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22/09/2017

PÓS-GRADUAÇÃO EM
EM CIÊNCIAS FORENSES, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E
COMPORTAMENTO DESVIANTE

• Vitimologia - conceitos introdutórios


• O papel do Direito e da Justiça na
• proteção da vítima

Paulo Pinto

Objetivos
1. Questões conceptuais e teóricas de base
2. Percursos da Vitimologia
3. Perfis de Vitimação
4. Teorias associadas à Vitimologia
5. A vitima na Atualidade
6. O papel do Direito e da Justiça na proteção
da vítima

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Tipos de Violência

Vitimologia
O estudo científico das vítimas e do processo
de vitimação, incluindo as relações entre a
vítima e o agressor, investigação, tribunais,
media e movimentos sociais

Vítima
Termo usado no sistema de justiça criminal
moderno para descrever uma pessoa que
experienciou uma perda, injuria, ou
dificuldades devido a ações ilegais por parte
de outra pessoa, grupo ou organização.

Turvey, B.E. 2014

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Delimitação Conceptual – noção de vítima

Reflexões sobre o papel da vítima na ocorrência


do crime (Mendelsohn, Von Henting)
as noções de “Vítima Nata” e “Precipitação” (propensão
e precipitação)

Da vítima precipitadora…
… à vítima objeto
… à vítima sujeito de direitos
… e ator do sistema judicial

Delimitação Conceptual – noção de vítima

Mendelsohn (1976) – vítima é a pessoa ou o


coletivo que sofreu consequências dolorosas
provocadas por fatores de origens diversas: físicas,
psicológicas, económicas, políticas, sociais ou
naturais (catástrofes).
Numa definição mais próxima da perspetiva legal,
vítima é toda a pessoa ou grupo de pessoas que
foram alvo, direta ou indiretamente, de um ato
proibido pela lei penal.
Audet e Katz (2006) - vítima é toda a pessoa que
sofre um dano cuja existência é reconhecida por
todos mas do qual ela nem sempre está consciente.

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Artigo 67.º -A do CPP


Vítima (Lei 130/2015, 04SET)
A pessoa singular que sofreu um dano,
nomeadamente um atentado à sua
integridade física ou psíquica, um dano
emocional ou moral, ou um dano patrimonial,
diretamente causado por ação ou omissão, no
âmbito da prática de um crime;

Vítima especialmente vulnerável


cuja especial fragilidade resulte, nomeadamente,
da sua idade, do seu estado de saúde ou de
deficiência, bem como do facto de o tipo, o grau
e a duração da vitimização haver resultado em
lesões com consequências graves no seu
equilíbrio psicológico ou nas condições da sua
integração social;

As vítimas de criminalidade violenta e de


criminalidade especialmente violenta são sempre
consideradas vítimas especialmente vulneráveis
para efeitos do disposto na alínea b) do n.º 1

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Tipos de Vitimação
VÍTIMA/VITIMAÇÃO
Não são conceitos simples nem “auto-definitórios”

VITIMAÇÃO PRIMÁRIA/ VITIMAÇÃO SECUNDÁRIA


(Vit. Secundária = “Second insult” - Doerner e Lab, 1998)

VITIMAÇÃO DIRETA/INDIRETA
REVITIMAÇÃO
VIOLÊNCIA/VITIMAÇÃO MÚTUA OU RECÍPROCA

Vitimologia
Estudo cientifico da extensão, natureza e
causas da vitimação criminal, as suas
consequências para as pessoas envolvidas e
as reações resultante da sociedade, em
particular da polícia e do sistema de justiça
criminal, assim como de trabalhadores
voluntários e profissionais de ajuda.
Sociedade Mundial de Vitimologia

Divide-se em 3 sub-grupos:
• Vitimologia geral/convencional;
• Vitimologia penal/interacionista;
• Vitimologia crítica.
Turvey, Brent A. (2014)

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Vitimologia geral/convencional
Em sentido lato: Estudo de pessoas ou grupos
que sofreram um dano ou perda, ou foram
vítimas de algum tipo não específico de crime,
como acidentes, opressão geral ou desastres
naturais.
Foca o estudo do comportamento da vítima em
situações criminais.
Identificam e desenvolvem medidas preventivas
e ferramentas para assistência a vítimas.
Foco no tratamento, na prevenção e no alívio das
consequências da vitimização,
independentemente da causa.

Vitimologia penal/interacionista
Estudo das dinâmicas entre os vítimas e os
agressores.
Estudam a participação das vítimas no crime
através da sua interação com os agressores, a
interação entre as vítimas e a sociedade e o
papel das vítimas no sistema de justiça criminal.
À semelhança da vitimologia geral, tentam
explicar as causas para desenvolver
estratégias/alternativas.
Combina questões relativas ao nexo de crimes
com as relativas ao papel das vítimas no
processo penal.

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Vitimologia penal/interacionista

Estudo das dinâmicas entre os vítimas e os


agressores.
Estudam a participação das vítimas no crime
através da sua interação com os agressores, a
interação entre as vítimas e a sociedade e o
papel das vítimas no sistema de justiça criminal.
À semelhança da vitimologia geral, tentam
explicar as causas para desenvolver
estratégias/alternativas.
Combina questões relativas ao nexo de crimes
com as relativas ao papel das vítimas no
processo penal.

Vitimologia crítica
Desenvolveu-se no seguimento dos dois
subgrupos anteriores.
• a vitimologia deverá desenvolver-se como um
campo de estudos reflexivo, interrogando-se
sobre "como e porquê certas ações são definidas
como criminosas e, como resultado, como é que
todo o âmbito da vitimologia se focou num dado
conjunto de ações em vez de outras" (Doerner & Lab,
1998, p.14).

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Percursos da Vitimologia
Séculos XVIII e XIX
Transformação nas formas de exercício da violência
Assim: crime é entendido como atentado contra o
Estado

Logo: a vítima tem um papel secundarizado no


processo penal.

Até meados do século XX


vítima votada à invisibilidade pela ciência
criminológica

Vitimologia.
Evolução histórica e enquadramento conceptual
O termo “Vitimologia” aparece pela 1ª vez em 1949 numa obra do
psiquiatra americano Frederick Wertham - “The show of violence”. Mas
Mendelsohn reclama a sua paternidade…

A definição de Vitimologia não é consensual na literatura da


especialidade e depende muito de se partir de uma conceção de vítima
restrita ou mais alargada (Cario, 2000).

Fattah (2000) – A Vitimologia é um ramo relativamente recente da


Criminologia que estuda as vítimas de infrações, as suas caraterísticas,
o seu comportamento e as interações com os autores das infrações.

À Vitimologia interessam, por isso, todos os fatores associados à


vítima: a sua personalidade, as suas caraterísticas biológicas,
psicológicas, morais, socioculturais, as suas relações com o ofensor e o
seu papel na génese do crime.

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Vitimologia.
Evolução histórica e enquadramento conceptual
Hans Von Henting “The criminal and his victim” (1948) faz
referência à responsabilidade que a vítima desempenha na
vitimação. Evidencia o interesse em estudar especificamente a
figura da vítima, a relação entre a vítima e o ofensor, o papel da
vítima em determinados tipos de crime, como a violação, o
homicídio e a fraude.

Mendelsohn, em 1956, classifica as vítimas em categorias,


segundo o seu “grau de culpa” na precipitação do ato de
vitimação criminal.

a responsabilidade da vítima no ato criminal constituiu um dos principais


focos de interesse dos primeiros trabalhos da Vitimologia.

progressivamente este tema vai dando lugar a novas reflexões em torno


do conceito de vítima e de vitimação, direcionando a investigação para
um campo de estudo mais vasto - “Vitimologia geral”.

Vitimologia.
Evolução histórica e enquadramento conceptual

Abordagem inicialmente centrada na


Etiologia do Crime:
• Inquéritos de vitimação

• Teoria do “estilo de vida” e das “atividades


do quotidiano”

• Prevenção situacional

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ACORDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

“Nada temos a objectar quanto a estas penas parcelares (para cada


sequestro = 1 ano; violação = 3 anos) pois, se é certo que se trata de
crimes repugnantes que não têm qualquer justificação, a verdade é que,
no caso concreto, as duas ofendidas muito contribuíram para a sua
realização.

Na verdade, não podemos esquecer que as duas ofendidas, raparigas


novas, mas mulheres feitas, não hesitaram em vir para a estrada pedir
boleia a quem passava, em plena coutada do chamado «macho ibérico».

ACORDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

“É impossível que não tenham previsto o risco que corriam; pois aqui, tal
como no seu país natal, a atracção pelo sexo oposto é um dado indesmentivel e,
por vezes, não é fácil dominá‐la.

Ora, ao meterem‐se as duas num automóvel justamente com dois rapazes,


fizeram‐no, a nosso ver, conscientes do perigo que corriam, até mesmo por
estarem numa zona de turismo de fama internacional, onde abundam as turistas
estrangeiras habitualmente com comportamento sexual muito mais liberal e
descontraído do que a maioria das nativas ”

Acórdão do STJ de 18 de Outubro de 1989, publicado no BMJ nº 390, de Novembro de 1989

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Vitimologia.
Evolução histórica e enquadramento conceptual
Interesse e necessidade de estudar a figura da vítima
relativamente ao impacto psicológico e aos danos decorrentes
do envolvimento no próprio sistema judicial (Doerner e Lab,
1998).

----» “Vitimação Primária”

----» “Vitimação Secundária”

Promoção e implementação de estratégias que visam melhorar a


abordagem e o tratamento dado às vítimas pelo sistema judicial.
(Peters, 2000)

“Declaração de Princípios Básicos de Justiça para Vítimas de


Crime” (ONU 1985).

----» Vitimologia Crítica


----» Vitimologia Feminista

Vitimologia.
Evolução histórica e enquadramento conceptual
Progressivo reconhecimento do caráter dinâmico e inter-
relacional da violência.

Contributo dos movimentos feministas - “Vitimologia


Humanitária” (Peters, 2000).

Violência criminal e não-criminal - “Vitimologia


Alargada” (Elias, 1990).

Progressivo reconhecimento do estatuto da vítima vs


reduzido investimento ao nível da proteção efetiva (e.g.,
medidas judiciais).

Compreensão das dinâmicas da vitimação: consequências


psicossociais da vitimação ----» Criação de dispositivos
assistenciais para vítimas.

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Lei n.º 112/2009, de 16 de Setembro


A presente lei estabelece o regime jurídico aplicável à
prevenção da violência doméstica e à proteção e à
assistência das suas vítimas.

Lei n.º 130/2015, de 04 de Setembro


Aprova o Estatuto da Vítima, transpondo a Diretiva
2012/29/UE do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 25 de outubro de 2012, que estabelece normas
relativas aos direitos, ao apoio e à proteção das
vítimas da criminalidade e que substitui a Decisão-
Quadro 2001/220/JAI do Conselho, de 15 de março
de 2001

Quadro síntese evolução da vitimologia


• “Propensão Intrínseca da Vítima –
“Primeira Vitimologia” Noção de “Vítima Nata”
• Precipitação
• Vulnerabilidade diferencial ao
Questão central: Etiologia
crime
• Estudo do Papel da Vítima na
precipitação do ato criminal
• Teoria dos estilos de vida
“Segunda Vitimologia” • Compreensão das dinâmicas da
Vitimação
• Reconhecimento das
Questão central: Apoio/Clínica consequências psicossociais da
vitimação
• Vitimologia “Humanitária”
• Apoio às vítimas
• Apelo à investigação científica
“Terceira Vitimologia” nesta área
• Apelo ao reconhecimento do
Questão central: Cientificidade estatuto da vítima na
investigação criminal (…)
• Questão da vitimação secundária

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Direitos das vítimas de crime


Às vítimas de crimes é reconhecido um
conjunto de direitos, que estas podem
exercer de forma a suprirem as suas
necessidades e defenderem os seus
interesses e expectativas.
Estes direitos estão previstos não apenas nas
leis nacionais mas também em instrumentos
jurídicos internacionais, como a Diretiva da
União Europeia que estabelece conteúdos
mínimos em matéria de direitos, apoio e
proteção às vítimas de crimes.

Direitos das Vítimas de Crime


• Direito à informação • Direito a compensação pela
participação
• Direito de receber comprovativo de no processo e ao reembolso de
denúncia despesas
• Direito à tradução • Direito à restituição de bens
• Direito de acesso a serviços de • Direito à indemnização
apoio à vítima
• Direito à proteção
• Direito de ser ouvida
• Direitos das vítimas
• Direitos em caso de não acusação com necessidades especiais de
do suspeito proteção
• Direito à mediação • Direitos de quem é vítima num
• Direito à informação e proteção país
jurídica da união europeia que não o da
sua residência

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Informação sobre direitos


A partir do momento em que tem o primeiro contacto com uma autoridade, seja
o Ministério Público ou a polícia, a vítima tem o direito de ser informada sobre os
seguintes aspetos:

Que tipos de apoio pode obter e quem os pode prestar, designadamente assistência
médica, acompanhamento psicológico, apoio especializado e, sempre que se justifique,
acolhimento;

Como e onde apresentar queixa ou denunciar um crime;

Como e em que condições pode obter proteção;

De que modo pode obter aconselhamento jurídico e apoio judiciário;

Como e em que condições pode obter uma indemnização do indivíduo que praticou o
crime;

Nos casos de crimes violentos ou de violência doméstica, como e em que condições pode
obter uma indemnização do Estado;

(http://www.infovitimas.pt)

Informação sobre direitos


Como pode beneficiar de serviços de interpretação e tradução;

No caso de a vítima não residir em Portugal, que procedimentos especiais


existem para que ela possa defender os seus interesses no nosso país;

Como reclamar no caso de os seus direitos não serem respeitados pelas


autoridades;

Contactos das autoridades que a vítima deve utilizar para transmitir ou


pedir informações sobre o processo;

Que serviços de mediação estão disponíveis;

Como e em que condições pode ser reembolsada das despesas que


resultem da sua participação no processo.

Estas informações podem variar de acordo com as necessidades específicas


e as circunstâncias pessoais da vítima e com o tipo de crime.
Informações adicionais podem ser prestadas noutros momentos do
processo.

(http://www.infovitimas.pt)

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Síntese
1. Questões conceptuais e teóricas de base
2. Percursos da Vitimologia
3. Perfis de Vitimação
4. Teorias associadas à Vitimologia
5. A vitima na Atualidade
6. O papel do Direito e da Justiça na proteção
da vítima

PÓS-GRADUAÇÃO EM
EM CIÊNCIAS FORENSES, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E
COMPORTAMENTO DESVIANTE

• Vitimologia - conceitos introdutórios


• O papel do Direito e da Justiça na
• proteção da vítima

Paulo Pinto
paulopinto@criap.com

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