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OS SÚDITOS DO EIXO: QUINTA COLUNA E ESTADO NOVO EM

TEMPOS DE GUERRA
1. INTRODUÇÃO
O Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945) ficou caracterizado pela oposição de grandes
nações, que disputavam com modelos políticos antagônicos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
De um lado, as democracias liberais, representadas por França, Inglaterra e Estados Unidos, de outro,
os governos ditatoriais de Hitler e Mussolini. É neste contexto global, que se torna necessário
compreender as consequências das ações diplomáticas na política interna brasileira e, por fim,
questionar os interesses de Getúlio Vargas com as duas ideologias que se enfrentaram em campo de
batalha.

As relações do Brasil com a Alemanha Nazista possuíam vertentes econômicas, sociais e


culturais. Assim como grande parte das relações diplomáticas, os acordos com o III Reich iniciaram de
forma comercial, com exportações de matérias-primas e importações de produtos industrializados. Os
militares brasileiros vivenciaram um exemplo desta proximidade alemã, já que muitos dos seus
armamentos eram de origem alemã e possuíam qualidade reconhecida pelos soldados.

Os alemães erradicados também representaram uma dinâmica que envolvia os caminhos da


política externa, o desenrolar da geopolítica Alemã e questões internas na política brasileira. Eram,
geralmente, famílias emigradas da República de Weimar – república alemã fundada após a primeira
guerra e encerrada pela ditadura nazista – que se firmaram em solo brasileiro em busca de mudanças
ou para trabalhos em empresas germânicas. A presença dessas famílias e de qualquer tipo de
instituição alemã fora do Reich passou a ser responsabilidade do Auslandsorganisation (organização
nazista para o exterior).

A relação do governo brasileiro com os alemães no Brasil foi volátil e mudou de acordo com os
rumos da política. Enquanto observou-se uma proximidade diplomática com o Fascistas e Nazistas,
alemães e italianos viviam de forma natural no território, ainda que alguns retornassem ao país de
origem para vivenciarem as transformações sociais que lá ocorriam. Entretanto, com o fim da
equidistância pragmática e a declaração de guerra ao Eixo, alemães, italianos e japoneses tornaram-se
inimigos internos e um perigo à segurança interna do país.

Compreender a relação policial entre a ditadura Varguista e os indivíduos acusados de


espionagem é o caminho para a definição de Quinta Coluna no Brasil. São classificados como Quinta
Coluna aqueles indivíduos residentes no país e que representam os interesses de um inimigo em um
contexto de guerra. Práticas como sabotagem e espionagem são típicas destes grupos, classificados
como traidores. Em determinado momento da guerra, até mesmo o idioma – italiano, japonês e alemão
– tornou-se proibido em estabelecimentos brasileiros, pois esta parcela da população representava uma
grande ameaça.

Os Departamentos Policiais do governo resumem em muitos pontos a dinâmica abordada neste


texto. Em um primeiro momento destaca-se a sua proximidade com a Gestapo – polícia política nazista
– e, após o processo de nacionalização – que consistiu em uma doutrina do Estado Novo na construção
ideológica do Brasil – atuam como instrumentos estatais de perseguição e classificação de suspeitos, o
que Ana Maria Dietrich (doutora em História Social pela USP), em sua obra Caça às Suásticas,
nomeou como Categorias de Suspeição (DIETRICH, 2007).

2. O REICH SEM FRONTEIRAS


Desde meados dos anos 1920, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães recebia
diariamente inúmeros pedidos de filiação, oriundos de diversas regiões do mundo (CARVALHO,
2018). O número de alemães no exterior que compactuavam com os ideais pregados por Hitler era
considerável e estes buscavam proximidade com a doutrina nazista. A idealização de uma grande
comunidade alemã não era totalmente aberta aos mestiços, somente aos alemães considerados puros,
que careciam de uma organização sob os moldes do Partido. Fundar a Organização Nazista para o
Exterior representava uma guinada para além das fronteiras alemãs, deixando claro o interesse
supranacional nazista.

No Brasil, não faltam exemplos que demonstrem esta proximidade do Partido Nazista com os
alemães erradicados. É sempre bom ressaltar os enormes índices de imigrantes germânicos para o
Brasil. Contudo, esses organismos para o exterior adotavam uma linha moderada, agindo com cautela
para não despertar crises diplomáticas, algo que não se sustentou por muito tempo. O partido nazista
brasileiro é um objeto de estudo inevitável, já que se consolidou como a maior representação deste tipo
fora da Alemanha. As determinações do partido, principalmente em São Paulo, deixam claras algumas
intenções e a impossibilidade de coexistência com a nova política nacionalista de Vargas.

Durante as boas relações diplomáticas entre os dois países, o Partido Nazista Brasileiro
conseguiu se consolidar e angariar a participação dos germanófilos interessados em apoiar o Reich de
alguma forma. Escolas passaram por um processo de aculturamento nazista, professores favoráveis ao
regime difundiam sua ideologia, bancos alemães utilizam práticas cambiais ilegais, visando o envio de
dinheiro para o país natal, entre outras formas de atuação. Isto demonstra como o ambiente brasileiro
ainda era muito aberto a práticas deste tipo, condizendo em grande parte com a sua política externa de
Equidistância Pragmática, termo utilizado para caracterizar a política externa Varguista nas relações
diplomáticas “equidistantes” com as democracias liberais e com as ditaduras do eixo.

É necessário ressaltar que esse momento de ambiguidades ideológicas também marcava presença
nos altos comandos governamentais entre ministros importantes do governo Vargas. Filinto Müller foi
o caso mais significativo, pois teve destaque na captura de Olga Benário e Luís Carlos Prestes. Ele
também simboliza o auge da proximidade diplomática com o eixo, tendo passando um período de
“estágio” com a Gestapo na Alemanha, visando aprimorar práticas policiais e de tortura. As ações da
polícia brasileira, principalmente na perseguição aos comunistas com retratações aos representantes
políticos alemães, marcaram a figura histórica de Müller como executor de ordens do Führer e não do
Brasil.

3. POSTURA MODERADA BRASILEIRA


Todavia, esta turbulência não era restrita à polícia, mas também aos consulados e representações
diplomáticas na Europa. É indispensável destacar nomes como Aracy Guimarães Rosa, merecidamente
chamada por Anjo de Hamburgo, e Luiz Martins de Souza Dantas. Dois diplomatas que serão
lembrados por não seguirem ordens oficiais, feito que acabou salvando centenas de vidas judias. Os
ofícios secretos decretados pelo governo de Getúlio estabeleceram barreiras para a entrada de judeus
no território brasileiro, alegando preservação da mão de obra nacional.

A busca por valorização da mão de obra nacional não parecia um argumento plausível,
principalmente em um contexto de perseguições étnicas e políticas. Durante esse período, a maior
preocupação do governo brasileiro ainda era o perigo comunista, bem representado pelo fechamento da
Aliança Nacional Libertadora (ANL) e a proximidade de Vargas com a Ação Integralista Brasileira
(AIB). A não concessão de vistos aos judeus em fuga representou a negação ao exílio e à salvação.
Enquanto isso, jornais como o Deutscher Morgen circulavam livremente pelos grandes centros urbanos
brasileiros, levando notícias da pátria mãe alemã, sem citar as atrocidades, como foi o caso das Leis de
Nuremberg (1935), legislação antissemita nazista, com proibições de todas as vertentes que visavam
preservar a raça e a comunidade alemã, chegando ao ponto de impedir casamentos com judeus e a
perda de direitos básicos.

4. ESTADO NOVO, GUERRA E CONCLUSÃO

Com instauração da ditadura do Estado Novo, teve início uma política de nacionalização da
sociedade brasileira, baseada em ideais ufanistas muito comuns em regimes de exceção. O grande
dilema estava na forma como os alemães se comportavam, principalmente ao colocarem a pátria de
origem em primeiro lugar. A declaração de guerra ao Eixo (1942) e a consequente entrada no conflito
ao lado dos Aliados, minguaram as relações do governo brasileiro com os Súditos do Eixo, atuando de
forma mais incisiva e até mesmo desproporcional.

É possível dizer que no momento anterior à declaração de guerra, o principal motivo para as
perseguições contra nazistas no Brasil estava pautado na divergência de pensamento. Diferentemente
do que se imagina, Vargas não estava combatendo o nazismo, estava combatendo o antipatriotismo,
aqueles que não se enquadravam na lógica nacionalista. Continuar sendo um nazista não representava
grandes problemas, apenas deveriam se comportar de acordo com a ideologia do regime. Entretanto, o
fim dos partidos políticos representou o primeiro grande desentendimento diplomático, tornando o
representante alemão Karl Ritter persona non grata no Brasil (DIETRICH, 2007).

O que se observou na cronologia dos fatos foi a mudança da postura brasileira de acordo com os
pretextos diplomáticos. Enquanto era possível coexistir com os interesses nazistas no Brasil, a
diplomacia acenava para acordos com as duas frentes – Democracias e Ditaduras. Quando Getúlio
Vargas decidiu oficializar sua própria ditadura, alguns interesses passaram a se tornar conflituosos, mas
ainda possíveis. A partir da declaração de guerra ao Eixo, o que se viu foi a perseguição de supostos
espiões, agentes externos nocivos à segurança nacional, pessoas inocentes torturadas pelo fato de
falarem alemão em público e até mesmo campos de concentração brasileiros (PERAZZO, 2009).
Muitos suspeitos permaneceram presos até o fim da guerra e não possuíram julgamentos conclusivos
sobre serem ou não inimigos do Estado.

REFERÊNCIAS

• Ana Maria Dietrich. Caça às Suásticas: O partido Nazista em São Paulo sob a mira da Polícia
Política. FAPESP: São Paulo, 2007.

• Bruno Leal Pastor Carvalho e Taís Campelo Lucas (org.). Expressões do nazismo no Brasil:
Partido, Ideias e Reflexos. Saga Editora: Salvador, 2018.

• Gerson Moura. Relações exteriores do Brasil, 1939 –1950. Mudanças na natureza da relação
Brasil –Estados Unidos durante e após a Segunda Guerra Mundial. Brasília: Funag, 2012. p.
33-175.

• Priscila Ferreira Perazzo. Prisioneiros da Guerra: Os “súditos do eixo” nos campos de


concentração brasileiros (1942-1945). FAPESP: São Paulo, 2009.

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