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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0086293-96.2016.8.05.0001

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : FIDC NP MULTISEGMENTOS CREDISTORE

Recorrido(s) : LOURIVAL PEDRO DA SILVA FILHO

Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.


ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA. AUSÊNCIA DE
CONTRATAÇÃO. CESSÃO DE CRÉDITO. RÉU QUE NÃO COMPROVA A
REALIZAÇÃO DA NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO DEVEDOR, NOS TERMOS DO
ART.290 DO CC/02, E NEM PROVA A EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO JURÍDICA
HAVIDA ENTRE O CEDENTE E A PARTE AUTORA. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM A SER REDUZIDO EM ATENÇÃO AOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE E EM
VIRTUDE DA PULVERIZAÇÃO DE AÇÕES. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA.
Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou
parcialmente procedente os pedidos, nestes termos: “ Diante de todo o exposto, JULGO
PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos para: a) declarar a abusividade da conduta da ré,
bem como a inexistência de débito objeto da lide, impondo a Ré, que proceda ao cancelamento do
suposto contrato; b) determinar à exclusão definitiva do nome da parte Autora dos órgãos de
proteção ao crédito, concernente ao débito em questão, no prazo de 05 dias, sob pena de fixação
de multa diária;c) condenar, ainda, a Ré, a pagar a parte autora, a título de danos morais, o valor
de R$ 7.000,00 (sete mil reais), com a incidência de juros de mora desde a citação e correção
monetária (INPC) a contar da sentença, conforme Súmula 362 do STJ. ”.
1. Alega a parte autora que tivera o seu nome negativado nos órgãos de
proteção ao crédito em virtude de dívida que desconhece, sustentando portanto a
inexistência de relação jurídica com o Banco credor da dívida ora cedente do
crédito, o que por consequência torna ilegítima a negativação realizada a cargo da
cessionária ora recorrida. Requereu indenização oriunda da negativação indevida,
pelos danos morais sofridos.

2. A parte recorrente busca a reforma da sentença, assevera que houve a


cessão do contrato, atendidos os requisitos previstos em lei, tendo sido
comprovada a existência da dívida, bem como a sua condição de cessionária do
crédito, pelo quê não há que se falar em ato ilícito, bem como inexistem elementos
que atestem a existência do dano moral.

3. A despeito das alegações da acionada sobre a legalidade da anotação


realizada, não apresenta documentação que corrobore suas alegações. Com
efeito, tendo a parte autora alegado que não firmara o contrato que ensejou
negativação de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito, incumbia à
empresa demandada a comprovação acerca da regularidade da constituição da
dívida. In casu, em que pese ter a empresa demandada ter provado a ocorrência
da cessão de crédito , não consta dos autos a prova da notificação da cessão ao
devedor, o que constitui requisito de eficácia da mesma, nos termos do art.290 do
CC/02; a ré tão somente junta comprovante de remessa do envio da notificação
relativa à inclusão do nome da parte autora nos cadastros de proteção ao crédito;
ademais, a empresa demandada não colaciona o instrumento contratual que teria
dado origem à dívida original junto ao cedente, o que , em tese, provaria a
legitimidade da constituição da dívida, ora impugnada. É dizer, diante da negativa
da parte autora de ter firmado qualquer relação contratual com o cedente, incumbia
á parte ré, cessionária do crédito, para além de provar a notificação do devedor
acerca da realização da cessão, também a prova documental da existência da
relação jurídica havida com a parte cedente, assumindo para si tal ônus, advindo
como efeito anexo da cessão e responsabilidade por eventuais danos decorrentes
de sua cobrança indevida.
4. A parte autora, por sua vez, colaciona aos autos consulta do órgão de
proteção ao crédito no evento 01, em que consta o apontamento indevido, por
solicitação da demandada, desincumbindo-se assim do ônus de provar o fato
constitutivo de seu direito , nos termos do art.373, inciso I do CPC. É cediço
na jurisprudência pátria que a negativação do nome do consumidor nos
cadastros de proteção ao crédito por cobrança indevida gera dano moral in re
ipsa, que prescinde de comprovação.
5. Insta ressaltar que, em que pese a existência de apontamentos anteriores no
cadastro de proteção ao crédito no nome da parte autora, todos os apontamentos
mais antigos foram objeto de discussão judicial, tendo sido ajuizadas ações
discutindo a legitimidade de cada um deles, o que afasta a aplicação da súmula
385 do STJ.
6. Todavia, no tocante ao pedido de majoração do valor da indenização,
compreendo que razão assiste ao recorrente no tocante ao quantum que fora
fixado, dada a pulverização de demandas, tendo a parte acionante ajuizado
diversas ações contra os demais fornecedores que solicitaram a sua inscrição nos
órgãos de proteção ao crédito, bem como considerando que existem outras
restrições que apesar de posteriores, não há prova cabal de suas ilegitimidades,
sendo mister sopesar tais questões para a adequação do quantum ás
circunstâncias do caso.

7. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO E DOU-LHE PARCIAL


PROVIMENTO, para condenar o réu em R$ 2.000,00 ( dois mil reais) a título de danos
morais, corrigidos desde a data do arbitramento, nos termos da súmula 362 do STJ e
juros de mora desde o evento danoso, nos termos da súmula 54 do STJ. Sem custas
processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.

8. Salvador, Sala das Sessões, 27 de Abril de 2017.

9. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


10.Juíza Relatora
11. BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
12.Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0086293-96.2016.8.05.0001

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : FIDC NP MULTISEGMENTOS CREDISTORE

Recorrido(s) : LOURIVAL PEDRO DA SILVA FILHO

Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados


Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA
MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.
13.Salvador, Sala das Sessões, 27 de Abril de 2017.

14.BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


15.Juíza Relatora
16.BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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