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Domicílio. Bens.
Negócios jurídicos: conceito. Representação. Condição. Termo. Encargo. Defeitos.
Invalidade. Atos jurídicos lícitos e ilícitos
ESTADO E DOMICÍLIO
1. ESTADO
Trata-se da soma das qualificações jurídicas da pessoa na sociedade – situaçãoo
jurídica resultante de qualidade da pessoa.
Aspectos:
o Estado individual – aspectos da constituiçãoo orgânica, que afetam a
capacidade civil
o Estado famliar – situação na família – matrimônio, filiaçãoo
o Estado político – posição política na sociedade: nacional, estrangeiro
Caracteres:
i) Indivisibilidade – não é possível possuir mais de um estado – é uno e indivisível.
Exceção é a dupla nacionalidade.
ii) Indisponibilidade – por ser reflexo da personalidade;
iii) Imprescritibilidade – nasce com a pessoa, e com ela desaparece.
2. DOMICÍLIO
Local; escolhido ou determinado por lei onde as pessoas podem ser
ENCONTRADAS PARA RESPONDER POR SUAS OBRIGAÇÕES – é a sede jurídica
da pessoa.
a) morada – é o lugar onde a pessoa se estabelece temporariamente; exemplo: morar
em Salvador por 06 meses, é passageiro;
Domicílio aparente ou ocasional (art. 73) – essa teoria foi desenvolvida por
HENRI DE PAGE (civilista belga). Criado por ficção da lei em face de pessoas
que não tenham residência habitual; será seu domicílio o local em que se
encontrarem. EXEMPLO: andarilhos, pessoas que trabalham no circo.
O artigo 100 do CPC trata dessa questão afirmando que será competente o foro do
local no qual a pessoa jurídica tenha celebrado relações jurídicas com autonomia.
Domicílio da pessoa jurídica – pode ser livremente eleito – não o sendo, será
o local da diretoria/administração
L cf. STF 363 – pode ser demandada no domicílio da agente que
praticou o ato
L sede no estrangeiro – estabelecimento brasileiro onde foram
contraídas
1 NOÇÕES GERAIS
Atentando-se para a divisão do direito subjetivo, os bens são: objeto do direito. Tanto
o significado semântico quanto o jurídico coincidem, ou seja, bem é o INTERESSE
JURIDICAMENTE TUTELADO PELA NORMA, é o que o titular do direito quer
alcançar. Todos os autores fazem uma bagunça na conceituação de bens. Existem duas
posições solidificadas que distinguem coisa de bem:
1ª corrente coisa – tudo que está externo ao homem bem – tudo que é jurídico; que
tenha valoração econômica e que pode ser apropriado
CRÍTICA: não há como enquadrar os não patrimoniais no conceito de
bem (direito à vida, à integridade física).
2ª corrente BEM – é gênero. Tudo que possa estar na relação jurídica como
objeto, tendo ou não valor econômico. coisa – é espécie, sendo bem que tem valor
econômico.
Crítica: as coisas fora de comércio não têm valor econômico e fala-se
mesmo assim em coisa. (TRF1: lua e estrelas são coisas, mas não
são bens, porque insuscetíveis de apropriação)
Essa corrente foi adotada pelo novo CC/02, que traz somente o conceito de bens e
as coisas como as dotadas de valor econômico. Godoy: o novo CC acabou com essa
celeuma jurídica e passou a utilizar a terminologia única de BENS, assim, essa discussão
está superada (posição de Washington de Barros Monteiro – a qual acho mais
adequada).(TRF1)
2.2 PRODUTOS
Produtos – utilidades que o bem principal produz, cuja EXTRAÇÃO PREJUDICA A
SUA SUBSTÂNCIA.
Não têm periodicidade. Ex.: extração mineral (minério de ferro em relação ao solo). NÃO
RENOVÁVEIS
2.3. PERTENÇAS
Pertenças: são pertenças os bens que se destinam de modo duradouro ao
uso ou serviço ou embelezamento de outro bem SEM QUE DESSAS
SEJAM PARTES INTEGRANTES (Orlando Gomes), ou seja, não são
partes integrantes, mas agregam algo ao bem principal, condicionando a
caracterização do bem principal, mas que não perdem a sua
individualidade. É o que ocorre com BENS MOVEIS INCORPORADOS
A UM IMÓVEL PELO PROPRIETÁRIO. É uma acessão intelectual. Ex:
o trator da fazenda, os quadros de uma casa.
Como já dito, NÃO segue o principal, SALVO nos casos previstos no artigo 94:
Determinação da LEI
Manifestação de VONTADE
CIRCUNSTÂNCIA do caso: típico caso de boa-fé objetiva; exemplo:
verificar o carro e ver o eqüalizador, o que agrada muito o comprador; o
vendedor não fala nada de que ele não irá com o bem principal; fica claro
que o vendedor não poderá, depois de concretizada a venda, querer retirar o
bem sob a alegação de que a pertença não segue o principal. (arts. 93 e 94)
Diferença face às partes integrantes – as pertenças não perdem sua individualidade por
acessorizar a coisa principal. Já as PARTES INTEGRANTES são bens que, unidos a
um principal, formam com ele um todo, perdendo sua aexistência material própria,
embora mantenham sua identidade (passam a ser parte integrante do bem principal).
2.4. BENFEITORIAS
Benfeitorias (artigo 96) – obras realizadas pelo homem em um bem que já existe, com
o propósito de conservá-lo, melhorá-lo, ou embelezá-lo. Ex: construir uma casa em um
terreno não é benfeitoria, é acessão; aumentar a garagem de uma casa é benfeitoria.
têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore (§ 3o.) situações
Necessárias
emergenciais
facilitam o uso da coisa, ou seja, as que aumentam ou facilitam o uso do
Úteis
bem (§ 2o.).
são de mero embelezamento ou deleite, que não aumentam o uso habitual
Voluptuárias do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor (§
1o.).
DIREITO DE DIREITO DE
DIREITO DE LEVANTAR
RETENÇÃO INDENIZAÇÃO
Pelas voluptuárias, se não trouxer
Pelas
Pelas benfeitorias prejuízo para a substância do bem.
POSSUIDOR benfeitorias
necessárias e Salvo se o novo possuidor quiser
DE BOA-FÉ necessárias e
úteis indenizar o seu valor para mantê-las
úteis
no bem principal
POSSUIDOR
- benfeitorias -
DE MÁ-FÉ
Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
BEM DE FAMÍLIA
BEM DE FAMÍLIA
REGRA:
Se o indivíduo for devedor de pensão alimentícia, o bem de família
que a ele pertencer poderá ser penhorado para pagar a dívida.
RESSALVA:
Se o(a) devedor(a) for casado(a) ou viver em união estável e seu
cônjuge ou companheiro(a) também for proprietário do bem de
família, deverá ser respeitada a parte do imóvel que pertencer a
esse cônjuge ou companheiro.
Ex: João e Maria são casados; Lucas (neto do casal) ajuizou ação
de alimentos contra eles, sendo a sentença procedente; assim,
ambos são devedores de pensão alimentícia em favor do neto;
caso não paguem a dívida, a casa em que moram poderá ser
penhorada e o dinheiro obtido com a alienação poderá ser
inteiramente utilizado para pagamento do débito.
Conceito
O bem de família voluntário, regulado pelos arts. 1711 e ss. do CC/02, é aquele
instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou de terceiro, mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis (art.167, I, “1”, da LRP).
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante
escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo
da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do
imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de
família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato
da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da
entidade familiar beneficiada.
A regra é que o bem de família possui uma inalienalibilidade relativa, isto porque
não se pode, em regra, vendê-lo. Ocorre quem em situações justificadas, ouvidos os
interessados e o MP, ele poderá ser vendido.
Dois aspectos inovadores do bem de família voluntário devem ser realçados:
a) O seu valor não poderá ultrapassar o teto de 1/3 (um terço) do patrimônio
líquido dos seus instituidores.
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante
escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio LÍQUIDO existente ao tempo
da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do
imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Por este artigo, vê-se que o bem de família voluntário será um prédio residencial,
urbano ou rural. Mas o NCC inovou dizendo que, ao se instituir o bem de família, pode-se
vincular à ele um rendimento que servirá para conservá-lo. Ex: o casal institui o bem de
família voluntário de um imóvel. Este casal possui 100 mil reais aplicados numa caderneta
de poupança. Por este art. 1712, permite-se que, no Cartório vincule-se o rendimento desta
poupança ao imóvel instituído do bem de família. Deve-se atentar que este valor não pode
ultrapassar 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores.
Por esta regra, você acaba blindando o imóvel e a renda. Repare que a renda se
tornará impenhorável.
Outra situação: Imagine um casal com casa própria, mas que está em dificuldade
financeira. Eles saem do imóvel, alugando-o, vindo a morar na casa dos pais. Esta
renda de aluguel poderá ser protegida pelo bem de família?
Situação diversa é aquela em que o imóvel residencial é alugado para que a família
sobreviva mediante percepção da renda do aluguel. Em tal caso, é firme a jurisprudência
do STJ (REsp. 439.920/SP, AgRg. no REsp.975.858/SP), especialmente calcada nas
normas do bem de família legal, no sentido de proteger a renda, por entendê-la
impenhorável.
Atenção: ler os arts. 1720 (administração do bem de família voluntário) e arts. 1721
e 1722 (extinção do bem de família voluntário).
EXTINGUE-se com a morte dos cônjuges E a maoriodade dos filhos, desde que não
sujeitos a curatela.
O STJ editou a súmula 205 para admitir a aplicação da lei 8.009/90 a penhoras
realizadas antes mesmo de sua vigência: Súmula 205, STJ: “a lei n. 8.009/90 APLICA-
SE À PENHORA REALIZADA ANTES DE SUA VIGÊNCIA”.
Na prática, inúmeras são as vantagens do bem de família legal, razão por que
poucas são as situações em que o bem de família voluntário afigura-se mais útil, a
exemplo do que dispõe o parágrafo único do art. 5º, da lei 8.009/90.
Portanto, pela dicção do parágrafo único do art.1º, a proteção é ampla, já que atinge
não só o imóvel como um todo, mas as construções, as plantações, as benfeitorias de
qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive de uso profissional, bem como
os moveis que guarnecem a casa.
Vale lembrar, ainda, que a proteção legal abrange inclusive os bem móveis
quitados que guarnecem a residência no caso de imóvel locado (art. 2º da lei n.8009/90):
Ademais, entende-se que estas exceções do art. 3º, podem ser aplicadas ao bem de
família voluntário. Academicamente, onde há a mesma razão, deve haver o mesmo direito.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra
natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria
residência e das RESPECTIVAS CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato;
III - pelo credor de pensão alimentícia;
IV - PARA COBRANÇA DE IMPOSTOS, PREDIAL OU
TERRITORIAL, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS EM
FUNÇÃO DO IMÓVEL FAMILIAR;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para
execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato
de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)
III – se o processo for movido pelo credor de pensão alimentícia. Esta é uma
situação muito importante. Se o processo for movido em decorrência de pensão
alimentícia atrasada, pode-se penhorar o imóvel do devedor, vez que não há proteção do
bem de família para este caso.
V – se o processo for movido para executar hipoteca sobre imóvel oferecido como
garantia real. Isto ocorre quando o casal voluntariamente dá o imóvel em hipoteca e
depois não paga. Neste caso, não haverá a proteção do bem de família. Isso poderia gerar
fraude, ferindo, inclusive, a regra do “venire contra factum proprium”.
No que se refere ao inciso V do art. 3º, o STJ entende, de fato, não haver a proteção
do bem de família se o imóvel foi voluntariamente dado em garantia hipotecária (Ag.Rg
no Ag. 1.152.734/SP, Ag.Rg. no AREsp. 72620/DF, de dezembro de 2011.). ‘É possível
penhorar o bem de família quando o casal deu em garantia hipotecaria. Todavia, o mesmo
Tribunal tem entendido que a mera indicação do bem na penhora admite que
posteriormente o devedor alegue a proteção do bem de família’ (Ag.Rg. no REsp.
813.546/DF e REsp. 875.687/RS).
VII – não haverá proteção do bem de família se o processo for movido para
cobrança de fiança LOCATÍCIA. Repare que não é qualquer fiança, mas é fiança
decorrente da lei de locação.
De acordo com essa exceção, o fiador de bem de família não tem bem de família.
Como assim? Se ele for fiador, não poderá alegar, em uma eventual execução, que o seu
próprio bem é bem de família.
Tudo o que extrapola a liberdade de negociação das partes é sancionado como inválido ou
ineficaz pelo ordenamento.
Finalidade negocial – manifestaçãoo da vontade tem uma finalidade negocial nos
negócios jurídicos: adquirir, modiicar, conservar ou extinguir direitos.
Observe-se que enquanto o Código Civil adotava a teoria unitária do ato jurídico (sistema
francês), não fazendo distinção entre o ato e o negócio jurídico, o Código Civil de 2002
adotou a teoria dualista (sistema alemão), distinguindo, explicitamente, os atos jurídicos
stricto sensu dos negócios jurídicos, dada a autonomia conceitual de cada espécie.
O NCC, ao contrário do negócio jurídico (arts. 104 a 184), não tratou
especificamente do ato jurídico em sentido estrito, dispondo em seu art. 185 que “Aos atos
jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as
disposições do Título anterior”.
QUADRO-RESUMO:
FATO NÃO JURÍDICO : Sem conseqüência jurídica
FATO JURÍDICO INVOLUNTÁRIO: Não
Com conseqüência provocado
jurídicaTodo acontecimento voluntariamente pelo
natural ou humano que homem
FATO
determina a produção de
Qualquer acontecimento da
efeitos na órbita jurídica, ou VOLUNTÁRIO
vida (voluntário ou natural)
seja, tem conseqüência
jurídica. Acontecimento ATO JURÍDICO EM
hábil a modificar, criar ou SENTIDO AMPLO
extinguir direitos. Que seja Conduta humana
relevante para o Direito
Observações à tabela acima:
a) Quanto à extensão
Título singular – bens determinados
Título universal – totalidade de direitos (p.ex. herançaa)
e) Quanto às formalidades
Solenes – forma é condição de validade do NJ
Não solenes – NJ de forma livre
Atualmente o ordenamento quer saber a função do negócio jurídico (para que? por
que? finalidade?), qual o seu interesse prático para a sociedade.
O negócio jurídico é o instrumento por meio do qual se exerce a autonomia privada. Mas,
além, de sua faceta de autonomia contratual (CF 150), se reconhece a autonomia existencial
(CF 1, III), que autoriza negócios jurídicos de natureza extrapatrimonial no intuito de
desenvolver livremente a sua própria personalidade.
RESERVA MENTAL - ocorre quando um dos declarantes oculta a sua real intenção
– quando não quer um efeito jurídico que declara querer – objetivo é enganar;
L caso desconhecida do outro – é irrelevante
L caso conhecida – cf. o CC é caso de ausência de vontade – o que acarreta
a inexistência do NJ – cf. doutrina é causa de mera nulidade por simulaçãoo
d) Forma - Para existir, além de manifestação de vontade, agente e objeto, todo negócio
tem que ter uma forma. Aí vem o problema.
A forma é o meio pelo qual a vontade se manifesta. Vicente Ráo diz que a forma é
o revestimento externo da vontade. Mas repare que a forma não é igual a manifestação de
vontade, mas sim, uma forma de manifestação da vontade. Ex: Forma escrita, forma verbal
etc.
A forma mímica também é aceita (ex: gesto de parada do ônibus, que é uma forma
de aceitação de contrato de prestação de transporte. O pagamento é a execução deste
contrato, mas o gesto mímico é uma forma de aceitação do contrato).
O requisito existencial da forma sofre uma mitigação. Qual seria ela? O silêncio.
Seguindo sistemas estrangeiros, como o Belga, o Francês, o Alemão e o Suíço, o direito
brasileiro, em situações excepcionais (art.111 do Código Civil), aceita o silêncio como
forma de manifestação da vontade.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a
declaração de vontade expressa.
Na doação pura, por exemplo, se houver um prazo para o donatário aceitar ou não a
doação e ele não se manifestar, este silencio traduz uma forma de aceitação.
Viu-se que todo negócio para existir depende de uma forma. Mas será que por
exceção, o silêncio poderia repercutir no campo do direito civil? O professor não vai
responder isso hoje (só na próxima aula). E vai fechar a aula, mostrando que a forma é
requisito de existência do negócio. O negócio para existir precisa de manifestação de
vontade, agente, objeto e forma. A forma, pressuposto de existência não pode ser
confundida com o que se chama de forma prescrita em lei. Se a pessoa vender seu imóvel
de valor superior a 30 salários mínimos, a forma, como pressuposto de validade, é a
prescrita em lei (escritura pública). Não se pode confundir a forma, requisito de existência,
com a prescrita em lei, requisito de validade.
Invalidade é uma sanção ao negócio jurídico que ingressa no mundo jurídico de forma
defeituosa.
A invalidade é genética, os negócios jurídicos nascem com este vício, são originárias. Não
existe invalidade superveniente.
Requisitos de existência
o Gerais – uma manifestação exterior de uma vontade. Pode ser:
a) Vontade LIVRE e de BOA-FÉ;
b) Agente CAPAZ;
c) Objeto LÍCITO (não atenta contra a lei, o que difere da impossibilidade
jurídica), POSSÍVEL (impossibilidade física deve ser absoluta;
impossibilidade jurídica é o não reconhecimento pelo ordenamento de algo
como objeto de negociação) e DETERMINADO (DETERMINÁVEL,
suscetível de determinaçãoo no momento da execuçãoo)
Isso significa que se vender um apartamento de 500 mil reais, deve-se lavrar escritura
pública. Se não observar isso, o negócio é inválido porque o negócio é solene, exige forma
publica como requisito de validade.
Pegadinha dentro do art. 108: “não disposto a lei em contrário”. Há situações em que
o próprio ordenamento jurídico admite mesmo no negócio jurídico imobiliário acima de 30
salários, que a forma seja particular.
Então, negócio que tem valor superior a 10 salários mínimos exige forma escrita
para efeito de prova.
EU(Rodrigo): creio que a tese adotada pelo NCC foi a TEORIA DA CONFIANÇA
que prevê, em síntese, o dever de sempre tentar buscar a vontade real (interna), mas tal
busca somente pode ter como ponto de partida a declaração de vontade, pois é a
declaração de vontade que gera na parte a confiança necessária para a celebração do
NJ.
Sendo assim, é a declaração o ponto de partida para qualquer busca da vontade
interna (ou seja, seria inadmissível alegar que a vontade interna não tem qualquer relação
com a declaração de vontade). (art. 113)
1 Art. 1561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento em relação a estes
como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
Entendimento predominante: sempre deve ser feita a interpretação com os aspectos
subjetivos, não dando certo, parte-se para os aspectos objetivos, (Godoy discorda, acredita
que as duas formas de interpretação devem coexistir). (art. 114, cc)
9. RESERVA MENTAL
Parte da doutrina entende que é um vício do negócio jurídico (artigo 110). É uma
proposital divergência entre a vontade interna e a vontade declarada, assim, o
indivíduo reserva mentalmente o que quer, a manifestação da vontade não coincide com a
real vontade do sujeito. Ressalte-se que o CC fala que o negócio jurídico é válido
(SUBISTE).
Não se trata de dolo porque não obriga ninguém a celebrar o negócio jurídico, ou
seja, não há ninguém induzido a erro. Existem duas pessoas celebrando um negócio
jurídico e UMA delas manifesta algo diferente do que realmente quer. Está no plano da
manifestação da vontade. Se a RESERVA MENTAL não for conhecida do destinatário,
ela não tem relevância. Somente terá relevância se for do conhecimento do
destinatário. Se a outra parte aderir, poderá haver a simulação.
Exemplo 01: casamento para regularização em país estrangeiro, sendo que um
dos cônjuges não sabia dessa intenção, assim, o casamento é válido, mas se os dois
sabiam, haveria invalidade do ato (não é simulação, porque para isso teria que haver a
intenção das duas partes).
Exemplo 02: promessa de reversão de parte da renda para filantropia, com a verdadeira
intenção de lucrar.
Plano da eficácia
“Escada Ponteana”
Plano da Validade
Plano da Existência
Exemplo: É possível ter um negócio que existe, é inválido, mas tem eficácia, como
acontece, por exemplo, com um contrato anulável pela lesão. Neste caso, antes da
propositura da ação anulatória, ele existe, é inválido, mas está gerando efeitos entre as
partes.
Os elementos acidentais que, em regra, estão no plano da eficácia, são tratados pelo
CC pelos arts. 121 a 137. São eles: condição, termo e encargo (ou modo).
4.3.1.1. CONDIÇÃO
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for
maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer,
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a
quem aproveita o seu implemento.
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido
praticar os atos destinados a conservá-lo.
Condição é elemento acidental do negócio jurídico que relaciona os seus efeitos a evento
FUTURO e INCERTO.
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do
negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Dica: quando se tem a condição, deverá aparecer a conjunção “se” ou
“enquanto”. Exemplo: “Dou-lhe um carro se você for até Aparecida do Norte de
bicicleta”. “Dou-lhe uma renda de X reais por mês enquanto você estudar para concurso”.
Isso nada mais é do que uma condição de eficácia do negócio jurídico. A doação do carro
somente ocorrerá se o sujeito for até Aparecida do Norte de bicicleta. Já no segundo
exemplo, enquanto o sujeito estudar para concurso, ele receberá a renda mensal, já que
aquela foi a condição imposta para recebe-la.
Classificações da condição
Condição lícita é aquela não contrária à lei, a ordem pública e aos bons costumes.
Condições perplexas são aquelas que tiram o efeito do negócio jurídico. Exemplo:
“Dou-lhe um carro se você vencer o jogo de futebol no domingo, mas você não pode jogar
pelo time vencedor”. Essa é uma condição perplexa, já que ela tira por completo o efeito do
negócio jurídico, uma vez que se trata de algo IMPOSSÍVEL.
Condição possível é aquela que pode ser realizada no plano físico e jurídico. Exemplo:
“dou-lhe um carro se você for até a Europa”.
Condição impossível é aquela que não pode ser realizada, tanto no plano físico quanto
no plano jurídico. Exemplo: “Dou-lhe um carro se você for até marte”.
IMPOSSIBILIDADE DEVE SER OBJETIVA
Entretanto, quando RESOLUTIVAS, elas são tidas como não escritas (princípio da
conservação do negócio jurídico). É o que se extrai da combinação do art. 123, I c/c
art.124, do CC:
c) Quanto à origem
Condição causal (ou casual) é aquela que decorre da natureza. Exemplo: “dou-lhe um
carro se chover amanha”.
O melhor exemplo de venda a contento e venda sujeita à prova ocorre no caso dos
vinhos. O garçom chega à mesa e serve o vinho, esperando o cliente toma-lo. Enquanto o
sujeito não aprovar que o vinho é bom, estaremos diante de uma condição suspensiva. No
entanto, se o sujeito rejeita o vinho, haverá condição resolutiva. Ele pode rejeitar o vinho e
mandar trocá-lo? Sim, desde que haja boa fé do cliente.
Portanto, na venda a contento e na venda sujeita a prova, temos as duas condições
(suspensiva e resolutiva). Só para ficar claro: qual a diferença entre venda a contento e
venda sujeita a prova? Quando não se conhece a coisa ainda, a venda é a contento (ou ad
gustum). Quando se conhece a coisa, a venda é sujeita a prova.
Outro detalhe importante: a condição resolutiva não suspende a aquisição e nem o
exercício do direito. Ou seja, o negócio jurídico vigora. Basta lembrar-se do exemplo da
renda enquanto estiver estudando.
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não
realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde
a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Já nos “NEGÓCIOS CONTINUADOS”, a condição resolutiva não gera
extinção dos atos anteriores. Trata-se, portanto, do princípio da conservação do negócio
jurídico (art. 128):
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para
todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um
negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização,
salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos
já praticados, desde que compatíveis com a natureza da
condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Exemplo: Sujeito está no restaurante e pede uma garrafa de vinho. Depois pede a
segunda, a terceira, só que na quarta garrafa, ele rejeita. Obviamente que a rejeição desta
quarta garrafa não vai prejudicar a compra dos vinhos anteriores.
O mesmo acontece no caso de condição resolutiva em caso de pagamento de
prestações. Se houver uma condição resolutiva de algum pagamento, obviamente que isso
não prejudicará os pagamentos anteriores que já foram feitos, salvo, é claro, se houver má-
fé, ou seja contrário à ordem pública etc. Portanto, quando se arguir a condição resolutiva
de um pagamento em contrato continuado, não gera a extinção do pagamento das parcelas
anteriores, já que haverá a conservação do negócio jurídico.
4.3.1.2. TERMO
Termos é o elemento acidental do negócio jurídico que relaciona a sua eficácia a
evento FUTURO e CERTO. Aqui aparecerá a conjunção “quando”. Exemplo: quando
começa (termo inicial do contrato), quando termina (termo final do contrato).
Prazo é o lapso temporal entre o termo inicial (dies a quo) e o termo final (dies ad
quem). Se meu contrato começa dia 11.05.12 e termina em 11.05.14, o prazo será de 02
anos.
Segundo dispõe o art. 135 do Código Civil, quanto ao termo inicial deve-se
aplicar as regras da condição suspensiva.
Já quanto ao termo final, deve-se aplicar as regras da condição resolutiva. Mas isso é
regra geral, havendo, entretanto, exceções.
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as
disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
Atenção: O termo inicial – AO CONTRÁRIO DA CONDIÇÃO SUSPENSIVA -
não suspende a aquisição do direito, mas apenas o seu exercício.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a
aquisição do direito.
Classificações do Termo
a) Quanto à origem
Termo legal é aquele que decorre da lei. Exemplo: Caso do mandato legal – o
termo inicial do compromisso do inventariante ocorre quando ele assume o
compromisso, quando assume o mandato imposto pela lei. O termo final
ocorre quando termina a inventariança.
Termo convencional é aquele que decorre da vontade / acordo das partes. É o
contrato.
b) Quanto à certeza
Termo certo/determinado: é possível saber o que ocorrerá e quando ocorrerá.
Exemplo: fim de um contrato.
As conjunções que aparecem aqui são: “para que” e “com o fim de”. Exemplo de
Clóvis Beviláqua: “Dou-lhe um terreno para que você construa em parte dele um asilo”.
Nesse caso, o donatário já recebe o terreno, até porque ele precisa recebê-lo para construir
o asilo.
Agora, se, por exemplo: “Dou-lhe um terreno se você construí uma pista de pouso
para avião e OVNI”. Neste caso, em relação à parte final (para OVNI) é considerada como
não escrita.
Este quadro é o que mais cai em concurso público sobre o tema. Decorar!
1.LIINHAS GERAIS
NJ válido exige declaração de vontade livre e espontânea – defeito na sua formação
ou manifestação acarreta vício que o torna anulável
2. DEFEITOS EM ESPÉCIE
Espécies de erro
o Erro acidental – refere-se a qualidades secundárias do objeto ou pessoa – não
acarretam efetivo prejuízo – NJ seria realizado mesmo que bem
representada a realidade – p.ex. erro de cálculo
São espécies:
a) erro sobre a natureza do negócio (in negocio) – agente supõe estar
celebrando negócio jurídico diverso;
b) erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore) incide sobre a
identidade do objeto – manifestação recai sobre objeto diverso do que
queria o agente (quer a casa de campo, aluga a da cidade);
c) erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto – suposiçãoo de que
o objeto possui determinada qualidade que, posteriormente se verifica
inexistir (p.ex. pensa que o relógio é de ouro maciço, mas é folheado)
d) erro quanto à identidade ou qualidade da pessoa – referente a NJ intuitu
personae – deve influir de modo relevante na escolha (p.ex. doação ao
salvador do doador)
L erro somente essencial quando não se puder identificar a pessoa ou
coisa cogitada
Art. 141. A TRANSMISSÃO ERRÔNEA DA VONTADE por meios interpostos é ANULÁVEL NOS
MESMOS CASOS EM QUE O É A DECLARAÇÃO DIRETA.
2.2. DOLO
Conceito – artifício ou expediente astucioso empregado PARA INDUZIR ALGUÉM
À PRATICA DE ATO QUE O PREJUDICA, e aproveita ao autor do dolo, ou a
terceiro.
Difere do erro, em que a vítima se engana sozinha; difere da fraude, que se consuma sem
participação pessoal do lesado; difere da simulação, em que a vítima não participa
Espécies de dolo:
a) dolo principal – causa determinante da declaração de vontade – vicia o NJ
b) dolo acidental – NJ seria realizado mesmo a despeito, embora por outro modo –
não vicia, mas obriga ao pagamento de perdas e danos;
c) dolus bonus – tolerável – é o exagero das qualidades das mercadorias vendidas –
não pode induzir a erro;
d) dolus malus – grave – exercido com o propósito de ludibriar e prejudicar;
L cabe ao juiz dinstigui-los
e) dolo positivo (comissivo) e negativo (omissivo) – praticados por ação ou
omissão – legislador equiparou;
f) dolo de terceiro – somente enseja anulação se a parte que se aproveite tenha ou
dele devesse ter conhecimento;
g) dolo do representante – não é considerado terceiro – representado responde
solidariamente por ter criado um risco com a concretação – se a representação por
legal a responsabilidade do representado se limita ao proveito;
2.3. COAÇÃO
Espécies de coação:
o Absoluta (física) – inocorre consentimento ou manifestação da vontade –
hipótese de inexistência
o Relativa (moral) – vítima escolhe entre praticar o ato ou correr o risco de
concretização da ameaça – vício de vontade – coação psicológica
o Principal – coação é a causa determinante
o Acidental – influencia apenas as condições da avença
Requisitos –
3.i) deve ser a causa determinante do ato ou negócio;
3.ii) deve ser grave a coação – auferida a gravidade por um critério cocnreto –
condições particulares ou pessoais da vítima (sexo, idade, saúde, etc). NÃO
BASTA O TERMO REVERENCIAL, DESACOMPANHADO DE
AMEAÇA OU VIOLÊNCIA
3.iii) injustiçaa – não é ameaça o bexercício regular de um direiot – p.ex. protesto
do título
3.iv) ameaça deve ser referente a dano atual ou iminente – possível e inevitável
3.v) ameaça deve ser de prejuízo a pessoas ou bens da família – conceito aberto
– caso não pretença à família o uiz decidirá
EDP e Estado de necessidade – o EDP não exige que não haja auto-causação /
inevitabilidade
Elementos do EDP:
a) uma situação de necessidade;
b) iminência de dano atual e grave – sem tempo/condições de evita-lo
c) nexo de causalidade entre a declração e o perigo – é a causa determinante
- dano não precisa ser conreto, basta a suposição e o conhecimento da
suposição pela outra parte
- não precisa ser inevitável, basta que limite gravemente a liverdade
- pode ter sido provocado pela própria pessoa
d) incidência da ameaça sobre a pessoa ou alguém que lhe inspire afeto;
e) conhecimento do perigo pela outra parte;
f) que a obrigaçãoo seja execessivamente onerosa
Sem dúvida, a aplicação do presente instituto, que salvaguarda valores sociais, é nítida na
hipótese da espúria exigência de cheque caução ou garantia assemelhada, como condição para o
tratamento médico emergencial. O estado de perigo, pois, é fundamento legítimo para invalidação do ato
negocial praticado nessas circunstâncias (REsp. 796.739/MT, REsp 918.392/RN, Resolução Normativa
n.44/2003 da ANS).
2.5. LESÃO
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional
ao valor da prestação oposta.
A lesão não se confunde com o estado de perigo, isso porque o estado de perigo é um vício de
aplicação específica para situações de necessidade que ponham em risco valores existenciais
fundamentais como a VIDA e a SAÚDE.
Características:
A parte conhece a desproporção dos valores (difere do erro)
Contraparte não causa, mas se aproveita da situação (difere do dolo)
Risco de dano é PATRIMONIAL e não de vida como no EDP
Elementos
Objetivo - manifesta DESPROPORÇÃOO
Subjetivo – INEXPERIÊNCIA ou premente necessidade PATRIMONIAL (p.ex.
falência iminente)
L Dolo de aproveitamento é a intenção de explorar, de se aproveitar intenção de prejudicar
não é necessária
“Emptio spei”: dentro dessa modalidade de negócio aleatório, o contratante corre o risco de não
receber prestação alguma. É a compra de uma esperança, quando o comprador assume o risco da
existência da coisa. Ex: pago cinqüenta reais a um pescador pelo que ele trouxer no barco ao final do dia; a
depender da quantidade de peixe capturado, o comprador ou o pescador sairá ganhando, mas mesmo que
não venha nada, o preço continua devido, 458; outros exemplos: colheita de uma fazenda, tesouros de um
navio afundado, ninhada de uma cadela etc.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o
outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de
sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
“Emptio rei speratae”: o contrato para ser exigível pressupõe um mínimo de objeto da prestação.
Aqui o risco é na quantidade; então, se não vier nada ou se nada for produzido, o preço não será devido.
(parág. único do art. 459).
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá
também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à
esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
A lesão caracteriza-se por uma desproporção que NASCE COM O PRÓPRIO NEGÓCIO,
justificando a sua invalidade – presente no momento da celebração.
Ademais, aqui não se invalida nada: a imprevisão autoriza apenas a revisão ou a resolução do
negócio.
Na lesão há vício congênito. A parte vai a juízo, prova a necessidade e a inexperiência, aponta que
a lesão nasceu com o contrato e pede a invalidação. Na teoria da imprevisão não funciona assim. Essa
teoria faz valer a chamada cláusula rebus sic stantibus. Isso vem desde o Código Hamurabi em que havia
uma regra que é considerada precursora da teoria da imprevisão: “se o trigo não crescesse até uma
determinada época do ano, por ausência de chuvas, as partes deveriam modificar a tabula de contrato.” Na
imprevisão, o desequilíbrio é superveniente e nada se invalida. O negócio é realizado e resolvido.
A má-fé deve ser provada pelo credor, mas se presume também: quando
notória a insolvência, ou quando houver motivo para ser conhecida pelo
contratante (p.ex. parente; preço vil; venda de todos os bens; etc.)
Hipóteses legais
6.i) ato de transmissãoo gratuita de bens ou remissão de dívida - a fraude é
presumida, bastando, para a anulação, a comprovação do eventus damni
6.ii)atos de transmissãoo onerosa – exige-se prova do eventos damni e também do
consilium fraudis;
6.iii) pagamento antecipado de dívida – credor que receber fica obrigado a
repor ao acervo o que recebeu, desde ue não seja privilegiado
6.iv) concessão fraudulenta de garantias – são presumivelmente fraudulentas
as grantias de dívidas que o insolvente tiver dado a algum credor – anula-se só a
garantia – não se exige prova da má-fé
Legitimidade ativa –
a) credores quirografários – pois o patrimônio do devedor é sua única
garantia;
b) titular de crédito anterior à alienação
c) credor de garantia especial – caso insuficiente . Mesmo o credor
preferencial pode ajuizá-la. O credor real também, quando a
garantia real se tornar insuficiente.
Ao tratar da fraude o legislador optou por proteger o interesse do adquirente de boa-fé, de modo
que, se, como informa o enunciado, os adquirentes do imóvel fracionado ignoravam os defeitos
dos negócios que praticavam, não há como proceder à sua anulação.
Veja-se que no caso em que os subadquirentes tesjeam de boa-fé o NJ por eles
praticado não pode ser atingido, de modo que a anulação da primeira alienação não teria
um resultado útil para o credor.
Percebe-se que a anulação da primeira alienação não teria resultado útil para o credor, tendo em
vista que o bem, ora com terceiros de boa-fé, não poderia ser atingido. Em casos assim, segundo a
solução apresentada pelo STJ deve-se aplicar analogicamente o art. 182 do CC que determina que
nos casos de nulidade, não sendo possível a restituição das partes ao estado em que se achavam
antes do ato, deve-se determinar a indenização pelo equivalente. O que acarrente a
responsabilização do asegundo lienante perante o credor.
Prazo:
A AÇÃO PAULIANA sendo vício negocial possui PRAZO DECADENCIAL DE 4
ANOS, contados da data em que foi realizada a alienação:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se
a anulação do negócio jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
Fraude não ultimada – se o adquirente ainda não houver pago o preço, desobrigar-
se-á depositando o valor em juízo e citando os interessados: valor de mercado,
pode ser complementado se inferior.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção
de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
O bem protegido na ação pauliana será revertido para todos os demais credores.
BEM DE FAMÍLIA fica afastado, para não prestigiar a má-fé do devedor; o imóvel
que retornou ao acervo do devedor em decorrência da pauliana não pode ser
protegido pelo bem de família.
O credor deve provar também a scientia fraudis, ou seja, que o adquirente poderia ter
ciência da fraude.
A scientia fraudis pode ser notória - quando se compra m imóvel, mesmo que o alienante
esteja lotado de títulos protestados; ou presumida, quando o preço a alienação e dá a preço
vil ou quando quem compra o imóvel é um parente.
A sentença em uma "ação pauliana / decisão em petição atravessada" não anula o negócio
jurídico fraudulento, mas sim declara a sua inoponibilidade perante o credor. Ou seja, o
negócio fraudulento permanece válido, a transferência do bem permanece, mas se averba a
penhora do bem. Instaura-se uma responsabilidade patrimonial secundária (uma pessoa se
torna responsável pela dívida de outrem - como fiador, avalista...).
Características:
a) é incidente do processo (litispendência de ação cpaz de levar à
insolvência, ou contra isolvemte
b) litispendência considera a citaçãoo como marco, mas cf. STJ cabe ao
terceiro adquirente provar que que desconhecia a a’ão distribuída
(inversão do ônus) – o registro serve como prova da má-fé
Em certos casos cf. STF e STJ é reconhecida a fraude mesmo antes da
citação
Nulidade é uma sanção imposta pelo ordenamento aos negócios jurídicos cujos
elementos estruturais apresentam alguma desconformidade com os requisitos do
ordenamento, o que os torna passíveis de serem privados de seus efeitos jurídicos.
No Direio Civil, a simples desobediência da forma é ofensa à norma de ordem pública
que acarreta em nulidade. Não precisa haver prejuízo para o ato ser inválido, mas se
houver prejuízo, além da invalidação, haverá o dever de reparar os danos causados.
O negócio jurídico SÓ É NULO APÓS A DECLARAÇÃO JUDICIAL não há
nulidade de pleno direito. Excepcionalmente no direito administrativo a Administração pode
anular os seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais.
A nulidade pode ser alegada pelo MP, por qualquer interessado e até pelo juiz ex
officio OU PELA PESSOA QUE DEU CAUSA à nulidade.
Entretanto, conforme a Súmula 381 do STJ, nos contratos bancários o juiz não pode
apontar de ofício a abusividade de cláusulas. Ofende o art. 5º, XXXII da proteção ao
consumidor. Desde a ADI 2591/DF o STF fixou que contrato bancário é contrato de
consumo.
O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo (imprescritível/perpétua). A impossibilidade de sanação decorre
da gravidade do vício. Mas é possível a repetição do negócio jurídico nulo, com
efeito "ex nunc".
Para Caio Mário, em 10 anos o ato deve se consolidar em prol da garantia à
segurança jurídica das situações estabelecidas. Humberto Theodoro Jr. diz que às
vezes a nulidade prescreve, em outros não. O critério é saber se o ato já foi executado
(prescreverá) ou não (não prescreve).
2.ESPÉCIES DE NULIDADE
a) Absoluta – caso em que a inobservância de requisito legal que afeta interesse
social – há uma ofensa a preceito de ordem pública;
b) Relativa – vício que o atinge pode ser inquinado ou sanado;
c) Total – atinge todo o NJ;
d) Parcial – afeta parte do NJ – quando não prejudica a parte válida há separação
pelo princípio da conservação;
e) Textual – expressa na lei;
f) Implícita – deduzida.
É nulo o NJ quando:
a) Agente ABSOLUTAMENTE incapaz: incapacidade deve ser absoluta
b) For ilícito, impossível ou indeterminável o seu OBJETO
c) O motivo determinante, comum a AMBAS AS PARTES, for ilícito (se o motivo
permanecer na esfera pessoal do agente, não é causa de nulidade do negócio
jurídico).
Se só uma das partes visar motivo determinante ilícito não há
problema
PS (Rodrigo): há autores que diferenciam causa e motivo do negócio
jurídico. A causa seria a finalidade declarada do negócio, e o motivo o
conjunto de razões internas – pessoais – que levaram as partes à
celebração do NJ. Ou seja, o motivo, por ser interno, subjetivo, em
princípio não anularia o NJ se afeto à somente uma das partes. Caso seja
ilícito e COMUM A AMBAS AS PARTES, teria força para anulá-lo. A
causa é comum a todos os NJ da mesma espécie (ex.: causa de um
contrato de locação seria a transferência da posse mediante recebimento
do valor; causa de uma compra e venda é a transferência de propriedade
mediante pagamento do preço). Ela não interferiria na validade do NJ.
d) Não revestir a FORMA prescrita em lei. Exemplo: escritura pública de compra e
venda de imóveis com valor superior a 30 SM.
e) For PRETERIDA ALGUMA SOLENIDADE que a lei considere essencial para a
sua validade (é hipótese muito próxima da prevista no item anterior). EXEMPLO: o
casamento deve ser celebrado de portas abertas. Não deixa de ser hipótese de
inobservância de forma.
f) Tiver por OBJETIVO FRAUDAR LEI imperativa (difere da simulação, porque
aqui, o negócio é de verdade, mas viola lei imperativa, p. ex., querer vender lotes
sem atender aos requisitos legais, o sujeito começa a vender partes ideais, sem
obedecer à Lei de Parcelamento do Solo). Essa fraude à lei é muito genérica, ampla,
não há uma vítima específica, ocorre muito nos âmbitos do Direito Trabalhista e
Direito Tributário.
g) A lei TAXATIVAMENTE O DECLARAR NULO, ou proibir-lhe a prática
sem cominar sanção (parte final é novidade) (venda de ascendente para
descendente, no CC/02, é expressamente prevista como negócio ANULÁVEL).
h) O art. 167 contempla outra hipótese específica de nulidade: a SIMULAÇÃO,
caracterizada pela manifesta desconformidade entre a vontade declarada pelas
partes e a vontade concretamente pretendida por elas. Enfim, o desajuste entre
vontade real e a vontade afirmada negocialmente. Ressalte que no Código Civil
de 1916, ao contrário do CC/2002, a simulação era causa de anulabilidade.(a
simulação será tratada com mais detalhes adiante).
NULIDADES
Podem gerar EFEITOS INDIRETOS (p. ex. compra e venda nula não gera efeitos diretos
de compra e venda, mas pode justificar a posse do comprador)
Causas de anulabilidade
a) Negócio firmado por RELATIVAMENTE INCAPAZ SEM ASSISTÊNCIA;
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em
benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, SALVO se, neste caso, for
INDIVISÍVEL o objeto do direito ou da obrigação comum
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação,
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato
de obrigar-se, declarou-se maior.
O ato ou negócio jurídico anulável produzirá regulares efeitos até que lhe
sobrevenha decisão, no sentido de impedir que continuem se produzindo.
Efeitos da sentença anulatória - Os efeitos da sentença anulatória, segundo o art.177 do CC, são
inter partes (com exceção dos casos de indivisibilidade e solidariedade) e ex nunc (não retroativos).
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem
se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade.
Entretanto, alguns doutrinadores (minoritários) entendem que o art. 182 traz efeitos retroativos
(ex tunc), parciais, pois, anulado o negócio jurídico, as partes voltam ao estado anterior (Pablo Stolze,
Flávio Tartuce e Zeno Veloso).
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em
que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão
indenizadas com o equivalente.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, SEM
ESTABELECER PRAZO para pleitear-se a anulação, SERÁ ESTE DE
DOIS ANOS, a contar da data da conclusão do ato.
Neste caso, o prazo será de 02 anos quando a lei disser que um determinado ato é anulável,
porém, não estabelecer o prazo para se pleitear a anulação. Exemplo: hipótese prevista no art. 496 do
CC.
CARACTERÍSTICAS
NULIDADES ANULABILIDADES
Não há nulidades sem texto, sempre devem os casos estar previstos na lei.
Somente as partes podem alegar,
ou seja, somente aqueles que tenha
Qualquer pessoa interessada pode alegar, inclusive legítimo interesse jurídico na
o MP. propositura da ação anulatória
(artigo 177).
O MP não pode alegar.
Deve o juiz conhecer de ofício, independentemente
de alegação e de ser a discussão principal do
processo.
O juiz não pode conhecer de ofício
EXCEÇÃO: Há dispositivos da lei que estabelecem
nulidades que não podem ser acolhidas de ofício
pelo juiz, p. ex., nulidades do casamento. Artigo 168
5. SIMULAÇÃO
A simulação, como causa de nulidade, foi tratada pelo art. 167 do Código Civil de
2002.
A simulação é um grande disfarce. O sujeito declara exatamente a vontade que
queria declarar, entretanto para essa declaração a lei reserva um determinado efeito
jurídico, não pretendido pelo sujeito.
A característica fundamental do negócio simulado é a divergência INTENCIONAL
entre a vontade e a declaração. Há, na verdade, oposição entre o pretendido e o declarado.
As partes desejam mera aparência do negócio e criar ilusão de existência. Os contraentes
pretendem criar aparência de um ato, para assim surgir aos olhos de terceiros.
Na verdade, o emissor da vontade quer um outro efeito jurídico, que está oculto, o
sujeito não quer alcançar o efeito jurídico que está evidente. O que aparece não é o que o
sujeito quer, na verdade, a simulação é uma grande mentira. A simulação sempre
decorre de um acordo.
Na simulação, celebra-se o negócio jurídico que tem aparência normal, mas que
não pretende atingir o efeito que deveria produzir. No Código Civil de 1916, havia uma
distinção entre a simulação inocente (aquela que não frauda à lei e não causa prejuízo a
terceiros) e maliciosa, o que não foi repetido pelo novo CC, quando se verifica a farsa, é
causa de invalidade do negócio jurídico.
O juiz, diante do contrato simulado, se puder, aproveita-o, em decorrência do
princípio da conservação. Frise-se que existe corrente doutrinária minoritária, que entende
que a simulação só seria causa de nulidade se causasse prejuízo de terceiros ou
infringência à lei, ou seja, a simulação maliciosa (Cristiano Chaves, citando Sílvio
Rodrigues).
A simulação passou a ser tratada como nulidade por conta da agiotagem, explica-se:
no artigo 104, CC/16, que dizia que quem tinha dado causa à simulação não poderia alegar
a sua anulação; isso causava um problema no caso de empréstimos usurários, que sempre
funcionam por meio de negócios disfarçados. Por exemplo: pacto comissório que é a
possibilidade de o credor ficar diretamente com a coisa dada em garantia, o que é vedado.
Sendo tratada como nulidade, a simulação PODE SER ALEGADA POR QUEM
TENHA PARTICIPADO, PERMITINDO A ALEGAÇÃO DE SIMULAÇÃO.
Mas o legislador foi sábio, porque deu com uma mão (alegação de nulidade) e
segurou com a outra, já que a nulidade do negócio jurídico simulado NÃO PODERÁ
JAMAIS PREJUDICAR TERCEIRO DE BOA-FÉ.
Conceito – declaração falta da vontade visando aparentar NJ diverso do efetivamente
desejado.
L intuito de engar terceiros OU fraudar a lei
Características:
a) NJ bilateral, ou unilateral recptício
b) Conluio enter as partes
c) Declração deliberada desconforme à real intenção
d) Intuito de fraudar lei/enganar terceiros
Espécies:
o Absoluta – partes simulam a realizaçãoo de um NJ (declaraçãoo não é
destinada a produzir resultado. As partes criam um negócio jurídico destinado
a não gerar efeito nenhum. Exemplos: assinatura da promissória para
enganar os credores; a venda do imóvel locado para encerrar a locação;
marido com receio da separação de bens, simula com o amigo a transferência
de bens, que na verdade ficarão guardados para o marido.
o Relativa – partes realizam outro NJ para esconder o que realmente desejam,
fraudando a lei ou prejudicando terceiros. O negócio jurídico existe, mas não
do jeito em que foi declarado.
Esconde um outro negócio jurídico, cujo efeito é proibido por lei. Exemplo:
compra e venda por preço menor que esconde a compra e venda por preço
maior; quando houver interposta pessoa.
Efeitos – é nulo o NJ, mas subsistem o que se dissimulou – caso válido há também a
proteçãoo de terceiros de boa-fé – quer dizer, o negócio é inoponível a eles
Hipóteses legais:
Aparencia de tramsissão de direitos a pessoa diversa da efeiva;
Contiver o NJ declração, cláusula ou condiçãoo não verdadeira
Instrumentos ante ou pós-datados