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8º Congresso Nacional de Mecânica Experimental

Guimarães, 21-23 de Abril, 2010

COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE PAINÉIS SANDUÍCHE


COMPÓSITOS PARA APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO

Almeida, I.A.1; Correia, J.R.1; Branco, F.A.1; Gonilha, J.A.1


1
Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, IST/ICIST, Universidade Técnica de Lisboa

RESUMO
Neste artigo apresentam-se resultados de um estudo sobre as características mecânicas e o
comportamento estrutural de painéis sanduíche para aplicações na indústria da construção.
Os painéis estudados são constituídos por lâminas de reforço em polímero reforçado com
fibras de vidro (GFRP), tendo sido analisada a influência dos seguintes dois parâmetros: (i)
características do material de núcleo, em que foram comparados uma espuma rígida de
poliuretano (PU) e favos de mel em polipropileno (PP); (ii) bandas de reforço laterais em
GFRP. O estudo experimental incluiu (i) ensaios de flexão, estáticos e dinâmicos, em lajes à
escala real; (ii) ensaios de compressão no plano das lâminas; (iii) ensaios de compressão
perpendicular ao plano das lâminas; e (iv) ensaios de tracção às lâminas. Relativamente ao
estudo numérico, foram desenvolvidos modelos de elementos finitos tridimensionais dos pai-
néis sanduíche ensaiados. Os resultados obtidos nos ensaios experimentais são comparados
com os valores numéricos, permitindo a calibração e validação dos modelos desenvolvidos.

1 - INTRODUÇÃO particular, na reabilitação de edifícios anti-


gos), painéis de fachada, elementos deco-
Nos últimos anos, a necessidade de rativos e mobiliário.
construções leves, com elevada resistência
De entre as principais vantagens da
e durabilidade tem aumentado a procura de
construção sanduíche destacam-se as ele-
novos materiais e soluções estruturais, das
vadas resistência e rigidez específicas, o
quais os painéis sanduíche em materiais
reduzido peso próprio, o bom isolamento
compósitos constituem um exemplo
térmico, a durabilidade em ambientes
(Davies 2001). O princípio dos painéis
agressivos, as múltiplas possibilidades de
sanduíche consiste na combinação de (i)
escolha de materiais e a facilidade de reali-
duas lâminas finas exteriores, constituídas
zar formas complexas. Como principais
por um material rígido e resistente e (ii)
dificuldades associadas a esta solução refe-
um material de enchimento interior, de
re-se o fraco isolamento acústico (por
reduzida densidade e menor resistência e
comparação com soluções estruturais mais
rigidez (Allen 1969). A construção sanduí-
pesadas, como o betão e as alvenarias), a
che tem tido inúmeras aplicações nas
reduzida resistência a temperaturas eleva-
indústrias naval, automóvel e aeroespacial.
das, as deformações excessivas para
Na indústria da construção, referem-se as
determinadas solicitações, a grande varie-
seguintes possíveis aplicações: tabuleiros
dade de modos de rotura e, sobretudo, a
de pontes pedonais, coberturas, pisos (em
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

falta de informação disponível para enge- espuma rígida de poliuretano (PU) e favos
nheiros e arquitectos, que dificulta o seu de mel em polipropileno (PP); (ii) bandas
dimensionamento e, assim, a sua aceitação de reforço lateral em GFRP. O estudo
no sector da construção (Leite et al. 2004). experimental incluiu (i) ensaios de flexão,
estáticos e dinâmicos, em lajes à escala
Com vista a melhorar o desempenho
real com 0.10 m de espessura, 2.50 m de
mecânico dos painéis sanduíche, têm vindo
comprimento e 0.50 m de largura; (ii)
a ser estudados diferentes tipos de elemen-
ensaios de compressão no plano das lâmi-
tos de reforço. Um dos tipos de reforços
nas; (iii) ensaios de compressão perpendi-
mais estudados tem sido as costuras (stit-
cular ao plano das lâminas; e (iv) ensaios
ches). Potluri et al. (2003) concluíram que,
de tracção às lâminas. Relativamente ao
de acordo com o tipo de material compósi-
estudo numérico, foram desenvolvidos
to e de técnica de costura, assim podem
modelos de elementos finitos tridimensio-
variar as propriedades mecânicas, nomea-
nais dos painéis sanduíche com núcleo em
damente a resistência, a rigidez e o com-
espuma rígida de PU, através do programa
portamento em fadiga das lâminas. Las-
comercial SAP2000. Os resultados obtidos
coup et al. (2006) estudaram também o
nos ensaios experimentais são comparados
efeito da introdução de costuras que atra-
com os valores numéricos, permitindo a
vessam o núcleo, ligando as duas lâminas,
calibração e validação dos modelos desen-
tendo concluído que aqueles elementos
volvidos.
aumentam significativamente a rigidez e a
resistência à flexão, bem como as resistên-
cias ao corte e à compressão do núcleo. 2 - ESTUDO ANALÍTICO DO
Hassan et al. (2003) estudaram o efeito de COMPORTAMENTO DOS PAINÉIS
elementos de fibras de arquitectura tri-
dimensional, que estabelecem a ligação Para se poder prever o comporta-
entre lâminas de GFRP e núcleos de espu- mento dos painéis sanduíche em serviço e
ma, tendo concluído que estes elementos à rotura, foi feito um levantamento de
aumentam o módulo de distorção do equações analíticas que descrevem o seu
núcleo e a rigidez do painel sanduíche e comportamento mecânico. O comporta-
que a espuma do material do núcleo con- mento de um painel ou de uma viga san-
tribui, antes da sua rotura, para o confina- duíche pode ser comparado ao de uma viga
mento das fibras e para o aumento do com secção transversal em I, em que as
módulo de distorção. Sharaf e Fam (2008) lâminas funcionam como banzos, supor-
estudaram diferentes configurações de tando os esforços de tracção e compressão,
nervuras (ribs) e a sua influência nas pro- e o núcleo funciona como a alma do perfil,
priedades mecânicas de painéis constituí- estabelecendo a distância entre as lâminas
dos por lâminas de GFRP e núcleo em e suportando os esforços de corte. As
espuma de poliuretano. Os autores concluí- lâminas encontram-se ligadas ao núcleo
ram que as nervuras aumentam significati- por meio de um material adesivo que trans-
vamente a resistência e a rigidez do painel. fere os esforços entre os dois elementos.
Neste artigo apresentam-se resulta- As deformações máximas dos pai-
dos de um estudo analítico, experimental e néis sanduíche constituem um critério de
numérico sobre as características mecâni- dimensionamento importante para os esta-
cas e o comportamento estrutural de pai- dos limites de serviço. A flecha em flexão
néis sanduíche desenvolvidos tendo em de um painel sanduíche é a soma de duas
vista a sua possível utilização estrutural em parcelas: (i) a deformação por flexão e
aplicações da indústria da construção. Os (ii) a deformação por corte. As expressões
painéis estudados são constituídos por (1) e (2) permitem estimar a flecha máxi-
lâminas de reforço em polímero reforçado ma (w) a meio vão de um painel sanduíche
com fibras de vidro (GFRP), tendo sido sujeito a uma carga concentrada (P) ou
analisada a influência dos seguintes dois uniformemente distribuída (p) ao longo do
parâmetros: (i) características do material vão (L), respectivamente, onde b é a largu-
de núcleo, em que foram comparados uma ra do painel, ec é a espessura do núcleo, eL
Almeida I.A., Correia J.R., Branco F.A., Gonilha J.A.

é a espessura das lâminas, D é a rigidez de Tabela 2 – Ilustração de diferentes modos de rotura


flexão e Gc é o módulo de distorção do em painéis sanduíche (adaptado de Hexcel Compo-
sites 2000).
núcleo. Na Tabela 1 apresenta-se os valo-
res das constantes Kg e Ks para diferentes Modo de rotura Ilustração
condições de apoio e de carregamento. Tracção em flexão
Certos materiais, como é o caso de algu- das lâminas
mas espumas e também das lâminas em
GFRP, apresentam uma fluência conside- Instabilidade por
rável que, por isso, deve ser considerada encurvadura global
nas verificações de segurança em serviço.
3
K g PL K s PL Corte “frisado”
w = + (1)
D b ( e c + e L )G c

4 2 Encurvadura entre
K g pL K s pL
w = + (2) células
D b ( e c + e L )G c

Tabela 1 – Valores de Kg e Ks para diferentes con- Enrugamento


dições de apoio e de carregamento.
Condições de apoio e
Kg Ks
carregamento Corte do núcleo
1/48 1/4

1/192 1/4 Esmagamento

1/3 1
compósitos com lâminas superior e inferior
5/384 1/8 em GFRP: (i) dois painéis sanduíche “con-
vencionais”, sem reforços nas faces late-
1/384 1/8 rais, com núcleo em espuma rígida de
poliuretano (PU) ou em favos de mel de
1/8 1/2
polipropileno (PP) (com as designações
Num painel sanduíche existem diver- PU-U e PP-U, respectivamente) e (ii) dois
sos modos de rotura que podem limitar e painéis sanduíche com reforços nas faces
condicionar a sua capacidade resistente, a laterais também em GFRP e cada um deles
qual depende não só dos materiais, mas com os referidos materiais de núcleo (com
também das dimensões do painel e da as designações PU-R e PP-R). Os painéis
geometria da estrutura em si. A Tabela 2 sanduíche foram produzidos pela empresa
ilustra os principais modos de rotura de portuguesa ALTO, Perfis Pultrudidos, Lda,
painéis sanduíche, podendo as expressões pela técnica de hand lay-up (Fig. 1). As
que os descrevem ser consultadas em lâminas de GFRP são constituídas por três
Almeida (2009). tipos de mantas de fibras de vidro, aglome-
radas com uma matriz polimérica de resina
de poliéster: (i) véus de noiva, (ii) mantas
3 - ESTUDO EXPERIMENTAL com fibras aleatórias e (iii) mantas com
fibras tecidas. Nos painéis PU-R e PP-R,
os reforços laterais foram realizados atra-
3.1 - Programa experimental vés da dobragem das mantas de uma das
O objectivo da campanha experimen- lâminas (a superior), tendo os remates sido
tal foi estudar e comparar o comportamen- executados sobre as extremidades longitu-
to de quatro tipos de painéis sanduíche dinais da lâmina oposta.
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

vetes ensaiados foram utilizados extensó-


metros da marca TML com o objectivo de
medir a extensão na sua direcção longitu-
dinal.
O material apresentou um compor-
Fig. 1 – Diferentes fases da produção dos painéis tamento elástico linear até à rotura, que
sanduíche pela técnica de hand lay-up.
ocorreu de forma frágil. Estes ensaios
Foram realizados diversos ensaios permitiram determinar os valores da resis-
experimentais para caracterizar o compor- tência à tracção (σtu,x), da extensão na rotu-
tamento mecânico dos painéis sanduíche. ra (εtu,x) e do módulo de elasticidade (Et,x)
Inicialmente, procurou-se caracterizar os em tracção na direcção longitudinal (Tabe-
materiais constituintes dos painéis, tendo la 3). É de notar que, tendo em considera-
sido realizados ensaios de tracção das ção a simetria das mantas de reforço utili-
lâminas de GFRP e ensaios de compressão zadas na produção dos painéis, as proprie-
no plano perpendicular às lâminas e no dades mecânicas das lâminas na direcção
plano das lâminas em provetes do material transversal serão idênticas às obtidas na
dos painéis (Fig. 2). Posteriormente, foram direcção longitudinal.
realizados ensaios de flexão estáticos e
dinâmicos em painéis à escala real, para Tabela 3 – Propriedades em tracção dos laminados
de GFRP.
avaliar o seu comportamento estrutural, em
Fmáx [kN] σtu,x [MPa] εtu,x [1×10-6] Et,x [GPa]
particular permitindo determinar a respec-
32.60 202.39 1128 20.47
tiva rigidez, resistência e comportamento ± 1.98 ± 15.35 ± 84 ± 0.92
dinâmico.
3.3 - Ensaio de compressão perpendi-
cular ao plano das lâminas
No ensaio de compressão perpendi-
cular ao plano das lâminas foi avaliado o
comportamento em compressão de painéis
Fig. 2 – Ensaio dos laminados à tracção (à esquer- constituídos pelos dois materiais de núcleo
da); ensaio de compressão transversal (ao centro); (PP e PU), uma propriedade que é relevan-
ensaio de compressão no plano (à direita).
te nomeadamente nas zonas dos apoios. Os
ensaios foram realizados de acordo com a
3.2 - Ensaios de tracção das lâminas norma ASTM C365 (2003) em provetes
sanduíche de secção quadrada (em planta)
Os ensaios de tracção das lâminas com 100 mm de aresta, com lâminas e
foram realizados de acordo com a norma material de núcleo com espessuras nomi-
ISO 527-1,4 (1997) em 6 provetes de nais de 5 mm e 90 mm, respectivamente.
GFRP idênticos às lâminas dos painéis, Para assegurar uma transmissão uniforme
com um comprimento de 300 mm, uma das cargas entre a prensa e os provetes, foi
largura de 25 mm, uma espessura de 6 mm aplicada uma camada de resina de poliéster
e uma distância entre garras de 150 mm. A sobre as lâminas de modo a garantir o seu
força de tracção foi aplicada segundo o nivelamento (que não era absolutamente
eixo longitudinal dos provetes, a uma homogéneo ou horizontal) e, deste modo,
velocidade de 0.18 mm/s, através de uma que essas superfícies estivessem em total
máquina universal de ensaios hidráulica, contacto com o prato da prensa. A carga
de marca Instron, com uma capacidade de foi aplicada através da mesma máquina
carga de 250 kN, tendo sido aplicada uma utilizada nos ensaios de tracção e o registo
pressão nas garras de 40 bar. O registo dos dos valores das cargas e dos deslocamen-
valores das cargas e dos deslocamentos foi tos foi realizado em PC por meio de uma
realizado em PC por meio de uma unidade unidade de aquisição de dados de 8 canais,
de aquisição de dados de 8 canais, de mar- de marca HBM e modelo Spider8.
ca HBM, modelo Spider8. Em 3 dos pro-
Almeida I.A., Correia J.R., Branco F.A., Gonilha J.A.

Os diagramas força-deslocamento (Kc,t) e, com base na hipótese da indefor-


vertical obtidos (Fig. 3) mostram que mabilidade das lâminas de GFRP, foram
ambos os materiais de núcleo apresentaram estimados os módulos de elasticidade apa-
um comportamento inicial aproximada- rentes (Ec,t,ap) dos dois materiais (Tabela
mente linear até se atingir a força máxima 4). Os favos de mel em PP apresentaram-
(Fcu,t), a qual foi de 24.1 kN, para os favos se consideravelmente mais rígidos e resis-
de mel em PP, e de 3.01 kN, para a espuma tentes do que a espuma rígida de PU.
rígida de PU. Após um decréscimo da for-
ça (o qual se apresentou muito menos pro- Tabela 4 – Propriedades dois painéis em compres-
são transversal para os dois tipos de núcleo.
nunciado nos favos de mel em PP), os dia-
Núcleo
gramas força-deslocamento vertical de Propriedade
PP PU
ambos os materiais apresentaram um Fcu,t [kN] 24.09 ± 1.41 3.1 ± 0.06
patamar com aumento das deformações σcu,t [MPa] 2.40 ± 0.16 0.29 ± 0.01
para valores de força aproximadamente Kc,t [kN/mm] 10.43 ± 1.54 1.02 ± 0.10
constantes até se proceder à descarga dos Ec,t,ap [MPa] 52.90 ± 5.21 0.29 ± 0.01
provetes. Nesta fase, não foram evidentes
quaisquer sinais de rotura nos painéis com 3.4 - Ensaio de compressão na direc-
espuma rígida de PU; já nos painéis com ção do plano das lâminas
núcleo em PP, ocorreu esmagamento das
células dos favos de mel (Fig. 2). As No ensaio de compressão na direc-
deformações residuais observadas em ção do plano das lâminas foi avaliado o
ambos os tipos de provetes foram elevadas. comportamento, na direcção transversal,
dos painéis sanduíche constituídos por
30
ambos os materiais de núcleo. Foram
25 ensaiados provetes de planta quadrada com
20
aproximadamente 250 mm de lado e
Força [kN]

espessura nominal de 100 mm de acordo


15
com a norma ASTM C364 (1999). Tam-
10 bém aqui as superfícies dos provetes em
5
contacto com os pratos da prensa foram
regularizadas. Nos provetes com núcleo
0 em PP, tal foi conseguido através da adi-
0 5 10 15 20
ção de uma camada de resina de poliéster,
Deslocamento [mm]
dado que a superfície daquele núcleo é
PP1 PP2 PP3 PP4 PP5 PP6
descontínua devido à geometria dos favos
3.5
de mel. No ensaio de metade dos provetes
foram colocados dois deflectómetros, um à
3.0
esquerda e outro à direita do provete, para
2.5 medir os deslocamentos horizontais no
Força [kN]

2.0 centro de cada provete. A carga foi aplica-


1.5
da através da mesma máquina utilizada nos
ensaios de tracção.
1.0

0.5
Nos diagramas força-deslocamento
axial dos dois tipos de provetes (Fig. 4),
0.0
0 5 10 15 20 25
observou-se um comportamento inicial não
Deslocamento [mm] linear devido aos ajustes do sistema de
PU1 PU2 PU3 PU4 PU5 aplicação da carga, nomeadamente o ajuste
Fig. 3 – Diagramas força-deslocamento dos prove- das chapas metálicas ao provete. Seguiu-se
tes com núcleo (i) de favos de mel de PP (em cima) um aumento de carga aproximadamente
e (ii) de espuma de PU (em baixo). linear até um valor de cerca de 110 kN,
observando-se, a partir daí, um pequeno
Com base naqueles diagramas, troço com aumento dos deslocamentos
determinaram-se os valores da tensão para um valor de força aproximadamente
máxima de compressão (σcu,t), da rigidez constante. Após este troço, correspondente
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

ao início das deformações horizontais dos espuma de PU revelou-se mais flexível no


provetes, a carga voltou a aumentar como plano perpendicular às lâminas do que os
anteriormente até se atingir a rotura. Nos favos de mel de PP, permitindo um melhor
provetes com núcleo de PP a rotura deu-se acompanhamento da deformação das lâmi-
por i) instabilização das lâminas por nas. A rigidez axial dos dois tipos de pai-
encurvadura, seguida nalguns casos de néis analisados é da mesma ordem de
delaminação, com descolamento entre o grandeza, já que depende essencialmente
núcleo e a lâmina do lado interior da cur- das lâminas, apresentando-se consid-
vatura do provete e ii) esmagamento de eravelmente inferior à rigidez axial de pi-
uma das lâminas junto ao prato da prensa sos em betão e de madeira. Tal poderá
hidráulica. Nos provetes com núcleo de PU constituir uma desvantagem relativa para a
a rotura ocorreu, na maioria dos casos, por sua utilização em pisos de edifícios, po-
instabilização das lâminas por encurvadu- dendo ser necessário adoptar lâminas mais
ra, seguida de delaminação. Houve casos espessas. Neste caso, para obter uma rigi-
em que se deu ainda a rotura por corte da dez semelhante à de pisos de madeira cor-
espuma de PU (Fig. 2) e/ou esmagamento rentes, seria necessário duplicar a espessu-
localizado das lâminas junto aos pratos da ra das lâminas (Almeida, 2009).
prensa hidráulica.
Tabela 5 – Propriedades dois painéis em compres-
300 são no plano das lâminas para os dois tipos de
núcleo.
250
Núcleo
200 Propriedade
PP PU
Força [kN]

150 Fcu,L [kN] 212.9 ± 28.7 122.3 ± 20.0


σcu,L [MPa] 3.31 ± 0.43 2.01 ± 0.29
100 Kc,L [kN/mm] 65.49 ± 10.76 67.95 ± 9.62
50

0 3.5 - Ensaios estáticos de flexão dos


0 2 4 6 8 painéis sanduíche
Deslocamento [mm]
PP1 PP2 PP3 PP4 PP5 PP6 Foram realizados dois tipos de
ensaios em flexão estáticos, de acordo com
200
a norma ASTM C393 (2000), para a carac-
175
terização do comportamento (i) em serviço
150
e (ii) à rotura dos painéis. O primeiro tipo
125
Força [kN]

de ensaios consistiu no carregamento dos


100
painéis em 3 pontos até se atingir um des-
75
locamento a meio vão de 10 mm. O segun-
50
do tipo de ensaios consistiu no carrega-
25
mento dos painéis em 4 pontos até à rotura
0
0 1 2 3 4 5
(Fig. 5).
Deslocamento [mm]
Os painéis, com um comprimento de
PU1 PU2 PU3 PU4 PU5 PU6
2.50 m, uma largura de 0.50 m e uma
Fig. 4 – Diagramas força-deslocamento axial dos espessura nominal de 0.10 m (lâminas de
provetes com núcleo em favos de mel de PP (em
cima) e espuma rígida de PU (em baixo).
5 mm e material de núcleo de 90 mm),
foram ensaiados num vão de 2.30 m,
Com base nos diagramas força- apoiados em rótulas cilíndricas colocadas
deslocamento axial, determinaram-se os entre chapas metálicas com uma superfície
valores da força de rotura (Fcu,L), da tensão de contacto de 0.06 × 0.5 m2 com a face
máxima de compressão (σcu,L) e da rigidez inferior dos painéis. Num dos apoios, o
axial (Kc,L) (Tabela 5). A força de rotura deslocamento horizontal também foi res-
dos provetes com núcleo de PP (212.9 kN) tringido. A carga foi aplicada a meio vão
foi aproximadamente o dobro da dos pro- através de um macaco hidráulico da marca
vetes com núcleo de PU (122.3 kN). A Enerpac, com uma capacidade de carga de
300 kN, tendo sido medida com uma célu-
Almeida I.A., Correia J.R., Branco F.A., Gonilha J.A.

la de carga da marca Novatech, com uma todos os painéis apresentaram um compor-


capacidade de 300 kN. Para garantir uma tamento elástico linear, com deslocamen-
distribuição uniforme das cargas ao longo tos residuais após a descarga inferiores a
da largura dos painéis, no primeiro tipo de 1 mm. Os parâmetros de rigidez de flexão
ensaios (flexão em 3 pontos), recorreu-se a e de corte e as constantes elásticas aparen-
uma viga de distribuição metálica tubular, tes dos materiais dos painéis sanduíche
com secção de 0.04 × 0.08 m2 e compri- foram determinadas através das expressões
mento idêntico à largura dos painéis, inter- do deslocamento a meio vão para carrega-
posta entre o macaco hidráulico e o painel; mentos de flexão em 3 pontos e em 4 pon-
no segundo tipo de ensaios (flexão em 4 tos. Sendo conhecidos os valores do vão e
pontos), as duas cargas foram aplicadas a das relações força-deslocamento para
uma distância de 0.38 m da secção de meio ambos os tipos de carregamento, é possível
vão, tendo sido utilizadas duas vigas de determinar os valores das rigidezes de fle-
distribuição metálicas tubulares, com lar- xão, D, e de corte, U, com base nas expres-
gura de 0.10 m e comprimento idêntico à sões apresentadas na norma ASTM C393
largura dos painéis, e uma viga longitudi- (2000). Os resultados obtidos através deste
nal, também metálica, interposta entre as método, nomeadamente as estimativas do
vigas anteriores e a célula de carga. Sob o módulo de elasticidade aparente das lâmi-
painel foram colocados três deflectómetros nas, EGFRP, e do módulo de distorção apa-
eléctricos, com um curso de 100 mm - um rente do núcleo, Gc, nem sempre foram
dos deflectómetros foi colocado a meio congruentes, especialmente no que respeita
vão e os outros dois nas secções de aplica- à rigidez de flexão (Almeida, 2009).
ção das cargas (flexão em 4 pontos). Nos
3.5.2 Ensaios à rotura
ensaios à rotura foram ainda colocados 4
extensómetros na secção de meio vão do Nestes ensaios, os painéis foram
painel (dois na face superior e dois na face monotonicamente carregados até à rotura.
inferior), distando 7.5 cm do centro da Apresenta-se na Fig. 6 os diagramas força-
largura do painel, de modo a medir-se o deslocamento vertical a meio vão dos qua-
valor das extensões nesta secção. tro painéis ensaiados. Todos os painéis
apresentaram um comportamento aproxi-
madamente linear até à rotura, com uma
ligeira perda de rigidez para valores da
força aplicada relativamente próximos da
carga de colapso.
100

80
Força [kN]

60
Fig. 5 - Esquema do ensaio de flexão em 4 pontos.
40

3.5.1 Ensaios de caracterização mecânica 20


do comportamento em serviço
0
Para a caracterização mecânica dos 0 20 40 60 80 100

painéis, foram realizados três ciclos de Deslocamento [mm]


PP‐U PU‐U PP‐R PU‐R
carga-descarga; em cada ciclo os painéis
foram carregados até um deslocamento Fig. 6 – Diagramas força-deslocamento dos ensaios
máximo de 10 mm. Nos dois últimos dos painéis até à rotura.
ciclos, o carregamento foi aplicado durante
10 minutos antes de se proceder à descarga Na Fig. 7 apresenta-se os modos de
do painel. rotura dos diferentes painéis. No painel
PP-U a rotura deu-se por corte do material
Para o nível de carregamento defini- do núcleo, numa superfície vertical corres-
do (deslocamentos até cerca de 10 mm), pondente à face das células dos favos de
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

mel, a cerca de 60 cm da extremidade Tabela 6 – Principais resultados dos ensaios de


esquerda do painel - ocorreu descolamento flexão aos painéis sanduíche.
entre as lâminas e o núcleo que, contudo, Painel
Propriedade
não chegou a atingir a extremidade do pai- PP-U PU-U PP-R PU-R
Fu [kN] 28.26 31.74 72.83 86.13
nel. A rotura do painel PU-U deu-se por
δu [mm] 51.57 72.54 72.30 89.16
corte da espuma de PU, a cerca de 20 cm K [kN/mm] 0.665 0.536 1.084 1.246
de uma das extremidades, tendo-se forma- σx,max1 [MPa] 43.58 48.94 78.09 85.81
do uma superfície de rotura com uma τxz,max1 [MPa] 0.30 0.33 - -
inclinação de aproximadamente 45° - aqui, 1
Valores estimadas com base na teoria da elastici-
o descolamento entre a lâmina e o núcleo dade para um modelo de viga
ocorreu desde a zona de rotura até à lhante, permitindo concluir que a resistên-
extremidade do painel. No painel PP-R, a cia ao corte dos dois materiais de núcleo
compressão da lâmina superior levou ao utilizados (que condicionou o colapso de
seu descolamento do material do núcleo na ambos os painéis) é também muito seme-
secção de meio vão. A zona descolada da lhante. Relativamente aos painéis com
lâmina começou a enrugar para o intrador- reforços laterais, a sua resistência foi tam-
so do painel, e a rotura deu-se por esma- bém da mesma ordem de grandeza, o que
gamento das fibras no topo dessa superfí- está associado ao mesmo modo de rotura
cie - as fissuras propagaram-se para os por descolamento e posterior enrugamento
reforços laterais, atingindo a zona inferior e esmagamento da lâmina superior. É ain-
dos mesmos, mas sem se propagar para a da de salientar o facto de a resistência dos
lâmina inferior. A rotura do painel PU-R painéis com reforços laterais ter sido con-
foi idêntica à do painel PP-R, tendo ocor- sideravelmente superior à dos painéis sem
rido também na zona entre a aplicação das reforços (158% e 171% nos painéis com
cargas, mas numa secção mais próxima de núcleos de PP e PU, respectivamente).
um dos pontos de aplicação de carga - ao
contrário do painel PP-R, as fissuras da No que diz respeito à deformabilida-
superfície enrugada propagaram-se para os de, verificou-se que a rigidez do painel PP-
reforços laterais, tendo num dos lados U é superior à do painel PU-U (cerca de
atingido a lâmina inferior do painel. 24%), o que está de acordo com os ensaios
de compressão, que revelaram o núcleo em
PP como sendo mais rígido do que a
espuma rígida de PU. Por outro lado, nos
painéis reforçados a rigidez do painel PU-
R foi ligeiramente superior à do painel PP-
R – pensa-se que esta inversão (por com-
paração com os painéis não reforçados)
poderá estar associada a uma maior espes-
sura das lâminas de reforço no 1º painel.
Note-se que nos painéis reforçados, o con-
tributo do material de núcleo para a rigidez
Fig. 7 – Modos de rotura dos diferentes painéis. global (e, em particular, para a rigidez de
corte) do painel diminui consideravelmen-
Na Tabela 6 apresenta-se, para cada te, já que esse contributo passa a ser dado,
um dos painéis, a força (Fu) e o desloca- em grande medida, pelas bandas laterais de
mento (δu) na rotura, a rigidez (K), a ten- reforço em GFRP. Finalmente, refere-se o
são longitudinal máxima nas lâminas facto de os reforços laterais terem permiti-
(σx,max) e a tensão de corte máxima no do obter aumentos significativos de rigidez
material de núcleo (τxz,max). (163% e 232% nos painéis com núcleos de
PP e PU, respectivamente).
A resistência dos dois painéis não
reforçados (PU-U e PP-U) foi muito seme- O facto de não ter ocorrido rotura
por corte do material de núcleo nos painéis
reforçados lateralmente deve-se, natural-
mente, à presença dos reforços laterais.
Almeida I.A., Correia J.R., Branco F.A., Gonilha J.A.

Como seria de esperar, a presença destes Tabela 7 – Frequências de vibração obtidas nos
elementos, que passaram a absorver uma ensaios dinâmicos de flexão.
parcela significativa do esforço de corte, Frequência [Hz]
Tipo de painel
permitiu diminuir consideravelmente as Flexão Torção
PP-U 29.84 n.r.
tensões de corte nos materiais de núcleo PU-U 24.37 n.r.
(este aspecto foi comprovado no estudo PP-R 31.54 n.r
numérico). PU-R 31.18 n.r
n.r. – não registado
3.6 - Ensaios dinâmicos de flexão dos
painéis sanduíche 4 - ESTUDO NUMÉRICO
Nestes ensaios foi aplicada uma pan-
cada seca, centrada ou excêntrica, na sec-
ção de meio vão dos painéis, tendo-se 4.1 - Descrição dos modelos numéricos
medido a vibração vertical com dois acele- No estudo numérico foram desen-
rómetros, A1 e A2, posicionados a 5 cm volvimento modelos de elementos finitos
das extremidades laterais dessa mesma tridimensionais com o programa de cálculo
secção. Os acelerómetros, um da marca automático SAP2000 (versão 11.07). Devi-
Bruel & Kjaer, modelo 4379, e outro equi- do à maior dificuldade em modelar os
valente, da marca Endevco, estavam asso- favos de mel em PP (quer pela sua geome-
ciados a amplificadores também da marca tria, quer por terem um comportamento
Bruel & Kjaer, modelo 2635, sendo a pre- anisotrópico), e por limitações de tempo,
cisão do conjunto de 0.01 mm. As leituras apenas foi feita a modelação dos painéis
do sinal dos acelerómetros foram realiza- com núcleo de PU (PU-U e PU-R). De
das à taxa de 400 leituras por segundo. O forma a reproduzir o mais fielmente possí-
registo dos valores dos aparelhos de medi- vel as condições em que foram realizados
da foi realizado em PC por meio de uma os ensaios experimentais, os painéis foram
unidade de aquisição de dados de 8 canais, modelados com as mesmas dimensões dos
de marca HBM e modelo Spider8. Foram painéis sanduíche ensaiados à flexão. As
colocados pesos sobre os painéis na zona lâminas e os reforços laterais (com 6 mm
dos apoios para evitar o seu levantamento de espessura) foram modeladas com ele-
aquando da aplicação das pancadas. mentos finitos tipo casca (thin shell),
Os valores máximos das vibrações enquanto que o núcleo (com 90 mm de
verticais registados mostram que os deslo- espessura) foi modelado com elementos
camentos nos painéis não reforçados são finitos sólidos (solids). Os apoios dos pai-
superiores aos dos painéis reforçados, ape- néis foram materializados por elementos
sar de, nos diferentes ensaios, a carga finitos sólidos, com a mesma largura e
poder não ter sido aplicada rigorosamente espessura das chapas metálicas colocadas
com a mesma intensidade. Através da aná- sobre as rótulas cilíndricas e em contacto
lise FFT (Fast Fourier Transform) foram com os painéis. As condições de apoio
obtidos os valores das frequências próprias foram definidas pelos nós centrais da face
de flexão e os respectivos valores espec- inferior daquelas chapas, sendo um dos
trais (ver Tabela 7). De entre os painéis apoios (o esquerdo) fixo e o outro (o direi-
não reforçados, a maior frequência de fle- to) deslizante. A força total foi distribuída
xão foi observada no painel PP-U, o que pela área de duas superfícies correspon-
poderá estar associado à maior rigidez do dente à localização das chapas metálicas
seu material de núcleo. A introdução dos utilizadas nos ensaios experimentais, posi-
reforços laterais aumentou a frequência de cionadas entre o sistema de aplicação da
flexão para ambos os materiais de núcleo, carga e a lâmina superior do painel - para
em particular no painel com espuma rígida esse efeito, foram aplicadas cargas de
de PU – nestes painéis os valores da fre- superfície na face superior daquelas áreas.
quência foi semelhante. Nestes ensaios não Na análise dinâmica, foram consideradas
foi possível determinar frequências asso- massas nos nós da lâmina superior, sobre
ciadas ao modo de vibração por torção. os apoios (4.55 × 10-5 kg por nó), corres-
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

pondentes ao peso das chapas metálicas As extensões no painel PU-U, quer


colocadas sobre os apoios para evitar o de tracção (lâmina inferior), quer de com-
levantamento dos painéis aquando da apli- pressão (lâmina superior), apresentam-se
cação da pancada. Todos os materiais relativamente próximas dos valores expe-
foram modelados assumindo a hipótese de rimentais, sendo os valores mais reduzidos
um comportamento elástico linear (Tabela (em módulo) dessas extensões fornecidos
8), isotrópico no caso da espuma de PU e pelo modelo numérico (com um erro de
ortotrópico no caso das lâminas de GFRP – 7.7% e de 11.1% relativamente às exten-
foram consideradas propriedades obtidas sões negativas e positivas, respectivamen-
experimentalmente e outras da bibliogra- te) e os mais elevados (em módulo) pela
fia. No painel reforçado, apenas é feita a expressão teórica (com um erro de 4.1% e
comparação dos resultados do modelo de 14.6% relativamente às extensões nega-
numérico com os valores experimentais, tivas e positivas, respectivamente). No
por não se dispor de expressões que tradu- painel PU-R, as extensões obtidas através
zam o comportamento de um painel com do modelo numérico afastam-se conside-
reforços laterais. Já no painel não reforça- ravelmente das curvas experimentais, mas
do, os resultados obtidos são comparados tal deve-se a erros de leitura dos extensó-
com os valores experimentais e os obtidos metros colados neste painel, associados a
com base em expressões analíticas. uma deficiente colagem e também ao des-
Tabela 8 – Propriedades dos materiais modelados. colamento entre a lâmina superior e o
Material
material de núcleo, que influenciaram a
Propriedade qualidade dos resultados obtidos.
GFRP PU
ρ [kg/m3] 1582 69.7
E1, E2 [MPa] 20×103 16.9 4.3 - Análise de sensibilidade
E3 [MPa] 7.5×103 16.9
G12, G13, G23 [MPa] 3.5×103 6.5 Dada a referida incerteza em alguns
ν12 [-] 0.3 0.3 parâmetros do modelo, foi realizada uma
ν13, ν23 [-] 0.1 0.3 análise de sensibilidade. No painel PU-U,
o incremento do módulo de elasticidade da
4.2 - Comportamento em serviço espuma rígida de PU fez aproximar o valor
do deslocamento a meio vão obtido no
Ambos os painéis foram carregados modelo numérico do valor experimental.
com uma carga distribuída de 100 kN/m2, Já a variação do módulo de elasticidade
equivalente a uma carga total de 10 kN, das lâminas de GFRP teve um efeito sensi-
correspondente ao troço linear do diagrama velmente mais reduzido nesse deslocamen-
força-deslocamento do painel (ver Fig. 6). to. No painel PU-R, pelo contrário, a
Os deslocamentos a meio vão forne- variação do módulo de elasticidade da
cidos pelo modelo, quer do painel PU-U, espuma de PU teve uma influência muito
quer do painel PU-R, são da mesma ordem reduzida no deslocamento a meio vão do
de grandeza que os deslocamentos obtidos painel, o que mostra que a sua deformação
experimentalmente, tendo-se verificado, é sobretudo condicionada pelas lâminas de
para os dois tipos de painel, que o modelo reforço. Já a variação do módulo de elasti-
numérico (e também o modelo analítico, cidade das lâminas de GFRP revela um
no caso do painel PU-U) apresenta uma efeito importante no comportamento do
rigidez ligeiramente inferior à do painel painel, sendo que o efeito da sua variação
ensaiado. O erro foi de cerca de 15.5% no no deslocamento a meio vão no painel
painel PU-U e de cerca de 26.2% no painel PU-R foi cerca de o dobro do observado
PU-R, o que é aceitável face à incerteza no painel PU-U. A variação do módulo de
em algumas propriedades dos materiais, distorção das lâminas de GFRP no painel
em especial da espuma rígida de PU e da reforçado teve algum efeito na deforma-
espessura das lâminas e reforços laterais ção, ao contrário do que aconteceu no pai-
(que, de acordo com medições realizadas, nel PU-U, onde não se verificou qualquer
terá sido ligeiramente superior ao valor de influência (como seria aliás de esperar).
6 mm admitido no modelo). Conclui-se, assim, que os reforços laterais
Almeida I.A., Correia J.R., Branco F.A., Gonilha J.A.

contribuem consideravelmente para a rigi- sentando valores inferiores junto aos bor-
dez do painel e têm um papel relevante no dos (Fig. 8). Na realidade, tal deve-se ao
comportamento do painel em serviço. De facto de os reforços laterais absorverem
referir ainda que a variação da espessura uma parte significativa dos esforços de
das lâminas e dos reforços laterais teve corte. De facto, no painel PU-U a tensão
uma influência significativa no desloca- máxima de corte calculada no modelo
mento a meio vão dos painéis. Deste numérico para a força de rotura foi o dobro
modo, a incerteza associada à espessura da correspondente tensão de corte no pai-
das lâminas (e dos reforços laterais no caso nel PU-R, o que justifica a não ocorrência
do painel PU-R) dos painéis ensaiados de rotura por corte do material de núcleo
pode ser uma das razões da diferença entre neste último painel.
os valores experimentais e os obtidos com
os modelos numérico e teórico.

4.4 - Comportamento à rotura


As curvas do deslocamento a meio
vão do modelo analítico e do modelo
numérico do painel PU-U apresentam-se
quase coincidentes, mas com uma rigidez
que, no patamar elástico-linear, é inferior à
da curva experimental. Já a diferença entre
os deslocamentos máximos numérico e
experimental foi de apenas cerca de 6%.
Na realidade, o painel ensaiado apresentou
um comportamento não-linear a partir de Fig. 8 - Tensões de corte τxz no material de núcleo
valores de carga de aproximadamente dos painéis PU-U (em cima) e PU-R (em baixo).
20 kN, com um aumento significativo dos
deslocamentos que, assim, se foram apro-
ximando dos valores numéricos. No painel 4.5 - Comportamento dinâmico
PU-R, a curva do deslocamento a meio vão
As frequências de flexão obtidas no
do modelo numérico encontra-se também
modelo são próximas das registadas nos
abaixo da curva experimental no troço
ensaios experimentais, com erros muito
aproximadamente linear, sendo os deslo-
reduzidos de 0.5% no painel PU-U, e acei-
camentos experimentais na rotura inferio-
táveis de 17.4% no painel PU-R (Tabe-
res aos calculados em cerca de 10%. Neste
la 9). Não foi possível realizar uma compa-
painel também se pode concluir que o
ração das frequências de torção, uma vez
modelo reproduz com uma precisão acei-
que estas não foram detectadas nos ensaios
tável (embora inferior à do painel PU-U) o
experimentais.
seu comportamento próximo da rotura, no
que respeita aos deslocamentos máximos Tabela 9 – Frequências próprias de vibração.
atingidos. Pensa-se que a consideração das Modo de vibração
propriedades não lineares da espuma rígida Painel Origem
Flexão Torção
de poliuretano e uma maior homogeneida- Modelo 24.20 52.6
PU-U
de da espessura das lâminas de GFRP (que Ensaio 24.37 n.r.
depende da melhoria do processo de fabri- Modelo 35.50 102.6
PU-R
Ensaio 31.18 n.r.
co) permitirão no futuro melhorar o rigor
n.r. - não registado
dos modelos numéricos.
Relativamente às tensões obtidas nos
modelos numéricos, verifica-se que as ten- 5 - CONCLUSÕES
sões de corte no núcleo do painel PU-R
são aproximadamente uniformes ao longo O presente estudo revelou que os
da altura do painel mas, como seria de painéis sanduíche compósitos com lâminas
esperar, variam ao longo da largura, apre- de GFRP e núcleos em espuma rígida de
Comportamento estrutural de painéis sanduíche compósitos para aplicações na indústria da construção

PU ou em favos de mel de PP apresentam cações na indústria da construção, Disserta-


potencial para serem aplicados como ele- ção para obtenção do Grau de Mestre em
mentos estruturais, com rigidez e resistên- Engenharia Civil, IST.
cia significativas, em particular quando ASTM C364-99 1999. Standard test method
reforçados lateralmente com lâminas de for edgewise compressive properties of
GFRP. Do estudo analítico, experimental e sandwich constructions.
numérico realizado, referem-se as seguin- ASTM C365-03 2003. Standard test method
tes conclusões: for flatwise compressive properties of
sandwich cores.
1. Os painéis ensaiados à flexão apresenta- ASTM C393-00 2000. Standard test method
ram um comportamento elástico linear, for flexural properties of sandwich con-
com uma ligeira perda de rigidez próximo structions.
da rotura; Davies, J.M. 2001. Lightweigh Sandwich con-
2. Os painéis com núcleo de favos de mel struction. Blackwell Science, Oxford, 370
de PP não reforçados lateralmente têm p.
uma rigidez mais elevada que os painéis Hassan, T. K., Reis, E. M., Rizkalla, S. 2003.
com núcleo de espuma rígida de PU; Innovative 3-D FRP sandwich panels for
bridge decks, CD-ROM Proceedings of the
3. Os deslocamentos a meio vão dos pai- 5th Alexandria International Conference on
néis podem ser estimados através de Structural and Geotechnical Engineering,
expressões simples, sendo que a deforma- Alexandria, Egypt.
ção por corte não deve ser desprezada; Hexcel Composites 2000. Honeycomb sand-
4. O comportamento à rotura dos painéis wich design technology, 28 p.
não reforçados é condicionado pela resis- ISO 527 1997. Determination of Tensile Prop-
tência do material do núcleo e o dos pai- erties – Part 1: General Principles. Part 4:
néis com reforços laterais é condicionado Test conditions for isotropic and
orthotropic fibre-reinforced plastic compos-
pela resistência da ligação entre o mate-
ites.
riais de núcleo e as lâminas superiores e,
posteriormente, pela resistência à compres- Lascoup, B., Aboura, Z., Khellil, K., Benzeg-
gagh, M. 2006. On the mechanical effect of
são das lâminas superiores; stitch addition in sandwich panel, Compos-
5. A introdução dos reforços laterais tem ites Science and Technology, 66 (10), p.
um efeito importante no comportamento 1385-1398
do painel: (i) aumentou consideravelmente Leite, M., Freitas, M., Silva, A. 2004. Sand-
a rigidez, diminuindo a deformação dos wich construction, Apresentação IST,
painéis; (ii) aumentou significativamente a DesignStudio.
resistência à rotura, absorvendo uma parte Potluri, P., Kusak, E. e Reddy, T.Y. 2003.
considerável dos esforços, em especial os Novel stitch-bonded sandwich composite
do núcleo; e (iii) alterou as frequências structures, Composite Structures, 59 (2), p.
próprias de vibração; 251-259.
Sharaf, T., Fam, A. 2008. Flexural load tests
6. Os modelos numéricos desenvolvidos, on sandwich wall panels with different rib
calibrados com os resultados experimen- configurations, CD-ROM Proceedings of
tais, são capazes de simular, com uma boa the 4th International Conference on FRP
precisão, o comportamento mecânico está- Composites in Civil Engineering
tico e dinâmico dos painéis sanduíche em (CICE2008), Zurich, Switzerland.
serviço e à rotura.

6 - REFERÊNCIAS
Allen, H. G. 1969. Analysis and design of
structural sandwich panels, Pergamon
Press, Oxford, 283 p.
Almeida, I.A. 2009. Comportamento estrutural
de painéis sanduíche compósitos para apli-

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