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As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no mundo globalizado, foram

marcadas por consideráveis avanços científicos, dentre os quais destacam-se as


tecnologias de informação e comunicação (TICs). Nesse sentido, tal panorama
promoveu a ampliação do acesso ao conhecimento, por intermédio das redes sociais e
mídias virtuais. Em contrapartida, nota-se que essa realidade impôs novos desafios às
sociedades contemporâneas, como a possibilidade de manipulação comportamental via
dados digitais. Desse modo, torna-se premente analisar os principais impactos dessa
problemática: a perda da autonomia de pensamento e a sabotagem dos processos
políticos democráticos.
Em primeira análise, é lícito postular que a informação é um bem de valor social, o
qual é responsável por modular a cosmovisão antropológica pessoal e influenciar os
processos de decisão humana. Nesse raciocínio, as notícias e acontecimentos que
chegam a um indivíduo exercem forte poder sobre tal, estimulando ou suprimindo
sentimentos como empatia, medo e insegurança. É factual, portanto, que a capacidade
de selecionar - via algoritmos - as reportagens e artigos que serão vistos por
determinado público constitui ameaça à liberdade de pensamento crítico. Evidenciando
o supracitado, há o livro " Rápido e devagar: duas formas de pensar", do especialista
comportamental Daniel Khaneman, no qual esse expõe e comprova - por meio de
décadas de experimentos socioculturais - a incisiva influência dos meios de
comunicação no julgamento humano. Torna-se clara, por dedução analítica, a
potencial relação negativa entre a manipulação digital por dados e a autonomia
psicológica e racional da população.
Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às
instituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena
suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir
segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as
decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, assim,
que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook e
Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático.

Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo desafio


hodierno e precisa ser combatida. Dessarte, as instituições escolares - responsáveis por
estimular o pensamento crítico na população - devem buscar fortalecer a capacidade
de julgamento e posicionamento racional nos jovens. Isso pode ser feito por meio de
palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a filosofia criticista e
sociologia, visando aprimorar o raciocínio autônomo livre de influências. Em paralelo,
as grandes redes sociais, interessadas na plenitude de seus usuários, precisam
restringir o uso indevido de dados privilegiados. Tal ação é viável por intermédio da
restrição do acesso, por parte de entidades políticas, aos algoritmos e informações
privadas de preferências pessoais, objetivando proteger a privacidade do indivíduo e o
exercício da democracia plena. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o
impacto nocivo do controle comportamental moderno, e a sociedade alcançará o
estágio da maioridade Kantiana.
Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro
acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era
vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito
assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes auditivos brasileiros, os quais buscam
ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação. Nesse contexto,
não há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual
ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao
preconceito da sociedade.
A Constituição cidadã de 1988 garante educação inclusiva de qualidade aos
deficientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles
no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos,
logo se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a
oferta não apenas da educação inclusiva, como também da preparação do número
suficiente de professores especializados no cuidado com surdos não está presente em
todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.

Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é umgrande impasse à permanência


dos deficientes auditivos nas escolas. Tristemente, a existência da discriminação contra
surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva. No
entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às
pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos
construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da
sociedade é fundamental para transpor as barreiras à formação educacional de surdos.
Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema.
Cabe ao Ministério da Educação criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o
qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do
cotidiano e dos direitos dos surdos. - uma vez que ações culturais coletivas têm imenso
poder transformador - a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral - por
conseguinte - conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego
e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.
Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe,
por meio da repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela era
“coxa), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes. Atualmente,
mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e
preconceito permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada aos
surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse grupo,
especialmente no ramo laboral.

Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é


um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para
deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios
sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não
necessitar dela. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites
do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo
que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos
no que tange aos respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos
governamentais em capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que
tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades
em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no
mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito
intrínseco à sociedade brasileira. Essa conjuntura, de acordo com as ideias do
contratrualista Johm Locke, configura-se uma violação do “contrato social”, já que o
Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos
imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da
igualdade entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de
ainda maior exclusão e desrespeito.
Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação
de cidadãos que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de
palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema,
visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de
deficiência. Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores
investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino
inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos
uma formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação
de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-
Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de
trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão,
narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses
cidadãos.
No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado
totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim
de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca
na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que
diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem
do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a
realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do
século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial
corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência
comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias,
internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na
internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a
partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Baüman, vive-se
atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só
possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas
para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são
inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o
consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no
comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e
o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas
coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da
série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para
relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as
que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é
o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir
conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo
homogêneo e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual.
Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o
Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais,
campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos
algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da
alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes
variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível
combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais,
estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em
Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século
XXI.

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