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DOCUMENTO DE REFERÊNCIA

A MBIENTE DE D EMONSTRAÇÃO DE T ECNOLOGIAS PARA


C IDADES I NTELIGENTES
P RODUTO 2B – V ERSÃO F INAL

D EZE MBRO DE 2017

2
SUMÁRIO

1. A PRE SE NT AÇÃO 6
PARTE I – INTRODUÇÃO
2. I NTRODUÇÃO 7
PARTE II – CIDADES INTELIGENTES: CONCEITOS, ATRIBUTOS,
FACES E DESAFIOS
3. C IDADE S I NTELIGE NTE S (S MART C IT IE S ) NO B RASIL E NO M UNDO 9
3.1. T ECNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO ("TIC S ") NAS C IDADE S 13
3.2. I NTERNET DAS C OISAS (I NTE RNET OF T HINGS – "I O T") NAS C IDADE S 16
3.2.1. O P LANO N ACIONAL DE I O T – BNDES | MCTIC 21
3.2.2. O P ROGRAMA "C IDADE S D IGIT AIS " – MCTIC 26
3.3. B IG D AT A NAS C IDADE S 29
3.4. C IDADE S I NTELIGE NTE S E O F OME NTO À I NOVAÇÃO E AO E COSSISTE MA DE
S T ART UPS DE T E CNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO (TIC S ) NO
B RASIL 34
3.5. A S F ACE S DE UMA C IDADE I NTELIGE NTE 39
3.5.1. C ONT ROLE C E NTRALIZADO , I NT EGRADO E I NTEL IGE NTE DA I NFORMAÇÃO E
DAS E ST RUT URAS E S ERV IÇOS P ÚBLICOS DA C IDADE 41
3.5.2. I NFRAESTRUT URA I NTE LIGENTE DE T ELECOMUNICAÇÕES E C ONE CT IV IDADE NA
C IDADE 47
3.5.3. I LUMINAÇÃO P ÚBLICA I NT ELIGE NT E 51
3.5.4. M OBILIDADE U RBANA A TIVA E I NTELIGE NT E 59
3.5.5. M ONITORAME NTO I NTELIGE NTE DO A MBIE NTE U RBANO E P REV ENÇÃO DE
D E SASTRE S 66
3.5.6. S ANE AMENTO B ÁSICO I NTEL IGE NT E 69
3.5.6.1. G E ST ÃO I NT ELIGE NTE DA Á GUA E E SGOT O 70
3.5.6.2. G E ST ÃO I NT ELIGE NTE DOS R E SÍDUOS S ÓLIDOS 74
3.5.6.3. G E ST ÃO I NT ELIGE NTE DA D RE NAGE M DE Á GUAS P L UVIAIS 77
3.5.7. S E GURANÇA P ÚBLICA I NT EL IGE NT E 79
3.5.8. G E ST ÃO E NERGÉTICA I NTELIGE NTE 84
3.5.9. C ONSTRUÇÕES E E DIFICAÇÕES I NT ELIGE NTE S 87
3.5.10. G E ST ÃO I NT ELIGE NTE DA S AÚDE P ÚBLICA 89
3.5.11. G E ST ÃO I NT ELIGE NTE DA E DUCAÇÃO P ÚBLICA 94
3.5.12. A DMINISTRAÇÃO P ÚBLICA I NT ERATIVA E I NTELIGE NT E 95
4. D E SAFIOS PARA O C ONSUMO E FICIE NTE DE T ECNOL OGIAS A V ANÇADAS E
S OLUÇÕE S S MART PELAS C IDADE S B RASILEIRAS 98
4.1. A SSIMETRIA DE C ONHE CIME NTOS E DE I NFORMAÇÕE S E NTRE OS M UNICÍPIOS
E O M E RCADO D E SE NV OLVE DOR DAS S OL UÇÕE S 99
4.1.1. D IFICUL DADE S NO P LANEJ AME NTO E M ODELAGE M DAS C ONTRAT AÇÕES
P ÚBLICAS (A QUISIÇÃO DE P RODUTOS E S ERVIÇOS , C ONCESSÕE S , P ARCERIAS
P ÚBLICO -P RIV ADAS E O UTROS A RRANJOS ) 101

3
4.2. E FET IVIDADE E E FICIÊ NCIA DAS S OLUÇÕE S S MART E D ISPOSIT IVOS "I O T"
D IANTE DAS D E MANDAS P ÚBLICAS M UNICIP AIS 102
4.3. I NTEROPERABILIDADE E I NT E GRAÇÃO ENTRE AS S OL UÇÕE S S MART E
D ISPOSIT IV OS "I O T" – C ONCEPÇÃO DE UMA ÚNICA "R E DE I NTEL IGE NT E
M UNICIPAL " 103
4.4. C IBERSE GURANÇA NAS S OLUÇÕE S S MART , D ISPOSIT IVOS "I O T" E G E ST ÃO DO
B IG D AT A DA C IDADE 105
PARTE III – O AMBIENTE DE DEMONSTRAÇÃO DE TECNOLOGIAS
PARA CIDADES INTELIGENTES – ABDI | INMETRO
5. O C AMPUS DO I NMETRO (R IO DE J ANEIRO ) E NQUANTO A MBIE NTE DE
D E MONSTRAÇÃO DE T E CNOLOGIAS 106
6. C E NÁRIOS -C HAV E C ONSIDERADOS 109
6.1. C E NÁRIO 0: A INFRAESTRUTURA DE T ELE COMUNICAÇÕES E O C E NTRO
I NTEGRADO DE O PERAÇÃO , C OMANDO E C ONTROLE – CICC 109
6.2. C E NÁRIO 1: A ILUMINAÇÃO PÚBL ICA INT ELIGE NTE – P OSTES I NTE LIGE NTES 112
6.3. C E NÁRIO 2: C ONTROLE DO A MBIE NTE DE M OBILIDADE P ÚBL ICA 113
6.4. C E NÁRIO 3: C ONTROLE DO T RÂNSITO , T RANSP ORTE E V E ÍCUL OS 114
6.5. C E NÁRIO 4: C ONTROLE DO A MBIE NTE N AT URAL E DE D E SASTRE S 116
6.6. C E NÁRIO 5: C ONTROLE DO S ANE AMENT O B ÁSICO – A BASTE CIME NT O DE
Á GUA , E SGOT AMENTO S ANIT ÁRIO , R E SÍDUOS S ÓL IDOS E D RENAGE M DE
Á GUAS P LUV IAIS 116
6.7. C E NÁRIO 6: G E ST ÃO I NFORMAT IZADA E I NTE LIGE NTE DA S E GURANÇA
P ÚBLICA 117
6.8. C E NÁRIO 7: M UNICÍPIO G ERADOR DE E NE RGIA 118
6.9. C E NÁRIO 8: C ONSTRUÇÕES E E DIFICAÇÕES I NTE LIGE NTE S 119
6.10. C E NÁRIO 9: S AÚDE , E DUCAÇÃO E Q UALIDADE DE V IDA 120
6.11. C E NÁRIO 10: A DMINISTRAÇÃO P ÚBLICA I NFORMAT IZADA 121
7. N ORMAS , O RIE NT AÇÕE S , A SPECTOS E R E QUISITOS E SSE NCIAIS À
I MPLANTAÇÃO DO P ROJETO 123
7.1. T IP OS DE S OLUÇÕE S – E QUIPAME NTOS (H ARDW ARE S ) E S ISTE MAS
(S OFTWARES ) 124
7.2. A RQUITET URAS DE T E CNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO
(C AMADAS F ÍSICAS E L ÓGICAS ) QUE C OMPÕEM A S MART C ITY 125
7.3. T IP OS DE P LATAFORMAS T E CNOLÓGICAS (A BERTAS | F E CHADAS ) 127
7.4. T IP OS DE S E NSORE S E D ISPOSIT IVOS "I O T" 128
7.5. M ODE LOS DE P ROCE SSAMENT O E A RMAZE NAME NTO DE D ADOS 129
7.6. R E DE S DE C OMUNICAÇÃO E T RÁFE GO DE I NFORMAÇÕES 131
7.7. R E QUISITOS DE I NTE ROP ERABIL IDADE E I NT EGRAÇÃO 135
7.8. R E QUISITOS DE C IBERSE GURANÇA 138
7.8.1. R E QUISITOS DE F ALHA S E GURA E S E GURANÇA AOS C IDADÃOS 143
8. T ECNOLOGIAS , S OLUÇÕE S E A PLICAÇÕE S S MART E LEITAS P ARA O P ROJET O 145
9. M APEAME NT O DE P LAY ERS E LE GÍVEIS AO P ROJETO 146
PARTE IV – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4
10. R E FE RÊ NCIAS B IBLIOGRÁFICAS 154
A NOT AÇÕES 157

5
1. A PRESENTAÇÃO

O presente Documento de Referência, concebido e apresentado pelo


C ONSÓRC IO A MBIE NTE S MART C ITY – composto por SPI N S OLUÇÕE S P ÚBLICAS I NTEL IGE NTES e
I NST IT UTO S MART C ITY B USINESS A MERICA – no âmbito do Contrato ABDI n.º 066/2017,
objetiva embasar e fundamentar as ações a serem adotadas no âmbito do Projeto do
A MBIE NTE DE D EM ONSTRAÇÃO DE T EC NO LO GIAS PARA C IDADE S I NTE LIGE NTE S ("ADTCI"),
desenvolvido pela A GÊNCIA B RASILE IRA DE D E SENVOLVIME NTO I NDUSTRIAL ("ABDI") e pelo
I NST IT UTO N ACIONAL DE M E TROLOGIA , Q UALIDADE E T E CNOLOGIA ("Inmetro"), sob a
supervisão do M INISTÉRIO DA I NDÚSTRIA , C OMÉ RCIO E XTERIOR E S E RVIÇOS do Governo
Brasileiro.

Seu conteúdo é pautado pelo Termo de Referência que integra o Edital da


Concorrência n.º 03/2017, notadamente por seu Item 6.1.3 e seguintes, e orientará
a concepção dos Projetos Básico e Executivo do ADTCI, a cargo deste Consórcio.

Comprometemo-nos a observar, estritamente, na abordagem das temáticas


que integram este Documento, (i) as convenções, normas e padrões internacionais
incidentes no âmbito das Tecnologias da Informação e Comunicação ("TICs") aqui
tratadas, (ii) as metodologias, conceitos, hipóteses e recomendações que constam
da mais moderna e avançada doutrina nacional e internacional sobre o tema das
Cidades Inteligentes, (iii) a legislação brasileira aplicável, em nível constitucional,
legal, infralegal e regulamentar, (iv) as conclusões já extraídas no âmbito do Plano
Nacional de Internet das Coisas ("IoT"), mais adiante explorado, e (v) as orientações
exaradas pela ABDI e pelo Inmetro na fase de planejamento deste trabalho.

Honra-nos contribuir a Projeto de tamanha relevância ao desenvolvimento de


nossas Cidades – habilitando-as ao consumo qualificado de avançadas Tecnologias,
capazes de otimizar a prestação de serviços públicos aos cidadãos –, e à
competitividade da indústria nacional, a partir dos testes e avaliações das diversas
Soluções, que se mostrarão possíveis na etapa de operacionalização do Projeto.

* * *

6
PARTE I – INTRODUÇÃO

2. I NTRODUÇÃO

O presente Documento foi estruturado em quatro Partes, de forma a


proporcionar organizada interpretação sobre seu teor. Nesta Parte I, tem-se a
introdução e a presente exposição quanto aos diversos conteúdos aqui explorados.

A Parte II objetiva disciplinar os atributos, faces e desafios vislumbrados no


tocante à temática das Cidades Inteligentes, e que, assumidos por todos os
Stakeholders do Projeto (ABDI, Inmetro, componentes do Conselho Consultivo do
Projeto, empresas inscritas, consultores, entre outros), embasarão as decisões de
modelagem do ADTCI.

Serão tratadas, na Parte II, as interfaces da temática com as avançadas


Tecnologias da Informação e Comunicação hoje disponíveis para consumo pelas
Municipalidades, notadamente nas vertentes da Internet das Coisas ("IoT") e do Big
Data, assim como sua aplicação às diferentes "faces" de uma Cidade Inteligente,
assumidas as seguintes (em observância aos normativos e recomendações
internacionais aplicáveis, e sem prejuízo de outros setores nos quais se mostre
oportuna e conveniente a absorção de TICs avançadas): Controle Centralizado,
Integrado e Inteligente da Informação e das Estruturas e Serviços Públicos da Cidade;
Infraestrutura Inteligente de Telecomunicações e Conectividade na Cidade;
Iluminação Pública Inteligente; Mobilidade Urbana Ativa e Inteligente;
Monitoramento Inteligente do Ambiente Urbano e Prevenção de Desastres;
Saneamento Básico Inteligente (Água, Esgoto, Resíduos Sólidos e Drenagem de Águas
Pluviais); Segurança Pública Inteligente; Gestão Energética Inteligente; Construções
e Edificações Inteligentes; Gestão Inteligente da Saúde e da Educação Pública; e
Administração Pública Interativa e Inteligente.

Em seguida, também na Parte II, serão abordados os principais desafios


enfrentados hoje pelas Cidades brasileiras para o consumo eficiente de TICs nas
áreas acima mencionadas, tendo em vista a diretriz do presente Projeto de servir,
tanto quanto possível, à superação destes desafios (nos âmbitos público e privado),
proporcionando, assim, um novo rumo em direção às Smart Cities no Brasil.

Na Parte III, serão explorados, com profundidade, todos os aspectos já


mapeados e assumidos para o Ambiente de Demonstração de Tecnologias para
Cidades Inteligentes. Serão expostos o contexto e as premissas do Projeto, suas
principais propostas e objetivos – considerada a função estratégica de Ambientes de
Demonstração (no Brasil e no mundo) –, características físicas do Campus do Inmetro

7
no distrito de Xerém (Duque de Caxias/RJ), assim como os onze cenários já definidos
para o Projeto – os quais, frise-se, buscam simular as diversas faces de uma Cidade
Inteligente, conforme as principais normas e pronunciamentos dos órgãos
internacionais competentes (notadamente a International Organization for
Standardization – ISO e a International Telecommunication Union – ITU).

Será explorada, também na Parte III, a partir do mais moderno embasamento


doutrinário e literário, a diversidade de Soluções disponíveis e aplicáveis às Cidades
Inteligentes no Brasil, abordadas e exploradas conforme os seguintes critérios: (i)
Tipos de Soluções (Equipamentos ou Sistemas); (ii) Arquiteturas de TICs Adotadas
(Camadas Físicas e Lógicas); (iii) Tipos de Plataformas Tecnológicas Adotadas
(Abertas ou Fechadas); (iv) Tipos de Sensores e Dispositivos "IoT" Adotados; (v)
Modelos de Processamento e Armazenamento de Dados Adotados; (vi) Redes de
Comunicação e Tráfego de Dados Adotadas; (vii) Requisitos de Interoperabilidade e
Integração Adotados; (viii) Requisitos de Cibersegurança Adotados (assim como os
diferentes Níveis de Criticidade presentes na Cidade Inteligente); e (ix) Legislação,
Normas, Regulamentos e Padrões Adotados.

Em seguida, serão resumidas, de modo não exaustivo, as diversas Soluções


Smart já eleitas e definidas para o Projeto – as quais comporão os Projetos Básico e
Executivo, a cargo deste Consórcio. Igualmente, apresentar-se-á o mapeamento de
players elegíveis ao Projeto, assim como os Big Players dos diferentes setores aqui
abordados.

Finalmente, serão descritas as próximas fases do Projeto, bem como, na Parte


IV, expostas as Referências Bibliográficas consideradas na concepção deste
Documento de Referência.

* * *

8
PARTE II – CIDADES INTELIGENTES: CONCEITOS, ATRIBUTOS, FACES E
DESAFIOS

3. C IDADES I NTELIGENTES (S MART C ITIES ) NO B RASIL E NO M UNDO

Cidades Inteligentes, ou Smart Cities, representam, efetivamente, um


movimento da humanidade. As disrupções no comportamento humano,
especialmente em sua relação com os recursos naturais disponíveis e na forma de
solucionar problemas inerentes às aglomerações urbanas representam, para muitos
filósofos contemporâneos, o esboço de uma nova era.

Se analisado o ciclo de evolução da humanidade segundo descobrimentos,


invenções e desenvolvimento de novas tecnologias – como sugerem as tradicionais
formas de periodização da História –, sempre buscando a solução às diversas
demandas da existência (e, principalmente, da coexistência) humana, pode-se com
tranquilidade situar o movimento das Cidades Inteligentes no epicentro do que, num
futuro talvez próximo, se denominará um novo estágio da Idade Contemporânea.

É sempre um desafio, ao observador do hoje, manter-se isento à irresistível


tendência de enxergar, nas inovações que sejam mais recentes, o "ápice" de
determinado ciclo de evolução. Basta que se observe o deslumbro provocado pelo
surgimento dos telefones celulares, em 1974, ou da rede mundial de computadores
(World Wide Web), em 1992; materializaram disrupções, sim, mas apequenaram-se
diante das sucessivas evoluções que se seguiram, nas outras décadas.

Todavia, quando se analisa os efeitos do movimento das Cidades Inteligentes


sobre demandas crônicas e antigas enfrentadas nos ecossistemas urbanos, é
inevitável classifica-lo como uma das mais marcantes disrupções das sociedades
recentes.

São aceitos, mundialmente, mais de 50 (cinquenta) conceitos para o termo


Cidade Inteligente, bem como uma série de variações e derivações, algumas
estabelecidas em torno das características da Smart City (como são as Cidades
Digitais ou as Cidades Conectadas), dos efeitos esperados a partir de sua
materialização (Cidades Humanas, Cidades Sustentáveis), ou mesmo de suas
consequências mais profundas, como as Cidades Felizes (Happy Cities) – termo
recentemente utilizado na classificação da Cidade de Dubai.

9
Segundo PARDO 1, Cidade Inteligente é aquela que "infunde informações em
sua infraestrutura física para melhorar as conveniências, facilitar a mobilidade,
adicionar eficiência, economizar energia, melhorar a qualidade do ar e da água,
identificar problemas e corrigi-los rapidamente, recuperar-se rapidamente de
desastres, coletar dados para tomar melhores decisões, implantar recursos de forma
eficaz e compartilhar dados para ativar a colaboração entre entidades e domínios".

Na mesma linha, LAZAROIU 2 sustenta que a Smart City consiste em "uma nova
forma de viver e considerar a cidade, apoiada em TICs que podem ser integradas em
soluções para gestão da energia, água, segurança pública, mobilidade e gestão de
resíduos".

Não se pretende, aqui, dissertar sobre cada uma das conceituações


disponíveis na doutrina internacional, tampouco hierarquiza-las ou adotar uma(s)
em detrimento de outra(s). Mostra-se, contudo, necessária a adoção de um conceito
claro e suficientemente abrangente, destinado a balizar as ações que integrarão o
Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes, sem prejuízo
de, em sua condução, ou após a observação de seus resultados, tomar-se por
empréstimo demais conceitos e princípios.

Adota-se, no âmbito do presente Projeto, o conceito segundo o qual a Cidade


Inteligente é aquela que, por meio da absorção de soluções inovadoras,
especialmente ligadas às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), ao
movimento da Internet das Coisas e ao fenômeno do Big Data, otimiza o
atendimento às suas demandas públicas (as quais variam de acordo com a Cidade
em estudo), aproximando-se, tanto quanto possível, do estágio tecnológico vigente
da humanidade.

Como se verá mais adiante, as Tecnologias da Informação e Comunicação


atualmente disponíveis oferecem contribuição brutal à prestação de serviços
públicos nas Cidades e à resolução de problemas urbanos antigos, ligados à
mobilidade, à segurança pública, energia elétrica e iluminação, saneamento básico,
entre outros diversos setores.

Contudo – e aqui justificando-se o termo "Inteligente" –, tais soluções foram


historicamente subutilizadas pelo setor público na grande maioria dos países,
quando analisado seu potencial de transformação do atendimento às demandas
públicas do ambiente urbano.

1 N A M, T. ; PA RD O, T. A . Sm a rt ci ty a s ur b an i n n ova ti on: foc usi ng on m a nag em e n t, pol i cy a n d co ntext . I n :


I NT ERNA TI ONAL C ONFE RE NCE ON T HE OR Y A ND P RACT ICE OF ELECT RONIC G OV ERNA NC E ( ICE G OV 20 11 ), 5 th,
2 01 1 b, T a ll in . N ew Yo rk : ACM, 2 01 1. Di sp on í vel em : < ht tp : //w ww .ctg . a lb any. ed u/ pub l i ca t io ns/j ou r na l s/
i ce g ov_ 20 11 _ sm a r tci ty >. A ce ss o em 0 4/ 12/ 20 17 .
2 LA ZA ROI U, G. C. ; ROSC IA , M. D ef in i ti o n Me th o do log y fo r t he S m a r t C i t ie s Mo d el. En e rg y, v. 47 , n . 1, p. 32 6-

3 32 , 20 12 .

10
Pode-se dizer, assim, que o movimento das Smart Cities não ocorre,
propriamente, no "surgimento" de tais Tecnologias – que já são experimentadas e
utilizadas nos setores privados (comercial, industrial) há muitos anos, e até décadas
–, mas em sua absorção eficiente pelo setor público municipal, incumbido (na
grande maioria dos países, inclusive o Brasil) da entrega de serviços públicos locais,
e que, historicamente, distanciou-se das mais avançadas soluções, por inúmeros
fatores e obstáculos.

Em nível global, o fenômeno das Cidades Inteligentes foi objeto de recentes


estudos e pronunciamentos por parte de organismos internacionais da mais alta
relevância, como a International Organization for Standardization – ISO e a
International Telecommunication Union – ITU, os quais serão abordados ao longo
deste Documento de Referência.

No Brasil, conforme pesquisa recentemente realizada 3 – confirmando a força


deste movimento –, cerca de 76% (setenta e seis por cento) dos atuais Prefeitos
brasileiros (eleitos em 2016 para o mandato 2017-2020) inseriram expressamente
em seus Planos de Governo, como itens autônomos de política pública, a temática
"Cidade Inteligente" – ou ao menos o incremento da utilização de tecnologias para
a prestação de serviços públicos.

Na esfera federal, têm sido recentemente empregados esforços para que o


ambiente regulatório e fiscal das contratações públicas destinadas à concepção de
Cidades Inteligentes seja favorável e estimulante ao consumo sustentável e eficiente
de soluções Smart pelos Municípios. Mencione-se, nesse sentido, o G RUPO DE
T RABALHO G OVE RNAME NTAL EM A POIO ÀS C IDADE S I NTE LIGENTE S E H UM ANAS – liderado pela
própria Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e composto pelos
mais diversos Stakeholders do setor, como Ministérios, Bancos Públicos, Agências
Reguladoras Federais, Universidades, Centros de Pesquisa, Parques Tecnológicos
etc.

Destaca-se, ainda em nível federal – mas na esfera legislativa –, a F RE NTE


P ARLAMENTAR M ISTA EM A PO IO ÀS C IDADE S I NTELIGE NTE S E H UMANAS 4, lançada no final do
ano de 2016 e composta por mais de 260 (duzentos e sessenta) parlamentares, entre
deputados e senadores, com o objetivo de desenvolver uma pauta legislativa de
fomento à implementação de tecnologias que contribuam ao atingimento de
melhores e mais eficientes serviços públicos nas Cidades, nas mais diversas áreas.

3 P e squ i sa rea l iz ad a po r SP In S ol uç õe s P úb l ic a s I nt el ig en te s, co n su lt or ia e sp eci a l i zad a n o tem a, a ser pu b lica da


e m J a n eir o d e 20 18
4 h ttp :// fp ci da d es in te l ig e nte s.com . br.

11
Sempre importante ressaltar, nesse sentido, que a aplicação de TICs no
provimento de serviços e utilidades públicas envolve, invariavelmente, exercício de
criatividade e inovação, além do diagnóstico de cada realidade, em cada
ecossistema urbano. Daí que o conceito de Cidade Inteligente aqui adotado
considera a otimização, em cada Cidade, das SUAS demandas e necessidades
públicas, inexistindo, portanto, uma fórmula-padrão para criação das Cidades
Inteligentes. Trata-se de um processo, que passa (i) pelo entendimento da realidade
de cada ecossistema, suas necessidades e demandas, (ii) pelo mapeamento das TICs
habilitadas à otimização de tais demandas, em dado momento, (iii) pela verificação
das condicionantes (físicas, logísticas, cibernéticas) para implantação das soluções
e, finalmente, (iv) pela adoção da solução, observando-se continuamente seus
resultados e impactos na prestação de determinados serviços públicos aos cidadãos,
a fim de que sejam proporcionadas constantes melhorias e atualizações (sendo,
nesse sentido, um pressuposto das Smart Cities o alto grau de mutabilidade do que
se entende como "atual").

Sendo um consenso da doutrina, contudo, a relação entre as TICs e as Cidades


Inteligentes, convém explorarmos mais a fundo tais laços:

12
3.1. T ECNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO ("TIC S ") NAS C IDADES

A conexão entre Cidade Inteligente e o emprego de recursos de Tecnologia da


Informação e Comunicação (TICs) fez-se presente de forma oficial, inicialmente, no
conceito de Smart City adotado pela Diretoria de Políticas Públicas do Parlamento
Europeu 5, em trabalho que sistematizou e definiu, para fins de orientação a todos os
países que integram a União Europeia, quais as características, condutas, serviços e
facilidades que tornam uma cidade classificável como Smart:

"Sma rt City co nsiste na Cidade em que demandas


públicas são reso lvida s com o auxílio de soluções
bas eadas em Tecnolog ia da Inf ormação e
C omunicação, envo lvendo um a plura lidade de
atores e parceria s celebradas em nível municipal."
(tradução)

No mesmo sentido, Mario Monzoni e Mariana Nicolletti (FGV) também


vislumbram nos recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação instrumentos
indispensáveis para o desenvolvimento de Cidades Inteligentes 6:

"(...) Tecnolog ias da Informação e C omunicação


(TIC) apresentam contribuição relevante e
viabilizam proces sos vitais às chamadas ‘cidades
inteligentes’. Facilitam a gestã o dos serviço s e da
infra estrutura urbana, o compa rtilham ento de
info rmações, a tomada de decisão por parte de
gesto res e cida dão s e a prevençã o o u rápida
respo sta a pro blemas, com o eventos climático s
extremo s. Assim, ferram entas de T IC po dem ser
aplica das para composição de eco ssistemas
institucionais técnico -socia l-político s, público s e
privado s, potencia liz ando a interação e a em ersão
de soluçõ es criativas. P ro piciam um novo sistema
de governança das cidades: a s cidades inteligentes.
(...)"

5 “ M app i ng Sm a r t C i ti es i n th e E U”, disp on ív el em h ttp :/ /ww w. e urop a r l. e u rop a. eu / Reg Da ta/ e tud e s/
e tu de s/ j o in /2 01 4/5 07 48 0/ IP OL -IT RE _ ET (2 014 )50 74 80 _E N. p df (a c esso em 02 /1 1/ 20 17 ).
6 “A C i da d e p ara o s C ida dã o s: Mo bi l i da d e, E nerg i a e A g r ic ul tu r a U rba na” , d ivu lg ad o n o C ad e r no FG V Pr o j e tos

n . º 24, d e J ul h o de 2 014 (p . 5 8 ), i nt it ula d o “C i da de s I n te l i g en te s e M ob il i d ad e U rb an a ”, d i spo ní ve l em


h ttp :/ / fg vp ro je to s. fgv. br / pub li ca ca o/ cade r nos- fg v- pr oj et os-n o -2 4-ci d ade s- in te l ig e nt es- e- m ob i l i dad e- ur ba na
(a ces so em 0 2/ 11/ 20 17 ).

13
Recentemente, a União Internacional de Telecomunicações (International
Telecommunication Union – ITU) pronunciou-se no seguinte sentido 7, no tocante ao
papel das TICs no desenvolvimento das Smart Cities:

"As Tecnolog ias da Inf ormação e C omunicação


pos suem um papel cr ucial nas Cidades Intelig entes
e Sustentáveis, po is atuam como pla tafo rma pa ra
agregar e pro cessa r info rmações e da do s,
permitindo m elho r com preensão sobre o
funcio nam ento da Cida de, em termos de co nsumo
de recursos, serviço s e estilos de vida. T ICs
viabilizam , po r exem plo, (i) compa rtilha mento da
info rmação e do co nhecim ento, (ii) previsões
qualificada s so bre eventos futuros, e (iii)
integração. Analytics, Big Data, O pen Data,
Inter net das C oisas , acess ibilidade e
gerenciamento inteligente de dados,
cibersegur ança, banda larga aberta, redes de
sensores, entre outros elementos, tor nam-se
essenciais no contexto das C idades Inteligentes e
são baseados em sólidas infraes tr uturas de TIC ."

A efetiva contribuição das TICs ao oferecimento de serviços e utilidades


públicas nas Cidades varia conforme o setor sob análise, conforme detalhado e
exemplificado adiante (Capítulo 3.4), em tópicos específicos para cada aspecto
(mobilidade, segurança, iluminação, saneamento etc.). É de se apontar, entretanto,
que, a cada dia, novos serviços e funções da Cidade Inteligente são exploradas
pelas Municipalidades ao redor do mundo, a partir da aplicação criativa de TICs.

Cidades com problemas ligados à (i)mobilidade passam a contar com


semáforos e sistemas inteligentes, capazes de interpretar o tráfego e, com isto,
tomar decisões em tempo real sobre o fluxo de veículos e pedestres nas vias;
Municípios nos quais os índices de criminalidade sejam relevantes implantam
sistemas de videomonitoramento inteligente das vias, dotados de inteligência
artificial que permite a interpretação autônoma dos eventos observados por câmeras
públicas e privadas, gerando-se alertas (a partir de Analytics) que viabilizam a rápida
ação de agentes policiais; Sistemas de Saneamento Básico passam a contar com
hidrômetros inteligentes, monitoramento de qualidade de água integrado,
dispositivos "IoT" nos bueiros e lixeiras, entre outras dezenas de exemplos de
aplicação criativa de TICs na gestão das Cidades e de seus seculares problemas
urbanos.

7 IT U- T’ s T e chni ca l Re p or ts and S pe ci fi ca tio n s - S ha p in g sma rt er an d m o re susta i na bl e citi e s - S tri vi ng for


su sta in a b le d e vel o pm en t g oa ls. I n te r na ti o na l T e l ecom m u ni ca ti o n Un i on – IT U, 2 01 6. P . 11.

14
Dentre as Tecnologias da Informação e Comunicação avançadas com maior
grau de aplicabilidade à otimização da gestão de serviços públicos e demandas
sociais do ambiente urbano, destaca-se o movimento da Internet das Coisas
("Internet of Things – IoT"), adiante explicado.

15
3.2. I NTERNET DAS C OISAS (I NTERNET OF T HINGS – "I O T") NAS C IDADES

A Internet das Coisas concretiza uma das mais antigas expectativas da


Humanidade: a total fusão do real e do cibernético; o diálogo entre pessoas e
máquinas, e delas entre si.

Um dos maiores especialistas brasileiros em Internet das Coisas, o Prof.


Austeclynio Pereira (Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ) explica 8 que a
autoria do termo "IoT" é, na comunidade internacional, atribuída a Peter T. Lewis,
empresário norte-americano que, ainda em 1985, teria escrito e publicado artigo
acerca dos celulares, sua história, futuro e oportunidades. No artigo, assim se
posicionava:

"(...) Eu prevejo que não só humanos, mas m áquinas


e o utras co isas se co munica rã o interativa mente
pela Internet. A Internet da s Co isas ou Io T é a
integração de pessoa s, processo s e tecnolo gia co m
dispositivo s co necta dos e senso res, po ssibilita ndo
o monito ra mento remo to, status, ma nipulação e
avaliação dos indicativos de tais dispo sitivos."

Já outras fontes indicam a autoria de Kevin Ashton, fundador do Auto-ID


Center do MIT, que teria cunhado o termo em uma apresentação, em 1999, como
resultado de suas pesquisas para a criação de um sistema global para a Radio
Frequency Identification ("RFID") 9:

"(...) o s RFIDs po dem estar presentes em qualquer


coisa . Se todos os objetos e pess oas for em
equipados com RFIDs, os computador es poder ão
gerenciá-los e inventaria-los."

Todavia, como aponta o Prof. Austeclynio, o conceito de uma rede de


dispositivos inteligentes conectados já era pauta de 1982, quando uma máquina de
Coca-Cola foi modificada na Carnegie Mellon University, tornando-se o primeiro
dispositivo real conectado à Internet no mundo.

8 Em RITT O, A ntoni o C a r lo s de A zeve do; CA RVA LH O, M a r i ni l za Br un o d e (o rg s. ) . T e cn o lo g ia s I n o va do ra s e


E xp a n sã o da C on sci ê nci a. R io d e Ja ne ir o : Ed. C iê nc i a M odern a , 20 17 . P . 1 46 .
9 Em RITT O, A ntoni o C a r lo s de A zeve do; CA RVA LH O, M a r i ni l za Br un o d e (o rg s. ) . T e cn o lo g ia s I n o va do ra s e
E xp a n sã o da C on sci ê nci a. R io d e Ja ne ir o : Ed. C iê nc i a M odern a , 20 17 . P . 1 46 .

16
Efetivamente, o movimento da Internet das Coisas ocupou, nas últimas
décadas – e especialmente na presente década –, certo protagonismo (ainda que
tímido, diante de seus potenciais) no setor privado, notadamente em âmbito
comercial e industrial, além de encabeçar verdadeiras revoluções no agronegócio,
a partir da utilização de dispositivos e sistemas capazes de gerenciar com alta
precisão a produção agrícola e o ciclo de desenvolvimento das culturas (do plantio à
colheita), de forma automatizada e controlável em tempo real.

O ápice do emprego privado da Internet das Coisas se deu no início dos anos
2000, com a popularização do conceito "Smart House", ou casa inteligente, assim
denominada em razão (i) da possibilidade de se acompanhar, em tempo real, via
smartphone ou tablet, a medição do consumo de energia da casa e sua potência e
frequência, inclusive individualizando-se cada cômodo da residência ou até mesmo
dispositivos específicos, como uma televisão ou um aparelho de ar condicionado; (ii)
da possibilidade de interagir, via smartphone ou tablet, por meio da rede elétrica ou
outros meios de comunicação, com equipamentos da casa, transmitindo-se, à
distância, informações ou ordens, como "ligar a máquina de lavar roupas", "preparar
o café", "esquentar a água", "chamar o elevador", entre outros inúmeros exemplos;
e (iii) da possibilidade de conexão dos medidores de água, gás e quaisquer outras
utilidades ou sensores à "rede inteligente", viabilizando o acompanhamento, via
smartphone ou tablet, de seu consumo, em tempo real:

17
Em 2005, a União Internacional de Telecomunicações (International
Telecommunication Union – ITU) publicou o primeiro "manual" 10 quanto à Internet
das Coisas aplicada a dispositivos típicos da Smart House ("fridge, television, vehicle,
garage door, etc.); já em 2012, foi editada a norma ITU-T Y-2060, abordada mais
adiante – "Overview of the Internet of things".

Como um movimento ainda mais recente, a Internet das Coisas atingiu e


permeou as Cidades Inteligentes à medida em que, por exemplo e ilustração, as
máquinas de lavar roupas conectadas, presentes na Smart House, foram substituídas
pelos semáforos; aparelhos de ar condicionado da casa foram substituídos pelas
câmeras de videomonitoramento nas vias públicas; cafeteiras transformam-se nas
luminárias; o micro tornou-se o macro; o cenário residencial migrou ao urbano;
passou-se da Smart House à Smart City.

O potencial de transformação dos serviços públicos urbanos, a partir da


absorção da Internet das Coisas, chega a ser inquietante e, até mesmo, assustador.

10 h ttp :// www . i tu. i nt/ p ub /S-P OL -I R.IT- 20 05 /e .

18
A ideia de um controle estatal massivo sobre todos os dispositivos nas vias públicas,
que atinja a tão buscada onisciência e onipresença sobre todas as estruturas,
perseguidas há séculos pelo Poder Público na administração dos espaços e utilidades
urbanas, traz consigo, de um lado, o fascínio provocado pela eficiência vislumbrada
nestes cenários; de outro, a preocupação legítima com a cibersegurança e o nível de
proteção de serviços e dados contra ataques mal-intencionados, os quais, a partir
de um clique, podem provocar verdadeiro caos na Cidade, interferindo em estruturas
críticas, como Iluminação ou Videomonitoramento, bem como acessar dados
privados que, teoricamente, somente deveriam integrar as bases da Administração
Pública.

Trataremos destas preocupações mais adiante, quando da abordagem da


Cibersegurança e seus requisitos. Todavia, vale já destacar a previsão de Janeiro
deste ano (2017), publicada pela plataforma Java, de que teríamos o ano com o
maior número de invasões e ataques a dispositivos IoT em toda a História (mais de
500.000 ataques previstos para o ano) 11.

A previsão não somente se materializou, como mostrou-se subdimensionada,


em Maio deste ano, com o maior ataque da História:

http s://g1.globo.com/tecn olog ia /n oticia/ataq ue-de-hackers-sem-precedentes-provoca-alerta-no-


mund o.ghtml

11 C o nf orme "D ata bre ac he s t hrough w e ar able s put t ar ge t s quar e ly o n I oT i n 2 01 7 - Se c ur i ty ne e d s to be bake d


i nto I oT dev i ce s f or t here to be any c han ce of h al ti ng a D D oS at tac k, ac cor di ng t o s e c ur i ty e x pe rts ".
h ttp s:// www . ja vaw o r ld .com /ar ti cl e /3 15 39 38 / int er n e t- of - th in g s/ da ta- bre a ches- th r oug h- we a r a b le s- pu t-
ta r ge t- s qua re l y- on- io t- i n- 2017 . htm l, a c esso em 02 /1 2/ 20 17.

19
A vulnerabilidade que compõe um dos efeitos colaterais da absorção massiva
de "IoT" nas estruturas urbanas ocupa uma das principais pautas no âmbito do
Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes, e será
abordada mais adiante.

Vale dizer que os potenciais de transformação que residem na Internet das


Coisas foram diagnosticados com prontidão – e protagonismo – pelo Governo
Brasileiro, por intermédio do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e do
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, os quais, após a
condução de estudos preliminares e chamadas públicas conjuntas (ainda no ano de
2016), divulgaram, no último mês de Outubro de 2017, os resultados do Plano de
Ação definido para a Internet das Coisas, abordados sucintamente adiante.

20
3.2.1. O P LANO N ACIONAL DE I O T – BNDES | MCTIC

Vale trazer, de início, o prólogo do Relatório do Plano de Ação do Estudo 12,


conduzido pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e do BNDES – Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, que bem ilustra o contexto no
qual se desenvolve tal estratégia de âmbito nacional:

"A disseminação e o uso m assivo de Internet das


Coisas (o u Internet of T hings - IoT, em inglês) irá
transfo rm ar a eco nomia e o dia a dia da po pulação
de m aneira tão o u ma is impactante do que ro bótica
avança da, tecno logias Cloud, e até mesmo do que a
internet móvel. O professo r da Harvard Business
Schoo l, Michael Porter, um do s maio res pensa do res
do mundo do s negócios, considera Internet das
Coisas 'a mudança mais substancia l na produção de
bens desde a Segunda Revolução Industria l'. Ta nto
gigantes m ultinacionais co mo sta rtups já estã o
aproveitando essa tendência emergente de
so luções tecnológicas que envo lvem conexão
má quina a má quina para criar novos mo delos de
negó cio s e o tim iz ar o s que já existem. E stá em curso
um processo irreversível de destruição criativa,
termo usado pelo eco no mista Jo seph Schumpeter
(1883-1950) para descrever a transforma çã o
industrial que destró i estruturas econô micas para
criar outra s.

Um estudo do McK insey Global Institute estima que


o impacto de IoT na economia global s er á de 4% a
11% do produto interno bruto do planeta em 2025
(por tanto, entre 3,9 e 11,1 tr ilhões de dólares). Até
40% desse po tencia l deve ser capturado por
economias em ergentes. No cas o es pecífico do
Br asil, a es timativa é de 50 a 200 bilhões de
dólares de impacto econômico anual em 2025."

Ainda de acordo com o Relatório, que faz referência à UIT – União


Internacional de Telecomunicações, a Internet das Coisas tende a auxiliar de modo
relevante o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
notadamente em dez pontos, ilustrados no quadro a seguir transcrito:

12 Di sp on í ve l em h ttp s:// www . bn d es.g ov. b r/ wps/w cm / con n ect / si te/2 69 b c7 80- 8cd b-4 b9 b- a2 97-
5 39 55 10 3d4 c5 /r e la to rio- fi n a l-p l a n o- de- a cao- p r odu to- 8-a lt er a d o.pd f?M OD =A JPE RE S &CV ID= m 0 j DU o k. A ces so
e m 06 /1 2/ 20 17 .

21
No âmbito do Plano, foram eleitas quatro frentes distintas de ação, quais
sejam: CIDADES, SAÚDE, RURAL e INDÚSTRIA. As duas primeiras frentes dialogam
diretamente com o Projeto do Ambiente de Demonstração:

22
Como se vê, no campo das CIDADES tem-se como objetivo do Plano de IoT
elevar a qualidade de vida por meio da adoção de tecnologias e práticas que
viabilizem a gestão integrada dos serviços para o cidadão e a melhoria da
mobilidade, segurança pública e uso dos recursos.

Já no tocante à SAÚDE, vislumbra-se que a Internet das Coisas tenha o alto


potencial de contribuir para o acesso à saúde de qualidade no Brasil, por meio da
criação de uma visão integradas dos pacientes, descentralização dos atendimentos
e melhoria da eficiência das unidades de saúde.

Contudo, o próprio Plano já enumera – como este próprio Documento de


Referência elencará, mais adiante – uma série de desafios a serem superados, a fim
de que exista efetiva absorção dos potenciais de IoT nos campos identificados.
Aspectos como, por exemplo, a segurança cibernética dos dispositivos, tratada
acima e nos próximos capítulos, protagonizam no Relatório como pontos de essencial
atenção:

"(...) diante do desenvo lvimento da Internet das


Coisas no Brasil, da expansã o de vulnerabilidades
em redes e da natureza ' sem fro nteira s' de

23
incidentes em segurança da info rmação, a discussão
so bre m edidas relacio nadas à cibersegurança nos
âm bito s do Po der Público e da iniciativa priva da
ganha destaque.
Discutem-se mo delo s de go vernança ta nto pa ra a
coo peração internacio nal, qua nto em relaçã o ao
arra njo institucio na l interno brasileiro. No â mbito
loca l, faz-se necessário, ainda, enco ntrar
alternativa s pa ra incentivar a adoção de medidas
protetivas à segurança da informação pela
iniciativa privada, s eja pela adoção de mecanismos
voluntários de certificação de dispos itivos ou pelo
respeito a cr itér ios mínimos de segurança em
infraestruturas críticas."

O projeto do ADTCI, ao elencar como uma das principais pautas de avaliação


e testes das tecnologias – em ambiente real, em Xerém (RJ) – sua resistência a
ataques e seu cumprimento a requisitos mínimos de segurança cibernética (de
acordo com níveis de criticidade das várias faces da Smart City), viabilizará que os
primados estabelecidos no Plano Nacional de IoT sejam efetivamente postos em
ação.

Também no tocante à interoperabilidade, aspecto-chave do Projeto do


Ambiente de Demonstração, o Relatório do Plano foi enfático ao reconhecer sua
relevância, como forma de estimular e otimizar a adoção de dispositivos e soluções
IoT no Brasil:

"(...) sempre que possível, deve-se buscar


promover a padroniz ação e a interoperabilidade
dos componentes das soluções de IoT, com o
o bjetivo de se o bter maior esca la de ado ção, m ais
rapidez de desenvolvimento de no vo s serviços e
aplica çõ es, e fo menta r a ca pacida de de ino va ção
em IoT. (...)"

Foram fixadas, neste particular, cinco metas específicas, transcritas abaixo:

24
Estes, entre outros aspectos, demonstram a plena convergência entre os
primados do Plano Nacional de IoT e os objetivos do Projeto do Ambiente de
Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes, notadamente no tocante às
ações definidas para as áreas CIDADES e SAÚDE e a utilização de soluções IoT para a
otimização da gestão pública das Cidades Inteligentes brasileiras, tal como mais
adiante exemplificado.

25
3.2.2. O P ROGRAMA "C IDADES D IGITAIS " – MCTIC

Como se verá em detalhes na Parte III deste Documento de Referência, um


dos principais pilares para o sucesso de Cidades Inteligentes consiste na existência
e disponibilidade de redes de comunicação de qualidade no ambiente urbano, a fim
de que sejam efetivamente explorados, em seu máximo potencial, os diferenciais
que dispositivos IoT podem trazer à prestação de serviços e utilidades públicas
municipais.

Nesse sentido, em diversas regiões do Brasil, constatou-se, a partir de 2012,


que as redes de comunicação eram efetivamente inadequadas (ou até inexistentes)
para fazer face à conectividade-base para a Cidade Inteligente. Tal cenário possui o
condão de anular o potencial que a inovação a partir de TICs tem a oferecer na
prestação de serviços e utilidades públicas nos Municípios.

Isso porque, como demonstrado no próximo subitem, no diagrama das


camadas físicas e lógicas que compõem a arquitetura de TICs para Smart Cities, a
camada de redes mostra-se absolutamente indispensável para que os diversos
"devices" IoT espalhados pelas vias públicas entreguem dados e informações de
qualidade à camada de processamento.

Neste contexto, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e


Comunicações (MCTIC), a partir de 2012, deu início a um dos mais relevantes
programas do Governo Federal brasileiro para auxílio à conectividade dos
Municípios: o "Cidades Digitais".

Conforme informações do MCTIC, o Programa Cidades Digitais teve (e tem)


como objetivos: (i) melhoria da gestão pública e dos serviços à população; (ii)
otimizar a transparência nas ações; (iii) viabilizar a democratização do acesso à
internet e a criação de um Backhaul de alta capacidade (fibra), para infraestruturas
inteligentes nas vias públicas; (iv) construção de conhecimento e informação; e (v)
apoio ao desenvolvimento local nos Municípios:

26
F on te: MCT IC

De acordo com o Ministério, foram realizadas, em 2012 e 2013, duas


Chamadas aos Municípios, sendo que, na primeira, foram "abraçadas" 77 Cidades, e,
na segunda, outras 262. Perceba-se, pelo mapa, a proeminência das Municipalidades
situadas nas regiões mais pobres do país:

F on te: MCT IC

A principal intersecção deste Programa com o presente Projeto (ADTCI)


consiste precisamente na utilização, nas Municipalidades que receberam as
intervenções nas Chamadas Públicas, das redes de alta capacidade (já constituídas)
para viabilizar o controle de dispositivos IoT instalados (ou em vias de serem
implantados) nas estruturas urbanas, como videomonitoramento, iluminação pública
inteligente, mobilidade, entre outras aplicações:

27
F on te: MCT IC

As redes constituídas no âmbito do Cidades Digitais oferecem contribuição,


também, para a operacionalização do chamado "Big Data da Cidade", como explicado
a seguir.

28
3.3. B IG D ATA NAS C IDADES

A conectividade global trouxe um cenário quase "caótico" no tocante à


geração de dados e informações nas redes. Estima-se que cerca de 2,2 milhões de
terabytes de novos dados sejam criados todos os dias no mundo, sendo que, em
2016, o tráfego global de dados nas redes ultrapassou a marca de 1 Zettabyte (1
bilhão de terabytes!).

Novos dados são gerados a cada conduta, a cada movimento, em cada


compartilhamento de conteúdo em redes sociais, enfim. Deixamos "rastros"
constantes de nossas passagens pelo mundo cibernético, desde simples pesquisas
em ferramentas como o Google, até nossos deslocamentos durante um dia –
monitorados por uma série de dispositivos, como os celulares e a variedade de
aplicativos neles instalados.

A grande massa de dados e informações, gerada após décadas de interação


humana pelo mundo virtual (desde o surgimento da Internet), recebeu,
internacionalmente, a denominação de "Big Data". Não se trata de um conceito,
tampouco de um atributo ou característica, mas de um fenômeno, que contempla
não somente a existência e constatação do "grande volume" de dados, mas
condições propícias para sua organização, análise e extração de outputs, a fim de
balizar decisões das mais variadas espécies.

Conforme explica Ana Claudia Rodrigues da Silva Quirino 13, "o Big Data é o
próprio combustível da inovação, pois permite que se detectem os padrões
comportamentais de consumidores, de máquinas monitoradas ou qualquer outro
recurso que gere dados". "O conceito pode ser compreendido como a análise do
imenso volume de dados – estruturados e não estruturados – com grande
complexidade, para a geração de resultados importantes que dificilmente seriam
alcançados sem o apoio de soluções tecnológicas".

Ainda de acordo com a Professora:

"(...) A propo sta de um a solução de Big Data é a de


o ferecer uma abordagem ampla no tratamento do
aspecto cada vez mais 'caótico' dos dados, par a
tornar as aplicações mais eficientes e precis as.
Pa ra tanto , o conceito co nsidera não som ente
grandes qua ntidades de dados, mas a velo cidade de

13 Em RITT O, An to ni o C a r lo s de A ze vedo ; CA R VA LH O, Ma ri ni l za Br u no d e (org s.) . T e cn olog ia s Inovad o ra s e


E xp a n sã o da C on sci ê nci a. R io d e Ja ne ir o : Ed. C iê nc i a M odern a , 20 17 . P . 1 19 .

29
análise e a dispo nibilização destes e a relação entre
o s volumes."

No âmbito privado, soluções baseadas em Big Data já são, há muitos anos (e


até décadas), utilizadas com alto grau de criatividade. Mencione-se, por exemplo,
relativamente à área comercial, os diversos mecanismos de promoção de produtos
online baseados nos históricos de pesquisa dos indivíduos, ou mesmo de seus
inúmeros cadastros preenchidos nos mais variados campos da Internet, os quais,
cruzados com uma série de parâmetros, geram decisões empresariais mais
eficientes, relativamente à finalidade privada (venda) que é perseguida.

Caso emblemático e bastante noticiado, ainda em 2012, foi o da varejista


norte-americana Target, que, por meio de solução baseada em Big Data, descobria
que mulheres estavam grávidas antes delas próprias, a partir da análise de seu
comportamento na rede, vindo a, inclusive, assustar muitas consumidoras. Como
explicado em matéria 14:

"Como o sistema automa tiza do adivinho u que a


garota estava grávida? Antes de tudo, a garota
tinha um cada stro na loja, assim como milha res de
pesso as que usam esta mesm a rede. O sistema faz
um a a nálise do histórico que seus clientes
com pram. E atra vés desta aná lise, eles tenta m
achar uma ló gica, e criam índices para
determ inada s situa çõ es.
Na situação da garota em questão, va mos cha mar
um a dessa s situações de ' Índice de Gravidez' – que
cha maremos de IG. Atra vés de determina das
com pras e co mpo rtam entos de com pra, o sistema
adicio na po ntos no IG e a pa rtir de determinada
po ntuação, o sistema envia cupo ns de desco nto
pa ra pro dutos relacio na dos.
Mas o que co nsideram pa ra o IG? Va mos da r dois
exem plo s: co mo as grávidas ficam mais sensíveis a
cheiros fo rtes, é com um que mulheres grávidas
mudem suas loçõ es e perfum es pa ra aqueles co m
cheiros ma is leves o u mesmo nenhum cheiro. A
mudança da com pra da s lo çõ es é um dos sinais que
po ntua o IG. Outro exemplo é a compra de certos
alim ento s m ais co nsumido s por gesta ntes.
Vo ltando ao ca so da a dolescente, a lém dos do is
exem plo s acima, ma is 23 o utras características
po ntua ra m em seu IG, e com isso, o sistema acio no u
o s protocolo s para grávida s e envio u o s cupons."

14 h ttp: // r a op o.com .b r / com pu ta d o r es- d e scob r em - que- a- fi lh a- e st a- g ra v ida- a n te s- d o- pa i /, a ce sso em


0 8/ 12 /2 01 7.

30
O Big Data materializa, pois, uma visão organizada, estruturada e aplicada,
em relação aos dados provenientes da atividade humana no ambiente virtual. Seu
potencial, como já dito, vem sendo explorado com grande criatividade há muitos
anos para fins privados. E como o Poder Público – notadamente em âmbito
municipal – poderia extrair valor das técnicas e soluções baseadas em Big Data,
para otimizar o atendimento às demandas públicas?

É novo – mas já reconhecido, principalmente no contexto das Smart Cities –


o conceito do "Big Data da Cidade". O Poder Público Municipal, enquanto incumbido
da gestão e prestação de serviços e utilidades públicas locais aos cidadãos, é, por
excelência, um grande gerador e depositário de grande massa de informações e
dados, acerca dos usuários-cidadãos e do funcionamento dos serviços urbanos, dia
após dia.

Imagine-se, assim, que – sempre se resguardando a segurança e a privacidade


dos dados (por instrumentos já dominados pelas TICs, como a anonimização dos
dados) – a Smart City tenha ciência, em tempo real, das demandas efetivas de
mobilidade de população: quantos usuários deslocaram-se, ao final de um dia, de
uma posição X a Y (a partir dos aplicativos da Cidade Inteligente, presentes nos
celulares dos cidadãos), qual o modal utilizado (inclusive incorporando-se os dados
de aplicativos como UBER e similares, que estão sob regulação municipal, em nosso
sistema jurídico), entre outras informações, necessárias à plena compreensão e
controle do ecossistema da mobilidade urbana, com atualizações diárias ou até
horárias. Seria possível, nesse cenário de pleno domínio, o redimensionamento
constante das linhas de ônibus (quase que diariamente), com vistas ao equilíbrio
entre a oferta de modais e sua demanda, bem como um planejamento com muito
mais embasamento quanto à Política de Mobilidade Urbana da Cidade.

Imagine-se, também, tal massa de dados sendo cruzada com o mapeamento


constante do tráfego das vias, e a combinação analítica destas informações
servindo de base às tomadas de decisão por parte da autoridade de trânsito e
mobilidade do Município.

Migrando da mobilidade urbana à segurança pública, são também diversas as


ferramentas de Big Data que vêm sendo utilizadas, em Cidades das mais diversas
partes do mundo, para viabilizar um controle efetivo dos eventos relevantes para a
gestão dos serviços de segurança, notadamente a ação policial quando necessário.
Tais exemplos serão explorados mais adiante, em Faces da Cidade Inteligente.

Ressalta-se que a geração do Big Data da Cidade acaba por ser uma
consequência lógica e, ao mesmo tempo, um requisito de sucesso da absorção de

31
mecanismos IoT na gestão de serviços municipais. Isso porque, como resultado da
implantação e utilização de múltiplos sensores nas coisas da Cidade (semáforos,
câmeras, lixeiras, bueiros, luminárias), mostra-se absolutamente necessário o
processamento qualitativo e correlacionado entre tais informações, capturadas
pelos inúmeros "devices" distribuídos pela Cidade. Do contrário, ter-se-á somente
bancos de dados mortos, que, embora ricos em conteúdo, pouca contribuição terão
no incremento da qualidade das decisões públicas.

Tal intersecção entre os múltiplos dispositivos IoT e a gestão do Big Data da


Cidade, no contexto de uma Smart City, fica clara no desenho da Arquitetura de
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) proposta pela ITU (International
Telecommunications Union) no âmbito da orientação Technical Reports and
Specifications para Cidades Inteligentes e Sustentáveis 15, como reproduzido abaixo:

Arquite tura de Te cnolog ia s da Informaçã o e Comunicaçã o (TICs) em Smart Cities, conforme a ITU.

15 ITU -T’ s T e chn i ca l Re po r ts a nd S pe ci fi ca ti o ns - Sh a p ing sm a r te r a n d m o r e sust a in a b l e cit ie s - S t rivi ng for


su sta in a b le d e vel o pm en t g oa ls. I n te r na ti o na l T e l ecom m u ni ca ti o n Un i on – IT U, 2 01 6. P . 157 .

32
Como se vê no esquema acima ilustrado, os diversos dispositivos IoT que
compõem a malha de aplicações Smart no ecossistema de uma Cidade Inteligente
integram a Camada de Sensores ("Sensing Layer"), indicada em vermelho, coletando
dados e informações e interagindo, inclusive "Machine to Machine", a partir da
infraestrutura física da Cidade (água, esgoto, energia, mobilidade, iluminação,
segurança). Após superar-se a camada das redes de comunicação (indicada em
verde), os dados coletados a partir dos dispositivos IoT chegam ao seu estágio de
processamento e análise, indicado em azul – aplicando-se, nesta camada, as
inúmeras soluções baseadas em Big Data disponíveis à gestão pública.

Adentraremos com detalhes às diversas etapas das arquiteturas TIC


recomendadas para Cidades Inteligentes nos capítulos seguintes.

33
3.4. C IDADES I NTELIGENTES E O F OMENTO À I NOVAÇÃO E AO E COSSISTE MA DE S TARTUPS
DE T ECNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO

Compreender a relação entre o conceito de Cidade Inteligente, o fomento à


inovação e, finalmente, o ecossistema de Startups é chave para que se estabeleça
um círculo virtuoso, ou mesmo um canal de retroalimentação, capaz de gerar
insumos para promover o desenvolvimento contínuo das Cidades e, ao mesmo
tempo, dos geradores de inovação (setor privado) que se estabelecem à órbita de
cidades abertas ao novo.

Por definição, Startups consistem em novos negócios, baseados em adoção


de tecnologia – dentre as quais as TICs mencionadas acima – para construção de
propostas de valor diferenciadas, por vezes disruptivas, e que colocam em cheque
modelos de negócio tradicionais e já consolidados. Suas estruturas operacionais
oferecem uma plataforma fluida de pensamento, velocidade muito acima do
tradicional nas etapas de modelagem de ideias e validação de hipóteses, conferindo
ao modelo grande capacidade criativa.

Antes de ligarmos os pontos, é fundamental compreendermos a dinâmica que


envolve o processo criativo e de geração de inovação. Segundo o professor Clayton
Christopher, do curso Disruptive Strategy, ministrado em Harvard, Inovação
Disruptiva é descrita como um agente de transformação que habilita pequenas
iniciativas empreendedoras e comumente com poucos recursos, a desafiar negócios
maiores e já estabelecidos através de uma proposta de valor mais barata, acessível
e adequada ao público alvo, podendo até mesmo redefinir uma indústria. Muitas
vezes, essa força disruptiva provoca poderosas mudanças sociais e econômicas ao
integrar a economia informal e parte da população que, por vezes, fora
historicamente ignorada 16.

Essa definição é apenas a ponta do iceberg. Existem muitas teorias


importantes por trás do conceito e até mesmo bifurcações teóricas que criam
armadilhas e podem nos levar a acreditar que toda inovação é disruptiva, quando,
na verdade, não é. A propósito, novas tecnologias não são, necessariamente,
disruptivas. Dependem essencialmente de como são implementadas no mercado em
relação ao modelo de negócio por trás dos produtos existentes, ou das demandas
públicas que se propõem a resolver – no caso das Smart Cities.

Em teoria, como as empresas já estabelecidas tendem a se concentrar na


melhoria de produtos para seus consumidores mais exigentes e rentáveis no topo do

16 C o nf orme SE MOLA, Ma r co s. LI ÇÕ ES DI S RUPT IVA S OBTI DA S EM HA R VA RD. h ttps :/ /g oo .g l/ 3Q e hE E. A ce sso em


0 8/ 12 /2 01 7.

34
mercado, acabam excedendo as necessidades de alguns segmentos e ignoram as
necessidades de outros consumidores. Assim, novas empresas, através de uma
inovação disruptiva, conseguem atingir os segmentos negligenciados e construir um
mercado, fornecendo uma proposta de valor e consequentemente, produto mais
adequado a um preço mais baixo e acessível. Exemplo claro disto, no caso das
Cidades Inteligentes, foi o surgimento dos aplicativos de transporte individual de
passageiros, que provocou (e ainda provoca) abalos no sistema de regulação do
tradicional serviço de "taxi" nas Cidades.

São reconhecidos, na doutrina, três tipos principais de inovação: a inovação


sustentável; a inovação disruptiva de baixo nível e a inovação disruptiva de novos
mercados.

A Inovação Sustentável está relacionada à melhoria de desempenho dos


atributos mais valorizados de um produto pelos consumidores de uma determinada
indústria. Tal melhoria pode ser incremental, ou pode simplesmente promover
avanço funcional desses atributos. Os alvos dessa inovação são comumente
consumidores do mercado de massa que estão dispostos a pagar mais por um
desempenho superior. Sob a ótica do impacto no modelo de negócio, pode-se dizer
que esse tipo de inovação melhora ou mantém as margens de lucro através da
alavancagem de processos e da atual estrutura de custos, por fazer melhor uso das
atuais vantagens competitivas.

Pode-se citar, aqui, o lançamento, recentemente, de um dos populares


smartphones da Apple, líder entre as empresas de bens de consumo duráveis que
mais geram valor para seus consumidores. O iPhone 6s foi o sucessor do iPhone 6, e
ganhou uma função jamais vista nos outros smartphones da Apple, o 3D Touch. Sua
câmera principal passou a filmar em Ultra HD 4K, além de poder tirar fotos de 12
megapixels. Empresas já estabelecidas comumente ganham batalhas relacionadas a
produtos que exploram inovações sustentáveis, enquanto empresas jovens ganham
batalhas relacionadas à produtos que exploram inovações disruptivas.

A Inovação Disruptiva de Baixo Nível está relacionada ao alcance de


desempenho de produtos que sejam "bons o suficiente" para os consumidores da
base dos mercados de massa. Os alvos dessa inovação são, comumente,
consumidores "over-served", ou melhor, que são atendidos por produtos que
entregam mais valor do que desejam e necessitam, fazendo-os pagar mais do que
gostariam.

Tais empresas costumam utilizar, dentro de suas estratégias, abordagens


novas de operação e de custeio, para extração de benefícios que propiciem preços
mais competitivos, necessários para ganhar a batalha na base dos mercados de
massa. É possível ilustrar essa categoria citando, por exemplo, os celulares

35
produzidos pela asiática Xiaomi, empresa de internet móvel focada em tornar
tecnologia "good enough" acessível a todos. Fundada pelo empreendedor Lei Jun em
2010, a empresa se tornou rapidamente uma das líderes em tecnologia na China e
uma das Startups mais valiosas do mundo. Possui hardware e software próprios,
suportados por um conjunto operacional de processos e recursos enxutos,
conferindo baixo custo de produção e um produto competitivo e atraente sobretudo
para os consumidores de massa da base.

A Inovação Disruptiva de Novos Mercados – a mais relacionada à temática


das Cidades Inteligentes – está relacionada à exploração da característica de baixo
desempenho de um produto para os padrões do mercado tradicional, porém
agregando novos atributos e funcionalidades que tipicamente trazem melhorias e
conveniência. Os alvos dessa inovação são comumente os não-consumidores, ou
seja, consumidores que historicamente não dispõem de recursos financeiros para
adquirir ou habilidades para usar o produto.

Atribui-se ao mercado das Cidades Inteligentes no Brasil tal perfil, uma vez
que as Municipalidades brasileiras – como se demonstrará mais adiante, nos
próximos capítulos – ainda não são, por diversos fatores (assimetria de
conhecimentos, desconhecimento sobre potenciais das soluções, barreiras
jurídicas para consumo da inovação etc.), demandantes em massa de soluções
Smart, o que torna o movimento das Smart Cities, nesta classificação, um "Novo
Mercado", em relação à demanda pelos Poderes Públicos Municipais.

A empresa que explora esse tipo de inovação geralmente não conta com
grandes volumes de vendas no primeiro momento, tendo em vista que necessitará
movimentar-se para demonstrar os potenciais de sua inovação e, assim, criar a
demanda. Ainda ilustrando no caso dos celulares, cita-se a empresa DL Eletrônicos,
fundada no ano 2004, em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, pelo imigrante chinês
Paulo Xu. A empresa lançou o celular YC-110 destinado ao público idoso e/ou com
limitações, e inova ao oferecer recursos inexistentes nos produtos do mercado de
massa, como uma função exclusiva de SOS; teclas em tamanho maior e som de voz
para informar o número digitado, o que o torna um produto de nicho, focado em
explorar consumidores "esquecidos" pelas demais empresas e seus produtos.

Destrinchados os conceitos multinível relacionados à inovação, retomemos ao


contexto das Cidades Inteligentes, agora capazes de perceber a enorme
oportunidade criada ao logo do tempo pela obsolescência dos serviços públicos,
em geral oferecidos sem estarem atendendo às novas necessidades do consumidor-
cidadão de hoje – por fatores, diga-se, que muitas vezes ultrapassam o âmbito de
possibilidades de um gestor público municipal. O problema a ser resolvido, dos
cidadãos que formam a sociedade, foi se transformando, com o passar do tempo, e
precisa ser, em dado ponto da história, remapeado com precisão para fomentar a

36
inovação através do acionamento do ecossistema de Startups que giram à órbita dos
negócios e governos, e estão habilitados a aplicar tecnologia, processos e
comportamentos modernos na construção de uma oferta de produtos e serviços
inteligentes, que envolvam moderna governança (apoiada em TICs), administração
pública informatizada, planejamento urbano inteligente, atenção ao meio-ambiente,
conexões internacionais, coesão social, capital humano e a economia.

Para que se extraia, no campo das Smart Cities, o máximo do potencial de


inovação de uma sociedade criativa em TICs, necessário garantir a integração entre
os setores público e privado, a academia e o ecossistema de Startups, de tal forma
que possam identificar, com velocidade, demandas de massa e que geram impacto
representativo, permitindo a cooperação e o adequado estímulo produtivo para
pensar em novas soluções para novos problemas do ambiente urbano.

Caso emblemático de inovação é o da Startup BigBelly.com. Sua proposta de


valor é composta e tem como alvo as Cidades Inteligentes. Desenvolveu uma lixeira
urbana com IoT (Internet das Coisas) embarcada e sensores que permitem identificar
o volume de resíduos dentro do recipiente, para então comprimi-lo, tornando a
lixeira 5 vezes mais eficiente do que as convencionais – reduzindo assim,
drasticamente, o fluxo de recolhimento diário do lixo na Cidade. Além disso, por
sua conectividade, é possível alimentar um sistema de coleta de lixo inteligente que
só programa a coleta quando ela já estiver próxima de sua capacidade máxima.

Se observarmos o posicionamento do produto, o problema que se propõe a


resolver (job-to-be-done) e os agentes interessados que podem se beneficiar do
modelo de negócio criado ao redor da inovação, vemos uma pluralidade sem igual.
A começar pela identidade inovadora do produto que atrai anunciantes para as
próprias lixeiras (geração de receita). Em seguida, as empresas de coleta, que
podem reduzir sua frota em até 5 vezes (dada a eficiência de compressão e
armazenamento do lixo). Temos ainda o poder público, como um dos principais
interessados, e por inúmeros motivos. Primeiro pela natural redução de custo do
serviço de coleta. Depois, pela redução de pragas, uma vez que o lixo é compactado
e permite um número de unidades menor, e finalmente, com menos caminhões de
coleta nas ruas e em planos e rotas inteligentes indicadas pelas próprias lixeiras, há
uma redução da pegada de carbono e do transito na cidade, promovendo ainda
menos transtornos para os cidadãos.

A exemplo do que propôs a Startup americana para a coleta de lixo, existem


muitas outras oportunidades de transformação digital proporcionadas pelo
movimento gerado pela Quarta Revolução Industrial (ou Indústria 4.0), mas que, para
serem bem sucedidas, dependem de políticas públicas que fomentem a integração
entre sociedade, governo, iniciativa privada, academia e o ecossistema de inovação
e Startups, de tal forma que todos cooperem e trabalhem ao redor do objetivo

37
comum de superar os desafios das Smart Cities no Brasil (descritos mais abaixo) e,
com isto, proporcionar, em novos tempos, uma nova experiência de vida em
sociedade – onde o cidadão está no centro e tem aspirações atuais e em linha com
a sociedade digital e exponencial em plena construção.

38
3.5. A S F ACE S DE UMA C IDADE I NTELIGENTE

Tão extensa quanto a diversidade de conceitos para "Smart City" é a


multiplicidade de visões, no Brasil e no mundo, acerca das "faces" – ou "aplicações"
– que, presentes no ecossistema urbano, devam ser consideradas na aferição da
inteligência da Cidade.

É natural que, diante das diferentes e múltiplas opiniões e conceitos que


cercam conceito tão amplo, surjam métodos e classificações das mais variadas,
sempre incorporando diretrizes que o classificador entende como efetivamente
relevantes, conforme sua compreensão sobre a Smart City.

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para


Cidades Inteligentes, contudo, serão adotados, prioritariamente, metodologias
oficiais implementadas (ou em estágio de implementação) por órgãos competentes
para seu pronunciamento – aqui destacando-se a International Organization for
Standardization – ISO.

Tal adoção favorecerá a fidelidade do Projeto para com os indicadores que,


em cenário real, serão os considerados pelos órgãos para a eventual certificação
ISO das Cidades brasileiras que pleitearem tal reconhecimento de Smart City.

Deste modo, na abordagem de cada face da Cidade Inteligente, dentre as


elencadas abaixo, serão destacadas as principais funcionalidades recomendadas no
âmbito do Comitê Técnico n.º 268, instituído pela ISO com vistas a concepção, em
2018, da primeira norma do órgão direcionada exclusivamente às Cidades
Inteligentes – a "ISO 37122 – I NDIC ATORS FOR S MART C ITIE S ".

Vejamos, abaixo, o critério de divisão aqui adotado, para fins didáticos e


organizacionais, bem como, adiante, a descrição e clarificação sobre cada uma das
faces consideradas neste Documento de Referência:

39
"FACES" DA CIDADE INTELIGENTE

CONTROLE CENTRALIZADO, INFRA ES T RUT URA IL UMINAÇ ÃO P ÚBL IC A MOBILIDADE URBANA


INT EGRA DO E IN T ELIGENT E INTELIGENTE DE INTELIGENTE A T IVA E INT ELIGEN T E
DA INFORMAÇÃO E DAS TEL ECO MUN ICA ÇÕ ES E
ES TRUTURAS E S ERVIÇOS CO N EC T IVIDA DE NA CIDA DE
P ÚBL IC OS DA CIDADE

MON ITO RAMENTO G ESTÃ O INT ELIGEN T E DA G ESTÃ O INT ELIGEN T E DOS G ESTÃ O INT ELIGEN T E DA
INTELIGENTE DO AMBIENTE ÁGUA E ESGOTO R ES ÍDUOS SÓL IDOS DRENAGEM DE ÁGUAS
U RBAN O E P REVENÇ ÃO DE P L UV I A I S
DESASTRES
SANEAMENTO BÁSICO INTELIGENTE

S EGURANÇA P ÚBL IC A GESTÃO ENERGÉTICA CONSTRUÇÕES E G ESTÃ O INT ELIGEN T E DA


INTELIGENTE INTELIGENTE E DIFIC AÇÕ ES IN T ELIGEN T ES S A Ú D E P Ú BL I C A

G ESTÃ O INT ELIGEN T E DA A DMIN ISTRAÇ ÃO P ÚBL IC A


E DUC AÇÃO P ÚBL IC A INT ERA T IV A E INT ELIGEN T E

40
3.5.1. C ONTROLE C ENTRALIZADO , I NTEGRADO E I NTELIGENTE DA I NFORMAÇÃO E DAS
E STRUTURAS E S ERVIÇOS P ÚBLICOS DA C IDADE

Alguns locais o chamam de "Centro de Controle e Operações" (abreviado por


"CCO"); noutros Municípios/repartições, recebe a denominação de "Centro
Integrado de Comando e Controle", sendo ainda possível identificar outra
diversidade de nomes para os Controles Centralizados dos Serviços Públicos de uma
Cidade.

Independentemente do nome que lhe seja atribuído, o "CCO" consiste em


peça-chave no funcionamento de uma Smart City. Compreende, em geral, uma
grande sala/galpão, equipado com monitores e instalações que permitam a
acomodação de uma pluralidade de servidores, responsáveis pelos mais diversos
serviços e estruturas públicas da Cidade, e que convivem, num mesmo espaço,
compartilhando o monitoramento do serviço público, os eventos relevantes e as
tomadas de decisões.

Na Arquitetura TIC de uma Cidade Inteligente, o CCO representa o ponto de


contato dos dados (tratados, analisados e combinados) e dos alertas com o
tomador de decisão – gestor público. Eventos de segurança pública, mobilidade
urbana e saúde (acidentes, interrupção de vias), controle da Iluminação Pública,
monitoramento da rede de água e esgoto, monitoramento da coleta de lixo, situação
meteorológica e eventuais pontos de alagamento ou deslizamento, entre muitos
outros serviços municipais, são, na lógica da Smart City, controlados de forma
centralizada, num único lugar físico (viabilizando ganhos de escala e o
compartilhamento de decisões entre os diferentes atores, responsáveis pelos mais
diversos serviços).

Os vários dispositivos IoT da camada física da Cidade devem comunicar-se


permanentemente com o CCO, por meio de uma pluralidade de plataformas, redes
de comunicação e alternativas que viabilizem, com eficiência, que as informações,
dados, imagens e componentes capturados nos vários "devices" sejam efetivamente
úteis na tomada de melhores e mais acertadas decisões na gestão da Cidade.

Um bom exemplo de CCO no Brasil é o do Município do Rio de Janeiro/RJ:

41
Compõem o CCO funcionalidades tituladas por quase 30 órgãos e entidades
ligadas à Prefeitura do Rio: Defesa Civil, Guarda Municipal, CET-Rio (Companhia de
Tráfego), administração do Túnel Rebouças, Ponte Rio-Niterói, Bombeiros, Polícia
Militar (estaduais), além de diversas secretarias municipais e concessionárias de
serviços públicos, como Light (eletricidade) e CEG (gás).

O compartilhamento do espaço físico – e, com isto, a convivência entre os


diversos tomadores de decisões – é fundamental para que a inteligência da Cidade
no tratamento dos eventos diversos que afetam seu funcionamento durante um dia
seja a maior possível.

Por exemplo, diante de um acidente de veículos numa via da Cidade, é


perfeitamente possível vislumbrar a atuação de 04 entes distintos, sobre um mesmo
evento: (i) o Serviço de Saúde, no socorro aos envolvidos; (ii) a autoridade de
trânsito, na atuação sobre o fluxo de veículos daquela via e de vias paralelas
(desvios, reprogramações); (iii) a eventual administradora privada da via, para
serviços de limpeza/manutenção derivados do acidente; (iv) a Polícia Militar, na
autuação do evento e providencias policiais necessárias, entre outros.

No "desenho" de uma Smart City, o CCO acaba por ser a via de contato do
Poder Público com o Big Data da Cidade e com os diversos dispositivos IoT
instalados nas vias públicas.

Outro exemplo interessante, no Brasil, é o que vem sendo conduzido, desde


2012, pelo município de São José dos Campos, no Estado de São Paulo. Por
intermédio de uma parceria plurilateral para o desenvolvimento tecnológico, na
forma da Lei Federal n.º 10.973, de 02 de Dezembro de 2004, foi implantado um dos
mais avançados sistemas do mundo para resposta rápida a emergências, que

42
consiste em uma plataforma gerida por um Centro de Operações Integradas ("COI")
e equipada com aproximadamente 500 (quinhentas) câmeras de
videomonitoramento interconectadas instaladas nas vias públicas, 205 (duzentos e
cinco) quilômetros de cabos de fibra ótica e software de destinado ao recebimento
e processamento dos dados e imagens das câmeras, 24 horas por dia.

A solução também integrou os sistemas de comunicação de telefone, rádio,


dados, vídeo e imagem dos diversos órgãos e autoridades atuantes na segurança
pública do Município, viabilizando alertas instantâneos e a troca de informações
urgentes de forma rápida e eficiente, ajudando efetivamente a salvar vidas, melhorar
a segurança pública e gerenciar os serviços públicos municipais.

Desde sua implantação, quase 50.000 (cinquenta mil) ocorrências são


captadas, investigadas e solucionadas pelo Centro de Operações Integradas a cada
ano. Os eventos vão desde infrações administrativas de trânsito até incêndios,
acidentes e crimes contra a vida e a propriedade.

As estatísticas do projeto são impressionantes, e traduzem os benefícios que


os CCOs podem trazer à segurança pública. Dados oficiais (2013) da Secretaria de
Segurança Pública do Estado de São Paulo mostram que, após a implantação do
sistema de resposta rápida a emergências em São José dos Campos, a taxa de
homicídios do Município caiu de 10,21 para 8,29 para cada 100 mil habitantes.

O mesmo projeto de Smart City em São José dos Campos contemplou,


posteriormente, outras iniciativas em utilidades públicas diversas, integradas à Rede
Inteligente e controladas pelo mesmo COI: (i) implantação e gestão de luminárias
"LED" inteligentes ("Smart Lighting") conectadas ao COI, integrando o serviço de
iluminação pública com outros serviços municipais, (ii) implantação de pontos de
acesso Wi-Fi público em diversas partes da Cidade, inclusive praças e parques
públicos, e (iii) instalação de sensores inteligentes em diversos bairros, capazes de
detectar o som de disparos de armas de fogo, imediatamente alertando o Centro de
Operações Integradas para o acionamento das autoridades policiais, que também
contam com o auxílio das imagens capturadas pelas câmeras, de maneira integrada,
e geridas pelo mesmo sistema.

Vale destacar que, tendo em vista a repartição constitucional de


competências estabelecida na Constituição Federal de 1988, que atribui, por
exemplo, aos Estados a gestão da segurança pública, é frequente (e recomendável,
em vista da economia de escala e integração proporcionadas) que os Centros de
Comando e Controle sejam compartilhados entre Município e Estado, inclusive
relativamente aos investimentos e custos operacionais para sua manutenção.

43
Em determinados locais, o CCO da Cidade acaba por ser, também, o local de
alocação dos servidores necessários ao processamento e armazenagem dos dados
e informações sob os cuidados e gestão do Poder Público ("Data Centers"). Noutras
Cidades, opta-se pelo armazenamento em local distinto, por diversos fatores,
inclusive de capacidade dos locais; há, ainda, a possibilidade de operação em nuvem
– com limitações a serem abordadas mais adiante.

Ambos – o "CCO" e o "Data Center" da Smart City – compõem, no âmbito do


Projeto do Ambiente de Demonstração, uma fração do Cenário 0 (como descrito,
adiante, na Parte III deste Documento de Referência):

"a ) O Centro Integra do de Coma ndo e Controle

CICC – Centro s Integrado s de Co mando e Co ntrole


são am bientes a ltam ente críticos, no s quais
infra estrutura e tecno logia s adequadas são
essenciais para sustentar e auxiliar a o peração,
acessar e co mpa rtilha r, em tempo rea l,
info rmações, assim como pla nejar e executar
qualquer ação de fo rma eficiente.

Os CICC funciona m como “cérebro” da cidade


inteligente, com a lta capacida de de pro cessa mento
e ana lise de info rmaçõ es em grandes vo lumes de
da do s (Big Da ta) favo recido pela co mputa çã o
ubíqua e considera uma “rede universal” que utiliza
a internet para ligar não a penas pessoa s, mas
também o bjeto s, casa s e carros;

Sendo um ambiente a ltamente co mplexo, co m


atividades estra tégicas e confidenciais que deverão
ser co nduzida s de ma neira coordenada e
cola bora tiva por vários grupos e unidades
o peracio na is, faz-se necessário que o CICC seja
tratado de fo rma integrada pa ra gara ntir a
com patibilização entre as so luções de
infra estrutura, TI e o s a plicativo s e sistem as
utilizados. Deve permitir integra r e co ordena r,
numa mesma o peração, vários grupo s de pessoas
com atuações públicas distinta s, po rém muitas
vez es com plem entares.

O cenário de um CICC deve perm itir a integra ção


do s processos operacionais e níveis de serviço s,
gara ntindo a melhor o rga nização dos am bientes e
equipes e a captação e co mpartilhamento das
info rmações entre os envolvido s.

44
Forma do s por uma sa la de pro ntidão e a lerta, com
mo nitores integrados, perm ite o traba lho em
regime de esca la, ao lo ngo das 24 ho ras do s sete
dia s da semana (Pa ra sim ulação e demo nstração de
so luções). Neste cená rio estarão disponibilizada s as
infra estruturas físicas de servidores de dado s e de
sistem as.

Deve ser dimensio nado de forma a dequa da para


sustentar o gerencia mento e o uso da informação
inerente à o pera çã o, assim co mo to do s o s
processo s operacio nais e serviço s.

A estrutura deve permitir o funcio namento da área


de o perações do Centro Integra do de Co mando e
Contro le (CICC), vo lta das para a gestão do
município, bem co mo simula r de forma preditiva as
po ssíveis situaçõ es do cotidiano no s município s,
tais como engarrafa mento , desvios de trafego,
inunda çõ es, o corrência de desastres na tura is,
com unicação com o cida dão, entre o utra s a partir
do s equipamento s e sistemas de mo nito ramento e
co ntrole instala dos.

A função é coo rdenar e acompanhar a s açõ es de do s


serviço s público, Sa úde, Segurança, Mo bilida de,
T rafego , E sco las, entre o utro s e integra r os
resultado s de Gestã o Pública disponibilizado pelas
Soluçõ es e Sensores.

Considera a s tecno logias e so luções para


disponibilização de infraestrutura digital de
info rmação e com unicação pública (mobiles e
senso res) e de telecomunicação (infra estrutura e
mo delos de negócio s).

b) O Da ta Center e a Central de Processamento :

Deve considera r as possíveis arquiteturas para


suportar a s instalaçõ es de aplicaçõ es (sistemas) das
so luções (cam ada s físicas e ló gicas).

Deve co nsiderar pla tafo rmas tecno lógicas


diferenciada s e firm wares para po ssibilita r a
interoperabilidade entre soluções diferenciadas.

E m infraestrutura complementar, armazena as


info rmações dos sistemas e senso res. Considera
também a implantação de sala cofre para proteçã o
do acesso e das info rmaçõ es e de equipa mentos de
info rmática necessários. Co nsidera a
disponibilida de de co ntainer resistente a incêndios,

45
fum aça, gás, inundaçõ es, dispa ros de arma de fo go
e interferências eletroma gnéticas. Tam bém
co nsidera gera dores capazes de abastecer o lo cal
po r 48hora s em caso de falta de energia .

São co nsiderado s o desenvo lvimento de no vo s


algoritmo s de com putação, identificando pa drões e
tendências; Implantação de hardware, so ftware
com alta capacida de de pro cessam ento e sistemas
analítico s e de pesquisas não estrutura da, a lém da
fo rm a relaciona l; Im plantação de plataforma de
o peraçõ es virtua l atuando como centro de coleta e
distribuiçã o de dado s, integra ndo a s info rmaçõ es
que chegam po r telefone, rádio, e-mail e
mensa gens de texto; e sistema s de análise de
info rmações histó ricas para identificar os locais
com tendência a oco rrer acidentes.

Devem ser co nsiderado s os requisito s de proteção


co ntra dano s e intrusão ilícita , considerando
aspectos de co nfiança , co nfidencialida de,
Integridade, legitimida de e autenticidade para
avaliação da s soluçõ es a serem testa das
(Cibersegura nça).

Devem ser co nsiderado s o s tipo s diversificado s de


Modelo s de Dado s utiliza dos - (Exemplo: mo delo s
de Banco de Dado s relacional/não relacional, Big
Data, Computação em Nuvem, entre o utros).

T ambém para esta definiçã o devem ser


co nsiderado s tipo s diversificados de tráfego de
info rmação (tipo de com unicação , Pro to co los, entre
o utro s)."

Os resultados observados no âmbito do ADTCI permitirão a definição de


orientações e padrões para o funcionamento dos CCOs e Data Centers destinados
às Smart Cities.

Há aspectos que devem ser levados em consideração no tocante a este


Cenário, e que foram objeto de contribuições no âmbito do Workshop realizado em
13/12/2017 em Brasília (Workshop 1 – Documentos de Referência), a seguir
pontuados:

_ Em relação a eventuais indisponibilidades dos Centros de Comando e


Controle, como, por exemplo, quedas no fornecimento de energia, problemas
técnicos, problemas sistêmicos (como, por exemplo, invasões ou ataques), foi

46
pontuado, na Oficina, a necessidade de consideração de intercâmbio entre Centros
de Controle de cidades vizinhas (aspecto a ser explorado no Projeto), a fim de que,
diante da indisponibilidade, funções essenciais do CCO sejam controladas por outros
locais;

_ Em razão da essencialidade do CCO, enquanto "cérebro" da Cidade


Inteligente, foi apontada a necessidade de observação dos sistemas de segurança
adotados no campo da aviação;

_ Foi apontado pela ANATEL a necessidade de intercâmbio entre as questões


críticas do ecossistema de Cidades Inteligentes e os SPOFs, pontos de falha
identificados pela Agência nas redes de telecomunicações;

_ Foi sugerida a formulação, no projeto, de CCOs distintos, adequados a


realidades de Municípios diversos, como, por exemplo 50.000 hab, 100.000 hab e
200.000 ou mais hab;

_ Foi apontada a necessidade de monitoramento do comportamento dos


funcionários dentro do CCO, como, por exemplo, acesso a Internet nos computadores
do centro, que pode ser um foco relevante para invasões e vírus.

47
3.5.2. I NFRAESTRUTURA I NTELIGENTE DE T ELECOMUNICAÇÕES E C ONE CTIVIDADE NA
C IDADE

Tanto quanto os CCOs explicados acima, a disponibilidade de redes de


telecomunicações e de adequada conectividade na Cidade consiste em um dos
pilares de sustentação da eficiente aplicação de TICs no provimento de serviços e
utilidades públicas, no caminho em direção às Smart Cities.

De acordo com o Comitê Técnico n.º 268, instituído pela ISO com vistas a
concepção, em 2018, da primeira norma do órgão direcionada exclusivamente às
Cidades Inteligentes – a "ISO 37122 – I NDICATORS FOR S MART C ITIE S " –, as faces da
Smart City relacionadas às Telecomunicações traduzem-se nos seguintes
indicadores 17:

• Percentua l da po pulação da Cida de com


acesso a com putado res e o utros dispo sitivo s
eletrô nico s com a cesso à Internet nas biblio tecas e
prédio s público s;

• Percentua l da po pulação da Cida de com


acesso à banda larga com velocidade razoável ("at
letas 256 kb it/s in bo th d irections , upload ing and
do wnload in g");

• Percentual da área da C idade não coberta


por redes de telecomunicações ("white z one/dead
sp ot");

• Percentual da área da C idade com aces so à


Inter net Pública gr atuita;

Afora os impactos sociais que residem nesta face da Cidade Inteligente,


notadamente em seus dois primeiros indicadores (voltados ao acesso individual à
Internet), há, no terceiro e no quarto indicadores, questões fundamentais para o

17 P ron u n ciam e nto de 2 7/1 1/ 201 7, d isp o nibi l i za do a es te C o nsó r ci o pe l o P ro f. A lex A b i ko , da U n ive r sid a d e d e
S ã o Pa u l o (USP ), um do s r esp on sá ve i s p e l a fo rm u la ç ã o, a t é o f in a l do m ê s de Ja ne i r o d e 2 01 8, d a s
co n tr ib u içõ e s b r a si lei r a s à p r op osi ç ã o de n o rm a.

48
bom funcionamento de dispositivos IoT empregados na prestação de serviços e
utilidades públicas locais.

Tal relevância da adequada Infraestrutura de Telecomunicações e


Conectividade para que se extraia real valor dos múltiplos dispositivos IoT, no
contexto de uma Smart City, fica clara no desenho da Arquitetura de Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs) proposta pela ITU (International
Telecommunications Union) no âmbito da orientação Technical Reports and
Specifications para Cidades Inteligentes e Sustentáveis 18, como reproduzido abaixo:

Arquite tura de Te cnolog ia s da Informaçã o e Comunicaçã o (TICs) em Smart Cities, conforme a ITU.

Como se vê no esquema acima ilustrado, a camada das redes de comunicação


(indicada em verde) compreende o verdadeiro caminho para que os dados
capturados nos diversos devices posicionados na infraestrutura física da Cidade

18 ITU -T’ s T e chn i ca l Re po r ts a nd S pe ci fi ca ti o ns - Sh a p ing sm a r te r a n d m o r e sust a in a b l e cit ie s - S t rivi ng for


su sta in a b le d e vel o pm en t g oa ls. I n te r na ti o na l T e l ecom m u ni ca ti o n Un i on – IT U, 2 01 6. P . 157 .

49
(cinza e laranja) cheguem de modo seguro e eficiente a seus locais de
processamento e análise, indicados em azul – aplicando-se, nesta camada, as
inúmeras soluções baseadas em Big Data disponíveis à gestão pública.

O próprio Plano Nacional de IoT, em seu recente Relatório do Plano de Ação,


assim dispõe:

"Um dos principais pontos neces sár ios para o


adequado desenvolvimento da Internet das C oisas
está relacionado com a dis ponibilidade de
conectividade. Desse modo a aná lise e revisão do
quadro regulatório de teleco municaçõ es é de sum a
importância para se assegurá -la , co m as
especificidades necessária s, em especial diante da
variedade de aplicações e de novo s mo delos de
negó cio em IoT. (...)

Ainda que não sej a um desa fio pa rticula r a IoT,


am pliar a oferta de infraestrutura de redes de
telecom unicações é um o bjetivo a ser perseguido.
Se por um lado m uito houve ava nço nas últim as
décadas, co m investimento s tanto da inicia tiva
privada quanto do E stado , há muito espaço para
ampliar a capilaridade da infraes tr utura de
conectividade, principalmente consider ando-se
áreas mais afastadas dos grandes centr os , que, não
obs tante, são importantes par a as verticais
prioriz adas."

Vale destacar, nesse sentido, que a participação das Municipalidades neste


componente da Cidade Inteligente, especialmente nas Cidades pobres e incapazes
de investir por si em redes, acaba sendo de coadjuvante – em que pese ser
diretamente interessada –, visto que diversas das medidas mapeadas pelo Governo
Federal como necessárias à superação das barreiras à conectividade, em sua acepção
originária (sujeita à regulação federal), estão diretamente sujeitas à estruturação
legislativa e regulatória federal (Congresso Nacional e ANATEL).

É o caso, por exemplo, da revisão do conceito de Machine To Machine


("M2M") em nível regulatório, bem como da aprovação do Projeto de Lei da Câmara
dos Deputados n.º 79/2016, que, dentre outras providências, "Altera as Leis n.º
9.472, de 16 de julho de 1997, para permitir a adaptação da modalidade de outorga
de serviço de telecomunicações de concessão para autorização, e 9.998, de 17 de
agosto de 2000", e prevê, em seu art. 68-B, § 3.º, que, a partir da aferição da
diferença entre o potencial econômico da concessão e da autorização, "os
compromissos de investimento priorizarão a implantação de infraestrutura de rede

50
de alta capacidade de comunicação de dados em áreas sem competição adequada
e a redução das desigualdades". Tais medidas são apontadas no Plano Nacional de
Internet das Coisas – Relatório do Plano de Ação 19.

Redes de comunicação compõem, no âmbito do Projeto do Ambiente de


Demonstração, uma fração do Cenário 0 (como descrito, adiante, na Parte III deste
Documento de Referência):

"A infraestrutura deve considerar a rede física,


equipamentos, estruturas de comunica çã o sem fio
(E xemplo: Duto s, cabo s co nvencio nais, Fibra Ótica,
XDSL, FT T x, WiFi, Mesh, Rede Ca beada, 2G,3G, 4G,
5G, PLC, OPGW, etc.).
Deve co nsiderar a dispo nibiliza ção de
co ncentradores de Dados e Ro teadores, além
senso res e retra nsmisso res essência s para
co nectividade de diferentes soluçõ es tecno ló gicas
(E xemplos: Smart Fones, SCADA, rede de senso res,
HART, WP AN, RFID, V ídeo V igilância, Senso r,
transduto r, atuador, câmera, leito r de RFID,
scanner de có digo de Barras, rastreador de GPS,
etc.).
Deve considera r a disponibilização de Antenas e
tecno lo gia s diversas de telecomunicação
Deve co nsiderar também a dispo nibiliza çã o de
Spo ts de W iFi Free para uso pelos tra nseuntes,
aplica tivos e senso res.
A Infraestrutura deve co nsiderar o posicionamento
da s tecno lo gias po r m apeamento geolocalizado ."

19 Di sp on í ve l em h ttp s:// www . bn d es.g ov. b r/ wps/w cm / con n ect / si te/2 69 b c7 80- 8cd b-4 b9 b- a2 97-
5 39 55 10 3d4 c5 /r e la to rio- fi n a l-p l a n o- de- a cao- p r odu to- 8-a lt er a d o.pd f?M OD =A JPE RE S &CV ID= m 0 j DU o k. A ces so
e m 06 /1 2/ 20 17 .

51
3.5.3. I LUMINAÇÃO P ÚBLICA I NTELIGENTE

Com a transferência, ao ente municipal, em 2015, dos ativos que compõem o


Parque de Iluminação Pública – a partir da Resolução ANEEL n.º 414/10 –, atribuições
relacionadas à operação e manutenção dos pontos de iluminação passaram a
integrar a esfera de atribuições dos Municípios.

É de se reconhecer, contudo, que, após décadas integrando o acervo


patrimonial das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica, mas sem que os
respectivos Contratos de Concessão (federais) impusessem obrigações de
desempenho em relação ao serviço de IP (até porque estar-se-ia extrapolando o
objeto concedido, que é a distribuição de energia), os ativos de Iluminação Pública
por todo o Brasil não receberam, com o tempo, os investimentos em modernização
e eficientização que seriam possíveis, tendo em vista as tecnologias que, com o
passar dos anos, se fizeram disponíveis, inclusive no mercado nacional.

Especificamente quanto às lâmpadas que integram os pontos de IP por todo


o Brasil, são, em sua maioria, constituídas por sódio ou mercúrio. Comparadas às
tecnologias e materiais já disponíveis, estas lâmpadas são extremamente
ineficientes, em termos de luminescência versus consumo energético.

Nesse sentido, a troca das lâmpadas tradicionais, substituindo-as por


lâmpadas mais modernas, especificamente aquelas de tecnologia LED (Lighting
Emitting Diodes), pode conduzir a significativas economias no consumo energético
dos Parques de Iluminação Pública, da ordem de 52% (cinquenta e dois) por cento,
além de melhorar sobremaneira a iluminação das vias, em virtude da possibilidade
de maior direcionamento do feixe de luz.

Além disto, lâmpadas LED possibilitam, quando integradas a um sistema


inteligente, modulação de potência e detecção e correção de falhas nas lâmpadas
por dispositivo remoto (telegestão), o que contribui à redução do consumo
energético e também reduz a necessidade de intervenções em campo (enxugando,
com isto, o custo operacional do Parque, em razão da necessidade de menos recursos
humanos para as intervenções nas lâmpadas e estruturas acessórias).

A conexão entre a gestão inteligente da Iluminação Pública e a concretização


de primados conceituais de "integração" presentes nos conceitos de Cidade
Inteligente é notória. Isso porque, ao se adotar o sistema de telegestão de

52
luminárias, tem-se por resultado uma rede física de transmissão de dados e
informações em tempo real que abrange todas as vias públicas da Cidade (uma vez
que, em regra, os pontos de Iluminação Pública espalham-se por todo o território
urbano).

De fato, luminárias (e hastes) configuram a estrutura mais capilar de uma


Municipalidade. Estão por todas as vias da Cidade, fisicamente próximas de outros
devices IoT que servem a outros serviços e utilidades (semáforos, câmeras, totens,
sensores de lixeiras, sensores de bueiros etc.).

Nesse sentido, (i) sendo o Poder Público Municipal responsável por diversos
serviços e utilidades que envolvem equipamentos instalados nas vias públicas
(semáforos, câmeras de vigilância, placas eletrônicas de orientação aos veículos e
ao público etc.), (ii) estando o Município dotado de rede inteligente que passa por
cada um dos pontos de Iluminação Pública (e, portanto, abrange todo o território do
Município), e (iii) havendo, nessa rede inteligente, espaço para o trânsito de mais
dados e informações, além daqueles destinados à telegestão do PIP, tem sido
frequente, em diversas Cidades no Brasil e no mundo, a configuração de projetos
em que a mesma rede física inteligente destinada à Iluminação Pública é utilizada
para a gestão de outros serviços e utilidades públicas municipais que envolvam
equipamentos situados nas vias públicas, e que possam ser melhorados ou
otimizados a partir de gestão remota em tempo real 20.

É plenamente possível, assim, que a rede inteligente resultante das


estruturas de telegestão implantadas nas luminárias LED seja utilizada como
plataforma de concretização, em nível municipal, dos ideários de Big Data e
Internet das Coisas (IoT) aplicados à Smart City, viabilizando a otimização da gestão
urbana integrada, em múltiplos setores de atuação municipal.

A título de ilustração, quanto aos serviços e utilidades passíveis de integração


à rede inteligente de Iluminação Pública – controláveis por um mesmo "CCO", como
esclarecido mais acima –, vale a abordagem de projeto desenvolvido por Barcelona,
na Espanha, e que conduziu a Cidade à qualificação de Smart City em estudo
classificatório conduzido pela Diretoria de Políticas Públicas do Parlamento
Europeu, publicado em Janeiro de 2014.

O título de Cidade Inteligente foi conferido em virtude da constatação, pelo


órgão, de que a Municipalidade, a partir do projeto, conseguiu, de modo bem-
sucedido, resolver demandas públicas com o auxílio de soluções baseadas em

20 C o n fo rm e A NT UNE S , V i to r Am u r i. P a r c eri a s P úb l i co- P r i vada s pa ra S ma r t C i tie s. R io d e Ja n ei r o: Ed . Lum e n


J ur i s, 20 17 . 2. ª Ed i çã o. P . 57 .

53
Tecnologia da Informação e Comunicação (no caso, a rede inteligente acoplada aos
pontos de Iluminação Pública).

O projeto foi assim descrito 21:

"P rim eiram ente, fo ra m insta lada s luminárias LED


na s vias públicas, que necessitam de muito m eno s
energia que a s lâm pada s tra diciona is. Depo is, as
lum inárias foram equipadas com senso res ca pazes
de captar informaçõ es sobre o ambiente
(tem pera tura, umidade, po luição), bem como
identificar ruído s e presença de pesso as na via
pública.

As luminár ias comunicam-se com cabines de


controle ins taladas nas vias, as quais também
centralizam outros serviços, como a rede pública
de fibra ótica, internet pública Wi-Fi e estações de
locação e recarga de veículos elétr icos .

To da a info rm ação é enviada a um Centro de


Contro le Operacio nal, a partir do qua l é po ssível
mo nitorar e intervir em todo s esses serviço s e
atividades. Os senso res são a pto s a ajustar o nível
de luminescência das luminárias L ED a depender do
ho rário e do fluxo de pesso as na via pública."
(tradução livre)

O caráter de integração entre os diversos serviços e utilidades públicas fica


claro na seguinte ilustração do projeto, extraída do material preparado pelo
Parlamento Europeu:

21 " M app in g Smar t Ci t ie s in t he EU ", di spon í ve l em


h ttp :/ /ww w. e urop a r l. e urop a. eu/ Reg Da ta/ e tud es/ et ude s /j oi n/20 14 /507 48 0 /I POL -I T RE_ ET ( 2 014 ) 5 074 80_E N . p df
( ac e ss o e m 0 9/1 2/20 17 ).

54
Como se vê, a partir dos mesmos equipamentos públicos destinados à gestão
inteligente do Parque de Iluminação Pública (a saber, os sensores instalados nas
luminárias, os concentradores presentes nas vias públicas, os softwares e hardwares
envolvidos no processo etc.), possibilitou-se o trânsito dos dados e informações
necessários à gestão inteligente de múltiplas e distintas utilidades públicas
municipais, todas monitoradas por um único Centro de Controle Operacional.

Os benefícios decorrentes do projeto – o qual, repita-se, conduziu Barcelona


à qualificação de Smart City –, de acordo com a Diretoria de Políticas Públicas do
Parlamento Europeu, foram os seguintes: (i) redução de 40% (quarenta por cento) a
60% (sessenta por cento) no consumo de energia elétrica dos pontos de Iluminação
Pública, proporcionando economias anuais de cerca de 200 (duzentos) GWh,
correspondentes a aproximadamente 22 (vinte e dois) milhões de Euros; (ii)
viabilização de novos serviços e recursos à sociedade (ou seja, a possibilidade de
transitar dados e informações pela rede inteligente estimulou o Poder Público
Municipal ao oferecimento de novos serviços e utilidades, que pressupõem ou são
otimizados pelo mecanismo de gestão remota); e (iii) melhorias na segurança pública
e na qualidade de vida da população.

O espírito da Iluminação Pública Inteligente consiste, efetivamente, em


considerar-se a luminária e sua haste como potenciais dispositivos IoT, servindo,
fisicamente e ciberneticamente, ao trânsito de dados de outros devices.

No Brasil, ainda é recente o movimento de utilização da Iluminação como


plataforma para as Smart Cities. No âmbito das PPPs (Parcerias Público-Privadas)
destinadas a investimentos e serviços em Iluminação – movimento bastante
acentuado entre os Municípios brasileiros (mais de 130 iniciativas municipais), têm
sido integrados outros serviços, aproveitando-se a infraestrutura física e lógica das
luminárias e hastes.

No caso do Município de Itatiba, no Estado de São Paulo, a PPP para Smart


City, anunciada ainda em 2014, envolvia, adicionalmente à modernização das
luminárias por LEDs, diversos serviços relacionados à mobilidade, segurança e
eficiência da Administração Municipal, assim descritos no Edital de Licitação:

"4.1.2. (...) o o bjetivo da CONCESSÃO


ADMINIST RATIV A é – a partir da deleg ação da
operação e manutenção das hastes e demais
infraestruturas de iluminação pública à
C ONCESSIO NÁRIA – viabiliza r a gestão remo ta e
integrada, a pa rtir da im plantação e o pera çã o de

55
um CENT RO DE CONT ROLE OPERACIONAL , do s
seguintes SERV IÇOS:

4.1.2.1. Manutençã o, o pera çã o, eficientização e


co ntrole do pa rque de iluminação pública do
Município , inclusive da iluminação do s pa rques e
pra ça s pública s;

4.1.2.2. Im plantação, o pera ção e manutenção de


sistem a de gestão e medição remota de consumo
de energia elétrica e ág ua nos pr édios públicos do
Município, a pa rtir da instalação de dispositivo s em
cada ponto de m edição de co nsumo do s prédio s
público s m unicipa is, via bilizando o monito ramento
do funcio nam ento do medido r e a leitura do
co nsumo em tempo real;

4.1.2.3. Im plantação, o pera ção e manutenção de


câmeras de vigilância integradas com o sistema de
comunicação a ser implantado com o PROJ ETO
'IT AT IBA: CIDADE + INTELIGE NTE' ;

4.1.2.4. Im plantação, o pera ção e manutenção de


link s de comunicação entre prédios públicos,
devidam ente integrado s ao sistema de comunica ção
a ser implanta do co m o PROJETO 'ITATIBA: CIDADE
+ INTELIGENTE';

4.1.2.5. Im plantação, o pera ção e manutenção de


sistem a de rastreamento de veículos públicos, a
pa rtir do s sistema s de controle e integração a o
sistem a de com unicação a ser im plantado com o
PROJET O 'ITATIBA: CIDADE + INTEL IGE NTE ';

4.1.2.6. Im plantação, o pera ção e manutenção de


monitoramento de segurança dos prédios públicos
do Município, a partir da instalação de dispo sitivo s
de segurança em cada prédio público m unicipa l,
viabiliza ndo o monito ra mento em tempo rea l e a
emissão de alertas quando algum evento estiver
alterado (fo ra do s padrõ es estabelecidos) no s
am bientes mo nito rado s; e

4.1.2.7. Implantação, o peração e m anutenção da


gestão de trâns ito mediante câmeras de
reconhecimento de placa dos veículos (OC R) e da
detecção em tempo real do funcio nam ento dos
semáfo ro s, devidamente integrado s ao sistema de
com unicação a ser implanta do com o P ROJETO
ITATIBA: CIDADE + INTEL IGENTE."

56
Outras iniciativas municipais contemplaram investimentos e serviços
integrados ao Parque de Iluminação Pública, no âmbito de PPPs. Por exemplo,
Guarapuava/PR, Maringá/PR e Dois Vizinhos/PR – nenhuma, contudo, já contratada.

Recentemente, foi anunciada pela Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ a PPP para


Iluminação Inteligente, contemplando, por meio da rede de Iluminação, câmeras de
videomonitoramento e Wi-Fi público, como explicado pelo Prefeito Marcelo Crivella,
em notícia publicada 22:

"Parte dos equipamentos terá câmeras acopladas


par a gerar imagens que ajudem na segur ança
pública. Haverá também antenas de Wi-Fi em
pos tes dentr o de um conceito de Smart C ity
(cidade inteligente). A vantagem da tecno lo gia LE D
é que ela gasta meno s energia que a da s lâ mpadas
com uns".

Vale registrar, nesse sentido, que, de acordo com o Comitê Técnico n.º 268,
instituído pela ISO com vistas a concepção, em 2018, da primeira norma do órgão
direcionada exclusivamente às Cidades Inteligentes – a "ISO 37122 – I NDIC ATORS FOR
S MART C ITIE S " –, as faces da Smart City relacionadas à Iluminação Pública traduzem-
se nos seguintes indicadores:

• Co nsumo de energia elétrica do Parque de


Iluminação P ública não superior a 50% do co nsum o
total de energia elétrica do Município (a dmite-se
entre 15% e 50%); e

• Percentua l do Parque de Iluminação Pública


transfo rm ado em LED e o utras tecno lo gias
energeticamente eficientes.

Também a título normativo, recentemente foi publicada pelo Instituto


Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) a Portaria n.º 20, de 15
de Fevereiro de 2017, que estabeleceu diretrizes técnicas obrigatórias para as
luminárias LED utilizadas na iluminação de vias públicas. Foi fixado, na Portaria, o
prazo de 18 meses, contados de sua publicação, para que todas as luminárias LED
comercializadas no Brasil estejam adequadas aos parâmetros técnicos ali fixados.

22 C on form e h ttp:/ /e p oca n eg o ci os .g l ob o .com / Bra si l/ n ot ici a /2 01 7/ 11 /pr e fe i tur a- d o- r io - la n ca ra- p r e- edi t a l-
p a r a- p ri va t i za r- il um i na ca o- pub l i ca .htm l . A ces so em 1 0/ 12 /20 17 .

57
Iluminação Pública compõe, no âmbito do Projeto do Ambiente de
Demonstração, o Cenário 1 (como descrito, adiante, na Parte III deste Documento
de Referência):

"Uso de sistema e equipam ento s de


telecom unicações integradas ao poste devem
permitir a co nexão po r Rede (sem fio , cabeada s o u
ó ticas).

A ilum inação P ública co m inteligência do poste,


simulando uma rede municipal inteligente pela
co nexã o à rede de comunicação de dado s, que
permita gerenciar dinamicam ente o nível de
ilum inação de acordo com as co ndiçõ es do ento rno ,
avaliando resultado s na eco nomia de energia .

Integra das co m L uminárias L E D, que permita , a


pa rtir de sensores ambientais, variar a intensidade
da iluminaçã o po r faixa de ho rário o u po r detecção
de mo vimento, reduzindo o co nsumo de energia.

Integra das com sistemas de Câ mera s a ssociado s a


detecção de mo vim ento , rada res de controle de
velocidade associa dos a áreas de tra fego urbano .

Integra dos com ba terias para a rm azenamento de


E nergia e Painéis so la res, poderão ativar a
ilum inação em caso s de falta e m anter o fluxo de
da do s em funcio nam ento .

O mesmo sistema de telecom unicações integra das


ao po ste deve permitir a integra ção ao s serviço s de
medição e controle de água, eletricida de,
sanea mento e gá s (Sm art Grid), co ntem plando a
leitura de medido res inteligentes.

Os po stes inteligentes devem permitir a integra çã o


de diversos tipo s de sensores ambienta is (Som ,
Po luição, Chuva s, Ca lo r, de Deslocam ento, entre
o utro s) e ala rm es so noro s e avisos de emergência.

Os senso res instala dos em postes de iluminação


pública, devem ser integrado s co m co ncentrado res
de da dos e com a rede de T eleco municaçõ es, de
fo rm a a distribuir a dado s de energia , Iluminaçã o e
do ambiente público , compartilhando a mesma
infra estrutura de teleco municações.

58
A energia dispo nibiliza da para a iluminação po de
alim entar os sensores e dar funcio nalidades ao s
equipamentos de com unicação .

O cenário deve considerar a integração da Mini e


Micro Geração de energia Renovável (Exemplo -
pa inéis fotovoltaicos e geradores eó lico s), e
sistem as de Respo sta a Demanda de E nergia.

Neste cenário o sistem a de Ilum inação deve ser


pro vido de estruturas que permitam a m edição
exata do co nsumo de energia, co nsiderando a
telegestão e a dim erização das luminárias (sistema
diverso do ado ta do em grande parte do s
Município s, em que o consumo de energia das
lum inárias é pa droniz ado em 11h52m in, po r força
da Reso lução ANEEL n. º 414/10), sendo tal cenário
de utilidade pa ra o esta belecimento de
pa dro nização qua nto ao s requisito s técnico s que
permitirão a m edição dinâm ica .

T ambém neste cenário, o sistem a de Iluminação


deve atender às dispo siçõ es da NBR 5101, que
dispõe so bre os requisito s técnico s obriga tó rio s em
sistem as de ilumina ção pública, e a impla ntação de
lum inárias no Campus do Inmetro de atender à
Porta ria Inm etro n.º 20, de 15 de Fevereiro de 2017,
que intro duziu o Regula mento Técnico da Qua lidade
pa ra Luminárias pa ra Ilum inação Pública Viária,
esta belecendo o s requisito s, de cum primento
o brigatório, referentes ao desempenho e segura nça
de lum inárias LED."

59
3.5.4. M OBILIDADE U RBANA A TIVA E I NTELIGENTE

Um dos mais sérios problemas enfrentados pelas grandes cidades, no Brasil e


no mundo, e que compõe uma das mais relevantes faces da Cidade Inteligente,
refere-se à mobilidade urbana. Quilômetros de congestionamentos se formam,
diariamente, em decorrência de sistemas viários que, por não terem recebido, ao
longo dos anos, os necessários investimentos em ampliação, e melhoramentos,
mostram-se despreparados para o atendimento à demanda de milhões de veículos
automotores, em todos os períodos do dia.

Um sistema de mobilidade urbana está para uma metrópole assim como o


sistema circulatório está para o corpo humano: ele é responsável por nutrir a Cidade,
distribuindo os recursos essenciais ao seu funcionamento e às trocas sociais e
econômicas do ambiente urbano 23.

Pode-se afirmar, assim, no campo da mobilidade, que uma Cidade "saudável"


é aquela em que a circulação de pessoas e coisas se dá com fluidez, sem obstáculos,
sendo que quaisquer interrupções nas vias públicas (sejam tais interrupções isoladas
ou rotineiras) têm comprovado e imediato impacto na saúde da Cidade,
representando óbice às trocas econômicas, sociais e à qualidade de vida da
população.

Parados no "trânsito" e nas filas, tornamo-nos seres improdutivos, deixando


de cumprir tempestivamente com o papel que detemos na sociedade e no sistema
econômico. Congestionamentos nas vias públicas afetam, de modo negativo,
praticamente todos os setores e atores do ambiente urbano.

Compete, portanto, ao Poder Público – especificamente aos Municípios, que


detêm tal atribuição constitucional –, diante deste nocivo e indesejável cenário,
ordenar a gestão do trânsito e, por meio de políticas públicas (adição de modais
ativos, como compartilhamento de bicicletas) e, principalmente, da utilização dos
recursos TIC já desenvolvidos e atualmente disponíveis para a mobilidade,
viabilizar que a circulação nas vias da Cidade seja plena e com o mínimo possível de
interrupções, utilizando-se da gestão inteligente da mobilidade urbana.

23 C o n fo rm e A NT UNE S , V i to r Am u r i. P a r c eri a s P úb l i co- P r i vada s pa ra S ma r t C i tie s. R io d e Ja n ei r o: Ed . Lum e n


J ur i s, 20 17 . 2. ª Ed i çã o. P . 10 4.

60
No tocante ao oferecimento de modais ativos – como as bicicletas e seus
sistemas de ciclovias e/ou ciclo faixas –, estudo cientifico conduzido ainda em 1973
pela Revista "Scientific American" 24 evidenciou ser a bicicleta o meio de locomoção
mais eficiente para um ser humano, aplicando-se a lógica da distância percorrida
versus a energia consumida no processo:

"O hom em em uma bicicleta pode ir de três a quatro


vez es m ais rápido do que o pedestre, ma s usa cinco
vez es meno s energia no pro cesso . Carrega um
gram a de seu peso so bre um quilô metro de estrada
lisa com uma despesa de so mente 0.15 ca lo rias. A
bicicleta é o transduto r perfeito para co mbinar a
energia meta bólica do homem co m a im pedância da
locomoção. E quipado com esta ferram enta, o
ho mem supera a eficiência de não só toda s as
má quinas, ma s to dos o s o utros animais."

Na primeira década do século XXI, contudo, a frota veicular brasileira dobrou


de tamanho, sendo que a malha viária cresceu meros 20%, o que evidencia a
insustentabilidade deste meio de transporte, e a premência de sua substituição por
meios como o deslocamento a pé e as bicicletas.

Nem se diga, aqui, quanto à nocividade dos carros no que tange ao consumo
de combustíveis fósseis, cujo processo de queima mostra-se extremamente agressivo
ao meio ambiente e à saúde dos indivíduos (destaque-se, contudo, o forte
movimento dos veículos elétricos, mais adiante abordados).

Contudo, por mais que estudos e levantamentos científicos realizados há


décadas tendam a induzir os gestores públicos das grandes metrópoles à adoção de
políticas que privilegiem meios de transporte alternativos – como a bicicleta –, os
carros e veículos automotores em geral representam, em nível nacional, uma
realidade contemporânea que não se pode ignorar. É necessário enfrenta-la e, com
o auxílio das tecnologias disponíveis, minimizar seu impacto à sociedade e ao meio
ambiente.

Compete ao Poder Público, portanto, diante desta realidade cuja mudança


ainda demandará algumas décadas em nosso país, fazer uso criativo das TICs para
que os congestionamentos ocasionados pelos veículos automotores que lotam as
vias públicas sejam os menores possíveis.

24 W i lso n, S tu art . S .. Bi cy cl e T e ch no l og y. S ci en ti f ic Am er i can . E UA; Ma r ço d e 197 3.

61
Deste modo, os danos causados ao "sistema circulatório" das Cidades serão
minimizados ao máximo, viabilizando que o período de transição dos meios de
transporte dominantes nas Cidades brasileiras (dos carros para as bicicletas e
sistemas coletivos, como os BRTs – Bus Rapid Transit, preferencialmente aqueles
movidos a energia gerada por fontes alternativas) transcorra da maneira menos
traumática possível, com nossos cidadãos perdendo o mínimo de horas de seus dias
nos congestionamentos.

Com tudo isto, pode-se afirmar que, sem sombra de dúvidas, um dos
principais atributos de uma Smart City consiste na habilidade de o Poder Público
Municipal gerenciar eficientemente o fluxo de veículos nas vias públicas,
empregando-se recursos de Tecnologia de Informação e Comunicação disponíveis
para a melhor gestão do tráfego.

Um dos mais inovadores recursos recentemente concebidos para a gestão


inteligente do trânsito nas vias públicas consiste no "semáforo inteligente", capaz
de, por meio da detecção e análise de dados em tempo real sobre o fluxo de veículos
em determinada via pública, temporizar e ordenar a semaforização, com vistas a
otimizar ao máximo o fluxo de veículos.

É efetivamente inconcebível que, em pleno século XXI, no auge dos


mecanismos de Big Data e Internet das Coisas, os semáforos que ordenam nossas
vias públicas ainda sejam temporizados com base em parcas estatísticas elaboradas
semestralmente (por vezes, anualmente) por agentes de trânsito com suas
"pranchetas", com a contagem manual do número de veículos que passam por dado
cruzamento ao longo do dia, e tal estatística seja tomada de forma estática e ali
impere por seis meses ou um ano, desprezando-se os eventos que, a cada dia, hora,
minuto (e nunca de forma estática), moldam o cenário dos sistemas viários de uma
Cidade.

Com recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação, é possível que os


semáforos dos cruzamentos da Cidade sejam harmonizados em tempo real,
permitindo que vias que estejam, em dado momento, com maior fluxo –
considerando, ainda, a velocidade deste fluxo –, sejam priorizadas, recebendo o
"sinal verde" pelo tempo que mais eficientemente ordenará o fluxo naquele
cruzamento.

62
S em á foro i nte l ig e n te in sta la do em Iva i po r ã/P R

As mesmas tecnologias, dotadas de análise de dados e informações


("analytics"), permitem ao semáforo, além de eficientizar o fluxo de veículos, tomar
decisões humanas (ou "humanizadas"), como, por exemplo, retardar a liberação dos
veículos quando da identificação de uma pessoa idosa ou cega atravessando a rua –
necessitando de maior tempo para concluir a travessia. Abandonam-se as decisões
padronizadas – como a programação semestral do tempo dos semáforos –, passando-
se a decisões inteligentes, tomadas em tempo real, com base em dados capturados
24h por dia.

A partir de tais tecnologias, conduz-se o gestor público às tão sonhadas


onipresença e onisciência quanto aos eventos de mobilidade urbana ao longo de um
dia na Cidade. Permite-se o instantâneo planejamento do fluxo nas vias públicas,
bem como o monitoramento de acidentes ou eventos anormais, através das mesmas
câmeras utilizadas na temporização dos semáforos.

Identificado um acidente de trânsito, por exemplo, o sistema inteligente,


ciente da ocorrência e de seus detalhes, além de reporta-la à Central de Controle do
Município (acionando-se as autoridades competentes), tomará todas as providências
para que as ambulâncias e viaturas oficiais cheguem com prioridade ao local para a
prestação de socorro e atendimento ao evento, sincronizando-se os semáforos de
forma que o deslocamento dos veículos oficiais seja rápido e prioritário
(independentemente da "benevolência" que hoje se espera dos condutores, ao
ouvirem a sirene de uma ambulância que busca chegar ao local de um acidente).

63
A primeira cidade brasileira a contar com um semáforo inteligente em seu
sistema de mobilidade urbana foi Ivaiporã, no Estado do Paraná 25. Ali, os semáforos
inteligentes, instalados em caráter de testes em 2016 e dotados de alimentação
energética por placas fotovoltaicas, foram equipados com Wi-Fi gratuito (num raio
de 300m) e sistema de autuação de infrações de trânsito, identificação de vagas para
estacionamento e liberação de vias para ambulâncias e carros de bombeiros em
casos de emergência.

A aplicação de TICs, no entanto, mostra-se possível – e necessária – em uma


série de componentes de um sistema municipal de mobilidade urbana. Vale
transcrever, aqui, os indicadores considerados pelo Comitê Técnico n.º 268 da ISO,
instituído com vistas a concepção, em 2018, da primeira norma do órgão direcionada
exclusivamente às Cidades Inteligentes – a "ISO 37122 – I NDIC ATORS FOR S MART C ITIE S "
–, no tocante às faces da Smart City relacionadas à Mobilidade Urbana:

• Percentua l das vias públicas co berto po r


sistem a o n-line "real-tim e" de alerta s e
info rmações de tráfego (co m da dos advindos de
aplica tivos de co mpartilham ento de po sição
geoespacia l o u sensores/câmeras instalado s nas
vias;

• Núm ero de usuá rio s de m ecanismos


(aplica tivo s) de compartilhamento de veículos
pa rticula res;

• Percentua l de veículos de baixa em issão


(elétrico s, híbrido s) em rela çã o à frota to ta l do
Município ;

• Núm ero de bicicleta s disponível a través de


sistem a de "bike-sharing" po r 100.000 habitantes;

• Percentua l das linhas de transpo rte público


equipado por sistema de loca liz ação em tempo real
ba sea do em T ICs (com info rm ação ao usuá rio
quanto à posição do veículo );

• Percentua l da rede de tra nspo rtes públicos


do Município co berto por sistema unificado de
pa gamento;

• Percentua l da s vagas de estacio namento


público equipa do co m sistema de pa ga mento
o nline;

25 C o n fo rm e ht tp :/ / tno n l in e.uo l. com .b r/n o ti ci as / re g i a o/ 32 ,395 96 5, 08, 12 , iva i po r a- te sta- sem a fo r o- com - w i- fi-
q ue- s e- au to p rogr am a-d e- a co rd o- com - t ra feg o.sh tm l, a ces so e m 03 /0 4/ 20 17 .

64
• Percentua l da s vagas de estacio namento
público equipado com sistema de monito ramento
de dispo nibilida de em tem po real, ba sea do em T ICs;

• Percentua l dos semáforo s equipado co m


T ICs habilitadas à tempo rização inteligente; e

• Percentua l da área da Cida de coberto por


ma pa intera tivo das via s e das utilidades públicas e
privadas, o n-line e "real-tim e" .

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração, o Cenário 3 (como


descrito, adiante, na Parte III deste Documento de Referência) assim dispõe, sobre
o Controle do Trânsito, Transporte e Veículos:

"Deve permitir a im plantação de etiquetas co m


identificação de veículo s o u sensores veicula res
(E xemplo: ta gs de radio frequência) de fo rma a
permitir a localização e identificação do s veículo s,
integrado s a ba nco de dados de veículo s, vinculado s
a organizações públicas de contro le, identifica ndo
seu esta do e co ndiçã o, e pro blemas de trânsito
enfrentado s nas cidades.

Deve incluir sensores de estacionamento


implantado s nas rua s e senso riamento de via s,
mo nitorado s e identificados e integra do s por
sistem as de geo localização , indicando vagas
disponíveis, e melhores opçõ es para o mo to rista se
deslo ca r, rotas alternativas, desvio s.

Deve inclui sensores em estações/paradas de


ô nibus o u veículo s de circulação interna e
identificar as co ndições externas das vias de trem,
de metro, o u fluvial, indicando co m precisão a
chegada do pró ximo veículo de transpo rte, seu
tem po para chegada e sua lo tação.

Deve integrar co m sem áforo s com LED e perm itir


sina lizações diferenciadas de a co rdo co m o
am biente (setas e aviso s no semáforo).

Deve perm itir integração de dispo sitivo s que


permitam a circulação de Veículo s Autôno mo s e
Sensoriam ento intraveículo s (V2X e V2V)
percebendo esta dos de colisão eminente. Deve
co nsiderar a ava liação de veículo s autô nomo s e
seus critério s de inteligência e segura nça

65
(Co nsidera-se um possível desenvo lvimento de
metodo logia, entendimento dos produto s e
requisito s; em nova á rea de testes em paralelo co m
o a mbiente de demo nstração).

A Central de Com ando e Co ntrole deve receber e


encam inhar as informa çõ es de/para senso res,
po der aj ustar o intervalo e info rmações do s
semáfo ro s, cria r desvio s, fornecer alerta s,
co ntrolar e acom panhar veículo s autô nomo s o u
nã o, em tempo real bem como encaminhar
info rmações para a s estações/para das de ônibus.

E ste cená rio deve co nsiderar so luções de veículo s


elétricos, veículo s conectado s, bicicleta s eléctrica s,
serviço s de carsha ring e bikesharing, a plicações
pa ra estacionamento inteligente, sistemas de
gestã o de trá fego e de fro ta s, etc.

Deve co nsiderar a s so luçõ es urbana s inteligentes na


área da mobilidade sustentável, veículos
inteligentes integrado s (bicicletas, Auto móveis,
ô nibus, trens, navio s e aviõ es) contempla ndo
infra estruturas para veículo s elétrico s, veículo s
co nectado s, bicicletas eléctricas, serviços de
carsharin g e bikesharing, aplicaçõ es pa ra
esta cio nam ento inteligente, sistemas de gestão de
tráfego e de frotas, etc."

66
3.5.5. M ONITORAMENTO I NTELIGENTE DO A MBIENTE U RBANO E P REVENÇÃO DE
D ESASTRES

Trata-se da face da Smart City mais relacionada ao conceito de "Cidades


Resilientes". O ambiente urbano, como se sabe, é constantemente afetado por
eventos da natureza (agravados pela ação humana desmedida ou desprevenida),
como enchentes, deslizamentos, desabamentos, além de outras catástrofes
potenciais nas Cidades brasileiras, como tornados, descargas elétricas etc.

Em que pese a Defesa Civil – encarregada das ações imediatas nos casos de
catástrofes e acidentes como os mencionados acima – constituir uma entidade
vinculada ao Governo dos Estados, é comum que, assim como as Polícias e os Corpos
de Bombeiros (também estaduais), que ocupam, costumeiramente, os Centros de
Comando e Controle das Prefeituras, a Defesa Civil também compartilhar
infraestruturas e informações com as Municipalidades.

É o que se espera, dentro do espírito do federalismo cooperativo.

Nesse sentido, as TICs possuem alto potencial para, por meio de dispositivos
IoT e ferramentas de Big Data, maximizar a resiliência dos ambientes urbanos a
eventos como estes. Sensores IoT instalados nas encostas, monitoramento das
condições meteorológicas em tempo real, o cruzamento destas informações, bem
como o acompanhamento dos sistemas de drenagem da Cidade (bueiros)
compreendem, dentro do espírito da Smart City, ferramentas fundamentais ao
oferecimento de respostas a eventos gravosos e catástrofes urbanas.

Em que pese o Brasil, felizmente, situar-se fora das zonas mais sujeitas à
ocorrência de terremotos, são bastante frequentes e recorrentes eventos
gravíssimos de alagamentos, deslizamentos, desabamentos, entre outros, os quais,
a partir de ferramentas TIC, podem ser melhor absorvidos e tratados/remediados
pelas Cidades.

67
D em o ns tra ç ã o do fun ci on am en to de se n sor e s d e des ab am en to , q ue em it em sin a i s l og o no in í ci o d o pro ce sso
d e d e slo cam en to da te r ra

Adicionalmente, também é relevante, nesta face da Smart City, o


monitoramento inteligente da qualidade do ar, como apontado pelo Comitê Técnico
n.º 268 da ISO, ao estipular o seguinte indicador para a "ISO 37122 – I NDICATORS FOR
S MART C ITIES ": "Número de estações de monitoramento 'real-time' da qualidade do
ar baseadas em TICs, a cada 100.000 habitantes".

Vale, aqui, destacar o conteúdo do Cenário 4 do Projeto do Ambiente de


Demonstração – "Controle do Ambiente Natural e de Desastres":

"Dispo nibiliza ção de Senso res am bienta is,


indicando a co ndição climática e co ndição
am biental, perm itindo a prevenção de desa stres
na tural.

Deve incluir sistema de previsão de enchentes,


deslizam ento s, desa bam ento s e outra s catá strofes
po tencia is nas Cidades brasileiras, com o to rna dos e
descargas elétricas, etc. (simulado s em locais
específico s do Ambiente do Inmetro).

Deve perm itir o contro le e fecham ento de acesso às


rua s, o despacho de am bulâ ncias, envio de
equipamentos pesa dos para rem over o s escom bros,
incluindo a gestão e informação de outro s tipo s de
vias externas (metro s, aéreo e fluvial).

Deve incluir sistema de co ntrole de desastres,


disponibilizando alertas integrados ao s sistemas do
Centro Integrado de Comando e Co ntrole (CICC) e
integração aos sistemas dos departamentos

68
público s (bom beiro s, defesa civil, empresas de gás
e de eletricidade).

Deve co nsiderar soluções urbana s inovado ras na


área do am biente, sistemas de gestão inteligente de
água, sistema s de mo nitorização am biental e
sistem as de mo nitoram ento de tem pesta des e
raio s, etc."

69
3.5.6. S ANEAMENTO B ÁSICO I NTELIGENTE

De acordo com a Lei Federal n.º 11.445/07, que estabeleceu diretrizes


nacionais para o saneamento básico, tem-se no saneamento uma quádrupla face:
(i) abastecimento de água; (ii) esgotamento sanitário, (iii) limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos; e (iv) drenagem e manejo das águas pluviais:

"Art. 3.º. Para o s efeito s desta L ei, considera -se:

I - saneamento básico: conjunto de serviço s,


infra estruturas e insta lações operacio nais de:

a) abastecimento de água potável: co nstituído


pelas a tividades, infraestrutura s e instalaçõ es
necessárias a o abastecimento público de á gua
po tável, desde a captação até a s ligaçõ es prediais e
respectivos instrum ento s de medição ;

b) esgotamento sanitário: co nstituído pela s


atividades, infraestrutura s e instalações
o peracio na is de coleta, transpo rte, tra tam ento e
disposição final adequado s dos esgo to s sanitário s,
desde as ligaçõ es prediais a té o seu la nçamento
fina l no meio am biente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos:


co njunto de ativida des, infraestrutura s e
instalaçõ es o peracionais de coleta , transporte,
transbordo, tra tam ento e destino final do lixo
do méstico e do lixo originário da varriçã o e limpeza
de lo gra douros e vias públicas;

d) dr enagem e manejo das águas pluviais, limpeza


e fiscalização preventiva das respectivas r edes
urbanas: co nj unto de a tividades, infraestrutura s e
instalaçõ es o peracionais de drena gem urbana de
águas pluvia is, de transporte, detenção o u retençã o
pa ra o amo rtecimento de va zões de cheia s,
tratamento e dispo sição final da s á guas pluviais
drena das nas área s urbanas;"

Tendo em vista a definição legal, parece-nos didática a divisão das faces da


Cidade Inteligente relacionadas ao Saneamento Básico também segundo tal
critério:

70
3.5.6.1. G ESTÃO I NTELIGENTE DA Á GUA E E SGOTO

No campo do abastecimento de água, uma das principais contribuições


recentes das Tecnologias da Informação e Comunicação, no contexto das Smart
Cities, refere-se aos hidrômetros inteligentes e seus sistemas de medição
automatizada ("Smart Water Metering").

A leitura presencial dos hidrômetros que compõem um sistema de


abastecimento de água, ponto por ponto, além de revelar-se economicamente
ineficiente (gerando custos operacionais de grande monta às Municipalidades, às
Companhias Estaduais de Saneamento e aos operadores privados, que tendem a ser
repassados aos usuários, por meio das taxas/tarifas), consiste em técnica
absolutamente obsoleta, em vista das tecnologias que se fizeram disponíveis, nos
últimos anos.

Além disto, sistemas analógicos de medição – como são na maioria das


Cidades brasileiras – são muito mais propícios a fraudes, que constituem um dos
principais gargalos nas equações dos contratos firmados neste setor. As perdas
comerciais, como são chamadas as fraudes no setor de saneamento, são
inevitavelmente repassadas às taxas e tarifas cobradas dos usuários, consistindo,
portanto, em obstáculo relevante ao atingimento da "modicidade tarifária"
obrigatória em serviço público de tal essencialidade.

Nesse sentido, o Comitê Técnico n.º 268 da ISO, no âmbito da elaboração da


norma ISO 37122 – Indicators For Smart Cities –, aponta como um dos indicadores
essenciais de inteligência das Cidades: "Percentual de residências/prédios dotados
de medidores inteligentes de consumo de água".

De acordo com o Comitê Técnico, "medidores inteligentes são capazes de


transmitir, em tempo real, o consumo de água em uma residência/prédio. Tal
informação pode ser enviada a um Centro de Controle por diversos meios, inclusive
wireless, oferecendo ao prestador do serviço informações atualizadas que servirão
não somente ao faturamento mais eficiente e confiável, mas ao monitoramento e
planejamento constantes do uso da água, sendo possível aos usuários, ainda,
acompanhar seu consumo em tempo real, por meio de aplicativos".

71
H i d rôme tr o i n tel ig e nte, q ue re m ete i nf orma ç ões a o usu á r i o e a o op e ra d or do sis tem a so br e o con sum o em
te m po r ea l . À e sq uer d a, vi sã o d o "a p l i ca ti vo d o usuá rio" .

TICs podem auxiliar, ainda, no processo de tratamento da água, através de


sensores que, posicionados nos focos de captação da água – ou em suas estruturas
de adução e tratamento –, encaminham informações em tempo real quanto à
qualidade da água, monitorando-se também seu estágio na saída (ou seja, na entrega
ao consumidor final).

Nesse sentido, quanto à utilização de TICs para avaliação da qualidade da


água em seu processo de tratamento e entrega ao usuário, o Comitê Técnico n.º
268 da ISO aponta os seguintes indicadores de inteligência da Cidade:

• Núm ero de esta çõ es de mo nito ramento


"real-time" da qua lidade da água potável ba sea das
em Tecno lo gias da Informa ção e Com unicação , a
cada 100.000 habitantes; e

• Núm ero de esta çõ es de mo nito ramento


"real-time" da qua lidade da água (em sua fo nte)
ba sea das em Tecno lo gias da Info rmação e
Comunicação, a cada 100.000 habitantes.

Quanto ao processo de esgotamento sanitário nas Cidades Inteligentes, o


Comitê Técnico da ISO aponta os seguintes indicadores:

72
• Percentua l do esgo to tratado que é
reutilizado (á gua de reuso);

• Percentua l do lo do que é reutilizado (por


tonela das de ma téria seca) – Minerais e ma téria
o rgânica aplicáveis à a gricultura o u produção de
com bustíveis; e

• Energia (KW h) gerada a ca da ano a pa rtir do


tratamento de esgo to (lo do/biogás).

A partir da reutilização no processo de esgotamento sanitário da Cidade,


inclusive para fins energéticos, mostra-se possível, a partir das soluções acima
descritas, a otimização econômica e ambiental do serviço público.

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para


Cidades Inteligentes, o Cenário 5 consiste no "Controle do Saneamento Básico –
Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário, Resíduos Sólidos e Drenagem de
Águas Pluviais", e é assim descrito, em relação à água e esgoto:

"Deve prever sistema s inteligentes de


abastecimento de água e esgotamento sanitário,
do tado de tecno lo gias que permitam o
mo nitoram ento à distâ ncia e em tempo real do
co nsumo de água nos prédio s do Cam pus,
hidrôm etro s inteligentes (co municáveis com a Rede
Inteligente co nstituída), bem com o a identifica çã o
eficiente de vazam ento s ou ano rmalida des na rede,
com seu aco mpanha mento via Centro Integrado de
Coma ndo e Controle (CICC).

Deve considerar a s tecnologia s de co ntro le de


qualida de da água, reaproveitamento de á gua de
chuva e outras funcio na lidades cria tivas.

Deve prever a a plicação de tecno logias avança das


pa ra o trata mento do esgoto gerado no Campus.

(...)

E ste cená rio deve co nsiderar as so luções urbanas


ino va dora s integra das ao s cenário s na á rea das
redes de energia, á gua, gá s e saneam ento,
co ntemplando Smart Meters, Sma rt Grids,
ilum inação pública inteligente, ma trizes
energéticas alternativas, etc."

73
Mostra-se essencial, nesse sentido, que as funcionalidades e resultados do
tratamento inteligente dos recursos água e esgoto sejam controláveis e
monitoráveis a partir do Centro Integrado de Comando e Controle.

74
3.5.6.2. G ESTÃO I NTELIGENTE DOS R ESÍDUOS S ÓLIDOS

No tocante à Gestão Inteligente dos Resíduos Sólidos, ferramentas de


Tecnologias da Informação e Comunicação tendem a otimizar o processo de coleta
e disposição do lixo residencial/industrial/hospitalar/de construção, bem como
garantir melhores condições ambientais ao processo, além de contribuir à justiça
tarifária.

Atualmente, praticamente todas as Cidades brasileiras que contam com a


"Taxa de Coleta e Disposição de Lixo" aplicam à tributação critério econômico
genérico, geralmente vinculado à área total da propriedade (quanto maior, mais se
paga a título de Taxa do Lixo), ou a fatores macro, como as condições
socioeconômicas de determinada região da Cidade (bairros/regiões/zonas mais
pobres pagam menos).

Em que pese a relevância de, no processo de tributação, aplicar-se camadas


que favoreçam a modicidade aos mais pobres, tais critérios não são totalmente
justos, pois não há qualquer relação direta aparente entre condição econômica da
família e quantidade de resíduo gerado.

A partir de TICs avançadas, é possível, a um custo relativamente baixo (face


aos benefícios trazidos), a implantação de telemetria (individual ou comunitária),
viabilizando que a quantidade de lixo descartada por cada ponto gerador seja
monitorada "real-time", a partir de lixeiras (ou "contêineres") equipadas com
dispositivos IoT habilitados a medir peso e aferir capacidade das lixeiras:

75
S i stem a d e Li xe ir a s I n te l ig e n tes em P or tug a l

No tocante ao monitoramento de capacidade, é possível que os dispositivos


IoT guiem as rotas de coleta, que se orientarão unicamente pelas lixeiras com a
capacidade total atingida. Desta forma, é possível otimizar-se de forma brutal os
custos operacionais do sistema de coleta. Como resultado, tem-se o favorecimento
da modicidade tarifária – fonte essencial para que se invista na instalação dos
dispositivos.

Também integra a face de gestão de resíduos sólidos da Cidade Inteligente o


aproveitamento energético dos resíduos não recicláveis, a partir de plantas de
tratamento que viabilizem a queima dos materiais e a geração de energia e
combustíveis. E, dentro do conceito de integração, mostra-se essencial que os dados
de geração de energia integrem o CCO da Cidade, habilitado ao acompanhamento
quanto ao balanço energético do Município (consumo vs. geração), viabilizando a
tomada de decisões em tempo real pelos gestores (ações de redução de consumo,
ações de maximização da geração etc.).

Este conjunto de condutas integra, de acordo com a ISO, o comportamento


esperado de uma Cidade Inteligente, conforme pronunciamento do Comitê Técnico
n.º 268, que elegeu os seguintes indicadores de inteligência, no tocante a resíduos
sólidos:

• Percentua l da po pulação co m acesso a


equipamentos centr ais (comunitár ios ) de
disposição de resíduos sólidos, equipados com
dispositivos de telemetria (facilida de de ro ta s e de
cálculo );

76
• Percentua l da po pulação co m acesso a
coleta res idencial (door-to -doo r) de resíduos
sólidos, equipada com dispositivos de telemetria;
e

• E nergia (KWh) gerada a cada a no a partir


do tra tam ento de resíduos sólido s não recicláveis.

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para


Cidades Inteligentes, o Cenário 5 consiste no "Controle do Saneamento Básico –
Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário, Resíduos Sólidos e Drenagem de
Águas Pluviais", e é assim descrito, em relação aos resíduos sólidos:

"Deve considera r a dispo nibiliz ação de co letores de


resíduo s sólido s co nectado s po r redes sem fio e
equipado s co m sensores que monito rem o vo lume
do resíduo, da um idade, da tem peratura e o tipo de
co nteúdo existente.

Deve incluir senso res em L ixeiras inteligentes


co nectada s evita ndo tra nsbo rdo e busca quando
cheia.

Deve incluir sistem as de gerenciamento de resíduos


e sensores em Bueiros e o sensoriam ento de duto s
e do s terminais de transbo rdo de á gua e chuvas.

Deve prever sistemas de o timiza ção do custo do


serviço de gestão de resíduo s.

Neste cenário o s da do s e informaçõ es devem ser


com partilhado s co m a Centra l Integra da de
Coma ndo e Co ntrole (CICC) e unidades de
sanea mento e empresas de limpeza e permitindo a
definição do planeja mento das ro tas de coleta ,
atua liz ando os moto rista s dos caminhõ es em tempo
real em rela çã o ao s percurso s, a depender da
situação das lixeira s. Deve prever a integração co m
empresa de manutenção e lim pez a para receber
da do s e otimizar o trabalho de co leta."

77
3.5.6.3. G ESTÃO I NTELIGENTE DA D RENAGEM DE Á GUAS P LUVIAIS

A última das faces da Smart City relacionada ao Saneamento Básico refere-se


à gestão inteligente da drenagem de águas pluviais. Enchentes compõem o
cotidiano de inúmeras Cidades brasileiras, ocasionando perdas econômicas e
impactos sociais gravíssimos (doenças, perdas de bens e equipamentos, destruição
de residências), sendo um gargalo histórico da infraestrutura municipal em nosso
país.

São inúmeras as deficiências nos sistemas de drenagem das Cidades, não


somente em relação à sua capacidade de vazão (afetada, muitas vezes, pela
disposição de lixo em locais inadequados, causando entupimento de bueiros), mas
principalmente em função da adoção de soluções antigas e ineficientes, que
convergem os sistemas de esgoto com os de drenagem, tornando ambas as etapas
mais dificultosas e custosas aos operadores.

No tocante à contribuição das TICs, têm sido cada vez mais testados, nas
grandes Cidades, os sistemas de "bueiros inteligentes", habilitados à detecção
automática de entupimentos e ao envio de informações sobre sua capacidade de
vazão, em tempo real, permitindo à Municipalidade a rápida ação (proativa) na
prevenção de enchentes, antes que as consequências dos
entupimentos/incapacidades se materializem.

78
S en so r d e b ue ir o insta l ad o em S ão P a u lo . F ont e: G l o bo

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para


Cidades Inteligentes, o Cenário 5, "Controle do Saneamento Básico – Abastecimento
de Água, Esgotamento Sanitário, Resíduos Sólidos e Drenagem de Águas Pluviais",
abordará os bueiros inteligentes, que serão testados em ambiente real, no INMETRO.

79
3.5.7. S EGURANÇA P ÚBLICA I NTELIGENTE

Um dos mais graves problemas enfrentados nos grandes ecossistemas


urbanos relaciona-se à violência e à criminalidade. Não obstante a atribuição da
segurança pública compita, em nosso sistema federativo, aos Estados (conforme a
Constituição Federal de 1988), e não aos Municípios, é fundamental que a
abordagem das Cidades Inteligentes perpasse o pilar da segurança pública.

A colaboração das avançadas Tecnologias da Informação e Comunicação na


gestão da segurança pública – seja no tocante à prevenção e ao combate imediato a
eventos de criminalidade, seja na investigação durante os inquéritos e processos
judiciais – chega a níveis incríveis.

Sistemas que fusionam primados da Internet das Coisas e do Big Data têm
auxiliado inúmeras Cidades ao redor do mundo no campo da segurança. Sistemas de
videomonitoramento inteligente, por exemplo, são capazes de, por intermédio de
hardwares e softwares específicos, identificar e analisar comportamentos e
reconhecer faces de indivíduos, cruzando imagens com o banco de dados dos
Poderes Públicos, inclusive das autoridades policiais e judiciais, e gerando alertas
confiáveis e de qualidade, por intermédio de inteligência artificial avançada.

Uma das mais impressionantes soluções de segurança pública já concebidas,


dentro do conceito de Smart City, consiste na "Solução de Consciência Situacional",
desenvolvida pela Microsoft e já implantada em New York, San Diego e Miami, nos
Estados Unidos, bem como no âmbito do Estado de São Paulo, no Brasil, onde foi
batizada de "Detecta".

O Sistema foi inicialmente desenvolvido com o objetivo de preparar os


Agentes responsáveis por emergências para combaterem de maneira mais eficiente
atentados terroristas e desastres naturais contra as cidades, tendo, depois, evoluído
para aumentar a capacidade investigativa e proativa na solução de problemas
urbanos, tornando-se uma eficiente ferramenta à disposição do Poder Público para,
com o auxílio de ferramentas de Big Data, detectar, prevenir e reagir a situações de
emergências típicas e atípicas.

São integrados, na solução, os mais diversos tipos de sensores físicos (Leitores


de Placas, Câmeras de Vídeo, Detectores de Presença, Detectores de Nível de Rios
etc.) e bancos de dados provenientes de quaisquer órgãos e entidades públicas

80
(Secretarias de Segurança Pública, Polícias, Bombeiros etc.), correlacionando seus
conteúdos entre si sob três dimensões (o que materializa o conceito de Big Data):
territorial (onde aconteceu ou onde o sensor está instalado), temporal (quando: dia,
hora, dia da semana, mês, trimestre etc.) e semântico (o que aconteceu).

A partir das informações que chegam ao Sistema por meio destes diversos
componentes e sensores (como, por exemplo, as imagens de uma câmera de
videomonitoramento instalada numa rua, que detectam um motociclista
acompanhando um carro, a seu lado, por mais de dez segundos), tem-se a sua análise
conjuntamente com outras informações e dados (neste mesmo exemplo, o histórico
de ocorrências policiais em que uma motocicleta foi utilizada para assaltar um
condutor de veículo, naquela região), gerando-se um alerta às autoridades, para que
dispendam atenção especial àquele evento (passando a acompanha-lo em tempo
real, no Centro de Controle, acionando-se os agentes policiais se o movimento
evoluir para um assalto, neste exemplo).

Noutro exemplo, a partir de um histórico de atentados terroristas verifica-


dos em dada região, é possível que a Solução passe a atribuir especial atenção a
objetos abandonados em lugares próximos, gerando os alertas e conferindo todos os
subsídios (históricos e em tempo real) para a tomada de providências pelas
autoridades:

" Te la" vi sua l i za d a p e l a P o l í ci a M i li t a r d o E s ta do d e S ã o Pa u lo . F o nt e: Micr os of t

No âmbito do Estado de São Paulo, integram o "Detecta" centenas de fontes


de informação do Poder Público, permitindo que a análise do ambiente (analytics)
seja orientada e cruzada com uma imensidão de dados, a saber: atendimento e

81
despachos 190, 192, e 193; atendimento a serviços municipais 153, 156 e 199;
cadastro de veículos – DETRAN; cadastro de condutores – CNH; registros criminais;
mandados de prisão; mandados de busca e apreensão; medidas cautelares; penas
cumpridas; penas em andamento; Termos Circunstanciados; registros fotográficos
criminais (quadrilhas e indivíduos); multas veiculares e judiciais; boletins de
ocorrência; leitores de placas de veículos; proprietário com mandado de prisão;
veículo furtado e roubado; veículo de interesse de investigação; proprietário de
interesse de investigação; placa furtada ou roubada; operação remota das câmeras;
indexação das imagens históricas; exportação das imagens; visualização vinculada a
alertas e pesquisas; e visualização em tempo real e imagens passadas.

A imagem a seguir retrata o funcionamento do Sistema no cruzamento das


seguintes informações: (i) locais onde uma pessoa presa foi vista anteriormente; (ii)
outros crimes ocorridos nos locais onde esta pessoa foi vista e, a partir do
cruzamento destes dados, tem-se (iii) "possíveis crimes cometidos pela mesma
pessoa" – o que, por certo, consiste em indício, devendo ser objeto da devida
investigação pela autoridade competente:

" Te la" vi sua l i za d a p e l a P o l í ci a M i li t a r d o E s ta do d e S ã o Pa u lo . F o nt e: Micr os of t

A relevância da integração coordenada de todas as informações contidas nos


bancos de dados de autoridades públicas fica clara a partir de um exemplo bastante
simples: no ano de 2013, um boliviano residente em São Paulo/SP passou um mês
preso preventivamente, suspeito de ter matado sua namorada, por envenenamento.
No âmbito das investigações, contudo, descobriu-se, por registros anteriores (mas
tardiamente), que um antigo morador do apartamento também havia falecido
quando ali residia, anos atrás, mas em decorrência de vazamento de gás – não
resolvido após o evento –, a partir do que se concluiu, conjuntamente a outras

82
provas, que a causa mais provável da morte não estaria ligada a alguma conduta do
suspeito preso preventivamente, mas aos problemas e vazamentos na tubulação do
apartamento.

A Solução de integração de dados aqui referida teria sido capaz de, no mesmo
momento da descoberta da morte da moça, correlacionar este evento aos registros
de vazamento de gás de anos anteriores, que levaram à morte do antigo morador do
apartamento, ainda que integrassem bancos de dados de outros órgãos ou
entidades, e muito provavelmente se teria evitado conclusões precipitadas – que
levaram à prisão preventiva do rapaz.

Em relação, especificamente, aos devices para segurança pública, há previsão


de que, conforme antecipado no âmbito do Comitê Técnico n.º 268, a ISO 37122
("Indicators for Smart Cities") disponha, em indicador específico de inteligência da
Cidade, o "percentual da área da cidade coberta por câmeras de
videomonitoramento digital (com comunicação "real-time" com o CCO)".

Existem câmeras, atualmente, que processam e analisam as imagens


internamente, por intermédio de sistemas embarcados. Trata-se de atributo que
tende a auxiliar na otimização da capacidade de transmissão de imagens ao CCO,
filtrando-se eventos relevantes.

Destacam-se, ainda, outros dois indicadores de Cidade Inteligente apontados


pela ISO, no campo da segurança pública: (i) "percentual da população da Cidade
registrada em sistema público de alertas de segurança pública (aplicativo),
capacitado a transmitir mensagens e orientações "real-time", bem como receber
denúncias e emergências online e viabilizar a participação popular em eventos de
segurança pública"; (ii) "número anual de posts das autoridades de segurança
pública em redes sociais, a cada 100.000 habitantes".

Na lógica de integração que compõe a Cidade Inteligente, mostra-se essencial


o papel do Centro Integrado de Comando e Controle no âmbito da segurança pública,
enquanto local físico de tomada de decisão a partir dos alertas gerados pelos
sistemas utilizados. Adicionalmente, relevante também o aplicativo de interação
com o cidadão – viabilizador da colaboração dos indivíduos para com as autoridades
policiais e investigatórias, conforme apontado pela ISO.

O Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades


Inteligentes assim insere a temática da Segurança Pública, no Cenário 6:

"Um do s principa is pro blemas de gestão em no sso


pa ís relacio na-se à segurança pública, que, embo ra

83
de a tribuição precípua do s E stado s, ta mbém se
insere na ma triz municipal, de fo rm a co ordenada.

Neste cená rio serão avalia do s e considerado s o s


sistem as de videomo nito ramento inteligente das
vias pública s, capazes de detectar a glomeraçõ es,
o bjeto s ou co nduta s suspeitas, inclusive po r meio
da integraçã o de câ mera s públicas com câ mera s de
esta belecimentos privado s, de fo rma a m aximizar o
espectro de abrangência da atenção do E sta do,
o ferecendo às a uto rida des públicas, de fo rma
autô no ma (e prévia a qualquer avaliação pelos
agentes público s), a lertas confiáveis so bre tais
o co rrência s, e que permitam a rá pida a tua ção de
agentes de segurança, integrados os organismos de
segurança (E xemplo : Bombeiro s) pelo s meio s
adequados (terrestre, a éreo etc.), a partir de um
único Centro de Coma ndo e Controle.

Considera senso res instalado s na Rede Inteligente


(utilizando-se da s m esm as infraestruturas, por
exem plo, da Iluminação Pública) para detectar tiros
de a rma de fogo, info rmando co m precisão a origem
do s disparo s e até m esmo o ca libre da arma
utilizada.

Considera botões de P ânico instala dos na s vias


integrado s as redes inteligentes.

Considera a fo rmação de Ilumina çã o para


aco mpanham ento e sinaliz ação de locais de
o co rrência s.

Deve co nsiderar o uso de câmera de segura nça


pública para identifica ção de indivíduos po r
sistem as de inteligência, integra do s ao banco de
da do s de o rga nismo s público s e busca em ba nco de
da do s das entidades de segurança pública.

Considera também a lertas gerados pelo sistema,


que serão mo nito rado s pelo Centro Integrado de
Coma ndo e Co ntrole (CICC), responsá vel pelo
despa cho de agentes para atendimento às
o co rrência s, integrado s com o rga nismo s público s
(E xemplo Segurança e Bombeiros)."

84
3.5.8. G ESTÃO E NERGÉ TICA I NTELIGENTE

Em decorrência das atribuições e competências constitucionais que lhes são


estabelecidas, os Municípios constituem um dos maiores consumidores de energia
elétrica de todo o sistema. Iluminação Pública, Semaforização, Saneamento Básico,
Operação de Prédios Públicos, VLTs (Veículos Leves Sobre Trilhos), entre outros, são
alguns dos relevantes centros de consumo energético de uma Municipalidade.

Em que pese a Resolução n.º 414/2010 da ANEEL garantir condições


diferenciadas de tarifação aos Poderes Públicos, tem-se na energia elétrica uma das
maiores despesas mensais das Municipalidades, sendo essencial, assim, não somente
pelo viés econômico, mas de sustentabilidade, a adoção de práticas inteligentes para
o consumo racional e a geração de energia pela Municipalidade.

Condutas como a modernização dos edifícios públicos (iluminação e


mecanismos de climatização, por exemplo, energeticamente eficientes) e
modernização das luminárias públicas para LED (conforme explicado mais acima)
são condutas que, no campo do Poder Público Municipal, auxiliam na gestão mais
eficiente dos dispêndios energéticos da Municipalidade.

Quanto à geração – ou seja, a ideia do Município gerador, ocupando posição


ativa no sistema elétrico –, destacam-se medidas como implantação de usinas de
geração de energia a partir do esgoto e do lixo coletado, bem como instalação de
placas fotovoltaicas no topo de estruturas como semáforos, luminárias, pontos de
ônibus, topos de prédios públicos, enfim, bem como a disponibilidade de estruturas
de armazenamento da energia gerada, a fim de fazer face a indisponibilidades da
rede elétrica ou mesmo lançar-se no sistema o quantitativo gerado (creditando-se o
Município, como um micro ou mini gerador).

No tocante aos usuários privados – que, em nosso sistema federativo, são


atendidos pela União Federal, por intermédio de suas Concessionárias de
Distribuição de Energia –, destacam-se os Smart Meters, ou medidores inteligentes,
capazes de transmitir, em tempo real, o consumo de energia aferido em determinada
residência/prédio, tanto ao usuário quanto à Distribuidora, permitindo, assim,
consumo mais eficiente e controlado, além de custos operacionais de leitura muito
mais enxutos na prestação do serviço.

85
E xemp l o de Smar t Me te r

De acordo com o Comitê Técnico n.º 268 da International Standardization


Organization (ISO), os indicadores de Cidade Inteligente relacionados à gestão
energética eficiente são os seguintes:

• Percentua l do s edifício s públicos que


requerem intervenções de mo dernização em seu
co nsumo energético (ex. Iluminação LE D,
climatização inteligente etc.);

• Percentua l do Parque de Iluminação Pública


transfo rm ado em LED e o utras tecno lo gias
energeticamente eficientes;

• Co nsumo de energia elétrica do Parque de


Iluminação P ública não superior a 50% do co nsum o
total de energia elétrica do Município (a dmite-se
entre 15% e 50%);

• Percentua l da energia co nsum ida na


Municipalidade que é o riginada de fo ntes
descentralizada s (pla ca s fo to vo ltaicas em po nto s
de ô nibus, to po s de prédios etc.)

• Ca pacida de m unicipa l de arm azenamento


de energia (KWh) per capita;

• Percentua l das residências/prédio s


equipado s com medido res inteligentes de co nsumo
elétrico;

86
• Energia (KW h) gerada a ca da ano a pa rtir do
tratamento de esgo to (lo do/biogás); e

• Energia (KW h) gerada a ca da ano a pa rtir do


tratamento de resíduo s só lidos não recicláveis.

Efetivamente, estão sob o espectro de alcance das Municipalidades, no Brasil,


apenas alguns destes indicadores. Um programa abrangente de Smart Meters,
efetivamente, depende da atuação da União Federal, juntamente com as
Concessionárias de Distribuição, reguladas pela ANEEL.

É essencial, contudo, que, no tocante às atribuições que lhe cabem, o


Município detenha, a partir do CCO, informações em tempo real acerca do balanço
energético municipal: quanto gerado, quanto consumido, considerando-se todas as
funcionalidades Smart acima descritas.

Nesse sentido, o Cenário 7 do Projeto do Ambiente de Demonstração de


Tecnologias para Cidades Inteligentes assim dispõe:

"E ste cenário prevê a aplicação de so luções que


po ssibilitem , através das estrutura s que se situam
na s vias públicas (de contro le da s Municipalidades)
associado s com a geração e a rmazenam ento de
energia pa ra suporte à s tecno lo gias loca is, como
po ntos de ô nibus, po ntos de iluminação pública,
estruturas semafó rica s, uso de to po s de prédio s
pela geração de energia limpa, como por fonte
so lar, eólica o u pela circulação de pesso as e ca rro s
na s via s pública s por piso -elétrico s, e que possa ser
empregada na o peração dos equipa mento s público s
(lum inárias, semáfo ro s, câ meras), bem co mo a
energia ser la nçada no sistema, se excedente
(caracteriza ndo -se o Município como gerador),
receber os créditos co rrespondentes àquilo que
lançar no sistema (na relaçã o junto à Distribuidora
de E nergia E létrica)."

87
3.5.9. C ONSTRUÇÕE S E E DIFICAÇÕES I NTELIGENTES

De acordo com a International Standardization Organization (ISO), edificações


inteligentes dialogam com a temática das Cidades Inteligentes à medida em que,
através de métodos construtivos e estratégias de gestão dos edifícios, tem-se não
somente a redução de seu consumo energético, mas a otimização da relação da
edificação com inúmeros outros recursos – água e gás, por exemplo.

Nesse sentido, são indicados, pelo Comitê Técnico n.º 268, responsável pela
elaboração da norma ISO 37122 (Indicators For Smart Cities), inúmeros selos e
certificações que podem/devem ser consideradas na aferição da inteligência de
determinada edificação, pública ou privada.

Algumas das certificações reconhecidas pelo órgão:

• BREE AM (Building Re search E stablishment


E nvironmental Asse ssmen t Meth od);

• LEE D (Leadership in En erg y and


E nvironmental De sign);

• C ASBEE (Comprehe nsive Asse ssment System


for Bu ild ing Environ men tal E fficiency);

• BOM A BE ST (Canada);

• BC A Green M ark.

No contexto das Cidades Inteligentes, de fato, mostra-se fundamental a


observância aos mais avançados padrões de neutralização dos impactos de
edificações ao meio-ambiente, inclusive no tocante a prédios públicos da
Municipalidade – cuja construção, gestão e manutenção está, de fato, sob o
controle do Poder Público Municipal.

Outra série de medidas relacionadas à sustentabilidade das edificações e à


aplicação de tecnologias em sua gestão são descritas no Cenário 8 do Projeto do
Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes:

88
"Neste cenário serão co nsiderada s a impla nta ção
de edifícios inteligentes, dotados de alto gr au de
sustentabilidade, com ges tão inteligente do
consumo energético e de recurs os como água e gás ,
geração pr ópria de energia (como por placas
fotovoltaicas e es tr uturas de geração eólica),
telhado ver de, monitor amento de áreas restr itas ,
entr e outr as f uncionalidades.

E ste cená rio co mpo rta a s tecno lo gia s de Medição


inteligente (Sma rt Meters) e dispo sitivos de
com unicação associado s.

Considera as soluções urbanas inovadoras na área


da construção e reabilitação sustentável e das
infraestruturas ver des, contemplando materiais
inteligentes, novas técnicas cons tr utivas,
integração de energias renováveis , painéis s olares,
etc.

O Cenário co nsidera interfaces co m a ANE EL e


eventua is Distribuido ras de E nergia E létrica
interessa das em co ntribuir com o Proj eto.

E ste cenário também co nsidera a integração de


po límeros plástico s, baterias de armaz enamento e
recarga, gerado res eólico s, piso s elétrico s.

T ambém co nsidera a integração da Mini e Micro


Geração de energia Renová vel (Exemplo - painéis
fo tovoltaicos e gerado res eólico s), e sistemas de
Respo sta a Dem anda de E nergia.

O cenário deverá ser pro vido de estruturas e


dispositivo s que perm itam a medição exata da
geração e do co nsumo de energia, considera da a
telegestão , sendo tal cenário de utilidade para o
esta belecimento de padro nização qua nto ao s
requisito s técnicos que permitirã o tal m edição
dinâmica."

É fundamental, dentro da lógica integrativa da Cidade Inteligente, que o


Centro Integrado de Comando e Controle detenha o pleno monitoramento do
funcionamento dos edifícios públicos e seu consumo de recursos, atribuindo-se
previsibilidade aos gastos e dispêndios da Municipalidade.

89
3.5.10. G ESTÃO I NTELIGENTE DA S AÚDE P ÚBLICA

Um dos campos da atuação pública que mais vem sendo impactado pelas
inovações em TICs é a gestão da Saúde. Principalmente no campo do Big Data e
inteligências artificiais desenvolvidas, notadamente de tecnologia cognitiva, os
avanços proporcionados são extremamente impactantes no ecossistema social, e
estão, sem dúvidas, na pauta das Smart Cities.

O domínio sobre uma massa inacreditavelmente grande de dados e


informações (Big Data) – e, dentre tais elementos, prontuários completos sobre
determinado paciente e a mais avançada literatura médica, de forma aplicada –
concebeu, nos últimos anos, uma espécie de "médico perfeito", baseado em
tecnologia cognitiva, e capacitado não somente ao oferecimento do "diagnóstico e
tratamento perfeitos", como também a aprender continuamente com os casos e
resultados.

Um dos casos mais impactantes deu-se com o Watson, ferramenta de


tecnologia cognitiva desenvolvida pela IBM, e que vem sendo aplicada com sucesso
no campo da saúde 26:

"Onco logia

O Watso n po de reco mendar terapias contra câncer a partir


do cruzam ento da litera tura científica com da dos clínico s e
genético s do paciente. A funcio nalida de é desenvolvida em
pa rceria com o Memo rial Sloa n Kettering Can cer Cen ter , de
No va Yo rk. 'O Wa tso n não diz qual é o melho r, ma s traz
todo s o s po ssíveis tratamentos onco lógicos e suas
evidência s científicas, inclusive com gra u de risco e efeitos
cola terais', explica E dua rdo Cipria ni, líder para IBM W atson
Health no Brasil.

Além de empo derar para a to mada de decisão , a tecnolo gia


aj uda o profissio nal a se aproxima r do paciente, acredita
Cipriani. 'Boa parte do tempo do o ncolo gista, hoje, é gasto
com tra balho o peraciona l, co mo coletar info rmações e
relaciona r com manuais e pro tocolo s. O Watso n auxilia

26 C o n fo rm e h ttps :/ /ww w. ibm.com / b l og s/ ro b e rt oa /2 01 7/0 3/co n he ca- o- wa tso n- e- se u- uso- na- saud e/ . A ce sso
e m 08 /1 2/ 20 17 .

90
nessa etapa , e o médico tem mais tempo pa ra promo ver
um a maio r interação co m o pa ciente.'

Análise do geno ma de tumores

O mapea mento genômico de tum ores é uma da s fo rmas mais


avança das pa ra identifica r tratamentos eficazes co ntra a
do ença. Quanto ma is rápido o resultado, melho r pa ra o
pa ciente, que po de lo go iniciar a terapia . Para acelerar esse
processo, o Wa tso n vem sendo treina do por centros de
medicina diagnó stica, inclusive no Brasil.

'Um cientista leva geralmente três sema nas para a nalisar as


info rmações do sequenciamento e indicar as dro gas mais
eficientes. O Watso n, por sua vez, já realiza esse trabalho
em 10 minuto s', afirm a Cipria ni."

Ro b ô W a tson. F on te: I BM

Há desafios, contudo, que se põem no caminho para que se atinja grau


compatível com a aplicação de ferramentas cognitivas. Por exemplo, a
disponibilização de atendimentos e prontuários passados de cada indivíduo de forma
centralizada e em sistema único e online, acessível por qualquer prestador de
serviços de saúde, como indicado pela International Standardization Organization
(ISO), pelo Comitê Técnico n.º 268.

Adicionalmente, outras Aplicações Smart colocam-se no caminho para o


atingimento da inteligência plena da Cidade no campo da Saúde. Por exemplo, a

91
realização assídua de consultas médicas por ferramentas como a videoconferência,
bem como a interação entre paciente-prestador por ferramentas online.

O propósito é reduzir ao máximo a necessidade de deslocamentos e


atendimentos presenciais, em vista da frequente incapacidade física de alocação de
todos os pacientes da rede pública. Tal movimento foi, recentemente, denominado
"telemedicina".

Vale destacar os quatro indicadores tidos pela International Standardization


Organization (ISO), notadamente pelo Comitê Técnico n.º 268, como determinantes
da inteligência da Cidade na área da Saúde:

• Percentua l da po pulação da Cida de com


acesso a sistema único, centraliza do e o nline
quanto à s informaçõ es de atendimentos e
pro ntuário s passado s do indivíduo, acessível pelo s
diversos presta dores de serviço s de saúde (públicos
e privado s);

• Núm ero a nua l de co nsultas médicas do


sistem a público de sa úde rea liza das à distância,
através de ferram enta s de telecom unicações o u
videoconferências o nline, a cada 100.000
ha bitantes;

• Percentua l da população da Cidade


registra da e co m acesso a aplicativo s de informação
pública so bre qualida de do ar e da á gua; e

• Percentua l da área da Cida de co berta po r


sistem a de ma peamento de ra diação de campo s
eletrom agnético s.

No âmbito do Projeto do Ambiente de Demonstração de Tecnologias para


Cidades Inteligentes, o Cenário 9 contempla, com vastidão, ações Smart relacionadas
à gestão da Saúde:

"E ste cenário co ntemplará o mo nitoram ento, em


tem po rea l, de eventos e dados que interfiram na
saúde e qualida de de vida nas Cidades, tais como
indicado res epidem io lógicos e gestão inteligente da
saúde, a gendamento eficiente de co nsultas e
atendim ento s diversos, gestão de medicam ento s e
recursos em ho spitais e po sto s de saúde etc.

92
O cená rio também contemplará a gestão inteligente
de am bulância s (incluindo GP S pa ra o
rastreamento ) e atendimento s de urgência nas
Cidades, permitindo que a info rmação so bre
determ inada urgência seja integrada ao
funcio nam ento da Cidade como um todo (po r
exem plo, co m a tem porização do s semáfo ro s de
fo rm a a utomática, para permitir o rápido
deslo ca mento de ambulâncias).

Neste cená rio serão testa das tecno logia s de Sa úde


e so luções urbana s inovado ras, ba seadas em
tecno lo gia s de inform ação e com unicação ,
o rientadas pa ra a promo ção da qualidade de vida
do s cidadão s, em áreas co mo saúde, educação,
turismo , cultura, incluindo a s tecno lo gias vestíveis
e moveis que integram o cidadã o a cidade, etc.

Contempla o uso de tecno lo gias pelo Cidadão para


mo nitoram ento de saúde ou qua lidade de vida (Com
senso res Vestíveis – "Wearables"). Inclui sensores
de m onitoram ento de saúde inco rpora dos a os
pa cientes de risco, permitindo o aco mpanha mento
de pa cientes e indica ndo seu estado e o envio de
histó rico s m édico s pessoais para atendimento em
diferentes ponto s com informaçõ es atualizadas
dinamicam ente. Considera -se também os
dispositivo s vestíveis com sensores para
mo nitoram ento do s sinais vita is de ido sos e
pa cientes co m deficiência .

Contempla ta mbém tecnolo gias de assistência a


distância no conceito de telem edicina e
aco mpanham ento de idosos e pesso as vulneráveis
po r clinicas, hospitais e consultó rios. Inclui supo rte
remoto a diagnó sticos e treinam ento o nline de
pro fissiona is em regiões remo ta s.

Neste cenário o s dado s dos cida dão s com co ndiçõ es


especiais po dem ser integra do s aos sistemas de
co ntrole público, vias, semá fo ros e instituiçõ es
públicas, gera ndo melhores condições de
deslo ca mento e acesso prio riz ado s nas dimensões
públicas o u priva das.

Considera tam bém o acompanhamento de


pa cientes, pro ntuário s eletrô nico s, aplica tivos
móveis para a compa nham ento de a tividades físicas,
integrado s ao ba nco de da dos de pa cientes.

O cenário considera a Integra çã o com ba nco de


da do s das esco las pública s e privada s nas

93
diferentes entidades esco lares para o
desenvolvimento do cida dão co m condições
especiais.

Considera os dado s de saúde integra do s com


sistem as de esco las públicas, prevenindo e evita ndo
co nta minaçõ es.

Considera também o s movim ento s escolares


integrado s ao contro le de tra fego , reduzindo
tráfego urbano e favo recendo vias de deslocamento
e diminuindo o risco de acidentes."

94
3.5.11. G ESTÃO I NTELIGENTE DA E DUCAÇÃO P ÚBLICA

No tocante à Educação, a agenda das Cidades Inteligentes é bastante


diversificada, como se observa a partir do pronunciamento do Comitê Técnico n.º
268 da ISO, especificamente quanto aos indicadores deste campo:

• Núm ero de título s (livro s, perió dico s)


disponíveis o nline em sistema público, a cada
100.000 ha bita ntes;

• Porcentagem da população com


pro ficiência em um a ou m ais línguas estra ngeira s;

• Núm ero de co mputado res, lapto ps, tablets


o u similares disponíveis na rede pública, a cada
1.000 estudantes da rede;

• Núm ero de gra dua dos em Ciências E xatas,


T ecno logias, E ngenharia e Ma temática a ca da
100.000 ha bita ntes.

95
3.5.12. A DMINISTRAÇÃO P ÚBLICA I NTERATIVA E I NTELIGENTE

Trata-se de cenário atual que, possivelmente, mudará num futuro não tão
distante. Todavia, é uma realidade indiscutível que os smartphones e seus
aplicativos constituem, hoje, o mais eficiente canal de interação entre um
indivíduo e pessoas/serviços/órgãos públicos.

Nesse sentido, a fim de viabilizar maior interação entre a Administração


Municipal e os cidadãos, possibilitando, assim, a gestão colaborativa dos espaços e
serviços públicos, têm sido cada vez mais empregados os denominados aplicativos
da Cidade Inteligente.

A ideia é a de concentrar, numa só plataforma, todas as possíveis interações


entre a gestão municipal e o cidadão, nas mais diversas áreas, como mobilidade
(horários e posição de ônibus em tempo real, por exemplo), saúde (agendamento de
consultas e pesquisa de tempo de espera em postos de saúde e hospitais), segurança
pública (denúncias, botão de pânico etc.), gestão de vias (alerta de buracos etc.),
entre outras muitas utilidades públicas.

A interação entre o cidadão e a gestão da Cidade deve se dar diretamente


com o Centro Integrado de Comando e Controle, viabilizando que cada cidadão se
transforme em, além de um usuário plenamente conectado aos serviços da Cidade,
um verdadeiro agente colaborativo. A partir de aplicativos de interação, o Poder
Público Municipal consegue contar com os "serviços" de todos os cidadãos
conectados, atingindo um número sem precedentes de agentes públicos.

A pl i ca ti vo d a C i da d e de Ba r uer i , qu e conce n tra s ér i e d e se rvi ço s e u ti l i da d es i n tera ti va s co m o c i da dã o .


F on te: P r ef ei tu ra d e Ba r u er i/SP .

96
Destacam-se, nesse sentido, os indicadores apontados pelo Comitê Técnico
n.º 268 da ISO, relativamente aos serviços disponibilizados eletronicamente ao
cidadão:

• Percentua l do s serviços da Cidade


acessíveis online, po r a plicativo ; e

• Tempo médio de respo sta (em dia s) a


requisiçõ es não-emergencia is feitas pelo aplicativo .

É também um instrumento relevante, na lógica urbana de uma Smart City, os


diversos Totens eletrônicos posicionados ao longo das vias públicas, dotados de
capacidade de transmitir dados ao CCO tanto quanto os smartphones, bem como
exibir informações relevantes ao cidadão:

T ot em i n stal a d o em S a l va d or/B A

A integração da interface do cidadão com o Centro de Comando e Controle


deve ser absoluta, tal como disciplinado no Cenário 10 do Projeto do Ambiente de
Demonstração:

"E ste cenário co nsidera a implantação do Centro


Integra do de Co mando e Contro le (CICC) para
gestã o integradas e o bservação dos resultado s de
Sistema s Público e Senso res disponibilizado s para
Ava liação do Gestor Público .

97
Contempla Sistema s de Toma da de Decisão e de
Algoritmos de Análise e P redição da Informa çã o.

E ste cená rio co ntemplará a integração entre o CICC


e sistema s público s, a interco nexão entre o s
dispositivo s de co municação entre o s sistemas
públicas dispo nibiliz ado s em diferentes lo cais
físicos (prédios), bem co mo com o s diverso s
dispositivo s inteligentes instala dos nas vias, bem
como os totens, que centra lizarão a co municação
com o Cidadão , juntamente com o a plicativo de
interação com cidadão.

Permitirá soluçõ es destina das a co nsubstanciar


toda a m assa de utilidades públicas descrita no s
cenário s 1 a 8, em dispo sitivo s mobiles e web, a ser
co nsumido pelos cidadã os e pelo s a gentes público s,
como uma plata fo rma de integra ção entre o P oder
Público e o cidadão.

Prevê o provimento de soluções para as po ssíveis


mo dalidades de interface da Adm inistração Pública
com o cida dão , como tem po de espera em hospitais,
agendamento de co nsultas, em ergências, aviso de
acidentes, horário s de ô nibus, entre outras diversas
utilida des públicas, que deverão ser centralizadas
em soluçã o unívoca .

E ste cenário integrará os resultados o btido s pelos


dema is sistema s e cená rio criado s, perm itindo a
integração e interopera bilidade de soluçõ es num
mesmo ambiente.

Considera soluçõ es inteligentes de e-government,


pla tafo rmas de dado s aberto s, ferramentas de
suporte à pa rticipação pública e cida dania,
sistem as de m odernização e simplificação
administrativa, sistema s de gestão e co ntrole
público e privado, volta dos para o município, para
o empresá rio e para o cidadão etc."

98
4. D ESAFIOS PARA O C ONSUMO E FICIENTE DE T ECNOLOGIAS A VANÇADAS E S OLUÇÕES
S MART PELAS C IDADES B RASILEIRAS

Sendo objetivo principal do Projeto o aprimoramento da capacidade


tecnológica e empresarial da cadeia de suprimentos do segmento das Smart Cities
no Brasil, mostra-se essencial a análise dos efetivos desafios que se colocam na
implementação de soluções TIC para prestação de serviços públicos municipais. O
presente Projeto será valioso ao ecossistema das Cidades Inteligentes brasileiras à
medida em que tais desafios forem superados – ou, ao menos, minimizados – a
partir do desenvolvimento e da observação contínua e permanente dos resultados
do Ambiente de Demonstração.

Vejamos, a seguir, tais desafios.

99
4.1. A SSIMETRIA DEC ONHECIMENTOS E DE I NFORMAÇÕES E NTRE OS M UNICÍPIOS E O
M ERCADO D ESENVOLVEDOR DAS S OLUÇÕES

Soluções TIC, principalmente nos campos da Internet das Coisas e do Big Data
como as mencionadas acima, têm sido mundialmente propagadas como verdadeiras
soluções para antigos problemas das metrópoles. No Brasil, são inúmeros os Fóruns,
Simpósios, Encontros e Feiras destinadas à disseminação de conceitos e revelação
de novas soluções para demandas públicas do ambiente urbano.

Tal movimento, contudo, é recente, não sendo incomum que gestores


públicos municipais no Brasil, até mesmo em Cidades médias e grandes, sequer
tenham "ouvido falar" de soluções Smart aplicáveis à gestão de serviços municipais,
tampouco de mecanismos de "IoT" e gestão de Big Data, carecendo ainda de
conceitos básicos neste campo.

Não é surpreendente – nem recriminável – tal lacuna de conhecimentos. Isso


porque:

(i) a temá tica da s TIC avança das (a plicada s ao s


serviço s públicos) lida, essencialm ente, com
pro dução de inovação, e, co mo é sabido, tal
pro dução o corre, majo ritariam ente – co mo é
esperado –, no seto r privado , sendo certo que tal
migração de tecno lo gias e co nhecimentos a o setor
público municipal, fenô meno que materializa as
Smart Cities, sempre requer tempo para supera çã o
de o bstá culos e estruturação de contratações
públicas com plexa s;

(ii) se está a tra ta r de movim ento


extrema mente novo, sendo que a té mesm o pa íses
de pro dução tecnoló gica ma is avança da
reco nhecem que ainda engatinham
(com parativam ente com os reais potenciais) na
aplica çã o eficiente e segura de recurso s avançados
de TIC na gestão pública de Cida des;

(iii) devido à polarização do s Fóruns, Sim pósio s,


E ncontro s e Feiras sobre a temática da s Sma rt Cities
em gra ndes capitais brasileiras (São Paulo, Curitiba ,
Rio de Janeiro etc., que sediaram o s último s
grandes enco ntro s naciona is so bre o tema, no s
último s cinco ano s), muita s Municipa lidades
pequenas e médias, do interio r do s estado s, é
inca paz financeiram ente de encaminhar seus
representa ntes para que vivenciem o esta do da a rte

100
da s tecno lo gias aplicá veis à gestão de Cidades
Inteligentes (em que pese a dissem inação de vá rio s
destes co nteúdos a través da Internet e grupo s de
com partilhamento de ma teriais); e

(iv) é ainda escassa a pro dução aca dêm ica


na cio na l e a o ferta de curso s (especia liza çõ es, por
exem plo) em gestão pública de Internet das Co isas
e Big Data, o que dificulta a propa gação destes
co nceitos no setor público – em que pese ocuparem
um a da s principa is pautas da s TIC em âm bito
privado .

Tal assimetria de conhecimentos possui um duplo efeito negativo: (i) de


imediato, traz barreira ao surgimento de novos projetos e iniciativas municipais
(visto que conhecer as tecnologias e seus potenciais é o primeiro passo para que se
pense em sua efetiva absorção na gestão da Cidade); e (ii) em relação aos possíveis
projetos aplicáveis a determinada Cidade, dificulta/inviabiliza o planejamento e a
modelagem das contratações públicas necessárias (aquisição de produtos e serviços,
Concessões, Parcerias Público-Privadas e outros arranjos), conforme explicado
adiante.

101
4.1.1. D IFICULDADES NO P LANEJAMENTO E M ODELAGEM DAS C ONTRATAÇÕES P ÚBLICAS
(A QUISIÇÃO DE P RODUTOS E S ERVIÇOS , C ONCE SSÕES , P ARCERIAS P ÚBLICO -P RIVADAS E
O UTROS A RRANJOS )

A legislação brasileira oferece, atualmente, diversas modalidades de


contratação hábeis a conduzir a Cidade à absorção de novas Tecnologias da
Informação e Comunicação. Cada espécie contratual possui seu delineamento e
regras específicas, aplicáveis às licitações e contratos que deverão ser celebrados
pela Municipalidade.

No tocante à simples aquisição de produtos e serviços Smart, devem ser


observadas as disposições da Lei Federal n.º 8.666/93 e a legislação municipal
porventura existente sobre o tema; as Concessões são regidas pelas regras
específicas da Lei Federal n.º 8.987/95; quanto às Parcerias Público-Privadas, há a
Lei Federal n.º 11.079/04 (e eventual legislação do Município sobre as PPPs);
mencione-se, ainda, os Termos de Cooperação Não-Onerosa e os modernos e
diversos arranjos possíveis sob a égide da Lei de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei
Federal n.º 13.243/16).

Todavia, independentemente da estrutura contratual que a Municipalidade


julgue adequada para o consumo de determinada TIC (a partir de profunda reflexão
sobre diversos aspectos específicos de cada demanda pública), mostra-se obrigatória
a delimitação, já nos processos licitatórios (e mesmo nos chamamentos públicos e
procedimentos simplificados de seleção), das características esperadas para o
provimento TIC e dos resultados esperados em sua adoção.

Noutras palavras, toda contratação pública brasileira deve apresentar-se ao


mercado acompanhada de documento técnico (geralmente denominado "Termo de
Referência"), que contenha a máxima delimitação daquela pretensão pública.

E, de fato, para a concepção de Termos de Referência adequados, que


precisem as características relevantes no tocante a determinada TIC (notadamente
em quesitos como interoperabilidade, cibersegurança, etc.) e promovam a
competitividade nos certames, a ausência de conhecimento por parte do gestor
público municipal consiste em verdadeiro obstáculo para uma contratação eficiente.
É preciso conhecer e entender para, depois, "comprar".

Destaca-se, ainda, o problema da fixação de indicadores de desempenho


adequados, quando a modalidade eleita é uma Concessão ou Parceria Público-
Privada. Como definir níveis de serviço mínimos, quando não se conhece o que se
está adquirindo? De fato, tem-se um óbice relevante.

102
4.2. E FE TIVIDADE E E FICIÊNCIA DAS S OLUÇÕES S MART E D ISPOSITIVOS "I O T" D IANTE
DAS D EMANDAS P ÚBLICAS M UNICIPAIS

Soluções inovadoras, ainda não testadas em grande escala na gestão de


grandes ambientes – como são as Cidades – ou de complexos serviços, sempre trazem
a um tomador de decisão (como é o gestor público) dúvidas quanto à sua efetividade
e eficiência.

Por "efetividade" de uma solução TIC – no contexto das Smart Cities –,


entende-se a capacidade demonstrada por aquela solução para otimizar o
atendimento ou resolver determinada demanda pública. Quando, por exemplo, um
semáforo dotado de inteligência artificial melhora o tráfego e a circulação numa
região de intenso fluxo de veículos e pedestres, pode-se afirmar, empiricamente,
que a TIC foi efetiva.

Quanto à "eficiência" da aplicação, remete-se às condições (econômicas,


ambientais, sociais etc.) que permitam que tal solução seja de fato adotada sem
efeitos colaterais. No mesmo exemplo do semáforo dotado de inteligência artificial,
em que pese poder ser efetivo na resolução de um problema urbano (tráfego intenso
de veículos e pessoas), pode não ser eficiente no tocante a seu custo de
implementação, ou a seu consumo energético, entre outros fatores de eficiência.

Experiências reiteradas de Cidades na adoção de determinadas soluções TIC


fazem surgir, inevitavelmente, "padrões" de efetividade e eficiência que tendem a
balizar as contratações públicas. Entretanto, lidar com inovação significa, muitas
vezes, não dispor de experiências reiteradas – e, portanto, de conhecimento sobre
o que se espera de determinada tecnologia aplicável à gestão pública.

Deste modo, a identificação de padrões mínimos de efetividade e de


eficiência, que guiem o processo de consumo de TIC pelas Cidades, deve ser
pontuada como um dos desafios ao surgimento de Smart Cities – o que, no Brasil, é
acentuado em razão das lacunas gerais de conhecimento, mencionadas acima.

103
4.3. I NTEROPE RABILIDADE E I NTEGRAÇÃO ENTRE AS S OLUÇÕES S MART E D ISPOSITIVOS
"I O T" – C ONCE PÇÃO DE UMA ÚNICA "R EDE I NTELIGENTE M UNICIPAL "

As Cidades do Brasil e do mundo que se propõem "inteligentes" enfrentam,


dentre seus principais desafios, a carência de espaços – físicos e cibernéticos – para
o trânsito de dados e informações relacionados a serviços públicos e estruturas nas
vias públicas. Produto de um crescimento muitas vezes descoordenado e alheio a
planejamentos de longo prazo, a disputa pelo espaço urbano no provimento de
serviços aos usuários-cidadãos é uma realidade, e impacta diretamente no processo
de absorção de Tecnologias da Informação e Comunicação pelas Cidades.

Isso porque, como já dito acima, inúmeras (senão todas) aplicações Smart têm
seu sucesso intimamente relacionado à eficiência na comunicação, viabilizando que
estímulos e dados coletados no ecossistema urbano sejam interpretados com rapidez
pelas Prefeituras e gerem as adequadas contramedidas por parte dos gestores
públicos. Equivale a dizer que a Internet das Coisas somente se materializará em
seu máximo potencial se apoiada em infraestruturas eficientes de comunicação.

Diversas Cidades, em seu caminhar rumo à plena inteligência, encontraram


formas criativas de lidar com a ausência de espaço – e com a impossibilidade de
implantação de redes paralelas. Exemplos claros disto são as Parcerias Público-
Privadas (PPPs) para "Iluminação Pública Inteligente" – já adotadas em inúmeros
Municípios brasileiros, e mencionadas nos capítulos anteriores –, por meio das quais
a infraestrutura de Iluminação Pública (idealmente transformada em LEDs),
notadamente a luminária e o poste/haste, servem também ao trânsito de dados e
informações sobre o tráfego nas vias, disponibilidade de vagas, emitem sinal Wi-Fi
público, servem de apoio físico e cibernético às câmeras de videomonitoramento,
entre outras aplicações, dotadas da necessária interoperabilidade.

Além de representar uma solução à carência de espaço nas Cidades, a adoção


de soluções interoperáveis e integradas traz eficiência no gasto público, e viabiliza,
idealmente, que o fenômeno Big Data se materialize no setor público. Isso porque,
ao integrar estruturas interoperáveis, dados e alertas gerados pelos mais diversos
sensores e dispositivos IoT são cruzados entre si, incrementando exponencialmente
a qualidade da informação e da decisão pública.

Exemplo: ambulância pública ou privada alerta a "Rede Inteligente Municipal"


quanto a uma urgência, demandando velocidade no deslocamento até o hospital em
que o socorrido será atendido; o alerta, lançado no aplicativo do socorrista (que
também é acessado pela gestão pública), faz com que os semáforos que estejam na
rota daquela ambulância até o hospital (cuja temporização seja acessível e
controlável por meio da rede das luminárias) sejam priorizados, diminuindo o tempo

104
de deslocamento e maximizando as chances de salvamento do indivíduo. Um único
estímulo foi capaz de movimentar diversas estruturas públicas, contribuindo na
resposta eficiente da Municipalidade a uma demanda social.

Atingir a plena interoperabilidade e integração entre os diversos dispositivos


consumidos pela Municipalidade, todavia, não se mostra tarefa simples, exigindo
que, em cada processo de contratação, sejam estipulados requisitos mínimos que
possibilitem que a aplicação Smart não esteja isolada, mas, sim, seja parte
integrante do ecossistema inteligente daquela Cidade, contribuindo não somente
com sua finalidade principal, mas gerando dados e alertas que, quando cruzados a
outros, conduzam a uma decisão pública mais rápida e acertada, numa grande "Rede
Inteligente Municipal" e que materialize o conceito de Big Data.

105
4.4. C IBERSEGURANÇA NAS S OLUÇÕES S MART , D ISPOSITIVOS "I O T" E G ESTÃO DO B IG
D ATA DA C IDADE

As Cidades mais "conectadas" do mundo são também reconhecidas, pela


doutrina internacional, como as mais vulneráveis. A fusão entre ambientes físicos e
cibernéticos – conceito basilar da Internet das Coisas –, quando não acompanhada
de robustos requisitos de cibersegurança capazes de blindar ataques mal-
intencionados às estruturas, pode tornar as Cidades Inteligentes, na realidade,
Cidades Vulneráveis e Perigosas.

São diversas as estruturas críticas de uma Cidade (rede de Iluminação Pública,


rede de videomonitoramento, rede de semáforos), nas quais invasões ou ataques
podem representar o caos em um clique. Imagine-se, por exemplo, o apagar subido
de todas as luminárias de um bairro ou até da Cidade inteira; ou, ainda, a
configuração mal-intencionada de dois semáforos opostos, para que se abram
simultaneamente – provocando colisões.

O estabelecimento de requisitos que garantam que estruturas Smart sejam


seguras e não exponham a segurança ou a privacidade dos habitantes da Cidade
Inteligente mostra-se, efetivamente, um desafio – potencializado quando inexistem
bases sólidas de conhecimento difundidas entre Municipalidades pequenas, médias
e até grandes – conforme descrito acima.

106
PARTE III – O AMBIENTE DE DEMONSTRAÇÃO DE TECNOLOGIAS PARA
CIDADES INTELIGENTES – ABDI | INMETRO

5. O C AMPUS DO I NMETRO (R IO DE J ANEIRO ) E NQUANTO A MBIENTE DE


D EMONSTRAÇÃO DE T ECNOLOGIAS

C amp us d o Inme tr o, no D i str i to d e X er ém , D uque d e Ca x ia s/RJ

Localizado no Distrito de Xerém (no Município de Duque de Caxias/RJ), às


margens da Rodovia Washington Luis (BR 040) e no interior de uma reserva florestal
na base da serra de Petrópolis, o Campus do Inmetro vivenciará o Projeto do
Ambiente de Demonstração de Tecnologias para Cidades Inteligentes.

Dispondo de 2,3 milhões de m 2 , o Campus de Xerém sedia as seguintes


diretorias do Inmetro: Diretoria de Administração e Finanças (Diraf), Diretoria de
Metrologia Legal (Dimel), Diretoria de Metrologia Científica e Industrial (Dimci),
Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento (Dplad), Diretoria de Tecnologia e

107
Inovação (Ditec), Diretoria de Programa (Dipro), Auditoria Interna (Audin) e a
Coordenação-Geral da Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (Cgred).

O Projeto, que tomará os fenômenos do Campus (seus funcionários, seus


deslocamentos, suas trocas sociais, segurança etc.) como objeto para testes de
tecnologias para Cidades Inteligentes, baseia-se, essencialmente, na
implementação e na observação contínua do comportamento de variadas
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), notadamente nos campos da
Internet das Coisas e da gestão de Big Data, aplicáveis aos mais diversos cenários,
que simulam os desafios de uma Cidade brasileira no atendimento às demandas
públicas.

O espírito é o de, por meio de testes reais, abrangendo praticamente todas


as faces das Cidades Inteligentes (mobilidade, segurança, iluminação, CCO,
aplicativo etc.), inspirar e auxiliar os Municípios brasileiros na concepção de seus
múltiplos projetos, no caminho em direção à Smart City.

Considerados os desafios apontados mais acima, pode-se dizer que são


genuínos objetivos do Projeto do ADTCI:

(i) co ntribuir pa ra a diminuição da assimetria


de co nhecimento s e de info rmações entre o s
Município s e o merca do desenvo lvedor das
so luções;

(ii) contribuir ao planejam ento e modela gem


da s contratações públicas (aquisição de pro dutos e
serviço s, Co ncessões, Pa rcerias Público -Priva das e
o utro s arranjo s ado ta do s pelo s Municípios);

(iii) testa r e o bserva r a efetivida de e eficiência


da s so luçõ es Sma rt e dispositivo s "Io T" diante das
reais demandas públicas municipais;

(iv) co ntribuir à criação de padrõ es mínimo s de


interoperabilidade e integração entre a s soluções
Smart e dispo sitivos "IoT " – tendentes à concepção
de um a única "Rede Inteligente Municipa l"; e

(v) co ntribuir à fixa çã o do s requisito s de


cibersegurança nas so luçõ es e na gestão do Big Data
da Cidade.

Para atingimento dos objetivos fixados acima, os projetos ora em curso


(básico e executivo) estipularão aplicações Smart (controláveis por CCO e por

108
aplicativos) que simularão ao máximo os fenômenos urbanos, a fim de que sejam
aferidos aspectos como: (i) eficiência da aplicação; (ii) nível de interoperabilidade
com o todo que compõe o ecossistema Smart da Cidade; (iii) nível de segurança
cibernética (a partir de ataques simulados), entre outros aspectos, que comporão
uma pauta de rotina de testes.

A natureza das Aplicações e sua localização projetada no Campus pode ser


conferida no âmbito do Projeto Básico Preliminar que acompanha este Documento
de Referência. São consideradas, por exemplo, luminárias LED, semáforos
inteligentes, sensores diversos, lixeiras inteligentes, bueiros inteligentes, estações
de compartilhamento de carros elétricos e bicicletas elétricas, carros autônomos,
entre outras Aplicações.

Um a da s á r ea s do C am pu s qu e re ce b e rá as in terv en çõe s Smar t

Os Cenários a serem abordados são os seguintes:

109
6. C ENÁRIOS -C HAVE C ONSIDERADOS

6.1. C ENÁRIO 0: A INFRAESTRUTURA DE T ELECOMUNICAÇÕES E O C ENTRO I NTEGRADO DE


O PERAÇÃO , C OMANDO E C ONTROLE – CICC

As funcionalidades deste Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com todos


os demais cenários, sendo disponibilizado paralelamente aos cenários implantados.

a) O Centro de Comando e Controle

CICC - São ambientes altamente críticos, nos quais infraestrutura e tecnologias


adequadas são essenciais para sustentar e auxiliar a operação, acessar e
compartilhar, em tempo real, informações, assim como planejar e executar qualquer
ação de forma eficiente.

Os CICC funcionam como “cérebro” da cidade inteligente, com alta capacidade de


processamento e analise de informações em grandes volumes de dados (Big Data)
favorecido pela computação ubíqua e considera uma “rede universal” que utiliza a
internet para ligar não apenas pessoas, mas também objetos, casas e carros.

Sendo um ambiente altamente complexo, com atividades estratégicas e confidenciais


que deverão ser conduzidas de maneira coordenada e colaborativa por vários grupos
e unidades operacionais, faz-se necessário que o CICC seja tratado de forma
integrada para garantir a compatibilização entre as soluções de infraestrutura, TI e
os aplicativos e sistemas utilizados. Deve permitir integrar e coordenar, numa mesma
operação, vários grupos de pessoas com atuações públicas distintas, porém muitas
vezes complementares.

O cenário de um CICC deve permitir a integração dos processos operacionais e níveis


de serviços, garantindo a melhor organização dos ambientes e equipes e a captação
e compartilhamento das informações entre os envolvidos.

Formados por uma sala com monitores integrados, permitindo o trabalho em regime
de escala, ao longo das 24 horas dos sete dias da semana (Para simulação e
demonstração de soluções). Neste cenário estarão disponibilizadas as
infraestruturas físicas de servidores de dados e de sistemas.

Deve ser dimensionado de forma adequada para sustentar o gerenciamento e o uso


da informação inerente à operação, assim como todos os processos operacionais e
serviços.

110
A estrutura deve permitir o funcionamento da área de operações do Centro Integrado
de Comando e Controle (CICC), voltadas para a gestão do município, bem como
simular de forma preditiva as possíveis situações do cotidiano nos municípios, tais
como engarrafamento, desvios de trafego, inundações, ocorrência de desastres
naturais, comunicação com o cidadão, entre outras a partir dos equipamentos e
sistemas de monitoramento e controle instalados.

A função é coordenar e acompanhar as ações de dos serviços público, Saúde,


Segurança, Mobilidade, Trafego, Escolas, entre outros e integrar os resultados de
Gestão Pública disponibilizado pelas Soluções e Sensores.

Considera as tecnologias e soluções para disponibilização de infraestrutura digital


de informação e comunicação pública (mobiles e sensores) e de telecomunicação
(infraestrutura e modelos de negócios).

b) O Data Center e a Central de Processamento:

Deve considerar as possíveis arquiteturas para suportar as instalações de aplicações


(sistemas) das soluções (camadas físicas e lógicas).

Deve considerar plataformas tecnológicas diferenciadas e firmwares para


possibilitar a interoperabilidade entre soluções diferenciadas.

Em infraestrutura complementar, armazena as informações dos sistemas e sensores.


Considera também a implantação de sala cofre para proteção do acesso e das
informações e de equipamentos de informática necessários. Considera a
disponibilidade de container resistente a incêndios, fumaça, gás, inundações,
disparos de arma de fogo e interferências eletromagnéticas. Também considera
geradores capazes de abastecer o local por 48horas em caso de falta de energia.

São considerados o desenvolvimento de novos algoritmos de computação,


identificando padrões e tendências; Implantação de hardware, software com alta
capacidade de processamento e sistemas analíticos e de pesquisas não estruturada,
além da forma relacional; Implantação de plataforma de operações virtual atuando
como centro de coleta e distribuição de dados, integrando as informações que
chegam por telefone, rádio, e-mail e mensagens de texto; e sistemas de análise de
informações históricas para identificar os locais com tendência a ocorrer acidentes.
Devem ser considerados os requisitos de proteção contra danos e intrusão ilícita,
considerando aspectos de confiança, confidencialidade, Integridade, legitimidade e
autenticidade para avaliação das soluções a serem testadas (Cibersegurança).

111
Devem ser considerados os tipos diversificados de Modelos de Dados utilizados -
(Exemplo: modelos de Banco de Dados relacional/não relacional, Big Data,
Computação em Nuvem, entre outros)

Também para esta definição devem ser considerados tipos diversificados de tráfego
de informação (tipo de comunicação, Protocolos, entre outros)

c) O Infraestrutura de Telecomunicação

A infraestrutura deve considerar a rede física, equipamentos, estruturas de


comunicação sem fio (Exemplo: Dutos, cabos convencionais, Fibra Ótica, XDSL, FTTx,
WiFi, Mesh, Rede Cabeada, 2G,3G,4G, 5G, PLC, OPGW, etc.).

Deve considerar a disponibilização de concentradores de Dados e Roteadores, além


sensores e retransmissores essências para conectividade de diferentes soluções
tecnológicas (Exemplos: Smart Fones, SCADA, rede de sensores, HART, WPAN, RFID,
Vídeo Vigilância, Sensor, transdutor, atuador, câmera, leitor de RFID, scanner de
código de Barras, rastreador de GPS, etc.).

Deve considerar a disponibilização de Antenas e tecnologias diversas de


telecomunicação

Deve considerar também a disponibilização de Spots de WiFi Free para uso pelos
transeuntes, aplicativos e sensores.

A Infraestrutura deve considerar o posicionamento das tecnologias por mapeamento


geolocalizado.

d) Sistema de Controle e Operação das soluções avaliadas pela ABDI/INMETRO

A cada novo cenário criado, contempla a gestão dos resultados inerentes as


funcionalidades avaliadas nos cenários de forma integrada.

Deve ser caracterizada as funcionalidades de um sistema de controle e gestão das


soluções em testes a das avaliações realizadas opere em paralelo ao CICC, de forma
a permitir o acompanhamento e evolução das soluções desde sua implantação, teste,
avaliação e demonstração, incluindo relatórios analíticos, de resultados e Benchmark
comparativo.

Considerar a aplicação de Drones e sua infraestrutura de visualização, uso e


desenvolvimento como alternativa de monitoramento, das soluções implantadas e
em avaliação (Exemplo: luminárias em postes, sensores em cabos aéreos, sensores
na mata ciliar ou em rios, etc.).

112
e) Espaço Aberto de Inovação

Considerar mecanismos para possibilitar a inovação, pelo uso de laboratório abertos


a pesquisadores com facilidades para desenvolvimento e acesso as funcionalidades
de cidades inteligentes, disponibilizadas nas instalações no Inmetro.

Considerar a possibilidade de capacitação em tecnologias aplicáveis no Ambiente de


Demonstração, disponibilizadas nas instalações do Inmetro.

Considerar a possibilidade de Espaço Maker para adequação de tecnologias em


desenvolvimento e em demonstração para acesso as empresas, disponibilizadas nas
instalações do Inmetro.

6.2. C ENÁRIO 1: A ILUMINAÇÃO PÚBLICA INTELIGENTE – P OSTES I NTELIGENTES

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0.

Uso de sistema e equipamentos de telecomunicações integradas ao poste devem


permitir a conexão por Rede (sem fio, cabeadas ou óticas).

A iluminação Pública com inteligência do poste, simulando uma rede municipal


inteligente pela conexão à rede de comunicação de dados, que permita gerenciar
dinamicamente o nível de iluminação de acordo com as condições do entorno,
avaliando resultados na economia de energia.

Integradas com Luminárias LED, que permita, a partir de sensores ambientais, variar
a intensidade da iluminação por faixa de horário ou por detecção de movimento,
reduzindo o consumo de energia.

Integradas com sistemas de Câmeras associados a detecção de movimento, radares


de controle de velocidade associados a áreas de trafego urbano.

Integrados com baterias para armazenamento de Energia e Painéis solares, poderão


ativar a iluminação em casos de falta e manter o fluxo de dados em funcionamento.
O mesmo sistema de telecomunicações integradas ao poste deve permitir a
integração aos serviços de medição e controle de água, eletricidade, saneamento e
gás (Smart Grid), contemplando a leitura de medidores inteligentes.

113
Os postes inteligentes devem permitir a integração de diversos tipos de sensores
ambientais (Som, Poluição, Chuvas, Calor, de Deslocamento, entre outros) e alarmes
sonoros e avisos de emergência.

Os sensores instalados em postes de iluminação pública, devem ser integrados com


concentradores de dados e com a rede de Telecomunicações, de forma a distribuir a
dados de energia, Iluminação e do ambiente público, compartilhando a mesma
infraestrutura de telecomunicações.

A energia disponibilizada para a iluminação pode alimentar os sensores e dar


funcionalidades aos equipamentos de comunicação.

O cenário deve considerar a integração da Mini e Micro Geração de energia


Renovável (Exemplo - painéis fotovoltaicos e geradores eólicos), e sistemas de
Resposta a Demanda de Energia.

Neste cenário o sistema de Iluminação deve ser provido de estruturas que permitam
a medição exata do consumo de energia, considerando a telegestão e a dimerização
das luminárias (sistema diverso do adotado em grande parte dos Municípios, em que
o consumo de energia das luminárias é padronizado em 11h52min, por força da
Resolução ANEEL n.º 414/10), sendo tal cenário de utilidade para o estabelecimento
de padronização quanto aos requisitos técnicos que permitirão a medição dinâmica.
Também neste cenário, o sistema de Iluminação deve atender às disposições da NBR
5101, que dispõe sobre os requisitos técnicos obrigatórios em sistemas de iluminação
pública, e a implantação de luminárias no Campus do Inmetro de atender à Portaria
Inmetro n.º 20, de 15 de Fevereiro de 2017, que introduziu o Regulamento Técnico
da Qualidade para Luminárias para Iluminação Pública Viária, estabelecendo os
requisitos, de cumprimento obrigatório, referentes ao desempenho e segurança de
luminárias LED.

6.3. C ENÁRIO 2: C ONTROLE DO A MBIENTE DE M OBILIDADE P ÚBLICA

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0 e 1, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações disponibilizada.

Com a implantação de sensores no asfalto, nas ruas e nos edifícios, devem enviar
dados de forma ininterrupta para a Central Integrada de Comando e Controle (CICC),
onde dados a respeito dos prédios, da demanda por energia, da condição do trânsito,
do deslocamento de pessoas, da temperatura externa e interna, podem ser
processados e geradas informações direcionados para sistemas de decisão em tempo
real.

114
Sensores em edifícios públicos, devem identificar o prédio e sua condição de
funcionamento e segurança (Exemplo dados de hospitais, escolas, polícia, corpo de
bombeiros, lojas, fábricas, serviços públicos, comercio, etc.), gerando informação e
colaboração diretamente de/para os transeuntes e/ou para a rede pública (pelo uso
de mobiles (Smart Fones) ou sites de Internet).

Deve permitir a integração com câmeras e sensores para monitorar quantos


pedestres estão na calçada, permitindo o controle da iluminação e a redução de
custos de energias (Exemplo ruas vazias tenham luzes diminuídas, enquanto as
movimentadas tenham a iluminação reforçada).

Deve permitir detecção de situações atípicas em ruas ou estruturas públicas (prevenir


atrasos causados por desvios, obras ou acidentes).

Deve permitir a detecção de pessoas por imagem (localização unívoca do indivíduo),


situações de acidentes (a exemplo de quedas), ou operação policial ou situação de
crimes (assaltos/roubos), integrados a banco de dados de indivíduos, vinculados a
organizações públicas de controle, conforme cenários de segurança pública.

Deve permitir a Integração de dispositivos de Comunicação e tele presença (Painéis


eletrônicos, telas ou sinalizadores de informação nas ruas), de forma a permitir às
pessoas acompanhar a situação ambientais por avisos ou informações complexas.

Deve disponibilizar pontos de WiFi Free (em áreas de reunião pública, lazer ou
praças), permitindo que aparelhos celulares, smartphones, tablets e computadores
moveis, se conectem em ambientes públicos.

Deve estar Integrado ao Centro de Comando e Controle bem como ao cidadão por
mobiles (Smart Fones) de forma a disponibilizar informação em tempo real, tornando
o cidadão e as coisas (dispositivos públicos e sensores) conectadas.

Deve permitir o acesso às aplicações (aplicativos e sistemas) públicos ou privados.

Os dados de sensores devem ser coletados, transferidos e analisados de forma


integrada por sistemas analíticos e de predição, disponibilizados no Centro Integrado
de Comando e Controle (CICC), bem como resultados transferidos para o Cidadão por
aplicativos em mobiles (Smart Fones).

6.4. C ENÁRIO 3: C ONTROLE DO T RÂNSITO , T RANSPORTE E V EÍCULOS

115
As funcionalidades do Cenário 3 devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário
0, 1 e 2, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações disponibilizada.

Deve permitir a implantação de etiquetas com identificação de veículos ou sensores


veiculares (Exemplo: tags de radiofrequência) de forma a permitir a localização e
identificação dos veículos, integrados a banco de dados de veículos, vinculados a
organizações públicas de controle, identificando seu estado e condição, e problemas
de trânsito enfrentados nas cidades.

Deve incluir sensores de estacionamento implantados nas ruas e sensoriamento de


vias, monitorados e identificados e integrados por sistemas de geolocalização,
indicando vagas disponíveis, e melhores opções para o motorista se deslocar, rotas
alternativas, desvios.

Deve inclui sensores em estações/paradas de ônibus ou veículos de circulação interna


e identificar as condições externas das vias de trem, de metro, ou fluvial, indicando
com precisão a chegada do próximo veículo de transporte, seu tempo para chegada
e sua lotação.

Deve integrar com semáforos com LED e permitir sinalizações diferenciadas de


acordo com o ambiente (setas e avisos no semáforo).

Deve permitir integração de dispositivos que permitam a circulação de Veículos


Autônomos e Sensoriamento intraveículos (V2X e V2V) percebendo estados de colisão
eminente. Deve considerar a avaliação de veículos autônomos e seus critérios de
inteligência e segurança (Considera-se um possível desenvolvimento de metodologia,
entendimento dos produtos e requisitos; em nova área de testes em paralelo com o
ambiente de demonstração).

A Central de Comando e Controle deve receber e encaminhar as informações de/para


sensores, poder ajustar o intervalo e informações dos semáforos, criar desvios,
fornecer alertas, controlar e acompanhar veículos autônomos ou não, em tempo real
bem como encaminhar informações para as estações/paradas de ônibus.

Este cenário deve considerar soluções de veículos elétricos, veículos conectados,


bicicletas eléctricas, serviços de carsharing e bikesharing, aplicações para
estacionamento inteligente, sistemas de gestão de tráfego e de frotas, etc.

Deve considerar as soluções urbanas inteligentes na área da mobilidade sustentável,


veículos inteligentes integrados (bicicletas, Automóveis, ônibus, trens, navios e
aviões) contemplando infraestruturas para veículos elétricos, veículos conectados,
bicicletas eléctricas, serviços de carsharing e bikesharing, aplicações para
estacionamento inteligente, sistemas de gestão de tráfego e de frotas, etc.

116
6.5. C ENÁRIO 4: C ONTROLE DO A MBIENTE N ATURAL E DE D ESASTRES

As funcionalidades do Cenário 4 devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2 e 3, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações disponibilizada.

Disponibilização de Sensores ambientais, indicando a condição climática e condição


ambiental, permitindo a prevenção de desastres natural.

Deve incluir sistema de previsão de enchentes, deslizamentos, desabamentos e


outras catástrofes potenciais nas Cidades brasileiras, como tornados e descargas
elétricas, etc. (simulados em locais específicos do Ambiente do Inmetro).

Deve permitir o controle e fechamento de acesso às ruas, o despacho de ambulâncias,


envio de equipamentos pesados para remover os escombros, incluindo a gestão e
informação de outros tipos de vias externas (metros, aéreo e fluvial).

Deve incluir sistema de controle de desastres, disponibilizando alertas integrados


aos sistemas do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e integração aos
sistemas dos departamentos públicos (bombeiros, defesa civil, empresas de gás e de
eletricidade).

Deve considerar soluções urbanas inovadoras na área do ambiente, sistemas de


gestão inteligente de água, sistemas de monitorização ambiental e sistemas de
monitoramento de tempestades e raios, etc.

6.6. C ENÁRIO 5: C ONTROLE DO S ANEAMENTO B ÁSICO – A BASTECIME NTO DE Á GUA ,


E SGOTAMENTO S ANITÁRIO , R ESÍDUOS S ÓLIDOS E D RENAGEM DE Á GUAS P LUVIAIS

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3 e 4, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações disponibilizada.

Deve prever sistemas inteligentes de abastecimento de água e esgotamento


sanitário, dotado de tecnologias que permitam o monitoramento à distância e em
tempo real do consumo de água nos prédios do Campus, hidrômetros inteligentes
(comunicáveis com a Rede Inteligente constituída), bem como a identificação
eficiente de vazamentos ou anormalidades na rede, com seu acompanhamento via
Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).

117
Deve considerar as tecnologias de controle de qualidade da água, reaproveitamento
de água de chuva e outras funcionalidades criativas.

Deve prever a aplicação de tecnologias avançadas para o tratamento do esgoto


gerado no Campus.

Deve considerar a disponibilização de coletores de resíduos sólidos conectados por


redes sem fio e equipados com sensores que monitorem o volume do resíduo, da
umidade, da temperatura e o tipo de conteúdo existente.

Deve incluir sensores em Lixeiras inteligentes conectadas evitando transbordo e


busca quando cheia.

Deve incluir sistemas de gerenciamento de resíduos e sensores em Bueiros e o


sensoriamento de dutos e dos terminais de transbordo de água e chuvas.

Deve prever sistemas de otimização do custo do serviço de gestão de resíduos.

Neste cenário os dados e informações devem ser compartilhados com a Central


Integrada de Comando e Controle (CICC) e unidades de saneamento e empresas de
limpeza e permitindo a definição do planejamento das rotas de coleta, atualizando
os motoristas dos caminhões em tempo real em relação aos percursos, a depender
da situação das lixeiras. Deve prever a integração com empresa de manutenção e
limpeza para receber dados e otimizar o trabalho de coleta.

Este cenário deve considerar as soluções urbanas inovadoras integradas aos cenários
na área das redes de energia, água, gás e saneamento, contemplando Smart Meters,
Smart Grids, iluminação pública inteligente, matrizes energéticas alternativas, etc.

6.7. C ENÁRIO 6: G ESTÃO I NFORMATIZADA E I NTELIGENTE DA S EGURANÇA P ÚBLICA

As funcionalidades do Cenário 6 devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3, 4 e 5, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações disponibilizada.

Um dos principais problemas de gestão em nosso país relaciona-se à segurança


pública, que, embora de atribuição precípua dos Estados, também se insere na matriz
municipal, de forma coordenada.

Neste cenário serão avaliados e considerados os sistemas de videomonitoramento


inteligente das vias públicas, capazes de detectar aglomerações, objetos ou condutas
suspeitas, inclusive por meio da integração de câmeras públicas com câmeras de

118
estabelecimentos privados, de forma a maximizar o espectro de abrangência da
atenção do Estado, oferecendo às autoridades públicas, de forma autônoma (e prévia
a qualquer avaliação pelos agentes públicos), alertas confiáveis sobre tais
ocorrências, e que permitam a rápida atuação de agentes de segurança, integrados
os organismos de segurança (Exemplo Bombeiros) pelos meios adequados (terrestre,
aéreo etc.), a partir de um único Centro de Comando e Controle.

Considera sensores instalados na Rede Inteligente (utilizando-se das mesmas


infraestruturas, por exemplo, da Iluminação Pública) para detectar tiros de arma de
fogo, informando com precisão a origem dos disparos e até mesmo o calibre da arma
utilizada.

Considera botões de Pânico instalados nas vias integrados as redes inteligentes.

Considera a formação de Iluminação para acompanhamento e sinalização de locais


de ocorrências.

Deve considerar o uso de câmera de segurança pública para identificação de


indivíduos por sistemas de inteligência, integrados ao banco de dados de organismos
públicos e busca em banco de dados das entidades de segurança pública.

Considera também alertas gerados pelo sistema, que serão monitorados pelo Centro
Integrado de Comando e Controle (CICC), responsável pelo despacho de agentes para
atendimento às ocorrências, integrados com organismos públicos (Exemplo
Segurança e Bombeiros).

6.8. C ENÁRIO 7: M UNICÍPIO G ERADOR DE E NE RGIA

As funcionalidades do cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações
disponibilizada.

Este cenário prevê a aplicação de soluções que possibilitem, através das estruturas
que se situam nas vias públicas (de controle das Municipalidades) associados com a
geração e armazenamento de energia para suporte às tecnologias locais, como
pontos de ônibus, pontos de iluminação pública, estruturas semafóricas, uso de topos
de prédios pela geração de energia limpa, como por fonte solar, eólica ou pela
circulação de pessoas e carros nas vias públicas por piso-elétricos, e que possa ser
empregada na operação dos equipamentos públicos (luminárias, semáforos,
câmeras), bem como a energia ser lançada no sistema, se excedente (caracterizando-

119
se o Município como gerador), receber os créditos correspondentes àquilo que lançar
no sistema (na relação junto à Distribuidora de Energia Elétrica).

O Cenário deve considerar a integração ao Cenário 8.

6.9. C ENÁRIO 8: C ONSTRUÇÕES E E DIFICAÇÕES I NTELIGENTES

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 bem como utilizar a infraestrutura de comunicações
disponibilizada.

Neste cenário serão consideradas a implantação de edifícios inteligentes, dotados de


alto grau de sustentabilidade, com gestão inteligente do consumo energético e de
recursos como água e gás, geração própria de energia (como por placas fotovoltaicas
e estruturas de geração eólica), telhado verde, monitoramento de áreas restritas,
entre outras funcionalidades.

Este cenário comporta as tecnologias de Medição inteligente (Smart Meters) e


dispositivos de comunicação associados.

Considera as soluções urbanas inovadoras na área da construção e reabilitação


sustentável e das infraestruturas verdes, contemplando materiais inteligentes, novas
técnicas construtivas, integração de energias renováveis, painéis solares, etc.
(Considera-se um possível desenvolvimento de metodologia, entendimento dos
produtos e requisitos; em nova área de testes de materiais sustentáveis, em paralelo
com o ambiente de demonstração).

O Cenário considera interfaces com a ANEEL e eventuais Distribuidoras de Energia


Elétrica interessadas em contribuir com o Projeto.

Este cenário também considera a integração de polímeros plásticos, baterias de


armazenamento e recarga, geradores eólicos, pisos elétricos.

Também considera a integração da Mini e Micro Geração de energia Renovável


(Exemplo - painéis fotovoltaicos e geradores eólicos), e sistemas de Resposta a
Demanda de Energia.

O cenário deverá ser provido de estruturas e dispositivos que permitam a medição


exata da geração e do consumo de energia, considerada a telegestão, sendo tal
cenário de utilidade para o estabelecimento de padronização quanto aos requisitos
técnicos que permitirão tal medição dinâmica.

120
6.10. C ENÁRIO 9: S AÚDE , E DUCAÇÃO E Q UALIDADE DE V IDA

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações
disponibilizada.

Este cenário contemplará o monitoramento, em tempo real, de eventos e dados que


interfiram na saúde e qualidade de vida nas Cidades, tais como indicadores
epidemiológicos e gestão inteligente da saúde, agendamento eficiente de consultas
e atendimentos diversos, gestão de medicamentos e recursos em hospitais e postos
de saúde etc.

O cenário também contemplará a gestão inteligente de ambulâncias (incluindo GPS


para o rastreamento) e atendimentos de urgência nas Cidades, permitindo que a
informação sobre determinada urgência seja integrada ao funcionamento da Cidade
como um todo (por exemplo, com a temporização dos semáforos de forma
automática, para permitir o rápido deslocamento de ambulâncias).

Neste cenário serão testadas tecnologias de Saúde e soluções urbanas inovadoras,


baseadas em tecnologias de informação e comunicação, orientadas para a promoção
da qualidade de vida dos cidadãos, em áreas como saúde, educação, turismo, cultura,
incluindo as tecnologias vestíveis e moveis que integram o cidadão a cidade, etc.

Contempla o uso de tecnologias pelo Cidadão para monitoramento de saúde ou


qualidade de vida (Com sensores Vestíveis – “Wearables”). Inclui sensores de
monitoramento de saúde incorporados aos pacientes de risco, permitindo o
acompanhamento de pacientes e indicando seu estado e o envio de históricos
médicos pessoais para atendimento em diferentes pontos com informações
atualizadas dinamicamente. Considera-se também os dispositivos vestíveis com
sensores para monitoramento dos sinais vitais de idosos e pacientes com deficiência.

Contempla também tecnologias de assistência a distância no conceito de


telemedicina e acompanhamento de idosos e pessoas vulneráveis por clinicas,
hospitais e consultórios. Inclui suporte remoto a diagnósticos e treinamento online
de profissionais em regiões remotas.

Neste cenário os dados dos cidadãos com condições especiais podem ser integrados
aos sistemas de controle público, vias, semáforos e instituições públicas, gerando
melhores condições de deslocamento e acesso priorizados nas dimensões públicas ou
privadas.

121
Considera também o acompanhamento de pacientes, prontuários eletrônicos,
aplicativos móveis para acompanhamento de atividades físicas, integrados ao banco
de dados de pacientes.

O cenário considera a Integração com banco de dados das escolas públicas e privadas
nas diferentes entidades escolares para o desenvolvimento do cidadão com condições
especiais.

Considera os dados de saúde integrados com sistemas de escolas públicas,


prevenindo e evitando contaminações.

Considera também os movimentos escolares integrados ao controle de trafego,


reduzindo tráfego urbano e favorecendo vias de deslocamento e diminuindo o risco
de acidentes.

6.11. C ENÁRIO 10: A DMINISTRAÇÃO P ÚBLICA I NFORMATIZADA

As funcionalidades do Cenário devem ser Integradas e Interoperáveis com o Cenário


0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, bem como utilizar a infraestrutura de comunicações
disponibilizada.

Este cenário considera a implantação do Centro Integrado de Comando e Controle


(CICC) para gestão integradas e observação dos resultados de Sistemas Público e
Sensores disponibilizados para Avaliação do Gestor Público.

Contempla Sistemas de Tomada de Decisão e de Algoritmos de Análise e Predição da


Informação.

Este cenário contemplará a integração entre o CICC e sistemas públicos, a


interconexão entre os dispositivos de comunicação entre os sistemas públicas
disponibilizados em diferentes locais físicos (prédios), bem como com os diversos
dispositivos inteligentes instalados nas vias, bem como os totens, que centralizarão
a comunicação com o Cidadão, juntamente com o aplicativo de interação com
cidadão.

Permitirá soluções destinadas a consubstanciar toda a massa de utilidades públicas


descrita nos cenários 1 a 8, em dispositivos mobiles e web, a ser consumido pelos
cidadãos e pelos agentes públicos, como uma plataforma de integração entre o Poder
Público e o cidadão.

122
Prevê o provimento de soluções para as possíveis modalidades de interface da
Administração Pública com o cidadão, como tempo de espera em hospitais,
agendamento de consultas, emergências, aviso de acidentes, horários de ônibus,
entre outras diversas utilidades públicas, que deverão ser centralizadas em solução
unívoca.

Este cenário integrará os resultados obtidos pelos demais sistemas e cenário criados,
permitindo a integração e interoperabilidade de soluções num mesmo ambiente.

Considera soluções inteligentes de e-government, plataformas de dados abertos,


ferramentas de suporte à participação pública e cidadania, sistemas de
modernização e simplificação administrativa, sistemas de gestão e controle público
e privado, voltados para o município, para o empresário e para o cidadão, etc.

123
7. N ORMAS , O RIENTAÇÕES , A SPE CTOS E R EQUISITOS E SSENCIAIS À I MPLANTAÇÃO DO
P ROJETO

A adequada condução do Projeto do ADTCI, tanto quanto qualquer outro


Projeto destinado à concepção de estruturas Smart, dependerá da congregação de
uma diversidade de soluções, concebidas por dezenas de fabricantes e
desenvolvedores, sendo essencial, nesse sentido, que tanto o seu planejamento,
quanto sua implementação, observem às normas, orientações, aspectos e
requisitos essenciais estabelecidos pelos órgãos internacionais (como a ITU e a
ISO), bem como pela mais moderna literatura.

A intenção do presente Documento de Referência não é a de limitar a


universalidade de possibilidades e aplicações disponíveis para implementação em
cada um dos cenários delineados acima; todavia, mostra-se necessário que os
processos a serem seguidos na adoção e testes das soluções estejam em plena
consonância com tais normas e orientações.

Pôde-se observar, a partir do cadastramento de Soluções pela Agência


Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a ampla heterogeneidade entre os
diferentes desenvolvedores e suas soluções, bem como uma diversidade de
entendimentos que necessariamente deverá ser pacificada, em linhas-mestras,
viabilizando a convivência entre as Soluções, no ambiente real a ser proporcionado.

Abaixo, expomos a visão do Consórcio Ambiente Smart City quanto aos


aspectos de entendimento necessário: (i) Tipos de Soluções – Equipamentos
(Hardwares) e Sistemas (Softwares); (ii) Arquiteturas de Tecnologias da Informação
e Comunicação (Camadas Físicas e Lógicas) que Compõem a Smart City; (iii) Tipos de
Plataformas Tecnológicas (Abertas | Fechadas); (iv) Tipos de Sensores e Dispositivos
"IoT"; (v) Modelos de Processamento e Armazenamento de Dados; (vi) Redes de
Comunicação e Tráfego de Informações; (vii) Requisitos de Interoperabilidade e
Integração; e (viii) Requisitos de Cibersegurança.

124
7.1. T IPOS DE S OLUÇÕES – E QUIPAMENTOS (H ARDWARES ) E S ISTEMAS (S OFTWARES )

Uma das mais basilares classificações iniciais, no contexto de uma Cidade


Inteligente, refere-se ao Tipo de Solução sob análise: Equipamentos (Hardwares) e
Sistemas (Softwares).

Em cada perspectiva/cenário/serviço no contexto da Smart City, tem-se o


envolvimento de uma série de equipamentos e sistemas, que deverão conviver e
"conversar-se" de forma adequada.

De acordo com o Relatório Técnico da ITU-T já mencionado acima, específico


quanto às Cidades Inteligentes, os principais equipamentos que compõem o
ecossistema de uma Smart City podem ser classificados da seguinte forma:

1) Sensores: coletam informações sobre a entidade física monitorada. Esta


entidade física monitorada pode ser uma variável ambiental/física, ou pode consistir
nas condições operacionais do recurso;

2) Tags: identificam entidades físicas às quais geralmente estão vinculados. "O


processo de identificação é chamado de 'leitura' e é realizado por dispositivos
sensores específicos, que são geralmente chamados de leitores. O único propósito
das tags é facilitar e aumentar a precisão do processo de identificação. Este processo
pode ser óptico, como no caso de códigos de barras e código QR, ou pode ser baseado
em RF, como no caso de sistemas de reconhecimento de placas de micro-ondas e
RFID";

3) Atuadores: podem modificar o estado físico de uma Entidade Física (traduza,


gire, mexa, infle, ligue/desligue) ou ativar/desativar funcionalidades mais
complexas.

Já no tocante aos sistemas, segundo a ITU-T, oferecem condições para que os


equipamentos possam cooperar entre si, e que a coleção de dados possa ser
analisada, auxiliando na tomada de decisão a ser executada. Os sistemas podem ser
classificados como fechado (proprietários) ou abertos.

Um sistema fechado restringe a integração de recursos de fornecedores


distintos. Um sistema aberto permite que fornecedores distintos de equipamentos
possam se comunicar e trocar dados entre si.

125
7.2. A RQUITETURAS DE T ECNOLOGIAS DA I NFORMAÇÃO E C OMUNICAÇÃO (C AMADAS
F ÍSICAS E L ÓGICAS ) QUE C OMPÕEM A S MART C ITY

A ITU, em seu Manual sobre Cidades Inteligentes e Sustentáveis, conceitua a


Smart City como "uma estruturação pragmática e coerente de uma coleção de
componentes e camadas que, ordenadas, suportam a visão completa do 'usuário'".
Conforme o órgão, ainda, a Arquitetura TIC de uma Smart City é composta por cinco
camadas:

Arquite tura de Te cnolog ia s da Informaçã o e Comunicaçã o (TICs) em Smart Cities, conforme a ITU.

Por certo, as trocas de informações e dados devem ser viabilizadas também


quanto aos dispositivos entre si, observando-se, aí, principalmente as normas e
orientações emitidas no tocante à Internet das Coisas, como, por exemplo, o
Documento ITU-T Y.2060, específico para IoT, e que explica, graficamente, o
movimento de trocas entre os mundos físico e virtual, num ambiente IoT:

126
T ro ca s num am bi e n te I oT, s egu n d o a I TU- T Y .2 06 0

Nesse sentido, a arquitetura TIC de uma Smart City deve conciliar, de forma
harmônica, sistemas complexos (sistema dentro de sistema), interconexões e
interfaces (com sistemas complexos) e troca de informações (entre sistemas
complexos), conforme a ITU.

Ainda de acordo com a ITU, os princípios arquitetônicos envolvidos na


modelagem dos Projetos devem considerar a presença de diferentes: áreas
geográficas, dispositivos tecnológicos, tamanho/tipo de cidade e prazos. Estes
princípios geram, de acordo com o órgão, diversas preocupações, envolvidas com:
estruturar em camadas as iniciativas, interoperabilidade, escalabilidade,
flexibilidade, tolerância a falhas, disponibilidade, gerenciabilidade e resiliência,
adoção de padrões, independência de vendedores e/ou tecnologia.

Como requisitos funcionais na Arquitetura TIC para Smart City, tem-se:


cibersegurança, proteção de dados, privacidade, gerenciamento integrado,
infraestrutura rígida e gerenciamento ambiental, distribuição do serviço e fluxo
aceitável de informações.

127
7.3. T IPOS DE P LATAFORMAS T ECNOLÓGICAS (A BERTAS | F ECHADAS )

No tocante às Plataformas, a literatura é pacífica ao classifica-las como


ABERTAS ou FECHADAS.

Plataformas tecnológicas fechadas possuem procedimentos, funcionalidades


específicas e interconectividade limitada, restrita ao fornecedor da ferramenta.
Normalmente, tendem a disponibilizar uma API para interconectar com os demais
sistemas.

Plataformas tecnológicas abertas, por sua vez, desprovidas de tais limitações,


tendem a: racionalizar e consolidar funções semelhantes, definindo padrões;
oferecer custo reduzido para atualização; aplicar princípios de terceirização
inteligente; eficientizar custos, provendo serviços consistentes.

Exemplo de Plataforma Aberta, desenvolvida pelo CPqD, é a Dojot, concebida


especificamente para viabilizar a rápida absorção de recursos IoT – baseado no
projeto open source FIWARE (criação da União Europeia).

Segundo a ITU-T, independentemente de sua caracterização, uma plataforma


deve viabilizar, no contexto das Cidades Inteligentes:

1) visão funcional;
2) visão de implementação (foco no gerenciamento, segurança, desenvolvedores
e usuário);
3) visão física (computação e comunicação);
4) visão do domínio do processo;
5) visão de engenharia de software.

128
7.4. T IPOS DE S ENSORES E D ISPOSITIVOS "I O T"

Segundo a ITU-T, sensores e dispositivos IoT podem ser classificados como


"de recursos, segurança, iluminação, presença, clima, transporte, movimento ou
posição instalada na infraestrutura física da Cidade Inteligente". Tais
dispositivos/recursos, localizados na camada mais baixa da Arquitetura de TIC da
Smart City, permitem conhecer e estudar os fenômenos de interesse público e
privado, como clima, congestionamento das vias, da poluição do ar, nível de
luminescência etc.

Uma rede pode utilizar-se de conexão com fio ou sem fio para a atuação dos
sensores. Estes sensores são caracterizados, tecnicamente, como dispositivos
autônomos interconectados, distribuídos através de uma localização geográfica
(esta área de atuação influencia diretamente o tipo de rede: LAN, MAN, WAN), para
coletivamente monitorar condições ambientais/físicas.

Os sensores podem ser considerados ativos ou passivos. Um sensor ativo


possui autonomia para envio de seus dados pelo meio de comunicação eleito; em
contrapartida, um sensor passivo requer que outro recurso lhe conceda permissão
para envio de seus dados sobre o meio de comunicação. Tais condições estão
diretamente relacionadas aos modelos de comunicação envolvidos, a serem
detalhados abaixo.

Além de ser classificado como ativo ou passivo, um sensor pode ser do tipo
dirigido a eventos ou ao tempo. Um sensor dirigido a eventos, como denominado,
parte da premissa de que, quando o evento acontece, age e manipula os dados
conforme sua configuração prévia. Um sensor dirigido no tempo exige que janelas
de tempo sejam respeitadas, garantindo o tempo real para manipulação dos dados.
Normalmente, aplicações industriais usam sensores dirigido no tempo (por exemplo:
HART, MODBUS, FIELDBUS, LONWORKS etc.) e aplicações de TI baseiam-se em
sensores dirigidos a evento.

129
7.5. M ODELOS DE P ROCESSAMENTO E A RMAZENAMENTO DE D ADOS

Segundo a ITU-T, os modelos de armazenamento de dados consistem em


"repositórios centralizados para armazenamento, gerenciamento e disseminação
de dados e informações organizadas, em torno do objetivo da criação de uma
cidade inteligente e sustentável. Recomenda-se que os dados armazenados usem
uma plataforma escalável, confiável e de alto desempenho, que permita o
crescimento conforme o número de sensores instalados aumenta, no território e/ou
na cidade".

Um centro de dados compreende uma instalação usada para hospedar


sistemas informáticos e componentes associados, como sistemas de
telecomunicações e armazenamento. Ele geralmente inclui fontes de alimentação
redundantes ou de backup, conexões de comunicação de dados redundantes,
controles ambientais (por exemplo, ar condicionado, contenção de fogo) e vários
dispositivos de segurança. Pode ocupar uma sala de um edifício, um ou mais andares,
ou um edifício inteiro em si, a depender do volume a ser processado e armazenado.

Para conexão direta ao servidor de armazenamento de dados, deve-se


empregar linguagens SQL, DRDA, OBDC. Quando os dados estão armazenados em
nuvem, deve-se observar a convergência de protocolos IoT, alvo de inúmeros
estudos e manuais, como, por exemplo, o material Internet of Things – From
Research and Innovation to Market Deployment, Ovidiu Vermesan, Peter Eriess, River
Publishers Series in Communication.

Existem, basicamente, dois tipos de protocolos para troca de dados: baseado


em barramento e baseado em agente. O baseado em agente usa um agente como
intermediário com o recurso que irá armazenar o dado, fazendo o controle da
distribuição da informação. Este agente armazena, transfere, filtra e prioriza a
publicação, requisitando a informação ao recurso provedor da mesma (que neste
caso se torna um cliente do serviço do agente). Protocolos que lidam com esta
concepção são os protocolos: Advanced Message Queuing Protocol (AMPQ),
Constrained Applications Protocol (CoAP), Message Queue Telemetry Transport
(MQTT) e Java Message Service API (JMS).

Quanto ao baseado em barramento, os recursos publicam mensagens para um


tópico específico, quando este é diretamente solicitado por outro recurso envolvido
com a informação da mensagem. Exemplos de protocolos baseados em barramento:
Data Distribution Service (DDS), Representational State Transfer (REST) e Extensible
Messaging and Presence Protocol (XMPP).

130
Outro tipo de classificação importante envolvendo tais protocolos: se são
centrados em mensagem ou dados.

Os protocolos centrados em mensagem são: AMQP, MQTT, JMS e REST. Estes


focam na distribuição da mensagem, i.e., a mensagem é distribuída para o(s)
destinatário(s) pretendido(s) independentemente da carga útil de dados envolvida.

Protocolos centrados em dados, tais como DDS, CoAP e XMPP, focam na


entrega dos dados e assumem que os dados não são entendidos pelo receptor. Diante
da adoção de um Middleware, este não possui os dados, mas assegura que os
assinantes tenham uma visão sincronizada e consistente dos dados.

Um conjunto de serviços de armazenamento definidos devem dispor de


recursos avançados que suportem a infraestrutura subjacente para:

1) Fornecer um ambiente de computação dinâmico, que atenda as diversas


necessidades de aplicativos e processamento de dados dos parceiros de uma Cidade
Inteligente, contando com uma base de dados contínua;

2) Estabelecer o desenvolvimento contínuo de software, baseando-se em serviços


elementares até a concepção de um modelo comum de entrega dos aplicativos;

3) Adaptar e evoluir ao longo do tempo constantemente, independente da


tecnologia ou decisões tomadas;

4) Virtualizar dados consistentes e padronizados, reduzindo assim a


complexidade geral e os custos relacionados;

5) Suportar a inovação na implantação do modelo de serviços e redução de


custos através de um maior envolvimento da equipe de desenvolvimento.

131
7.6. R EDES DE C OMUNICAÇÃO E T RÁFE GO DE I NFORMAÇÕES

A relevância das Redes de Comunicação para que se extraia real valor dos
múltiplos dispositivos IoT, no contexto de uma Smart City, fica clara no desenho da
Arquitetura de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) proposta pela ITU
(International Telecommunications Union) no âmbito da orientação Technical
Reports and Specifications para Cidades Inteligentes e Sustentáveis 27, como
reproduzido abaixo:

Arquite tura de Te cnolog ia s da Informaçã o e Comunicaçã o (TICs) em Smart Cities, conforme a ITU.

Como se vê no esquema acima ilustrado, a camada das redes de comunicação


(indicada em verde) compreende o verdadeiro caminho para que os dados
capturados nos diversos devices posicionados na infraestrutura física da Cidade

27 ITU -T’ s T e chn i ca l Re po r ts a nd S pe ci fi ca ti o ns - Sh a p ing sm a r te r a n d m o r e sust a in a b l e cit ie s - S t rivi ng for


su sta in a b le d e vel o pm en t g oa ls. I n te r na ti o na l T e l ecom m u ni ca ti o n Un i on – IT U, 2 01 6. P . 157 .

132
(cinza e laranja) cheguem de modo seguro e eficiente a seus locais de
processamento e análise, indicados em azul – aplicando-se, nesta camada, as
inúmeras soluções baseadas em Big Data disponíveis à gestão pública.

O próprio Plano Nacional de IoT, em seu recente Relatório do Plano de Ação,


assim dispõe:

"Um dos principais pontos neces sár ios para o


adequado desenvolvimento da Internet das C oisas
está relacionado com a dis ponibilidade de
conectividade. Desse modo a aná lise e revisão do
quadro regulatório de teleco municaçõ es é de sum a
importância para se assegurá -la , co m as
especificidades necessária s, em especial diante da
variedade de aplicações e de novo s mo delos de
negó cio em IoT. (...)

Ainda que não sej a um desa fio pa rticula r a IoT,


am pliar a oferta de infraestrutura de redes de
telecom unicações é um o bjetivo a ser perseguido.
Se por um lado m uito houve ava nço nas últim as
décadas, co m investimento s tanto da inicia tiva
privada quanto do E stado , há muito espaço para
ampliar a capilaridade da infraes tr utura de
conectividade, principalmente consider ando-se
áreas mais afastadas dos grandes centr os , que, não
obs tante, são importantes par a as verticais
prioriz adas."

Segundo a ITU-T, as instalações de comunicação devem ser estruturadas


garantindo-se uma visão de comunicação que simplifique o planejamento e o
projeto de uma Cidade Inteligente. Os elementos essenciais são a cobertura
(principalmente devido às restrições geográficas), bem como requisitos de largura
de banda, e assim por diante. Várias alternativas podem usadas para estabelecer
comunicações entre os subsistemas de arquitetura de uma Cidade Inteligente:

1) Redes de cabo (fibra óptica, redes baseadas em coaxial pela Cidade, etc.);

2) Redes sem fio (WiFi, WiMax, GSM, redes móveis 4G etc.) disponíveis;

3) Conexões ponto-a-ponto entre os sistemas e dispositivos;

4) Distributed Object Management (DOM).

133
Todas as alternativas de transmissão acima são organizadas em quatro
grupos, em relação à faixa geográfica da rede:

1) Redes globais ou de área ampla (ou seja, em todo a Cidade) – WAN;

2) Redes de área regional (ou seja, bairros da Cidade) – MAN;

3) Redes de área local (isto é, dentro de um edifício da Cidade) – LAN;

4) Redes de área pessoal (rede de dados sem fio usada para comunicação entre
dispositivos de dados/periféricos em torno de um usuário) – PAN.

O projeto de rede deve envolver a preocupação com: QoS, segurança, VLAN,


redundância, provisionamento do serviço, monitoria da rede e gerenciamento de
falhas.

A ITU-T, no âmbito das normas emitidas, reforça que a infraestrutura para


transporte de dados das redes em ambientes urbanos deve ser tratada de forma
cuidadosa. Quando se deseja transportar um volume grande de dados, é necessário
que os governos locais implementem políticas nacionais para a implantação de
redes de banda larga – o que vai ao encontro de políticas como o Cidades Digitais,
explicadas nos capítulos precedentes.

Ressalta-se, a propósito do ADTCI, que a fibra-ótica é o meio físico que


transmite a maior quantidade de dados por longas distâncias. A capacidade de
largura de banda por distância excede qualquer outro tipo de meio físico, tal como
tecnologias com fio de cobre ou sem fio. A tecnologia Dense Wavelength Division
Multiplexing (DWDM) opera combinando e transmitindo múltiplos sinais
simultaneamente em diferentes comprimentos de onda em uma mesma fibra. A
tecnologia cria múltiplas fibras virtuais, multiplicando assim a capacidade do meio
físico.

Em um mundo que está se movendo para um futuro baseado em pacotes, o


Ethernet é o protocolo de enlace de dados dominante para as redes atuais, apoiando
uma infinidade de aplicações de comunicação. Além disso, o Ethernet é um dos
principais protocolos utilizados para interconectar roteadores e para transportar
aplicações em redes de fibra ótica de alta velocidade. A combinação de tecnologia
de transmissão de fibra óptica e processamento de dados otimizado com Ethernet
(Optical + Ethernet) é a solução perfeita para fornecer conectividade de alta
velocidade para dados, armazenamento, voz e aplicações de vídeo. Usando o

134
Multiprotocol Label Switching (MPLS) e as capacidades de tráfego vinculados à
camada 3 do Modelo OSI (vide item 9.7), otimiza-se o roteamento do tráfego IP,
através de diretrizes estabelecidas pela topologia e as capacidades do tronco.

Para acesso dos usuários finais a estas redes de longa distância


implementados pelos governos (MANs e WANs), tem-se: FTTX, XDSL, tecnologias de
acesso sem fio de banda larga móvel, 4G, comunicação por onda milimétrica, etc.

Certos modelos de comunicação devem ser conhecidos para a concepção de


interação entre recursos usando canais de comunicação compartilhados ou não.
Estes modelos são: modelo ponto-a-ponto, modelo cliente-servidor (empregado
comumente na Internet) e modelo produtor-consumidor. As características de cada
um fornece conhecimento prévio que garantirá maior eficiência de comunicação da
aplicação, otimizando a ocupação do canal de comunicação.

135
7.7. R EQUISITOS DE I NTEROPERABILIDADE E I NTEGRAÇÃO

Seguindo o modelo de referência OSI (Open System Interconnection),


destinado a orientar a comunicação entre máquinas heterogêneas (definindo-se
diretivas genéricas para construção de redes LAN, MAN e WAN, independentemente
da tecnologia adotada), apresentam-se as seguintes camadas:

M od e lo O SI

Nesse sentido, o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers)


contribuiu com a especificação de camadas mais baixas (camada física e enlace de
dados do modelo OSI) através do padrão IEEE802, o qual detalha de forma mais
aplicada as tecnologias empregadas. Além disso, subdivide a camada de enlace em
subcamada MAC e LLC, como apresentado na figura acima.

Tendo bem definida as camadas inferiores pela IEEE, surge o modelo TCP/IP,
que atua diretamente na camada de rede (protocolo IP) e transporte (protocolo TCP),
permitindo que computadores contendo sistemas operacionais diferentes possam se
comunicar, seguindo um padrão único de comunicação definido por estes protocolos.
A figura a seguir demonstra a comparação do modelo OSI versus o TCP/IP:

136
P a ra l e l o en tr e a s C ama da s OSI e Cam ad a s T CP/ IP

Quando um computador ou equipamento (recurso) necessita trocar


informações com outro, o modelo OSI nos ajuda a verificar os serviços necessários,
enquanto a IEEE802 especifica as condições físicas e de acesso ao meio de
comunicação. Para o caso da interoperabilidade entre recursos empregando
protocolos de comunicação distintos ou heterogêneos, empregam-se gateways
(atendendo as 7 camadas) que permitem a tradução de um protocolo para outro.
Nos casos em que os recursos adotam os mesmos protocolos, estes somente devem
ser configurados adequadamente para garantir seu funcionamento em conformidade
com os demais recursos já configurados.

Portanto, a interoperabilidade é estabelecida conforme os protocolos de


comunicação empregados. Existem protocolos que atuam em camadas mais baixas e
mais altas, dependendo do tipo de serviço que está sendo oferecido.

As plataformas de Middleware também contribuem para facilitar o


desenvolvimento de aplicações, provendo interoperabilidade para possibilitar a
integração de dispositivos, pessoas, sistemas e dados, bem como diversos tipos de
serviços adicionais necessários as aplicações, na lógica de uma Cidade Inteligente.
Um grande benefício do Middleware é o de ocultar as camadas inferiores e mais
complexas dos desenvolvedores de aplicações, simplificando a criação das
aplicações.

Nesse sentido, quando existem necessidades rígidas dos sistemas ou


aplicações, deve-se interagir diretamente com as camadas mais baixas (atuando em
quadro de dados ou pacotes com volume menor de dados), e quando os sistemas ou
aplicações são mais maleáveis, podem-se adotar gateways ou middlewares que agem
em camadas mais altas, manipulando pacotes de dados maiores.

137
Um exemplo disto se faz presente em redes industriais, agindo em camadas
baixas, e o modelo TCP/IP que atua em camadas intermediárias, empregando o
protocolo CSMA/CD, que não garante a entrega confiável atrelado a um tempo pré-
definido, por se tratar de um protocolo estatístico (não garante a entrega do dado
em um dado instante de tempo preciso – aspecto crucial em infraestruturas críticas
presentes nas Smart Cities).

Portanto, segundo Elkhodr M. et al (THE INTERNET OF THINGS: NEW


INTEROPERABILITY, MANAGEMENT AND SECURITY CHALLENGES, International
Journal of Network Security & Its Applications (IJNSA) Vol. 8, No. 2, March 2016),
para alcançar a interoperabilidade, vários outros desafios associados precisam ser
considerados, incluindo a interoperabilidade sintática entre recursos (adoção de
gateways e middlewares).

A integração dos recursos comumente é feita através de wireless sensors


networks (WSNs), devido sua facilidade de expansão, ou gateways nas camadas de
rede, respeitando-se as considerações feitas anteriormente sobre a pilha de
comunicação dos modelos pertinentes e a conexão física disponível. A computação
em nuvem também colabora por simplificar esta integração de recursos, no entanto
deve-se atentar para o volume de informações a ser enviado.

138
7.8. R EQUISITOS DE C IBERSEGURANÇA

De modo a viabilizar a aplicação de Requisitos de Cibersegurança de forma


razoável às tecnologias empregadas nas Infraestruturas Inteligentes, deve-se
empregar uma classificação para os níveis de risco dessas infraestruturas. Segue-
se, aqui, o exemplo adotado pela OIML – Organisation Internationale de Métrologie
Légale e pela WELMEC – European Cooperation in Legal Metrology, órgãos criados
para definir requisitos de conformidade técnica para medidores de grandezas da
Metrologia Legal, incluindo Smart Meters. Os requisitos impostos para aprovação de
modelos comercializáveis são relacionados com sua Classe de Risco.

As Classes de Risco da OIML/WELMEC foram estabelecidas segundo uma


análise direta dos impactos de falhas e fraudes nos dispositivos inteligentes. Assim,
Medidores de Gás e de Bombas de Combustíveis, por exemplo, são considerados de
classe de risco elevado, pois falhas nesses medidores causam impactos severos na
segurança física dos cidadãos e também na segurança das medidas, que não podem
ser refeitas. Segundo esses mesmos critérios, instrumentos que não estão ligados a
aplicações críticas, e cujas medidas podem ser facilmente refeitas em instrumentos
similares, são classificados em classes de menor risco (OIML D 31 International
Document, General requirements for software controlled measuring instruments,
Edition, 2008).

Outro documento relevante para a análise de risco é o documento D31.1 do


projeto PRACTICE [ICT-609611/D31.1/1.0], que inclui no seu Capítulo 4 a
metodologia empregada para análise de risco sob a Lei Europeia de Proteção de
Dados. A análise de riscos de infraestruturas de controle e automação, tais como
infraestruturas de controle de Usinas de Energia Nuclear, leva em consideração a
expectativa de impactos financeiros, de segurança e de saúde relacionadas a falhas
das infraestruturas.

As classes de Risco propostas neste estudo são estruturantes para estabelecer


o nível de exigências aplicadas aos equipamentos e tecnologias empregadas nas
Infraestruturas Inteligentes, e são discutidas sob a ótica do impacto que suas falhas
causam na Administração Pública e Sociedade (Segurança Pública, Administração de
Defesa Civil, Riscos de Segurança e Integridade Física aos Cidadãos). Recomendações
de Requisitos de Segurança Cibernética aplicadas a Redes de Comunicação e
Controle, Compartilhamento de Infraestruturas Digitais, redes de sensores, Redes de
Dispositivos IoT e equipamentos públicos, são feitas visando a Integração de
sistemas de IoT de múltiplos fornecedores para o Ambiente de Cidade Inteligente,
sempre com o mister de garantir a integridade das Infraestruturas segundo seu grau
de Risco.

139
Classes de Risco

São definidas, para os propósitos deste Documento de Referência, 4 classes


de Risco, com níveis crescentes de criticidade:

Classe 1: AZUL: baixa segurança

Dispositivos não conectados a sistemas de controle, sem identificação de


indivíduos, que não fornecem informações usadas na tomada de decisões que afetem
os cidadãos ou serviços públicos. Requisitos de Compliance de rede e protocolos;

Classe 2: VERDE: privacidade e sensores

Dispositivos que coletam informações de identificação de indivíduos, hábitos,


identificação biométrica de presença, sensores de presença em espaços públicos, e
aplicações que precisam resguardar a privacidade. Requisitos de Segurança de Dados
e Autenticação Segura;

Classe 3: AMARELO: controle e acesso

Dispositivos ligados a redes de controle, tais como Iluminação Pública,


Semáforos, controle de acesso e mobilidade, com exigências de prestação contínua
de serviços essenciais. Requisitos de Segurança Físico-Cibernética incluindo Falha
Segura, Detecção e Contenção de Falhas, Resiliência a ataques Cibernéticos,
Autenticação de alta segurança, Operação Autônoma em caso de falhas, e registro
de operações.

Classe 4: VERMELHO: segurança pública, transações financeiras e integridade física

Câmeras e sensores de monitoramento de Segurança Pública, Sensores ligados


a sistemas de tomada de decisões de Defesa Civil, Centros de Controle situacional,
tecnologias móveis de suporte a serviços essenciais, Saúde e sistemas com Risco de
Vida. Requisitos de Transporte de Dados de alta confiabilidade, redundância de
sistemas, Resiliência a ataques e falhas estruturais de rede, Segregação de tráfego
de rede, Autenticação de alta segurança.

140
Estudo de Caso: Hack do sistema de Semáforos de Nova Iorque

Consideração essencial a ser feita em relação ao risco de componentes da


Cidade Inteligente é o grau de integração que o componente tem com outros
sistemas de controle crítico. Como exemplo, toma-se o sistema de controle de
semáforos, considerado de alta criticidade e alto risco. Em comparação, simples
sensores de baixo custo são considerados de baixo risco, e, portanto, são
implementados com reduzida ou inexistente segurança cibernética.

Porém, se os sistemas de sensores são empregados para coletar dados e


fornecer subsídios para tomada de decisões em sistemas críticos, esses sensores
precisam ser alcançados pelos Requisitos dos sistemas críticos a que eles estão
funcionalmente relacionados. Um claro exemplo desta relação pode ser visto no
caso do Hack do sistema de Semáforos da Cidade de Nova Iorque, em Abril de 2014.
[http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2617228/New-Yorks-traffic-lights-
HACKED-technique-work-world.html]

O ataque ao sistema de controle de semáforos foi um ataque indireto,


realizado nos sensores de tráfego instalados nas rodovias e ruas da cidade. Como os
sensores magnéticos de baixo custo não controlam diretamente atuadores, e são
simples geradores de dados, não são considerados críticos, e são fornecidos sem
quaisquer proteções de Cibersegurança. O fabricante do sensor, confrontado com a
evidência de vulnerabilidades essenciais, afirmou que "não há necessidade de
segurança cibernética, pois os dispositivos não controlam os semáforos".

Esse é um exemplo claro da necessidade de estabelecer os requisitos de


Segurança Cibernética de dispositivos relacionados com a sua aplicação e
relacionamento com infraestruturas críticas, e não baseado apenas em suas
características técnicas isoladas.

Integração de dispositivos do IoT na Cidade Inteligente

A determinação das classes de Risco visa também desonerar requisitos para


dispositivos de baixa criticidade, que podem ser empregados para a melhoria de
serviços não críticos. Esses dispositivos de IoT surgirão em número significativo, e
serão frequentemente fruto de inovação trazida por empreendedores de tecnologia.
A integração desses dispositivos nas redes de Cidades Inteligentes é importante para
manter a dinâmica de inovação que é a tônica do setor de tecnologias da Internet
das Coisas.

Regras e práticas de integração, e publicação dos padrões de rede e


protocolos, mensagens e padrões de Segurança Cibernética adotados pelas várias

141
Infraestruturas das Cidades Inteligentes serão fatores determinantes no sucesso da
integração desses dispositivos da Internet das Coisas nas Cidades Inteligentes
Brasileiras.

Vulnerabilidades identificadas nas Cidades Inteligentes atuais

As evidências presentes na mídia dão um testemunho de que há um crescente


problema de ataque a Infraestruturas Críticas, e que as vulnerabilidades presentes
nas cidades atuais são alvo de hackers e ataques focados.

Alguns desses casos de ataques são descritos a seguir, como exemplo da


necessidade de estabelecer Requisitos para as tecnologias de hardware e software
empregadas nas Cidades Inteligentes.

CASO: Ataque a Represa em NY por Hackers Iranianos


[https://www.reuters.com/article/us-cybersecurity-dam-iran/iranian-hackers-
infiltrated-computers-of-small-dam-in-ny-wsj-idUSKBN0U41MD20151221]

O ataque a uma represa no estado de Nova Iorque foi reportado por um grupo
de hackers Iranianos em 2013. Os hackers acessaram os sistemas de controle da
represa a partir de um modem celular, e comprometeram os computadores de
controle automático da represa.

A análise do ataque mostrou que as infraestruturas de mais de 57 mil


sistemas industriais de controle ligados à Internet estão vulneráveis nos Estados
Unidos.

CASO: Ataque em Dallas a Sirenes da Defesa Civil


[https://www.nytimes.com/2017/04/08/us/dallas-emergency-sirens-
hacking.html?_r=1&utm_source=MIT+Technology+Review&utm_campaign=056ffab3
2c-The_Download_2017-04-07&utm_medium=email&utm_term=0_997ed6f472-
056ffab32c-154352697]

Em Abril de 2017, todas as 156 sirenes de alerta público da Defesa Civil de


Dallas foram acionadas por um ataque de hackers na noite de uma sexta-feira. O
ataque deflagrou uma onda de pânico entre moradores, que imaginaram que a
cidade estava sob ataque de mísseis. O impacto sobre a infraestrutura de chamadas
policiais e de socorro médico da cidade foi enorme, e foi identificado como um
ataque provocado por hackers.

142
CASO: Ataque em massa no sistema elétrico da Ucrânia

Em Dezembro de 2016, um ataque em larga escala foi realizado contra o


sistema de Energia Elétrica da Ucrânia. O ataque, considerado de alta sofisticação,
afetou as principais redes de controle de subestações do país, implantando malwares
que tomaram o controle dos sistemas de distribuição, e derrubou a rede do país
inteiro.

A rede da Ucrânia é considerada mais segura do que a de grandes países


desenvolvidos, tais como os Estados Unidos. As fragilidades exploradas pelos hackers
foram inúmeras, desde invadir computadores ligados à Internet, sistemas de SCADA
de controle das subestações e roubo de chaves e senhas de operadores.

143
7.8.1. R EQUISITOS DE F ALHA S EGURA E S EGURANÇA AOS C ID ADÃOS

Sistemas de Infraestruturas Inteligentes são sistemas interligados, que não


podem ser analisados como sistemas isolados. O acesso externo aos softwares e
protocolos de interface são vistos por hackers como SUPERFÍCIES DE ATAQUE.

A redução das superfícies de ataque para essas Infraestruturas Inteligentes é


necessária para reduzir os eventos de falha sob ataque, mas não eliminam as falhas.
As Infraestruturas Inteligentes críticas precisam ser dotadas de capacidade de
operação mesmo sob ataque. Ao serem projetadas como sistemas de controle crítico,
essas Infraestruturas Inteligentes seguem requisitos de FALHA SEGURA.

Sistemas de Falha Segura são projetados para falhar de uma determinada


maneira, menos danosa para os serviços e sistemas. Ataques cibernéticos podem ser
modelados como falhas na rede e, se projetadas de acordo, esses sistemas podem
exibir resiliência a ataques, devido à FALHA SEGURA.

Um exemplo de falha segura em sistemas de Iluminação Pública sob ataque é


o sistema ignorar os comandos de apagar as luminárias quando um ataque é
identificado, mantendo o nível de iluminação e operando em "modo local". Essa
resposta projetada no sistema resulta em resiliência a ataques, garantindo a
contínua prestação do serviço da Infraestrutura, mesmo sob falha na rede de
comunicação.

O estabelecimento de Requisitos de Falha Segura garante aos Cidadãos o


resguardo de sua Segurança física. As Infraestruturas Inteligentes, se especificadas
segundo Requisitos de Falha Segura, tornam-se mais resilientes a ataques e,
portanto, mais capazes de garantir a integridade das Cidades Inteligentes.

Recomendações de Requisitos de Segurança Cibernética para Resiliência das


Cidades Inteligentes

As seguintes Recomendações de Requisitos de Segurança Cibernética para


Infraestruturas Inteligentes têm por objetivo estabelecer as exigências mínimas das
tecnologias de hardware, firmware, software e redes empregadas nas Cidades
Inteligentes Brasileiras.

Tais Requisitos emanaram do estudo e observação de vulnerabilidades


presentes em Smart Cities atuais, e seguem as recomendações mínimas de padrões
internacionais de Segurança Cibernética e Segurança Funcional estabelecidas e

144
aceitas amplamente na Europa, América do Norte e Ásia para sistemas seguros e
críticos.

Os Padrões Internacionais usados nesta recomendação são:

NIST FIPS Cryptography Standards;


ISO/IEC Common Criteria for Secure Software;
NIST Cyber-Physical Systems Standards;

Os Requisitos podem ser distribuídos nas seguintes classes funcionais:

- Segurança e Integridade de dispositivos


- Segurança e Integridade de Dados
- Segurança de Comunicações
- Autenticação de comandos e Operadores

Os requisitos não são limitantes ou proprietários, e estendem-se a todos os


fabricantes e tecnologias utilizadas nas Infraestruturas Inteligentes:

- Uso de Criptografia de Chave Pública para Autenticação Segura


- Verificação de Integridade de Software e Hardware
- Proteção de Dados sensíveis por Encriptação de Dados
- Uso de protocolos aprovados para troca de segredos e chaves
- Detecção e Contenção de Falhas físicas
- Aplicação de Falha Segura e Operação com capacidades reduzidas
- Autenticação e validação de dados de Sensores
- Verificação de integridade criptográfica para carga de software remota
- Redundância de sistemas de Autenticação de operadores
- Assinatura Digital de dados de sensores e ordens de controle

Além dos requisitos aplicáveis a dispositivos e sistemas, podemos mencionar


os seguintes requisitos aplicáveis a Infraestruturas:

- Segregação de redes físicas de comunicação para Infraestruturas Críticas, sem


misturar tráfego de Internet pública com tráfego de controle;
- Tratamento de Sensores com o mesmo grau de Requisitos aplicáveis aos
sistemas que consomem os dados desses sensores;
- Tratamento de chaves secretas e comissionamento de dispositivos via planos
de comissionamento adequados a sistemas de alta segurança;
- Re-deployment de segredos e obsolescência de chaves ao detectar
vulnerabilidades;
- Contínuo stress funcional de segurança, com detecção ativa de
vulnerabilidades nos sistemas de Cidades Inteligentes.

145
8. T ECNOLOGIAS , S OLUÇÕES E A PLICAÇÕE S S MART E LE ITAS PARA O P ROJETO

Considerados os Cenários descritos acima, as melhores práticas delineadas na


Parte II e as linhas-mestras que constam do Capítulo 7, bem como as limitações
físicas e logísticas do Campus do Inmetro (Rio de Janeiro), foram definidas as
aplicações Smart eleitas preliminarmente para o Projeto do ADTCI.

Vide Projeto Básico Preliminar.

146
9. M APEAMENTO DE P LAYERS E LE GÍVEIS AO P ROJETO

Conforme levantamento e cadastramento realizados pela Agência Brasileira


de Desenvolvimento Industrial (ABDI), 110 empresas sediadas no Brasil possuem
soluções compatíveis com os cenários e aplicações que serão postos em teste no
Ambiente de Demonstração:

N.º LOGO NOME CIDADE ESTADO

ACQUACONTE - SOLUÇÕES
1 LONDRINA PARANÁ
HÍDRICAS SUSTENTÁVEIS

2 ACQUAPLANET NÁUTICA SÃO PAULO SÃO PAULO

SÃO BERNARDO
3 ACURA SÃO PAULO
DO CAMPO

4 ADVANTECH BRASIL LTDA SÃO PAULO SÃO PAULO

AEROMETRICS TECNOLOGIA LTDA -


5 CURITIBA PARANÁ
SMART MATRIX

6 AFTERSIX SÃO PAULO SÃO PAULO

AGÊNCIA BRASILEIRA DE SÃO JOSÉ DOS


7 SÃO PAULO
METEOROLOGIA - CLIMATEMPO CAMPOS

CAMPINA
8 AION PARAÍBA
GRANDE

ALIGER IND. DE BASE RIO DE


9 RIO DE JANEIRO
TECNOLÓGICA LTDA JANEIRO

ATECH - NEGOCIOS EM
10 SÃO PAULO SÃO PAULO
TECNOLOGIAS S.A.

147
SANTA RITA DO MINAS
11 ATIVA SOLUÇÕES
SAPUCAÍ GERAIS

PERNAMBUC
12 ÁUDIO ALERTA OLINDA
O

BEYOND DOMOTICS ELETRONICOS RIO GRANDE


13 PORTO ALEGRE
LTDA DO SUL

BOW INOVAÇÃO E TECNOLOGIA


14 SÃO PAULI SÃO PAULO
LTDA

BR SIG SISTEMAS DE INFORMAÇÃO


15 SÃO PAULO SP
GEOGRÁFICA LTDA.

16 BRIGHT CONSULTING CAMPINAS SÃO PAULO

17 CELPLAN CAMPINAS SÃO PAULO

SANTA
18 CHIPUS MICROELETRÔNICA S.A. FLORIANOPOLIS
CATARINA

19 COGNETI-TEC SISTEMAS LTDA CAMPINAS SÃO PAULO

20 COMPNET TECNOLOGIA EIRELLI CA,MPO GRANDE MS

COMTEX INDUSTRIA E COMERCIO, RIO DE


21 RIO DE JANEIRO
IMPORTAÇÃO E EXP SA JANEIRO

22 CONCERT TECHNOLOGIES S.A. SÃO PAULO SÃO PAULO

23 COSS CONSULTING, BRASIL SÃO CARLOS SÃO PAULO

24 CPQD CAMPINAS SÃO PAULO

SANTA RITA DO MINAS


25 DAS COISAS
SAPUCAÍ GERAIS

148
[DHQ] MINAS
26 DHQ TECNOLOGIA PATOS DE MINAS
GERAIS

RIO GRANDE
27 DIGICON S/A GRAVATAÍ
DO SUL

DIGISTAR TELECOMUNICAÇÕES RIO GRANDE


28 SÃO LEOPOLDO
S.A. DO SUL

SANTA
29 DÍGITRO TECNOLOGIA S.A. FLORIANÓPOLIS
CATARINA

EDB POLIOIS VEGETAIS DO BRASIL


30 CURITIBA PARANA
LTDA

31 EITV CAMPINAS SÃO PAULO

[ENVIROME
NTAL] SANTA BARBARA
32 ENVIROMENTAL SERVICE SÃO PAULO
D'OESTE

SANTA
33 ERICO MONTRUCCHIO BASSO RIO NEGRINHO
CATARINA

34 EXATI TECNOLOGIA CURITIBA PARANÁ

EXATRON INDUSTRIA ELETRONICA RIO GRANDE


35 PORTO ALEGRE
LTDA DO SUL

36 FURUKAWA CURITIBA PARANÁ

GEO PIXEL GEOTECNOLOGIAS SÃO JOSÉ DOS


37 SÃO PAULO
CONSULTORIA E SERVIÇO LTDA CAMPOS

LARANJAL
38 HENSYS SÃO PAULO
PAULISTA

39 HONEYWELL (POWER) BARUERI SÃO PAULO

149
HONEYWELL TECHNOLOGIES
40 BARUERI SÃO PAULO
CORPORATION

ICATEL - ICA TELECOMUNICAÇÕES


41 SÃO PAULO SÃO PAULO
LTDA

RIO GRANDE
42 IN2 PORTO ALEGRE
DO SUL

IMA - INFORMÁTICA DE
43 CAMPINAS SÃO PAULO
MUNICÍPIOS ASSOCIADOS

INSTITUTO DE PESQUISAS
44 CAMPINAS SÃO PAULO
ELDORADO

INSTITUTO SENAI DE INOVAÇÃO


45 SALVADOR BAHIA
EM AUTOMAÇÃO DA PRODUÇÃO

SANTA
46 INTELBRAS S.A. SÃO JOSÉ
CATARINA

MINAS
47 IOTON UBERLANDIA
GERAIS

DISTRITO
48 JUGANU BRASIL ENERGIA AS BRASÍLIA
FEDERAL

KHOMP INDUSTRIA E COMERCIO SANTA


49 FLORIANÓPOLIS
LTDA CATARINA

KNBS TELECOMUNICAÇÕES E
50 CAMPINAS SÃO PAULO
INFORMÁTICA LTDA.

KRAFTY DESENVOLVIMENTO DE
51 SAO PAULO SÃO PAULO
TECNOLOGIAS LTDA - ME

52 LANDIS+GYR CURITIBA PARANÁ

LEDICO PERNAMBUC
53 LEDICO RECIFE
O

150
RIO GRANDE
54 LIBRE SOLUÇÕES DE GOVERNO PORTO ALEGRE
DO SUL

BELO MINAS
55 M2M TELEMETRIA
HORIZONTE GERAIS

56 MAPTRIZ LONDRINA PARANA

MAUELL SERVIÇOS DE
57 SÃO PAULO SÃO PAULO
TECNOLOGIA LTDA.

58 MIDIACODE (NOVARI) SÃO PAULO SÃO PAULO

SÃO JOSE DOS


59 MKT TECNOLOGIAS SÃO PAULO
CAMPOS

PERNAMBUC
60 MOLEGOLAR RECIFE
O

PERNAMBUC
61 MOOH TECH RECIFE
O

62 MUOVE BRASIL SÃO PAULO SÃO PAULO

NANSEN S.A. INSTRUMENTOS DE MINAS


63 CONTAGEM
PRECISÃO GERAIS

NDVIDA SISTEMAS ONLINE DO


64 SÃO PAULO SÃO PAULO
BRASIL LTDA

65 NEARBEE CAMPINAS SÃO PAULO

RIO DE
66 NET SENSORS TECNOLOGIA LTDA RIO DE JANEIRO
JANEIRO

67 NETEC NET TECNOLOGIA CURITIBA PARANÁ

151
NEUROBRINQ COMERCIO E SANTA RITA DO MINAS
68
SERVIÇOS LTDA ME SAPUCAÍ GERAIS

NEW TEMPUS BR PESQUISA, RIO GRANDE


69 PORTO ALEGRE
INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA DO SUL

OMEGA IND E COM DES DE SIST E


70 PINHAIS PARANÁ
INTELIGENCIA ARTIFICIAL LTDA

[O N E] ONE - ORGÂNICO NATURAL


71 ARAÇATUBA SÃO PAULO
ECOLÓGICO

72 OSISOFT SÃO PAULO SÃO PAULO

73 PADTEC CAMPINAS SÃO PAULO

PARKS S.A. COMUNICAÇÕES RIO GRANDE


74 CACHOEIRINHA
DIGITAIS DO SUL

75 PHILIPS LIGHTING BARUERI SÃO PAULO

PHYGITALL SOLUÇÕES EM RIO DE


76 RIO DE JANEIRO
INTERNET DAS COISAS JANEIRO

77 POSITIVO TECNOLOGIA S.A. CURITIBA PARANÁ

78 PROELETRONIC JACAREÍ SÃO PAULO

PRYSMIAN CABOS E SISTEMAS DO


79 SOROCABA SÃO PAULO
BRASIL S.A.

80 PSA TECHNOLOGY SÃO PAULO SÃO PAULO

PUMATRONIX EQUIPAMENTOS
81 CURITIBA PARANA
ELETRÔNICOS LTDA

82 QUADRITECH TECNOLOGIA CURITIBA PARANÁ

152
83 RAIS SAÚDE LONDRINA PARANÁ

84 RECYCLE BRAZIL MARINGÁ PARANÁ

RIO DE
85 RUSTCON RIO DE JANEIRO
JANEIRO

86 SAP BRASIL SÃO PAULO SÃO PAULO

87 SCHRÉDER VINHEDO SÃO PAULO

88 SEEBOT SOLUÇÕES INTELIGENTES SÃO PAULO SÃO PAULO

SEIP 7 – INDÚSTRIA E COMÉRCIO


89 DE MÁQUINAS E TECNOLOGIA SOROCABA SÃO PAULO
LTDA

SILVER SPRING NETWORKS DO


90 SÃO PAULO SÃO PAULO
BRASIL LTDA

SMART GREEN DESENVOLVIMENTO


91 CURITIBA PARANÁ
DE TECNOLOGIAS S/A

SMARTIKS TECNOLOGIA DA CAMPINA


92 PARAÍBA
INFORMAÇÃO LTDA GRANDE

SPIN ENGENHARIA DE DISTRITO


93 BRASÍLIA
AUTOMAÇÃO LTDA FEDERAL

SPLICE INDÚSTRIA COMÉRCIO E


94 VOTORANTIM SÃO PAULO
SERVIÇOS LTDA.

RIO DE
95 STARTMEUP SOLUTIONS RIO DE JANEIRO
JANEIRO

[STETIKA STETIKA SOLAR ENERGIA LIMPA +


96 SÃO PAULO SÃO PAULO
SOLAR] BEM VIVER

97 STMICROELECTRONICS LTDA SAO PAULO SAO PAULO

153
TAGGEN SISTEMAS DE
986 CAMPINAS SÃO PAULO
INFORMAÇÃO LTDA.

TI.MOB TECNOLOGIA E SOLUÇÕES BELO MINAS


99
EM MOBILIDADE HORIZONTE GERAIS

100 TRIL TECNOLOGIA E PROJETO SÃO PAULO SÃO PAULO

UPSENSOR DESENVOLVIMENTO RIO GRANDE


101 SÃO LEOPOLDO
LTDA DO SUL

DISTRITO
102 VISENT BRASÍLIA
FEDERAL

VM9 TECNOLOGIA DA RIO DE


103 NOVA FRIBURGO
INFORMAÇÃO LTDA JANEIRO

104 W3 INFORMÁTICA LTDA. - ME CAXIAS DO SUL RS

WAY2 SERVIÇOS DE TECNOLOGIA SANTA


105 FLORIANÓPOLIS
S.A. CATARINA

WEG EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS JARAGUÁ DO SANTA


106
SA SUL CATARINA

WISEHOME SOLUÇÕES
107 HORTOLANDIA SÃO PAULO
INTELIGENTES

RIO DE
108 WND BRASIL RIO DE JANEIRO
JANEIRO

RIO DE
109 ZENITEL BRAZIL RIO DE JANEIRO
JANEIRO

ZUMPY - MOBILIDADE BELO MINAS


110
SUSTENTAVEL. HORIZONTE GERAIS

Somam-se a estas Instituições as grandes desenvolvedoras multinacionais, a


exemplo de Microsoft, IBM e Oracle, cujos cases de sucesso no campo das Cidades
Inteligentes encontram-se mencionados ao longo deste Documento de Referência.

154
PARTE IV – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

10. R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS

"A Cidade para os Cidadãos: Mobilidade, Energia e Agricultura Urbana", divulgado


no Caderno FGV Projetos n.º 24, de Julho de 2014 (p. 58), intitulado “Cidades
Inteligentes e Mobilidade Urbana”, disponível em
http://fgvprojetos.fgv.br/publicacao/cadernos-fgv-projetos-no-24-cidades-
inteligentes-e- mobilidade-urbana (acesso em 02/11/2017);

ANTUNES, Vitor Amuri. Parcerias Público-Privadas para Smart Cities. Rio de Janeiro:
Ed. Lumen Juris, 2017. 2.ª Edição;

"Data breaches through wearables put target squarely on IoT in 2017 - Security needs
to be baked into IoT devices for there to be any chance of halting a DDoS attack,
according to security experts".
https://www.javaworld.com/article/3153938/internet-of-things/data-breaches-
through-wearables-put-target-squarely-on-iot-in-2017.html, acesso em 02/11/2017;

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