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SOtJDSKY (B.): "La problè,ne des proprjétés dans les ensembles archeologiques"
Archeologje et calculateurs in
Paris, 1970, pp. 45-53. JEAN BOUVIER
VALLET (C.), VILLARD (F.): "Céramique grecqu
arche'ologiques 1963, pp. 45-53. e et histoire économque"
in Etudes
VILLApr. (F.): La
céramique grecque de Marseille,
Paris, 1960.
VOVELLE (C. e M.): "Vision de la most et Pau-delà en Provence d'apras les autels
des èmes du Purgatoire XVeXXe siècle"
PP. 1602.1634 Annczles E. S.C., XXIV,
1969, n9 6,
WHEELER (R. E. M.): Archaeology from
the earth. Londres, 1954.
NUMA obra recente, curta mas densa, que traça a história das crises econô-
micas nos grandes palses industriais a partir do começo do século XIX ate a
nossa época, dois economistas franceses muito conhecidos declararn que Se preo-
) cuparam corn "os fatos e não corn as teorias1", acrescentando que "quern sabe,
BOUVJp, Jean, "A economj as crises econômjcas" in LE GOFF, Jacques
& NORA, Pierre Historia novas abordagens 311 posto diante da grande diversidade de acidentes estudados, o leitor concordará
Francisco Alves, 1988. pp. 21-39. ed. Rio de Janeiro, Liv. corn a prudéncia que requer, em qualquer caso, a construção e a aplicacão de
esquemas abstratos". 0 leitor dessas linhas que também for historiador aprovarã,
) scm düvida, mas sem incidir no terrivel erro do desconhecimento das "teorias":
não ha ciéncia sem conceitos, nao ha pesquisas. sem hipóteses, não ha história
) econômica sexn conhecimentos econômicos. 0 mesmo leitor não deixará de sur-
preender-se de não encontrar na "bibliografia" sum.ria da obra mencionada
) qualquer dos estudos recentes produzidos por historiadores franceses da econo-
mia - poderiamos enumerar pelo menos oito de tais escritos e que tratam
das crises eoonômicas na Franca, no século XIX. 2 certo que é preciso dar a
) César o que é de Aftalion ou de Lescure, que embalaram a nossa adolesc&icia
de aprendizes de historiadores de economia. Mas, nós crescemos e trabaihamos,
e são muito numerosos os PO5SOS confrades economistas que nunca nos leram,
) enquanto nos esforcarnos, lealmente, de IC-los. Não se trata de urna briga entre
)
22
HISTORIA: NOVAS ABORDAQS
) A ECONOMIA AS CRISES ECONOMICAS 23
historiadores C economistas,
uma vez que uns precisarn dos outros. 9 verdade
que o economista e o historiador de economia (no caso daqueles (segundo a expressão de Wicksell), graça aos quais todo movirnento tern infci,
de princfpio, economistas de que não foram,
) utjljzam os mesmos métodos formacão) não tm o mesmo ponto de vista, nem prossegue, se esprala pelo seu prOprio peso especifico, seguindo a sua própria
, scm dvida, supêrfluo explicar aqui o "como" inclinação. A alta provoca a alta, como a baixa aprofunda a baixa. Os processos
) C a "par que". Que seja bastante dizer acumulativos, pórém, encontrando, no seu desenvolvimento indefinido, obstáculos
e a segundo se preocupa corn que o primeiro preocupa-se corn a cñ.,e
) as crises. Quando acontece ao primeiro examinar que resultam do prOprio fato de sua cliversidade e de sua simultaneidade imper.
"fatos" e não "teorias" o que é frequente e saudável
I dc mantém os pressupostos particulates, - ainda nesse caso, feita, atingem, nurn sentido ou em outro, na alta como na baixa, limites que
I que parecem rnuitas vezes insálitos aos não podem ultrapassar. Verifica-se então a perda de equilibrio, passagem da
othos
) cia historiador. Os economistas acima citados consagraram
a sua obra as alta a baixa, Cu da baixa I alta, enfraquecimento cu reforcamento do processo,
talista. Deixararn do
crises econômicas tempo do crescimento industrial e do desenvolvj,nento cap- segundo sentido diferente do precedente. A essas mudancas de sentido no pro-
de lado, i
) culdades numerosas e variadas, como é de seu direito, aquilo que chainam de "difi. cesso chama-se "crise" ou "renovação". Durante a fase acumulativa da expansão,
como guerras, epidemias, (ome, pen1rias ou su- existern reservas de fatores disponiveis Is quais é póssivel recorrer: reservas de
perabundincia de numerárjo etc.. capitals, ide mão-de-obra, de poder aquisitivo. Na mesma med ida de utilizacão
- entanto, que "2 dos séculos anterjores. A justificacao, no
- -) apresentam para a opcão que praticaram é significativa
como a próprio vocabulérjo (assiln
de tais reservas, no entanto, aumenta a "vulnerabilidade do sistema em cresci-
que acabamos de citar) de urn certo método, de mento" (Henri Guitton), pois diminuem as margens das reservas. 0 desenvol-
certos habit05, e, iremos repeti-lo, de lacunas indisfarcavejs vimento perde alguma coisa de sua elasticidade, de sua capacidade de adaptacão.
célebr "fatos": no conhecimento dos
) "pareceunos escrevem des, que as crises so adquirira.m todo Durante a fasé "acumulativa" da depressâo, a cClebre "higienizacâo" - ou
o seu sentido corn a industrializaçã
o e corn a ampliacao dos mercados que carac- seja, a reducão progressiva dos estoques, o desaparecirnento das empresas mais
) terizam as paises capitalistas nos ültimos 150 anos8."
A expressão "todo o seu fracas, o esforco de produtividade empreendido para lutar contra a baixa do
sentido" não parece ter muito sentido para a historiador. A cada preco de venda pela redução do preco de revenda etc... - permitirI que se
) da economia corresponde a seu tipo de crise. estrutura global
reconstituam as reservas dos fatores de pxoducao; o sistema econôinico torna-se
"As economias sofrem as crises
) de suas estruturas" (E. Labrousse). As crises do antigo regime econOmico,
industrial, pre.
progressivamente mais elastico e mais disponivel para novos esforcos.
pré-capitalista, não tern menos "sentido" do que as crises do sistema 19 o fenOmeno das disparidades econOmicas (das "contradiçôes", segundo
) econômico posterior. São crises diferentes. As
"disparidades" de que Se origi. os marxistas) que explica as reviravoltas dos processos acumulativos num sentido
nam, o induce de seu aparecimento as mecanismos de seu desenvolvimento ou no outro. 0 crescimento ou a reduçâo da atividade ec000mica no quadro
as
repercussöes que causam no meio social tern outros motivos, tern outro ritmo dos do ciclo nâo se equiparam a uma corrente homogênea, em bloco, correndo corn
/ que as elementos da crise que se diz
"superprocjuco". 0 "modelo" da crise uma velocidade uniformemente igual, em seu interior. Os rios, eles próprios,
do antigo regime econ6mic0
) é conhecido, é clássico, resistiu as provas. Ele foi oferecem-nos a imagem das disparidades: a sua velocidade é rnaior na super.
estabelecido corn mao de mestre pot Ernest Labrousse, e foi confirmado, aperfei- ficie do que em profundidade, é maior no meio da corrente do que nas margens.
) coado, enriquecido pot numerosS
reputacao internacional Assim, peladiscIpulos seus, que publicaram trabaihos de Formarn-se redemoinhos e contracorrentes, e, no entanto, o conjunto das massas
iguorancia que certos economistas demons.
) das Iguas segue a sua direcäo. 0 mesmo passa-se corn os diversos processos
tram quanto a essa massa de pesquisas, e quanto A problernática notavelmente econOmicos: ao mesmo tempo, interdependentes e autOnomos, des não progridem
operacional que as pesquisas propöem, poderá medir-se a altura das Muraihas corn a mesma velocidade. 11 o que se verifica quanta aos precos (precos agri-
da China que ainda separam os colas, preços industrials, preços par atacado, precos de varejo, precos de revenda,
da economia. Dir-se-a economistas dos historiadores (ditos "Iiterários")
que é escrever niuito a propOsito de umas poucas linhas preços de venda); observa-se o mesmo quanta aos diversos tipos de renda
)) de uma obra. Na0 Sc trata, entretanto de exemplo iso1ado. (rendas, beneffcios, salIrios); quanta Is taxas de juros (taxas de mercado mone-
tIrio, taxas do mercado financeiro)... HI diversos ritmos de tempo no tempo
) econômico cfclico. Dal decorrern defasagens no tempo que poderão traduzir-se
pot desacordos, pot contradiç6es entre as diversos componentes do movirnento.
Decorrern tambIm dal defasagens nas ordens de magnitude, na intensidade e na
) A multiplicidade
das teorias das crises pode clar "uma impressão arnplidäo dos fenômenos econOmicos, que, no fim, poderão chegar a resultados
gem" (Henri de verti-
) Guitton), 1, no entanto, através delas que o historiador aprenderá
as questöes que deve forniular,
idénticos. 0 resiltado consiste no aparecimento de elementos que freiam (no
no nivel da pesquisa, no caso de tal ou qual caso dos processos de expanso), oar zonas onde surgern os cClebres "pontos de
crise determinada circunscrita, datada. estrangulamento"; penüria de matérias.primas, de recursos monetIrios interiores,
-J
Todas as teorias
as "teorias marxistas") tern permitido trazer a (nisso compreendidas dc divisas para oomércio exterior, de mão-de-obra etc.
luz alguns traços fortes do desen.
volvimento econômjco.jfldusttial capitalista: de uma parte, seu carátet profun- no nivel 4as opc6es entre as disparidades fundamentais que se dividern
damente dinâmico,
onde se produzem permanentemente "processos acumulativos" as teárias das crises e do ciclo. "As teorias são tao nulnerosas quanto Is dispa-
ridades" (Henri Guitton). Algumas teorias atribuem lugar privilegiado Is dispa-
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HISTORIA. NOVAS ABORDAGENS
mas sabendo quais as disparidades que são mais importantes mesmo se hesita, registrado ate aquela data mostra bern a morosidade da evolucao estrutural da
dc maneira muito legItirna, a decretar, logo de lflIcio, que tais disparidades en ecnnomia, e, portanto, a morosidade das modificacöes de equilibria no interior
) lugar de outras parecem1he dominantes fundamentais
que o seu trabaiho e nisso, precisamente das crises mistas". Em seus desenvolvimentos ulteriores quanto a evolucäo da
) original. Ha uma margem de variação no decorrer de sua produçao de cereais, o que era hipótese torna-se certeza: através de flutuacöes
Pesquisa. A teoria nib poderia fornecer..11e desde o começo de sen trabaiho, curtas, que atingem proporcöes muito grandes ainda nos anos de 1900, a pro-
as conclusöes generaliza5 is quais tenderá a chcgar no fim, se ele não deseja duço total duplica, de 1850 a 1913. A partir da década de 1870 não se.pode
somente ser o fotógrafo corihecedor de uma
crise. No nilnimo, caber-lhe.á comrn mais verificar "crise de subsisténcia": "0 problema principal não é mais asse-
parar as crises umas corn as outras, sublinhar as aspectos comuns, maiores, domi. gurar a subsisténcia dos consumidore, mas de escoar, nas meihores condiç6e5
nantes, explicatjvos e
crise. as traços especIficos que distinguem historicamente cada possiveis, uma produção sempre crescente"12 - André Armengaud chega a
( idénticas conclusöes no quadro geogrâfico do Este aquitneo, e no que se refere
E oportuno relermos o que as historiadores franceses disseram recentemente ao perlodo de 1845 a 18711s. As "variaçöes brutais" dos precos agricolas são
sabre as crises do s&ulo XIX no nivei das pesquisas que realizararn. urn "fator essencial" (p. 169) da conjuntura ate a crise econômica de 1857-
preciso 1858. pepois disso, tais oscilacöes atenuan-se. Em particular, enguica o "antigo
relembrar aquilo que, de forma muito natural, Ocupoti o centro dos seus dife.
rentes trabaihos: a passagem mecanismo" Q. 303) Segundo o qual aumentavam proporcionalmente mais,
/ da crise do tipo antigo A crise contemporanea o
ruturas no- coraq10 as nas "rises de subsisténcia", as preços dos produtos menos considerados -
um certo —gas, como, par exemplo, o milho em re!acão ao trigo - porque o consumo popular
fun desviava-se" automaticamente para as produtos mais baratos". Da mesma forma,
mentais. Isso significa procurar os caniinhos do declinio dos mecanismos da
antiga crise agrfcola nos ties primeiros quartos do século diniinui, a partir da década de 1860, e parece desaparecer na década de 1870,
XIX, e as da extensäo "a antiga dependência dos fenômenos demográficos corn relacão as crises agri-
de elementos floyos das crises "industrjajs"; corn as suas series de abajos "corner-
ciais , de pnicos dc colas, dos precos de subsisténcia" (p. 307). A taxa de natalidade torna-se cada
Balsa e suas corridas aos bancos, e ern ultima analise, yea menos visiveirnente relacionada corn as precos dos cereais. Na Aquitnia,
dorninando - tudo - por motivo de suas causas profundas e de suas repercussôes
sociais, a paralisia on a anemia das
forças produtivas da indüstria flrnnri'mønt no entanto, como em Loir-et-Cher, e como em outras regiöes não e sempre a
dita. carestia dos produtos que acompanha e explica a crise agricola; a crise pode
1 0- nascer também, coma no caso dos anos de 1848 a 1850, da queda dos precos
trap geraj
precisamente: das crises econômicas franceses ate as anos de 1870 consiste,
iió Ta agricolas. . Seri que isso indica uma nova espCcie de crise, espécie que anuncia
dè
de ser, ou que são crises "rnistas", como não poderiarn deixar futuras. e permanentes abundncias? No passado, no entanto, as épocas de boas
seja, que nelas se nusturam aspectos antigos e aspectos novas jas coiheitas sempre se alternaram corn a queda dos produtos agricolas, C OS precos
crises, em virtude do Iugar que a agricultura continua a ocupar nas estrutuij sempre seguirarn sentidos Opostos. Tudo depende, na, realidade, da posicâo do
demograficas e econornicas Dal decorrem as diferenças de apreciaçao dos ht.sio agricultor (em que medida C ele o vendedor?) - e, por conseguinte, das estru-
riadores que, na maior parte dos casos, segundo a iflClinação principal dc seus turas da exploracao, e da parte da producão disponfvel ao mercado. Permanece,
trabaihos tenderani a colocar em posicä
pott
r ano, a r o Privilegiada em suaspjj e, no entanto, o fato da importância que muito tempo manteve a evoluçflo das
oominan receitas agricolas para a conjuntura da indüstria, da indcistria ligeira em todo
sejam as elementos novos as crises n - sejarn - as mecanismos tradicionais,
es
natural que a dificuldade consista em caso, .a que vende as produtos de consumo. A Iigacão entre a conjuntura agri-
ponderar as influências respectivas, e em destrinchar o grau dc autonomia ao cola e a conjuntura industrial parece Clara a Andre Armengaud, no que se refere
mesmo tempo que as relacoes, no coração das crises mistas do século XIX, dos a crise de 1844 a 1847; mas parece muito menos evidente nos anos dc 1854 ao
elementos antigos e dos elementos novas da crise. Os antecedentes agricolas da veräo de 1857, duranteos quais coexistem a carestia dos cereais e a "viva atividade
crise
ate industrial
a década de näo desapareceram, é certo; observa-se a sua presença efetiva industrial" (p. 193). A indCistria corneca então a escapar a sua "dependéncia
1860. Georges Dupeux demonstro
u tradicional corn relacão a conjuntura agricola" (p. 194).
Loir-et-CherO, em particular no momento da crise dcisso, no que Se refere ao
1866.1867 crise que foi Assim, a importância dos antecedentes agricolas como fator das crises fot
acompanhada deste trap caracterfstjco dos tempos antigos: a elevacao do
dos cereais. Em pleno segundo império, em preco progressivamente reduzida e substitulda pelos fenômenos ligados as modalidades
1855, nesse departamento o preco particulares do crescimerito bancârio-industrial. Num enorme quadro regional
do trigo candial atingiu o seu mais forte dcsvio ciclico anual. Naquele depar.
a DauphinC - Pierre Leon situa na crise chamada, par comodidade, "dc
tamento?
(p. 183), Na verdade, coma o indica clararnente urn dos gráficos do autor 18487; "a separacão entre o fator alimentar e o fator comercial e bancirio"14 e
as preços em Loir.et.cJer flutuarn, corn pouca diferença, nas mesmas
datas e nas mesmas extensôes do observa, a partir disso, não apenas uma crise, mas duas crises paraiclas - a
que o preço do trigo candial no niercaclo do antiga e a nova - unirem as seus efeitos, observando entre elas certas def a-
pals. Disso provém o interesse da concltisão que o autor adianta, ao menos a titu-
lo de "hipóteselo": "As crises de subsistencia do tipo antigo (tipo século XVIII) sagens cronologicas. 19 possivel que, nesses exemplos, estejamos frente a duas
não se produzem mais depois de 18671-1 ". varidoes regionais de urn processo identico em Loir et Cher e na Aquitania
0 fato, no entanto, dc que s- .1
oriental, lugares onde domina a agricultura, a crise do tipo antigo aparece corn
(I 28
HISTORIA:
NOVAS ABORDAGENS A ECONOMIA: AS CR1 ECONOMICAS 29
traços relevantes
ate tempos adentrados no segundo ou não a ligacâo entre a crise dos cereals e a crise tCxtil". Dc fato, no modelo
code os bancos e a indüstri5 tern impCrio. No DauphinC
dos flovo uma outra en'vergadur o aspecto dominante labroussiano C, em prilneiro lugar, a crise industrid dcii tipo antigo que estI em
mecanismos de crise aparece mais cedo . Nos dois casos, no entanto, causa, a crise de uma estrutura• industrial em que dominam os téxteis, e não, a
verifica.sc o mesmo fenômeno no que se refere is
reza, muclando de estrutura crises: elas niudazn de natu- metaurgia Nessas condic6es, seth que seria metodologicarnente errado estabe-
Sabe-se que, confundindo lecer urna distinção niticla nos aspectos mdustriais das crises mistas interme-
an realidade, os contemporan no vocabulário o que näo era possivel distinguir diIrias, da primeira metade do saculo XIX na Franca, o que determina a evo-
eos Iução conjuntural da "seção I" e o que a determina na "seção II", para usarznos
e os economistas dos dais primeiros terços do
século XIX chamavarn de crises "come jaj aqui o vocabulIrio de Marx? Seth que corn isso nâo conseguiriamos, se não
da clCcacla de 1870, chamaräo de s" o que os seus sucessores, a partir
crises "econômicas", sendo claro que os meca- suprimir, polo menos atenuar as divergências de interpretacão? As plginas que
nismos bancárjos.industrjajs das flutiiaçoes ja Maurice LCvy-Leboyer consagrou em sua tese23 Is "crises do tCxtil" de 1833 a
desvendados. A partir do primeiro quarto doestavam entâd, fundasnentalmente 1843 autorizariam urn tal mCtodo, embora o autor não tenlia fixado muito bern
sêculo XIX, a indt'istria começa
na Franca a adquirir o seu próprio ritmo, corn a A sua posicäo quanto Is divergCncias de interpretação que acabainos dc ventilar.
sua lógica próptia. 0 mesmo
so passa quanto I circulaço dc capital no processo industrial. Os historiadot A bern let a sua tese, parece que seria dificil, para compreender a conjuntura
registraram, pesquisando os arquivos, as tCxtil, bão levar em conta a "niercado dos cereais24" - e urn mercado que
novidadea da nova crise: excëdentes de
investimentos mal calculados, que a poupanca nâo é 'apenas naciOnal: C a esse tema que 000sagra, alils, as primeiras pIginas
näo ê bastante para alimentar; de sen estudo. Sc, de 1832 a 1836, "a atividade dos negocios repousa em base
cnguiço das indCistrias ligeiras e, depois, do se tor de fabricaçao dos hens dc
produçao, subrnerso sob a masa dc sólidá "e porque" a Europa so bendicia de colheitas abundantes"; enquanto
seus investilnentos de suas instalaçöes, dc quo a alta dos precos dc cereais na Europa a partir de 1836 ate 1840, "C sinai
seus emprestiimos (enuico esse que paralisa indcistrias dependentes em n(unero
cada vez maior; a parada da construçâo dé tuna situação naisã na agricultura, e prenuncia uma crise industriaiiS". A
ritmo desordenado ferroviária conduz I letargia industrial) ; prosperidadc téxtil destEuiu, eta própria, alguns do seus pontos de apoio: a alta
do mercado financeiro, que registra, através da alta das dos precos -das matérias-primas e a dos proclutos fabricados conduziram -a "cx-
cotaçöes, corn perspectiva de lucro e da especulacao corn a alta; mecanismos cessosa6": o consumidor não pOde acompanhar a alta; e o consumidor cam
peculiares aos craques da Bols;
cujas baixas aceleradas decorrern Zogicasnente ponés, pot mOtivos quo os historiádores conhecem hem, desde as anIlises ciássicas
das "vertigens da alta" (F. Simiand), e que Se prolonEam em abalos bancIrios.
do Ernest Labrousse, so excepcionahnente Se beneficia corn a alta dos ceieais.
) Diferenças significativas separani nesse ponto os historiadores. Para Ber- 0 proprio fabricante de tecidos nâo pOde acompanhar a alta, porque esgota os
trand GilIell, mesmo antes de 1848,
as crises do trigo candial não desem. seus fundos na constituição de estoques especulativos. 0 autor encontrou nova-
penhani mais papel motor, e a disparidatje que é essencialmente responsive] pelas mente, portanto, a ligação Jabroussiana no que se refere ao setor industrial têxtil,
crises C o "excesso de investjmentos"le
que traz coma consequencia uma penCiria ainda essencial naquela época, na Franca. Em outras pIginas, dc mostra, no
relativa"São
firmas. dos "capitals em circulaçao"T, e, portanto, dos fundos de reserva das entanto, quo o investiménto - ferrovilrio, metalürgico - desempenhava urn
as
equiIibriol8". A investimentos
crise em cadeia quo vao provocar o excesso e a ruptura do papel de importlncia maior no ciclo das indCistrias pesadas. Parece que o pensa-
ção é inevitIvel : ocorre quando "cessani os investimentosia", e essa interrup- mento do Maurice LCvy.Leboyer segue 0 caminho da concepcão "mista" das
"Os investimentos cessam porque nâo se verifica mais acumuIçao crises da primeira metade do sCculo XIX, e de nina certa separacão, para a
) do capital, e porque näo ha mais
disponibilidades; cessain porque o fato dc compreensâo dos aspectos industrials das. crises daquela Cpoca, entre mecanismos
que se torna CSCaSSO o dinheiro em circulacão faz subir as tmcas de juros; porque antigos, quo ainda se verificavam no nfvel das indüstrias ligeiras, e mecanismos
determiriados negócios reve1aranse maus ou eSpeculativos
20" Bertrand Gijie novos, intcrvindo poderosarnente na conjuntura das indCistrias pesadas.
não acredita quo se verifique nessas condiçoes muitos Iacos ent re re dificuldades
industrjais e conjuntura agricola e, no curso de sen estudo Seri possivel encontrar a mesma distinção 20 anos mais tarde? Em sua
do 1818 a 1847, das crises tese sabre - a indcistria de tecidos no segundo- imp6rio2, Claude Fohien não o
não deixa do bater na tnesma tecla
que, antes de 1848, as circunstIncias em ocasiöes diferentes. Seth acredita. Na dCcada de 1860, e particularmente entre 67 e 68, a coiheita pobre
jI se havam rnodifjcado tanto - ate esse de trigo "contribuiu para acentuar o clirna do intranquilidade" (p. 409) na
grau do autonomia dos novos -mecanismos dc crise
ao menos no que cia indcistria cotonifera, sem, no entanto, constituir a (mica causa de tal intranqüi-
respeito Is indistrias Jeves de boos de conswflo? Seri que a autor não forçou
lidade. Se, - quanto a. 1861, os - observadores ainda acentuarn a ligacão entre a
algumas vezes os traços de scu próprio modelo? Seth que a concepção das crises alta do trigo e as dificulda4es de venda dos tecidos, o mesmo nâo se passa
"mistas" deverI ser substitulda pot uma opinião, dé certa forma, precocemente
depois desse ano. A crise téxtil adquire uma certa autonomia corn relação I
modernista, dos acontecjrnentos ecouômicos? Trés anos antes que aparecesse a
conjuntura agrkola. Entre 1867 e 1868 registra-se, grosso modo- (p. 408),
tese do Bertrand Gille, Ernest Labrousse, em prefIcio a uma coletunea de doze
estudos regionais de historiadores sobre a crise e coincidéncia entre a crise industrial e a crise dos alimentos, tendo a segunda
a 185121, a depressão na Franca, d: 40 certarnente influenciado a primeira, uma vez quo "o poder de compra dos consu-
havia escrito corn simplicidade. "Apreciarse.& a medida em
presentes pesquisas sobre as convulsöes de uma economia jI intermediIria miclores foi - limitadO peia carestia da vida" . A crise tCxtil, no entanto, deck-
t rou-se e espráiou.se, segundo mecanismos prOprios, os da dupla "superproducão"
do marcha
cido regressiva, Regressiva
dos geógrafos. assjrn combno a sentido
erosäo quo traz o mesmo nome tao conhe.:l conjuntura. A anIlise da conjuntura sempre seth til, porque cia levarl neces-
do que o setor de fabricaco dos sariarnente a interrogacöes q Is transformaçöes estruturais
meios de produça foi atingido em -
mantêm polo menos ate o ano de 1882, iItimo lugar, e que a sua ativjdade se
A contribuiçâo dos estudos históricos I problemItica das crises foi, ate
inclusive,
enquanto o comércio, e as agora, portanto, ms do que simples correçöes. Tais estudos restituiram Is crises
indüstrias do bens de consumo parecem ter sido atingidas em primeiro lugar; 10 sen ierdadeiro desenrolar, a sua efetiva evolucao, as suas progressivas mudan-
e enquanto, ao nivel dos fenômenos que prendem a atencao do observaclor, os ças de natureza. Esses estudos deram valor ao angulo propriamente histórico
desregramentos monetárjos
rioridado certa, polo e os do mercado
carâter dramatic0 de seus de dinheiro apresenam uma ante- dos "fatos econômicos", mostrando a extso e a complexidade da passagem
efeitos.
de wn "regime" econômico a outro, de urn a outro tipo de crise. Para o histo-
riador, todo tipo de crise tern urn "sentido", o sentido da economia e da socie-
dade nas quais se inserem esses acidentes necessários do crescimento.