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Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 3

Pavimentos de Baixo Custo


para Vias Urbanas
4 Douglas F. Villibor e outros
Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 5

Pavimentos de Baixo Custo


para Vias Urbanas Bases

Alternativas com Solos Lateríticos

Gestão de Manutenção de Vias Urbanas

Douglas Fadul Villibor

Job Shuji Nogami

José Roberto Cincerre Paulo

Roberto Miranda Serra

Alexandre Zuppolini Neto

2ª Edição - Ampliada – 2009


6 Douglas F. Villibor e outros

© 2007 by Autores

Direção Geral
Henrique Villibor Flory
Supervisão Geral de Editoração
Benedita Aparecida Camargo
Coordenação Editorial
Rodrigo Silva Rojas
Diagramação
Rodrigo Silva Rojas
Capa
Wesley Silva
Revisão Ortográfica
Gelson da Costa
Revisão Técnica
Odilson Coimbra Fernandes e Débora Nogueira Targas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Acácio José Santa Rosa (CRB - 8/157)

Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas


Douglas Fadul Villibor... [et al.] -- 2ª edição , São Paulo: Arte & Ciência, 2009.
196 p.: il.; 23cm

Bibliografia
Obra coletiva
ISBN - 978-85-61165-29-1

1. Pavimentação urbana. 2. Pavimentos flexíveis - Aspectos econômicos. 3. Bases de Solos


lateríticos - Tecnologia do uso - Pavimentação urbana. 4. Pavimentação - Emprego de solos
lateríticos. 5. Cidades e bairros - Pavimentação alternativa. I. Villibor, Douglas Fadul.
CDD - 625.8
- 625.85
- 388.11
Índices para catálogo sistemático
1. Pavimentação urbana 625.8
2. Pavimentos flexíveis: Emprego de base de solos lateríticos 625.85
3. Pavimentação: Vias urbanas: Tecnologia alternativa 625.85
4. Pavimentos: Construção: Aspectos econômicos 388.11

Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou
mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer meio de reprodução,
sem permissão expressa do editor.
Todos os direitos desta edição, em língua portuguesa, reservados à Editora Arte & Ciência

Editora Arte & Ciência


Rua dos Franceses, 91 – Morro dos Ingleses
São Paulo – SP - CEP 01329-010
Tel.: (011) 3258-3153
Na internet: http://www.arteciencia.com.br
Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 7

Índice
Capítulo 1
Introdução ...................................................................................11

Capítulo 2
Pavimentação Urbana: Histórico e Aspecto de seu Desenvolvimento .....15

Capítulo 3
Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de Pavimentos
de Baixo Custo ............................................................................. 19
3.1. Considerações sobre solos tropicais .......................................... 19
3.2. Conceito de pavimentos de baixo custo ..................................... 23
3.3. Considerações para a utilização de Pavimentos com Solos Lateríticos .. 23

Capítulo 4
Metodologia MCT e suas Aplicações Práticas ..................................... 25
4.1. Apresentação da metodologia MCT ........................................... 25
4.2. Apresentação da metodologia MCT ............................................ 26
4.3. Aplicações práticas da Metodologia MCT ....................................... 37

Capítulo 5
Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em Pavimentação ................... 45
5.1. Estudos geotécnicos................................................................. 45
5.2. Aplicações da metodologia MCT em bases de pavimentos ............ 54
5.3. Imprimaduras asfálticas e revestimentos betuminosos ................ 87
8 Douglas F. Villibor e outros

Capítulo 6
Dimensionamento e Estudo Econômico de Pavimentos de Baixo Custo . 103
6.1. Dimensionamento de pavimentos de baixo custo....................... 103
6.2. Pavimentos de baixo custo .................................................... 115

Capítulo 7
Fundamentos para o Uso de Bases Alternativas ............................... 119
7.1 Introdução ........................................................................... 119
7.2 Perguntas e respostas ............................................................ 119

Capítulo 8
Gestão de Manutenção de Vias Urbanas ......................................... 167
8.1 Introdução ........................................................................... 167
8.2 Conceitos sobre Gerência de Pavimentos...................................... 168
8.3 Plano de Gestão de Manutenção de Pavimentos Urbanos ............. 170
8.4 Segmentos Experimentais ......................................................... 182
8.5 Considerações Finais ............................................................. 187

Referências Bibliográficas ....................................................... 191

Sobre os Autores ....................................................................... 195


Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 9

Prefácio
Este livro é uma reprodução de parte do trabalho técnico
“Pavimentos com Solos Lateríticos e Gestão de Manutenção de Vias
Urbanas”, apresentado na 10ª Reunião Anual de Pavimentação Urbana
da ABPv (Uberlândia – 2000). Foi suprimido o capítulo 7 original e foram
feitas diversas atualizações com novas ilustrações e alguns exemplos.
Além disso, foi inserido um novo capítulo, fundamental para um
melhor entendimento do assunto. Esta versão não teve a participação
do Engº Mauro Beligni, um dos autores do trabalho técnico referido.

Para a sua concepção foram utilizados conceitos do livro


“Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos”, de autoria dos
Professores Doutores Job Shuji Nogami e Douglas Fadul Villibor (1995),
bem como publicações apresentadas em diversos congressos e seminários
pelos autores.

O avançado estágio atual dos estudos de solos tropicais para


pavimentação só foi possível devido ao apoio institucional e
permanente, por mais de duas décadas, do Departamento de Estradas
e Rodagens do Estado de São Paulo (DER-SP) e das Escolas de
Engenharia Politécnica e de São Carlos da Universidade de São Paulo
(USP). Foram fundamentais, ainda, os estudos de muitos colegas,
professores das referidas escolas e engenheiros do DER – SP. Em
especial, do já falecido, Engº Fernando Custódio Correia, um dos
precursores da pavimentação de baixo custo com solos tropicais, e do
Engº Salvador de Almeida. Por suas relevantes contribuições ao
desenvolvimento dos pavimentos de baixo custo, ambos são
homenageados neste livro.

São enfocados assuntos ligados ao desenvolvimento de uma


tecnologia nacional, específica para solos lateríticos em ambientes
tropicais, e suas
1 Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
10

aplicações práticas. Portanto, este trabalho tem como objetivo principal


difundir, de uma maneira simplificada, a Metodologia MCT (Miniatura
Compactada Tropical) em substituição às metodologias tradicionais de
classificação de solos e escolha de materiais para uso em pavimentação.
Outro objetivo é, também, apresentar os procedimentos construtivos e de
controle tecnológico de bases executadas com solos lateríticos.
Capítulo 1

Capítulo 1
Introdução

O déficit de pavimentos urbanos é grande em quase todas as cidades


brasileiras abrangendo desde vias principais de cidades de grande porte,
até vias de circulação de distritos e conjuntos habitacionais. Citam-se no
Estado de São Paulo, cidades altamente desenvolvidas como a cidade de
São Paulo, com déficit de aproximadamente 20 milhões de m2, e o
município de Guarulhos que, mesmo já tendo uma rede pavimentada de
2,7 milhões de m2, ainda necessita executar, pelo menos, mais 30% (800
mil m2).

Em outras regiões do país, a situação, quanto ao déficit de


pavimentos urbanos, é ainda mais grave. Isso demonstra, portanto, a
necessidade e a importância do desenvolvimento de uma tecnologia de
pavimentação que minimize os custos de implantação de pavimentos
urbanos.

A abordagem tradicional da pavimentação, acrescida das


considerações mais recentes quanto à fadiga, tem se mostrado viável para
execução dos pavimentos das vias de maior tráfego. Já para ruas de
pequena intensidade de tráfego, como em conjuntos habitacionais,
pequenas comunidades e bairros periféricos, a pavimentação tradicional
pode, em muitos casos, ter um custo que a torna inviável. Em
contraposição uma pavimentação alternativa, com o uso, por exemplo, de
solos lateríticos, ou seja, pavimento de baixo custo com estrutura que
admita ser reforçada no futuro, representa uma proposta muito
interessante.

O emprego da tecnologia de solos lateríticos em pavimentos urbanos,


em regiões com ocorrência destes solos, vem crescendo nas últimas duas
décadas, preponderantemente, para vias de tráfego de muito leve a médio.
O interesse pelo emprego desse tipo de solo, nos últimos anos, na
pavimentação urbana se deve, principalmente, ao seu baixo custo em
relação aos materiais convencionalmente empregados e, também, à
ocorrência de solos lateríticos em grande escala no território brasileiro.

A grande maioria dos municípios de pequeno e médio porte executa


pavimentos urbanos segundo a sua experiência, usando pequenas
empresas, com poucos recursos para um controle tecnológico adequado e
com algumas limitações quanto à execução de pavimentos diferenciados.

As cidades de grande porte adotam conceitos, quanto ao


dimensionamento e emprego de materiais, baseados em procedimentos
tradicionais similares aos adotados em organismos rodoviários nacionais
que, por sua vez, são fundamentados em normas de organismos
internacionais, principalmente em normas americanas, como ASTM e
AASHTO (American Society for Testing and Materials; American Association
of State Highway and Transportation Officials).

Segundo os princípios de dimensionamento de pavimentos norte


americanos e europeus, as camadas da superestrutura do pavimento são
executadas, quase que exclusivamente, com materiais pétreos devido
à escassez de solos apropriados e às condições climáticas adversas —
congelamento no inverno e descongelamento na primavera — mantendo o
subleito com umidade superior à obtida em ensaios laboratoriais.

Naqueles locais, a adoção de materiais pétreos artificiais ou naturais,


com um controle rigoroso quanto ao limite de liquidez e índice de plasticidade
dos finos (material que passa na peneira de abertura 0,42 mm), é justificada
pela necessidade de garantir uma drenagem adequada do pavimento durante
o degelo e para absorver a expansibilidade da água, durante o congelamento
no inverno.

No Brasil foram utilizados, até o final da década de 70, critérios


similares aos desenvolvidos para países de clima frio e temperado,
quanto aos procedimentos de estudo de materiais e dimensionamento de
pavimentos. Os pavimentos assim projetados e executados, apesar de
viáveis tecnicamente na maioria dos casos, podem acarretar custos mais
elevados quando comparados com os não convencionais, que empregam
camadas de solos lateríticos.

Portanto, o desenvolvimento de pavimentos regionalizados e com


tecnologia nacional, é de suma importância, devido à grande extensão
Capítulo 1

territorial, aos diferentes tipos de solos que ocorrem no país, às condições


climáticas típicas de ambientes tropicais, ao grande déficit de pavimentos
a serem implantados e, principalmente, à falta de recursos financeiros.

O objetivo desta obra é fornecer subsídios para o estudo de solos e


materiais para a execução das diversas camadas de pavimentos de baixo
custo com o emprego de solos lateríticos, incluindo técnicas construtivas
das camadas de reforço, sub-base, base e revestimento.

Para o estudo dos solos do subleito e camadas da estrutura do


pavimento, serão adotados critérios de escolha e dosagem de acordo com
a metodologia MCT, desenvolvida especialmente para solos tropicais.

O dimensionamento da estrutura de pavimentos alternativos com o


uso de solos lateríticos será baseado no método da Prefeitura Municipal de
São Paulo (PMSP) para tráfego de muito leve a médio.

Neste trabalho serão abordados os seguintes assuntos:

- P a vimentação Urbana: Histórico e Aspectos do seu


Desenvolvimento.

- Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de Pavimentos de


Baixo Custo.

- Metodologia MCT e suas Aplicações Práticas.

- Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em Pavimentação.

- Dimensionamento e Estudo Econômico de Pavimentos de Baixo


Custo.

- Fundamentos para o Uso de Bases Alternativas.


14 Douglas F. Villibor e outros
15Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
1
Capítulo 2

Capítulo 2
Pavimentação Urbana: Histórico e Aspectos do seu
Desenvolvimento

O emprego da tecnologia de pavimentos alternativos em municípios


de pequeno e médio porte, praticamente não se generalizou nas últimas
décadas pelo fato de muitas das prefeituras não disporem de serviços de
engenharia eficientes e das técnicas não convencionais serem pouco
difundidas em âmbito nacional.

A preferência pelo uso de procedimentos para a escolha de materiais


e de dimensionamento de pavimentos baseados em experiências
internacionais é grande no Brasil, visto que as escolas de engenharia
adotam, em seus cursos, conceitos baseados principalmente em normas
de organismos rodoviários norte-americanos.

De maneira geral, as prefeituras vêm sempre executando


pavimentos de um determinado tipo, com determinada técnica construtiva,
demonstrando grande resistência à inovações, principalmente por falta de
condições de adaptação tecnológica.

Além dessa resistência à inovação, algumas prefeituras têm


contratos previamente feitos com fornecedores de pedra britada e
oferecem, conseqüentemente, resistência ao uso de outros materiais para
a execução de bases.

Nos municípios de pequeno e médio porte, normalmente, os


pavimentos são construídos por pequenas empresas que têm poucas
condições de
adaptação à inovações tecnológicas em termos de processo construtivo e
executam os pavimentos segundo sua experiência.

Uma prática corrente consiste em jogar pedra britada sobre o


subleito, rolar e completar o pavimento com pedra e asfalto. Já outras
prefeituras com tecnologia mais apurada, constroem compactando o
subleito, aplicando uma camada de pedra, uma bica corrida, ou macadame
seco, e macadame betuminoso para travamento da superfície.

Verifica-se que a qualidade dos serviços fica restrita ao maior ou


menor cuidado quanto à escolha dos materiais, ao processo executivo e às
condições de recebimento e controle dos serviços que normalmente são
efetuados por profissionais que, em geral, não são engenheiros. Em
muitos casos, a qualidade dos serviços fica restrita à experiência e ao zelo
do encarregado da obra na condução dos serviços.

Em centros urbanos maiores, o controle tecnológico das obras é


mais eficiente; porém, não se utilizam adequadamente, recursos naturais
disponíveis, tais como solos lateríticos para camadas de pavimentos. Este
fato pode estar associado à comodidade do uso de materiais pétreos, em
função de alguns interesses econômicos. O emprego de materiais pétreos
é, entretanto, uma solução onerosa para vias urbanas de tráfego muito
leve ou leve.

Além do mencionado anteriormente, deve-se lembrar que é sempre


mais fácil a justificativa do emprego de materiais cujo desempenho é
garantido por normas e recomendações internacionais. Outro fato a ser
considerado é o medo de reação contrária, por parte dos usuários e
moradores, quando do emprego de outros materiais para a execução de
pavimentos, porque eles poderiam ter a falsa impressão que os serviços
não serão de boa qualidade.

As estruturas de pavimentos utilizadas em países de clima frio e


temperado, se adotadas para vias urbanas em clima tropical, seriam
superdimensionadas em função do menor tráfego atuante, das diferentes
condições ambientais e do tipo de solo do subleito.

Levando-se em consideração a extensão do território brasileiro, o


grande déficit de pavimentos e a pouca disponibilidade de material pétreo
em algumas regiões, torna-se imprescindível a utilização de materiais
locais. Como solução alternativa foram empregadas, durante algumas
décadas, bases de solo-
Capítulo 2

cimento que são de elevado custo, para a realidade econômica brasileira. A


falta de recursos financeiros associada à necessidade de implantação rápida
e em grande escala de rodovias e pavimentos urbanos, levaram à busca de
novas alternativas visando a uma considerável redução nos custos dos
pavimentos.

O melhor aproveitamento de solos locais em pavimentação


aconteceu no Estado de São Paulo nos anos 50, quando foram
constatados valores de capacidade de suporte (CBR) extremamente
elevados para variedades argilo-arenosas e argilas. Esta observação
estimulou o emprego de solos locais para as camadas de reforço, do
subleito e sub-base.

O comportamento altamente satisfatório destes pavimentos, levou à


adoção daqueles materiais para bases de pavimentos, sendo executados
gradativamente segmentos experimentais em rodovias e, no final da
década de 60, em vias urbanas. Sobre a camada de base executada com
solos locais, foram utilizados revestimentos delgados do tipo macadame
betuminoso selado, na espessura de 4,0 cm, e tratamentos superficiais,
reduzindo consideravelmente os custos de implantação.

O desempenho do pavimento em vias urbanas tem sido plenamente


satisfatório, apesar de envolver materiais e espessuras considerados
inadequados pelos procedimentos tradicionais.

No início da década de 70, diante do bom desempenho de bases


executadas com solos locais, houve um incremento no emprego da
tecnologia de pavimentação de baixo custo, por meio de um programa de
estradas vicinais desenvolvido pelo DER/SP. Os solos locais utilizados para
bases de pavimentos, muito freqüentes em grande parte do interior do
Estado de São Paulo, são solos arenosos lateríticos de granulação fina,
denominados Solos Arenosos Finos Lateríticos (SAFL).

O programa de estradas vicinais do DER/SP permitiu a observação in


situ do desempenho destes pavimentos. Ao longo de alguns anos forneceu
dados tecnológicos importantes para o desenvolvimento de uma tecnologia
voltada para o emprego de solos tropicais, utilizando-se ensaios
convencionais. As técnicas empregadas foram aprimoradas com o passar
do tempo e resultaram na atual metodologia MCT, que já se encontra
implantada em vários órgãos rodoviários e prefeituras.
Atualmente, mais de 50 cidades paulistas e algumas cidades de
outros Estados (Bahia, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Acre), têm
utilizado esta tecnologia de pavimentação urbana de baixo custo. Estima-
se em mais de 15 milhões de metros quadrados de pavimentos urbanos e
em aproximadamente 20 mil quilômetros de rodovias vicinais, em todo o
território nacional, construídos com bases de solos lateríticos.

A figura 1 apresenta a malha viária e os principais centros urbanos no


Estado de São Paulo, que utilizam pavimentos com bases de SAFL.

FIGURA 1: Malha Viária e os principais Centros Urbanos do Estado de São Paulo com Pavimentos Utilizando

Bases de SAFL.
Capítulo 3

Capítulo 3
Considerações sobre Solos Tropicais e Conceito de
Pavimentos de Baixo Custo

3.1 Considerações Sobre Solos Tropicais

Os solos das regiões tropicais apresentam uma série de


peculiaridades decorrentes das condições ambientais sendo, portanto,
necessário se conceituar os solos de Peculiaridades Tropicais, ou seja, os
tipos genéticos de solos encontrados em regiões tropicais.

Os seguintes solos são encontrados em regiões tropicais: lateríticos,


saprolíticos e transportados. A figura 2 ilustra um perfil esquemático da
ocorrência destes tipos de solos.

FIGURA 2: Perfil Esquemático de Ocorrência de Solos em Ambiente Tropical


3.1.1 Conceituação dos Solos Encontrados em Regiões Tropicais

Solos são materiais naturais não consolidados, isto é, constituídos


de grãos separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil
dispersão em água, e que podem ser escavados com equipamentos
comuns de terraplenagem (pá carregadeira, motoescavotransportadora
etc.). Geralmente, os materiais constituintes da parte superficial da crosta
terrestre e que não se enquadram na condição de solo, são considerados
rochas, mesmo que isso contrarie as conceituações adotadas em geologia
e em pedologia. O solo pode, também, apresentar-se como estrutura
natural ou artificial. Terá estrutura artificial quando transportado e/ou
compactado mecanicamente, em aterros, barragens de terra, reforços do
subleito de pavimentos etc.

Dentro da classificação dos solos, aqueles que apresentam


propriedades peculiares e de comportamento, são denominados de solos
tropicais em decorrência da atuação de processo geológico e/ou
pedológico típicos das regiões tropicais úmidas. Dentre os solos tropicais
destacam-se duas grandes classes: os solos lateríticos e os solos
saprolíticos.

Os solos lateríticos (later, do latim: tijolo) são solos superficiais,


típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas, resultantes
de uma transformação da parte superior do subsolo pela atuação do
intemperismo, por processo denominado laterização.

Várias peculiaridades associam-se ao processo de laterização sendo,


as mais importantes do ponto de vista tecnológico, o enriquecimento no
solo de óxidos hidratados de ferro e/ou alumínio e a permanência da
caulinita como argilo-mineral predominante e quase sempre exclusivo.
Estes minerais conferem aos solos de comportamento laterítico coloração
típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.

Os solos saprolíticos (sapro, do grego: podre) são aqueles que


resultam da decomposição e/ou desagregação in situ da rocha matriz pela
ação das intempéries (chuvas, insolação, geadas) e mantêm, de maneira
nítida, a estrutura da rocha que lhe deu origem. São genuinamente
residuais, isto é, derivam de uma rocha matriz, e as partículas que o
constituem permanecem no mesmo lugar em que se encontravam em
estado pétreo.
Capítulo 3

Os solos saprolíticos constituem, portanto, a parte subjacente à


camada de solo superficial laterítico (ou, eventualmente, de outro tipo de
solo) aparecendo, na superfície do terreno, somente por causa de obras
executadas pelo homem ou erosões. Estes solos são mais heterogêneos e
constituídos por uma mineralogia complexa contendo minerais ainda em
fase de decomposição. São designados também de solos residuais jovens,
em contraste com os solos superficiais lateríticos, maduros.

Uma feição muito comum no horizonte superficial, ou no seu limite, é


a presença de uma linha de seixos de espessuras variáveis (desde alguns
centímetros até 1,5 m), delimitando o horizonte laterítico do saprolítico.
As figuras 3 e 4 ilustram a ocorrência de solos lateríticos e saprolíticos.

Micro-estrutura do
Solo Laterítico

Solo Saprolítico

Micro-estrutura do
Solo Saprolítico

FIGURA 3: Corte Rodoviário, com Camada Laterítica Sobrejacente a uma Camada Saprolítica de Origem

Sedimentar, com as Correspondentes Microfábricas


FIGURA 4: Perfil de Solo Saprolítico de Folhelho

A figura 4 ilustra a ocorrência de um perfil de Solo Saprolítico em


um corte rodoviário.

SOLOS ARENOSOS DE
COMPORTAMENTO LATERÍTICO

SOLOS ARGILOSOS DE
COMPORTAMENTO LATERÍTICO

FIGURA 5: Ocorrência de Solos de Comportamento Laterítico no

Território Brasileiro
Capítulo 3
3.2 Conceito de Pavimentos de Baixo Custo

Um pavimento é considerado do tipo Baixo Custo, quando:

- Utiliza bases constituídas de solos locais in natura, ou em


misturas, com custos substancialmente inferiores às bases
convencionais tais como: brita graduada, solo-cimento,
macadame hidráulico ou macadame betuminoso;
- Utiliza revestimento betuminoso esbelto do tipo tratamento
superficial ou concreto betuminoso usinado a quente, com
espessura de, no máximo, 3,0 cm;
- É dimensionado para atender os tráfegos:
- Urbano, de muito leve a leve, de acordo com a classificação
de vias apresentada no Capítulo 6;
- Rodoviário, com VDM inferior a 1500 veículos, com no máximo
30% de veículos comerciais, e com N < 5 x 106 solicitações
do eixo simples padrão de 80 kN -> sistema SI.

Nos pavimentos rodoviários há experiências com volumes superiores


ao máximo especificado; no entanto, o uso dessas bases para rodovias de
tráfego pesado somente poderá ser recomendado a partir dos resultados
das pistas experimentais (faixas adicionais), já implantadas em alguns
sub- trechos de rodovias paulistas.

3.3 Considerações para a Utilização de Pavimentos com


Solos Lateríticos

A condição para o uso de solos lateríticos de granulação fina como


material para bases in natura, ou com misturas com agregados, é a sua
ocorrência em área próxima às obras e condições ambientais adequadas.

Segundo dados geológicos, pedológicos e climáticos disponíveis, essa


condição ocorre em regiões de quase todos os estados brasileiros,
conforme indicado na figura 5.

A grande maioria dos pavimentos executados com bases de solos


lateríticos apresenta comportamento altamente satisfatório e localizam-se
em regiões com os seguintes tipos climáticos, segundo Köppen:
- Cwa (quente com inverno seco).
- Aw (tropical com inverno seco).
- Cwb (temperado com inverno seco).

A precipitação pluviométrica anual nestas regiões situa-se entre


1000 e 1800 mm, com temperatura média anual superior a 20 º C.

Algumas vias urbanas foram executadas com sucesso em regiões de


clima equatorial com volume anual de chuvas superior a 2000 mm, por
exemplo, na pavimentação de vias da cidade de Rio Branco - AC. Nesse
caso, o pavimento acha-se confinado por guias e sarjetas e com
revestimento constituído por concreto betuminoso usinado a quente
executado sobre uma camada de proteção anticravamento de tratamento
superficial simples.

Para o emprego de solos lateríticos em pavimentos urbanos, tanto o


projeto geométrico quanto o de drenagem devem atender às
características técnicas apresentadas a seguir:

- Obrigatoriedade de execução de guias e sarjetas.


- Perfil longitudinal com declividade mínima de 1% e máxima de 8%.
- Seção transversal com declividade entre 3 a 4%.
- Exigência de execução do passeio, preferencialmente com
revestimento em concreto, para evitar infiltração d’água por trás
das guias e sarjetas.
- Execução de um sistema eficiente de captação de águas pluviais e
servidas, evitando o acúmulo de água em pontos baixos.
- Execução de drenagem profunda para rebaixamento do lençol
freático a, pelo menos, 1,50 m em relação à cota final de
terraplenagem (CFT).
Capítulo 4

Capítulo 4
Metodologia MCT e Suas Aplicações Práticas

4.1 Considerações Iniciais

A metodologia tradicional apresenta uma série de limitações e


deficiências para o estudo do uso de solos na pavimentação, desde os
aspectos de classificação geotécnicas de solos até os critérios de escolha e
dosagem de materiais para o emprego em bases.

Duas classificações tradicionais têm sido mais usadas para obras


viárias: a HRB (Highway Research Board) – AASHTO (também adotada
pela ASTM) e a USCS (“Unified Soil Classification System”).

Estas classificações consideram fundamentais a granulometria, o


limite de liquidez (LL) e o índice de plasticidade (IP).

A classificação de solos HRB-AASHTO é a mais utilizada no meio


rodoviário; porém classifica e hierarquiza os solos tropicais de maneira
inapropriada. Assim, os solos que se classificam no grupo A-7-5, quando
adequadamente compactados, podem se comportar como um ótimo
subleito, caso laterítico, ou um péssimo subleito, caso saprolítico (baixa
capacidade de suporte elevada resiliência e elevada expansão).

Outro exemplo são os solos do grupo A-4 com comportamento


laterítico, utilizados com sucesso em bases de pavimentos. Em contrapartida,
ocorrem freqüentemente muitos solos saprolíticos do mesmo grupo, que
constituem péssimos subleitos. Na condição ótima de compactação da
energia normal, eles
podem apresentar um valor de CBR da ordem de 3%, quando saprolíticos e
podem atingir valores de CBR superior a 30% (na mesma condição de
compactação) e superior a 80% na energia intermediária, quando lateríticos.

Tendo em vista, entre outras, as dificuldades e deficiências apontadas


no uso das classificações tradicionais desenvolvidas para solos de clima frio
e temperado, quando empregadas em solos de ambientes tropicais, Nogami
e Villibor desenvolveram uma metodologia designada MCT, específica para
solos compactados tropicais.

A mesma baseia-se numa série de ensaios e procedimentos cujos


resultados reproduzem as condições reais de camadas compactadas de
solos tropicais, quando usadas em pavimentos, através das propriedades
geotécnicas que espelham o comportamento in situ dessas camadas.

A metodologia, desenvolvida por Nogami e Villibor a partir da década


de 70, deve-se principalmente aos seguintes fatores:

- Limitações dos procedimentos tradicionais para caracterizar e


classificar os solos com base na granulometria e limites físicos (LL e
IP). Tais índices são incapazes e insuficientes para distinguir os
principais tipos de solos tropicais, de propriedades diversas,
conhecidos como lateríticos e saprolíticos, inadequadamente
designados em outros países, de “residuais”;
- Constatação experimental do bom desempenho de bases
constituídas por solos lateríticos de granulação fina e por solo
agregado com grande porcentagem de finos (passando, quase que
integralmente na peneira de 0,42 mm de abertura), apesar de
serem considerados inapropriados para base de pavimentos pelas
sistemáticas tradicionais.

4.2 Apresentação da Metodologia MCT

A designação MCT (Miniatura Compactado Tropical) é proveniente da


utilização, nos ensaios, de corpos de prova de dimensões reduzidas
(corpos de prova com 50 mm de diâmetro) em solos tropicais
compactados.

Esta Metodologia abrange dois grupos de ensaios a saber:

- Mini-CBR e associados;
- Mini-MCV e associados.
Capítulo 4

A partir dos ensaios de Mini-CBR e associados, pode-se obter as


características dos solos apropriados para bases de pavimentos.
Geralmente após a compactação dos corpos de prova, determina-se uma
série de propriedades, tais como: capacidade de suporte (Mini-CBR),
expansão, contração, infiltrabilidade, permeabilidade, etc.

Os ensaios Mini-MCV e associados fornecem parâmetros para a


determinação dos coeficientes c’ e e’ que, por sua vez, permitem a
classificação dos solos de acordo com a metodologia MCT, além de
permitirem a determinação de todas as propriedades referidas nos ensaios
Mini-CBR e associados.

As propriedades obtidas com uso do grupo de ensaios Mini-CBR e


associados são determinadas em corpos de prova compactados com
energia constante (normal ou intermediária), para vários teores de
umidade.

Com relação ao grupo de ensaios Mini-MCV e associados, com


exceção do ensaio de perda de massa por imersão, as demais propriedades
são obtidas
na Massa Específica Aparente sua máxima (MEAS ) para vários teores de
max

umidade (variação da energia de compactação).

O fluxograma 1 ilustra os diferentes grupos de ensaios da Metodologia MCT.

METODOLOGIA
MCT

GRUPO DE ENSAIOS GRUPO DE ENSAIOS GRUPO DE ENSAIOS

Mini-CBR e Mini-MCV e Ensaios


As s ocia d os As s ocia d os in situ

ENSAIO DE ENSAIO DE
COMPACTAÇÃO COMPACTAÇÃO Mini-CBR Mini-CBR Mini-MCV
com Controle de
Mini-P roctor Mini-MCV Penetrômetro Convencional Umidade

ENSAIO DE
PERDA DE
MASSA POR
IMERSÃO

ENSAIOS ASSOCIADOS Capacidade de


Suporte Mini-CBR, Expansão,
Contração Infiltrabilidade,
Permeabilidade Penetração de Imprimadura

FLUXOGRAMA 01: Grupos de Ensaios da Metodologia MCT


4.2.1 Ensaio de Compactação

O ensaio de compactação é um dos principais ensaios da Metodologia


MCT pois, a partir de seus parâmetros básicos (umidade ótima e massa
específica aparente seca máxima), moldam-se corpos de prova para a
determinação de outras propriedades geotécnicas da Metodologia MCT.

O ensaio de compactação integrante da sistemática MCT, utiliza uma


aparelhagem de dimensões reduzidas podendo ser efetuado por dois
métodos distintos de compactação.

- Método Mini-Proctor:

Designado comumente de Mini-Proctor, em que se procura fixar


uma determinada energia de compactação e, com essa energia (normal,
intermediária ou modificada), compactar uma série de corpos de prova
com diferentes teores de umidade. Com esse procedimento,
determinam-se o
teor ótimo de umidade e a MEASmax do material.

- Método Mini-MCV:

Este ensaio foi desenvolvido para estudos de solos tropicais em


dimensões reduzidas, por Nogami e Villibor em 1980 e denominado de
Mini- MCV. Foi baseado no método proposto por Parsons em 1976,
conhecido como ensaio MCV (Moisture Condition Value).

Consiste na aplicação de energias crescentes, até se conseguir um


aumento sensível de MEAS para vários teores de umidade, obtendo-se
uma família de curvas de compactação. Essas curvas são denominadas de
curvas de deformabilidade ou de Mini-MCV, pois, a partir delas pode-se
determinar o valor dos Mini-MCV de cada uma das curvas.

Com a curva de deformabilidade correspondente ao Mini-MCV igual a


10, obtém-se o coeficiente c’, utilizado na classificação geotécnica MCT.

O ensaio também pode ser utilizado no controle da compactação e na


previsão da erodibilidade.

A figura 6 ilustra o equipamento, as características e procedimentos


do ensaio e suas aplicações práticas:
Capítulo 4

FIGURA 6: Ensaio de Compactação

4.2.2 Ensaio de Capacidade de Suporte Mini-CBR

Esse ensaio, aliado aos ensaios de expansão e contração, gera


resultados que possibilitam o dimensionamento de pavimentos e a escolha
de solos para reforço do subleito, sub-bases, bases e acostamentos. O
ensaio pode ser realizado com ou sem imersão e sobrecarga e,
dependendo da finalidade para a qual o solo estudado será utilizado,
emprega-se energia de compactação “normal”, “intermediária” ou
“modificada”.

O ensaio Mini-CBRic com imersão (i) e sobrecarga (c) é realizado


para se estudar o comportamento de solos do subleito ou solos de aterros.
Quando do estudo da capacidade de suporte de solos para bases,
realiza-se o ensaio sem sobrecarga e sem imersão, pois bases de
pavimentos econômicos não recebem camadas espessas de
revestimento, ou seja, trabalham sem sobrecarga. Medidas do teor de
umidade de bases em serviços por vários anos têm revelado que a
condição não imersa é a mais representativa. Estudos revelam que mais
de 95% das bases analisadas apresentam umidade de trabalho
(umidade de equilíbrio) inferior, em torno de 20%, à umidade ótima de
compactação quando de sua execução. O que demonstra ser
desnecessária a execução do ensaio Mini-CBR em condições imersas.

A metodologia MCT contempla também um coeficiente empírico


denominado relação RIS, definido pela relação Mini-CBRis/Mini-CBRhm
para corpos de prova moldados na energia intermediária. O emprego da
energia intermediária se deve ao fato de que, quando adotada a energia
modificada, ocorre uma laminação da parte superficial da camada de base
para alguns tipos de solos.

A relação RIS indica o quanto o solo perde de suporte após um longo


período de exposição à água. Quanto maior for a RIS, melhor é o solo,
havendo uma menor variação de suporte em contato com a água. Essa
relação foi incorporada à Metodologia MCT, pois serve como indício do
comportamento laterítico ou não do solo, sendo mais evidenciado em
solos arenosos finos.

A figura 7 ilustra o equipamento, as características e procedimentos do


Ensaio de Capacidade de Suporte Mini-CBR e suas aplicações práticas.

O ensaio Mini-CBR apresenta uma dispersão menor de valores de


capacidade de suporte em relação ao ensaio convencional.
Capítulo 4

FIGURA 7: Ensaio de Capacidade de Suporte – Mini-CBR

O suporte Mini-CBR de camadas de solos compactados pode ser


aferido, in situ, através do penectrômetro sulafricano e/ou da utilização
de equipamentos portáteis acoplados a veículos (prensa Mini-CBR). Os
resultados in situ apresentam valores de capacidade de suporte superiores
aos obtidos nos corpos de prova moldados na umidade ótima em
laboratório. Isso reforça a constatação de que as bases e camadas do
substrato, em ambientes tropicais, trabalham numa umidade inferior à
umidade ótima de compactação.
A figura 8 ilustra o equipamento para a determinação da capacidade
de suporte in situ, conhecido como penetrômetro, com soquete Mini-CBR.

FIGURA 8: Penetrômetro com Soquete Mini-CBR para Determinação da Capacidade de Suporte In Situ.

4.2.3 Ensaio de Expansão

Esse ensaio tem como objetivo principal o conhecimento dos valores


de expansão dos argilo-minerais constituintes dos solos finos,
hierarquizando os solos para diversos usos em pavimentação. A figura 9
ilustra o equipamento para a medição da expansão.
Capítulo 4

FIGURA 9: Ensaio de Expansão

4.2.4 Ensaio de Contração

O objetivo deste ensaio é verificar a contração, intencional ou não,


durante a fase construtiva e vida útil do pavimento, com o intuito de se
evitar a propagação e reflexão de trincas na camada de revestimento. O
ensaio visa a gerar informações relativas ao estado e ao comportamento
de um pavimento após o período de cura ou secagem.

A figura 10 ilustra a aparelhagem, as características e procedimentos


do ensaio e suas aplicações práticas.
FIGURA 10: Ensaio de Contração

4.2.5 Ensaio de Infiltrabilidade

O ensaio tem como objetivo medir a velocidade e a quantidade de


água que penetra em camadas de solo (bases), quando chove durante a
fase de execução e/ou operação da rodovia. Estima aproximadamente
quanto uma frente de umidade pode caminhar para dentro do pavimento a
partir de uma valeta lateral não revestida e/ou através de locais de
concentração e acúmulo d’água próximos ao acostamento. O ensaio serve
como balizamento para se determinar a distância em que se deve
encontrar a rodeira externa da pista em relação à borda do acostamento,
para dimensionar sua largura, evitando assim a ocorrência de deformação.
Capítulo 4

A figura 11 ilustra a aparelhagem, as características e aplicações dos


resultados.

FIGURA 11: Ensaio de Infiltrabilidade.

4.2.6 Ensaio de Permeabilidade

É utilizado para cálculos de escoamento de água em meio saturado,


priorizando os solos para uso em camadas de base de pavimentos. A
figura
12 ilustra a aparelhagem e as características do ensaio.
FIGURA 12: Ensaio de Permeabilidade.

4.2.7 Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água

Desenvolvido para distinguir os solos tropicais com comportamento


laterítico daqueles com comportamento não laterítico. É também utilizado
para classificar os solos tropicais (Classificação MCT), sendo empregado
para o cálculo do coeficiente e’.

A figura 13 ilustra a aparelhagem, características de ensaio e


aplicações dos resultados.
Capítulo 4

FIGURA 13: Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água.

4.3 Aplicações Práticas da Metodologia MCT

As principais aplicações desta metodologia são:

- Classificação dos solos.


- Propriedades geotécnicas.
- Critérios de escolha e priorização de solos para bases.
- Dosagem de misturas com solos lateríticos.
- Dosagem de imprimaduras asfálticas.

Neste item serão abordadas a classificação e as propriedades


geotécnicas dos solos lateríticos.

Os critérios de escolha e priorização de solos para bases, dosagem


de misturas e imprimaduras asfálticas, serão enfocados no capítulo 5.
4.3.1 Classificação dos Solos com uso da Metodologia MCT

A classificação dos solos com uso da Metodologia MCT foi


desenvolvida especialmente para o estudo de solos tropicais e baseada em
propriedades mecânicas e hídricas obtidas de corpos de prova
compactados de dimensões reduzidas. Essa classificação não utiliza a
granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade, como
acontece no caso das classificações geotécnicas tradicionais. Separa os
solos tropicais em duas grandes classes: os de comportamento laterítico e
os de comportamento não laterítico.

Os solos lateríticos e saprolíticos, segundo a classificação MCT,


podem pertencer aos seguintes grupos:

- Solos de comportamento laterítico, designados pela letra


L, sendo subdivididos em 3 grupos:

- LA - areia laterítica quartzosa.


- LA’ - solo arenoso laterítico.
- LG’ - solo argiloso laterítico.

- Solos de comportamento não laterítico (saprolítico),


designados pela letra N, sendo subdivididos em 4 grupos:

- NA – areias, siltes e misturas de areias e siltes com


predominância de grão de quartzo e/ou mica, não laterítico.
- NA’- misturas de areias quartzosas com finos de comportamento
não laterítico (solo arenoso).
- NS’- solo siltoso não laterítico.
- NG’- solo argiloso não laterítico.

Para se classificar os solos lateríticos e saprolíticos, através da


Metodologia MCT, utiliza-se o gráfico da figura 14, no qual a linha
tracejada separa os solos de comportamento laterítico dos de
comportamento não laterítico.
Capítulo 4

FIGURA 14: Classificação MCT

O gráfico foi elaborado a partir do conhecimento dos coeficientes c’


(eixo das abscissas) e e’ (eixo das ordenadas). O coeficiente c’,
denominado de coeficiente de deformabilidade, é obtido com o ensaio
Mini-MCV. O ensaio Mini-MCV, como já comentado, consiste na aplicação
de energias crescentes (produzidas pelo aumento do número de golpes do
soquete compactador) até que se atinja um valor máximo de densidade.
Esse ensaio é de massa constante, fixada em 200 g de material.

Os resultados obtidos também podem ser utilizados no controle da


compactação e na previsão da erodibilidade.

O coeficiente c’, para a classificação de solos, é obtido por meio do


coeficiente angular da parte retilínea da curva de deformabilidade que
mais se aproxima do valor Mini-MCV igual a 10.

Este coeficiente indica a argilosidade do solo, ou seja, um c’ elevado


(acima de 1,5) caracteriza as argilas e solos argilosos, enquanto valores
baixos (abaixo de 1,0) caracterizam as areias e os siltes não plásticos ou
pouco coesivos. No intervalo entre 1,0 e 1,5 situam-se diversos tipos de
solos, como areias siltosas, areias argilosas, argilas arenosas e argilas
siltosas.
O coeficiente e’ é calculado a partir do coeficiente d’ (inclinação da
parte retilínea do ramo seco da curva de compactação, correspondente
a 12 golpes do ensaio de Mini-MCV) e da perda de massa por imersão Pi
(porcentagem da massa desagregada em relação à massa total do ensaio
quando submetida à imersão em água), expresso pela expressão:

Detalhes dos procedimentos de cálculo dos coeficientes c’ e e’, e


ensaios associados, encontram-se no livro “Pavimentação de Baixo Custo
com Solos Lateríticos” de Nogami e Villibor, 1995.

4.3.2 Propriedades Geotécnicas dos Solos

A Metodologia MCT apresenta uma série de ensaios que medem as


propriedades mecânicas e hídricas dos solos, por meio de determinações
em corpos de prova de dimensões reduzidas.

Os ensaios preconizados pela Metodologia MCT são utilizados para


diversas finalidades:

- Estudo de solos para a utilização como bases de pavimentos.


- Estudo de erodibilidade dos solos com os ensaios de Mini-MCV e
perda de suporte por imersão, etc.

Portanto, a Metodologia MCT é utilizada para diversas aplicações


práticas e, para cada uma dessas aplicações, emprega-se um elenco de
ensaios:

- Obtenção do suporte Mini-CBR e expansão, para a definição do


universo do subleito para efeito de dimensionamento de um
pavimento, quando o subleito é constituído por solos finos, ou seja,
no máximo 5% de grãos retidos na peneira de abertura de 2,00
mm.
- Obtenção do suporte Mini-CBR, expansão, contração, relação RIS
e sorção, para efeito de dosagem, por exemplo: mistura de argila
laterítica com areia (ALA) para emprego como base de pavimento.
Capítulo 4

Os intervalos das propriedades mecânicas e hídricas admissíveis,


para que bases executadas com solos lateríticos apresentem
comportamento satisfatório, são os seguintes:

- Mini-CBR sem imersão ................ $ 40%


- Perda de suporte por imersão ...... # 50%
- Expansão, sem sobrecarga .......... < 0,3%
- Contração ............................. 0,1 a 0,5 %
- Coeficiente de sorção .................. 10-2 a 10-4 cm / min1/2

Nota: Intervalos de Propriedades Geotécnicas obtidos na Energia


Intermediária do Mini-Proctor.

A tabela 1 ilustra as propriedades geotécnicas associadas com as


propriedades físicas de camadas acabadas e seus principais problemas e
defeitos construtivos.
ENSAIO E PROPRIEDADES FÍSICAS
PROVÁVEIS DEFEITOS
DETERMINAÇÕES ASSOCIADAS
- De forma ç ã o Exc e s s iva
Mini -CBR Ca pa c ida de de S uporte (P re vis ã o)
- Ruptura do P a vim e nto
- De form a ç ã o da Ba s e
Expansão Aum e nto de Volum e c om Teor de Umidade
- Trinc a s da Ca pa
- Am ole c im e nto da P a rte S upe rior da Base na
Época
Ve loc ida de de Penetração da Frente de de Cons truç ã o de vido à s Chuva s
Coe fic ie nte de S ucç ã
o Umida de e Qua ntida de de Água Associada - Am ole c im e nto da Borda

Ca pila r D’á gua a P e ne tra ç ã o de ssa Frente - Dre nabilidade Lenta e Problemas Construtivos
As s ocia dos
- Cre s c im e nto da s P a ne la s
Permeabilidade P e rc olação da Água - Nã o Dre na nte
- De s a gre ga ç ã o pe lo Trâ ns ito de S e rviç o
Contra ç ã o Contra ç ã o da Base - Trinc a s de Reflexão na Ca pa
- Entra da Excessiva D’á gua na Ba s e e S uble ito
- De form a ç ã o Exc e s s iva
Gra u de Compactação do Material em - La m e la s
Com pa c ta ç ã o
Relação a Umida de Ótim a - Ruptura do Pavimento
- Trinca m e ntos Exce ss ivos
Espessura e Quantidade de Material - Es c orre ga m e nto da Ca m a da de Rola m e nto
P e ne tra ç ã o da Imprim a
dura Be tum inos o P e ne tra do - Exs uda ç ã o de As fa lto na S upe rfíc ie do P a vim e
nto
- De form a ç ã o Exc e s s iva
Mini -CBR in s itu Ca pa c ida de (Re a l) de S uporte
- Ruptura do P a vim e nto
- De form a ç ã o da Base na Época de Construção
Ra zã o: Mini -CBR na de vido à s Chuva s
Dim inuiç ã o da Capacidade com
Umida de de Molda ge m - De form a ç ã o Exc e s s iva na Borda do
Aumento da Um ida de
/ Mini -CBR Após Ime rs ã Pavimento de vido a P e ne tra ç ã o Lateral da
o Água
- Ruptura do P a vim e nto e m Ca pa s P e rm eá ve is
TABELA 1: Ensaios e Determinações da Metodologia MCT e Propriedades Físicas Associadas.
A tabela 2 ilustra valores das propriedades geotécnicas de sete
solos de comportamento laterítico e de sete solos de comportamento não
laterítico (saprolítico). As amostras foram numeradas com número ímpar,
quando de natureza laterítica, e com número par, quando de natureza
saprolítica.

Os valores das propriedades geotécnicas de alguns solos determinados


com o emprego dos ensaios da Metodologia MCT revelaram a
inaplicabilidade dos limites estipulados pelas classificações tradicionais de:
25% para o limite de liquidez (LL) e 6% para o Índice de Plasticidade (IP),
para o caso de solos e condições ambientais tropicais.

Alguns solos tropicais saprolíticos que apresentam baixo LL e baixo IP,


(dentro dos limites tradicionais anteriormente referidos) expandem-se
bastante quando compactados nas condições exigidas pelas normas
rodoviárias e imersos em água. Isto acontece, sobretudo nos solos
saprolíticos ricos em siltes caoliníticos e/ou micáceos.

Amos tra Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14
Grupo MC T LA NA LA’ NA’ LA’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NS ’ LG’ NG’

Coe ficie nte s c’ 0,50 0,35 0,80 1,00 1,36 0,80 1,84 0,60 1,82 1,10 1,70 1,30 1,76 1,70

e Índic e pa ra d’ 66 10 66 13 80 8 65 6 67 11 25 7 30 1

Classificação e’ 1,31 2,68 1,02 1,27 0,63 1,81 0,96 1,81 0,79 1,66 0,93 1,80 0,94 1,63

MCT P i (%) 196 280 75 50 50 260 50 260 20 280 00 300 15 250

Massa Es p. Apa r. Má x.(g/c m 3 2,02 1,77 2,05 2,00 1,92 1,70 1,80 1,55 1,58 1,52 1,59 1,41 1,49 1,42
)
10,5 15,5 9,8 12,0 12,9 17,0 18,0 23,2 23,0 22,0 24,0 26,0 30,0 30,0
Umida de Ótima –Ho (%)
S e m ime rs ã o
Mini -CBR 20 17 43 26 26 15 20 10 15 17 22 12 13 11
(S I)
Com ime rs ã o 19 12 41 20 22 2 17 6 13 1 17 2 11 3
(%) (1)
(CI)
(CI) / (S I) 95 70 95 77 85 17 85 60 87 6 77 15 85 24
E xpa ns ã o (%) 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 2,1 0,1 0,8 0,1 6,3 0,3 6,5 0,4 6,5
Contra çã o (%) 0,2 0,2 0,2 0,3 0,2 1,1 1,0 0,8 1,8 0,5 1,5 0,5 5,1 2,0

Permeabilidade (Log k (cm/s )) -0,7 -4,1 -6,4 -6,7 -6,4 -5,6 -5,2 -5,4 -6,7 -6,1 -7,5 -5,7 -6,5 -7,2

Infiltra çã o (Logs(cm / min)) -2,7 -2,1 -2,5 -2,4 -2,1 -1,5 -2,0 -2,0 -2,0 -1,1 -2,2 -1,1 -2,5 -2,0
Capítulo 4

% que P a s s a 2,00 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
, P e ne ira s de
0,42 98 55 73 96 99 92 95 100 99 99 99 100 99 100
Abe rtura e m
Milíme tros 0,075 21 16 22 33 57 58 54 84 79 98 85 94 88 95
% de Argila – Φ (mm)<0,002 18 4 14 10 18 4 25 10 56 18 49 16 65 50
Limite de Liquide z (%) NP NP 26 25 30 32 38 38 45 46 54 56 83 88
Índice de P la s ticida de (%) NP NP 11 11 9 10 14 14 17 19 24 26 46 50
Índice de Grupo 0 0 0 0 4 5 5 10 11 13 16 18 20 20
HRB A-2-4 A -2-4 A -26 A -26 A -4 A -4 A -6 A -6 A -7-6 A -7-6 A -7-5 A -7-5 A -7-5 A -7-5
Classificação
USCS SM SM SC SC CL CL CL CL ML ML MH MH MH CH

TABELA 2: Principais Características Mecânicas e Hídricas dos Solos Lateríticos e Saprolíticos.

Muitos solos de comportamento laterítico, similares aos das amostras


01, 03, 05 e 07 da tabela 2, são usados em bases de SAFL mesmo com
IP e LL bem superiores aos recomendados para essa camada (IP ≤ 6% e
LL ≤ 25%).

Pela análise da tabela 2 constata-se que pares de solos de um


mesmo grupo da classificação HRB apresentam valores das propriedades
mecânicas e hídricas bastante diferentes entre si, quando o esperado seria
apresentarem propriedades similares. Por exemplo, os pares de amostras
05 e 06 e 07 e 08, respectivamente de classificação A-4 e A-6,
demonstram essas diferenças com solos de um mesmo grupo. Esse fato
mostra que a classificação tradicional não é adequada para diferenciar
solos tropicais de um mesmo grupo, quando apresentam formações
genéticas distintas, como é o exemplo dos solos lateríticos e saprolíticos.

Já os mesmos pares de solos, quando classificados pela MCT, acham-


se em grupos diferentes ou seja: 05 (LA’), 06 (NS’), 07 (LG’) e 08 (NS’),
com valores de propriedades diferentes entre eles e compatíveis com seu
real comportamento, quando usados como camada de base e para outras
finalidades rodoviárias. Portanto, a classificação MCT tem uma
abrangência mais ampla e mais realística, quando aplicada no Brasil, em
relação à classificação tradicional ainda em uso.
44 Douglas F. Villibor e outros
45Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
45
Capítulo 5

Capítulo 5
Tecnologia do Uso de Solos Lateríticos em
Pavimentação

Neste capítulo serão enfocados os estudos geotécnicos dos materiais


do subleito e de jazidas para uso em camadas de reforço do subleito, bem
como aplicações da Metodologia MCT para o estudo de bases de
pavimentos de baixo custo.

5.1 Estudos Geotécnicos

O estudo para a obtenção das características geotécnicas dos solos


do subleito e de jazidas para o emprego como camadas de reforço do
subleito, sub-bases e bases, abrange as atividades ilustradas no
fluxograma 2:

ni

i i
i

i i
m i i
i
n im n n i
m m n i i ni n i n
imin
i m i ni m ni
m
m i i

ni

Fluxograma 2: Atividades Envolvidas nos Estudos Geotécnicos


A nomenclatura para identificação dos materiais no perfil dos solos
será feita de acordo com o exposto a seguir.

Designação das frações dos Materiais

- Fração Pedregulho: grãos minerais que passam na peneira de 38


mm, mas são retidos na de 2 mm de abertura nominal.
- Fração Solo: grãos minerais que passam na peneira de 2 mm de
abertura nominal.

A fração deverá ser classificada de acordo com a “Classificação de


Solos Tropicais segundo a Metodologia MCT – ME.54” da Prefeitura
Municipal de São Paulo, e apresentar a seguinte nomenclatura:

- Classe de Comportamento Laterítico: designada pelo prefixo “L”,


subdividida nos seguintes grupos:

- LA – Areia Laterítica.
- LA’ – Solo Arenoso Laterítico.
- LG’ – Solo Argiloso Laterítico.

- Classe de Comportamento Não Laterítico: designada pelo prefixo


“N”, subdividida nos seguintes grupos:

- NA – Areia Não Laterítica.


- NA’ – Solo Arenoso Não Laterítico.
- NS’ – Solo Siltoso Não Laterítico.
- NG’ – Solo Argiloso Não Laterítico.

As propriedades típicas dos diversos grupos de solos da Metodologia


MCT são apresentadas na figura 14 e detalhadas na tabela 3.
Capítulo 5

P ro p rie d a d e s Típ ic a s dos Solos dos grupos da classificação MCT


L - S olos de Com porta m e
Cla s s e N- S olos de Com porta me nto "Nã o La te rític o" nto
s “La teLA’
rític o”
NA NA’ NS ’ NG’ LA LG’
Grupos Are ia s Are nos os S iltos os Argilos o s Are ia s Are nos os Argilos os
- a re ia s - s ilte s - a rgila s
Gra nulom - a re ia s s iltos a s (k,m ) - a rgila s - a re ia - a re ia s
e- tria s - a re ia s a rgilos a - a rgila s
Típic a s - areias a - s ilte s a a re nos a s s com
(Mine rais ) s iltos a s s - a rgila s
(1) rgilos a s re nos os - a rgila pouc a
- s ilte s - a rgila s a re nos a s
e a rgilos os s s iltos a rgila
as a re nos a s
Mini Muito a lto > 30
Ca p . S u p o rte (2)

- CBR Alto a Mé Alto a


Alto 12-30 Muito
se m Mé Alto dio a Alto Alto Alto
im e rs ã Mé dio 4-12 dio Alto Alto
o
(%) Ba ix o <4
P e rda de Alta > 70
S uporte Mé
por im e Mé dia 40-70 dia a Ba ixa Alta Alta Ba ixa Ba ixa Ba ixa
rs ã o Ba ixa
(%) Ba ixa <40
Expa ns ã o Alta >3 Alta a
Ba ixa Ba ixa Alta Mé dia Ba ixa Ba ixa Ba ixa
(%) (2) Mé dia 0,5 – 3
Contra ç ã Ba ixa a Ba ixa a Alta a Ba ixa a Mé dia a
o (%) (2) Ba ixa < 0,5 Mé dia Mé dia Mé dia Mé dia Ba ixa Mé dia Alta
P e rm Alta > (-3)
ea bili- Mé dia a Mé dia a Ba ixa a Mé dia a
da de Mé dia (-3) a ( -5) Ba ixa Ba ixa Ba ixa
Alta Ba ixa Mé dia Ba ixa
Ba ixa < (-6)
log (K (cm/s ))
Ip (%) LI (%)
P la s tic i- da

Alta > 30 > 70 Ba ixa Mé Mé MP a Ba ixa Mé dia


a Mé dia a dia a Alta ba ixa a Mé a
Mé dia 7 – 30 30 – 70 dia MP MP dia Alta
Ba ixa <7 < 30
de

(1) q=quartzo, m=micas, k=caulinita


(2) Corpos de prova compactados na umidade ótima (hot), energia
normal, com sobrecarga padrão quando pertinente.
TABELA 3: Propriedades Típicas dos Solos dos Grupos da MCT

Designação dos Materiais

- Quanto à Predominância das Frações: quando não houver fração


retida na peneira de 2 mm, o material será designado
simplesmente de solo.

- Solo com Pedregulho: quando a fração retida na peneira de


2mm estiver compreendida entre 10% e 50%, a
nomenclatura deverá ser acompanhada de indicação “com
pedregulho”. Ex.: areia não laterítica com pedregulho.

- Pedregulho: quando a fração retida na peneira de 2mm for


maior que 50%, a palavra “pedregulho” deve preceder a
classificação do solo. Ex.: Pedregulho com solo siltoso não
laterítico.
- Quanto à Presença de Constituintes Especiais:

- Com mica: quando for observada a presença de mica,


deverá ser anotada a indicação “com mica”. Ex.: solo
siltoso não laterítico, com mica.

- Com matéria orgânica: quando for observada a presença


de matéria orgânica, deverá ser anotada a indicação “com
matéria orgânica”. Ex.: solo argiloso não laterítico, com
matéria orgânica.

5.1.1 Estudos Geotécnicos dos Solos do Subleito

Os estudos dos solos do subleito objetivam a obtenção dos


parâmetros geotécnicos do subleito, a partir de serviços de campo
e laboratório. Esses serviços são complementados por serviços de
escritório, que abrangem a elaboração de perfis geotécnicos com as
características dos solos, indicações dos universos de solos para
subleito e plano de exploração para jazidas.

5.1.1.1 Serviços de Campo e Laboratório

Os serviços de campo e laboratório envolvem o reconhecimento


preliminar de campo, a amostragem sistemática e ensaios geotécnicos.

Os estudos preliminares de campo desempenham papel importante


pelo fato de possibilitarem a obtenção de alguns parâmetros de maneira
expedita, mediante o uso de procedimentos práticos e de equipamentos
de fácil manuseio.

Com as informações disponíveis em mapas pedológicos, geológicos e


geotécnicos, é feita uma vistoria in situ por profissionais especializados,
com comprovada experiência na área, para a obtenção das seguintes
informações básicas:

- Existência ou não de revestimento primário nas vias.


- Condições topográficas e aspectos ligados à drenagem superficial
e profunda das vias em questão.
Capítulo 5
- Identificação expedita, táctil-visual, do subleito e das jazidas,
para a verificação da mineralogia e granulometria dos solos,
macroestrutura e cor etc.

A partir dessas informações e da identificação genética do material,


serão programadas as fases de amostragem sistemática e ensaios
geotécnicos.

A amostragem da via para fins geotécnicos será feita através de


furos de sondagens com espaçamento máximo, entre dois furos
consecutivos no sentido longitudinal, de 75 metros, devendo-se fazer
furos intermediários, a cada 25 metros, para simples identificação táctil-
visual dos materiais encontrados. Os furos e sondagens deverão ser
locados com base nas informações obtidas no reconhecimento preliminar
de campo.

As sondagens que servirão para reconhecimento (análise táctil-


visual), coleta de amostras, traçado do perfil geotécnico do subleito e
anotação da cota do nível d’água (se constatado), serão executadas com
auxílio de equipamentos manuais (trado-espiral, cavadeira, pá etc.). A
profundidade das sondagens, em relação ao greide de fundação do
pavimento será de 1,50 metro ou mais, no caso de ocorrência de solos
imprestáveis (solos atípicos) sujeitos à remoção. Nesse caso, essa área de
material impróprio deve ser delimitada e o projeto deverá dar um
tratamento adequado a ela.

A amostragem das camadas representativas do revestimento


primário e do subleito, visando à obtenção de suas características
geotécnicas, será feita conforme descrito a seguir.

- Subleito Natural

Para esse procedimento, entende-se como subleito natural, no seu


estado atual, o subleito sem presença de material pétreo lançado.

A coleta de amostras será no primeiro metro abaixo do greide


de fundação do pavimento e deverá ser representativa das camadas
encontradas.
- Subleito com Camada de Revestimento Primário

Quando as vias existentes apresentarem camada de revestimento


primário em espessura superior a 10 cm, com materiais pétreos, escória
ou entulho de boa qualidade, em porcentagem superior a 30% em
peso (material retido na peneira de 2,00 mm), deverão ser coletadas
amostras, separadamente, da camada de revestimento primário e das
camadas do subleito até a profundidade de 1,00 metro abaixo do greide
de fundação do pavimento.

A programação dos ensaios geotécnicos, tanto in situ quanto em


laboratório, será baseada em informações obtidas no reconhecimento
preliminar de campo e no levantamento topográfico (plani-altimétrico
cadastral). Com esses dados o projetista poderá pré-definir o greide de
implantação do pavimento e, portanto, prever a possibilidade de utilização
de algumas camadas em suas condições locais.

Os ensaios geotécnicos, já descritos anteriormente, serão feitos para


avaliar os materiais entre 0 e 1,00 metro abaixo do greide de fundação do
pavimento, em duas camadas de aproximadamente 0,50 m. No caso dos
ensaios laboratoriais, as amostras representativas dessas duas camadas,
se identificadas como iguais (táctil-visual e granulometricamente), poderão
ser ensaiadas em uma única amostra representativa do horizonte.

5.1.1.2 Serviços de Escritório

Os serviços de escritório orientam a elaboração de documentos


geotécnicos do projeto, constando de plantas e perfis e deverão conter
estas informações:

- Características Geotécnicas:

- Identificação táctil-visual, incluindo a cor de cada camada.


- Classificação MCT da fração do solo que passa na peneira de
2,00 mm.
- Massa específica aparente seca máxima.
- Teor de umidade ótima.
- Granulometria.
- Índice de suporte in situ, e moldado em laboratório.
Capítulo 5

- Indicações dos Universos de Solos

Os universos serão definidos, para efeito de dimensionamento,


segundo um dos critérios:

- Por meio de intervalos de Índice de Suporte, Mini-CBR ou


CBR, com Expansão # 2%:

U1: Solos com CBR ou Mini-CBR < 4%;


U2: Solos com 4% # CBR ou Mini-CBR < 8%;
U3: Solos com 8% # CBR ou Mini-CBR < 12%;
U4: Solos com CBR ou Mini-CBR $ 12%.

Opcionalmente poderá ser utilizada a classificação MCT, para a


determinação dos universos de solos:

UL: Solos Lateríticos, pertencentes aos grupos LA’ e LG’, e com


Mini-CBR $ 8%;
UN: Solos Saprolíticos, pertencentes aos grupos NS’ e NG’, e
com Mini-CBR # 8%.

Os demais grupos da classificação MCT (NA’, NA, LA) devem ser


estudados isoladamente. A figura 15 ilustra um perfil geotécnico do
subleito de uma via urbana.

A distância entre os furos de sondagem, recomendadas para estudos


geotécnicos em vias urbanas, é de 25 m.

Caso um quarteirão tenha menos que 75 m, deverão ser locados


furos de sondagem e amostrados seus solos em, no mínimo, 3 locais.
FIGURA 15: Perfil Geotécnico do Subleito de uma Via Urbana

5.1.2 Estudos Geotécnicos de Jazidas

Os estudos para a obtenção das características geotécnicas dos solos


de jazidas (áreas de empréstimos) são semelhantes aos dos solos do
subleito, havendo apenas pequenas adaptações referentes a:

- Amostragem sistemática.
- Ensaios geotécnicos.
- Serviços de escritório.

5.1.2.1 Serviços de Campo e Laboratório


(Amostragem Sistemática e Ensaios Geotécnicos)

O estudo geotécnico de jazidas para o uso em aterro, reforço do


subleito, sub-base e base, será feito por métodos convencionais, com uma
rede de poços de investigação espaçados, de 30 metros, nos dois
sentidos, conforme ilustrado na figura 16. A dimensão poderá ser
aumentada até 50 metros, em função da área de empréstimo, desde que
a malha estudada permita a caracterização adequada dos materiais
ocorrentes.
Capítulo 5

FIGURA 16: Perfil Geotécnico de uma Jazida

As amostras deverão ser coletadas em dois níveis de profundidade,


ou seja, de 0,5 m até 2,0 m e de 2,0 m até a cota final de exploração (ver
figura 16).

Constarão do estudo geotécnico, no mínimo, 09 amostras


representativas de cada camada do perfil de solo encontrado, que serão
submetidas aos seguintes ensaios:

- Classificação MCT.
- Análise granulométrica em 50% das amostras, ou em furos
alternados.
- Teor de umidade.
- Compactação Mini-Proctor na Energia Normal.
- Suporte CBR ou Mini-CBR, e expansão.

O ensaio Mini-CBR é empregado somente quando o material


apresentar granulometria com 95% passando na peneira com malha de
abertura nominal de 2,00 mm. Caso contrário, utiliza-se o CBR
convencional.
5.1.2.2 Serviços de Escritório

Os serviços de escritório constam de elaboração de plantas, perfis e


plano de exploração. Devem conter as informações indicadas na Figura
16, além dos dados relativos à análise granulométrica, capacidade de
suporte CBR ou Mini-CBR, classificação MCT, teor de umidade, massa
específica aparente seca máxima etc.

5.2 Aplicações da Metodologia MCT em Bases de


Pavimentos

A Metodologia MCT permitiu o desenvolvimento de novos tipos de


bases para pavimentos constituídas por solos tropicais considerados
impróprios pelos critérios tradicionais desenvolvidos para climas frios e
temperados.

Os materiais empregados em bases de pavimentos rodoviários e


urbanos, para baixo volume de tráfego, podem ser solos lateríticos finos in
natura ou misturas desses com agregados naturais ou britados.

Os seguintes tipos de bases para pavimentos serão enfocados:

- Bases de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL).


- Bases de Solo Argiloso Laterítico e Areia (ALA).
- Bases de Solo Laterítico e Agregado de Granulometria Descontínua
(SLAD).
- Bases de Argila Laterítica.

5.2.1 Bases de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL)

5.2.1.1 Considerações Iniciais

No território brasileiro existem vastas áreas cobertas por espesso


manto de solos arenosos finos. O solos da parte superficial desse manto
apresentam características próprias devido à atuação de processos
pedológicos específicos designados genericamente de laterização. Muitos
desses solos são jazidas naturais de solo arenoso fino laterítico (SAFL)
apropriados para o emprego em bases de pavimentos.
Capítulo 5

No Estado de São Paulo, o uso rotineiro de bases de solo arenoso


fino laterítico ocorreu após 1975. Entretanto a primeira utilização de solos
lateríticos de granulação fina (argilosos ou arenosos) em camadas de
pavimentos no Estado de São Paulo ocorreu ainda na década de 50,
quando foram utilizados em camadas de reforço do subleito.

Esse procedimento foi adotado diante do elevado valor de capacidade


de suporte CBR apresentado por esses solos, apesar de possuírem outras
características consideradas não muito favoráveis pelos procedimentos
tradicionais de classificação dos solos. Portanto, de 1950 até 1975, esses
solos in natura só eram usados em pavimentação como camadas de
reforço do subleito ou sub-bases.

Pelo fato de os solos constituintes dessas camadas se encontrarem


confinados pela base e, eventualmente pela sub-base, não havia grande
preocupação por parte do meio técnico quanto ao trincamento ou mesmo
quanto à qualidade do acabamento da superfície dessas camadas. Para
controle da qualidade dos subleitos e das sub-bases, limitava-se à
obtenção de um grau de compactação que garantia um suporte, expresso
em termos de CBR, especificado para a camada.

Para o caso do uso de solo arenoso fino laterítico em bases de


pavimentos, outras características são decisivas para o seu sucesso, pois
tais camadas praticamente não são confinadas, e recebem sobre si apenas
um revestimento betuminoso esbelto, com espessura máxima de 3,0 cm.
Mesmo assim, devem absorver os esforços provenientes da construção do
revestimento, apresentar boa aderência à camada de revestimento,
suportar os esforços verticais e horizontais provenientes do tráfego e
resistir à ação das intempéries.

Há solos arenosos finos lateríticos para emprego em bases de


pavimentos em 50% do Estado de São Paulo. Há grande ocorrência destes
solos também nos Estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Minas
Gerais.

Até a presente data, já foram executados aproximadamente 12.300


km de rodovias vicinais com bases de solo arenoso fino laterítico. Desses,
8.000 km apenas no Estado de São Paulo. Em termos de vias urbanas, já
foram construídos mais de 12 milhões de m 2 de bases de SAFL em todo o
território nacional.
5.2.1.2 Pavimentos Urbanos com Base de Solo Arenoso
Fino Laterítico

Na tabela 4 estão relacionadas as principais cidades onde já foram


executadas bases de SAFL, na espessura de 15,0 cm, ano de execução,
bem como área construída com SAFL e grupo MCT desses solos.

ANO
C AMADA DE ROLAMENTO ÁR E A CLASSIFICAÇÃO
CIDADE (in íc io d e 2
ES P E S S UR A (1000m ) MCT
e xe c u ç ã o)
Rio Bra nc o – AC 80 TS S + 4,0 cm CBUQ c om la te rita 300 LA’ – LG’
Rio Brilha nte – MS 82 TS D 200 LA’ – LG’
Ara ra qua ra 82 Ma ca da me Be tuminos o 400 LA’ – LG’
P re s ide nte P rude 82 TS D 1.500 LA’
nte
Álva re s Ma c ha do 82 TS D 300 LA’
Ros a na 82 TS D 200 LA’
Ara ç a tuba 84 TS D 400 LA’
P re s ide nte P rude 84 TS D 200 LA’
nte
Novo Horizonte 86 TS T 50 LA’ – LG’
Ba rra Bonita 86 TS S + CBUQ 3,0 c m 65 LA
Lins 86 TS S + CBUQ 3,0 c m 120 LA’
Iba té 87 Ma c a da m e Be tuminos o 80 LA’

TABELA 4: Cidades com Pavimentos de Bases de SAFL

5.2.1.3 Especificações dos SAFL para Bases


de Pavimentos

As especificações do solo arenoso fino laterítico são fundamentadas


em determinações de suas propriedades mecânicas e hídricas. Essas
especificações impõem as seguintes condições para o emprego desses
solos como base de pavimento:

- Composição granulométrica do solo tal que, 100% seja


constituído por grãos que passem integralmente na peneira de
abertura de 2,00 mm ou que possua uma porcentagem de grãos
de, no máximo, 5% retidos nessa peneira.
- Os solos devem pertencer à classe de solos de comportamento
laterítico de acordo com a classificação MCT, ou seja, ser do tipo
LA, LA´ ou LG´.
Capítulo 5
- Os solos devem apresentar propriedades mecânicas e hídricas
dentro dos intervalos indicados na tabela 5, quando compactados
na Energia Intermediária do Mini-Proctor. A curva granulométrica
destes solos é descontínua e eles devem apresentar uma
granulometria que se enquadre na faixa indicada na figura 17,
servindo portanto esta faixa como orientação para o emprego
desses solos como bases de pavimento.

PENEIRA (mm) PORCENTAGEM QUE PASSA (%)

2,00 100

0,42 85 a 100

0,149 45 a 90

0,075 20 a 50

FIGURA 17: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SAFL

P ROP R IEDADE S INTERVALOS DE VALOR ES


Mini -CBR s e m im e rs ã o ≥ 40%

RIS = 100 x Mini -CBR IS / Mini -CBR hm ≤ 50%

E xpa ns ã o s e m s obre c a rga pa drã o ≤ 0,3%

Contra çã o 0,1 a 0,5%


Coeficiente de S orçã o 10- 2 a 10 -4 (c m/min1/2)

TABELA 5: Valores Recomendados para Bases de SAFL.

Quando da construção de bases de SAFL constatou-se que alguns


solos apresentavam uma série de problemas construtivos, enquanto
outros não. A partir disso, dividiram-se os solos de comportamento
laterítico em 4 grupos de solos, localizados em áreas distintas do gráfico
da classificação MCT, conforme ilustrado na figura 18.
FIGURA 18: Áreas no Gráfico da Classificação MCT dos SAFL utilizados em Bases de Pavimentos

Para os solos de cada uma das áreas da figura 18 foram estudados


detalhes da técnica construtiva mais adequada a fim de evitar qualquer
defeito construtivo e minimizar o custo de construção.

5.2.1.4 Técnica Construtiva

A tabela 6 ilustra o Procedimento Construtivo e de Controle de Bases


de SAFL e a figura 19 mostra seus detalhes construtivos.
Capítulo 5

CONTROLE DO SOLO
PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DAS ÁREAS I E II
E DA B AS E

- Colocar o solo e pulverizá-lo, deixando a camada solta (colchão) na faixa de umidade de


projeto.

- Iniciar a compactação com rolo pé de carneiro pata longa, 6 passadas e se necessário,


Controle do Solo complementá-la com rolo vibratório corrugado, dando no máximo 3 passadas.
a cada 100 m
- Preferencialmente não patrolar o solo para o ajuste de espessura da base durante o
processo de compactação, que deverá terminar quando o grau de compactação de
- Granulometria: peneiras campo for ≥ ao de projeto.
0,42, 0,150 e 0,75 mm
- Após irrigá-la, efetuar o acabamento final da base com a motoniveladora, cortando a
- Mini -CBR hm numa espessura de 2 cm e também cortando as laterais. Executar a rolagem final com
- Contra çã o rolo de pneu ou dar no máximo 1 passada com o rolo vibratório liso.

- Deixar a base perder umidade, por secagem, num período de 48 a 60 horas ou até a
ocorrência de trincas com largura de 2 mm.

Controle da Base
a cada 40 m PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DAS ÁREAS III E IV

- Verificação do grau de - Colocar o solo e pulverizá-lo na faixa de umidade de projeto.


compactação ≥ 100% da
- Iniciar a compactação com rolo de pneu, 8 passadas e complementá-la, se necessário,
energia intermediária
dando no máximo 1 passada com rolo liso vibratório.
- Verificação do teor de
umidade na fase de - Não patrolar o solo para o ajuste de espessura da base durante o processo de
compactação (hot ± 2%) compactação.

- Acabamento final da base: após irrigá-la, efetuar o acabamento com a motoniveladora,


cortando numa espessura de 2 cm e também cortando as laterais, porém dando a
rolagem final com o rolo de pneu.

- Deixar a base perder umidade, por secagem, num período de 48 a 60 horas ou até a
ocorrência de trincas com largura de 2 mm.
Recomendações gerais:

1. Espessura mínima da base é de 12,5 cm e a máxima de 17,0 cm;


2. A uniformização do teor de umidade do colchão de solo para compactação deverá ser efetuada no final da
tarde e sua compactação deverá ser executada no período da manhã;
3. A imprimação da base deve ser precedida de uma leve irrigação.

TABELA 6: Procedimento Construtivo e Controle Tecnológico da Base de SAFL


Abertura de Caixa e Melhoria do Subleito Lançamento da Camada

Compactação da Base Processo de Cura da Base

Preparação para Imprimadura Imprimadura da Base

FIGURA 19: Detalhes Construtivos de Bases de SAFL


Capítulo 5
5.2.1.5 Peculiaridades sobre o Comportamento de
Pavimentos com Base de SAFL

Algumas peculiaridades observadas durante a vida de serviço dos


pavimentos executados com bases de solo arenoso fino laterítico são:

- Baixíssima incidência de ruptura da base, exceto em locais onde o


lençol freático se encontra a menos de 1,0 m de profundidade
e/ou em pontos de percolação de águas superficiais.
- Pequenas deflexões, geralmente entre 20 e 60 (1/100 mm).
- Pequenas deformações nas rodeiras, porém, sem trincamento do
revestimento.
- Baixa contração por secagem ao ar nos solos da área II
resultando em placas de dimensões aproximadas de 50 x 50 cm
na base, consideradas ideais como padrão de trincamento. Os
solos da área I apresentam contração média a elevada, que
conduz à formação de placas da ordem de 30 x 30 cm.
- Excelente capacidade de receber compactação (solos das áreas
I e II), alcançando facilmente o grau correspondente a 100% da
MEASmax relativa à “energia intermediária”.

- Facilidade no acabamento da base e baixo desgaste superficial


sob a ação do trânsito de serviço.
- Satisfatória receptividade à imprimadura, proporcionando uma
boa aderência da camada de rolamento à base.
- Superfície e borda pouco susceptíveis ao amolecimento por
umedecimento.

As peculiaridades mencionadas são relativas principalmente às áreas


I e II da figura 18. Entretanto, cabe ressaltar que, quando da utilização de
solos pertencentes às áreas III e IV, observa-se o seguinte:

- Dificuldade de aceitar compactação. O grau de compactação atinge valores


entre 93 e 97% da MEAS relativa à “energia intermediária”.
max

- Propensão para formação de “lamelas” na construção.


- Dificuldade no acabamento da base, principalmente sob ação do
tráfego de construção.
- Superfície e borda da base muito susceptíveis ao amolecimento
por absorção excessiva de umidade. Problemas de erodibilidade
nas bordas quando sujeitas à ação d’água em segmentos onde
não existem guias e sarjetas e/ou proteção lateral.

5.2.1.6 Considerações sobre Defeitos no Pavimento


devido às Deficiências da Técnica Construtiva

Os principais defeitos incidentes em pavimentos com bases de SAFL


decorrem de algumas deficiências no processo executivo e da interface
base/ revestimento. Estão indicados nos fluxogramas 3 e 4
respectivamente.

CAUSA OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO

Lamela Desagregração ou
PROCESSO EXECUTIVO DA BASE

Construtiva Soltura do
Revestimento
Deformação Reparo da
Solo Excessiva da Base Base
Inapropriado
Recalque Trincamento do
da Revestimento
Deficiência de Base
Drenagem
Correção do
Deficiência de Revestimento
Compactação

FLUXOGRAMA 3: Evolução dos Defeitos em Função do Processo Construtivo da Base

CAUSA OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO

Exsudação de Correção da
Material Betuminoso Exsudação
Exsudação por
Imprimadura
Cravamento
INTERFACE

em Base Úmida
Escorregamento
Cravamento do Revestimento
do Agregado
Remendo do
BASE-REVESTIMENTO

Falta de Revestimento
Buraco ou
Imprimadura Panela
Imprimadura sobre
Superfície com Pó Desagregação ou
Soltura do
Lamela Repardo da
Revestimento
Construtiva Base

FLUXOGRAMA 4: Evolução dos Defeitos em Função da Interface Base / Revestimento


Capítulo 5

Dentre as ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a


vida de um pavimento com base de SAFL são:

- Lamelas superficiais: decorrentes de pequenos aterros para acerto


de greide, quando do acabamento, e de supercompactação
superficial da camada, mais incidente em solos pouco coesivos.
- Falta de imprimadura impermeabilizante ou taxa insuficiente, que
não confere a coesão necessária na superfície da base,
acarretando cravamento do agregado do revestimento na base.
- Escolha inadequada do solo, por exemplo, com baixa capacidade
de suporte, levando conseqüentemente a recalques e
deformações excessivas, ou utilização de solos não coesivos
ocasionando escorregamentos do revestimento.

5.2.2 Bases de Misturas de Solo Argiloso Laterítico


e Areia (ALA)

5.2.2.1 Considerações Iniciais

Em muitas regiões do território brasileiro existem solos lateríticos


finos in natura, que não apresentam características adequadas para seu
emprego como bases de pavimentos. No entanto, esses solos, quando
misturados entre si ou com areias, poderão fornecer materiais adequados
com comportamento semelhante ao de um solo arenoso fino laterítico.

Dois tipos de misturas podem ser efetuadas para a utilização desses


materiais como base de pavimentos, ou seja, em caso de ocorrência de
solos argilosos lateríticos (LG’) nas proximidades da obra, estes devem ser
corrigidos com o acréscimo de areia laterítica quartzosa e/ou areia lavada
de rio. Se houver presença de areia laterítica (LA), deverá ser
acrescentado solo argiloso laterítico.

Portanto, essas misturas são caracterizadas pela natureza laterítica


de seu componente argiloso, que passa na peneira 0,075 mm (nº 200), e
pelo uso de areia laterítica (LA) ou areia de cava ou lavada de rio.

As misturas de argilas lateríticas com areia (ALA) são recomendadas


para uso em camadas de sub-bases de vias submetidas a tráfego pesado,
ou seja, número de repetições do eixo padrão de 80 kN de até 107.
Quando
utilizadas em camadas de bases, são indicadas para vias de tráfego leve,
com um N máximo de 105.

5.2.2.2 Pavimentos Urbanos com Base de Argila


Laterítica com Areia (ALA)

A tabela 7 ilustra algumas cidades onde já foram executadas bases


de ALA, na espessura de 15,0 cm, ano de execução, bem como área
construída com argila laterítica e areia e grupo MCT destes solos.

ANO ÁREA CLASSIFICAÇÃO


CIDADE CAMADA DE ROLAMENTO
(início de
ESPESSURA (1000m 2 ) MCT
execução)

J ACAREZINHO – P R 78 TS T - e s p. 2,5 cm 20 LG’ + LA

1º DE MAIO – P R 78 TS D - e s p. 1,5 cm + CBUQ - e s p. 3,5 cm 20 LG’ + a re ia de ca va

J AÚ – S P 82 TS S + CBUQ - e s p. 3,0 cm 200 LG’ + a re ia la va da

DES CALVADO – S P 82 TS T - e s p. 3,0 cm 150 LG’ + a re ia de ca va

RINCAO – S P 84 TS T - e s p. 2,5 cm 100 LG’ + LA


ITÚ – S P 97 TS S + CBUQ - e s p. 3,0 cm 300 LG’ + a re ia la va da

TABELA 7: Cidades com Pavimentos de Bases de ALA

5.2.2.3 Especificações dos Componentes e da Mistura de


Argila Laterítica com Areia (ALA) para Bases de
Pavimentos

Os componentes da mistura do tipo ALA devem atender as seguintes


características, para que possam ser considerados apropriados para
camadas de base e sub-base:

- Solo Argiloso:

- Deve pertencer à classe “L” (solo de comportamento laterítico)


e grupo LG´ (argilas lateríticas) da classificação MCT.

- Deve apresentar propriedades mecânicas e hídricas, quando


compactado na energia normal, segundo valores indicados
a seguir:
- Suporte Mini-CBR na Energia Normal, sem imersão $ 12%;
Capítulo 5
- RIS ou razão do Mini-CBR imerso para o Mini-CBR na
umidade de moldagem $ 50%;
- Expansão, sem sobrecarga padrão # 1 %.

- Areia:

- Deve pertencer aos grupos LA (areia laterítica quartzosa) e


NA (areia não laterítica), porém isenta de mica, segundo a
classificação MCT.

As misturas do tipo ALA devem atender as especificações baseadas


na classificação MCT e em determinações das propriedades mecânicas e
hídricas, descritas a seguir:

- Devem pertencer à classe de solos de comportamento laterítico.


- As misturas do tipo ALA, quando compactadas, devem possuir
propriedades dentro dos intervalos da tabela 8 e granulometria
descontínua com graduação que se enquadre na faixa indicada na
figura 20.

PENEIRA (mm) PORCENTAGEM QUE PASSA (%)

2,000 100

0,420 85 a 100

0,149 40 a 90

0,075 20 a 50

FIGURA 20: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de ALA.


P ROP R IEDADE S CONDIÇ ÃO NECE S S ÁRIA CONDIÇ ÃO DES EJ ÁVEL
Mini -CBR s e m im e rs ã o ≥ 40% ≥ 50%

RIS = 100 x Mini -CBR i / Mini -CBR hm ≥ 50% ≥ 50%

E xpa ns ã o, s e m s obre c a rga pa drã o ≤ 0,3 % ≤ 0,2 %

Contra çã o 0,1% a 0,5% 0,2% a 0,4%


-2 -4 1/2 -2 -4 1/2
Coe fic ie nte de Infiltra ç ã o 10 a 10 cm/m in 10 a 10 cm/m in

TABELA 8: Intervalos Admissíveis das Propriedades da Mistura ALA

As misturas do tipo ALA devem se situar na área indicada no gráfico


da classificação MCT, conforme ilustrado na figura 21.

FIGURA 21: Área desejável no Gráfico da Classificação MCT de ALA para Bases de Pavimentos

5.2.2.4 Projeto de Dosagem

O projeto de dosagem deve englobar um estudo geotécnico dos


componentes da mistura (argila laterítica e areia) e uma verificação dos
resultados obtidos em 3 amostras quanto ao atendimento dos requisitos
indicados nas especificações, tanto dos componentes, quanto da mistura
de argilas lateríticas e areia.

Caso os resultados atendam às especificações, deve-se proceder à


composição das misturas envolvendo amostras representativas de argilas
Capítulo 5

lateríticas com areia laterítica, ou areia de cava ou lavada de rio, em


porcentagens de peso. A porcentagem de areia utilizada nas dosagens de
laboratório deve variar de 20, 30, 40 e 50%, não devendo ser inferior a
20%, por questões práticas, no processo de mistura em campo.

Após a mistura, proceder à sua classificação e verificar sua posição


no gráfico da classificação MCT, conforme figura 21. A mistura deverá
situar- se, preferencialmente, na área de condição desejável, porém com
a menor porcentagem possível de areia, por motivos de custos de
execução.

Definidas as frações de cada componente da mistura, compor mais 9


(nove) amostras de argila laterítica com areia e submetê-las aos ensaios
propostos. Isto permitirá a obtenção de valores estatísticos das propriedades
das misturas.

5.2.2.5 Técnica Construtiva

A tabela 9 apresenta o Procedimento Construtivo e de Controle de


Bases de Misturas do Tipo ALA com a adição de areia no solo argiloso
laterítico in situ. A mistura do tipo ALA também pode ser feita na jazida,
com pá carregadeira, e transportada para a aplicação na via conforme
indicado nas figuras 22 e 23.

Detalhes construtivos de bases de ALA são mostrados na figura 24.

FIGURA 22: Jazida de Argila com Depósito de Areia Lavada para Mistura
FIGURA 23 : Misturação de Argila e Areia com Pá Carregadeira.

CONTROLE DA MISTURA
E DA BASE PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO DA MISTURA DA ÁREA I

Controle da Mistura - Lançar e executar a conformação do colchão de argila, após espalhar


a cada 100 m a areia sobre o colchão de argila na proporção de projeto.
- Misturar as duas camadas e proceder a sua pulverização com grade
- Granulometria: peneiras de disco e pulvimixer. Colocar o colchão na umidade de projeto.
0,42, 0,150 e 0,75mm - Iniciar a compactação com rolo pé-de--carneiro pata longa, em torno de 6
- Mini -CBR hm passadas e, se necessário, complementá-la com o no máximo 3 passadas de
pé-de-carneiro vibratório.
- Contração
- Preferencialmente não patrolar o solo para ajuste de espessura da base durante
o processo de compactação que deverá terminar quando o grau de compactação
de projeto for alcançado.
Controle da Base
a c a d a 40 m - Após irrigá-la, efetuar acabamento com motoniveladora cortando numa
espessura de 2cm. Executar a compactação final com 1 passada do rolo pneumático
ou liso.
- Gra u de c ompa c ta çã o
(≥ 100% da energia
intermediária) - Deixar a base perder a umidade por um período de 48 a 60 hora ou
até a ocorrência de trincas com largura de ± 2 mm .
- Teor de Umidade
(hot ± 2%)

Re c ome ndações gerais:


São já indicadas pa ra ba s e de S AFL

TABELA 9: Procedimento Construtivo e Controle Tecnológico da Base de ALA


Capítulo 5

Trincamento da Argila Compactada sem Adição de Lançamento de Areia para Mistura c/ a Argila
Areia

Processo de Mistura ALA (Grade de Disco) Compactação da Base

Início da Cura p/ Secagem c/ Trincamento Incipiente Imprimadura da Base

FIGURA 24: Detalhes Construtivos de Bases de ALA


5.2.2.6 Peculiaridades sobre o Comportamento de
Pavimentos com Base de ALA

As peculiaridades observadas no comportamento dos pavimentos


com bases de misturas do tipo ALA são similares às verificadas nos
pavimentos com base de solo arenoso fino laterítico SAFL.

5.2.2.7 Considerações sobre Defeitos no Pavimento


Devido às Deficiências da Técnica Construtiva

As considerações sobre os defeitos provenientes de deficiências da


técnica construtiva da camada de base constituída por argila laterítica com
areia (ALA), são similares às das bases de SAFL, descritas no item 5.2.1.6.

5.2.3 Bases de Solo Laterítico e Agregado de


Granulometria Descontínua (SLAD)

5.2.3.1 Considerações Iniciais

As misturas de solo agregado são consideradas de granulação


grossa, ou seja, apresentam elevada porcentagem de grãos retidos na
peneira de abertura de 2,00 mm. Seus finos, fração que passa na peneira
de 2,00 mm, devem apresentar comportamento laterítico, segundo a
classificação MCT.

Os agregados podem ser artificiais (pedra britada ou escória de alto


forno) ou naturais (pedregulho de cava, lateritas concrecionadas e/ou
quartzitos com baixa porcentagem de material passando na peneira de
abertura de 0,075 mm). Quanto à sua graduação, as misturas podem
apresentar uma granulometria contínua ou descontínua. Normalmente
utiliza-se mistura de solo agregado de granulometria descontínua (menor
porcentagem de brita), por motivos econômicos.

Deve-se sempre optar por misturas de solos e agregados naturais de


granulometria contínua, quando a jazida se encontra próxima à obra e o
custo do material não for elevado, pelos seguintes motivos:

- Melhor aderência da camada de rolamento à base executada com


misturas de solo agregado.
- Facilidade de execução.
Capítulo 5
- Fácil obtenção de uma elevada capacidade de suporte, mesmo
quando a mistura é compactada na energia intermediária.

No entanto, misturas de solo agregado de granulometria descontínua


também têm sido utilizadas com sucesso, porém quando compactadas na
energia modificada.

O comportamento das misturas de solo agregado está, sem dúvida,


relacionado com a alta qualidade de seus finos de comportamento
laterítico e com a baixa umidade de equilíbrio de trabalho dessas bases,
geralmente da ordem de 80% da umidade ótima. Isso conduz, nos
trópicos, a bases de elevada capacidade de suporte real e baixa
permeabilidade, principalmente para misturas de solo agregado de
granulometria descontínua.

Portanto, a teoria proposta para o estudo de bases de granulometria


descontínua é consubstanciada no estudo detalhado de seus finos, com a
Metodologia MCT, e das características dos agregados. O ângulo de atrito
destas misturas é garantido pelos agregados; a coesão, pelos finos
lateríticos.

A teoria clássica das misturas de granulometria contínua é baseada


na distribuição de esforços pelo contato grão a grão (atrito) e baixa
coesão, devido à pequena presença de finos. Essas misturas apresentam
elevada permeabilidade e capacidade de suporte, porém com custos
superiores quando comparadas com as de granulometria descontínua.

Quando a mistura tem em sua constituição solos lateríticos situados nas


áreas III e IV da figura 18, a base terá um comportamento notadamente
granular não coesivo, cuja resistência após compactada, deve-se sobretudo
ao ângulo de atrito interno entre as partículas. Já no caso de o solo laterítico
situar-se nas áreas I e II e a sua direita, a base terá comportamento de um
material granular coesivo, cuja resistência deve-se, tanto ao atrito interno,
quanto à coesão de suas partículas. As bases executadas com as misturas
acima têm as seguintes características:

Misturas Granulares Pouco ou Não Coesivas significam bases


com pequena susceptibilidade à segregação do solo e da brita no processo
de execução, nenhuma contração por secagem ao ar, permeabilidade
elevada, perda de umidade quando da compactação excessiva e baixa
coesão. Além do mencionado, apresentam elevada penetração da
imprimadura impermeabilizante na camada superficial da base.
Misturas Coesivas são bases com elevada susceptibilidade à
segregação do solo e da brita no processo de execução. Podem
apresentar contração por secagem ao ar, baixa permeabilidade, pequena
perda de umidade na compactação e elevada coesão, facilitando sua
aderência à camada de rolamento. Apresentam, ainda, excelente capacidade
de receber compactação alcançando com facilidade o grau de compactação
de 95% do Proctor Modificado.

5.2.3.2 Pavimentos Urbanos Executados com Base de


Solo Laterítico e Agregado

A tabela 10 ilustra algumas cidades nas quais já foram executadas


bases de SLAD, nas espessuras entre 12,0 e 15,0 cm, ano de execução,
bem como área construída com solo laterítico agregado e grupo MCT
destes solos.

ANO (in íc CAMADA DE CLASSIFICAÇÃO


TIPO DE BASE ÁR E A
CIDADE io d e ROLAMENTO 2
ESPESSURA (1000m ) MCT
e xe c u ç ã o ) ES P E S S UR
A
Ma c a da m e
S olo Brita De s c Be tuminos o
Ribeirão Preto 75 ontínuo 300 LA’ – LG’
S e la do – 5,0 cm
15 cm
CBUQ 5,0 c m
S olo Brita De s c ontínuo
Araraquara 78 CBUQ 4,0 c m 400 LA’
12 - 15 cm
S olo Brita De s c ontínuo TS D + S e la nte
Mirassol 86 80 LA
12 cm 1,5 cm
S olo Brita De s c TS D + S e la nte
Uchoa 86 ontínuo 20 LA’
1,5 cm
12 cm
S olo Brita De s c TS S + 3,0 cm
Itu 96 ontínuo 600 LG’
CBUQ
15 cm
TABELA 10: Cidades com Pavimentos de Bases de SLAD

5.2.3.3 Especificações do Solo Laterítico Agregado


(SLAD) para Bases de Pavimentos

As misturas descontínuas de SLAD são recomendadas para tráfego


variando de leve a médio e são caracterizadas pelo uso de solo laterítico,
acrescido de agregado natural ou britado.

Para uma mistura ser considerada apropriada para o uso em bases, o


solo, o agregado e a mistura deverão satisfazer os seguintes requisitos:
Capítulo 5
- Solo Laterítico:

Pertencer à classe “L” (solo de comportamento laterítico) dos grupos


LA, LA’ e LG’, da classificação MCT e apresentar as propriedades
mecânicas e hídricas, quando compactados na energia intermediária, dentro
dos intervalos mencionados a seguir:

- Suporte Mini-CBR na energia intermediária, sem imersão..... $ 20%


- Ris = 100 x Mini-CBRi / Mini-CBRhm ................................ $ 50%
- Expansão sem sobrecarga padrão .................................... # 1%
- Contração ..................................................................... # 2%

- Agregado:

Os agregados devem apresentar as seguintes características:

- Granulometria do material passando na peneira de 25 mm .. # 100%


- Porcentagem em peso na mistura ..................................... $ 40%
- Desgaste por abrasão Los Angeles .................................... # 60%

- Mistura Solo Agregado:

As misturas de solo agregado devem atender as especificações


baseadas na classificação MCT e, compactadas, devem possuir propriedades
mecânicas e hídricas dentro dos intervalos da tabela 11, além de
granulometria descontínua com graduação que se enquadre na faixa
indicada na figura 25.

TR ÁF EGO
P ROP R IEDADE S
LEVE N < 10 5
MÉDIO 10 5 ≤ N < 10 6
CBR na e ne rgia modifica da ≥ 50% ≥ 80%

E xpa ns ã o, s e m s obre c a rga pa drã o ≤ 0,5% ≤ 0,5%

TABELA 11: Intervalos Admissíveis das Propriedades da Mistura SLAD


FIGURA 25: Faixa Granulométrica Recomendada para Bases de SLAD

A mistura deverá ser dosada de forma que a parte fina se enquadre


preferencialmente, em uma das áreas do gráfico da Classificação MCT,
conforme ilustrado na figura 26.

FIGURA 26: Áreas no Gráfico da Classificação MCT dos SLAD Utilizados em Bases de Pavimentos
Capítulo 5
5.2.3.4 Técnica Construtiva

Entre as misturas de solo-agregado, as notadamente pouco


coesivas, são menos suscetíveis à segregação que as mais coesivas. Em
alguns locais pode ocorrer uma maior concentração de brita; em outros,
uma maior concentração de solo. No entanto, experiência realizada na
execução de 400
Km demonstrou não haver prejuízo significativo aos serviços.

A Tabela 12 apresenta o Procedimento Construtivo e de Controle


Tecnológico e a figura 27 mostra detalhes construtivos de bases de SLAD.
CONTROLE DO S OLO,
PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DA ÁREA 01
DA MIS TUR A E DA B AS E (BASE COM BAIXA COESÃO)

- Misturar em usina ou com pá carregadeira, em volume, o solo previamente umedecido


Controle do Solo ou seco com a brita em proporções definidas em projeto. No caso de mistura em
jazida, a caçamba da pá-carregadeira deverá ser utilizada como unidade de medida.
a c a d a 200 m

- Mini -CBR i - Descarregar a mistura no local da aplicação em montes que deverão ser espalhados
para a conformação do colchão de solo-brita a ser compactado.
- E xpa ns ã o
- Contra çã o - Ajustar a umidade de projeto com grade de discos e irrigadeira, se necessário.

- Compactar com rolo de pneus de pressão variável, 4 passadas.


Controle da Mistura - Ajustar a umidade, se necessário, com irrigação e aguardar a sua penetração no solo
brita, proceder o reacerto da camada com a motoniveladora e completar a
a c a d a 200 m
compactação com rolo de pneus até atingir entre 3 e 5 passadas, dependendo da
necessidade.
- Granulometria da Mistura
- S uporte CBR - Se necessário, para terminar a compactação da camada poderá ser empregado
rolo vibratório corrugado até atingir o grau de compactação de projeto.
- E xpa ns ã o
- Abrasão Los Angeles
PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO SOLOS DA ÁREA 02
(BASE COM ELEVADA COESÃO)

Controle da Base - Misturar em usina ou com pá carregadeira, em volume, o solo previamente


umedecido ou seco com a brita em proporções definidas em projeto. No caso de mistura
a cada 50 m em jazida, a caçamba da pá-carregadeira deverá ser utilizada como unidade de medida.

- Descarregar a mistura no local da aplicação em montes que deverão ser espalhados


- Grau de Compactação para a conformação do colchão de solo-brita a ser compactado.
(≥ 97% da e ne rgia
modificada) - Ajustar a umidade de projeto com grade de discos e irrigadeira se necessário.
- Teor de Umidade de
- Iniciar a compactação com o rolo vibratório corrugado de 4 a 6 passadas.
Compa c ta çã o (hot ± 2%)
- Efetuar, se necessário, irrigação da camada para acerto de umidade, esperar a
penetração da umidade na base e reacertar a camada pré-compactada com
motoniveladora.

- Entrar com rolo pneumático e/ou vibratório liso para completar a compactação, a fim
de que se atinja o grau de compactação de projeto.

TABELA 12: Procedimento Construtivo e Controle Tecnológico da Base de SLAD


Mistura de Solo e Pedra Britada para SLAD Mistura de Solo e Pedregulho para SLAD

Compactação da Base Imprimadura da Base

Textura do SLAD c/ Agregado Britado Textura do SLAD c/ Agregado de Pedregulho

FIGURA 27: Detalhes Construtivos de Bases de SLAD e aspecto de sua superfície.


Capítulo 5
5.2.3.5 Peculiaridades de Comportamento do Pavimento

As peculiaridades de comportamento dos pavimentos observados


com base de SLAD são:

- Ausência de ruptura de bases: não foi constatada nenhuma


ruptura desse tipo, a não ser em pontos isolados, onde o nível
d’água se encontra a pequena profundidade.
- Pequena deflexão: os valores de deflexões situam-se entre 20 a
60/100 mm.
- Condição hidrológica da base: as determinações dos teores de
umidade, efetuadas na base, têm revelado valores abaixo da
umidade ótima de compactação correspondente à energia de
referência adotada.
- Ausência de lamelas na base: o fato de a mistura conter elevada
porcentagem de agregado britado tem facilitado a técnica construtiva
uma vez que, mesmo com elevada energia de compactação, não
ocorrem “lamelas” causadas por supercompactação ou na fase de
acabamento da mistura.
- Ausência de escorregamento do revestimento: devido ao elevado
atrito entre a interface da base imprimada e o revestimento,
mesmo em curvas fechadas.
- Trincamento no revestimento: este defeito ocorre muito
esporadicamente, em locais isolados e é explicado pelo excesso de
umidade na camada de solo-brita, especialmente em solos bastante
coesivos.

5.2.3.6 Considerações sobre Defeitos no Pavimento


Devido às Deficiências do Processo Executivo

Os principais defeitos incidentes nas bases de SLAD estão ilustrados


no fluxograma 5.
CAUSA OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO

Reaterro Desagregação ou
Superfície Soltura do
Revestimento

Solo-Agregado Deformação Reparo da


BASE

Inapropriado Excessiva da Base Base


Recalque Trincamento do
Deficiência da Revestimento
de Drenagem Base
Desagregação do
Revestimento Remendo do
Deficiência Revestimento
de Compactação

FLUXOGRAMA 5: Evolução dos Defeitos


Devido às ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a
vida de um pavimento com base de SLAD são:

- Ocorrências de ondulações e desagregações do revestimento,


decorrentes de pequenos reaterros quando do acabamento da
base, gerando uma camada de pequena espessura sem aderência
ao corpo da camada de base.
- Escolha inadequada do solo. Por exemplo, com baixa capacidade
de suporte e presença de finos expansivos (que levam a
recalques e deformações excessivas do pavimento), ou solos sem
nenhuma coesão que podem acarretar escorregamento do
revestimento.

5.2.4 Bases de Argila Laterítica

5.2.4.1 Considerações Iniciais

Nas regiões tropicais úmidas ocorrem espessas camadas de solos


lateríticos arenosos e argilosos, sendo os tipos argilosos mais freqüentes,
a não ser em certas regiões, como por exemplo, no noroeste do Estado de
São Paulo, onde predominam os tipos arenosos finos.

Diante do exposto, é de extrema importância a utilização de argilas


lateríticas em bases de pavimentos de baixo custo, principalmente nas
zonas periféricas de crescimento urbano mais recente.

Um dos primeiros trechos experimentais com base de argila laterítica


foi o acesso norte de Campinas à Via Anhangüera (SP-330), executado no
inicio da década de 50. Neste trecho utilizou-se o “envelopamento” da
base com pintura betuminosa.

No Plano de Pavimentação de 1958 do DER/SP, sub-bases e reforços


do subleito foram executados em grande escala, com uso de argilas
lateríticas.

A partir de meados da década de 80 a construção de trechos


experimentais com uso de argilas lateríticas foi retomada nos Estados de São
Paulo e Paraná.

A pavimentação urbana com o emprego de bases de argila laterítica


se desenvolveu a partir de um diagnóstico errôneo de uma jazida, que
deveria ser de solo arenoso fino laterítico, na cidade de Ilha Bela.
Capítulo 5

Naquela ocasião, observou-se que a base, recém construída, contraiu


em demasia resultando em um trincamento em blocos de 15 cm x 15 cm,
com abertura de trincas de 3,0 a 4,0 mm. Devido ao fenômeno, a
empresa executante não procedeu à aplicação de um revestimento
betuminoso sobre a base extremamente trincada.

A primeira providência técnica tomada para diagnosticar o elevado


grau de trincamento da base foi o ensaio, pela Metodologia MCT, da jazida
utilizada para a execução da camada.

O ensaio demonstro u que a jazi da não se enquadrava na


especificação de um solo para o emprego em bases de solo arenoso fino
laterítico (SAFL) pois, entre outros problemas, o produto dali extraído
apresentava contração superior a 2,5% e CBR na umidade de moldagem
para a energia intermediária, inferior a 20%. Para se enquadrar como
SAFL, deveria apresentar contração inferior a 0,5% e CBR superior a 40%
na umidade ótima. Portanto, o solo utilizado era na verdade, uma argila de
comportamento laterítico (LG’), segundo a classificação MCT.

A grande preocupação, além do baixo suporte, era a reflexão das


trincas da camada de base para o revestimento fazendo com que, nos
períodos chuvosos, a água percolasse para as camadas inferiores através
da infiltração pelas trincas, instabilizando essas camadas.

No caso do pavimento de Ilha Bela, as seguintes soluções poderiam


ser executadas:

- Remoção de toda a camada de base, mistura da argila laterítica


com areia e execução de uma mistura do tipo argila laterítica e
areia (ALA).

- Preenchimento das trincas com areia fina através de varredura da


superfície da base.

A segunda solução foi adotada, acrescida da execução de um


revestimento tipo macadame betuminoso selado, na espessura de 4,0 cm,
com a finalidade de minimizar a eventual propagação das trincas.
Para a recuperação da base trincada foram tomadas as seguintes
providências:

- Peneiramento da areia para preenchimento das trincas, retirando


a fração superior a 0,42 mm.
- Distribuição, por caminhão basculante, de montes eqüidistantes
de areia e espalhamento da areia seca com a finalidade de
preencher as trincas.
- Irrigação da superfície de toda a base, fazendo com que parte da
água infiltrasse nas trincas preenchidas com areia seca,
carreando a areia para o fundo.
- Repetição do procedimento do primeiro item, após a secagem da
superfície irrigada. Varrição, em seguida, removendo todo o
excesso de areia na superfície das placas trincadas.
- Imprimação com CM-30, de toda a superfície, e execução de
camada de rolamento com macadame betuminoso selado.

A tecnologia foi estendida para a cidade de Jaú, no interior de São


Paulo, com o intuito de substituir as bases convencionais de brita
graduada simples, macadame hidráulico e betuminoso, por pavimento de
baixo custo para tráfego leve.

As primeiras experiências sistemáticas com o uso de bases de argila


laterítica na cidade de Jaú ocorreram em 1986. Adotou-se, inicialmente, o
procedimento que envolve a secagem da camada argilosa compactada, para o
desenvolvimento de trincas, posterior fechamento das trincas com areia fina e
aplicação de revestimento de macadame betuminoso relativamente espesso
(aproximadamente 5,0 cm).

A partir de 1988, iniciou-se a substituição do macadame betuminoso


com capa selante, por revestimento com tratamento superficial
betuminoso na espessura de 2,5 cm. Esse tipo de projeto foi executado em
vias de tráfego de “muito leve” a “leve”, caracterizadas pela instrução de
Projeto PMSP/92 anterior ao atual IP-02 de classificação de vias.

Atualmente, em Jaú, o pavimento mais adotado, com base de argila


laterítica, é constituído por: camada betuminosa aberta, de bloqueio sobre a
superfície da base, com espessura aproximada de 0,5 cm e um revestimento
de mistura betuminosa usinada a quente, com cerca de 2,5 cm de
espessura. A calafetação das trincas de contração da base com areia fina foi
substituída pelo
Capítulo 5

enchimento, com material remanescente do processo de umedecimento, e


corte da superfície da base após o período de cura.

A extensão total de ruas pavimentadas, na cidade, com base de


argila laterítica atinge mais de 500.000 m2.

5.2.4.2 Pavimentos Urbanos com Base de Argila Laterítica

A tabela 13 ilustra algumas cidades em que já foram executadas


bases de Argila Laterítica, na espessura de 15,0 cm, ano de execução,
bem como área construída com argila laterítica e grupo MCT destes solos.

ANO
C AMADA DE ROLAMENTO ÁREA CLASSIFICAÇÃO
CIDADE (in íc io d e 2
ES P E S S UR A (1000m ) MCT
e xe cu ç ã o )
Cra va m e nto + 5,0 cm Ma c a da m e
Ribeirão Preto 75 500 LG’
Be tuminos o S e la
do
Jaú 80 P é de Mole que + CBUQ 3,0 cm 500 LG’
Cra va m e nto + 5,0 cm Ma c a da m e
Araraquara 80 300 LG’
Be tuminos o S e la
do
Ilha Bela 82 5,0 cm Ma c a da m e Be tuminos o S e la 100 L G’
do
TABELA 13: Cidades com Pavimentos de Bases de Argila Laterítica

5.2.4.3 Especificações da Argila Laterítica para Bases de


Pavimentos

Justifica-se a utilização de argilas lateríticas em bases de pavimentos,


quando não há possibilidade econômica de misturá-las com areia e/ou pedra
britada.

Além disso, ela somente podem ser usadas em bases de trechos


com tráfego muito leve, praticamente só de carros, caracterizado por
N ≤ 104 solicitações do eixo simples padrão de 80 kN. As argilas lateríticas
devem apresentar as características:

- Classe “L” (comportamento laterítico) e grupo LG’ (argilas lateríticas)


da classificação MCT;

- Propriedades mecânicas e hídricas dentro dos intervalos


indicados na tabela 15, quando compactadas na
Energia Normal do Mini-Proctor, e granulometria com graduação
que se enquadre nas faixas indicadas na tabela 14;
P ENEIRA (mm) P ORCENTAGEM QUE P AS S A (%)
2,000 100
0,420 100 a 75
0,150 95 a 70
0,075 90 a 60

Tabela 14: Faixa Granulométrica Utilizada para Bases de Argila Laterítica.

- Situar-se na área do gráfico indicada na figura 28.

FIGURA 28: Área no Gráfico da Classificação MCT das Argilas Lateríticas Utilizadas em Bases de

Pavimentos

P ROP R IEDADE S CONDIÇ ÃO NECE S S ÁRIA CONDIÇ ÃO DES EJ ÁVEL


S uporte Mini-CBR ≥ 12% ≥ 20%

RIS ≥ 50% ≥ 70%

E xpa ns ã o ≤ 0,5% ≤ 0,3%

Contra çã o ≤ 4% ≤ 2%

TABELA 15: Valores Recomendados para Bases de Argila Laterítica

Algumas peculiaridades das argilas lateríticas utilizadas na


pavimentação de vias urbanas da cidade de Jaú são:

- Massa específica aparente seca máxima relativamente elevada,


em parte devido à presença de minerais de elevada massa
específica real, sobretudo óxidos de ferro anidros e hidratados.
Capítulo 5
- Perda de massa por imersão em água (Pi) na umidade ótima,
relativamente elevada.

A tabela 16 apresenta o Procedimento Construtivo e Controle


Tecnológico e a figura 29 mostra detalhes construtivos de bases de Argila
Laterítica.

5.2.4.4 Técnica Construtiva


CONTROLE DO PROCEDIMENTO CONSTRUTIVO
SOLO E DA
BASE

- Transporte em caminhões basculantes da argila laterítica ao local de aplicação, onde é


descarregada em montes ao longo do trecho a pavimentar.
- O colchão de solo solto é distribuído com a motoniveladora, numa espessura
homogênea, da ordem de 22 a 25 cm, a fim de se obter uma camada final compactada de
Controle do Solo 15 cm. Quando, no processo de distribuição do colchão de solo, a camada superior ficar
a cada 100 m compactada pela ação dos pneus da motoniveladora, formando um "cascão duro", deve-
se escarificar a parte superficial com os dentes da patrol para de destorroar o solo.

- Gra nulom e tria : pe ne - A homogeneização da umidade é obtida pela ação combinada de grade de disco e
ira s irrigadeira. As umidades ótimas de compactação são elevadas, estando geralmente na
faixa de 16 a 24%.
0,42, 0,150 e 0,75 mm
- Mini -CBR hm na - A compactação é efetuada integralmente com rolo pé de carneiro, pata longa estático
ou vibratório.
e ne rgia norma l
- Contra çã o - Após a compactação, a espessura da base deverá ser superior à de projeto, para que na
fase de acabamento se evitem locais com complementação de pequenas espessuras.
Essas complementações acarretam "lamelas" superficiais, muito prejudiciais, por causa de
seu fácil destacamento e descolamento do corpo da base.

- O acabamento deverá ser executado exclusivamente em corte.

- A camada de base, depois de compactada, deverá ficar exposta ao ar e ao sol por um


Controle da Base
período superior a 48 horas para perder cerca de 30 a 40 % do teor de umidade de
a cada 40 m compactação. Essa secagem leva a uma intensa contração da base, desenvolvendo trincas
com abertura de 3,0 a 6,0 mm e formando conseqüentemente placas quadrangulares de
15 cm x 15 cm.
- Verificação do grau de c
ompa cta çã o ≥ 100% da - Após a cura e o desenvolvimento das trincas, a base deverá ser umedecida para
posterior corte de acabamento da mesma, com a finalidade de calafetação das trincas de
e ne rgia norm a l grande abertura. Sem esse intenso umedecimento, é praticamente impossível se executar
- Verificação do grau um corte de pequena espessura, devido à elevada resistência da camada após a
compactação e cura por secagem. O corte é executado com motoniveladora com lâmina
de umidade na fase
bem afiada.
de É desejável que a camada de revestimento seja executada em um período não superior a
c ompa cta çã o (hot ± 2%) 30 horas após o corte.

- Logo após o corte, para aproveitar a umidade ainda existente na superfície da base,
deve ser executada apenas uma imprimadura ligante com uso de emulsão asfáltica de
ruptura rápida, diluída em 40% de água, na taxa de 1,0 a 1,4 l/m².

- Sobre a base imprimada não se permite o tráfego.

- Sobre a base imprimada é executada uma camada betuminosa de bloqueio,


denominada "pé de moleque", de 0,5 cm, composta por pedra britada de granulometria
fina e CAP-20. A camada não tem finalidade estrutural, mas sim de interligação entre a
base e a camada de rolamento.
Como camada de rolamento emprega-se um revestimento betuminoso usinado a quente,
com espessura de 2,5 cm, distribuído com vibroacabadora e compactado com rolo de
pneus e rolo liso leve

TABELA 16: Procedimento Construtivo e Controle Tecnológico da Base de Argila Laterítica


Preparo da Camada Compactação

Umedecimento para Corte Base em Processo de Corte

CBUQ sobre Camada Anti-Cravamento Reflexão de Trinca no Revestimento

FIGURA 29: Detalhes Construtivos de Bases de Argila Laterítica


Capítulo 5
5.2.4.5 Peculiaridades de Comportamento do Pavimento

O comportamento de pavimentos de baixo custo com bases de argila


laterítica está ligado às peculiaridades geotécnicas e de ocorrência das
argilas lateríticas utilizadas. Essas argilas pertencem, predominantemente,
à classe pedológica Latossolo roxo e são conhecidas, genericamente, por
terra roxa, com grande ocorrência na região Centro-Sul do Brasil.

Desenvolvem-se em condições bem drenadas em clima tropical úmido


e apresentam, ainda, a peculiaridade de conter sempre apreciável
porcentagem de substâncias derivadas de rochas cristalinas básicas
(principalmente basaltos e diabásios).

A camada de argila laterítica compactada apresenta trincamento,


tanto na direção vertical quanto horizontal, formando blocos de solo de
pequenas dimensões. No caso da execução de uma camada de
revestimento de concreto betuminoso usinado a quente, ou de um
tratamento superficial, observa-se uma propagação imediata das trincas
da base, ficando a camada de rolamento trincada e com sua superfície
similar à da base.

As águas provenientes de chuvas infiltram pelas trincas, percolando


para as camadas inferiores, resultando em defeitos que inviabilizam esses
tipos de bases. No entanto os blocos da base (lajotas de solo de forma
cúbica) fora da área das trincas, apresentam valores de suporte elevados
e baixa permeabilidade. Portanto, caso não apresentassem trincas
verticais, tais bases funcionariam adequadamente para vias de tráfego
leve.

Para a obtenção de bases de argila laterítica com continuidade,


procedeu- se inicialmente ao preenchimento das trincas com areia e, mais
recentemente, com argila. Além desses cuidados, deve-se executar uma
camada esbelta de bloqueio com a finalidade de proteger a superfície da
base assim como evitar a propagação das eventuais trincas restantes do
processo de enchimento.

Outra forma de se reduzir substancialmente o trincamento excessivo


de camadas constituídas por argilas lateríticas é a mistura de solo argiloso
e brita. Nesse caso, a brita funciona como alongador de massa, espaçando
mais o trincamento em blocos e reduzindo a abertura das trincas. O
tamanho dos blocos e a intensidade de ocorrência dos mesmos, são
determinados pela dosagem da argila laterítica com a brita.
Outra técnica, que vem sendo aplicada, é a saturação da parte
superficial da camada de solo argiloso e posterior cravamento de agregado
britado (pedra nº 4) com rolo liso estático. No entanto, a solução pode
apresentar o seguinte problema: na secagem da superfície, as pedras
cravadas, por causa da retração do solo, podem perder seu travamento.

Nesse caso, deve-se utilizar como revestimento uma camada de


macadame betuminoso selado, com espessura mínima de 5,0 cm, com o
intuito de travar os agregados cravados. Os pavimentos, assim executados,
apresentam um comportamento altamente satisfatório, sendo empregados
para vias de tráfego leve (vias periféricas, mesmo com pequeno tráfego de
ônibus).

Essas soluções já foram empregadas com sucesso em diversas vias


urbanas de algumas cidades, entre elas, em Araraquara, Jaú, Ribeirão
Preto, Viradouro.

5.2.4.6 Considerações sobre Defeitos no Pavimento


Devido às Deficiências do Processo Executivo

Os principais defeitos incidentes nas bases de argila laterítica estão


ilustrados no fluxograma 6.

CAUSA OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO

Lamela Desagregação ou
Construtiva Soltura do
Revestimento
Solo Deformação Reparo da
Inapropriado Excessiva da Base Base
Recalque Trincamento do
Deficiência de da Revestimento
Drenagem Base
BASE

Deficiência de
Compatação
Remendo/Correção
Revestimento
Trincamento por Reflexão de
Contração do Solo Trincas

Interface Escorregamento do Ondulação do


Deficiente Revestimento Revestimento

FLUXOGRAMA 06: Evolução dos Defeitos

Dentre as ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a


vida de um pavimento com base de argila laterítica são:
Capítulo 5
- Trincamento excessivo por contração do solo, com conseqüente
reflexão de trincas no revestimento betuminoso.
- Formação de lamelas por supercompactação, resultando em
desagregação ou soltura do revestimento.

5.3 Imprimaduras Asfálticas e Revestimentos


Betuminosos

5.3.1 Imprimaduras Asfálticas

5.3.1.1 Considerações Iniciais

A maioria dos pavimentos de baixo custo no Estado de São Paulo foi


construída com camada de rolamento em tratamentos superficiais
invertidos duplos ou triplos, por ser o tipo mais adequado de camada de
revestimento para esses pavimentos.

Antes da abordagem dos revestimentos betuminosos para


pavimentos de baixo custo, serão tecidos alguns comentários sobre a
impermeabilização das bases, em especial imprimaduras asfálticas em
bases de solo arenoso fino laterítico.

São objetivos da impermeabilização, com a imprimadura asfáltica


sobre bases de solos lateríticos:

- Aumento da coesão da parte superficial da base.


- Melhoria das condições de aderência da base ao revestimento.
- Aumento das condições de impermeabilização, dificultando a
penetração de água que possa, eventualmente, infiltrar-se pelo
revestimento.

A observação sistemática de trechos, durante e após a construção,


mostrou que alguns dos defeitos que ocorriam nesses pavimentos tinham
como causa principal a imprimadura.

A partir dessas constatações alguns programas de pesquisas, tanto


em campo quanto em laboratório, foram realizados com o intuito de
verificar, por exemplo, quão afetado pela quantidade inadequada de
imprimadura asfáltica, o desempenho de um pavimento de base de solo
arenoso fino laterítico pode ser.
Outra finalidade desses programas foi a elaboração de um
procedimento de ensaio que permite escolher que tipo de material
asfáltico é indicado para a imprimação de determinado solo, a que taxa
deve ser aplicado e quais são as condições ótimas para a sua aplicação.

Nas observações efetuadas nos trechos testes, em uma extensão


aproximada de 1000m, foram identificadas algumas características da
imprimadura asfáltica, associadas à sua penetração na base, que
interferiam no desempenho do pavimento:

- Penetração excessiva da imprimadura, atingindo cerca de 15


mm na camada de base, onde verificou-se, em alguns pontos
localizados, o descolamento da camada de rolamento, ocasionado
pela falta de aderência na interface base-revestimento e/ou pelo
cravamento do agregado da capa na superfície da base, causando
rupturas superficiais. Nesse caso, o cravamento acontece devido
ao aparecimento de uma crosta frágil na superfície da base.
- Reduzida penetração da imprimadura, da ordem de 1 a 2 mm,
formando uma superfície betuminosa excessivamente espessa na
superfície e, muitas vezes, exsudação do ligante na superfície da
camada de rolamento.

As imprimaduras, que apresentam resultados satisfatórios são


caracterizadas por:

- Espessuras de penetração do material betuminoso da ordem de 4


a 10 mm.
- Película residual do material betuminoso na superfície da base
com espessura não excessiva, de cor preta acastanhada.

As imprimaduras nessas condições, resistiram adequadamente aos


esforços de cravamento dos agregados da camada de rolamento na base e
não produziram exsudações no revestimento.

5.3.1.2 Recomendações para Dosagem do Tipo e Taxa de


Material Betuminoso

A partir dos resultados de laboratório e dos trechos experimentais,


sugere-se o seguinte critério para a fixação do tipo e da taxa de material
asfáltico a ser utilizado na imprimadura:
Capítulo 5
- Ensaiar o solo em questão com CM-30, à taxa de 1,2 l/m2.
- Traçar a curva “penetração da imprimadura versus teor de umidade” e
determinar a penetração no teor de umidade correspondente – 2%.
ot
àh
- Se a penetração obtida no item anterior for inferior a 4 mm, utilizar
CM-30 para a imprimação, aplicado à temperatura de 30º C, na taxa
de 0,8 à 1,0 l/m2. Se a penetração obtida no item anterior estiver
entre 4 e 10 mm, utilizar CM-30, aplicado à temperatura de 30º C,
na taxa de 1,0 à 1,2 l/m2.
- Nos casos em que a penetração da imprimadura for superior a 10
mm, reensaiar o solo, porém utilizando CM-70, viscosidade
Saybolt-Furol entre 80 e 100 s. Com os resultados, traçar o
gráfico “penetração da
imprimadura versus teor de umidade”, determinar a penetração da
imprimadura no teor de umidade correspondente à h e proceder à
ot

fixação da taxa conforme item anterior, porém, quando da


utilização de CM-70, a temperatura deve estar em torno de 40º C.

5.3.1.3 Considerações sobre a Influência dos Diversos


Parâmetros nos Serviços de Impermeabilização de Bases

A impermeabilização das bases é afetada por diversos fatores, desde


o tipo de material betuminoso aplicado até a umidade existente no
momento de imprimação. Por isso, é importante a análise de cada um
desses fatores.

- Influência do Tipo e da Taxa de Material Betuminoso Aplicado

A imprimadura, como já foi visto, pode ser executada com asfaltos


diluídos dos tipos CM-30 ou CM-70, cujas características são oficializadas
pela ABNT, no P-EB-651.

Sendo o CM-70 mais viscoso que o CM-30, sua penetração na


superfície da base é menor, se aplicado à mesma taxa.

Variando-se a taxa de aplicação de 0,7 para 1,2 l/m2, a penetração


da imprimadura sofre um acréscimo da ordem de 55% (passando de 5,3
para
8,2 mm), conforme observado nos ensaios laboratoriais e em campo.

- Influência do Teor de Umidade de Compactação

Em todos os solos ensaiados, notou-se uma inflexão da curva de


penetração da imprimadura versus teor de umidade, próxima à umidade
ótima, acima da qual a penetração se mantém em níveis baixos (inferiores
a 1 mm). À medida que se diminui a umidade, a partir da umidade ótima,
nota-se um aumento acentuado da penetração.

- Influência do Tipo de Solo

Os solos arenosos finos lateríticos, dependendo da quantidade de


argila em sua constituição, podem apresentar comportamento diferente
quanto à penetração da imprimadura.

Um solo que possui pequena porcentagem de fração argila (em torno de


18%, por exemplo), ou seja, um solo mais arenoso, apresentou nos
ensaios laboratoriais realizados, penetração maior (8,2 mm) no teor de
umidade igual à umidade ótima –2%, do que a apresentada pelo solo mais
argiloso (penetração de 2,3 mm).

- Influência da Irrigação Prévia

Obteve-se maior penetração da imprimadura nos corpos de prova


ensaiados que foram levemente umedecidos antes da aplicação do
material asfáltico.

- Influência da Umidade na Ocasião da Imprimação

Os resultados dos ensaios laboratoriais, tanto para a energia normal


quanto para a intermediária, apresentam um ponto de máxima penetração
da imprimadura, que se situa em torno de 50 a 70% da umidade ótima.
Porém, sempre que o corpo de prova é moldado em um teor de umidade
superior à ótima (independente da energia utilizada), a penetração da
imprimadura cai para níveis bastante reduzidos, mesmo que o corpo de
prova seja deixado secar ao ar, por 24 horas.

- Influência da Densidade Aparente Seca

A penetração da imprimadura, para uma mesma energia de


compactação, varia inversamente com a densidade no ramo seco da curva
de compactação. Já no ramo úmido, verifica-se a formação de uma
camada espessa de asfalto residual na superfície dos corpos de prova,
indicando que não há, praticamente, penetração da imprimadura.
Capítulo 5

Para diferentes densidades e um mesmo teor de umidade (diferentes


energias de compactação), observa-se uma maior penetração no caso da
menor energia de compactação.

5.3.1.4 Imprimaduras Asfálticas em Bases de Argila La-


terítica

Sobre bases de argila laterítica, executa-se apenas uma imprimadura


ligante, com o emprego de emulsão asfáltica de ruptura rápida, diluída em
40% de água, na taxa de 1,0 a 1,4 l/m2.

O emprego de asfaltos diluídos não tem sido recomendado,


sobretudo pela demora da cura (aproximadamente 72 horas, devido a
baixa penetração do ligante na base) e custo mais elevado. Em
contrapartida, as emulsões asfálticas têm sido utilizadas pela sua
praticidade de aplicação, permitindo o início da execução da camada de
rolamento praticamente de imediato. Sobre a base imprimida não se
permite o tráfego.

5.3.1.5 Recomendações para a Execução da Imprimadura

Além da escolha do tipo de impermeabilização e da sua dosagem (taxa


de imprimadura), é necessário seguir as recomendações construtivas
indicadas a seguir para que a imprimadura cumpra sua função
adequadamente:

- Face à grande perda de umidade constatada em campo, a


operação de compactação da base deverá iniciar com 1 a 2%
acima da umidade ótima para que, no final do processo, a
umidade esteja em torno da ótima de compactação.
- Evitar a superposição de faixas de irrigação na fase de
compactação.
- O acabamento da base deverá ocorrer sempre em corte, para
evitar a formação de lamelas e material solto na superfície da
base o que, provocará escorregamentos do revestimento;
- Eliminar toda e qualquer partícula solta na superfície da base,
com varredura e/ou jato de ar comprimido.
- Após a secagem da base, ela deverá ser irrigada levemente, com
taxa de irrigação em torno de 0,5 a 0,8 l/m2, a fim de evitar a
saturação da base e promover uma penetração adequada da
imprimadura.
A imprimadura nunca deverá ser executada com o solo saturado por
chuva ou eventual excesso de irrigação.

5.3.1.6 Considerações sobre Defeitos no Pavimento


Devido às Deficiências do Processo Executivo da
Imprimadura

Os principais defeitos incidentes na interface base-revestimento,


decorrentes de falha no processo executivo das imprimaduras asfálticas,
estão ilustrados no fluxograma 7.

Excesso de Material Superfície Rica em Correção da


Betuminoso Material Betuminoso Exsudação

Exsudação por
Imprimadura em Base Cravamento (TS)*
Úmida Cravamento do Agregado do
Tratamento Superficial (TS)

Escorregamento do
Falta de Imprimadura Revestimento Remendo do
Revestimento

Buraco ou
Imprimadura sobre Panela
Superfície com Pó
Reparo da Base

Desagregação ou
Lamela Construtiva Soltura do Revestimento

FLUXOGRAMA 7: Evolução dos Defeitos Devido à Imprimadura Deficiente

Dentre as ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a


vida de um pavimento com base de solo laterítico são:

- Excesso de material betuminoso, principalmente em bases com


teor de umidade elevado e constituídas por solos coesivos,
resultando em baixa penetração do ligante betuminoso. Isso gera
uma superfície com excesso de ligante e provoca
escorregamentos e/ou exsudação do ligante no revestimento.
- Aplicação de imprimadura sobre superfície com excesso de pó,
inibe a penetração do ligante betuminoso na base e gera uma
interface sem aderência e pouco coesiva.
- Penetração deficiente da imprimadura. Isso provoca superfícies
pouco coesivas.
Capítulo 5

Detalhes da aplicação de imprimaduras asfálticas se encontram na


figura 30.

Processo Manual Imprimadura com Barra Espargidora

Imprimadura sobre Superfície Úmida Imprimadura sobre Superfície com Pó

Penetração Adequada da Imprimadura Imprimadura Excessiva sobre Base Trincada

FIGURA 30: Detalhes da Aplicação de Imprimaduras Asfálticas.


5.3.2 Revestimentos Betuminosos

5.3.2.1 Considerações Iniciais

Uma das características peculiares na execução de pavimentos de


baixo custo é a utilização de camada de rolamento de pequena espessura,
geralmente de 1,0 a 3,0 cm, e a adoção de tratamento superficial duplo
ou triplo invertido, com o uso de cimento asfáltico de petróleo, ou emulsão
asfáltica RR-2C.

A camada de rolamento em pavimentos de baixo custo não tem,


necessariamente, função estrutural, mas sim a função de proporcionar
segurança e conforto aos usuários, proteger a base das intempéries e
evitar a ação abrasiva dos pneus dos veículos.

Os processos executivos de revestimentos betuminosos dos tipos


tratamento superficial e concreto betuminoso usinado a quente, seguem
as especificações de serviço do DER/SP.

5.3.2.2 Tratamentos Superficiais (TS)

- Ligante Betuminoso

Deverá ser utilizado cimento asfáltico de petróleo, do tipo CAP-7


(preferencialmente) ou CAP-20 e, no caso de emulsões asfálticas, o tipo
RR-2C em estado natural, ou modificado por polímeros.

- Agregados

Pode-se utilizar pedra-britada, cascalho ou seixo rolado britado. Esse


material deve ser constituído por partículas limpas, duras e duráveis. A
abrasão Los Angeles não deverá ser superior a 40% e a porcentagem de
grãos defeituosos deverá ser inferior a 25%.

- Graduação

Uma graduação utilizada com sucesso em tratamentos superficiais


duplos invertidos, em diversos trechos no Estado de São Paulo e Paraná,
está indicada na tabela 17.
Capítulo 5

PENEIRAS PORCENTAGEM EM PESO


(m m) AGREGADO MIÚDO
AGREGADO G R AÚDO
19,100 100 -
12,700 90 - 100 -
9,520 40 - 75 100
4,760 0 - 15 75 - 100
2,380 0 -5 0 - 10
0,074 0 -2 0 -2

TABELA 17: Graduação para Tratamentos Superficiais Duplos

- Dosagem da Taxa de Agregados

A dosagem da taxa de agregados, tanto para o graúdo, quanto para


o miúdo, pode ser obtida colocando os agregados ombro a ombro, em
uma bandeja metálica de área conhecida e, posteriormente, medindo-se o
volume dos mesmos.

A taxa de agregado é obtida multiplicando-se por 1,15 o quociente


do volume de agregados na área da bandeja, acrescido de 15%.
Geralmente, para agregados com índice de forma adequado e para
agregado britado de basalto ou diabásio, tem-se:

• 1º Aplicação Agregado Graúdo – 12 a 13 l/m2


• 2º Aplicação Agregado Miúdo – 5 a 6 l/m2

A dosagem obtida em laboratório deverá ser aferida no primeiro


segmento em que for executado o tratamento superficial e, se for o caso,
deverá ser ajustada no campo, a fim de obter a dosagem definitiva, para
que não haja sobreposição ou falta de agregados.

- Dosagem da Taxa de Material Betuminoso

A taxa de material betuminoso poderá ser obtida com o método de


dosagem de Hanson. Ele permite, para tratamentos superficiais duplos, a
obtenção correta da taxa de ligante betuminoso e produz revestimentos de
alta qualidade. A taxa de ligante betuminoso pode ser obtida com a seguinte
fórmula:
Taxa CAP = 0,133xEmin em l/m2
onde:
Emin é a espessura média, em mm, da menor dimensão do agregado da
camada que recobrirá o ligante. A dimensão pode ser medida com
paquímetro em, no mínimo, 100 agregados escolhidos aleatoriamente.

Geralmente, para agregados com índice de forma adequado e para


agregados britados de basalto ou diabásio, tem-se obtido as seguintes
taxas de aplicação de material betuminoso:

• 1º Aplicação – 0,9 l/m2


• 2º Aplicação – 1,1 l/m2

Essas quantidades são orientativas e as taxas corretas devem ser


obtidas com a dosagem referida para o uso de ligante CAP. No caso de se
utilizar emulsão RR – 2C, a taxa obtida deverá ser corrigida da seguinte
forma:

Taxa RR – 2C = (Taxa CAP/0.67) x 1.15

- Considerações Sobre a Técnica Construtiva

Uma camada de revestimento, apesar de bem dosada, pode


apresentar um comportamento inadequado quanto aos aspectos de vida
útil, conforto e segurança, se não houver uma série de cuidados
construtivos.

Nos tratamentos superficiais, em especial nos duplos, a


homogeneidade e a taxa de aplicação de ligante (CAP), são de suma
importância. É necessário, portanto, um equipamento espargidor em
condições ideais de funcionamento. Tendo em vista tal dificuldade, o uso
de tratamentos superficiais com emulsão RR-2C tem sido bastante
recomendado, inclusive com capa selante, por permitir uma maior taxa de
aplicação do ligante.

O tratamento superficial não deve ser executado durante os dias de


chuva. Para a rolagem da primeira camada de agregado, é recomendado o
emprego de rolo pneumático de pressão variável, com a finalidade de não
danificar em demasia a superfície da base constituída por solos lateríticos.
O controle tecnológico de sua execução deverá ser seguido com rigor,
pois, variações na dosagem e na técnica construtiva, podem acarretar
danos no pavimento em curto período de uso.
Capítulo 5
5.3.2.3 Camada Betuminosa Pré-Misturada de Bloqueio:
“Pé-de-Moleque” (PM)

A camada de bloqueio executada sobre bases de argila laterítica é


constituída por uma camada betuminosa pré-misturada usinada, a quente
ou a frio, composta exclusivamente por agregados de granulometria fina
(pedrisco) e ligante betuminoso.

O pré-misturado denominado “Pé de Moleque” é espalhado sobre a


base imprimada com o distribuidor de agregados rebocável (“spreader”),
similar aos utilizados em tratamentos superficiais, em uma camada de
cerca de 0,5 cm de espessura e compactado com rolo de pneus de
pressão variável, e rolo tandem de 5 a 8 toneladas.

Essa camada não tem finalidade estrutural mas, de interligação entre


a base e a camada de rolamento, além de inibir a propagação de trincas
da base para o revestimento. Apresenta as seguintes características:

- Granulometria aberta.
- Te x tu ra co m as pec t o d o d oc e “pé -d e- mol eq ue ”, da í
a denominação.
- Elevado índice de vazios.
- Baixo teor de betume.

As características da mistura betuminosa “Pé-de-Moleque” acham-se


na tabela 18.

GR ANULOMETRIA DA C AMADA BETUMINOS A DE BLOQUEIO


P ENEIR A Nº CURVA F AIXA DE TR AB ALHO
3/8” 100 100
4 55 50 - 60
10 25 21 - 29
40 13 9 - 17
80 6 3 -9
200 4 2 -6
P orc e nta ge m de Liga nte Re com e nda da : 3,8 a 4,4 %

TABELA 18: Características Tecnológicas da Camada de Bloqueio “Pé-de-Moleque”


5.3.2.4 Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ)

Atualmente tem-se usado como camada de rolamento em


pavimentos de baixo custo, revestimento betuminoso usinado a quente,
com espessura de cerca de 2,5 cm.

Antes da aplicação de um concreto betuminoso (CBUQ) sobre bases de


SAFL, ALA e de Argila Laterítica, é recomendável a execução de uma
camada anticravamento ou de bloqueio (TS ou Pé-de-Moleque), com o
objetivo de melhorar a interface base/revestimento. A aplicação de CBUQ
deverá ser efetuada com vibroacabadora; a compactação, com rolo de pneus
e rolo tandem liso leve.

O revestimento betuminoso usinado a quente apresenta as seguintes


peculiaridades:

- Facilidade na execução de camadas delgadas, de apenas 2,5 cm.


- Elevado teor de betume.
- Camada compactada com textura superficial praticamente
impermeável e elevada resistência à deformação.

A técnica construtiva dessa camada segue os critérios tradicionais;


no entanto, deve-se tomar cuidados especiais na execução das juntas e no
acabamento das sarjetas.

As características desta mistura acham-se na tabela 19.


GRANULOMETRIA DA CAMADA DE CONCRETO BETUMINOSO

P ENEIR A Nº CURVA F AIXA DE TR AB ALHO


3/8” 100 100
4 85 80 - 90
10 55 51 - 59
40 27 23 – 31
80 16 13 - 19
200 7 5 -9

Va lore s P rá tic os Re c ome nda dos pa ra a Ca m a


da :

Porcenagem de Ligante: .................................... 5,7 a 6.3 %


Estabilidade Marshall: ..................................... 500 a 800 kg
Fluência: .......................................................12 a 16 (1/100”)
TABELA 19: Características Tecnológicas da Camada de Revestimento Betuminoso
Capítulo 5

Detalhes do processo executivo da camada de revestimento, em


concreto betuminoso usinado a quente, se encontram na figura 31.

Camada Anticravamento (TSS) Execução de Tratamento Superficial Duplo

Execução de Tratamento Superficial Duplo Execução de TSD - Processo Manual

Revestimento de CBUQ CBUQ sobre Camada Anti-Cravamento

FIGURA 31: Detalhes do Processo Executivo da Camada de Revestimento Betuminoso


5.3.2.5 Considerações sobre Defeitos no Pavimento
Devido às Deficiências do Processo Executivo
do revestimento

Os principais defeitos incidentes em revestimentos betuminosos


esbeltos executados sobre bases de solos lateríticos estão ilustrados no
fluxograma 8.

CAUSA OCORRÊNCIA EVOLUÇÃO SERVIÇO


Desagregação do
Revestimento
Reparo da
Base
Falta de
Desgaste do
Adesividade Buraco ou
Revestimento
Falha de Panela
Bico (TS) Correção do
REVESTIMENTO

Revestimento
Oxidação do
Ligante Soltura do
Revestimento
Excesso de Ligante Exsudação de Material Escorregamento
Betuminoso do Revestimento Correção da
Exsudação
Superposição de Corrugação do
Interface Agregado Revestimento
Deficiente
Excesso de
Agregado (TS)

FLUXOGRAMA 8: Evolução dos Defeitos

Dentre as ocorrências mencionadas, os defeitos que mais afetam a


vida de um revestimento sobre bases de solos lateríticos são:

- Interface base-revestimento deficiente por excesso ou falta de


imprimadura asfáltica e ausência de camada anticravamento,
acarretando soltura e/ou escorregamento do revestimento ou
mesmo corrugações.
- Processos executivos inadequados, tais como:
- Tratamentos Superficiais: falha de bico, superposição de
agregados, escolha inadequada de materiais etc.
- Concreto Betuminoso: oxidação do ligante por falha no
processo de usinagem, deficiência de dosagem e aplicação
etc.

Detalhes dos defeitos, provenientes da interface base-revestimento e


do processo executivo, se encontram na figura 32.
Capítulo 5

Falha de Bico - TSD Panela - Base SAFL

Desagregação do Revestimento - TSD Desagregação do Revestimento - TSD

Reflexão de Trincas Exsudação - TSD

FIGURA 32: Detalhes dos Defeitos no Pavimento


102 Douglas F. Villibor e outros
10Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
10
Capítulo 6

Capítulo 6
Dimensionamento e Estudo Econômico dos
Pavimentos de Baixo Custo

6.1 Dimensionamento de Pavimentos de Baixo Custo

6.1.1 Introdução

Diante da necessidade de execução de pavimentos econômicos,


foram desenvolvidas novas alternativas para a execução de pavimentos
flexíveis e introduzidos novos conceitos e materiais, utilizados e
especificados, especialmente nos Estados de São Paulo, Paraná, Bahia,
Mato Grosso do Sul e Goiás. Esses pavimentos foram denominados
pavimentos econômicos ou de baixo custo.

O presente dimensionamento visa à utilização de solos lateríticos


finos ou concrecionados locais, portanto materiais existentes na região,
reduzindo, consideravelmente, as distâncias de transporte, além de
aproveitar melhor o solo do subleito natural como integrante da estrutura
do pavimento.

6.1.2 Métodos de Dimensionamento

Para o dimensionamento das estruturas dos pavimentos utiliza-se


em função do tipo de tráfego atuante na via, geralmente o Método de
Dimensionamento da Prefeitura Municipal de São Paulo IP-04/2004 (para
tráfego de leve e médio, ou seja, vias locais e coletoras secundárias).

O procedimento baseia-se no método de projeto de pavimento


flexível de 1966 do Engº Murilo Lopes de Souza, adotado pelo DNER, e no
método
do DER/SP (Projeto de Pavimentação - IP-DE-P00/001)), porém com o
uso do ábaco de dimensionamento proposto originalmente pelo Corpo de
Engenheiros do Exército Americano (USACE).

6.1.3 Tráfego

Considera-se, para efeito de dimensionamento de novos pavimentos,


a classificação de vias em: principais, secundárias e locais, com base nos
critérios do modelo PAVIURB, utilizado pela Prefeitura Municipal de São
Paulo, e na IP-02 da PMSP, conforme descrito a seguir e ilustrado na
tabela 20.

- Vias Coletoras Secundárias: Tráfego médio, ruas de


características residenciais, com função predominante de via
coletora secundária, para as quais é prevista a passagem de
caminhões ou ônibus em um número entre 21 (vinte e um) e 100
(cem) por dia, na faixa de tráfego mais solicitada, caracterizada
por um número “N” típico de 5 x 105 solicitações do eixo simples
padrão de (80kN) para o período de projeto de 10 anos,
observando-se um provável aumento de demanda em função do
desenvolvimento da região;

- Vias Locais Residenciais: Tráfego leve, ruas de características


essencialmente residenciais, para as quais é previsto o tráfego de
caminhão e ônibus, entre 4 (quatro) a 20 (vinte) por dia, por faixa
de tráfego, caracterizada por um número “N” típico de 105
solicitações do eixo simples padrão (80kN) para o período de 10
anos.

VOLUME INICIAL DA

TIP O FAIXA MAIS


VIDA DE
FUNÇÃO TRÁFEGO CARREGADA N N
DE PROJETO
PREDOMINANTE PREVISTO CARACTERÍSTICO
VIA (ANO S )
VEÍCULO CAMINHÕES
LEVE E ÔNIBUS

(Via Secundária) 4
2,7 x 10
5
V1 via local residencial Leve 10 100 a 400 4 a 20 a 10
5
com passagem 1,4 x 10
(Via Principal) 1,4 x 10
5

5
V2 via coletora Médio 10 401 a 1500 21 a 100 a 5 x 10
5
secundária 6,8 x 10

TABELA 20: Classificação das Vias e Parâmetros de Tráfego


Capítulo 6

No presente método de dimensionamento, considera-se que a carga


máxima legal no Brasil é de 10 toneladas por eixo simples de rodagem
dupla (100 kN/ESRD)

6.1.4 Considerações sobre o Subleito

A fim de orientar o projeto do pavimento são apresentadas algumas


considerações sobre o subleito, a saber:

- A espessura do pavimento a ser construído sobre o subleito será


calculada de acordo com o presente procedimento, em função
do suporte (CBR ou Mini-CBR) como representativo de suas
camadas.

- Nos casos em que as sondagens indicarem a necessidade de


substituição do subleito, deverá ser considerado o valor do
suporte do solo de empréstimo.

- Na determinação do suporte do subleito, emprega-se o Ensaio


Normal de Compactação de Solos ou o Ensaio Mini-MCV. A
moldagem dos corpos de prova deverá ser feita com a energia de
compactação correspondente.

- No caso de vias com guias e sarjetas, reforços de pavimentos


antigos ou de aproveitamento do leito existente, a determinação
do suporte do subleito (CBR ou Mini-CBR), poderá ser realizada in
situ.

- No caso de ocorrência de subleito com suporte < 2%, deverá ser


feita sua substituição por solo com suporte $ 10% e expansão
# 2%, na espessura indicada no projeto.

- Para subleitos com solos que apresentam expansão superior a 2% e


suporte CBR < 2%, e em locais em que o valor do
sl for inferior
CBR
a 30% do valor do CBR estatístico, deverá ser feita a substituição
do solo do subleito por uma camada de, no mínimo, 30cm,
executada com solo selecionado com CBR $ CBR estatístico do
subleito em questão. Recomenda-se que, em ambos os casos o
solo selecionado apresente CBR $ 10% e expansão < 2%.
6.1.5 Dimensionamento da Estrutura do Pavimento

- Tráfego

Para efeito de dimensionamento da estrutura do pavimento, o


tráfego será caracterizado conforme indicado a seguir:

- Tráfego Leve: “N” típico = 105 solicitações

- Espessura Total do Pavimento

Definido o tipo de tráfego do pavimento e determinado o suporte


representativo do subleito, a espessura total básica do pavimento, em
termos
de material granular, HSL, será fixada de acordo com o ábaco da figura 33.

:::::

!"# $ !%&'() *'"' + , -./ )0 )1/ /2#34'5 6) /7) / .1'5 #6!8) 6' 9:

FIGURA 33: Ábaco de Dimensionamento

- Tipo e Espessura da Camada de Rolamento

O revestimento betuminoso será constituído por uma camada de


Pré-Misturado a Quente (PMQ) ou Concreto Betuminoso Usinado a Quente
(CBUQ), com espessura mínima (R) apresentada na tabela 21.
Capítulo 6

TR ÁF EG O TIP O DE RE VES TIMENTO ES P E S S UR A (c m )


P MQ 4.0
Le ve
CBUQ 3.5

TABELA 21: Espessuras Mínimas de Revestimento

Pode-se aceitar revestimentos de macadame betuminoso com capa


selante ou tratamento superficial triplo, desde que as condições
topográficas assim o permitam (rampas # 6 %). A restrição aplica-se,
especialmente, em função de dificuldades executivas com rampas
superiores a 6%.

- Espessura das Demais Camadas


Uma vez determinada a espessura total do pavimento (HSL), em
termos de material granular, e fixada a espessura do revestimento (R),
procede-se ao dimensionamento das espessuras das demais camadas,
ou seja: da base, sub-base e do reforço do subleito, levando em conta os
materiais disponíveis para cada uma delas, seus coeficientes de
equivalência estrutural e suas capacidades de suporte, traduzidas pelos
respectivos valores de CBR ou Mini-CBR.
As espessuras da base (B), sub-base ) e do reforço do subleito (h )
(h SB REF
são obtidas pela resolução sucessiva das seguintes inequações:
R x KR + B x KB $ HSB ................................................. (1)
+ hSB x KSB
R x KR + B x KB $ HREF ................................. (2)
B
+ hSB x KSB + hREF x KREF
R x KR + B x K $ HSL ................. (3)

em que:
K,K,K , representam os coeficientes estruturais do revestimento
KR B SB REF
da base, da sub-base e do reforço do subleito, respectivamente.
HSB, HREF e HSL representam espessuras fornecidas pelo gráfico do
Anexo IV, do Manual de Normas do DER/SP (seção 6.04) e ábaco de
dimensionamento IP-04, para materiais com valores de CBR , CBR
SB REF e
CBRSL ou Mini-CBRSB, Mini-CBRREF e Mini-CBRSL, conforme exigências para

as diversas camadas.
A estrutura do pavimento deverá conter, ou não, a sub-base, a
critério do projetista, com exceção das camadas executadas com
macadame hidráulico e/ou betuminoso.

A figura 34 ilustra um esquema elucidativo de uma estrutura de


pavimento.

FIGURA 34: Esquema Elucidativo

- Espessuras Mínimas e Materiais Recomendados para as Diversas


Camadas do Pavimento

A tabela 22 ilustra os diferentes tipos de camadas de reforço do


subleito, sub-base e base utilizadas em pavimentos de baixo custo, com
suas espessuras mínimas e características de capacidade de suporte e
expansão recomendadas.

CARACTERÍSTICAS
CAMADAS TIPO CBR EXP . ESPESSURA

(%) (%) (c m )
Reforço do −Solos Selecionados ≤ 2,0% ≥ 15,0
CBR REF > CBR SL
Subleito
−Estabilizadas Granulometricamente ≥ 30 ≤ 1,0 ≥ 15,0
S ub-Bases
−Solos Lateríticos ≥ 20 ≤ 1,0 ≥ 15,0

−Estabilizadas Granulometricamente ≥ 80 ≤ 0,5 ≥ 10,0

−Argila Laterítica ≥ 12 ≤ 0,5 ≥ 15,0

−Solos Lateríticos in natura ≥ 40 ≤ 0,3 ≥ 15,0


Bases −Solo Laterita Agregado (SLAD) ≥ 50 ≤ 0,5 ≥ 15,0
(Tráfego Leve)

−Solo Laterita Agregado (SLAD) ≥ 80 ≤ 0,5 ≥ 15,0


(Tráfego Médio)

TABELA 22: Características das Camadas de Pavimentos de Baixo Custo


Capítulo 6
- Coeficientes de Equivalência Estrutural

O coeficiente de equivalência estrutural de um material é definido


como a relação entre as espessuras de uma base granular e de uma
camada de material considerado que apresente o mesmo comportamento.

Considera-se que uma camada de 10 centímetros de um material,


com coeficiente de equivalência estrutural igual a 1,5, apresenta
comportamento igual ao de uma camada de 15 cm de base granular.

Para as camadas de pavimentos executadas de acordo com as


instruções de execução da PMSP, são adotados os coeficientes de
equivalência estrutural apresentados na tabela 23.

COEFICIENTE
CAMADA DO PAVIMENTO
ESTRUTURAL
(K)

Base ou Revestimento de Conc re to Be tum inos o 2,00


Base ou Revestimento de Conc re to Ma gro / P obre Rola do 2,00
Base ou Revestimento de P ré-Misturado a Quente, de Graduação Densa/BINDER 1,80
Base ou Revestimento de P ré-Misturado a Frio, de Graduação Densa 1,40
Base ou Revestimento Be tum inos o por P e ne tra ç ã o 1,20
Paralelepípedos 1,00
Ca ma da de Is ola me nto ou Bloque io 1,00
Base de Brita Graduada, Macadame Hidráulico e Estabilizada Granulometricamente 1,00
S ub-Ba s e s Gra nula re s ou Es ta bilizadas c om Aditivos Va riá ve l
Re forç o do S ubleito Va riá ve l
Ba s e de S olo-Cimento ou Brita c om Cimento, com resistência à compressão aos sete
1,70
dias, superior a 4,5 MP a

Base de BGTC, com resistência à compressão aos 7 dias, entre 2,8 e 4,5 MPa 1,40
Ba s e de S olo-Cim e nto, com re s is tê ncia à compre s s ã o a os 7 dia s , e ntre 2,1 e 2,8 MP 1,20
a
Base de Solo melhorado c/ cimento, com resistência à compressão aos 7 dias, menor que 2,1 MPa 1,00
Areia 1,00

TABELA 23: Coeficientes de Equivalência Estrutural

Os coeficientes estruturais da sub-base granular e do reforço do


subleito serão obtidos com as expressões:
CBRSB
K SB = e K CBR =
REF REF
CBR SL CBR
SL
em que:
CBRSB, CBR REF e CBR SL são os suportes da sub-base, reforço e
subleito.

Dessas expressões, resultam os coeficientes estruturais, apresentados


na tabela 24, em função das relações CBR /CBR e CBR /CBR .
SB SL REF SL

Mesmo que o CBR do reforço ou da sub-base seja superior a 30%,


deverá ser considerado como se fosse igual a 30%, para efeito de cálculo
das relações anteriormente descritas.

Quando pavimentos antigos, de paralelepípedos, forem beneficiados


com revestimentos betuminosos, o valor do coeficiente de equivalência
estrutural do pavimento existente, poderá variar de 1,2 a 1,8, em função
do comportamento, abaulamento e rejuntamento dos paralelepípedos.

RELAÇ ÃO DE C BR K RELAÇ ÃO DE C BR K
1,1 0,72 2,1 0,90
1,2 0,75 2,2 0,91
1,3 0,76 2,3 0,92
1,4 0,78 2,4 0,94
1,5 0,8 0 2,5 0,95
1,6 0,82 2,6 0,96
1,7 0,83 2,7 0,97
1,8 0,85 2,8 0,98
1,9 0,86 2,9 0,99

2,0 0,88 ≥ 3,0 1,00

TABELA 24: Coeficientes Estruturais em Função das Relações de CBR

6.1.6 Exemplos de Dimensionamento pelo IP-04 da


PMSP/2004

EXEMPLO APLICATIVO Nº 01

Dimensionar o pavimento para uma via de tráfego leve, sabendo-se


que o subleito apresenta um CBR = 7%, dispondo-se de material para
SL

reforço com CBR = 14%.


REF
Capítulo 6

SOLUÇÃO TEÓRICA

O revestimento será de pré-misturado a quente com espessura de


3,0 cm e coeficiente estrutural kr = 1,8. A base será de tipo mista,
constituída de macadame hidráulico (M. H.) e macadame betuminoso (M.
B.).
Para CBRREF = 14% obtém-se pelo ábaco da Figura 33:

HREF = 19 cm
+ R x KR
HREF = B x KB
R
19 = B x KB + R x K = B x 1 + 35 x 1,8
B = 12,7 cm

Utilizando-se de uma base mista, com a espessura mínima de 5,0


cm de macadame betuminoso (H = 5,0 cm), com coeficiente estrutural
MB

K = 1,2 e 7 cm de espessura de macadame hidráulico (H = 7,0 cm) com


MB MH

coeficiente estrutural H = 1,0, obtém-se a espessura de material granular


MH
para a base:
x HMB x HMH x HMH
B = KMB

B = 5 x 1,2 + 7 x x 1,00 = 13,0 cm > 12,7 cm, atendendo,


portanto, o valor mínimo.

Cálculo da espessura de reforço:


Para CBRSL = 7% obtém-se com o ábaco da Figura 33:
HSL = 33 cm
Substituindo-se os valores na inequação (3):
+ HREF x KREF ≥ HSL
R x K + B x K (3)
R S
Em que:
CBRREF
K REF = = = 0,87
CBR SL
3,5 x 1,8 + (5 x 1,2 + 7 x 1,00) + H RE F x ≥ 33,0 cm
0,87

Obtem-se a espessura da camada de reforço (HREF):


HREF = 15,7 cm

Adota-se como HREF = 16 cm.

Portanto a estrutura proposta será:

C AMADA ES P ES S UR A
P . M. Q. 3,5 cm
Macadame Betuminoso 5,0 cm
Macadame Hidráulico 7,0 cm
Reforço do Subleito ( CBR = 11% ) 16,0 cm
Subleito CBR = 7%

EXEMPLO APLICATIVO Nº 2

Dimensionar a estrutura do pavimento para uma via de tráfego leve,


sabendo-se que o subleito apresenta um CBR = 4% e que se dispõe de
SL

dois materiais para reforço com as seguintes características:


Mistura solo-brita com CBRREF1 = 15%
Solo selecionado argila vermelha com CBR = 8%
REF2

CBR SL = 7%
Capítulo 6

SOLUÇÃO TEÓRICA

Será adotado um reforço do subleito composto dos dois materiais


disponíveis

CBRREF
K REF = REF K REF = =
CBR

CBR REF K REF = =


K REF =
CBR SL
Em que:

Com o ábaco da figura 33 e com os valores da capacidade de suporte


das camadas de reforço e CBR , obtêm-se os valores das espessuras
CBR REF1 REF2

das camadas de reforço HREF1 e H REF2, respectivamente.

≥ H REF1
R x KR + B x KB (1)
B
≥ H REF2
R x KR + B x K (2)

Da mesma forma, determina-se a espessura total do pavimento H SL:


+ HREF1 x KREF1 + HREF2 ≥ H SL
R x KR + B x KB (3)

Em que:
e HREF2
R, B, HREF1 são, respectivamente, as espessuras do revestimento,
base, reforço superior e reforço inferior;
KR, KB, k REF1 e k
REF2 são, respectivamente, os coeficientes estruturais
das referidas camadas.

DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO

O revestimento será de pré-misturado a quente com espessura de 3cm


com K = 1,8 e a base adotada será mista, de macadame betuminoso (MB)
R

e macadame hidráulico (MH).


REF1
Para CBR = 15% obtém-se pelo ábaco da figura 33:
HREF1 = 18 cm
Substituindo-se os dados na inequação (1):
REF1
R x KR + B x KB ≥ H (1)

3 x 1,8 + B x 1 ≥ 18 cm 6B ≥ 12,6 cm em material granular

Usando a espessura de 5 cm de macadame betuminoso (H MB) e


sendo seu coeficiente estrutural K = 1,2, tem-se a seguinte espessura do
MB

macadame hidráulico (H ), com coeficiente estrutural KMH = 1:


MH

B = 12,6 ≤ HMB x KMB + HMH x KMH


12,6 ≤ 5 x 1,2 + HMH x 1
HMH ≥ 12,6 - 6
HMH ≥ 6,6 cm
Adotando H = 7 cm:
MH

B = 6 + 7 = 13 cm em material granular
Para a obtenção da espessura do reforço H , utiliza-se a equação (2):
REF1
+ HREF1 x KREF1 ≥ HREF2
R x K + B x KB (2)
R

REF2
Para CBR = 8%, obtém-se com o ábaco da Figura 33:
H REF2 = 29,0 cm

Substituindo-se na inequação (2):


3 x 1,8 + 13 x 1 + H
REF1 x 0,85 ≥ 29,0
Adota-se H = 13 cm
REF1

REF2
Para a obtenção da espessura do reforço utiliza-se a equação (3):
H

REF1
x k REF1 + H REF2
x k REF2
≥ H SL
R x K R + B x KB + H

Para CBRBL = 4%, obtém-se com o ábaco da figura 34:

HSL = 48 cm

Substituindo-se na inequação (3):


3 x 1,8 + 13 x 1 + 13 x 0,85 + HREF2 x 0,87 ≥ 48,0 cm

Adota-se HREF2 = 22 cm
Capítulo 6

Portanto, a estrutura proposta será:

C AMADA ES P ES S UR A
Pré-misturado a Quente (P. M. Q.) 3 cm
Macadame Betuminoso (M. B.) 5 cm
Macadame Hidráulico (M. H.) 7 cm
Reforço do Subleito de Solo-Brita
13 cm
CBR = 15%
Reforço do Subleito de Argila Vermelha
22 cm
CBR = 8%
Subleito com CBR BL = 4%

6.2 Pavimentos de Baixo Custo

O grande déficit de pavimentos urbanos e a falta de recursos


financeiros levaram à adoção, por parte de algumas prefeituras, de
pavimentos alternativos com custos inferiores aos tradicionalmente
empregados.

Para o estudo econômico de implantação de diversos tipos de


pavimentos, utilizando-se bases convencionais constituídas por materiais
pétreos e bases de solos lateríticos in natura e/ou misturas com
agregados, consideraram-se os seguintes itens:

- Abertura de caixa.
- Melhoria e preparo do subleito.
- Execução de uma camada de reforço do subleito, com solo
selecionado, na espessura de 15,0 cm.
- Transporte do reforço numa distância de 5 km.
- Camada de base, na espessura de 15,0 cm.
- Imprimadura impermeabilizante.
- Revestimento asfáltico, podendo ser Tratamento Superficial Duplo
(TSD), Tratamento Superficial Triplo (TST), Macadame
Betuminoso (MB) ou Concreto Betuminoso Usinado a Quente
(CBUQ).
Na tabela 25, constam os custos para a implantação dos diferentes
tipos de pavimentos, com bases convencionais e bases de solos lateríticos,
e os diversos tipos de revestimentos asfálticos e seus respectivos custos.

CUSTO TOTAL DO PAVIMENTO POR METRO QUADRADO (US $ /m²)


P re ç o Unitário TP U DER/S P De z./200 6. Va lor d o Do la r na Mesma data = R$ 2,137

REVESTIMENTOS

(US $/m²) TS D (e TS T (e MB (e =4c CBUQ (e


BAS E S
=2c m ) =3c m ) m) =3.5c m )

INFRAES TRUTUR AS 2,37 3,71 5,31 7,72


(US $/m 2)
Ma c a d a m e Hid rá u lic o
7,97 10,3 3 11,6 7 13,2 8 15,6 9
Brita Gr a d ua d a S im p le s
CONVE NCIONAIS
8,36 10,7 2 12,0 6 13,6 7 16,0 8
S o lo -Cim e n to 8
% 9,62 10,9 6 12,5 6 14,9 7
S LAD7,25
50%
4,16 6,53 7,87 9,47 11,8 8
ALA 25%
ALTERNATIVAS
2,88 5,25 6,59 8,19 10,6 0
S AFL
2,40 4,77 6,11 7,71 10,1 2
NOTAS : 1) Espessuras Bases e Reforços do SubLeito = 1 5 c m
2) Distância de Transporte da Base e do Reforço = 5 km
3) Os preços da s bases inc lue m o preparo do Subleito e o Transporte

TABELA 25: Composição de Custos de Diferentes Tipos de Pavimentos

Com valores constantes nas tabelas 25 e 26, pode-se verificar que o


revestimento tem custo relativamente elevado na composição de preço do
pavimento chegando, para alguns tipos de pavimento, a superar o custo
de execução das camadas de reforço do subleito e base.

CUS TO DO REVES TIMENTO/(CUS TO DA B AS E + INFRAES TRUTUR A) (%)


REVE S TIMENTOS
(US $/m²) TS D (e TS T (e MB (e =4c CBUQ (e
=2c m ) =3c m ) m) =3.5c m )
INFRAES TRUTUR AS 2,37 3,71 5,31 7,72
(US $/m²)
S AFL
98% 154% 221% 321%
2,40
Brita Gr a d u a d a S im p le s
28% 44% 64% 92%
8,36
TABELA 26: Incidência do Custo do Revestimento nos Custos de Pavimentação
Capítulo 6

A tabela 27 ilustra um estudo comparativo de custos entre


pavimentos convencional (base de macadame hidráulico) e alternativo
(base de solo arenoso fino laterítico).

RELAÇ ÃO DO CUS TO P AR A DIVERS OS REVES TIMENTOS

TS D (e TS T (e MB (e =4c CBUQ (e
REVE S TIMENTOS =2c m ) =3c m ) m) =3.5c m )
2,37 3,71 5,31 7,72

MAC. HIDR ÁULICO / S AFL 2,17 1,91 1,72 1,55


TABELA 27: Relação entre Custos de Pavimentos com Bases de SAFL e Macadame

Hidráulico

Observa-se que o custo de implantação de um pavimento


convencional com base de macadame hidráulico e TSD é mais do que o
dobro do custo de um pavimento alternativo com base de SAFL e TSD.
Para revestimentos mais nobres e espessos, com os mesmos tipos de
bases mencionadas anteriormente, a diferença de custos também é
bastante significativa.

Portanto, a adoção de pavimentos com solos lateríticos para vias de


tráfego muito leve, é extremamente interessante e vantajosa para
Prefeituras de pequeno porte, pois possibilita a execução praticamente do
dobro da área pavimentada com os mesmos recursos financeiros, se
ocorrer a substituição de bases convencionais por bases com solos
lateríticos.
118 Douglas F. Villibor e outros
11Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
11
Capítulo 7

Capítulo 7
Fundamentos para o Uso de Bases Alternativas

7.1 Introdução

Neste capítulo será enfocado, especificamente, o uso de bases


alternativas executadas com materiais que contêm fração significativa de
solos finos lateríticos, a saber:

- Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL)


- Solo Argiloso Laterítico e Areia (ALA)
- Solo Laterítico e Agregado de Granulometria Descontínua (SLAD)
- Argila Laterítica

Em seu desenvolvimento serão apresentados, por meio da discussão


de questões pertinentes, os conceitos fundamentais que norteiam o uso
adequado das bases para os pavimentos de baixo custo.

7.2 Perguntas e Respostas

1ª Questão: O que é “pavimento de baixo custo”?

Segundo Nogami e Villibor, os pavimentos de baixo custo são


caracterizados por:

- Utilizar bases de solo laterítico-agregado dos tipos: SAFL in


natura, ou com mistura de areia (ALA), ou com mistura de brita
(SLAD), cujos custos de execução são substancialmente
menores do que
as convencionais, tais como: brita graduada, macadame
hidráulico, solo-cimento etc
- Utilizar revestimento betuminoso como tratamento superficial,
com espessura limitada a 3 cm, ou CBUQ ultra esbelto com
espessura inferior a 2,5cm.
- Considerar um tráfego rodoviário, no máximo, de tipo médio com
Nt # 106 solicitações do eixo simples padrão de 80kN e, para
pavimento urbano, tráfego dos tipos muito leve, leve e médio
caracterizados no item 6.1.3, tabela 20.

A figura 35 exemplifica uma seção transversal típica de um


pavimento urbano de baixo custo com base de SAFL ou ALA.

FIGURA 35 - Seção Transversal Recomendada (sem escala).

Analisando a seção recomendada, verifica-se que é aconselhável que


o revestimento superponha a sarjeta em 5,0 cm, para não haver
infiltrações na base. Para ter um acabamento perfeito, a base deve ser
finalizada no nível da borda da sarjeta. Isso auxilia a compactação.

2ª Questão: Quais as conceituações adotadas para Solo Arenoso


Fino
Laterítico e Solo Argiloso Fino Laterítico?

Conceitua-se, tecnologicamente, como Solo Arenoso Fino Laterítico


(SAFL) aquele que satisfaz as seguintes condições:

- Possui menos de 10% de fração retida na peneira de 2,00 mm (nº


10).
- Possui mais de 50% de fração retida na peneira de 0,075 mm
(nº 200), constituída, predominantemente, de grãos de quartzo.
Capítulo 7
- Pertence à classe de solos de comportamento laterítico e a um
dos grupos LA, LA’ e LG’, da Classificação Geotécnica MCT
(DER/SP ME
60-91 e DNIT-CLA-259/96 ).

Conceitua-se, tecnologicamente, como Solo Argiloso Fino Laterítico


aquele que satisfaz as seguintes condições:
- Possui menos de 10% de fração retida na peneira de 2,00 mm (nº 10).
- Possui menos de 50% de fração retida na peneira de 0,075 mm
(nº 200) que pode conter, além do quartzo, óxidos e hidróxidos
de Fe, Al e Ti.
- Pertence à classe de solos de comportamento laterítico e ao grupo
LG’ da Classificação Geotécnica MCT.

Tanto os solos lateríticos arenosos como argilosos têm a fração


argila ( <0,005mm) caracterizada por conter elevada porcentagem de
óxidos e hidróxidos de Fe e Al contendo como argilo-mineral quase exclusivo,
a caolinita.

Houve a necessidade de apresentar no meio técnico brasileiro as


designações e conceituações acima descritas para evitar que os Solos
Laterítico Fino fossem confundidos com os Pedregulhos Lateríticos ou
Cascalhos Lateríticos ou, ainda, Concreções Lateríticas (popularmente
designados de Canga, Tapiocanga, Piçarra etc), constituídos de elevada
porcentagem de fração retida na peneira de 2,00 mm. Esses materiais
foram designados de Solos Lateríticos nas normas do DNER/DNIT, o que
pode ocasionar confusões conceituais.

3ª Questão: Onde ocorrem os solos lateríticos no Brasil?

Levando em consideração os mapas geológicos e pedológicos para


determinar a área provável de ocorrência de SAFL, no caso do Estado de
São Paulo, estima-se que ocorra em 57% do seu território e que muitas
dessas ocorrências podem ser utilizadas para execução de bases de
pavimentos de baixo custo. No Estado de São Paulo, também é grande, a
ocorrência de solo laterítico argiloso, o qual, quando misturado com areia
e devidamente dosado, é designado pela sigla ALA e pode ser usado como
material para execução das bases de ALA.
Pelo exame de mapas geológicos e pedológicos disponíveis verifica-
se, também, a potencialidade de ocorrência do SAFL e de solos argilosos
em
áreas fora do Estado de São Paulo, tais como na Bahia, Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, entre outros.

O mapa da figura 5 (Capítulo 3) ilustra as ocorrências de solos de


comportamento laterítico argiloso (AL) e as áreas de solos arenosos
lateríticos (SAFL) que podem ser usadas para base de SAFL ou de mistura
tipo ALA.

Com o, verifica-se a grande área de ocorrência de solos de


comportamento laterítico (cerca de 85% da área total do país). Esses solos
são adequados para o uso promissor de bases de solo-agregado fino e
SAFL in natura ou em misturas (ALA).

4ª Questão: Qual a extensão das rodovias e das áreas de vias


urbanas de pavimentos de baixo custo com uso de SAFL?

A tabela 28 indica a extensão e a área desses pavimentos


executados até 2005. Particularmente, a figura 1 (Capítulo 2) ilustra, no
mapa do Estado de São Paulo, a localização das vicinais e das cidades que
possuem pavimentos com base SAFL.

P AVIMENTO S P AVIMENTO
ES TADO S RO DO VIÁRIO S URB ANO
2
S [km ] S [m ] x
6
Acre - 0,410
Bahia 700 0,6
Distrito Federal
- 0,8
(Brasília )
Goiás 600 0,5
Mato Grosso do Sul 1200 0,8
Paraná 1800 2,3
São Paulo 8000 6,8
TOTAIS 12300 12,2 x 10 6

Tabela 28: Dados Aproximados da Extensão e da Área com

Base de SAFL no Brasil (2005).


Capítulo 7

5ª Questão: Qual a conceituação de bases de solo-agregado fino?

A terminologia adotada neste livro é aquela apresentada na


Tropicals’85, da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMs),
para a qual as bases constituídas de solo-agregado fino são conceituadas
como mistura natural ou artificial que, devidamente compactada, gera
bases granulares finas (50% de agregado retido na peneira de 0,075 mm
e 100% passando na peneira de 2,00mm), em cuja constituição há,
obrigatoriamente, além de agregados, a presença da argila laterítica em
sua parte fina (que passa na fração 0,075mm).

O termo agregado é utilizado para designar todo material resistente


e inerte retido na peneira de 0,075 mm de abertura, seja ele natural
(areia) ou resultante da britagem de pedra. A parte fina da mistura é a
fração que passa por essa mesma peneira (#0,075 mm) e deve ter
característica laterítica (argila laterítica).

Essa conceituação engloba as bases dos tipos SAFL (Solo Arenoso


Fino Laterítico) e ALA (mistura Argila Laterítica e Areia), cujo histórico e
desenvolvimento acham-se apresentados no Capítulo 5, item 5.2.1 e 5.2.2
sendo, respectivamente, solos-agregados natural e artificial.

6ª Questão: Quais os tipos de tráfego e características climáticas


em que as bases de solo agregado fino (SAFL e ALA) podem ser usadas?

Além da escolha criteriosa de solos SAFL e mistura tipo ALA para


bases e sua execução adequada, devem ser atendidos os requisitos abaixo
para garantir o sucesso do pavimento:

- Tráfego: O tráfego preconizado deve abranger os tipos leve e


médio, devendo atender os limites especificados na questão 1.
- Clima: As características climáticas da região devem atender:

Tipo Climático, segundo Köppen:

- Cwa – quente com inverno seco.


- Cwb – temperado com inverno seco.
- Aw – tropical com inverno seco.

Temperatura: média anual acima de 20º C.


Condições Hídricas: precipitação pluviométrica anual média de
1.000 a 1.800 mm e tipos subúmido e úmido.

7ª Questão: Quando um SAFL e uma mistura ALA são apropriados


para uso em bases de pavimentos?

Quando, além das condições climáticas e de tráfego recomendadas


para esses tipos de base, apresentarem os requisitos indicados nos itens
5.2.1. e 5.2.2 a saber:

- Ter granulometria que permita a aplicação da Metodologia MCT,


isto é, deve passar integralmente na peneira de 2,00 mm de
abertura ou ter, retida na mesma, uma porcentagem máxima de
10%.
- Deve pertencer à classe de solos de comportamento laterítico da
Classificação Geotécnica MCT (grupos LA, LA’ e LG’).
- Apresentar, quando compactado na energia intermediária do
Mini-Proctor e na umidade ótima (H ), valores das propriedades
ot

mecânicas e hídricas, indicadas a saber:

SAFL – Tabela 5, item 5.2.1.3


ALA – Tabela 8, item 5.2.2.3

O critério para a verificação do comportamento laterítico, assim


como das propriedades dos solos para uso em bases é, essencialmente,
tecnológico.

8ª Questão: Quais são as peculiaridades, potencialmente


interessantes das ocorrências naturais, visando ao seu aproveitamento
como jazidas de SAFL para bases?

As ocorrências naturais de SAFL (vide jazidas das figuras 37 e 38),


aproveitáveis para pavimentação de baixo custo, apresentam uma série
de peculiaridades:

- Localizam-se junto à superfície do terreno e são capeadas com


uma camada de terra vegetal, de pequena espessura (inferior a 1
m). A camada vegetal pode ser usada como material orgânico
para o plantio de vegetação destinada à proteção de aterros,
cortes etc.
Capítulo 7
- A camada aproveitável atinge, freqüentemente, grandes
espessuras (acima de 5 m) e se estende por centenas de metros
quadrados; também pode ser o próprio corte da rodovia.
- As condições de drenagem são geralmente excelentes. Isso
constitui uma exigência necessária para a evolução pedológica
do seu comportamento.
- Facilmente identificáveis pelo exame visual-táctil expedito, pois
se caracterizam pela sua cor (vermelho, marrom, amarelo e suas
combinações) e existência de trincas e torrões bem
desenvolvidos, quando ocorrem partes expostas. Nas variedades
mais arenosas do tipo SAFL identificadas pela presença dos
inconfundíveis grãos de areia de quartzo (no SAFL) e ausência
freqüente de camadas bem delimitadas ou anisotropias aparentes
(acamamento, xistosidades, mosqueamento etc).
Excepcionalmente, há necessidade de se usar procedimentos
laboratoriais para a identificação desses solos.
- Correlação, geralmente muito boa, com as unidades pedológicas
constantes de mapas publicados no Brasil. Predominam
ocorrências pertencentes ao grande grupo latossolo e argisolo
(podzólico ou pozolizado, na designação antiga). Grande parte
dos solos SAFL
utilizados são de textura média.

As figuras 37 e 38 (10ª Questão) ilustram duas ocorrências de


jazidas da SAFL, uma arenosa e outra argilosa, com altura explorável de
aproximadamente 6 metros.

9ª Questão: Qual o critério de dosagem de uma mistura ALA?

Pelo fato de a granulometria, o limite de liquidez e o índice de


plasticidade não serem os fatores mais importantes para a escolha de
solos-agregados em que entram componentes peculiares das regiões
tropicais, não se pode utilizar os critérios tradicionais de dosagem de
solos-agregados.

Objetivando solucionar esse problema, Nogami, Villibor e Serra (1987)


propuseram uma metodologia para a finalidade considerada, limitando a
solos- agregados os que passam, integralmente, na peneira de 2,00 mm,
ou cuja fração nela retida corresponda a uma porcentagem considerada
desprezível.

Para a finalidade, recomenda-se utilizar o seguinte roteiro:


a) Classificar o solo a ser usado, pela metodologia MCT. Caso seja
LG’, misturá-lo com areia (ou solo LA) nas porcentagens de 20, 30 e 40%,
em peso de areia;

b) Classificar pela metodologia MCT as três misturas e lançá-las no


gráfico classificatório da MCT. Escolher, sempre que possível, as misturas
que se localizam no interior da área hachurada da figura 36.

FIGURA 36 – Áreas satisfatórias e recomendadas para os solos agregados, segundo a classificação MCT

c) Submeter as misturas estudadas e que foram selecionadas, aos


ensaios da metodologia MCT e verificar se atendem os requisitos do item
5.2.2.3

d) Critério de dosagem: sempre que possível, escolher a mistura ALA


que se enquadra na condição desejável da tabela 8. No entanto, deve-se
considerar, na escolha final da mistura, outros fatores que interferem no
custo global da base, a saber: facilidade de execução, menor custo de
exploração das jazidas e menor custo de transporte.

As misturas ALA, geralmente, apresentam curvas granulométricas


descontínuas que não se enquadram nas Especificações das Bases
Estabilizadas Granulometricamente do DNER.

10ª Questão: Qual a relação entre o Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL)
e Argila Laterítica Areia (ALA) e a Técnica Construtiva das suas bases?
Capítulo 7

Para a execução das bases referidas deve-se utilizar jazidas que


permitam garantir uma maior homogeneidade do solo a ser utilizado na
execução da base. O SAFL ou o ALA deve pertencer a um dos grupos
seguintes: LA, LA’ ou LG’, da Classificação Geotécnica MCT.

Caso sejam disponíveis várias fontes igualmente interessantes para a


execução das bases, recomenda-se escolher aquela(s) que apresente(m)
menores problemas construtivos. Para obter essa informação deve-se:
localizar os diversos solos potencialmente interessantes, plotá-los no
Gráfico da Classificação MCT para obter os tipos I, II, III e IV e, em
seguida, verificar os requisitos indicados na figura 18, que ligam a relação
entre as bases e a sua técnica construtiva, conforme descritos no item
5.2.1.4.

As figuras 37 e 38 ilustram jazidas de SAFL dos Tipos IV e I, sendo a


primeira Arenosa (LA), e a segunda Areno-Argilosa (LG’).

FIGURA 37 - Aspecto de uma jazida de SAFL do Tipo FIGURA 38 - Aspecto de uma jazida de SAFL do Tipo

IV – Arenosa (LA). I – Argilosa (LG’).

11º Questão: Qual o critério de dosagem de uma mistura para base


descontínua de Solo Laterítico e Agregado (natural ou britado) SLAD?

A base designada como SLAD é constituída por uma mistura de solo


laterítico e agregado graúdo, com diâmetro máximo inferior a 25mm, que
pode ser natural (pedregulho de cava ou laterita concrecionada) ou artificial
(pedra britada). Essa mistura é conceituada, também, como solo agregado
graúdo e apresenta uma granulometria descontínua que não se enquadra
nas Especificações das Bases Estabilizadas Granulometricamente tradicionais
(DNER, DER/SP).
Um dos critérios de dosagem para a obtenção da mistura final é
realizado através de três tentativas, com porcentagens variáveis da fração
do agregado em 40, 45 e 50%, em relação ao peso total. Cada uma
dessas misturas deve ser submetida aos requisitos estabelecidos no
subitem
5.2.3.3. Dentre as misturas aceitáveis deverá ser adotada, como solução
mais econômica, aquela de menor porcentagem de agregado.

12ª Questão: Quais os cuidados para fazer a compactação e


acabamento das bases de SAFL e ALA?

A compactação deve ser iniciada, preferencialmente, com o rolo “pé


de carneiro de patas longas”, seguir até que não haja mais penetração das
“patas” do equipamento e completar com rolo de pneus (ou corrugado
vibratório).

A complementação do grau de compactação, se necessário, e o


acabamento, deverão ser feitos, preferencialmente, com rolo de pneus de
pressão variável ou, na impossibilidade, com liso vibratório. Quando isso
ocorrer e as bases forem de SAFL ou ALA, é desaconselhável mais que duas
coberturas, pois pode provocar a formação de corrugações e lamelas,
especialmente em determinados solos das áreas III e IV e, em menor
escala, nos da área II.

Ainda, para evitar a tendência de formação de lamelas, somente são


recomendados os rolos compactadores com patas de superfície plana.
Porém, para muitos solos da área IV, a compactação deverá ser executada
somente com rolo pneumático de pressão variável (SP 12.000 ou similar).

Não deve ser permitido o uso de rolos de “patas curtas” porque,


quando se começa com ele a compactação, a camada inferior da base fica
com uma densidade relativamente baixa. Para compensar e obter uma
densidade média, dentro das especificações, o executor tentará obter uma
densidade alta na parte superior da base, podendo levar ao aparecimento
de lamelas, provocado pelo uso excessivo dos equipamentos de
compactação.

Nas bases de SAFL ou ALA há certos materiais, principalmente os de


tipo II e IV, que não permitem, na pista, a obtenção da densidade
preconizada pelo laboratório. A insistência na compactação desses
materiais, em lugar de melhoria, geralmente, leva a prejuízos. A tentativa
de obter a densidade especificada produzirá uma camada lamelada e
estruturalmente fraca.

Nesses casos, recomenda-se que sejam feitos segmentos


experimentais para determinar a densidade a ser especificada; a
compactação deve ser conduzida até atingir uma densidade limite, acima
da qual apareceriam as lamelas na superfície da base. Não é raro que a
especificação, em lugar do
100% do Proctor intermediário original, caia para 95% ou até 92%.
Capítulo 7

Deverá ser tomado especial cuidado com a compactação das bordas


do pavimento que, em muitos casos, são negligenciadas, levando ao
aparecimento de defeitos.

O acabamento da base deverá ser feito exclusivamente em corte,


com motoniveladora, logo após um ligeiro umedecimento. O
preenchimento das falhas (ou complementação da espessura) é proibido,
porque esse material ficaria com uma ligação frágil com o corpo da base,
formando lamelas ou lâminas finas de material, vindo a desprender-se
com o tráfego.

O material cortado deverá ser posto fora da pista. A lâmina da


motoniveladora deverá estar em perfeitas condições de fio e de desgaste,
isenta de irregularidades. Nas bordas, quando não houver sarjeta, a base
deverá ser cortada a 45º e imprimada também nesse corte.

13ª Questão: Quais funções, técnicas construtivas e o critério de


dosagem (tipo e taxa) uma imprimadura impermeabilizante deve atender
para ser usada sobre bases de SAFL e ALA?

Esse assunto foi desenvolvido no item 5.3, mas, por sua grande
importância no comportamento dessas bases, muitos dos aspectos serão
novamente apresentados e melhor detalhados nessa questão.

a) Funções da imprimadura asfáltica impermeabilizante:

A imprimadura consiste na aplicação de uma camada contínua de


material asfáltico diluído (CM-30 ou CM-70) sobre a superfície da base
concluída, que tem por objetivo permitir a penetração da imprimadura
na superfície da base, em uma espessura (profundidade) que varia em
função das diversas características intrínsecas do solo, do seu estado de
compactação e do material utilizado na imprimação.

A imprimadura asfáltica, nesses pavimentos, tem funções bem


definidas, quais sejam:

- Impermeabilizar a base evitando, tanto quanto possível, a


penetração da água que porventura se infiltre pelo revestimento.
- Proporcionar aderência entre a base e o revestimento.
- Aumentar a coesão da porção superficial da base, ao formar nela
um solo betume.

b) Critério de dosagem da imprimadura impermeabilizante


(tipo e taxa)

É possível, experimentalmente, dosar o tipo e taxa da imprimadura


sobre um segmento da ordem de 100 m, conforme as etapas a seguir:

- Após a secagem da base, irrigá-la levemente com 0,8 l/m2.


- Após 15 minutos, efetuar a imprimação com asfalto diluído CM-
30, em uma temperatura entre os limites de 30 e 50°C, com uma
das taxas indicadas abaixo:
- Bases com solo tipo I ou II taxa: 0,8 a 1,0 l/m2
- Bases com solo tipo III ou IV taxa: 1,0 a 1,2 l/m2.
- Esperar a imprimadura curar por 48 horas e medir sua espessura
de penetração na base através de, no mínimo, 9 furos
executados com talhadeira na superfície.
- Taxa e tipo de material betuminoso: com a espessura da penetração
média, obtida no campo, tem-se que atender às seguintes
recomendações:

1) Penetração inferior a 4 mm: asfalto diluído CM-30 e temperatura


de aplicação 30ºC, na taxa de 0,8 a 1,0 l/m 2 .
2) Penetração entre 4 e 10 mm: asfalto diluído CM-30 e temperatura
de aplicação 30ºC, na taxa de 1,0 a 1,4 l/m2.
3) Nos casos em que a penetração for superior a 10 mm, utilizar asfalto diluído
CM-70 com viscosidade Saybolt-Furol de 80 a 100s obtida a 40ºC.

c) Recomendações sobre a técnica construtiva

As recomendações construtivas mais importantes ligadas à imprimação são:

- Utilizar asfalto diluído CM-30 ou CM-70 (asfalto diluído com


querosene) o qual, por apresentar baixa viscosidade, infiltra na
base e permite que a parte residual (betume), penetre
convenientemente na sua superfície. Com a evaporação do
solvente, a superfície da base fica impregnada de betume
(produzindo um “solo betume”) e permanece impermeabilizada o
quanto possível, além de proporcionar uma ligação adequada com
o revestimento asfáltico.
Capítulo 7
- Para que o fenômeno ocorra, é necessário que a imprimação da
base seja precedida de uma secagem prévia e, em seguida, uma
varredura enérgica (vassouras rotativas e/ou jatos de ar
comprimido), com o objetivo de eliminar toda a poeira e material
solto em sua superfície.
- Após esse procedimento deve-se realizar uma irrigação leve com
taxa de água entre 0,5 e 1,0 l/m2. Somente após essas etapas é
que se deve imprimar a base com a taxa e o tipo de imprimadura
indicados em projeto. O umedecimento, causado pela infiltração
da água, facilita a conveniente penetração da imprimadura e,
conseqüentemente, a impermeabilização da base.
- A imprimadura deve permitir a formação de um “solo betume”
pela penetração do asfalto na camada superficial (cerca de 1cm)
da base para impermeabilizá-la; além disso, deve penetrar e
preencher, tanto quanto possível, as trincas de contração da
camada da base. A execução da camada de rolamento,
especialmente quando se tratar de tratamento, não deve danificar
a superfície da base pela ruptura frágil de sua superfície, durante
a rolagem dos agregados.

A figura 39 ilustra esse processo.


A
Preencher Trincas Revestimento
B
Agregados Impermeabilizar
Solo Betume
Solo Betume

Base Penetração
ideal da
Imprimadura
Sub-Base de 5 a 8mm
Base

Sub-Leito

Figura 39 - Formação do “Solo-Betume”, Impermeabilização da Base e Penetração, do Agregado da Primeira

Camada do Tratamento, no Solo-Betume.

Devem ser seguidas as recomendações construtivas adicionais,


indicadas a seguir:

- Face à possibilidade da grande perda de umidade (constatada no


campo), iniciar a compactação da base com a umidade ótima e,
seu final, abaixo da ótima;
- Evitar a superposição de faixas de irrigação na fase de
compactação;
- Fazer acabamento da base sempre em corte, para evitar a
formação de lamelas e impregnação com a imprimadura o que,
fatalmente, provocaria escorregamento;
- Eliminar toda e qualquer partícula solta na superfície da base,
através de varredura e/ou jato de ar comprimido;
- Após a secagem, a base deverá ser irrigada, levemente, com taxa
em torno de 0,8 a 1,0 l/m², a fim de evitar sua saturação.

A imprimadura nunca deverá ser executada com o solo saturado por


chuva ou eventual excesso de irrigação.

14ª Questão: O que ocorre quando se imprime uma base de SAFL


com emulsão betuminosa?

A imprimação deverá ser efetuada, obrigatoriamente, com a


utilização de asfalto diluído CM-30 ou CM-70 (asfalto diluído com
querosene) o qual, por apresentar baixa viscosidade, infiltra na superfície
da base e permite que a parte residual (betume) penetre
convenientemente nela. Com a evaporação do solvente, a superfície da
base permanece impregnada de betume (produzindo um “solo betume”) e
fica, assim, impermeabilizada tanto quanto possível, além de proporcionar
uma ligação adequada para tratamentos superficiais que vier a receber.

Entre os insucessos com o uso da imprimação com RR-1C ressalta-se


o ocorrido, por exemplo, em uma cidade do Estado de São Paulo, onde,
após a execução, bases de SAFL foram imprimadas com aquele ligante. Na
ocasião, por desconhecimento técnico dos executantes, substituiu-se a
imprimação com CM-30, recomendada em projeto, pela emulsão RR-1C.

Logo após a imprimação com emulsão, foi executada, a camada de


revestimento com tratamento superficial, antes do período das chuvas.
Observou- se, apenas ocorrência de pequenos defeitos, como o descolamento
do revestimento. Para a surpresa dos executores, no primeiro período
chuvoso de uso do pavimento, toda a camada de rolamento se desprendeu
da base.

Após o ocorrido, os autores deste livro foram consultados e


prescreveram para a correção: retirar a camada de revestimento
existente, dar novo acabamento na base, imprimar com CM-30 e
executar, novamente, toda a camada de revestimento betuminoso.
Capítulo 7

15ª Questão: Quais são as estruturas típicas para pavimentos de


baixo custo com base de solo-agregado (SAFL, ALA e SLAD)?

As estruturas típicas, espessuras e materiais recomendados para


locais onde sejam disponíveis solos lateríticos, são mostrados na figura
40. A espessura da base não é “dimensionada” mas fixada. Determina-se
somente a espessura do reforço do subleito, que é também executado
com solo laterítico, geralmente de mesma origem ou até da mesma jazida
do material da base.

Essas recomendações baseiam-se na experiência acumulada e


desempenho observado nos pavimentos construídos.

P OSIÇÃO SAFL OU MISTURA ALA NO GRÁFICO DE CLAS S IFICAÇÃO MCT

TRÁFEGO* LG’ e LA’ ÁR E AS I e II LA e LA’ ÁR E AS III e IV

V1 P e ne tra çã o
e dupla imprima Seções idênticas às das
dura áreas I e II com um
V2 acréscimo:
N a té m
Nas faixas de 1m de largura
10 5 junto às sarjetas, aplicar
cimento na base à taxa de
8% em volume.
1m

i i
V 3: N CBUQ ou TST + selante

típico: Imprimadura + camada


5x10 5 anticavamento
m Solo-cimento ou solo-brita
com cimento, como o mesmo
material do restante da base
i

i i
* Classificação das vias, Tabela 20.
** hr , espessura do reforço do subleito calculada segundo método de dimensionamento do
DER -S P , s e çã o 6.04 do Manual de Norma s e/ou PMSP-MD-01.
6
*** N o ca s o de trá fe g o s upe rior a10 (mé dio) s ug e re-s e o us o pre fe re ncia l de S LAD
s e m anticravamento.

FIGURA 40 – Pavimentos Urbanos para as Regiões de Solos Lateríticos.


16ª Questão: Quando se usa a Camada de Proteção (antitravamento)
sobre uma base de SAFL ou ALA?

A camada antitravamento consiste na aplicação, sobre a


imprimadura, de um tratamento superficial simples invertido (TSS), antes
da execução da camada sobrejacente. Dois casos podem ser considerados,
conforme o tipo de revestimento a ser utilizado:

1º Caso - Revestimento de Tratamento Superficial (TS):

Os solos dos tipos I e II, da Classificação Geotécnica MCT, conduzem


a bases coesivas; os dos tipos III e IV conduzem a bases pouco coesivas
podendo resultar, mesmo após a imprimadura, em uma superfície muito
frágil. Quando isso acontece, o agregado da primeira camada do
revestimento (TSS) rompe a superfície da base, logo durante a sua
rolagem; consequentemente, o revestimento se solta e o agregado
penetra base adentro, deixando livre o betume e provocando exudação.

Outra situação, em que a camada considerada é necessária, ocorre


quando o tráfego excede alguns limites. A experiência atual mostra que,
para um tráfego com N > 5x106 solicitações do eixo padrão, ocorre a
penetração do agregado do revestimento na base, quando não existe
camada de proteção. A execução da mesma tem-se mostrado muito eficaz
para evitar tal penetração.

2º Caso - Camada de Revestimento Usinado Tipo CBUQ ou PMQ:

Nestes revestimentos, pode ocorrer o escorregamento dos mesmos


sobre a base, devido aos esforços horizontais do tráfego e à fraca ligação
da interface base-revestimento. Em especial, para os solos dos tipos III e
IV, cresce muito a probabilidade da ocorrência do escorregamento, se a
camada antitravamento não for executada.

O sucesso dessa técnica pode ser comprovado na cidade de


Araraquara(SP), onde podem ser vistos (figura 41) pavimentos urbanos
executados sobre base de SAFL, utilizando tratamento superficial simples
(camada antitravamento) e posterior recobrimento de CBUQ. Os
pavimentos são usados há mais de 20 anos.
Capítulo 7

FIGURA 41 - Aspectos de Pavimentos com Base de SAFL, Camada

Antitravamento e Revestimento de CBUQ (Araraquara/SP)

Também, como mostra a figura 41, em vários trechos de estradas


onde se previa N > 5x106 solicitações, o uso desta técnica resulta em um
excelente comportamento, após mais de 20 anos de uso.

FIGURA 42 - Trecho Araraquara a Gavião Peixoto. Pavimento com Base

de SAFL, Camada Antitravamento e Recobrimento de CBUQ.

17ª Questão: Como deve ser executado o controle tecnológico das


bases de SAFL e ALA?

O acompanhamento tecnológico da execução, objetivando garantir


a aplicação adequada de materiais, bem como o uso de procedimentos
construtivos apropriados, é indispensável para o sucesso do pavimento.
Para
isso, é necessário executar uma quantidade mínima de ensaios, por uma
equipe treinada adequadamente.

Para a finalidade em vista, recomenda-se a execução do seguinte


programa de ensaios:

- Determinação do teor de umidade, a cada 40m, imediatamente


antes da compactação.
- Determinação da massa específica aparente úmida, in situ, e do
respectivo teor de umidade com espaçamento de, no máximo, 40
m de pista, em pontos obedecendo à ordem: borda direita, eixo,
borda esquerda.
- Ensaios da metodologia MCT, em amostras com espaçamento
máximo de 200 m, podendo ser utilizada, para solos com
propriedades conhecidas e/ou rodovias de trânsito relativamente
leve, a alternativa seguinte:

- Classificação MCT.
- Determinação, em corpos de prova correspondentes à
massa específica aparente seca máxima e umidade ótima
da energia intermediária (ou de outra energia fixada após
trechos experimentais), das seguintes propriedades:

- Mini-CBR sem imersão.


- Mini-CBR com imersão e expansão.
- Contração axial.

Os valores máximos e mínimos de amostragem, a serem


confrontados com os valores especificados no projeto, devem ser
calculados de acordo com os critérios adotados no controle estatístico de
materiais.

Resultados satisfatórios têm sido obtidos, por exemplo, com o uso


das fórmulas adotadas pelo DNER e pelo DER/SP.

18ª Questão: O que explica o bom comportamento das bases que,


em sua constituição, têm pelo menos uma fração de solo laterítico fino
(SAFL, ALA ou SLAD)?
Capítulo 7

Em meados de 1972, no início do uso das bases citadas, revestidas


com tratamentos asfálticos superficiais duplos ou triplos esbeltos (1 a 3
cm), a maior preocupação dos responsáveis pela sua construção era a
possibilidade de que, durante o período chuvoso, apresentassem defeitos,
em especial, a ocorrência do amolecimento de toda a estrutura da base, o
que causaria sua ruptura.

O tempo mostrou que tal preocupação não era necessária pois, os


defeitos esperados não ocorreram. Os pavimentos tiveram um
comportamento excepcional, além do esperado, tendo alguns ultrapassado
30 anos de bom desempenho. Os principais fatores que contribuíram para
isso foram:

- Características mecânicas e hídricas dos solos lateríticos finos


que entram na constituição de todas as bases mencionadas
(comportamento peculiar dos finos lateríticos).
- Projeto e técnica construtiva específicos desses pavimentos, que
permitem aproveitar as peculiaridades do ambiente tropical úmido.

a) Características Mecânicas e Hídricas dos Finos Lateríticos


das Bases de SAFL, ALA e SLAD

Essas bases são constituídas por solos de granulometria descontínua


(predominantemente sem, ou com pequena fração retida na peneira de
2,00 mm no caso de SAFL e ALA, e com fração grossa na SLAD) e índices
tradicionais (LL e IP) fora dos limites fixados pelas especificações
tradicionais para bases.

Quando compactada s na Mass a Especí fic a Aparent e Sec a


Máxima (MEASmáx) da energia modificada, apresentam as seguintes
características:

- Elevada capacidade de suporte, com o CBR (ou o Mini-CBR) às


vezes ultrapassando 100% (valor esse considerado prerrogativa
das bases de brita).
- Elevado módulo de resiliência, freqüentemente superior a 200
MPa (2000 kg/cm2), tanto em amostras compactadas em
laboratório quanto no campo e, mesmo, quando obtidas da
retroanálise de deformadas (vide L. Alvarez Neto e outros, 1998).
- Baixa expansibilidade pelo contato com a água livre, sendo,
predominantemente, da ordem de 0,1%.
Essas características das bases compactadas são resultantes das
peculiaridades mineralógicas e microfábricas inerentes aos solos finos
(fração que passa na peneira de 2,00 mm) conhecidos como lateríticos (na
linguagem geotécnica) e que, durante sua formação, foram submetidos a
processos pedogenéticos de laterização , durante prolongado tempo.

A figura 3 do Capítulo 3 mostra o perfil de um corte rodoviário em que


ocorrem, na superfície natural do terreno, uma camada de solo fino laterítico
e, subjacente, várias camadas de solo saprolítico (resultante da ação das
intempéries sobre a rocha, herdando ainda macrofábricas da rocha matriz que,
no caso, é formada por camadas plano-paralelas), peculiares às rochas
sedimentares. Este tipo de solo saprolítico gera, no talude, uma forma erosiva
característica desta parte do corte.

Pela análise das microfábricas, das duas camadas em consideração,


pode-se notar diferenças facilmente perceptíveis, mesmo por técnicos não
especializados. Por exemplo, na parte:

- laterítica - os grãos são muito pequenos (da ordem de


milionésimo de mm), constituídos externamente por óxidos e
hidróxidos de Fe e Al que, além de serem pouco expansivos em
contacto com a água, funcionam, quando secos, como um
cimento natural e se coalecem, formando uma fábrica conhecida
como “pipoca” ou “esponja”. Quando ensaiados pela sistemática
MCT, estes solos pertencem à classe de comportamento laterítico
(Solos L);
- saprolítica - percebe-se, nitidamente, grãos de areia e,
preenchendo os vazios intergranulares, cristais em forma de
folhas associadas, o que dá um aspecto de bucho de vaca,
correspondente a um argilo-mineral da família das smectitas (ou
da montmorillonita), que se caracteriza pela sua elevada
expansibilidade na presença da água livre. Quando ensaiados
pela sistemática MCT, esses solos pertencem à classe de
comportamento não laterítico, ( Solos N).

b) Projeto e Técnica Construtiva Específicos

Os pavimentos construídos com as referidas bases, revestidas com


tratamentos superficiais e/ou pré-misturados esbeltos, levam-nas a
trabalharem com uma umidade de equilíbrio baixa, geralmente, entre 70 e
80% da umidade ótima, em relação à do Proctor Intermediário.
Capítulo 7

Isso, ao longo do tempo, leva as bases a aumentarem o seu suporte


inicial e a resistirem adequadamente ao tráfego, sem apresentarem
maiores problemas, comparativamente às bases tradicionais.

A figura 43 ilustra a movimentação de água no pavimento e


vizinhança, em uma rodovia (no caso de via urbana, não ocorrem as
infiltrações laterais d´água), tanto sob a forma de vapor, quanto sob a
líquida. Isso leva a uma umidade de equilíbrio baixa. Contribuem para
essa umidade de equilíbrio:

- Condições climáticas típicas das regiões tropicais úmidas.


- Projeto e técnicas construtivas apropriadas.

FIGURA 43 – Fatores que Alteram a Umidade de Equilíbrio em Bases de SAFL.

Dos fatores naturais, cabe ressaltar:

- Gradiente térmico predominante nas regiões tropicais, onde o


pavimento é aquecido intensamente durante o dia, e se
estabelece um gradiente caracterizado pela alta temperatura no
revestimento betuminoso e no topo da base (que chega atingir
60º C, sobretudo, quando o revestimento é de pequena
espessura), enquanto a temperatura no subleito mantém-se
próxima de 25ºC, tanto de dia como de noite.
Tal gradiente térmico, por si só, ocasiona o movimento
descendente da água, tanto sob a forma líquida, como sob a
forma de vapor. Ao anoitecer e durante a noite, geralmente
ocorre inversão do gradiente, o que favorece a subida do vapor
d’água. Porém esse gradiente é muito menor, comparado com
aquele que aparece durante um dia ensolarado.
Em climas frios e temperados frios, nos quais ocorrem a
precipitação da água sob a forma de neve, a movimentação da
água sob a forma líquida é inversa, podendo a água subir para a
base e provocar a formação de gelo. Esse gelo derrete durante a
primavera, ocasionando a embebição da base, o que explica a
necessidade de se considerar, naqueles climas, a capacidade de
suporte e módulo de resiliência nas condições saturadas ou muito
próximas dessa condição.

- Outro fator favorável é a posição do lençol freático e das camadas


aqüíferas. A presença de camadas aqüíferas e lençol freático,
raramente ocorre a menos de 3m, sendo muito freqüente casos
em que elas aparecem a mais de 10m de profundidade.

Evidentemente, para que o gradiente térmico seja efetivo na redução


do teor de umidade da base de pavimentos de revestimento betuminoso
delgado, é indispensável uma série de condições das quais, as mais
importantes são:
- Escolha apropriada do solo laterítico fino in natura, no caso de
SAFL, e dosagem das misturas ALA e SLAD com características
lateríticas de sua fração fina similares às do SAFL, conforme as
especificações próprias para esses tipos de base.
- Compactação apropriada da base, não só em termos de massa
específica aparente seca máxima e teor de umidade de
compactação mas também quanto à sua estrutura, havendo
necessidade de utilizar, sucessivamente, uma série de
compactadores apropriados para evitar a formação de lamelas e
estruturas anisotrópicas plano- paralelas, no caso das bases de
ALA e SAFL.
- Secagem ou cura da base, o que provoca o trincamento e um
aumento irreversível da sua capacidade de suporte. O fato indica
uma coesão adequada do solo e garante um comportamento
satisfatório da base em serviço. A secagem também permite uma
movimentação descendente da água, tanto sob a forma líquida
quanto sob a vapor, e um aumento benéfico da penetração na
superfície da base.
- Imprimadura betuminosa apropriada das faces superior e lateral
da base, mas, nunca, na camada subjacente de reforço do
subleito ou do subleito compactado. Ela deve ser distribuída, com
taxa apropriada, e ter viscosidade que permita uma penetração
entre os intervalos de 3 e 6 mm de espessura.
Capítulo 7
- Acostamento sempre presente, com largura mínima de 1,20 m,
devidamente compactado, imprimado e revestido, constituído de
solo de baixos coeficientes de sorção e de permeabilidade.
- No caso de pavimentos urbanos, obrigatoriamente, executar as
guias, sarjetas e calçadas.
- Revestimento flexível com textura o mais impermeável possível,
a fim de evitar, ao máximo, a penetração da água pela superfície
do pavimento. É recomendável que a primeira etapa comece por
um tratamento superficial (de preferência do tipo penetração
invertida) e uso de um ligante adequadamente escolhido. Em
etapas posteriores, para recapeamento, pode-se usar, além de
tratamento, concretos asfálticos do tipo fechado e flexível.
- Drenos apropriados para evitar a influência do lençol freático, o
qual deve estar a, no mínimo, 1,5m abaixo do nível do subleito e
para eliminar o efeito da migração de água causada pelo
gradiente térmico. Conforme o caso, há necessidade da
construção de drenos interceptantes para aqüíferos permanentes
ou periódicos (aparecem somente na estação chuvosa) e drenos
para rebaixamento do lençol freático. Geralmente as condições
ambientais, existentes nas regiões em que ocorrem os solos
arenosos finos lateríticos, são excepcionalmente favoráveis
quanto à posição do lençol freático: prevalecem, lençol freático e
camadas aqüíferas, a profundidades
superiores a 5 metros (freqüentemente atingem mais de 10 m).

19ª Questão: Por que não se recomenda o uso de critérios


tradicionais para o estudo dos solos para bases de SAFL, ALA e SLAD?

Os critérios tradicionais para o estudo de bases estabilizadas


mecânicamente, ou granulometricamente (também designado de Solo-
Agregado, pela ASTM e AASHTO), geralmente adotados nos organismos
rodoviários brasileiros, foram fundamentados em solos e condições
ambientais de climas temperados a frios.

Dois aspectos principais devem ser considerados no projeto de bases


de pavimentos nas regiões tropicais:

- Natureza peculiar dos materiais, sobretudo solos, disponíveis


para a sua construção.
- Natureza peculiar do ambiente em que as bases e sub-bases de
pavimentos ficam sujeitas ao clima tropical úmido.

Quando a escolha dos solos, ou das misturas de solos-agregados,


para uso nas regiões tropicais é elaborada com base em critérios
desenvolvidos para regiões de climas temperados e frios, várias
dificuldades ocorrem, destacando-se:

- Relativa pobreza de materiais granulares naturais que satisfaçam


integralmente às especificações tradicionais.
- Necessidade de onerosas correções na granulometria e nos
índices plásticos dos solos, que, mesmo após essas correções,
muitas vezes não apresentam bom desempenho como base de
pavimentos. Fracassos freqüentes ligados a esse mau
desempenho acontecem, sobretudo, quando o solo contém
elevada porcentagem de macrocristais de caulinita e micas, de
várias granulometrias. Esses minerais têm sido encontrados,
freqüentemente, nos solos tropicais típicos designados de
saprolíticos. Verificou-se que esses fracassos estavam ligados
a baixos valores de suporte e do módulo de resiliência. Por
outro lado, muitos solos lateríticos que não atendem aos
critérios tradicionais de granulometria e de propriedades
índices podem ser apropriados para bases, por possuírem
elevado CBR, baixa expansão e elevado módulo de resiliência,
entre outras propriedades.

Foram essas dificuldades que levaram os autores deste livro, após


um período de mais de 20 anos de exaustivos estudos de laboratório e de
campo com solos lateríticos e saprolíticos, a propor a Sistemática MCT que
abandona os critérios tradicionais, conforme os conceitos expressos no
livro “Pavimentação de Baixo Custo com Solos Lateríticos” (1995) e em
muitos outros trabalhos técnicos dos autores sobre a tecnologia do uso
das bases de SAFL, ALA e SLAD.

20ª Questão: Quais são as peculiaridades do comportamento dos


pavimentos com bases de SAFL, ALA e SLAD?
As principais peculiaridades do comportamento destes pavimentos
são:
Capítulo 7
- Ausência de ruptura na base: A ruptura na base não tem
ocorrido a não ser em casos especiais. Essa ruptura é
caracterizada pela excessiva deformação da superfície da base,
com expulsão lateral de solo, salvo em locais onde o nível d’água
está a menos de 1 m de profundidade.
Esse fato confirma a elevada capacidade de suporte da base de
SAFL, constatada no campo e em laboratório, com os resultados
do ensaio de suporte (CBR, Mini-CBR) e da determinação dos
módulos de resiliência conforme a Tese de Doutoramento de
Villibor (1981), Nogami e Villibor (1995).
A figura 46 ilustra a base de SAFL em uma faixa adicional
experimental da Washington Luiz, recoberta de uma camada de
binder (6cm) e uma de rolamento (4cm), ambas de CBUQ, que
durante 7 anos foi submetida a um elevado número de solicitações
de veículos pesados. Após esse período, a Washington Luiz foi
recapeada, duplicada e a faixa adicional experimental
transformada em acostamento. Visualmente, verifica-se na figura
46 o comportamento excepcional dessa base que permaneceu
íntegra e sem deformações, mesmo com essa condição extrema
de tráfego, mostrando elevados suporte e módulo de resiliência.
Observe-se que a régua metálica acha-se perfeitamente nivelada
sobre a camada de rolamento, mostrando a inexistência de
qualquer nível de deformação transversal nas rodeiras e ausência
de trincas no revestimento.

Figura 44: Engº Fernando Custódio Verificando

o Comportamento da Base de SAFL na Faixa

Adicional Experimental da Washington Luiz.


- Baixa deflexão e elevados raios de curvatura: Os valores das
deflexões, obtidos com a viga Benkelman, têm sido relativamente
baixos, considerando que a camada de revestimento betuminoso
usado é, geralmente, do tipo tratamento superficial, com
espessura inferior a 2 cm. Os níveis deflectométricos, obtidos em
bases de SAFL, situam-se entre 20 a 60 x 0,01 mm quando se
usa carga de
80kN por eixo.
Os desvios padrão das deflexões, entretanto, têm sido
relativamente elevados para uma base aparentemente
homogênea. Atribui-se, provisoriamente, essa peculiaridade ao
efeito do trincamento da base e às variações do teor de umidade.
Os raios de curvatura da bacia deflectométrica, geralmente, são
superiores a R ≥150m, o que mostra o bom comportamento dessa
base em relação as camadas de brita.
- Contribuição estrutural da base: As “bacias” (ou linhas de
influência) obtidas com uso da viga Benkelman têm acusado, com
certa freqüência, formas que indicam, teoricamente, um módulo
de elasticidade maior das camadas superficiais (valor da relação
de módulos: de 2 a 5). Outra peculiaridade de muitas “bacias”, é
a de apresentarem formas semelhantes às dos pavimentos com
base de solo-cimento (irregularidades de curvatura,
deslocamento do ponto de máxima deformação).
- Trincas de contração: O desenvolvimento de trincas nas bases
referidas é uma constante que tem sido observada desde a fase
de execução e resulta na formação de “blocos”. No caso de SAFL
e ALA, o trincamento das mesmas é bem mais intenso do que nas
bases de SLAD. A reflexão dessas trincas em blocos (TB), na
superfície do tratamento superficial, tem ocorrido com maior
freqüência nos acostamentos e, só excepcionalmente, na
superfície da pista.
- Evolução de “panelas”: Em alguns trechos, as “panelas” têm
um desenvolvimento bastante rápido, devido à ação do tráfego,
nas variedades menos coesivas das bases em questão. Isso é
causado por falhas na execução da imprimadura, do revestimento
ou, também, pelo uso de agregado, para tratamento superficial,
contendo fragmentos pouco resistentes, tanto ao esmagamento
quanto à ação das intempéries.
- Ausência de saturação (de água) na base: As determinações
da umidade efetuadas, revelam que os valores do teor de
umidade na base têm-se mantido abaixo da ótima de
compactação, correspondente à energia intermediária.
Capítulo 7
Esse fato tem sido confirmado pela determinação da tensão de
sucção da base, com o uso de tensiômetros de aplicação direta.
Valores da tensão superiores a 50 centibares são constatados com
freqüência; porém, valores próximos a zero nunca foram
encontrados. Em parte, a peculiaridade está ligada à
irreversibilidade do teor de umidade dos solos lateríticos após
secagem.
- Escorregamentos do revestimento betuminoso: Em solos
atendendo às especificações já preconizadas para SAFL e ALA não
foram constatados escorregamentos do revestimento betuminoso
sobre a base, quando ele é de tratamento superficial, mesmo nos
casos em que o revestimento era bastante delgado (≤ 15 mm).
Somente ocorre esse defeito quando o solo das bases é do grupo
LA e não se executa a camada anticravamento (de tratamento
simples), como é exigido na tecnologia do uso das bases de SAFL
e ALA.
No caso do SLAD, por causa da interface base-revestimento que
se apresenta extremamente rugosa devido à existência de
agregados em sua superfície, não há ocorrência desse tipo de
defeito, sendo essa uma das vantagens desse tipo de base, em
relação ao SAFL e ALA no caso de solos pouco coesivos.
- Defeitos Construtivos e de Projeto: Alguns defeitos
constatados nos pavimentos com base de SAFL não estão ligados
à natureza do solo, mas a várias outras causas, destacando-se
pequenas ondulações na camada de revestimento betuminoso,
devidas ao excesso de ligante betuminoso e recalques
diferenciais, de grande raio de curvatura e pequena amplitude,
atribuíveis à deficiências no subleito.
Os referidos recalques são observados, com maior freqüência,
nos trechos em cortes, onde não se utilizou reforço do subleito e
a base restante é de cerca de 15,0 cm, resultante da operação de
preparo do subleito, que foi executado segundo a instrução de
“Melhoria e Preparo do Subleito ” (DER-SP - ET-DE-P00/001).
Na região de ocorrência de SAFL, o solo natural do subleito é,
freqüentemente, colapsível à saturação decorrente, sobretudo, da
deficiência de drenagem superficial.

Nos pavimentos com base de SAFL, as intervenções em seu


revestimento, devido ao término da sua vida, têm sido executadas com
recapeamento ou, rejuvenescimento com aplicação de lama asfáltica, ou
tratamento superficial adicional.
21ª Questão: Podem ser usados solos argilosos finos lateríticos, que
não satisfazem as condições adotadas para bases de SAFL, em bases de
pavimentos de baixo custo?

Sim, porém somente para tráfego muito leve, com predominância


de veículos de passeio e com, no máximo, 5 veículos comerciais por dia.
Normalmente, estas bases são executadas com solos mais coesivos e
designadas como “bases de argila laterítica”.

Um exemplo marcante do uso de bases de argila laterítica compactada


é encontrado nos pavimentos urbanos executados nas regiões de Jaú e
Ribeirão Preto (SP), com mais de 3 milhões de m2 implantados. Este tipo de
base foi utilizado em alguns subtrechos rodoviários no Estado de São Paulo,
como no acesso à Usina Zanin (Araraquara), na cidade de Viradouro e,
também, no Estado do Paraná, no trecho 1º de Maio a Sertanópolis, em
uma extensão de 20 km.

Estes pavimentos são altamente econômicos, estão em uso desde


1980 e apresentam comportamento satisfatório.

A tecnologia de escolha deste tipo de solo ainda não está


normalizada. Os procedimentos de execução são extremamente
particularizados e não serão discutidos neste livro. Entretanto, os
critérios são bastante diferenciados dos utilizados para a escolha dos
SAFL. Recomenda-se, para maiores esclarecimentos, a leitura de
“Características e Desempenho de Segmentos com Base de Argila
Laterítica,” Anais ABPv, 24ª Reunião Anual
– Belém (Villibor e Nogami, 1990); “Pavimentação Urbana de Baixo Custo
com Base de Argila Laterítica, Anais ABPv, 29ª Reunião Anual, Cuiabá”
(Villibor, Nogami, Fortes, Tonato, 1995) e “Pavimentação de Baixo Custo
com Solos Lateríticos” (Nogami e Villibor, 1995).

22ª Questão: Solos arenosos pouco coesivos, com elevados valores


de CBR, podem ser usados para base de pavimentos?

Os pavimentos com base de SAFL são revestidos por camada de


rolamento esbelta com espessura na faixa de 1,5 a 3,0 cm. Porque esses
revestimentos, geralmente, são constituídos de tratamento superficial
invertido, é necessário que exista uma ligação perfeita entre a base e sua
camada de rolamento, para que essa não venha a se soltar por causa dos
esforços horizontais impostos pela ação do tráfego.
Capítulo 7

Para que o problema não aconteça, é necessário que o SAFL tenha


coesão caracterizada, por exemplo, através do ensaio de contração da
MCT. Além da coesão, a superfície também deverá receber uma
imprimadura impermeabilizante adequada, responsável, depois de
curada, pela ligação perfeita da interface base-revestimento.

Em laboratório essa coesão é correlacionada com o ensaio de


contração, integrante da metodologia MCT e o solo compactado deverá
apresentar valores de contração entre 0,1 e 0,5%. Nesse caso, o solo
arenoso fino apresentará uma coesão satisfatória, gerará uma interface
base revestimento resistente e seu revestimento não se soltará com os
esforços provocados pelo tráfego.

Na prática, a constatação da coesão do material pode ser inferida com


auxílio do padrão de trincamento, visível na superfície da base, geralmente,
após três dias da conclusão de sua execução, desde que não ocorram chuvas.
O padrão de trincamento é caracterizado pela largura das trincas e pelas
dimensões das placas.

Por exemplo, padrão de 2 a 3 mm de largura e placas na superfície


com dimensões da ordem de 20 x 30 cm, indica bases coesivas; padrão de
1 a 2 mm e placas de 40 x 40 cm, coesão média da base, porém ainda
aceitável. No entanto, bases com largura da trinca inferior a 1,0 mm e
placas de metro em metro, possuem coesão baixa e, por isso, não
propiciam uma aderência adequada da camada de rolamento.

Outro diagnóstico de solos extremamente arenosos e com baixa ou


nenhuma coesão é obtido após a base ser imprimada e com a ocorrência
de uma penetração da imprimadura, na superfície da base, da ordem de
1,0 a
2,0 cm. Nesse caso, provavelmente durante a execução do seu
revestimento, ou quando ele estiver em serviço, a superfície da base
“estilhaçará”, formando um pó escuro (solo+betume), abaixo do
revestimento.

A explicação para o problema é que há o cravamento do agregado do


revestimento na superfície da base, pela ação do tráfego e, como a
camada superficial da base não tem uma deformação compatível com o
esforço, origina-se a ruptura da superfície, gerando o pó escuro referido.

Já nos solos que apresentam coesão, esse fenômeno não ocorre e a


penetração da imprimadura é de 0,2 a 0,8 cm. Nesse caso, há aderência
perfeita entre a camada de rolamento e a base, mesmo em rampas fortes
com inclinações da ordem de 8%. Não há escorregamento da camada de
rolamento quando o solo apresenta coesão adequada, segundo os critérios
de escolha de solos para bases de SAFL.

No início do uso das bases de SAFL, alguns projetistas julgavam que


o importante era o solo apresentar um elevado valor de CBR e usavam,
para a base, os solos extremamente arenosos e pouco argilosos,
escolhidos pelo seu alto índice de suporte. Essa crença levou a muitos
insucessos, devido aos escorregamentos do revestimento sobre a base.

Atualmente, o critério de escolha de solos para bases não privilegia


somente o valor de suporte, pois devem ser analisadas, também, todas as
características mecânicas e hídricas do solo.

A figura 45 mostra o escorregamento de camadas de revestimento


(seguido de descolamento), sobre bases de SAFL, pouco coesivas, do tipo
LA.

Figura 45 – Deslocamento e Escorregamento do Revestimento Betuminoso em Bases de SAFL Pouco


Coesivas.

23ª Questão: O acostamento é essencial nos pavimentos


rodoviários com base de solo agregado com finos lateríticos (SAFL, ALA ou
SLAD)?

Sim, é necessário ter acostamentos pavimentados ou, no mínimo, uma


faixa de proteção de 1,20 metro de cada lado da pista, também
pavimentada. As bases de SAFL podem ser muito erodíveis em sua borda e,
além disso, no período chuvoso, pode haver um aumento excessivo no teor
de umidade da borda da pista do pavimento.

O aumento é explicado pelo fenômeno da infiltrabilidade, que trata da


movimentação da água em meios não saturados, cujas propriedades
mais
Capítulo 7

importantes são dadas pelo coeficiente de sorção e pela velocidade da frente


de umidade que conduz a água para as rodeiras do pavimento.

A observação de vários trechos já executados mostrou ser


imprescindível a existência do acostamento, ou faixa de proteção mínima
de 1,20m de cada lado, para evitar deformações indesejáveis nas rodeiras
da rodovia e conduzir, assim, a um comportamento adequado durante a
vida de projeto.

Quando, por motivos econômicos, forem executadas em ambos os


lados da borda da pista as faixas de proteção, elas deverão ser
estabilizadas com cimento ou outro aditivo adequado para dar maior
resistência à erosão por água livre, aumentar o confinamento das bordas
da base e diminuir a sorção pelas bordas do pavimento.

As Figuras 45 e 46 ilustram dois trechos: um sem acostamento, com


drenagem deficiente, apresentando deformação no rodeiro externo e,
outro, com acostamento e drenagem apropriada.

Figura 45 – Trecho de Pavimento de Baixo Custo com Base de

SAFL, Sem Acostamento e com Má Drenagem.

Figura 46 - Trecho de Pavimento de Baixo Custo com Base de

SAFL, com Acostamento e Boa Drenagem.

24ª Questão: O que explica o bom comportamento dos pavimentos de


baixo custo com bases de SAFL, ALA e SLAD revestidas com Tratamentos
Superficiais?
O bom comportamento dos pavimentos é conseqüência da interação
das contribuições das bases e dos tratamentos superficiais.

Contribuição das Bases: quando as bases forem executadas com


solos, ou misturas de solo agregado que satisfazem as especificações
prescritas no corpo deste livro e os acostamentos (ou as faixas de
proteção) foram adequados, o bom comportamento das bases é
conseqüência.

Contribuição do Tratamento Superficial: o uso desse tipo de


revestimento apresenta um comportamento altamente satisfatório,
porque:

- Não aparece o fenômeno do escorregamento entre o revestimento


e a base, pois a ligação destas duas camadas por meio da
imprimadura impermeabilizante e de um pequeno cravamento (do
agregado do revestimento na base) cria condições para uma
aderência perfeita entre essas camadas.

- Não aparece o fenômeno da fadiga, provocado pelas tensões de


tração geradas pelas cargas repetitivas de tráfego, pois, nesse
tipo de revestimento, somente são geradas tensões de
compressão.

25ª Questão: Qual o período de vida das bases e dos revestimentos


(constituídos de tratamentos superficiais) em pavimentos executados com
bases de solo agregado com finos lateríticos?

Até o presente, pode-se afirmar, com segurança, que tais bases têm
um período de vida superior a 25 anos e nada indica que o limite não
possa superar os 30 anos.

A experiência mostra que a durabilidade da camada de revestimento


betuminoso, constituído de tratamento superficial, pode ser estimada com
segurança, em 8 (oito) anos para os tratamentos duplos e em 10 (dez)
anos para tratamentos triplos, quando bem executados. Todavia, às
vezes, o tratamento triplo é mal executado em decorrência, sobretudo, de
inadequado entrosamento entre suas camadas constituintes.

26ª Questão: Quando usar Solo Laterítico Agregado Descontínuo


(SLAD) ou Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL)?
Capítulo 7

Nas bases de SLAD os grãos maiores (graúdos) da mistura da fração


retida na peneira de 2mm, acham-se disseminados na massa da fração
fina que passa, geralmente não ocorrendo contato entre seus grãos. Em
função disso, não há contato entre os grãos graúdos e não é formado,
portanto, um arcabouço estrutural entre eles.

Nessas bases, é obrigatório que o solo da fração fina apresente,


após a compactação, características mecânicas e hídricas nos intervalos
recomendados, similares aos das bases de SAFL in natura. Portanto, o
comportamento dos dois tipos de base (SLAD e SAFL) está intimamente
ligado ao comportamento laterítico da fração de silte + argila que passa
na peneira de 0,075mm, o qual condiciona a resistência inicial das bases
e a manutenção da estabilidade das mesmas, ao longo do tempo, quando
submetidas às solicitações das cargas repetitivas do tráfego e às
condições ambientais mais adversas.

Surge a pergunta básica: Quando se usa uma base de SLAD, que é,


de maior custo, em relação à de SAFL?

As bem definidas vantagens do uso das bases de SLAD são as


seguintes:

a-) Pelo elevado suporte das bases de SLAD, bem superior ao das
bases de SAFL, deve-se usá-las sempre que o tráfego for elevado
(caracterizado por N ≥ 5 x 106 solicitações).
Nelas, há possibilidade de se compactar a mistura no campo com
energia elevada, por exemplo do Proctor Modificado, sem causar
supercompactação.
Já as bases de SAFL, geralmente, só podem ser compactadas
adequadamente na energia do Proctor Intermediário, para evitar
a ocorrência de lamelas construtivas por supercompactação,
produzindo bases com menor suporte do que as de SLAD.
A figura 47 mostra uma base de SLAD com revestimento de
CBUQ
esbelto (3cm).
Figura 47 – SLAD com SAFL do Grupo LA’ sem Contato entre os Grãos Maiores que se Acham

Disseminados na Massa do SAFL. Detalhe da Camada de Rolamento sobre a Base.

b-) A presença do agregado graúdo na mistura funciona como um


“alongador de massa” das bases, ou seja, os blocos da estrutura
da base de SLAD, formados devido às trincas de contração, são
maiores do que os das bases de SAFL, assim como as trincas
entre os blocos das primeiras são menores do que as da segunda.
Isso resulta numa estrutura, do SLAD, mais travada quanto à
movimentação de seus blocos estruturais.

c-) O processo executivo da base de SLAD é mais fácil do que o da


base de SAFL. Na execução do acabamento da primeira, pode-se
usar rolo vibratório liso, sem muitos problemas. Além disso, a
presença do agregado na massa dificulta a formação de lamelas
construtivas durante o processo de compactação.
A figura 48 ilustra uma mistura in situ, de agregado de quartizio e
SAFL, para a execução da base de SLAD.
Capítulo 7

Figura 48: Processo de Mistura de um Agregado Graúdo de Quartizio com um SAFL do Grupo LA’, Cor

Vermelha, em um Trecho Rodoviário.

d-) Devido à ocorrência de agregados graúdos na superfície da


base, a qualidade da interface revestimento/base de SLAD é
superior àquela da base de SAFL, em especial para solos dos tipos
III e IV.
Não há necessidade, portanto, da execução da camada de
tratamento superficial anticravamento, antes da execução do
revestimento das bases de SLAD. Pode-se usar, diretamente,
camada de rolamento de CBUQ sobre a base de SLAD, qualquer
que seja o solo laterítico fino usado na constituição da mistura.

e-) No caso de vias urbanas de tráfego médio, a vantagem da base


de SLAD é que, por apresentar uma boa aderência revestimento/
base, não ocorrem escorregamentos do revestimento, mesmo
para tráfego de ônibus. Já no caso de tráfego muito leve a leve,
pode-se usar base de SAFL, com os cuidados que sua tecnologia
exige.

27ª Questão: Quais defeitos têm ocorrido no revestimento de


tratamento superficial utilizado em pavimentos com base de SAFL, ALA e
SLAD? Quais os motivos de sua ocorrência?
Os defeitos que têm ocorrido no revestimento de tratamento
superficial sobre base de SAFL, ALA e SLAD são, muitas vezes, inerentes
ao próprio tipo do revestimento, mas alguns tipos de defeito associam-se
à própria base. Nesta resposta serão considerados os defeitos no
tratamento mais ligados às peculiaridades das bases de SAFL, a saber:

a) Ondulações na Camada de Rolamento, devido às “Lamelas” na Base

As lamelas de uma base de SAFL e ALA podem ser provocadas por


três fatores diferentes, isoladamente ou em conjunto:

a.1) Superposição de uma camada de pequena espessura (< 5,0


cm), sobre outra já compactada. Isso pode ocorrer na fase de acabamento
quando, depois de cortar a base, verifica-se que há locais onde falta
material. Não podem ser preenchidos com solo porque, fatalmente,
causarão defeitos. O acabamento da base deve, obrigatoriamente, ser em
corte e, durante a compactação, deve-se evitar o acerto de camadas finas
com motoniveladora.

a.2) Uso excessivo de equipamentos vibratórios na compactação,


ocasionando supercompactação superficial com quebra da estrutura da
base, caracterizada pela sua laminação (lamelas de 2 a 5 cm de
espessura).

a.3) Excesso de compactação, mesmo sem equipamento vibratório.

No caso de uma base de SLAD, a ocorrência de lamelas somente é


causada pelo apresentado no item a.1), pois, tendo em vista a fração
graúda constituinte dessa mistura, os itens a.2) e a.3) geralmente não
ocorrem.

b) Exsudação de Asfalto na Camada de Rolamento

A exsudação ou o aparecimento de material betuminoso, sem o


respectivo agregado, na superfície da camada de tratamento superficial,
pode ocorrer por diversos motivos, dentre os quais destacam-se:

b.1) Taxa excessiva de betume na execução da imprimadura ou do


revestimento.

b.2) Execução do tratamento superficial sobre:


Capítulo 7
- Imprimadura mal “curada”, e/ou logo após chuvas, sem esperar a
secagem completa.
- Imprimadura aplicada sobre a base úmida, isto é, que não secou
suficientemente.

b.3) Penetração do agregado do revestimento na base, com


deslocamento do material betuminoso, juntamente com algum solo da
base, para a superfície. Esse tipo de exsudação é provocado pelo tráfego,
em função da sua intensidade. A possibilidade dessa ocorrência deve levar
à especificação e execução da camada anticravamento. Os solos dos tipos
II e IV são mais suscetíveis a esse problema.

No caso de bases de SLAD, pode ocorrer o exposto em b.1) e b.2);


não ocorre o apresentado em b.3) por causa da maior resistência da
interface base- revestimento e da existência de agregados da base que
afloram em sua superfície não permitindo, assim, o cravamento do agregado
do revestimento.

c) Escorregamentos

Considerando que o revestimento foi bem dosado e executado, esse


defeito está ligado, predominantemente, à ocorrência de lamelas na parte
superficial da base. Essas lamelas, sob a ação do tráfego, ocasionam
ondulações no revestimento, provocando seu trincamento e posterior
escorregamento. Isso provoca a formação de panelas, cuja evolução pode
ser extremamente rápida nos solos dos tipos III e IV, para o caso de ALA e
SAFL.

Os procedimentos para evitar os defeitos apontados acima são:

- C o m p a c ta ç ã o a d e q u a d a d a s c a m a d a s d a b a s e e d o s
acostamentos.
- Perfil longitudinal com declividade mínima de 1% nos cortes e
raspagens.
-Seção transversal adequada, incluindo a execução da plataforma
com acostamento, corte imprimado a 45º e o plantio de grama
imediatamente após a construção.
- Especificação e execução da camada anticravamento e de capa de
rolamento adequada ao tipo de tráfego.

Nos pavimentos cuja base é de SLAD, somente haverá


escorregamento se houver lamelas construtivas.
28ª Questão: Quais os aspectos relevantes para a deterioração
estrutural das bases de SAFL, ALA e SLAD?

É oportuno analisar e tecer considerações sobre a deterioração


estrutural desse tipo de base, porque essa deterioração é pouco conhecida
no meio técnico e distinta da deterioração das bases granulares e de solo
cimento. Para um melhor entendimento serão enfocados os seguintes
aspectos:

- Considerações sobre a Estrutura e Funcionamento da Base.


- Fatores determinantes da deterioração.
- Processo final de deterioração.

a) Considerações sobre a Estrutura e Funcionamento da Base

No caso das bases de SAFL, ALA e SLAD, a serem utilizadas em


pavimentos, sua imprimadura impermeabilizante não pode ser
desassociada da sua estrutura, pois, pelas peculiaridades destes tipos de
base, ela é fundamental para o sucesso do comportamento desses
pavimentos.

A base é coesiva. Isso é conseguido exigindo que o solo laterítico


constituinte do SAFL e ALA, ou a fração do solo laterítico da mistura do
SLAD, a ser usado na execução da base apresente, no ensaio de
Contração da Sistemática MCT, 0,1% #Ct#0,5% , para garantir a coesão
do solo compactado e evitar trincamento excessivo.

Além disso o solo deverá, quando compactado, satisfazer às


exigências das Normas de Pavimentação do DER-SP ET-DE-P00/015 - Sub-
base ou Base de Solo Arenoso Fino de Comportamento Laterítico - SAFL.

Após a execução da base ocorre o trincamento explicado, em parte,


pela “cimentação” dos grãos de quartzo da areia (inerte) pelo ligante de
argila laterítica (coesivo). A compactação força o contato dos grãos de
quartzo com a argila laterítica, a qual está umedecida pela água que é
necessária para obter o teor de umidade de compactação.

O processo de secagem da base gera esforços de tração (criados pelas


tensões capilares) que protegem a camada, produzindo trincas verticais e
horizontais e criando uma base com estrutura em blocos, que lembra um
arenito natural cimentado por argila. Essa cimentação é resultante de uma
coesão
Capítulo 7

diferente da química (não há reações) e ocorre pelo binômio compactação-


capilaridade, aliado a outros fatores ainda não claramente definidos.

Os blocos apresentam dimensões irreversíveis, mesmo quando há


aumento eventual no teor de umidade da base em relação ao teor após
secagem. O processo de cura por secagem da base, exigido pelas normas,
define todo o sistema inicial de seu trincamento. A figura 49 ilustra uma
base trincada, em local plano, sem revestimento e a figura 50, uma base
em processo de trincamento.

Figura 49 - Trincamento de uma Base Curada de SAFL (Cor Amarelo Tijolo) sem

Revestimento, em um Pátio de Estacionamento.

Figura 50 - Base de SAFL (Cor Vermelho Escuro) Trincada por “Cura ao Ar” que

Será Imprimada e Revestida.


A es tru tu ra da b as e é com pl em en ta d a pel a i mpri ma du ra
impermeabilizante, executada com aplicação de ligante CM-30 ou CM-70.
A viscosidade do ligante permite que ele penetre na superfície da base e,
também, preencha as trincas existentes. Após a evaporação da parte
volátil do ligante, sobra o betume que , juntamente com o solo, veda as
trincas e forma um “solo betume” na parte superior da base.

Em conclusão, estruturalmente as bases de SAFL, ALA e SLAD


apresentam as seguintes características:

- Formadas em blocos;

- Parte superficial constituída de um solo betume (de 3mm a


12mm) no caso de SAFL e ALA e, no caso do SLAD, há ocorrência
do solo betume nos finos lateríticos entre os grãos maiores;

- Trincas, que chegam à superfície, preenchidas tanto quanto


possível com betume.

Os esforços das cargas do tráfego, que chegam à base, são


parcialmente absorvidos pelos seus blocos coesivos. O restante é
transmitido à camada inferior pela estrutura da base que é constituída por
aqueles blocos e pelo atrito existente entre eles.

b) Fatores determinantes da deterioração

Uma das grandes surpresas constatadas na avaliação do


comportamento dos pavimentos com esses tipos de bases foi o fato de
que, apesar de serem coesivas, não trincaram por fadiga, mesmo em
trechos com mais de 30 anos de uso e submetidos a N ≤ 5 x 106
solicitações do eixo padrão.

Todavia, conforme será discutido a seguir, tem-se verificado a


ocorrência de fadiga no revestimento, após 10 anos de uso.

Nessas bases, em função do tipo de trincamento e das características


do solo constituinte, não ocorre o fenômeno de “bombeamento”, nem
fadiga semelhante à que aparece nas bases de solo-cimento. Além disso,
também se verificou que o comportamento delas é bem diferente do
comportamento
Capítulo 7

das bases granulares, as quais se instabilizam pelo desgaste e/ou quebra


dos grãos maiores, os principais constituintes deste tipo de base.

Posto isso, pode-se afirmar que nenhuma dessas bases é tão


resistente à tração como uma base de solo-cimento; porém, são mais
coesivas do que muitas bases granulares, graças ao seu elevado módulo
de resiliência.

- Os principais fatores, cuja interação leva à deterioração dessas


bases, são:
- Ocorrência de Panelas.
- Retrincamento da Base e do Revestimento por deformação
permanente.

b.1) Ocorrência de Panelas


O primeiro revestimento dessas bases, sempre é constituído de
tratamentos superficiais duplos ou triplos, nos quais, por ocorrer somente
compressão, não aparecerá trincamento por fadiga enquanto o
revestimento mantiver características adequadas de deformabilidade.

A oxidação do ligante do revestimento resulta de um efeito


combinado do oxigênio do ar e da luz solar, além de outros fatores .Para
tratamento com Cimento Asfáltico de Petróleo, o processo tem início
durante a execução, devido ao aquecimento do ligante. Nesta fase ocorre
um grande percentual da oxidação, que continua durante toda vida útil do
revestimento.

Devido a isso o ligante vai perdendo sua ductilidade e seu poder de


aglutinar os agregados. Após 10 ou 12 anos de uso, o revestimento torna-
se tão rígido que tem início um processo de desprendimento dos
agregados constituintes. Esse desprendimento ocorre pela ação das cargas
do tráfego e, mais intensamente nos períodos chuvosos, pelo binômio
carga-água.

A figura 51 ilustra um revestimento nas condições referidas. Com


utilização de emulsão, devido à baixa temperatura atingida, não há
oxidação do ligante durante a execução do revestimento; entretanto essa
oxidação ocorre durante toda a vida útil da camada de rolamento.

Com a evolução da tecnologia para emulsões modificadas com


polímeros, atualmente dispõe-se de uma ótima solução para aumentar a
vida
útil desse tipo de revestimento. Pode-se, portanto, retardar a oxidação do
ligante e o conseqüente aparecimento das primeiras panelas no mesmo.

Figura 51 – Revestimento com o Ligante Altamente Oxidado, com Início da Formação de

Panelas, com Desgaste Severo e com Desprendimento de Agregados, Após 12 Anos de Uso.

Quando a camada de rolamento for constituída de revestimento


inicial de tratamento, complementado com uma camada de CBUQ, pelo
fato da temperatura ser muito elevada durante o processo de usinagem, a
oxidação do ligante pode chegar a 70 %, continuando durante toda a sua
vida útil.

Isso aumenta a sensibilidade do revestimento ao trincamento por


fadiga e causa uma incidência crescente de áreas trincadas em pequenos
blocos. Para minimizar o problema, deve ser exigido um controle rigoroso
de temperaturas durante a execução da mistura, pois, caso a temperatura
de usinagem ultrapasse o valor recomendado em Normas, ocorrerá uma
oxidação severa do ligante e, como conseqüência, será iniciado um
processo de fadiga prematura que provocará trincamento intenso no
revestimento e desprendimento de agregados, em apenas quatro ou cinco
anos de uso.

Em revestimentos nas condições acima, a água que infiltra pelas


trincas vai amolecer o material da interface revestimento-base, propiciando
que as rodas dos veículos arranquem agregados e/ou pedaços do
revestimento, nas regiões das rodeiras e nos locais onde o teor de asfalto foi
menor durante a execução, resultando na formação de panelas. Isso
acontece mesmo que o revestimento tenha sido executado satisfazendo as
tolerâncias exigidas pelas Normas.
Capítulo 7

A existência de panelas no revestimento, expõe a base à ação das


rodas dos veículos e propícia, após o desgaste da camada superficial de solo-
betume formada pela imprimadura, o início da formação de panelas na base.

O crescimento destas panelas depende da sensibilidade do solo da base


quanto à erodibilidade e ao amolecimento, na presença de água. As panelas
devem ser tapadas, durante a conservação de rotina do trecho,
reconstituindo o revestimento pois, caso não haja atuação adequada, a
intensidade e incidência das panelas, tanto no revestimento como na base,
aumentam exponencialmente.

As Figuras 52 e 53 mostram trechos de pavimentos, com base de


SAFL, que apresentam revestimento oxidado e com início do fenômeno da
formação de panelas.

(A)
Trecho de pavimento com revestimento
oxidado e desprendimento de agregados

(B)
Detalhe de revestimento oxidado,
com desprendimento de agregado

Figura 52 - Pavimento com Revestimento Oxidado e Desprendimento de Agregados.

Figura 53 - Acesso a Viradouro-SP, com Revestimento Triplo

Invertido Oxidado, com Pequenas Panelas, mas Sem Problemas

Estruturais na Base, Após 15 Anos de Uso.


b.2) Retrincamento da Base e do Revestimento, por
Deformação Permanente: A ocorrência de deformações, nas camadas
inferiores da base é responsável pelo aparecimento de deformações
permanentes na superfície do pavimento, em especial nas rodeiras.
Quando tais deformações são de nível muito elevado (flechas superiores a
2,5 cm), podem causar um retrincamento, tanto da base como do
revestimento, apesar da grande acomodabilidade de ambos.

Como o tratamento superficial é extremamente flexível e possui uma


elevada acomodabilidade, a deformação permanente das camadas
inferiores da base em níveis baixos (< 1 cm), é acompanhada por ela e,
também, pelo revestimento, sem maiores problemas.

c) Processo final de deterioração: Apesar da possível ocorrência


do “Retrincamento da Base e do Revestimento, por Deformação
Permanente”, ela não é representativa. Portanto, pode-se afirmar que a
deterioração das bases consideradas, com revestimento inicial de
tratamento superficial é, quase que exclusivamente, devida à ocorrência
de panelas e à sua elevada velocidade de crescimento que, “caminhando”
de cima para baixo, vão destruindo a base.

A formação de panelas é intensa em sub-trechos que apresentam


desgaste e/ou desprendimento (devido à oxidação do betume) de porções
do revestimento. Isso expõe a base à ação das intempéries e do tráfego.

A figura 54 ilustra, esquematicamente, o fenômeno da deterioração


de uma base de SAFL.

Figura 54 – Fenômeno da Deterioração de uma Base de SAFL, ALA ou SLAD.


Capítulo 7

O fenômeno da evolução das panelas pode ser descrito como:


- No início, após a exposição da base, a evolução é lenta pois o
solo betume, proveniente da imprimadura, tem resistência à
abrasão causada pelas rodas dos veículos.
- Após o desgaste do solo betume a evolução é acelerada,
principalmente no período chuvoso, pois as rodas dos veículos
vão retirando o solo das partes saturadas e amolecidas da
superfície exposta da base, no interior das panelas.

A figura 55 ilustra local com ocorrência de desgaste, no revestimento


e no solo betume, e com início de formação de panelas na base, mas sem
problemas estruturais.

FIGURA 55 - Desgaste no Revestimento e no Solo Betume, e Inicio da

Formação de Panelas na Base de SAFL, (12 anos de uso). O Mesmo

Fenômeno Ocorre com Bases de ALA ou SLAD.

O crescimento das panelas é muito variável, de trecho para trecho,


pois depende diretamente do tipo de solo da base ou da fração de solo
laterítico das misturas ALA e SLAD (os mais erodíveis e arenosos são mais
sensíveis ao fenômeno) e é acelerado em função do tempo de uso do
pavimento, em especial quando se aproxima o fim da vida útil do
revestimento.

Essa afirmativa é confirmada, na prática, pelo fato de o pavimento


não apresentar ruptura de sua base em locais onde aparecem panelas em
grande número. A explicação de tal comportamento é simples: a baixíssima
permeabilidade da base impede a entrada de água, pelas panelas, em
volume que comprometeria o seu suporte.
Medidas realizadas mostraram que, em áreas circunjacentes às
panelas, o teor de umidade da base ainda é inferior ao teor de umidade de
compactação, mesmo em períodos chuvosos. Essa característica mantém
sempre alta a capacidade de suporte de uma base de SAFL.

A figura 56 mostra um trecho com altíssima ocorrência de tapa-


buracos, provenientes de panelas alcançando a base de SAFL, e o
revestimento chegando ao fim da sua vida útil, por ter seu ligante
intensamente oxidado.

Figura 56 – Trecho com Altíssima Ocorrência de Tapa-Buracos e Ligante do

Revestimento Oxidado.

A figura 57 ilustra sub-trecho com elevada incidência de panelas


(>10% da área) formadas a partir do desgaste do revestimento (de cima
para baixo), pela ausência da conservação de rotina, e revestimento no
estágio final da sua vida útil. Nesta situação é aconselhável a reconstrução
da base e do revestimento.

Figura 57 - Trecho em Estágio Falimentar, Após 15 Anos de Uso.


Capítulo 7

A figura 58 ilustra sub-trecho recuperado.

Figura 58 - Aspecto de um Trecho com Base de SAFL Recapeado com CBUQ

Esbelto sobre Tratamento Superficial.


Capítulo 8

Capítulo 8
Gestão de Manutenção de Vias Urbanas

Esse capítulo foi desenvolvido pelos engenheiros:


Douglas Fadul Villibor
Job Shuji Nogami
Mauro Beligni
José Roberto Cincerre

8.1. Introdução

A grande preocupação dos técnicos que militam na área de


conservação de vias urbanas é o alto nível de deterioração da mesma,
devido a quase que total ausência de manutenção preventiva. A falta de
uma política de conservação tem levado a malha viária das cidades de
médio e grande porte no Estado de São Paulo a uma situação caótica,
resultando conseqüentemente no aparecimento intenso de trincas,
evoluindo para panelas e ruptura em alguns pontos localizados da rede.
Estes defeitos são gerados pelo envelhecimento da rede como também
pela grande quantidade de valas abertas e remendos mal executados
pelas concessionárias de serviços públicos, acelerando ainda mais o
processo de deterioração da malha viária.

Estes fatos contribuem para um aumento substancial nos serviços


emergenciais de conservação, consubstanciados em serviços de tapa-
buraco, chegando ao ponto de ser necessário a reparação de mais de
800.000 buracos em um ano, por exemplo, na cidade de São Paulo.

Em cidades de médio e grande porte, a manutenção adequada de


vias públicas é muito complexa em função de:
−Tráfego elevado devido a ineficiência dos transportes coletivos;
−Alteração freqüente da classe funcional das vias e
−Número insuficiente de vias expressas e rotas de fluxo exclusivas
para tráfego pesado, como anéis periféricos circulares.

Essa complexidade associada aos seguintes fatores:

−Idade elevada dos pavimentos urbanos, muitas vezes superior a


30 anos;
−Sistemática atual, praticamente somente de serviços de tapa-
buraco;
−Falta de intervenções em serviços de rejuvenescimento e
recapeamento em pavimentos em processo de deterioração e
recuperação pesada nos pavimentos degradados;
−Falta de recursos financeiros para um eficiente serviço de
manutenção de vias e
−Inexistência de Plano de Gerência de Pavimentos.

levou ao desenvolvimento, por parte dos autores deste trabalho, de um


Plano de Gestão de Manutenção de Vias Urbanas.

Para desenvolver este trabalho serão enfocados os seguintes


aspectos:

−Conceitos sobre Gerência de Pavimento;


−Plano de Gestão de Manutenção de Pavimentos Urbanos;
−Segmentos Experimentais e
−Considerações Finais.

8.2. Conceitos sobre Gerência de Pavimento

Entende-se por sistema de gerência de pavimentos o encadeamento


de atividades que abrangem o planejamento, projeto, implantação de
pavimentos novos, manutenção e conservação da rede existente.

O principal objetivo da gerência de pavimentos é obter respostas


corretas e eficientes a perguntas do tipo “o que”, “quando”, “onde” e
“como”, referentes as várias atividades relacionadas com o pavimento.
Capítulo 8

Para uma adequada gerência de pavimentos rodoviários ou urbanos


existem diversos Sistemas de Gerência de Pavimentos (SGP) para diversos
níveis de atuação. O SGP é uma ferramenta que pode ser utilizada pelos
tomadores de decisão para analisar os custos e benefícios de várias
alternativas viáveis, que envolvem os serviços de pavimentação e ainda
determinar as necessidades futuras da rede.

No caso de um Sistema de Gerência de Manutenção Viária são


necessárias algumas informações para a análise e comparação de soluções
alternativas, dentre outras:

−estrutura do pavimento existente e tipo de tráfego;


−condições superficiais do pavimento;
−informações de drenagem e do subleito, etc.

Das informações necessárias para um Sistema de Gerência de


Manutenção Viária, uma das mais importantes é a avaliação das condições
superficiais do pavimento, que espelham diretamente as condições
funcionais e subjetivamente as estruturais.

A avaliação das condições superficiais é usualmente apresentada em


forma de um índice de serventia do pavimento, que atribui conceitos
quanto à intensidade e ao grau de severidade dos defeitos superficiais.

Um SGP deve dispor além de mecanismos de análise das condições


do pavimento, de modelos de avaliação de prioridades e de otimização da
rede.

A evolução dos defeitos dos pavimentos ocorre de maneira gradativa


até um determinado estágio, a partir do qual, o pavimento sofre uma
degradação acelerada, levando à ruína de toda a sua estrutura em um
curto intervalo de tempo. Portanto torna-se necessário, o conhecimento do
momento oportuno de intervenção para se reestabelecer a serventia a
níveis aceitáveis em termos de segurança e conforto aos usuários.

A Figura 59, que é conhecida como Gráfico de Desempenho de um


Pavimento, ilustra a evolução dos defeitos e o momento oportuno de
intervenção para que os custos sejam reduzidos.
ÍN D IC E D E S E RV E N T IA (P S I) X V ID A D E S E RV IÇ O

≈ 75% da Vida de Serviço ≈ 75% da Vida de Serviço

(Β) ≈ 12,5%
da Vida
de Serviço

0,0 9,0 10,5 12,0

25%
da Vida de
Serviço

FIGURA 59 - Gráfico de Desempenho de um Pavimento

8.3. Plano de Gestão de Manutenção de Pavimentos


Urbanos

O Plano de Gestão de Manutenção Viária aqui proposto, não é um


Sistema de Gerência de Pavimentos e sim um plano para manter em
níveis aceitáveis a serventia dos pavimentos.

Os objetivos do Plano de Gestão são:

−melhoria dos serviços emergenciais de tapa-buraco, através de


uma nova sistemática e adoção de novos materiais;
−introdução de uma metodologia de avaliação de pavimentos
urbanos;
−adoção de novas soluções de recuperação através de novos
procedimentos construtivos e materiais, associados à nova
metodologia de avaliação e
−equacionamento dos recursos financeiros, priorizando os serviços a
serem realizados, balizados no índice de serventia urbano
proposto.

8.3.1. Melhoria dos Serviços Emergenciais de Tapa-Buraco

A idade avançada dos pavimentos urbanos, com elevado trincamento


e oxidação do ligante betuminoso, associada a um grande número de
valas
Capítulo 8

abertas por concessionárias de serviços públicos, reparadas


inadequadamente, aceleram o processo de degradação dos pavimentos
urbanos, resultando na formação de buracos.

Portanto, dentro do Plano de Gestão proposto, os serviços de tapa-


buraco devem ser encarados como uma das principais prioridades,
visando a execução de remendos de qualidade com alta durabilidade.
Atingindo-se tal meta, consegue-se destinar parte dos recursos
financeiros, até então desperdiçados, para outros tipos de serviços de
manutenção preventiva.

Visando a melhoria na qualidade e eficiência no processo executivo


de tapa-buracos, propõe-se:

−Introdução de novos materiais asfálticos (pré-misturado a frio e a


quente com ligantes betuminosos modificados por polímeros);
−Nova sistemática de contratação de equipes, constituída por equipe
dupla, composta por dois caminhões. O primeiro é encarregado
pelo transporte de funcionários e ferramentas (com o uso de um
compressor e rompedores para o requadramento e limpeza dos
buracos) e o segundo, um caminhão basculante, para o transporte
e a aplicação da massa asfáltica com uso obrigatório de rolo liso
vibratório;
−Utilização de emulsões modificadas por polímeros para a pintura
de ligação e
−Treinamento de pessoal, envolvendo:
- equipe de fiscalização e controle da Secretaria das
Administrações Regionais (SAR), através de cursos de reciclagem
e aprimoramento técnico, visando a melhoria da qualidade dos
serviços e
- equipe de execução das empreiteiras, através de palestras para a
aplicação de novos materiais e procedimentos construtivos.

8.3.2. Introdução de uma Metodologia de Avaliação


de Pavimentos Urbanos

8.3.2.1. Considerações Iniciais

Tradicionalmente, na maioria das vias urbanas, projetamos,


construímos e restauramos pavimentos como o fazemos para rodovias,
que apresentam tráfego de fluxo contínuo de veículos e altas velocidades.
Entretanto, no caso de vias urbanas, o tráfego opera com fluxo
descontínuo e baixa velocidade
operacional, devido as seguintes características: geometria irregular,
semáforos, intersecções não semaforizadas, interferências de serviços
públicos, etc. Em função destas características, torna-se fundamental um
estudo mais criterioso de novas alternativas econômicas e técnicas para a
manutenção de vias urbanas, evitando ao máximo a manutenção corretiva
ou mesmo uma restauração. Como solução propõe-se uma nova filosofia
de manutenção, incluindo, a preventiva.

No entanto, esta exige um conhecimento mais detalhado das


condições funcional e estrutural do pavimento, principalmente da condição
da superfície do revestimento, obtida através de um índice de serventia
urbano (ISU), para que se defina o momento mais oportuno para uma
determinada intervenção.

Se utilizássemos o índice de serventia rodoviário, recomendado pela


AASHTO, denominado de PSI (Present Serviceability Index), teríamos que
praticamente reconstruir uma grande parte da malha viária das cidades de
médio e grande porte, devido ao número elevado de intervenções
realizadas inadequadamente por concessionárias de serviços públicos além
de outros fatores, resultando em valores de irregularidade longitudinal
extremamente elevados e conseqüentemente em baixos índices de
serventia. Cabe ressaltar, que a irregularidade longitudinal é o fator
determinante para o cálculo do índice de serventia rodoviário. Porém no
caso de vias urbanas a irregularidade longitudinal deixa de ser o fator
principal, devido a baixa velocidade operacional dos veículos.

Portanto ao nosso ver a reconstrução de parte dos pavimentos


urbanos, se adotado o PSI, é inconcebível do ponto de vista prático,
econômico e técnico, uma vez que o sistema viário acha-se em uso e
ainda atendendo, mesmo com certo desconforto, aos usuários.
Considerando que os pavimentos urbanos mereçam um tratamento
diferenciado em função do exposto, no Plano de Gestão ora proposto,
sugere- se a utilização de uma metodologia simplificada para o
levantamento dos defeitos superficiais, devido aos seguintes fatores:

−problemas de treinamento do pessoal, para o caso de ser adotada


uma metodologia complexa, levando à subjetividade quando da
avaliação dos defeitos superficiais e
Capítulo 8
−custos mais elevados, quando do emprego de uma metodologia
complexa.

Apesar da grande quantidade de procedimentos de levantamento e


métodos de avaliação de defeitos superficiais de pavimentos, os mesmos
nunca serão identificados com a mesma precisão e objetividade
alcançadas em outras medidas de engenharia.

Para se minimizar o perigo da adoção de soluções de recuperação


derivadas de levantamentos subjetivos, foram elaborados nos últimos
anos em diversos países catálogos de defeitos, com material fotográfico
detalhado, obtendo-se assim uma padronização dos tipos de defeitos e
severidade dos mesmos. Pode-se dizer que a catalogação de defeitos
típicos de pavimentos urbanos, padronizando-se também os inventários
de levantamento de superfície, é o primeiro passo para a implantação de
um Plano de Gestão de Manutenção Viária.

Visando uma catalogação dos defeitos e padronização dos inventários


de levantamento de superfície foram realizadas avaliações por
amostragem, nas diversas regionais da cidade de São Paulo, dos defeitos
de superfície mais incidentes e mais representativos, obtendo-se a
seguinte radiografia: trincas de diversos graus de severidade, remendos
mal executados, panelas e ondulações, etc.

8.3.2.2. Apresentação de um Índice de Serventia Urbano


(ISU)

Como segundo passo para a implantação de um Plano de Gestão,


após a verificação dos defeitos mais incidentes e representativos, foi a
criação de um Índice de Serventia Urbano.

A seguir apresentamos um procedimento para a obtenção do Índice


de Serventia Urbano (ISU).

−Separar os defeitos em no máximo três categorias:


- Remendos;
- Panelas / Ondulações e
- Trincamento.
−Separar a área de incidência dos defeitos em no máximo três
categorias, conforme ilustrado na Tabela 29.

CATEGORIA ÁREA DE INCIDÊNCIA (A)


A1 (Baixa) ≤ 10 %
A2 (Média) 10 à 50 %
A3 (Alta) ≥ 50 %
TABELA 29 - Área de Incidência dos Defeitos

Separar a severidade do defeito em no máximo três categorias,


conforme Tabela 30.

CATEGORIA SEVERIDADE (S)


S1 Baixa
S2 Média
S3 Alta
TABELA 30 - Severidade dos Defeitos

As considerações mencionadas anteriormente, a respeito dos defeitos


individuais com a freqüência de incidência e severidade dos mesmos, são
ferramentas práticas para a quantificação dos diversos defeitos. De posse
destas informações, elaboramos uma matriz aonde os valores
correspondem ao produto da severidade (S) pela área de incidência (A),
que exprimem o grau de deterioração (G), conforme ilustrado na Tabela
31.

ÁREA DE INCIDÊNCIA
A1 ≤ 10 % 10 % < A2 < 50 % A3 ≥ 50 %
SEVERIDADE
S1 (Baixa) 1 2 3
S2 (Média) 2 4 6
S3 (Alta) 3 6 9
TABELA 31 - Matriz do Produto da Severidade pela Área de Incidência

O grau de deterioração analisado isoladamente, não define a condição


do pavimento, visto que cada tipo de defeito representa uma condição
peculiar quanto à degradação do pavimento e ao desconforto causado aos
usuários. Portanto para a obtenção das condições reais do pavimento,
pondera-se os diferentes tipos de defeitos, aonde defeitos com pequenas
conseqüências para um bom desempenho funcional da via,
respectivamente, baixo risco e desconforto para os usuários, apresentam
fatores de ponderação com valores menores do que aqueles para defeitos
com alto risco e desconforto.
Capítulo 8

Os fatores de ponderação para os diversos defeitos podem ser


retirados da Tabela 32.

TIPOS DE DEFEITOS FATOR DE PONDERAÇÃO (F)


Remendos 3
Panelas / Ondulações 2
Trincamento 5
TABELA 32 - Fatores de Ponderação (F)

O valor resultante da somatória dos diversos defeitos ponderados é


denominado Índice de Serventia Urbano (ISU).

O Índice de Serventia Urbano (ISU) é calculado através da seguinte


expressão:
⎡ ⎤
IS U = 10 0 - ⎢ (GR x FR + GT x FT + G P x FP )⎥
⎣ ⎦

onde:

−GR, GT e GP = Grau de deterioração para: remendos, trincas e


panelas, respectivamente.
−FR, FT e FP = Fator de ponderação para: remendos, trincas e
panelas, respectivamente.

Para cada intervalo do Índice de Serventia Urbano (ISU) é associada


uma condição do pavimento, conforme Tabela 33.

ISU CONDIÇÃO DO PAVIMENTO


0 à 30 Péssimo
30 à 45 Ruim
45 à 70 Regular
70 à 80 Bom
80 à 100 Muito Bom
TABELA 33 - Intervalos para o ISU e respectivas Condições do Pavimento

8.3.2.3. Exemplo de Aplicação

Considerando que uma via apresente os seguintes defeitos:

−Ocorrência de panelas em 5% da área, com baixa severidade;


−Presença de trincas em 40% da área, com alta severidade e
−Incidência de remendos em 20% da área, com média severidade

e com o auxílio das Tabelas 26 e 27 obtém-se as categorias quanto a


incidência e severidade dos defeitos, a saber:

−Panelas, categoria A1 para a incidência e categoria S1 para a


severidade;
−Trincas, categoria A2 para a incidência e S3 para a severidade;
−Remendos, categoria A2 para a incidênci a e S2 para a
severidade.

De posse das categorias dos três tipos de defeitos e com auxílio da


matriz da Tabela 28, atribui-se os seguintes graus de deterioração dos
defeitos:

−GP = 1 para panelas;


−GT = 6 para trincas e
−GR = 4 para remendos.

Multiplicando o grau de deterioração pelo fator de ponderação de


cada tipo de defeito (Tabela 29) e realizando uma somatória, obtém-se o
Índice de Serventia Urbano e a condição do pavimento.
⎡ ⎤
IS U = 10 0 - ⎢ (GR x FR + GT x FT + G P x FP )⎥
⎣ ⎦

⎡ ( x + x + x ⎤
IS U = 10 0 - ⎢ )⎥ = 5 1
⎣ ⎦

Para este valor de ISU, associa-se uma condição regular ao


pavimento.

8.3.3. Adoção de Novas Soluções de Recuperação


Associadas à Nova Metodologia de Avaliação

Utilizando-se a metodologia proposta no item 7.3.2.2. para a


avaliação da condição do pavimento, obtém-se valores de índice de
serventia urbano, para os quais podem ser associadas diferentes tipos de
intervenções.
Capítulo 8

Este índice já foi aferido, quando do treinamento de engenheiros das


diversas administrações regionais da cidade de São Paulo.

Durante o período de treinamento foram avaliadas diversas vias


urbanas, observando-se que as notas atribuídas por mais de 90
engenheiros não divergiram muito entre si. Apesar da pequena variação
das notas atribuídas, a solução proposta para cada trecho avaliado foi a
mesma, para a maioria dos engenheiros.

Cabe ressaltar que apesar de fácil aplicação e excelentes resultados


obtidos, a metodologia proposta ainda poderá sofrer alguns ajustes,
quando da avaliação em grande escala do estado superficial das vias
urbanas, visando a aplicação das novas soluções de recuperação propostas
neste plano.

A decisão quanto ao serviço mais adequado (intervenção) a ser


executado, em cada segmento analisado, deve ser tomada com a
combinação dos seguintes fatores:

−tipo de via e seu respectivo tráfego;


−tipo de pavimento existente e
−grau de deterioração do pavimento.

No Plano de Gestão, ora proposto, estão sendo introduzidas novas


alternativas de manutenção, denominadas rejuvenescimento de
pavimentos, além dos procedimentos convencionais de recuperação já
utilizados. Este tipo de solução já é empregada com sucesso, há muitas
décadas, na área rodoviária e em vias urbanas em países desenvolvidos,
como por exemplo: na Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos,
Canadá, Austrália, etc.

Como novas soluções de rejuvenescimento podemos citar as


seguintes:

−Micro concreto asfáltico a frio;


−Micro concreto asfáltico a quente;
−Pré misturado a frio e
−Lamas asfálticas especiais.

Cabe ressaltar que as soluções de rejuvenescimento são propostas


principalmente para vias urbanas de tráfego muito leve a médio. Contudo
se
a via em questão, não apresentar problemas estruturais e funcionais,
porém apenas desgaste e/ou oxidação da camada de rolamento, as
intervenções indicadas poderão ser adotados mesmo para vias de tráfego
até muito pesado. Como alternativa para tráfego pesado e muito pesado
propõe-se também uma nova mistura asfáltica, denominada de Stone
Matrix Asphalt (SMA).

Deve-se enfatizar também que o Plano de Gestão de Manutenção,


ora proposto, não contempla somente o rejuvenescimento da superfície
deteriorada dos pavimentos urbanos, mas também as soluções
convencionalmente empregadas de recapeamentos e reconstrução para
vias com estágio avançado de deterioração.
Com relação à mistura asfáltica Stone Matrix Asphalt (SMA) para
tráfego pesado e muito pesado pode-se ressaltar que a mesma já foi
utilizada com sucesso para os serviços de recapeamento do Autódromo de
Interlagos em São Paulo. Esta mistura foi desenvolvida na Alemanha no
final da década de 60, sob denominação de Splittmasticasphalt.

A mistura asfáltica SMA é utilizada como camada de rolamento numa


espessura variando de 1,5 a 4,0 cm, sendo caracterizada por elevada
resistência à deformações permanentes, visto que a mesma apresenta
uma estrutura mineralógica estável, com elevado teor de agregados
graúdos e uma argamassa composta por uma porcentagem elevada de
finos e de ligante betuminoso. Devido a elevada porcentagem de
agregados graúdos, ou seja, baixa superfície específica da mistura de
agregados, torna-se fundamental a utilização de aditivos estabilizadores,
tais como fibras de celulose, para reter a argamassa em torno dos
agregados graúdos.

Quanto ao Plano de Gestão de Manutenção Viária, ora proposto,


consegue-se associar a solução mais adequada utilizando-se a nova
metodologia de avaliação, através do Índice de Serventia Urbano (ISU) e
considerando o tipo de via e o tráfego incidente. Em um Plano de Gestão
de Manutenção deve-se conhecer também o momento oportuno de
intervenção, para que alocando-se o mínimo de recursos financeiros
consiga-se elevar o nível de serventia a valores próximos da condição
inicial, ou seja, quando da implantação da via.

As Figuras 60 e 61 ilustram a curva de desempenho do pavimento


para tráfegos variando de muito leve a leve e médio a pesado,
respectivamente e tipos de intervenções recomendadas.
Capítulo 8

T R Á F E G O M U IT O L E V E A L E V E – P M S P – P 0 1

I
II

III

IV

VI

T IP O CUS T O
SO LU Ç Ã O P R O PO ST A 2
IN T E R V US $ / m
.
S e m In te r v e n ç ã o o
I u 1 ,5 0

L a m a A s fá ltica
M ic r o C on c r e to A s fá ltic o a F r
II io 2 ,0 0

(M C A F ) S im p le
M ic r o C o n c r e to A s fá ltic o a F
III r io 3 ,0 0

( M C A F ) D u p lo
R e p e r filag e m + M C A F S im p le s o
IV u 4 ,0 0

M ic r o C on c r e to A s fá ltic o a Q u e n te ( M C A
R e c ap e a m en to C on v e n c io n a l ( C B U
V Q) 8 ,0 0

c o n fo r m e P r o je
R e c o ns tr uç ã o o u R e fo r
VI 16 ,0 0
ç o c on fo r m e P r o je to

FIGURA 60 - Soluções de Manutenção para Tráfego Muito Leve a Leve


T R Á F EG O M IO A P E S A O – P M S P – P 0 1

I
II

III

IV

T IP O CUS T O
SO LU Ç Ã O P R O PO ST A 2
IN T E R V US $ / m
.
I 00
10 0

II S ≤ 00

S
III 00

I 1 00

0 00

FIGURA 61 - Soluções de Manutenção para Tráfego Médio a Pesado

8.3.4. Equacionamento dos Recursos Financeiros

A aplicação dos recursos financeiros disponíveis deve ser definida de


acordo com a faixa de serventia (intervalo do ISU) em que se encontra o
pavimento, identificando-se a intervenção adequada e seus respectivos
custos. A Tabela 34 ilustra os três tipos principais de intervenções com
seus respectivos custos.
Capítulo 8

INTERVENÇÃO CUSTO MÉDIO (U$)


A) Rejuvenescimento 2,00 – 4,00
B) Recapeamento 8,00
C) Reforço ou Reconstrução 14,00 – 20,00
TABELA 34 - Intervenções e Respectivos Custos

A distribuição dos recursos financeiros deve ser realizada em função


do levantamento do estado superficial dos piores pavimentos.

Tomando-se como exemplo a cidade de São Paulo, através de um


levantamento de defeitos por amostragem no ano de 1999, obteve-se
uma radiografia da malha viária da cidade e os tipos de intervenções
necessárias para sua recuperação, conforme demonstrado na Figura 62.
RECUPERAÇÃO PESADA
(RECONSTRUÇÃO OU REFORÇO) RECUPERAÇÃO LEVE
TIPO C - 15% DA REDE (REJUVENESCIMENTO)
U$ 16,00/m2 TIPO A - 35% DA2REDE
U$ 3,00/m

Extensão da Rede: 12.500 km


RECUPERAÇÃO MÉDIA
(RECAPEAMENTO) 2
TIPO B - 50% DA2REDE Área Pav.: 120 milhões de m
U$ 8,00/m

FIGURA 62 - Situação da Malha Viária e Tipos de Intervenções

Partindo-se da premissa de que o levantamento corresponda as reais


condições dos pavimentos urbanos, propomos a adoção dos seguintes
critérios para um equacionamento dos recursos financeiros:

−período de recuperação total da malha viária igual a 20 anos;


−recuperação de 5% da malha viária ao ano;
−destinar progressivamente recursos financeiros para os serviços
de rejuvenescimento, obtendo-se redução de investimentos nos
serviços de manutenção corretiva (tapa-buraco, recapeamento e
recuperação pesada), conforme ilustrado na Figura 63;
−melhorar a qualidade dos serviços de tapa-buraco, visando maior
durabilidade dos mesmos e redução de custos, com conseqüente
remanejamento de recursos para serviços de rejuvenescimento.
RECURSOS

Manutenção Corretiva
Manutenção Preventiva (Rejuvenescimento)
1985 1990 2000 2010 2020
10 anos
10 anos

PERÍODO EM ANOS

FIGURA 63 - Distribuição dos Recursos Financeiros para as Manutenções Corretiva e Preventiva

Com a adoção destes critérios e através de um monitoramento


sistemático da malha viária, obtém-se o momento mais oportuno para
uma determinada intervenção preventiva. De posse dos recursos
financeiros destinados aos serviços de recuperação da malha viária,
conhecimento do momento mais apropriado para uma determinada
intervenção preventiva e com base na porcentagem da malha viária
necessitando de recapeamento e recuperação pesada, propõe-se dotar
parte dos recursos financeiros para serviços de manutenção preventiva
(rejuvenescimento), mesmo conscientes, que estes recursos seriam
insuficientes para os serviços de recapeamento e recuperação pesada.

A estratégia de remanejamento de parte dos recursos financeiros


para a manutenção preventiva (rejuvenescimento) é justificada, visto que
uma intervenção não realizada no momento oportuno eleva os custos
finais de recuperação do pavimento em aproximadamente 5 vezes,
conforme ilustrado na Figura 34.

8.4. Segmentos Experimentais

A Secretaria das Administrações Regionais executou a título de


experiência, no início de 1999 vários segmentos experimentais alocados
em duas administrações regionais na cidade de São Paulo, visando um
estudo mais aprofundado do desempenho de misturas asfálticas e técnicas
construtivas alternativas para serviços de rejuvenescimento de
pavimentos
Capítulo 8

asfálticos deteriorados, que apresentem um volume diário médio de


tráfego variando entre leve a médio.

O rejuvenescimento de pavimentos consiste na aplicação de uma


camada esbelta a quente ou a frio, visando uma melhoria nas condições
funcionais de pavimentos deteriorados.

O objetivo principal deste tipo de serviço é resgatar o nível de


serventia de pavimentos deteriorados a níveis aceitáveis, diminuindo os
serviços de tapa-buraco e impermeabilizando superfícies com
trincamentos excessivos, evitando assim os serviços onerosos de
recapeamento.

A filosofia dos serviços de rejuvenescimento parte da premissa que


o pavimento existente acha-se consolidado com um certo valor estrutural
e funcional, porém estes serviços, em função da reduzida espessura, não
contribuem substancialmente para um acréscimo da capacidade estrutural
do pavimento. Contudo melhoram as condições funcionais do
revestimento, impermeabilizando a superfície, reduzindo assim a
percolação d’água na estrutura do pavimento e conseqüentemente
resgatando a capacidade de suporte do subleito, pela redução de umidade
por pressão de vapor, fenômeno este que ocorre somente em países
tropicais.

Nos 16 segmentos experimentais construídos, adotou-se as


seguintes soluções de rejuvenescimento:

−Micro concreto asfáltico a quente (MCAQ) com cimento asfáltico


de petróleo modificado por polímeros do tipo SBS (estireno –
butadieno
– estireno);
−Micro concreto asfáltico a frio (MCAF) com emulsão asfáltica
modificada por polímeros dos tipos SBS e SBR (estireno –
butadieno
– rubber);
−Micro concreto asfáltico a frio com emulsão asfáltica modificada
por polímeros do tipo SBR e fibras sintéticas de vidro;
−Pré misturado a frio (PMF) aberto e denso com emulsão asfáltica
modificada por polímeros SBR para reperfilagem;
−Pré misturado a frio (PMF) aberto, para reperfilagem, com
emulsão asfáltica comum e micro concreto asfáltico a frio (MCAF),
como revestimento, com emulsão asfáltica modificada por
polímeros SBR e
−Lama asfáltica com emulsão asfáltica modificada por polímeros do
tipo SBR.

8.4.1. Micro Concreto Asfáltico a Frio (MCAF)

O desenvolvimento das emulsões asfálticas catiônicas trouxe


vantagens indiscritíveis para a evolução das técnicas de tratamentos
superficiais, principalmente pela facilidade de aplicação em temperatura
ambiente.

Durante a segunda metade dos anos 70, paralelamente ao uso


corrente e já consagrado das técnicas de tratamentos de superfícies
tradicionais, um novo sistema derivado da lama asfáltica, porém com um
emprego muito mais amplo, surgiu na América do Norte, denominado
“Micro Surfacing”. Na Europa, recebeu a terminologia de “MICAF” (micro
concreto asfáltico a frio).

No Brasil o micro concreto asfáltico a frio é especificado pelo DNER-


ES 320/97, sendo recomendado para rejuvenescimento de revestimentos
asfálticos pelas seguintes características:

−alta flexibilidade;
−selamento de trincas e impermeabilização do revestimento
existente;
−alta durabilidade pelo intertravamento e enriquecimento da
superfície em processo de oxidação e/ou desagregação pelo
acréscimo de ligante betuminoso.

Nos segmentos experimentais foram empregados MCAF com e sem


fibras sintéticas e com emulsões asfálticas modificadas por polímeros dos
tipos SBR e SBS.

As fibras possibilitam o emprego de misturas asfálticas com elevada


porcentagem de ligante betuminoso sem que ocorra exsudação ou perda
de estabilidade mecânica, exercendo uma ação de microarmadura
(reticulado tridimensional) que em conjunto com os polímeros aumentam
a coesão do sistema, em particular, a resistência à tração e ao
cizalhamento.

Nos segmentos experimentais foram aplicados micro concreto


asfáltico a frio (MCAF) simples na espessura de 8,0 a 10,0 mm e MCAF
Capítulo 8

duplo na espessura média de 16,0 mm, nas faixas II e III DNER-ES


320/97 respectivamente.

8.4.2. Micro Concreto Asfáltico a Quente (MCAQ)

Neste trabalho denominados de micro concreto asfáltico a quente a


camada de CBUQ modificada por polímeros, com espessuras esbeltas (≤
3,0 cm). Sua utilização no Brasil, se deve a introdução dos modificadores
dos cimentos asfálticos de petróleo na última década, melhorando as
propriedades reológicas dos ligantes betuminosos, tais como: adesão,
fluência, coesão, flexibilidade e retorno elástico, obtendo-se
conseqüentemente misturas asfálticas com propriedades mecânicas
superiores quando comparadas com as misturas convencionais de mesma
espessura. Torna-se possível, portanto, projetar revestimentos mais
esbeltos sem prejuízo das propriedades físicas e mecânicas das misturas
asfálticas. Porém cuidados especiais devem ser tomados no processo de
usinagem, transporte e aplicação, pelo fato da mistura necessitar de uma
temperatura mais elevada no preparo (muitas vezes superior a 180 º C) e
na execução (superior a 160 º C) para se obter a viscosidade ideal para
uma adequada homogeneização da mistura asfáltica e uma boa
trabalhabilidade em campo.

No segmento experimental executado com MCAQ utilizou-se cimento


asfáltico de petróleo modificado por 4% de polímeros do tipo SBS. A curva
granulométrica empregada foi a faixa V ES-P-12/PMSP, apresentando a
camada de mistura asfáltica uma espessura média de 2,5 cm.

8.4.3. Pré Misturado a Frio (PMF)

A adoção da solução com pré misturado a frio (PMF) com emulsões


asfálticas modificadas por polímeros para rejuvenescimento de superfícies
e/ou recuperação de pavimentos em processo de degradação, se deve aos
seguintes fatores:

−Aumento da produtividade na aplicação, devido a facilidade


de manuseio, transporte e utilização de equipamentos e
usinas de asfalto de pouca complexidade (Pug-Mill);
−Disponibilidade da Secretaria das Administrações Regionais
de um maior número de usinas a frio, em pontos
estratégicos na cidade de São Paulo;
−Economi a no s custo s de t ransporte , estocage m e
armazenamento dos materiais, reduzindo o risco de perda
de materiais usinados;
−Redução elevada de problemas de poluição ambiental no
processo de usinagem e economia de energia, dispensando
a secagem e o aquecimento dos agregados;
−Possibilidade de aplicação da mistura asfáltica sobre
superfícies úmidas e
−Possibilidade de estabilização da mistura com Cimento
Portland, aumentando a coesão inicial e a resistência
mecânica, propiciando assim, a liberação da camada mais
rápido para o tráfego.

Aliada a todas as vantagens técnicas e econômicas já mencionadas,


a utilização de emulsões asfálticas modificadas por polímeros propicia
ainda uma notável melhora no desempenho do pré misturado a frio quando
utilizado como revestimento.

Os PMF com emulsões asfálticas modificadas por polímeros estão


sendo utilizados para os seguintes tipos de intervenções no Plano de
Gestão em questão:

−operação tapa-buraco e
−reperfilagem (acerto de superfície).

O serviço de reperfilagem consiste na aplicação de uma camada de


pequena espessura a frio ou a quente, e está sendo introduzido visando
uma melhoria das condições funcionais, conforto e segurança, em função
de:

−elevada quantidade de valas e remendos mal executados


pelas concessionárias de serviços públicos;
−grande quantidade de buracos em pavimentos com idade
elevada e oxidados e
−deformações excessivas, recalques e ondulações.

Os segmentos experimentais de reperfilagem com PMF denso foram


executados com motoniveladoras devido a praticidade e maior
disponibilidade destes equipamentos nas administrações regionais, além
de espelhar a pior condição de aplicação da mistura asfáltica. No PMF
denso utilizou-se emulsão
Capítulo 8

asfáltica modificada por polímeros do tipo SBR, faixa III ES-P-10/PMSP, na


espessura média de 2,5 cm.

Cabe ressaltar que para vias de tráfego muito leve e leve a camada
de reperfilagem executada com PMF denso pode servir como camada de
rolamento.

Além das utilizações, já mencionadas para o pré misturado a frio,


empregou-se o PMF aberto, porém sem polímeros, para serviços de
reperfilagem com posterior aplicação de um micro concreto asfáltico como
camada de rolamento. No PMF aberto utilizou-se emulsão asfáltica
convencional RL-1C, na faixa I ES-P-10/PMSP na espessura média de 3,0
cm.

8.5. Considerações Finais

8.5.1. Segmentos Experimentais

Os segmentos experimentais foram executados para uma avaliação


da relação benefício / custo entre as diversas alternativas propostas tendo
como objetivo a recuperação dos pavimentos urbanos através de novos
processos construtivos e materiais.

As diversas alternativas de rejuvenescimento de pavimentos acham-


se em fase de monitoramento desde a sua implantação, há mais de um
ano, portanto as considerações apresentadas são ainda de caráter
preliminar.

Uma análise preliminar de desempenho dos 16 segmentos


experimentais construídos, levaram à decisão de se executar mais
160.000 m 2 de rejuvenescimento de pavimentos urbanos em processo de
deterioração, para a elaboração de especificações de serviço e suas
respectivas composições de preços. Este projeto acha-se atualmente em
pauta na Prefeitura de São Paulo.

Das alternativas de rejuvenescimento adotadas e até o momento


analisadas, as que apresentaram melhor desempenho como camada de
revestimento foram:

−Micro concreto asfáltico a quente com polímeros do tipo


SBS;
−Micro concreto asfáltico a frio com polímeros do tipo SBS,
seguidos dos MCAF com SBR e fibras sintéticas e
−Pré misturado a frio denso com polímeros do tipo SBR.

No caso do micro concreto asfáltico a quente, com espessura inferior a


3,0 cm, portanto mais esbelto do que as camadas de recapeamento
realizadas com CBUQ, obteve-se uma correção satisfatória da geometria
da via e uma redução de aproximadamente 23% nos valores de deflexão
estática.

Mesmo com tal redução deflectométrica, o acréscimo estrutural não


é muito significante. A melhoria na estrutura se deve principalmente a
uma recuperação das condições de suporte do subleito pela redução de
umidade, através da impermeabilização da superfície do pavimento
existente.

Esta intervenção pode ser executada com uma espessura inferior


à tradicionalmente utilizada, devido ao uso de asfaltos modificados por
polímeros que propiciam uma maior acomodabilidade e flexibilidade da
mistura asfáltica.

Após um ano não se detectou o aparecimento de trincas na superfície


do revestimento, apesar do nível de deflexões iniciais ser elevado e da
grande incidência de trincas com erosão de borda no pavimento existente.

Com relação aos segmentos experimentais com micro concreto


asfáltico a frio, os que apresentaram melhor desempenho foram:

−os segmentos executados com polímeros do tipo SBS,


apresentando baixo índice de trincamento e rejeição de agregados
e com excelente acabamento;
−o segmento executado com polímero do tipo SBR e fibras
sintéticas, também apresentou bom comportamento, em função
da formação de um reticulado tridimensional na mistura asfáltica
quando do uso de fibras, retardando ainda mais a propagação de
trincas e melhorando a aderência pneu / pavimento. Para a
aplicação de MCAF com fibras sintéticas sem recobrimento de
betume é imprescindível a utilização de equipamentos (caminhões
usina) com dispositivos eletrônicos de dosagem e sistema
eficiente de homogeneização.
18Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas Douglas F. Villibor e outros
18

Cabe ressaltar que no caso de revestimentos esbeltos, como o micro


concreto asfáltico a frio, o aumento no valor estrutural é praticamente
insignificante. No entanto há uma melhoria significativa no
comportamento estrutural do pavimento, devido a uma recuperação das
condições de suporte do subleito pela redução de sua umidade de
equilíbrio, uma vez que a infiltração superficial é minimizada pelos
serviços de rejuvenescimento da superfície do pavimento existente.

Além do mencionado anteriormente, o desempenho funcional do


pavimento apresenta uma melhoria substancial pela eliminação de trincas
e pela obturação prévia de panelas e depressões do pavimento existente.
Quanto ao aspecto da superfície do rejuvenescimento, observa-se que
todos os tipos de MCAF apresentam uma textura semelhante a um
revestimento de CBUQ.

8.5.2. Plano de Gestão de Manutenção Viária

O Plano de Gestão de Manutenção Viária, ora proposto, é um


primeiro passo para a implantação de um Sistema de Gerência de
Pavimentos numa cidade de grande porte, como por exemplo São Paulo.

Este Plano é de suma importância, porque introduz uma metodologia


de avaliação simples, objetiva e econômica, até então inexistente em
qualquer cidade brasileira. O Plano contempla também a introdução de
alternativas de manutenção preventiva, com a utilização de novas
misturas asfálticas e procedimentos construtivos.

A Prefeitura de São Paulo, até então, somente executava serviços de


manutenção corretiva através de operações tapa-buraco, recapeamentos
e recuperação pesada. Pretende-se com a implantação deste Plano
destinar parte dos recursos financeiros disponíveis na Prefeitura para
manutenção preventiva (rejuvenescimento) de vias públicas.
Introduzindo-se a manutenção preventiva, espera-se a médio prazo,
uma redução sensível nos gastos com recapeamentos e serviços
emergenciais de tapa-buraco. Com esta medida consegue-se elevar o
índice de serventia dos pavimentos a níveis aceitáveis, oferecendo maior
segurança e conforto aos usuários.
O Plano proporcionará a longo prazo um equilíbrio entre os gastos
com manutenção preventiva e corretiva, em níveis inferiores aos
praticados atualmente.

Portanto o objetivo principal do Plano, em questão, é padronizar o


procedimento de levantamento de defeitos superficiais, introduzir um
índice de serventia urbano (ISU), uniformizar as soluções
alternativas para manutenção preventiva, associando-as ao ISU e
equacionar os recursos financeiros disponíveis para a manutenção viária.
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custo com uso de solos tropicais. In: IV Encontro Nacional de Conservação
Rodoviária. Fortaleza/CE, 1999.
• VILLIBOR, D. F., NOGAMI, J. S., BELIGNI, N., CINCERRE, J. R. Pavimentos
com solos lateríticos e gestão de manutenção de vias urbanas. In: Anais da X Reunião
anual de pavimentação. Uberlândia/MG, ABPv, 2000.

• VILLIBOR, D. F.; NOGAMI, J. S. Aspectos fundamentais para uso adequado de


SAFL em bases de pavimentos de baixo custo. In: Anais da 33ª Reunião Anual de
Pavimentação. Florianópolis/SC, ABPv, 2001.

• VILLIBOR, D. F.; NETO, A. Z, FORTES, F. Q, JUNIOR, C. N. Deterioração


estrutural de bases de solo arenoso fino laterítico. In: Anais da 36ª Reunião Anual de
Pavimentação. Curitiba/PR, ABPv, 2005.

• ZUPPOLINI, A. N. Pavimentação urbana no Estado de São Paulo. Novas considerações.


Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos da USP. São
Carlos/SP,
1994.

Leitura Recomendada

NOGAMI, J. S.; VILLIBOR, D. F. Pavimentação de baixo custo com solos lateríticos. São
Paulo: Vilibor, 1995.
194 Douglas F. Villibor e outros
Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas 195

Douglas Fadul Villibor

Prof. Dr. Aposentado pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESCar-USP),

Diretor Técnico da LENC - Laboratório de Engenharia e Consultoria S/C Ltda. São Paulo

Job Shuji Nogami

Prof. Dr. Aposentado pela Escola Politécnica da USP

José Roberto Cincerre

Engenheiro consultor da Área de Pavimentos da LENC

Paulo Roberto Miranda Serra

Mestre pela EESC-USP, Diretor de produção da LENC

Alexandre Zuppolini Neto

Mestre pela EESC-USP - Diretor Presidente da LENC

Endereço dos Autores

LENC – Laboratório de Engenharia e Consultoria S/C Ltda. São Paulo


Rua Catequese, 78 - Butantã
CEP 05502-020 – São Paulo – SP
Tel.: (011) 2134-7577
e-mail: lenc@lenc.com.br
196 Douglas F. Villibor e outros

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