Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
João Rodrigo
Oliveira e Silva
Universidade Ibirapuera
Paulo Albertini
Universidade
de São Paulo
Artigo
Hoje, é fácil constatar a existência de sobretudo nessa época que o autor, então
psicólogos que trabalham tendo como engajado no movimento psicanalítico,
referência as idéias desenvolvidas pelo analista desenvolveu a conceituação de caráter e
austríaco Wilhelm Reich. Contudo, apesar de organizou a sua primeira técnica terapêutica,
se observar certo incremento nas pesquisas a análise do caráter. Em termos mais
científicas dedicadas às formulações desse específicos, esta pesquisa busca: a) mostrar a 1 Trabalho é parte da
autor, particularmente a partir dos anos 90, vinculação entre as idéias reichianas de caráter Dissertação de Mestrado
intitulada “O desenvol-
pode-se afirmar que ainda existe uma carência e determinadas orientações presentes em vimento da noção de caráter
2 no pensamento de Reich”,
nesse domínio . escritos freudianos; b) contribuir para o defendida pelo primeiro
autor e orientada pelo
esclarecimento da noção de caráter contida segundo, no Instituto de
Este trabalho se insere entre aqueles que visam em textos reichianos publicados originalmente Psicologia da Universidade
de São Paulo, em 2001.
contribuir para um maior esclarecimento a no período de 1922 a 1933.
2 Um levantamento das
respeito da fundamentação teórica do dissertações e teses rela-
pensamento de Reich. Ele investiga a noção Deve-se dizer que a noção de caráter é central cionadas ao pensamento
reichiano defendidas até o
de caráter presente em estudos reichianos da na obra de Reich. Isso se dá por diversas ano de 2001 pode ser
encontrado em Matthiesen
década de 1920 e início dos anos 1930. Foi razões. Em primeiro lugar, por ela estar (2001).
288
Notas sobre a noção de caráter em Reich
presente nas três técnicas terapêuticas por ele contínua e parece-nos difícil reconhecer, em
organizadas: análise do caráter, vegetoterapia Freud, uma teoria do caráter propriamente dita
carátero-analítica e orgonoterapia; além disso, (diferentemente do que ocorre com a teoria
por ser uma noção que, no pensamento desse das pulsões, por exemplo). Entretanto, há que
autor, perpassa a dimensão educacional e se reconhecer que Freud concede, em alguns
clínica, visto que as mesmas contribuem para de seus textos, razoável importância a essa
a formação e transformação do caráter. Esse noção, o que provavelmente serviu de estímulo
conceito articula, ainda, para Reich, as às investigações de seus seguidores, como
perspectivas psicológicas e sociopolíticas. As Abraham, Jones, Ferenczi e o próprio Reich.
reflexões psicológicas ganham um matiz
histórico, sociológico e político com base na A primeira aparição do termo nos escritos
marca que o caráter traz em si de sua época. freudianos se dá nos Estudos sobre a Histeria
Já as análises sociológicas ganham maior (1893-1895/1974). Relatando dois de seus
consistência psicológica ao remeterem à casos (Frau Emmy von N. e Fraülein Elisabeth
construção do caráter como um fator social e von R.), o autor faz menção ao caráter como
político relevante. Por fim, esse conceito um conjunto de traços ou características
carrega ainda uma dimensão ética, pois, como
psicológicas pessoais, como, por exemplo, a
referência teórica e técnica, estrutura práticas
desobediência, a ambição, a violência, a
e concepções sobre o ser humano.
independência, a irritabilidade etc. Esse seria
um uso descritivo e moral do vocábulo,
Para cumprirmos os objetivos expostos, este
bastante convencional, diga-se. No capítulo
estudo foi estruturado da seguinte forma:
sete de A Interpretação de Sonhos (1900-1901/
como entendemos que o enfoque de Reich
1972), Freud faz também uma pequena
a respeito do caráter está vinculado a uma
referência ao caráter, mas apenas para auxiliar
série de formulações freudianas -
seu esforço de construir um modelo do
desenvolvidas, basicamente, até o livro O Ego
aparelho psíquico, sem formular acréscimos
e o Id (Freud, 1923/1976) - iniciaremos nosso
de qualquer elemento novo ao uso dessa
trajeto com um levantamento a respeito dos
noção.
usos do termo caráter na bibliografia freudiana
até esse livro. A seguir, deter-nos-emos nas
Também no artigo O método psicanalítico de
idéias de Reich sobre o caráter presentes nos
Freud (1904[1903]/1972), no qual o autor
seguintes trabalhos: Dois tipos narcisistas
apresenta o método psicanalítico desde sua
(Reich, 1922/1975), O caráter impulsivo: um
estudo psicanalítico da patologia do ego (Reich, origem, no método catártico, até sua proposta
1925/1975) e Análise do Caráter (Reich, 1933/ de então, baseada na regra da associação livre,
1995). A escolha desses escritos se deu pelo é possível observar a utilização do termo
fato de eles serem, no período, os mais caráter no sentido mais convencional, moral,
significativos no que diz respeito à acrescida, porém, de uma outra perspectiva
conceituação reichiana de caráter. Fecha este que vai repetir-se, de maneira mais
artigo um tópico dedicado às conclusões. desenvolvida, em escritos subseqüentes: a do
caráter como fonte de resistência. No texto
O termo caráter em Freud freudiano:
Caráter é um termo que aparece disperso na (...) se o médico tem que lidar com um
obra freudiana. Não tem uma presença indivíduo de caráter desprezível, logo perde o
interesse que lhe torna possível penetrar Aquilo a que chamamos ‘caráter’ de um
profundamente na vida mental do paciente. homem constrói-se, numa boa medida, a partir
Deformações de caráter muito arraigadas, do material das excitações sexuais, e compõe-
traços de uma constituição realmente se de pulsões fixadas desde a infância, de
degenerada, mostram-se durante o tratamento outras obtidas por sublimação, e de
como fontes de uma resistência que construções destinadas ao refreamento eficaz
dificilmente pode ser superada (1904[1903]/ de moções perversas reconhecidas como
1972, p. 262). inutilizáveis (1905/1996, p. 225).
É no seu texto de 1905, Três Ensaios sobre a Temos, nesse excerto, uma ponderação mais
Teoria da Sexualidade (1905/1972), que sofisticada sobre a formação do caráter e a
elementos novos e ricos nos são fornecidos, apresentação de uma tese sobre sua matéria
permitindo uma considerável ampliação da constitutiva. A tese, inequívoca, é de que o
noção de caráter. Nesses ensaios, quatro caráter se constrói pela transformação de
pontos merecem destaque no que diz respeito excitações sexuais, especialmente as ligadas
ao entendimento do caráter. à disposição sexual perversa polimorfa da
infância, pelas fixações, sublimações e
Primeiramente, o autor faz uso semelhante formações reativas. Indo mais além, a solução É no seu texto de
ao que já descrevemos, quando considera os psíquica da construção do caráter é vista 1905, Três Ensaios
sobre a Teoria da
traços de caráter atributos do sujeito, os quais, favoravelmente como alternativa à perversão
Sexualidade (1905/
observados por um prisma convencional, – que se desenvolveria caso essas excitações 1972), que
elementos novos e
distinguem, por exemplo, um caráter sexuais não fossem transformadas e se
ricos nos são
masculino de um caráter feminino – mantém- fortalecessem – e à neurose – que se instalaria fornecidos,
caso essas excitações fossem totalmente permitindo uma
se o sentido moral. Mais adiante, porém, faz considerável
uma comparação importante: entende algumas contidas mediante recalque e encontrassem ampliação da
solução apenas por meio do sintoma. noção de caráter.
impressões profundas, inconscientes,
derivadas do desenvolvimento sexual infantil, Novamente se situa o caráter mais próximo à
como determinantes do caráter nos indivíduos normalidade do que à patologia.
sadios e da sintomatologia nos neuróticos. Ora,
dessa colocação, extraímos a primeira O quarto ponto a observar sobre a consideração
consideração de Freud sobre a formação do de caráter nesse texto abre uma ampla frente
caráter – ligando-o ao desenvolvimento sexual de investigação psicanalítica. Trata-se do
infantil – mas também vemos um paralelo reconhecimento de que é possível, em certos
entre o caráter e o sintoma, como se parte da casos, observar a ligação entre o traço de
distinção entre eles derivasse do fato de o caráter e um determinado componente
primeiro estar presente na saúde, ao passo erógeno, o que não quer dizer,
que o último só se faria presente na neurose. necessariamente, que as tendências mais
Essa é uma relação que, veremos, vai fortes da infância dominarão o caráter do
transformar-se mesmo na obra de Freud. adulto, até porque o processo de
transformação de um componente erógeno
Um terceiro ponto de destaque que esse artigo em traço de caráter não é automático. De
de Freud apresenta sobre o caráter surge qualquer forma, essa constatação estimula a
quando o autor afirma que: busca clínica de tal ligação. Alguns anos após
290
Notas sobre a noção de caráter em Reich
caráter são descritos e ilustrados por meio da Vê-se, então, o reconhecimento de Freud de
utilização de personagens da literatura. O que o interesse psicanalítico não só pode,
primeiro congrega aqueles indivíduos que, como deve voltar-se sobre o caráter em
sentindo-se, em certo ponto de suas histórias, determinadas situações clínicas. Além disso,
vítimas ou sofredores de um destino infeliz, tal como já aparecera no trabalho O método
passam a considerar-se exceções, com direito psicanalítico de Freud (1904[1903]/1972),
a serem poupados das exigências apresenta-se a possibilidade de se pensar em
desagradáveis da vida. Ilustra esse tipo Ricardo resistências de caráter. Como veremos mais
III, personagem de Shakespeare. O segundo adiante, afiguram-se aí duas entradas
caso seria o dos indivíduos “arruinados pelo significativas que Reich viria desenvolver.
êxito”, que adoecem justamente em
decorrência da realização de um desejo. Freud Se o texto de 1916 marca claramente o campo
procurou explicar dinamicamente esse tipo
da reflexão sobre a técnica da análise do
ilustrando-o com as personagens de
caráter, é apenas em O Ego e o Id (Freud,
Shakespeare e Ibsen, Lady Macbeth e Rebecca
1923/1976) que os elementos de uma
(de Rosmersholm). O último tipo seria o dos
ponderação metapsicológica sobre o caráter
criminosos cujas ações decorrem de um
se alinham efetivamente. Nesse trabalho,
sentimento pré-existente de culpa.
Freud conduz o leitor, gradativamente, a
reflexões desveladoras das três estruturas
Ainda nesse trabalho de 1916, Freud tece
psíquicas que vieram constituir sua chamada
algumas observações sobre as dificuldades
segunda tópica.
técnicas que esses tipos de caráter tendem a
apresentar na clínica. Como ele não aprofunda
No primeiro capítulo do livro, retoma-se a
muito a discussão técnica nesse texto, deixa-
perspectiva da primeira tópica, a saber, a
a em aberto, fomentando sua necessidade.
divisão do aparelho psíquico entre três
Vejamos um fragmento no qual o autor sinaliza
a importância das resistências associadas ao sistemas: inconsciente, pré-consciente e
caráter: consciente. Nessa divisão, a instância mental
chamada ego – responsável pelo controle da
Quando um médico empreende o tratamento motilidade e pela conseqüente descarga das
psicanalítico de um neurótico, seu interesse excitações para o mundo externo bem como
não se dirige, de modo algum, em primeiro pelo recalcamento de certas tendências – se
lugar, para o caráter do paciente. Prefere saber ligava ao consciente. Em seguida, porém,
o que significam os sintomas (...) Contudo, a demonstrada pelo próprio autor, a insuficiência
técnica que ele é obrigado a seguir logo o dessa formulação o conduziu ao
compele a dirigir sua curiosidade imediata para reconhecimento de que há também, no ego,
outros objetivos. Observa que sua investigação uma significativa dimensão inconsciente. Tal
se acha ameaçada por resistências erguidas insuficiência se revelara na sua consideração
contra ele pelo paciente, podendo o médico, do inconsciente, que seria sempre o reduto
com razão, encarar essas resistências como de conteúdos recalcados; a essa altura, Freud
parte do caráter do paciente. Isso passa a passava a admitir a existência de uma
adquirir a prioridade de seu interesse (Freud, importante parte não recalcada do
1916/1974, p. 351). inconsciente.
292
Notas sobre a noção de caráter em Reich
Explorando essa idéia nos dois capítulos construção do caráter; segundo, a consideração
seguintes, Freud reformulou sua tópica. de que o caráter está ligado ao ego, mais ainda,
Principiou diferenciando o id do ego: o é o caráter do ego. São essas as principais
primeiro seria o manancial inconsciente e contribuições do referido texto ao nosso
desconhecido de paixões, gradualmente propósito.
modificado no contato com o mundo, em
decorrência do que se originaria o ego, uma Quanto à primeira, destaque-se que, quando
instância intermediária entre o id e a realidade Freud apresenta a construção do superego a
externa, instância que busca “(...) aplicar a partir da diferenciação do ego, tem de reportar-
influência do mundo externo ao id e às se ao processo de identificação como o
tendências deste, e esforça-se por substituir modelo dessa diferenciação, ou alteração, do
o princípio de prazer, que reina irrestritamente ego. E como se dá o processo de identificação?
no id, pelo princípio de realidade” (Freud, O modelo que Freud adota é semelhante ao
1923/1976, p. 39). que supõe ocorrer na melancolia, isto é, em
seguida à perda de um objeto sexual, o ego
Em seguida, o autor apresenta o ideal do ego, introjeta as características desse objeto,
ou superego, como uma diferenciação mais facilitando o abandono do mesmo e se
tardia do ego, realizada com base em oferecendo ao id como um substituto. Esse
processos de identificação, cuja função é processo remete à organização sexual da fase
julgar, interditar e fornecer um ideal forjado oral, quando a catexia de objeto e a
por meio do prisma constituído com a identificação estão juntas, posto que a meta
interiorização das exigências e das interdições da pulsão é a incorporação ou absorção do
derivadas da resolução do complexo de Édipo. objeto. Assim, face ao abandono de um objeto
sexual, como o que necessariamente ocorre
É nesse ponto que Freud enuncia algumas em relação aos pais na solução do complexo
considerações sobre o caráter. Embora elas de Édipo, o ego se altera com base nas
não forneçam explicações definitivas sobre o características do objeto abandonado.
conceito nem elevem sua eventual definição
ao patamar de importância das instâncias O caráter, então, seria o conjunto resultante
acima referidas, tais considerações aportam dessas modificações no ego. Ele seria,
elementos inéditos ao exame da formação do conseqüentemente, “(...) um precipitado de
caráter. Assim, na primeira referência feita ao catexias objetais abandonadas (...)”(Freud,
caráter, no trabalho mencionado, afirma: “(...) 1923/1976, p. 43), funcionando como um
esse tipo de substituição [de uma catexia do cemitério de relações objetais a atrair para si
objeto por uma identificação] tem grande parte investimentos pulsionais. Evidentemente, o
na determinação da forma tomada pelo ego caráter não deve acolher quaisquer
e efetua uma contribuição essencial no sentido identificações, uma vez que elas podem opor-
da construção do que é chamado de seu se umas às outras, arriscando, em última
‘caráter’” (Freud, 1923/1976, p. 43). análise, a própria integridade do ego. Assim,
também o caráter passa a resistir ao retorno
Aqui, recolhemos dois novos elementos. das catexias objetais, tornando-se mais fixo.
Primeiro, a observação de que o processo Com isso, “(...) os efeitos das primeiras
chamado de identificação participa da identificações efetuadas na mais primitiva
abordagem das conseqüências técnicas da à repressão das pulsões das crianças, a ausência
nova formulação sobre a neurose. Nesse de modelos externos (parentais) para o
sentido em particular, o esforço é coerente superego, a alternância muito grande da
com a sugestão feita por Freud em Alguns Tipos apresentação de figuras ideais, entre outras.
de Caráter Encontrados no Trabalho
Psicanalítico (1916/1974), de se explorarem A tese que Reich defende nesse texto é a de
as sutilezas técnicas da abordagem de uma que, no processo de educação saudável, as
neurose de caráter ou de uma resistência de pulsões infantis sejam parcialmente gratificadas
caráter. e parcialmente reprimidas pelos pais, numa
medida e numa forma tais que essa repressão
Por fim, pode-se dizer que, do conjunto das seja suportada pela criança por amor aos pais
considerações que Reich faz nesse trabalho, (particularmente àquele que é responsável
não é possível ainda deduzir, de forma pela interdição) e, assim, incorporada como
estruturada e fidedigna, o que ele chama de ideal de ego em seu psiquismo,
caráter, embora sua relação com o narcisismo, proporcionando, desse modo, um
com a formação do ego e do ideal de ego, desenvolvimento egóico integrado e dirigido
bem como com as resistências à análise, já se à realidade. No caso do caráter impulsivo, a
afigurem. pulsão teria seguido muito tempo sem ser
reprimida, fortalecendo as demandas pulsionais
No percurso teórico reichiano, um outro marco e o ego primitivo, estando impedido o
para se investigar a noção de caráter é o livro desenvolvimento de tolerância à frustração,
O Caráter Impulsivo: um Estudo Psicanalítico por um lado, e obstaculizada a constituição
da Patologia do Ego (Reich, 1925/1975). Nesse gradual de um ideal de ego, por outro. Frente
livro, o conjunto de elaborações mais afinado a esse quadro, em dado momento, far-se-ia
com a noção de caráter está presente nos dois uma interdição com intensidade e violência
primeiros capítulos. Nestes, Reich esboça o brutais, desfavoráveis ao processo de
que entende por caráter, traz alguns elementos assimilação e identificação com a figura
sobre sua formação, integrando-a ao processo repressora. Constitui-se, daí, não um superego
de formação do superego e, por fim, dialoga fundido ao ego do indivíduo, como seria o
com O Ego e o Id, (1923/1976) de Freud. usual, mas um superego isolado, composto
de elementos da autoridade repressora,
Em linhas gerais, de acordo com a concepção adotados de forma dissociada do ego. Assim,
reichiana, o caráter impulsivo seria uma forma o que chama a atenção nesse escrito dos
específica de caráter neurótico dominado pela primeiros anos da produção reichiana é o fato
pulsão, donde surge seu nome – impulsivo. de o autor advogar a necessidade de coerência
Essa dominação ocorre quando a inibição da e, em certa medida, de repressão no processo
pulsão se deu de forma defeituosa, geralmente educativo, isso ao contrário da imagem de
muito tardia e traumática, de modo que, no “plena liberdade” que tende a embalar e a
desenvolvimento do ego, ao invés de haver uniformizar a leitura dos textos desse pensador.
uma integração do superego ao conjunto do
psiquismo, ele fica isolado. Diversas razões Especificamente no que diz respeito à
poderiam contribuir para esse isolamento: uma concepção de caráter, como dissemos, esse
postura muito ambivalente dos pais em relação livro traz alguns elementos bastante
296
Notas sobre a noção de caráter em Reich
relevantes. Logo na primeira frase, Reich caráter” (p. 238). Isso se devia, em parte, à
aponta a ausência de uma teoria psicanalítica compreensão de Freud de que o fator crucial
sistemática do caráter. Em suas palavras: do trabalho analítico é a dissolução das
5
resistências , e não apenas a remissão dos
(...) no presente, nós não temos uma teoria sintomas. Reich dá ares definitivos a essa
psicanalítica do caráter que seja sequer direção quando afirma que “(...) se alguém
parcialmente sistemática (...). O pré-requisito pretende alcançar recuperação genuína, na
para uma caracterologia psicanalítica seria o qual a recaída está fora de questão, então a
conhecimento exato dos mais detalhados análise do caráter deve substituir a análise de
mecanismos do desenvolvimento psíquico, sintomas” (pp. 238-9).
uma demanda que estamos longe de satisfazer
(Reich, 1925/1975, p. 237). Com base nesse primeiro apanhado de
referências, já podemos elencar elementos
Dessa forma, Reich destaca que não havia, para nossa reflexão. Reencontramos, aqui,
nesse momento do pensamento psicanalítico, como um marco da noção de caráter, a mesma
uma teoria estruturada e sistemática sobre distinção entre sintoma e caráter encontrada
caráter. Além disso, as reflexões mais em Dois tipos narcisistas (Reich, 1922/1975).
avançadas, particularmente O Ego e o Id Essa diferenciação continua em destaque
(Freud, 1923/1980), indicavam que, para além mesmo em textos posteriores do autor, e
das considerações sobre a importância do vemos que embasa parte das proposições
erotismo na constituição do caráter, o campo técnicas por ele estabelecidas, a começar pela
novo da Psicologia – ou metapsicologia – do própria direção do foco da análise para o caráter
ego surgia como a nova fronteira da teoria dos pacientes e o reconhecimento da
psicanalítica, promissora para o estudo do superioridade da análise do caráter, em termos
caráter. Para o autor, nem mesmo a coerência de eficácia clínica, se comparada à análise de
dos elementos da teoria do desenvolvimento sintomas. Desse modo, parece-nos justo
sexual de então auxilia suficientemente a colocar em relevo esse contraste, ou
tarefa de uma compreensão caracterológica contraponto, entre sintoma e caráter como
da personalidade, até porque “(...) as uma relação cuja dinâmica seguirá atribuindo
dinâmicas do ego são mais difíceis de significado a este último.
compreender do que as dinâmicas do
desenvolvimento sexual” (Reich, 1925/1975, Ainda no primeiro capítulo do trabalho em
p. 237). exame, Reich faz outras três observações, as
quais, embora um pouco isoladas e
Do ponto de vista do interesse terapêutico, descontínuas, alimentam nossa investigação.
Reich já se mostrava convicto da importância A primeira delas é tecida quando o autor
do entendimento sobre o caráter dos comenta que a análise do caráter deve,
pacientes. Ademais, reconhecia que essa necessariamente, exercer mais a análise das
5 Pensadas como a
organização psíquica que importância já vinha sendo absorvida pela ações e dos comportamentos do que se faria
impede determinado
conteúdo inconsciente de psicanálise, que “(...) deixou há muito de ser usualmente, numa “análise da memória”
se tornar consciente, ao
mesmo tempo em que ela
meramente uma terapia de sintomas; pelo (1925/1975, p.239), isto é, numa análise
mesma, enquanto contrário, vem-se transformando, voltada para as lembranças do paciente.
resistência, mantém-se
inconsciente. constantemente, em uma terapia de todo o Fundamenta essa proposição seu
Nesse excerto, Reich divide a determinação Vê-se que Reich considera sintoma e caráter
do caráter entre a disposição e a experiência, neuróticos como expressões de uma fixação
de modo que há complementaridade e no âmbito do desenvolvimento psicossexual,
relação inversa entre esses fatores. Se há forte o que ainda não havia enfatizado nesse livro.
disposição endógena, o peso da experiência A diferença entre eles aparece em sua
é menor, e vice-versa. Ele não renega nem amplitude: enquanto o sintoma encontra-se
uma dimensão nem outra, confiando a diretamente ligado a essa fixação, podendo
determinação do caráter à relação entre elas, ser localizado em um comportamento isolado,
tendo por base a noção freudiana de série como o vômito a que o autor se refere, o
complementar. Já a avaliação da neurose como caráter, por sua vez, corresponde às alterações
um desvio de uma norma de ajustamento totais que tal fixação provoca na personalidade,
sexual, cultural e social é, a nosso ver, uma sendo impossível localizá-las em um
consideração bastante discutível no que comportamento, apenas. É notável também
concerne à natureza da neurose. É necessário, que a fixação sempre vai expressar-se
aqui, pontuar que, na seqüência da obra simultaneamente por meio do caráter e do
reichiana, o ajustamento, ou a adaptação, não sintoma, criando uma indissociabilidade entre
vieram estabelecer-se como critérios de saúde ambos. Deve-se notar que, ao pensar no
psíquica; ao contrário, Reich muito combateu caráter como uma expressão abrangente das
essa visão. Um exemplo desse combate pode fixações parciais na personalidade, Reich criou
ser encontrado no trabalho Escuta, Zé condições para colocá-lo como base do
Ninguém (Reich, 1948/1974), uma crítica sintoma neurótico, o que implica conceber a
mordaz à patologia da normalidade. neurose sintomática como sendo sempre, em
termos mais amplos, uma neurose de caráter.
Mais adiante, o autor procura esmiuçar sua Numa apreciação global, pode-se afirmar que
definição. Recorre novamente à distinção
o livro O caráter impulsivo... (1925/1975)
entre sintoma neurótico e caráter neurótico
contém uma série de contribuições ao tema
de modo bastante mais refinado, desta vez.
de nosso estudo. Um esboço mais claro da
Afirma ele:
noção de caráter começa a impor-se: algumas
idéias já presentes no artigo Dois tipos
O sintoma neurótico localizado corresponde
narcisistas (1922/1975), como a distinção entre
diretamente às áreas parciais da personalidade
caráter e sintoma, são mais desenvolvidas, e,
que foram “fixadas” em um estágio ou outro,
além disso, a ação, a forma de expressão do
enquanto o caráter neurótico é sempre uma
comportamento, passa a ser vista como um
expressão da atitude total correspondente à
meio privilegiado de conhecimento a respeito
fixação. Assim, a fixação (e o conflito psíquico
resultante dela) irá sempre exibir do caráter. Contudo, o autor pouco alude às
simultaneamente dois modos de expressão: implicações técnicas desses desenvolvimentos
primeiro, o sintoma neurótico particularmente teóricos; tais implicações serão intensamente
correspondente a ela (por exemplo, vômito focalizadas no texto que veremos a seguir.
histérico como expressão de uma fixação oral-
genital) e segundo, o caráter neurótico que Ainda integrando os quadros da Associação
8
8 Reich permaneceu na corresponde ao distúrbio evocado na Psicanalítica , em 1933, Reich publicou o seu
Associação Psicanalítica até
1934, ano em que foi expulso. personalidade inteira pela fixação parcial trabalho mais desenvolvido sobre o tema
Sobre o assunto, ver Jones
(1961/1979) e Wagner (1996). (Reich, 1925/1975, pp. 250-1). caráter: o livro Análise do Caráter. A edição
Pode-se afirmar que Reich não estava sozinho Essa direção, já esboçada em Freud,
nesse caminho de reflexão e reformulação da principalmente em Alguns Tipos de Caráter
técnica psicanalítica. Ferenczi e Rank já Encontrados no Trabalho Psicanalítico (1916/
buscavam, antes dele, rever a técnica com a 1974), e em Reich, está afinada com a crítica
ousadia que levaria ao desenvolvimento das a uma clínica debruçada apenas sobre os
inovadoras propostas de tais autores – a técnica sintomas (e também sobre a transferência 9 Segundo Haynal (1995),
9 Ferenczi “(...) supõe que o
ativa que Ferenczi propõe em 1919 e a terapia positiva) e segue para o elogio a um trabalho analista possa ser capaz de
10 abandonar sua posição,
ativa idealizada por Rank em 1926 . Não é cujo esforço se dirige à análise das dita de ‘receptividade
passiva’, para propor ao
possível, portanto, dizer que, nas décadas de transferências negativas e a todas as outras paciente, por exemplo, fazer
1920 e 1930, a psicanálise já dispusesse de formas de resistências. Isso leva, por fim, à uma experiência de
frustração (interdição de um
preceitos técnicos amplos e consensuais, como sua proposta de análise do caráter, sendo ele gesto, de um movimento),
cujo objetivo é assegurar que
explica o comentador da obra reichiana Roger pensado também como uma resistência, e das as tensões habitualmente
descarregadas pela
Dadoun: mais importantes. Com essa orientação, motilidade possam ter
acesso à análise” (p. 19).
salientou-se a importância de pensar sobre o
10 De acordo com
Quando Reich elabora os conceitos de análise que seja mesmo o caráter e sobre como ele Roudinesco (1998), a
caracterial e suas modalidades de intervenção se forma nas tramas inconscientes que terapia ativa de Otto Rank
preconizava “(...)
(...), a psicanálise, por estranho que pareça, constituem o homem, sujeito da psicanálise. tratamentos curtos e
limitados previamente no
não dispunha de uma verdadeira estratégia Como vimos, já no artigo Dois tipos narcisistas tempo, assim como um
recentramento no presente:
terapêutica. Os poucos princípios propostos (1922/1975) e, de maneira mais acentuada, ao invés de sempre
reconduzir o paciente à sua
por Freud, aprofundados e refinados por no livro O caráter impulsivo... (1925/1975), história passada e ao seu
analistas como Abraham, Rank ou Ferenczi – Reich apontara a relação entre o caráter e inconsciente (...), Rank
julgava preferível solicitar
regra de associação livre, leitura e interpretação resistência. Mesmo assim, a proporção que a vontade consciente deste
e aplicá-la à situação
do material inconsciente, especialmente Análise do Caráter (1933/1995) dá à exploração presente, a fim de estimular
o seu desejo de cura (...)”
onírico, transferência dos afetos ao psicanalista, do significado do caráter como resistência é (p. 643).
300
Notas sobre a noção de caráter em Reich
inédita. Para o autor, o caráter, ou seja, a reagir (...)” (p.150). Vemos, aqui, o caráter
dimensão total e ampla das atitudes individuais delimitado como um elemento individual e
em relação ao mundo, “trabalha”, na situação distintivo, tal qual aparece em O caráter
analítica, no sentido de evitar que certos impulsivo... (Reich, 1925/1975). Assim,
conflitos e sentimentos inconscientes se pensado como modo de agir de um indivíduo,
tornem conscientes. E como o caráter, como o caráter se distancia ainda mais da noção de
resistência, se manifesta? sintoma, pois, além de, diferentemente deste,
não ser localizado e isolado num evento
Ao abordar a manifestação do caráter como específico (como uma conversão histérica ou
resistência, Reich retoma outro aspecto que uma idéia obsessiva), também se notabiliza
enunciara antes: as resistências de caráter ligar- por não ser estranho ao paciente (ego-
se-iam à forma dos comportamentos, aos distônico); o caráter consiste justamente no
pequenos traços de caráter que, revelando que lhe é mais próprio e particular (ego-
dimensões resistentes à análise, davam novas sintônico). É sua forma de se comportar.
possibilidades interpretativas ao psicanalista.
No texto: Apresenta-se, portanto, um quadro mais
elaborado da noção de caráter para esse autor.
Certas considerações clínicas obrigam-nos a Tomamos o conceito como o conjunto de
designar como “resistências de caráter” um atitudes e maneiras de agir de um indivíduo,
grupo particular de resistências que que o singulariza e identifica, podendo operar,
encontramos no tratamento de nossos de forma inconsciente, como resistência à
pacientes. Estas derivam seu caráter especial emergência de conflitos inconscientes e
não de seu conteúdo, mas dos maneirismos também como resistência à análise. Porém,
específicos da pessoa analisada [grifos do Reich] ao identificar o caráter com a forma do
(1933/1995, p.53). comportamento, Reich desloca a técnica
psicanalítica, em termos de foco, do conteúdo
Assim, o que marca essas resistências de narrativo para os modos de sua apresentação,
caráter é o fato de aparecerem e operarem o que é uma mudança significativa decorrente
não por algum conteúdo ideativo isolado, mas dessa reorganização da noção de caráter. Diz
por modos de agir próprios da pessoa, que o autor:
carregam em si, de forma inconsciente,
tendências resistentes e defensivas. Essa A resistência de caráter não se expressa em
direção define o caráter como o conjunto de termos de conteúdo, mas de forma: o
comportamento típico, o modo de falar, andar,
maneirismos, de modos de agir do homem,
gesticular, e os hábitos característicos (como
os quais, na análise, cumprem uma função de
o indivíduo sorri ou escarnece, se fala de
resistência.
maneira coerente ou incoerente, o quanto é
polido e o quanto é agressivo). (...) O indício
Vale destacar que, ao falar em maneirismos,
da resistência de caráter não está naquilo que
Reich não está concebendo comportamentos o paciente diz e faz, mas no modo como fala
excêntricos ou descolados da totalidade da e age. Também não está no que ele revela
pessoa. Para ele, o caráter é “(...) o modo de em sonhos, mas no modo como ele censura,
existir específico de uma pessoa (...)” (1933/ distorce, condensa etc. (...). A resistência de
1995, p. 56), ou ainda o “(...) modo típico de caráter permanece a mesma no mesmo
pois constitui, claramente, uma restrição à aproximação entre caráter e defesa que ajuda
mobilidade psíquica da personalidade como a compreender a perspectiva reichiana nesse
um todo [grifos do Reich] (1933/1995, p. domínio, ou seja, se procurarmos incluir essa
151). dimensão defensiva à concepção acumulada
que temos do caráter, veremos que seus
Cabe notar que, ao atribuir ao caráter a diversos significados se articulam
condição de defesa, Reich o considera uma coerentemente: o caráter está proposto como
abrangente estratégia. Não se trata, portanto, a dimensão total das atitudes individuais que
de um mecanismo de defesa específico, mas singularizam e identificam o indivíduo por
de algo mais vasto, que se diferencia dos meio da forma como essas atitudes se
mecanismos de defesa de forma semelhante apresentam. O conjunto unificado dessas
àquela com que se diferencia dos sintomas atitudes traz, como que decantada nas
– pela sua amplitude. mesmas, a história de sua constituição e seus
elementos constituintes. Ao mesmo tempo,
Conclusão cumpre, permanentemente, a tarefa de
proteger o ego da desintegração e da angústia
Retomando os objetivos norteadores deste
provocadas por sua localização intermediária
trabalho, podemos afirmar, quanto ao
entre o id e o mundo externo. Frente a isso,
primeiro (aquele que trata da vinculação das
o caráter tem a possibilidade de apresentar-
idéias reichianas sobre o caráter com
se mais rígido (encouraçado) ou mais flexível.
determinadas orientações presentes em
É por seu significado defensivo que o caráter,
escritos freudianos), que parte nuclear da
na análise, pode vir a consistir uma forte
teorização reichiana tem sua base fundada
resistência ao trabalho analítico.
em idéias freudianas. Senão vejamos: a) a
leitura reichiana do caráter como possível
Por fim, numa apreciação global, é possível
fonte importante de resistência já havia sido
afirmar que a reflexão de Reich sobre o
sugerida por Freud no artigo O método
caráter, depois de um início ainda incipiente
psicanalítico de Freud (1904[1903]/1972) e,
no artigo Dois tipos narcisistas (1922/1975) e
de forma mais completa, em Alguns Tipos
de algum desenvolvimento em O caráter
de Caráter Encontrados no Trabalho
impulsivo... (1925/1975), ganha contornos
Psicanalítico (1916/1974); b) o entendimento
mais nítidos no livro Análise do Caráter (1933/
reichiano de que o caráter está associado às
1995). Vale lembrar que, mesmo após 1933,
transformações das excitações sexuais é de
quando já se anuncia o afastamento de Reich
origem freudiana; c) a larga utilização, nas
do movimento psicanalítico, a noção de
formulações reichianas sobre o caráter, do
modelo da chamada segunda tópica do texto caráter continua tendo importância
Paulo Albertini
Referências
DADOUN, R. Cem Flores para Wilhelm Reich. São Paulo: Moraes, _______. O Ego e o Id. In Edição Standard das Obras Psicológicas
1991. Completas de Sigmund Freud, v. XIX. 2. ed. Rio de Janeiro, Imago,
(1923) 1976, pp. 23-76.
ENGLISH, O. S. Some Recollections of a Psychoanalysis with Wilhelm
Reich: September 1929 – Apr. 1932. Journal of the American HAYNAL, A. A Técnica em Questão: Controvérsias em
Academy of Psychoanalysis. s.l., v.5 (2), 1977, pp. 239-253. Psicanálise: de Freud e Ferenczi a Michael Balint. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 1995.
FERENCZI, S. O Tratamento Psicanalítico do Caráter. In Psicanálise
IV. São Paulo, Martins Fontes, (1930) 1992, pp. 215-221. JONES, E. Vida e Obra de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Zahar,
1979.
FREUD, S.; BREUER, J. Estudos sobre a Histeria. In Edição Standard
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. II. Rio
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário da Psicanálise. São
de Janeiro, Imago, (1893-1895) 1974, pp. 37-363.
Paulo: Martins Fontes, 1983.
_______. A Interpretação de Sonhos (parte II). In Edição Standard
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. V. Rio de MATTHIESEN, S. Q. A Educação em Wilhelm Reich: da Psicanálise
Janeiro, Imago, (1900-1901) 1972, pp. 361-725. à Pedagogia Econômico-sexual. Tese de Doutorado em Educação.
Universidade Estadual Paulista, Marília, 2001.
_______. O Método Psicanalítico de Freud. In Edição Standard
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. VII. Rio REICH, W. Two Narcissistic Types. In Early Writings, v. 1. New York:
de Janeiro, Imago, (1904-1903) 1972, pp. 257-262. Farrar, Straus and Giroux, (1922) 1975, pp. 133-142.
_______. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In Edição _______. The Impulsive Character: a Psycoanalytic Study of Ego
Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Pathology. In Early Writings, v. 1. New York, Farrar, Straus and Giroux,
v. VII. Rio de Janeiro, Imago, (1905) 1972, pp. 129-250. (1925) 1975, pp. 237-332.
_______. Caráter e Erotismo Anal. In Edição Standard das Obras _______. Análise do Caráter. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. IX. Rio de Janeiro, (1933) 1995.
Imago, (1908) 1976a, pp. 175-181.
_______. Escuta, Zé Ninguém. Lisboa/Santos: Martins Fontes,
________. Moral Sexual ‘Civilizada’ e Doença Nervosa Moderna. In
(1948) 1974.
Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, v. IX. Rio de Janeiro, Imago, (1908) 1976b, pp. 187-208.
ROUDINESCO, E.; PLON, M .Dicionário de Psicanálise. Rio de
_______. Alguns Tipos de Caráter Encontrados no Trabalho Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
Psicanalítico. In Edição Standard das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, v. XIV. Rio de Janeiro, Imago, (1916) WAGNER, C.M. Freud e Reich: Continuidade ou Ruptura? São
1974, pp. 351-377. Paulo: Summus, 1996.