colheito,


CIDADE DA BAHIA só com dois ff o expõe,
A cada canto um grande conselheiro, e assim quem os olhos põe
Que nos quer governar cabana e vinha;
no trato, que aqui se encerra,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro. há de dizer que esta terra
de dois ff se compõe.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
2
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Se de dois ff composta
Para o levar à praça e ao terreiro.
está a nossa Bahia,
errada a ortografia a grande dano está posta:
Muitos mulatos desavergonhados,
eu quero fazer aposta,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
e quero um tostão perder,
Posta nas palmas toda a picardia,
que isso a há de perverter,
se o furtar e o foder bem
Estupendas usuras nos mercados,
não são os ff que tem
Todos os que não furtam muito pobres:
esta cidade a meu ver.
E eis aqui a cidade da Bahia.
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3 Não sei, como tão cedo te partiste


Provo a conjetura já Da triste Mãe, que tanto contentaste,
prontamente com um brinco: Pois partindo-te, a alma me partiste.
Bahia tem letras cinco
que são BAHIA, Oh que cruel comigo te mostraste!
logo ninguém me dirá Pois quando a maior glória te subiste,
que dous ff chega a ter, Então na maior pena me deixaste.
pois nenhum contém sequer,
Sonho erótico com a mulher desejada:
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade Ai, Custódia! Sonhei, não sei se o diga:
um furtar outro foder. Sonhei que entre meus braços vos gozava.
Oh se verdade fosse o que sonhava!
Utilizando inúmeros vocábulos indígenas, Mas não permite Amor que eu tal consiga!
monossílabos e oxítonas, o poeta satiriza o “fidalgo
caramuru” tipo mestiço que se dá ares de nobreza: O que anda no cuidado, e dá fadiga,
AOS PRINCIPAIS DA BAHIA CHAMADOS OS Entre sonhos Amor representava
CARAMURUS No teatro da noite que apartava
Um paia de Monai, bonzo bramá A alma dos sentidos, doce liga.
Primaz da cafraria do Pegu,
Acordei eu, e feito sentinela
Quem sem ser do Pequim, por ser do Acu,
De toda a cama pus-me uma peçonha,
Quer ser filho do sol, nascendo cá. Vendo-me só sem vós, e em tal mazela.

E disse, porque o caso me envergonha,


Tenha embora um avô nascido lá,
Trabalho tem, quem ama, e se desvela,
Cá tem três pela costa do Cairu, E muito mais quem dorme, e em falso sonha.
E o principal se diz Paraguaçu, O poeta admira a beleza da mulher amada, que,
Descendente este tal de um Guinamá. paradoxalmente, é um Anjo, mas desperta desejos
pecaminosos:

Que é fidalgo nos ossos cremos nós, Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Pois nisso consistia o mor brasão
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Daqueles que comiam seus avós. Em quem, senão, se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,


E como isto lhe vem por geração,
De verde pé, da rama florescente;
Tem tomado por timbre em seus teirós E quem um Anjo vira tão luzente,
Morder os que provêm de outra nação. Que por seu Deus o não idolatrara?

Se pois como Anjo sois dos meus altares,


Poesia amorosa: lírica e erótica Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Lamento pela morte de uma pessoa querida: Livrara eu de diabólicos azares.
Alma ditosa, que na empírea corte
Pisando estrelas vais de sol vestida, Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Alegres com te ver fomos na vida, Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Tristes com te perder somos na morte. Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
É melhor chorar um amor (bem) perdido do que
Rosa encarnada, que por dura sorte nunca ter amado:
Sem tempo do rosal foste colhida,
Quem perde o bem que teve possuído,
Inda que melhoraste na partida,
A morte não dilate ao sentimento,
Não sofre, quem te amou, pena tão forte.
Que esta dor, esta mágoa, este tormento
Não pode ter tormento parecido.
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Quem perde o bem logrado, tem perdido As inúmeras e contraditórias definições de Amor:
O discurso, a razão, o entendimento,
...
Porque caber não pode em pensamento
Uma dor, que se não cala,
A esperança de ser restituído. pena, que sempre atormenta,
manjar que não enfastia,
Quando fosse a esperança alento à vida,
um brinco, que sempre enleva.
Te nas faltas do bem seria engano
O presumir melhoras desta sorte.
Um arrojo, que enfeitiça,
um engano, que contenta,
Porque, onde falta o bem é homicida
um raio, que rompe a nuvem,
A memória, que atalha o próprio dano,
que reconcentra a esfera.
O refúgio, que priva a mesma morte.
O poeta expressa as ansiedades, dúvidas e Enfim o Amor é um momo,
incertezas do amor: uma invenção, uma teima,
Aquele não sei quê, que, Inês, te assiste um melindre, uma carranca,
No gentil corpo, e na graciosa face, uma raiva, uma fineza.
Não sei donde te nasce, ou não te nasce,
Não sei onde consiste ou não consiste. Uma meiguice, um afago,
um arrufo, uma guerra,
Não sei o quando ou como arder me viste, hoje volta, amanhã torna,
Porque Fênix de amor me eternizasse: hoje solda amanhã quebra.
Não como renasce ou não renasce,
Não sei como persiste ou não persiste. Um queixar de mentirinha,
um folgar muito deveras,
Não sei como me vai, ou como ando, um embasbacar na vista,
Não sei o que me dói, ou porque parte, um ai, quando a mão se aperta.
Não sei se vou vivendo ou acabando.
Uma traça do descanso,
Como logo meu mal hei de conter-te, do coração bertoeja,
Se, de quanto a minha alma está penando, sarampo da liberdade,
Eu mesmo, que o padeço, não sei parte?! carruncho, rabuge e lepra.
Insinuações eróticas a uma dama:
Bela Floralva, se Amor É este, o que chupa,
me fizesse abelha um dia, e tira vida, saúde e fazenda,
em todo o tempo estaria e se hemos falar verdade
picando na vossa flor: é hoje o Amor desta era.
e quando o vosso rigor
quisesse dar-me de mão Tudo uma bebedice,
por guardar a flor, então, ou tudo uma borracheira,
tão abelhudo eu andara, que se acaba co’o dormir,
que em vós logo me vingara e c’o dormir se começa.
com vos meter o ferrão.
O Amor é finalmente
Se eu fora ao vosso vergel um embaraço de pernas,
e na vossa flor picara, uma união de barrigas,
um favo de mel formara um breve tremor de artérias.
mais doce que o mesmo mel:
mas vós como sois cruel, Uma confusão de bocas,
e de natural castiço, uma batalha de veias,
deixais entrar no caniço um reboliço de ancas,
um zangano comedor, quem diz outra coisa é besta.
que vos rouba o mel e a flor,
e a mim o vosso cortiço.
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Poesia religiosa e filosófica Galhardias apresta, alentos preza:


A poesia religiosa de Gregório de Matos, numa
linguagem prolixa e rebuscada, vai refletir o estado de Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
espírito do homem da época: um indivíduo desorientado De que importa, se aguarda sem defesa
e perdido entre apelos de ordem espiritual e material, Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
tão contraditórios entre si. Reflexões desencantadas sobre a instabilidade
Vejamos alguns poemas de Gregório de Matos dos bens materiais:
em que se manifesta a intensa religiosidade, marcada
ainda pelo medievalismo, característica do período Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
barroco. Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Reconhecimento do pecado, arrependimento e Em contínuas tristezas a alegria.
pedido de perdão:
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
A N. SENHOR JESUS CRISTO COM ATOS DE Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
ARREPENDIDO E SUSPIROS DE AMOR Como a beleza assim se transfigura?
Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade, Como o gosto da pena assim se fia?
É verdade, meu Deus, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido, Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
Ofendido vos tem minha maldade.
E na alegria sinta-se a tristeza.

Maldade, que encaminha à vaidade, Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens da natureza
Vaidade, que todo me há vencido;
A firmeza somente na inconstância.
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.

Arrependido estou de coração,


De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,


A salvação, pretendo em tais abraços,
Misericórdia, Amor, Jesus, Jesus.

Sentimento da fragilidade e da brevidade da vida:


DESENGANOS DA VIDA HUMANA
METAFORICAMENTE
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida


Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza,


Com a presunção de Fênix generosa,
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TESTES
01. (UERS) – Indique a alternativa que apresenta
04. (UPF – RS) – O poeta baiano Gregório de Matos,
somente características do Barroco: também chamado de Boca do Inferno, produziu
a) Bucolismo, nacionalismo, mal-do-século; uma obra que explora temas contrastantes.
b) Nacionalismo, idealização da mulher amada, Assinale a alternativa que não apresenta uma
reação ao descritivismo parnasiano; vertente temática de sua obra:
c) Culto à forma, arte pela arte, mitologia greco-latina; a) o satanismo;
d) Conflito entre corpo e alma, antíteses, paradoxos; b) a religiosidade;
e) Pastoralismo, bucolismo, amor galante. c) o lirismo amoroso;
02. (UERS) – Considere as seguintes afirmações sobre d) o erotismo;
Gregório de Matos Guerra: e) a sátira aos costumes.
I. Sua obra apresenta três faces: a religiosa, a
satírica e a lírica. 05. (UNIOESTE – PR) – Autor de versos líricos, sacros
e satíricos, Gregório de Matos Guerra refletiu um
II. Por sua poesia satírica, recebeu a alcunha de
tema comum da poesia universal: o tema do carpe
“Boca do Inferno”.
diem. Assinale a alternativa onde este tema
III. Nos textos religiosos do autor, o homem, aparece:
consciente de seus pecados e fragilidades, coloca-
se diante de Deus para implorar o perdão e a a) Arrependido estou de coração,
salvação. de coração vos busco, dai-me abraços,
abraços, que me rendem vossa luz.
Está correto o que se afirma em:
b) Não se sabendo parte deste todo,
a) apenas I um braço que lhe acharam sendo parte,
b) apenas II nos diz as partes todas deste todo.
c) apenas III
c) Esta razão me obriga a confiar,
d) apenas I e II
e) I, II e III Que, por mais que peguei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
03. (UFRS) – Sobre a poesia de Gregório de Matos d) Oh não aguardes, que a madura idade
Guerra, é correto afirmar que: te converta esta flor, essa beleza,
a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
pastores e ninfas examinados de uma perspectiva e) Pois alto! Vá descendo onde jazia,
satírica e irônica. Verá quanta melhor se lhe acomoda
b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e Ser homem embaixo do que burro em cima.
amoroso de um pastor que corteja sua amada com
promessas de vida amena e burocrática. 06. (UFPE) – Ler Gregório de Matos (1633-1696) é ter
c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas contato com quase todas as tendências e
antitéticas os dilemas do amor e do espírito no caminhos ideológicos e formais que caracterizaram
quadro da Contrarreforma. o Barroco no Brasil. Sendo dono de uma poesia
que encerra um universo de múltiplas dimensões
d) privilegia o cenário urbano para denunciar as
temáticas, quais assuntos e procedimentos
arbitrariedades da Inquisição e o racismo dos literários podem ser assinalados como aqueles que
portugueses instalados na colônia. foram perseguidos por ele em sua poesia?
e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem
1) Recorrendo a analogias e contrastes, ele inaugura,
intrigas e conspirações envolvendo nobres com seus poemas devotos, a nossa lírica religiosa.
burocratas, monges e prostitutas.
2) Como meio de expressar as suas ideias e os seus
sentimentos, ele fez uso frequente de uma dada
forma fixa: o soneto.
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3) Contrariando a estética barroca, ele construiu um Não vêem, que os entendidos me cortejam,
discurso que se caracteriza por perseguir uma E que os Nobres, é gente que me segue?
linguagem puramente racional.
4) No que diz respeito à abordagem do fenômeno 09. (UEL – PR) – Leia o poema abaixo, de Gregório de
sexual, Gregório se vale da gozação desbocada e Matos Guerra, que faz parte da poesia lírica
de alusões chulas. barroca, com temática religiosa:
5) Seus versos são marcados pela ausência de A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR
metáforas, alegorias e busca constante pela Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
reflexão prosaica, desidealizada.
Da vossa alta clemência me despido;
Estão corretas apenas: Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
a) 1, 3 e 4
b) 1, 2 e 4
Se basta a vos irar tanto pecado,
c) 1, 3 e 5 A abrandar-vos sobeja um só gemido;
d) 2, 4 e 5 Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
e) 3, 4 e 5 Vos tem para o perdão lisonjeado.

07. (UNISA – SP) – A produção poética do autor baiano


Se uma ovelha perdida e já cobrada
Gregório de Matos Guerra (1636 – 1696) é
vinculada à estética barroca. Sua obra contempla Glória tal e prazer tão repentino
os gêneros: Vos deu, como afirmais na sacra história,
a) épico e lírico;
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
b) satírico e lírico;
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
c) teatro e lírico;
d) comédia e épico; Perder na nossa ovelha a vossa glória.
e) drama e teatro.
Sobre o poema, é incorreto afirmar:
08. (UFPA) – Dos temas desenvolvidos por Gregório de a) O poema apresenta-se em forma de soneto, com
Matos, a lírica religiosa é o mais tipicamente barroco. A uma linguagem plena de artifícios de versificação,
estrofe, retirada de um poema de Gregório de Matos,
o que faz ressaltar o conteúdo temático, que é o
que apresenta esse tema é:
arrependimento do eu lírico de seus pecados, em
a) Não vi em minha vida a formosura, busca do perdão de Jesus Cristo.
Ouvia falar nela cada dia,
b) A forma de expressão poética do eu lírico, neste
E ouvida me incitava, e me movia
poema, é marcada pela tensão e reflete os
A querer ver tão bela arquitetura.
conflitos do homem do período barroco, que vivia
b) Cresce o desejo, falta o sofrimento, as contradições entre o teocentrismo medieval e o
Sofrendo morro, morro desejando, antropocentrismo clássico.
Por uma, e outra parte estou penando
c) Percebe-se neste poema a preocupação com a
Sem poder dar alívio a meu tormento.
forma característica ao período barroco, em que o
c) Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado poeta faz uso de muitos processos técnicos e
Da vossa alta piedade me despido1: expressivos, dentre eles a rima bem marcada dos
Antes quanto mais tenho delinqüido, versos e o uso frequente de antíteses e inversões
Vos tenho a perdoar mais empenhado. sintáticas.
d) Carregado de mim ando no mundo, d) O poema apresenta ideais divergentes entre o
E o grande peso embarga-me as passadas humano e o divino em decorrência da oposição
Que como ando por vias desusadas, que havia, na época, entre a mentalidade pagã da
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo. burguesia portuguesa e a religiosidade católica da
e) Que me quer o Brasil, que me persegue? sociedade brasileira.
Que me querem pasguates, que me invejam?
Obras Literárias – UFPR

e) O poema todo estrutura-se como uma evocação posição superior por meio de cobiça e bravata
lírico-religiosa, em que o eu lírico confessa ser um configurará a inépcia, a imoralidade, a corrupção.
pecador, no início do poema, para a seguir d) A “roda da fortuna” é metonímia para o destino da
estabelecer um confronto de ideias entre a culpa vida. E quando apela para que o governador desça
do pecador e a clemência de Jesus, e somente no de onde jazia, o poeta sugere que o político deve
final, como último apelo, nomear-se uma “ovelha estar entre o povo para atender a suas
desgarrada”, evocando o perdão divino. necessidades e demandas.

10. (UNICURITIBA – PR) – O poema abaixo foi escrito e) A mensagem do poema se encaixa perfeitamente
por Gregório de Matos Guerra, no século XVII: no quadro político atual, sugerindo que, em
termos morais e políticos, o Brasil não mudou
AO GOVERNADOR ANTÔNIO DE SOUSA DE
muito.
MENESES CHAMADO VULGARMENTE O “BRAÇO
DE PRATA” 11. (UFPR – 2012) – Considerando a poesia de
Sor Antônio de Sousa de Meneses, Gregório de Matos e o momento literário em que sua
Quem sobe ao alto lugar, que não merece, obra se insere, avalie as seguintes afirmativas:
Homem sobe, asno vai, burro parece, 1. Apresentando a luta do homem no embate entre a
Que o subir é desgraça muitas vezes. carne e o espírito, a terra e o céu, o presente e a
eternidade, os poemas religiosos do autor
correspondem à sensibilidade da época e
A fortunilha, autora de entremezes,
encontram paralelo na obra de um seu
Transpõe em burro herói que indigno cresce; contemporâneo, Padre Antônio Vieira.
Desanda roda, e logo homem parece, 2. Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da
Que é discreta a fortuna em seus reveses. versatilidade do poeta, mas não são
representativos da melhor poesia do autor, por não
apresentarem a mesma sofisticação e riqueza de
Homem sei eu que foi Vossenhoria
recursos poéticos que os poemas líricos ou
Quando o pisava da fortuna a roda; religiosos apresentam.
Burro foi ao subir tão alto clima. 3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia do
autor incrementa e exagera alguns recursos
Pois, alto! Vá descendo onde jazia, poéticos, deixando sua linguagem mais rebuscada
e enredada pelo uso de figuras de linguagem raras
Verá quanto melhor se lhe acomoda
e de resultados tortuosos.
Ser homem em baixo que burro em cima. 4. A presença do elemento mulato nessa poesia
resgata para a literatura uma dimensão social
Analise as afirmações a respeito do poema: problemática da sociedade baiana da época: num
país de escravos, o mestiço é um ser em conflito,
a) A forma do poema – soneto em decassílabos,
vítima e algoz em uma sociedade violentamente
vinculado a uma tradição clássica de temas
desigual.
sublimes – contrasta com o conteúdo de cunho
satírico, vazado numa linguagem mais coloquial. É Assinale a alternativa correta:
um contraste compreensível no âmbito do Barroco.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Na primeira estrofe, o poeta utiliza metáforas para
desqualificar aquele que assume alta posição de b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
mando (no caso, no governo) sem atributos e c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
credenciais para tal.
d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) A segunda estrofe desenvolve a mesma tese da
primeira: um homem só é digno se assume um e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
lugar adequado a sua natureza; a pretensão à
Obras Literárias – UFPR

12. (UFPR – 2013) – Considere o soneto a seguir, de e) O poema apresenta nos quartetos duas imagens
Gregório de Matos: concretas, dissociadas das abstrações
apresentadas nos tercetos.
DESCREVE COM GALHARDA PROPRIEDADE O
LABIRINTO CONFUSO DE SUAS DESCONFIANÇAS 13. Sobre a obra Poemas escolhidos de Gregório de
Ó caos confuso, labirinto horrendo, Matos, assinale a alternativa correta:
Onde não topo luz, nem fio achando;
Lugar de glória, aonde estou penando; a) Trata-se de poemas selecionados em livros
Casa da morte, aonde estou vivendo! publicados pelo Boca do Inferno, no século 17.
b) Os poemas satíricos de Gregório de Matos
Oh voz sem distinção, Babel* tremendo; representam o elemento mais tipicamente barroco
Pesada fantasia, sono brando; em sua obra.
Onde o mesmo que toco, estou sonhando; c) A seleção de poemas, feita por José Miguel
Onde o próprio que escuto, não o entendo; Wisnik, apesar de seguir a divisão temática
tradicional para a obra de Gregório de Matos, dá
Sempre és certeza, nunca desengano; pouco destaque à poesia religiosa do autor, por ser
E a ambas pretensões com igualdade, a produção literária menos relevante de Gregório.
No bem te não penetro, nem no dano.
d) Na lírica amorosa de Gregório de Matos, percebe-
se a temática do carpe diem, o que comprova a
És ciúme martírio da vontade;
filiação do autor ao Arcadismo e, não, ao Barroco,
Verdadeiro tormento para engano;
como se vê normalmente nas classificações
E cega presunção para verdade.
tradicionais. Logo, pela temática abordada e pela
*Babel: bíblico, torre inacabada por castigo divino; linguagem empregada, Gregório seria melhor
quando de sua construção os homens viram seus enquadrado como fundador do Arcadismo no
idiomas se confundirem, gerando o desentendimento Brasil.
que os obrigou a se dispersarem. Por extensão, e) A poesia satírica de Gregório de Matos, além de
desentendimento, confusão. lhe valer a alcunha de Boca de Inferno ou Boca de
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. Seleção e organização:
Brasa, antecipa certas preocupações nativistas,
José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 219 pois revela a exploração da colônia pela
metrópole.
O soneto transcrito apresenta características
recorrentes da poesia de Gregório de Matos e do 14. (UFPR – 2014) – Leia os dois poemas de Gregório
período literário em que ele o escreveu, o Barroco. de Matos:
Acerca desse soneto, é correto afirmar: SONETO 1
a) O poema descreve um labirinto e, de modo O todo sem a parte não é todo,
semelhante à imagem descrita, utiliza uma A parte sem o todo não é parte,
linguagem em que a ideia central só se apresenta Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
no fim do texto. Não se diga, que é parte, sendo todo.
b) O poema se apropria de duas imagens, Babel e
Em todo o Sacramento está Deus todo,
labirinto, com a intenção de tematizar um
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
sentimento conturbado: a presunção.
E feito em partes todo em qualquer parte,
c) O poema se estrutura como um soneto típico, em Em qualquer parte sempre fica o todo.
que a ideia central está apresentada no primeiro
quarteto. O braço de Jesus não seja parte,
d) As figuras de linguagem utilizadas associam ideias Pois que feito Jesus em partes todo,
contrárias, o que se contrapõe às imagens do Assiste cada parte em sua parte.
labirinto e de Babel.
Obras Literárias – UFPR

Não se sabendo parte deste todo, 4. No poema 2, o eu lírico faz um balanço de sua
Um braço, que lhe acharam, sendo parte, experiência existencial, desdenhando sua própria
Nos disse as partes todas deste todo. loucura.

SONETO 2 Assinale a alternativa correta:


Carregado de mim ando no mundo, a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
E o grande peso embarga-me as passadas, b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
Que como ando por vias desusadas,
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
O remédio será seguir o imundo e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos, GABARITO


Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos. 01. d
02. e
03. c
O prudente varão há de ser no mundo, 04. a
Que é melhor neste mundo em mar de enganos 05. d
Ser louco cos demais, que ser sisudo. 06. b
07. b
Com base nos dois sonetos, considere as seguintes 08. c
afirmativas: 09. d
1. A insistência numa das mais conhecidas formas de 10. c-c-c-e-c
liricidade, que é o soneto, deixa explícita a 11. c
12. a
influência clássica na obra do poeta.
13. e
2. Ambos os poemas ilustram a tonalidade sarcástica 14. b
e pessimista típica do barroco.
3. No poema 1, há um jogo simbólico de metonímias
e paradoxos com os quais o eu lírico argumenta a
aceitação da tradição religiosa com indagações
renovadoras.

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