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“1Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
3E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas
pedras se tornem em pães.
4Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de
toda a palavra que sai da boca de Deus.
7Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
10Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás.
A ESPADA DO ESPÍRITO
Jesus inicia seu ministério público aproximadamente aos 30 anos. Vai até o Jordão
para ser batizado por João, e logo após a Bíblia diz que “…o Espírito o impeliu para o
deserto.” (Marcos 1:12)
A ideia é de um teste que ele teria que passar para poder iniciar o ministério
propriamente dito. Do contrário o seu ministério não teria respaldo, seria um trabalho
iniciado sem autorização, sem autoridade, sem legitimidade. Os paralelos com o
período que Israel passou no deserto são evidentes, o próprio uso de Deuteronômio por
Jesus conduz a essa interpretação.
Outra coisa importante de se notar é que o tentador está esperando por ele. O satanás
parece ter feito uma reinvindicação de forma legal, exigindo de Iavé o direito de testá-lo.
Faço essa interpretação a partir de uma leitura mais ampla da ação de satanás nas
Escrituras, onde ele age sempre sob a autorização divina. O caso que podemos usar
como exemplo é o de Jó. O inimigo impõe sobre Jó alguns flagelos com o intuito de
testar sua fé, mas, sempre respeitando os limites impostos por Iavé.
Adão foi tentado em um ambiente de delícias, enquanto Jesus foi tentado no deserto,
assim como Israel. Jesus é o novo Adão, e não só o novo Adão, como diz muito bem o
pr. Leandro Lima, Ele é o novo Israel, e não só o novo Israel, mas também o novo
Moisés. Onde cada um desses tipos falharam, Jesus precisa vencer.
V. 1 – “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo.” – O mesmo Espírito que gerou Jesus (1:20) e que reconheceu sua filiação pelo
Pai (3:16-17), agora, leva-o ao desero para ser tentado pelo diabo.
Tanto Mateus quanto Marcos parecem fazer uma ligação entre o batismo de Jesus e a
tentação no deserto, fazendo um paralelo com a passagem de Israel pelo mar e sua
peregrinação pelo deserto. O evangelista Lucas inclui a passagem sobre a genealogia
de Jesus, que Lucas leva até Adão, entre o batismo e a tentação, comparando a
tentação de Jesus com a tentação que levou à queda do primeiro homem.
A atestação de Jesus como Filho abre espaço para os testes – a atestação de Jó como
justo é que abriu a brecha para que satanás o testasse até o limite
Outro ponto a ser notado é que o próprio Espírito é quem conduz Jesus. Estava
marcado, Jesus tinha uma agenda para cumprir.
Enquanto Israel caminhava peo deserto a vida do povo era reclamar de Deus.
Reclamava da comida, reclamava do caminho, reclamava de tudo. Por tudo isso Jesus
precisava refazer o mesmocaminho de Israel mas agora com prefeição.
V. 2 – “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;” – O
jejum de Jesus provavelmente foi de comida mas, não de líquido – (Lucas 4:2) Os
paralelos com a jornada de Israel no deserto continuam – Israel passou quarenta anos
no deserto onde foi duramente testado na sua confiança na palavra de Deus. Foi
testado depois de ter passado pelo “batismo” na travessia do Mar Vermelho para provar
sua obediência e lealdade na preparação para a obra designada para eles – Jesus foi
testado logo após seu batismo - mas enquanto Israel falhou, Jesus triunfou e isso o
legitimou como verdadeiro Filho de Deus. Alguns comentaristas dizem que Jesus
contou sobre essa passagem a seus discípulos depois que estiveram em Cesaréia
deFilipe, para que eles cressem que ele era quem dizia ser.
Eu gostaria de analisar à luz dessa reflexão, tudo o que está acontecendo no nosso
cenário religioso – hoje é um tal de “eu determino”, “eu não aceito”, “eu repreendo”, eu
isso, eu aquilo. Foi assim que Deus disse? A pregunta que deveria ser feita por todo o
crente, foi feita por satanás. Deuteronômio 6:16 “não tentareis Iavé vosso Deus, como o
tentaste em Massá.”
Eu sempre brinco na faculdade que se o diabo estudasse lá, tiraria sempre as melhores
notas. Faria com certeza, as melhores monografias.
Jesus cita em sua resposta Deuteronômio 8:3 – Aqui nos temos uma aula com o próprio
Jesus de como interpretar a Escritura – Ele cita o texto dentro de um contexto – por
isso, precisamos ler toda a passagem para entender o que Jesus está falando.
Jesus diz a satanás que o filho de Deus pode sim passar necessidade, ele pode sim
passar falta das coisas – a fome de Israel tinha o propósito de mostrar a eles que ouvir
a palavra de Deus e obedecer a ela são as coisas mais importantes da vida – para
Jesus, a obediência à palavra de Deus era mais necessária que o pão (João 4:34) – o
alimento de Jesus era fazer a vontade do Pai que o enviara.
Essa foi uma tentação para Jesus usar a sua filiação à revelia de sua missão ordenada
por Deus.
Ninguém, até aquele momento, havia vencido esse tipo de teste – mas ele não se dá
por vencido, e, por perceber que Jesus se utiliza das Escrituras ele também apela para
a Bíblia. Ele cita o Salmo 91:11-12 dentro do contexto – esse Salmo se refere a alguém
que confia em Deus – aqui podemos perceber o perigo de só conhecermos
parcialmente as Escrituras. Paulo escrevendo a Timóteo em sua segunda carta, no
capítulo 2, no verso 15 diz: “Procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que
não tem do que se envergonhar e que maneja bem a palavra da verdade.”
Jesus em sua resposta, não diz que satanás está errado na sua citação das Escrituras,
mas que está equivocado na interpretação, e mais uma vez nos dá uma aula de
interpretação – a Bíblia interpreta a própria Bíblia – e no verso 7 temos a resposta.
V. 7 – “Disse-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus’.”
– Aqui podemos mais uma vez ver como Jesus lidava com a Escrituras, o “também
mostra que Jesus não permitiria nenhuma interpretação que gerasse conflito com outra
passagem. Mais uma vez, Jesus cita Deuteronômio agora o capítulo 6:16, que nos
remete a Êxodo 17:2-7 e a Números 20:1-13 – então isso significa que temos que ler
toda passagem para entender o que ele está dizendo – As promessas que estão
descritas no Salmo 91 não autorizam o filho de Deus a provocar a Deus, nem nenhuma
outra promessa – Jesus diz a satanás que, não é porque Deus promete nos livrar que
nós deveríamos nos colocar em risco, pois isso equivale a tentar a Deus.
Vamos contextualizar – Eu sou crente e por isso ando com meu carro acima da
velocidade permitida confiando que Deus vai me guardar, isso é o mesmo que tentar a
Deus.
Eu compro fiado – cartão de crédito, cheque, carnê – e depois oro para que Deus me
ajude a pagar – você pode até comprar assim mas o pagamento é por sua conta não
adianta orar pois equivaleria a tentar a Deus.
Você vai se casar e procura uma pessoa que não é de Deus – e depois, na hora que o
casamento desanda, fica clamando a Deus – isso também equivale a tentar a Deus.
Nunca se coloque em uma situação de forma prmeditada confiando em que Deus vai
resolver pra você – isso é pecado, é tentar a Deus.
Satanás tinha mesmo toda essa autoridade? Interessante que Jesus não confronta
satanás por essa afirmação, e em várias outras passagens dos evangelhos, satanás
aparece como o príncipe desse mundo, o dominador dessa era – então, ele parece ter
realmente essa autoridade – mas se ele tem quem deu? Quem concede autoridade é
Deus. Mas, porque Deus daria autoridade a um ser como esse?
Jesus poderia ter dado essa ordem a satanás logo de início “vai-te satanás” – mas o
venceu com a espada do Espírito – e, acima de tudo, com a firme convicção que a
adoração a Deus, na vida de todo crente é exclusiva.
Conclusão:
A igreja de Jesus Cristo precisa saber que chegará um tempo em que a Bíblia não será
mais considerada como verdade, ela será desacreditada de todas as formas, pela
ciência, pela filosofia, pelas ciências humanas, pelo conhecimento humano. Nesse
tempo a fé será mais rara do que o ouro puro de Ofir – As pessoas nessa terra não
mais se lembrarão mais de nada disso que nós estamos tratando aqui quando o Filho
do Homem se manisfestar em glória para dar fim a esse mundo anti-Deus, anti-Cristo.
As Escrituras dizem que nesse tempo as pessoas estariam correndo de um lado para
outro e o conhecimento humano se multiplicaria. Mas, o povo que conhece o seu Deus
se tornará forte e fará proezas.