Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Noções de Processos,
Tecnologias de Fabricação
de Alimentos de Origem Animal
e Vegetal e Gestão Industrial
Célia Andressa Fernandes
Eliana Maria Teixeira
Natália Tsuzuki
Reginaldo Marcos Martins
Produção Agroindustrial
Noções de Processos,
Tecnologias de Fabricação
de Alimentos de Origem Animal
e Vegetal e Gestão Industrial
1a Edição
1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Produção agroindustrial : noções de processos, tecnologias de fabricação de alimentos de origem animal e vegetal e
gestão industrial / Eliana Maria Teixeira...[et al.]. -- 1. ed. -- São Paulo : Érica, 2015. -- (Série eixos)
Outros autores: Natália Tsuzuki, Célia Andressa Fernandes, Reginaldo Marcos Martins
Bibliografia
ISBN 978-85-365-1651-6
14-11241 CDD-338.16
Os Autores e a Editora acreditam que todas as informações aqui apresentadas estão corretas e podem ser utilizadas para qualquer fim legal.
Entretanto, não existe qualquer garantia, explícita ou implícita, de que o uso de tais informações conduzirá sempre ao resultado desejado.
Os nomes de sites e empresas, porventura mencionados, foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo vínculo nenhum com
o livro, não garantindo a sua existência nem divulgação. Eventuais erratas estarão disponíveis para download no site da Editora Érica.
Conteúdo adaptado ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em execução desde 1o de janeiro de 2009.
A ilustração de capa e algumas imagens de miolo foram retiradas de <www.shutterstock.com>, empresa com a qual se mantém contrato
ativo na data de publicação do livro. Outras foram obtidas da Coleção MasterClips/MasterPhotos© da IMSI, 100 Rowland Way, 3rd floor
Novato, CA 94945, USA, e do CorelDRAW X5 e X6, Corel Gallery e Corel Corporation Samples. Copyright© 2013 Editora Érica, Corel
Corporation e seus licenciadores. Todos os direitos reservados.
Todos os esforços foram feitos para creditar devidamente os detentores dos direitos das imagens utilizadas neste livro. Eventuais omissões
de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas nas próximas edições, bastando que seus proprietários conta-
tem os editores.
2 Produção Agroindustrial
Agradecimentos
3
Sobre os autores
4 Produção Agroindustrial
Sumário
1.1 Generalidades.................................................................................................................................................11
2.2.1 Introdução..............................................................................................................................................20
5
Capítulo 3 - Noções de Tecnologia de Fabricação de Produtos de Origem Vegetal............... 29
5.1 Processamento................................................................................................................................................69
6 Produção Agroindustrial
5.3 Controle de qualidade...................................................................................................................................75
7
9.3 Avaliar custo-benefício dos produtos elaborados...................................................................................106
10.5.1 O cliente.............................................................................................................................................129
10.5.2 O produto..........................................................................................................................................130
10.5.3 As pessoas..........................................................................................................................................130
10.5.4 A tecnologia......................................................................................................................................130
10.5.5 Os resultados.....................................................................................................................................131
8 Produção Agroindustrial
Apresentação
9
O Capítulo 3 aborda os aspectos importantes sobre a obtenção de matéria-prima de origem
vegetal, alguns conhecimentos básicos sobre fisiologia dos vegetais, bioquímica, microbiologia
(colheita, pós-colheita). Noções de tecnologia de fabricação de produtos de origem vegetal. Trans-
formar um produto in natura em produto industrializado, ou minimamente processado, agregan-
do valor, o que possibilita ao pequeno produtor a verticalização da produção, obtenção de maiores
preços e aproveitamento de alimentos com qualidade mas fora do padrão comercial, ou estocar em
épocas de preços baixos. Princípios gerais de fabricação de produtos de origem vegetal e técnicas de
processamento alguns produtos e técnicas de processamento mínimo de olerícolas e frutas.
O Capítulo 4 disponibiliza conhecimentos sobre a composição, valor nutricional, dos princi-
pais tipos de alimentos de origem animal da agroindústria. Estes itens são abordados de maneira
geral e, em seguida, com mais detalhes.
O Capítulo 5 traz conhecimentos sobre a produção de derivados do leite e da carne, respei
tando a legislação vigente.
O Capítulo 6 apresenta os princípios de higiene e boas práticas de fabricação na produção de
alimentos para obtenção de alimentos seguros, sem risco a saúde dos consumidores, baseado nas
normas de legislação vigentes.
O Capítulo 7 apresenta os principais tipos das embalagens, suas características, finalidades e
usos, vantagens e desvantagens e rotulagem dos produtos agroindustriais.
O Capítulo 8 apresenta as principais técnicas de refrigeração e congelamento dos produ-
tos agroindustriais.
O Capítulo 9 apresenta aspectos fundamentais da gestão da industrialização, agregação de
valor, custo benefício e comercialização na agroindústria. Com o intuito de auxiliar no planeja
mento, organização, direção e controle destes processos.
O Capítulo 10 aborda conceitos sobre administração de empreendimentos agroindustriais,
bem como as ferramentas básicas de gestão, com intuito de agregar valor ao conhecimento do leitor
que as busque.
Que este livro possa atender às expectativas de seus leitores contribuindo, com uma pequena
parcela para o desenvolvimento do setor agroindustrial.
Os Autores
10 Produção Agroindustrial
1
Tipos de Produção
Agroindustrial
Para começar
1.1 Generalidades
Prover alimentos para toda a população não é um problema só dos governantes, mas de toda
a população. Considerando que a população mundial saltou de 2,5 bilhões para 6 bilhões de 1950 a
2000 intensificou-se a necessidade de encontrar maneiras de alimentar esse contingente.
Aliadas ao aumento populacional, as mudanças sociais, como migração do campo para as
cidades, a participação da mulher no mercado de trabalho, o aumento do uso de eletrodomésticos e
a exportação de alimentos influenciaram os hábitos alimentares e o desenvolvimento de novas tecno-
logias que possibilitou aumento de estocagem, conservação, variedade e preparo dos alimentos, facili-
tando o transporte a longas distâncias, garantindo alimentos a todas as regiões. Como consequência,
a produção industrial de alimentos cresceu rapidamente e com ela a necessidade de utilização de
técnicas adequadas, que permitiram a viabilidade econômica e a qualidade dos alimentos. Aliado
a estes fatores cresceu a demanda de mão de obra especializada para a indústria de alimentos, que
necessita não só de conhecimentos da tecnologia dos processos agroindustriais, mas também sobre a
grafvision/Shutterstock.com
Figura 1.1 - As leguminosas são uma Figura 1.2 - Os principais tipos de alimentos originados de cere-
importante fonte de carboidratos, entre ais são: farinhas e derivados, como massas, biscoitos, pães e óleos
elas estão a soja, o feijão e a lentilha. vegetais. Os principais cereais são o milho, trigo, aveia, arroz.
12 Produção Agroindustrial
biscoitos e como ingrediente de inúmeros produtos, como pães, bolos, biscoitos, sorvetes. A gordura
consumida em excesso pode ocasionar vários problemas à saúde, mas em quantidades moderadas
(no máximo 30%) é necessária para estocar energia, proteger os órgãos internos (tecido adiposo)
contra choques e como isolante térmico. Algumas substâncias e nutrientes presentes ou adicionados
nos alimentos são mais solúveis em lipídeos, portanto, as gorduras presentes nos alimentos ou sua
adição melhoram o sabor, o aroma e poder nutritivo. Por exemplo, as vitaminas essenciais, como A,
D e K, são solúveis em lipídeos.
Necessário aos humanos, o colesterol é produzido no fígado por meio das gorduras satura-
das; a partir dele são formados no corpo humano os hormônios sexuais, os ácidos, os sais biliares,
membranas celulares e a vitamina D, mas em excesso pode causar problemas cardiovasculares, sen-
do importante uma alimentação equilibrada.
Os triglicerídeos obtidos de vegetais são formados de ácidos graxos que possuem ligações
duplas (insaturados) e são líquidos à temperatura ambiente, diferentes dos triglicerídeos de ori-
gem animal (gordura, manteiga), formados por ácidos graxos saturados, que são pastosos. A mar-
garina, embora seja de origem vegetal, sofre hidrogenação no processo industrial, ou seja, ocorre
adição de hidrogênio nas duplas ligações, tornando-se saturada e pastosa, a chamada gordura
hidrogenada (saturada).
Algumas proteínas encontradas no trigo integral, na
soja, no germe de trigo, no amendoim e na castanha-do-pará
Embora na atualidade muitas pessoas
são do tipo completas; mas os feijões, arroz, milho, frutas e evitem o consumo de carboidratos, eles
verduras possuem proteínas incompletas, daí a importância são fundamentais para uma alimentação
de uma alimentação variada. A alimentação típica brasileira, rica e completa e devem ser consumidos
arroz com feijão, é boa, pois o feijão é rico em lisina e pobre de forma equilibrada. Sem eles o indiví-
em metionina, ao contrário do arroz que é pobre em lisina e duo pode sofrer cansaço, desânimo e
outros sintomas. Carboidratos só devem
rico em metionina, aminoácidos importantes para a síntese ser cortados por orientação médica.
de proteínas.
Roxana Bashyrova/Shutterstock.com
Figura 1.3 - Milho no ponto de colheita para grãos secos e milho verde, respectivamente.
Fique de olho!
A vitamina A, segundo estudos mais recentes, age como antioxidante e combate os radicais livres, que aceleram o enve-
lhecimento e estão associados a algumas doenças. O complexo B, formado pelas vitaminas B1, B2, B5, B6 e B12, atua
sobre o sistema nervoso, a renovação das células, a produção de glóbulos vermelhos do sangue (hemácias), o funciona-
mento da tireoide e o aparelho reprodutor. Já a vitamina C é indispensável para o metabolismo de absorção do ferro e da
formação de hemoglobina
Como grão, o milho pode ser consumido na forma de canjica, milho pipoca; após a industria-
lização, na forma de farinha de milho branca ou amarela, fubá, flocos de milho; ou ainda na forma
de pães, bolos, roscas, biscoitos. O óleo de milho é rico em ômega 3 e ômega 6, que favorecem o for-
talecimento do sistema imunológico.
O arroz é na maior parte consumido na forma de grãos beneficiados. As sementes são
descascadas, polidas e embaladas, geralmente em sacos de polietileno de 1, 2 e 5 kg. As unida-
des de beneficiamento, comumente denominadas “Cerealistas”, beneficiam grandes quantidades
e vendem aos distribuidores (atacadistas), que irão embalar em unidades menores, rotulando e
fornecendo ao mercado varejista para venda ao consumidor final.
Há alguns produtos no Brasil com farinha de arroz para mingaus, enriquecidos com
nutrientes, geralmente para alimentação infantil. Consumidos no Brasil, mas importados, geral-
mente do Japão, há alguns derivados feitos com farinha de arroz, como macarrão. Seria interes-
sante sua produção no Brasil, um mercado a ser explorado, pois há consumo pelos descendentes
de orientais, numerosos no país.
Em relação ao valor nutricional, o arroz é rico em carboidratos, que são uma ótima fonte
de energia. Os carboidratos do arroz são transformados em glicose pelo organismo humano a
uma velocidade menor quando comparado a outras fontes de carboidratos, como pães, massas,
doces, propiciando um fornecimento gradual ao cérebro e ao resto do organismo no decorrer
do dia, ao contrário dos doces, por exemplo, que rapidamente são metabolizados, deixando dis-
ponível de uma só vez uma grande quantidade de glicose, que sobrecarrega o pâncreas na pro-
dução de insulina.
O arroz possui metionina, um aminoácido essencial aos seres humanos. Vale lembrar que
dos aminoácidos encontrados nos seres vivos, 20 são componentes naturais das proteínas, 8
dos quais são denominados essenciais aos seres humanos, ou seja, temos que adquiri-los por
meio da alimentação, pois não são sintetizados em nosso organismo e devem ser ingeridos pré-
-formados. O arroz também possui teores consideráveis de fósforo, potássio, magnésio, ferro
14 Produção Agroindustrial
e zinco. Convém lembrar que o arroz branco, após o polimento durante o beneficiamento dos
grãos, perde grande parte de seus nutrientes, principalmente as vitaminas, prevalecendo apenas
os carboidratos.
O trigo é utilizado principalmente para produção de farinha branca e muito pouco na forma
integral. Após a colheita, é inicialmente beneficiado e fornecido aos atacadistas. É consumido princi-
palmente na forma de farinha branca como ingrediente principal na panificação, fabricação de mas-
sas, como macarrão, e na produção de biscoitos. Também é comercializado na forma integral, como
grão, moído ou como farinha integral.
É crescente o interesse dos consumidores por produtos integrais, recomendados por médi-
cos e destacados pela mídia por possuírem maior valor nutricional e fibras.
Veja alguns alimentos ricos em ômega 3, que ajudam a prevenir doenças como hipertensão, diabetes tipo 2, artrite reu-
matoide e problemas cardíacos: sementes e óleo de canola, sementes e óleo de linhaça, nozes e alguns peixes gorduro-
sos, como atum, anchova, carpa, salmão e sardinha.
O ômega 6 auxilia na redução do chamado colesterol ruim, o LDL. Alguns alimentos ricos em ômega 6 são: soja, óleos de
milho e de canola, nozes e ovos, entre outros.
Para pesquisa e leitura: CASTRO, T.G. Lipídeos. Disponível em: <http://www.fsp.usp.br/~marlyac/lipideos.pdf>; NETO,
C.M. Lipídeos em nutrição humana. Disponível em: <http://nutricao.org/lipideos>.
16 Produção Agroindustrial
Lidante/Shutterstock.com
Drozdowski/Shutterstock.com
Figura 1.4 - Bons exemplos de hortaliças são a alface e o brócolis. A abobrinha é um legume importante e versátil
na alimentação, bem como os legumes como a cenoura e a batata, consumidos pela maioria dos brasileiros.
Figura 1.5 - Frutas e olerícolas consideradas alimentos funcionais por protegerem o sistema imunológico contra doenças.
Atualmente há um interesse dos consumidores por alimentação saudável e variada.
Atualmente há uma divulgação por diversos setores da sociedade, preocupados com a qualidade
nutricional da alimentação e seus efeitos na saúde da população, o que faz aumentar o interesse por ali-
mentos saudáveis. Por isso é importante para o técnico de Agroindústria conhecer o valor nutricional
dos diversos tipos de alimentos.
Os principais tipos de alimentos originados de cereais são: farinhas e derivados, como massas,
biscoitos, pães e óleos vegetais. Os principais cereais são o milho, trigo, aveia, arroz, e as principais legu-
minosas são soja, feijão, ervilha, grão-de-bico, lentilha. Cereais e leguminosas são a principal fonte de
carboidratos nos alimentos, portanto, fonte de energia.
Os óleos (lipídeos) vegetais (triglicerídeos) tanto de cereais (milho), de leguminosas (soja) e
outros como canola e girassol são utilizados na fabricação de margarinas, maioneses, recheio de biscoi-
tos e como ingrediente de inúmeros produtos, como pães, bolos, biscoitos, sorvetes. As olerícolas e as
frutas são importantes fontes de vitaminas, como vitamina A, tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascór-
bico, e de sais minerais, como cálcio ferro e fósforo. São consideradas alimentos funcionais.
18 Produção Agroindustrial
Conservação
2
e Qualidade
dos Alimentos
de Origem Vegetal
Para começar
Este capítulo tem por objetivo definir os conceitos básicos sobre qualidade e as técnicas utilizadas
para conservação de alimentos. As informações apresentadas são a base necessária para compreender de
forma gradual os demais conceitos, bem como suas definições e metodologias. Você vai estudar agora o
que deve ser considerado quando o assunto é qualidade de alimento. Os termos conservação e qualidade
estão intimamente correlacionados quando se trata de alimentos. As técnicas de conservação visam pre-
servar a qualidade dos alimentos. Quando falamos em qualidade, devem ser consideradas as qualidades
nutricional, organoléptica e sanitária.
19
embora o impulso de consumir um alimento esteja condicionado às qualidades organolépticas, atu-
almente há uma tendência para a busca de alimentos saudáveis e nutritivos por consumidores cons-
cientes de que para preservar a saúde é necessário consumir alimentos nutritivos e funcionais.
Qualidade sanitária: o alimento com qualidade sanitária é aquele livre de contaminantes. No
caso de alimentos, é considerado contaminante tudo que representa um risco à saúde, e/ou à vida
do consumidor.
Quais seriam os possíveis tipos de contaminantes de alimentos?
São todos aqueles que devem ser evitados, eliminados, monitorados nas unidades processado-
ras de alimentos pelos técnicos responsáveis. Vamos conhecê-los?
Há vários tipos de contaminantes – os biológicos: microrganismos patogênicos, como bacté-
rias, vírus, fungos e outros, e toxinas produzidas por microrganismos; os contaminantes químicos:
metais pesados, substâncias estranhas e prejudiciais à saúde; os contaminantes físicos: metais (para-
fusos, lascas e outros), partes da fauna e da flora.
Vale ressaltar que, para conservar um alimento é neces-
sário que a matéria-prima tenha qualidade e a mantenha esta
qualidade até chegar ao consumidor final. Só é possível pro- Para garantir a qualidade dos alimentos
processados, há sempre uma legislação
duzir alimento de qualidade se a matéria-prima for de qua- pertinente a cada tipo de produto, que
lidade, portanto, é preciso ter fornecedores idôneos, agricul- deve ser seguida pelas Agroindústrias,
tores e distribuidores que respeitem a legislação quanto às sob pena de multas ou até perda do alva-
técnicas de produção agrícola, colheita, pós-colheita, arma- rá para funcionamento. Também existe,
zenamento e distribuição (transporte). Todos estes segmen- por parte das indústrias, o interesse eco-
tos da cadeia produtiva devem ser monitorados pelo técnico nômico com a qualidade e a imagem de
seus produtos junto aos consumidores
responsável. A atuação do técnico não se restringe somente para garantir as vendas.
à indústria, inclui obtenção de matéria-prima de qualidade.
Em um dos capítulos subsequentes estudaremos as BPF (boas práticas de fabricação), necessárias em
toda cadeia produtiva para garantir a qualidade dos alimentos.
2.2.1 Introdução
A preocupação em conservar alimentos é antiga, e para isso os povos antigos utilizavam prin-
cipalmente desidratação, salga e fermentação como forma de estocar alimentos para períodos de
carência, inverno e sazonalidade das culturas. As técnicas de apertização, desenvolvidas por Nico-
las Appert (Figura 2.1) surgiram da necessidade de alimentar soldados na guerra. Em 1818, Peter
Durand patenteou as latas estanhadas e em 1830 elas deixaram de ser um produto militar e passaram
a ser utilizadas também por civis, mas ainda eram muito caras. Foi somente na década de 1930 que
os enlatados se espalharam pelo mundo.
No Brasil, em 1986, passou-se a acondicionar alimentos em latas de aço cilíndricas, com a
vantagem de não ocorrerem vazamentos, como acontecia com as retangulares. Depois surgiram as
20 Produção Agroindustrial
embalagens de Pet, de menor custo, mas com a desvantagem de necessitar de mais conservantes, como é
exemplo o óleo de cozinha. A luz que passa pela embalagem transparente e afeta a qualidade. A luz causa
problemas de oxidação, de ranço, modificando a cor, o sabor, o aroma e a consistência do alimento, e para
evitar isso são necessários vários tipos de aditivos, que não eram necessários nos enlatados.
Figura 2.1 - Nicolas Appert, que desenvolveu Figura 2.2 - Aula sobre produção
técnicas de apertização. de conservas em vidros.
Quem conhece o termo apertização? Em 1795, Napoleão Bonaparte estabeleceu um prêmio a quem encontrasse um
meio de preservar alimentos para seus exércitos. Nicolas Appert, mesmo antes do conhecimento da presença dos micror-
ganismos, desenvolveu através de experimentos o processo de esterilização de alimentos pelo calor em jarros de vidro
colocados em água fervente e tampados hermeticamente com rolhas e cera para conservação de sopas, doces, sucos,
entre outros. Appert publicou livros a este respeito, daí o termo técnico apertização para os processos de conservação
pelo calor e envasamento hermético. Pesquisa a respeito nos sites: <http://pt.scribd.com/doc/122194369/Apertizacao>
e <http://pt.scribd.com/doc/19664303/Food-Technology-and-the-Industrial-Revolution>.
/Wikimedia Commons
22 Produção Agroindustrial
2.2.3 Conservação por apertização
Técnica descoberta por Nicolas Appert, que utiliza temperaturas de 115 a 125 °C durante 15
a 30 minutos em alimentos armazenados à temperatura ambiente, com baixa acidez e com alta aa
(atividade de água). Os recipientes são hermeticamente fechados com no máximo 300g para as tem-
peraturas indicadas acima.
Há a esterilização sob pressão atmosférica: no banho-maria utiliza-se a temperatura de ebulição
da água, utilizada em alimentos com pH menor que 4,5 e há a esterilização sob pressão (autoclaves)
com temperaturas acima de 100 °C para vegetais (milho, ervilhas) com pH maior que 4,5. A grande
maioria das bactérias que deterioram alimentos não cresce em meio muito ácido, por exemplo, frutas
ácidas cujos valores de pH são em torno de 3,5, portanto, a esterilização em banho-maria é segura. Mas
para milho, ervilha cujo pH maior que 4,5, é mais seguro utilizar esterilização sob pressão.
Para finalizarmos o tópico de conservação pelo calor, falaremos sobre o processo de esteri-
lização asséptica: todas as etapas são realizadas em condições estéreis (aquecimento, resfriamento,
transporte e embalagem) utilizando a técnica UHT a 135 a 150 °C, por 2 a 5 segundos. O processo é
utilizado para alimentos líquidos ou semissólidos (OETTERER, et al. 2006).
Fique de olho!
Reflita: adicionar açúcar a um alimento não mata microrganismos, apenas inibe o seu crescimento, portanto, a conser-
vação pela adição de açúcar deve ser utilizada em conjunto com outras técnicas, como veremos mais adiante, quando
vamos estudar o processamento de geleias, doces, compotas e frutas cristalizadas.
indigolotos/Shutterstock.com
indigolotos/Shutterstock.com
Figura 2.5 - Produtos oriundos da fermentação: vinho tinto de uvas cabernet e vinagre, respectivamente.
Com o desenvolvimento da ciência, a indústria passou a utilizar métodos de conservação que esti-
mulam o desenvolvimento de microrganismos desejáveis e inibem o desenvolvimento dos indesejáveis,
mas vale a pena considerar que a fabricação de vinhos, pães, queijos já era feita há mais de 4.000 anos.
Como controlar as fermentações? A fermentação pode ser controlada:
Pela acidez, valor do pH. Nas olerícolas, temos valores de 4,6 a 6,5; nas frutas, de 3,0 a 4,5; no
leite, próximo a 6,4; na carne, após algum tempo, 6,0. No leite, em poucas horas ocorre a fermentação
ácida por bactérias (lactobacilos) que fermentam a lactose (açúcar do leite), utilizadas na produção de
iogurte e queijos. As leveduras (produção de vinho, cerveja) e mofos crescem rapidamente em frutas
ou sucos.
Pela disponibilidade de oxigênio. Para as bactérias, o crescimento pode ser evitado permitindo
ou não a presença de oxigênio, dependendo do tipo de bactéria em questão (aeróbias ou anaeróbias,
restritas ou não). Os mofos necessitam de oxigênio, portanto, falta de oxigênio limita seu crescimento.
Pela temperatura. Cada microrganismo possui uma faixa de temperatura boa para o seu cres-
cimento, denominada de temperatura ótima a ideal. Vamos ver alguns exemplos: as bactérias láticas
têm máximo crescimento em torno de 43°C; para a produção de iogurtes, as acéticas, 35°C; e as leve-
duras alcoólicas, entre 26 e 32 °C.
24 Produção Agroindustrial
2.2.6 Conservação pela adição de aditivos
No Brasil, o Decreto no 55.871/65 define aditivos para alimentos como substância intencionalmente
adicionada ao alimento, com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar as suas propriedades,
sem prejudicar seu valor nutritivo. Os conservantes são utilizados para aumentar a vida útil do
alimento, retardando sua deterioração.
Mat Hayward/Shutterstock.com
Figura 2.6 - Doces industrializados com vários tipos de aditivos, inclusive corantes.
Madlen/Shutterstock.com
Figura 2.7 - Vários tipos de conservas acondicionados em vidros com adição de conservantes.
São aditivos acidulantes (vinagre, ácido cítrico) os que diminuem o pH. Os antioxidantes
retardam as alterações devido à oxidação nos alimentos, impedindo a interação com o oxigênio. Os
conservadores evitam ou retardam a deterioração enzimática ou pelos microrganismos.
Sem aditivos, a disponibilidade de alimentos e sua validade seriam muito pequenas, mas
alguns podem causar alergias em pessoas sensíveis; outros, dependendo da dosagem, podem ser
tóxicos, mas vale ressaltar que todos os permitidos por lei são considerados seguros e controlados
pelo Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, desde que utilizados
na dosagem permitida.
JIANG HONGYAN/Shutterstock.com
elena moiseeva/Shutterstock.com
lsantilli/Shutterstock.com
Geanina Bechea/Shutterstock.com
Andrelix/Shutterstock.com
wiktord/Shutterstock.com
Figura 2.8 - Vegetais desidratados, frutas, tomate, uva-passa, nozes, amêndoas, pistache, salsa e banana, respectivamente.
26 Produção Agroindustrial
2.2.8 Conservação pela radiação
A conservação pela radiação é eficiente, com a vantagem de não alterar características orga-
nolépticas dos produtos. É técnica utilizada em alimentos já embalados ou não. Os alimentos são
expostos à radiação ionizante, eliminando ou diminuindo em torno de 90% os microrganismos
(altera a estrutura molecular das células, impedindo sua multiplicação). Também causa alteração
dos processos fisiológicos dos vegetais, diminuindo brotamento, maturação e envelhecimento. A
irradiação deve ser muito bem controlada quanto ao tempo de exposição e intensidade. O tipo de
radiação mais utilizado para alimentos é a radiação gama, que é muito penetrante e não deixa resí-
duos radioativos (CAMARGO, 2006).
Kondor83/Shutterstock.com
Figura 2.9 - Esteira com equipamento de radiação para controle da qualidade de alimentos processados.
Considere que a radiação pode alterar os nutrientes em altas doses, as proteínas do produto
podem apresentar flavors indesejados e contribuir para a presença de benzeno, fenóis e compostos
de sulfatos. Pode afetar os lipídeos, ocasionando, com o passar do tempo, sabor de ranço, a não ser
que se utilize conjuntamente tratamento térmico para inativar as enzimas lipoxigenases. Quanto às
vitaminas C, E e K, sua destruição depende da dose usada, as perdas são baixas quando são utiliza-
das doses baixas. Outro fator a considerar é quando a irradiação é feita na presença de oxigênio: as
vitaminas A, B12, C, E e K são degradadas.
28 Produção Agroindustrial
Noções de
3
Tecnologia
de Fabricação
de Produtos de
Origem Vegetal
Para começar
Este capítulo tem por objetivo dar noções de tecnologia de fabricação de produtos de origem
vegetal. Transformar um produto in natura em produto industrializado, ou minimamente processado,
agregando valor, possibilitando ao pequeno produtor a verticalização da produção, obtenção de maio-
res preços e aproveitamento de alimentos com qualidade, mas fora do padrão comercial, ou estocar em
épocas de preços baixos. Abordaremos princípios gerais de fabricação de produtos de origem vegetal,
técnicas de processamento de alguns produtos e técnicas de processamento mínimo de olerícolas e fru-
tas. Antes abordaremos aspectos importantes sobre a obtenção de matéria-prima de origem vegetal, pois
para que o produto final seja de qualidade a matéria-prima tem que ser de qualidade, sendo necessário
ao técnico ter conhecimentos básicos sobre fisiologia dos vegetais, bioquímica e microbiologia (colheita
e pós-colheita).
29
naturalmente baixo teor de umidade. Quando ao redor de 13% têm baixo metabolismo, sendo muito
mais fáceis de conservar, pois produzem sementes, órgãos de reprodução com reservas de carboidra-
tos e lipídeos, mas com baixo teor de umidade para sua posterior germinação em condições ambien-
tais adequadas, garantindo sua sobrevivência.
Os animais, inclusive o homem, os utilizam como alimento há milhares de anos, devido ao seu
valor nutritivo, facilidade de transportar e estocar para épocas de falta de alimentos.
Os cereais são denominados grãos quando o destino for alimentação, e semente quando for
para propagação (semeadura e cultivo). Já as frutas e olerícolas, bem como cereais e leguminosas
colhidos ainda verdes, como exemplo o milho-verde e a ervilha, por possuírem alto teor de água e
por isso metabolismo mais ativo, são muito perecíveis. Para evitar a rápida deterioração após a
colheita e reduzir as perdas, é necessário utilizar técnicas adequadas durante e após a colheita (arma-
zenamento, transporte, processamento, comercialização e consumo).
Considere que os vegetais colhidos têm que utilizar
suas reservas, principalmente carboidratos (açúcares e ami-
do) para respirar, produzir energia para manter sua vida. As plantas são autótrofas, portanto,
Para conservar os vegetais por mais tempo, sua respiração têm capacidade de transformar energia
pode ser controlada diminuindo-se a quantidade de oxigê- luminosa em energia química (glico-
se), sintetizando seu próprio alimento
nio disponível dentro da embalagem. A ausência de O2, sem
a partir de sais minerais do solo, água,
diminuição da temperatura, causa deterioração, pois o vege- CO2 e luz, processo denominado de
tal iria obter energia via fermentação, alterando o sabor e o fotossíntese, absorvendo CO2 e libe-
odor. Aumentando a concentração de CO2, a taxa de respira- rando O2 durante o dia. À noite ocorre
ção diminui e ajuda a conservação, mas o excesso pode alte- o inverso, respiram O2 e eliminam o
CO2, consumindo parte da glicose pro-
rar o metabolismo e ocasionar produção de álcool e toxinas,
duzida. Os frutos colhidos continuam
levando à deterioração. Para utilizar doses corretas, é preciso a respirar, consumindo suas reservas
conhecer as recomendações técnicas, baseadas em dados de e envelhecendo.
pesquisa científica, para cada tipo ou grupo de vegetais.
A taxa respiratória é diferente entre as espécies de vegetais, na maioria a respiração em frutos
imaturos é alta e diminui com o crescimento e frutificação, e em algumas espécies volta a aumentar
no início da maturação. Considerando que o envelhecimento e a durabilidade das olerícolas e frutas
estão intimamente relacionados ao tipo e à intensidade da respiração, surgiu a classificação de frutos
climatéricos e não climatéricos.
Valentyn Volkov/Shutterstock.com
tehcheesiong/Shutterstock.com
First_emotion/Shutterstock.com
30 Produção Agroindustrial
Amplie seus conhecimentos
Frutos climatéricos: no início da maturação, há rápido aumento na intensidade respiratória, o metabolismo relacionado
com o amadurecimento e envelhecimento acontecem rapidamente e com gasto de energia. Exemplos: melancia, tomate,
banana, goiaba, manga, mamão e caqui.
Frutos não climatéricos: a maturação é mais lenta, precisam de período longo para completar o amadurecimento. Após
a colheita não amadurecem mais, só envelhecem. Exemplos: uva, pepino, abacaxi, frutas cítricas (laranja, tangerina,
limão), berinjela, pimenta, alface, couve-flor. Para leitura e pesquisa: Fisiologia de pós-colheita de produtos, Ceasa.
Normalmente, os climatéricos são colhidos ainda verdes, mas com seu tamanho máximo,
bem próximo ao início da maturação, assim há um tempo maior para transporte e comercializa-
ção e podem ser armazenados. Os não climatéricos devem ser colhidos no ponto ótimo de matura-
ção, quando estarão com cor, sabor, aroma característicos e com maior teor de sólidos solúveis (grau
Brix), que pode ser medido com aparelho.
Em relação ao vegetal colhido, fatores como o teor de umidade do vegetal e do ambiente,
transpiração e presença de etileno irão influenciar em sua conservação. Quanto maior o teor de umi-
dade, maior a intensidade respiratória. A transpiração ocorre em virtude de o ambiente normalmen-
te ser menos úmido que o vegetal (80 a 98%). Em épocas e/ou regiões de baixa umidade relativa do
ar, os vegetais podem murchar, ficar enrugados e opacos, com textura mole e menor peso. Também
ambientes quentes aumentam a transpiração. Portanto, o controle da temperatura e de umidade rela-
tiva do ar durante o transporte, armazenamento e processamento reduzem o metabolismo, conse-
quentemente, a redução da temperatura diminui a taxa respiratória e a transpiração, aumentando o
período de conservação e mantendo a qualidade dos vegetais.
Segundo Calbo (2011), têm tido sucesso os produtores que conseguem utilizar tecnologia ade-
quada para diferenciação de produto, beneficiamento, classificação, higiene, transporte rápido, tem-
peratura e umidade relativa adequadas e manuseio mínimo. A Embrapa tem realizado pesquisas em
frutas e hortaliças após a colheita para desenvolver métodos e instrumentos para colher, beneficiar,
armazenar e avaliar a deterioração, a senescência, o estado hídrico e a qualidade desses produtos.
Atualmente é crescente a preocupação, por parte dos consumidores, com resíduos de agrotó-
xicos nos alimentos e no meio ambiente. Devido a isso, tem sido divulgada a aplicação de técni-
cas de manejo integrado de pragas e doenças visando diminuir a utilização de controle químico e
aumentar o controle biológico para obtenção de alimento seguro e uma agricultura sustentável. Há o
Diante desse contexto, percebemos que, para obtenção de matéria-prima de qualidade, o técni-
co de Agroindústria deve saber o ponto ideal de colheita de cada espécie vegetal e conhecer técnicas
corretas de pós-colheita (transporte e armazenamento), interferindo positivamente onde for neces-
sário para obter produtos de qualidade.
Estes são os minimamente processados, são olerícolas e frutas prontas para o consumo, lava-
das, descascadas, higienizadas. Apesar do maior preço e necessidade de refrigeração, são muito mais
práticos, uma escolha das mulheres inseridas no mercado de trabalho, com pouco tempo para pre-
parar as refeições.
32 Produção Agroindustrial
3.2.1 Processamento mínimo de hortaliças
Existem vários tipos de técnicas. Vamos conhecê-las? Para todas as folhosas, como alface, cou-
ve, repolho, rúcula e outras, e inflorescências, como couve-flor e brócolis, as principais etapas são as
mesmas: colheita no campo, transporte, chegada “na área suja”, recepção da matéria-prima em local
adequado (arejado, fresco, sem radiação solar direta) e pré-seleção. A seguir vão para outro local: a
“área limpa” (local com normas higiênico-sanitárias, com assepsia), onde ocorrerão as demais etapas
do processamento: lavagem, seleção, processamento (corte, fatiamento), sanitização e embalagem, e
a partir daí armazenamento em câmara fria e distribuição.
O corte é diferenciado, dependendo da espécie. Exemplo: para couve e repolho serão fatias
finas; alface e rúcula, inteiras. Dependendo da variedade, a alface pode ser rasgada; para couve-
-flor e brócolis separam-se as inflorescências em tamanhos menores. Para as raízes, como cenou-
ra, beterraba, mandioquinha, recomendam-se duas sanitizações, uma antes do descascamento e
outra depois do processamento (fatiadas, raladas ou torneadas). Há várias pesquisas sobre tem-
peratura, tempo ideal de cada etapa dos processos, doses de produtos para higienização e tipos
de embalagens ideais. As recomendações no geral são as mesmas, com pequenas diferenças em
alguns resultados dos autores. A seguir daremos exemplos de processamentos comumente utiliza-
dos em Agroindústrias.
Recepção: local denominado de área suja, onde chegam os vegetais recém-colhidos do campo.
Deve ser à sombra, fresco e arejado, com disponibilidade de água corrente.
Pré-seleção: retirando-se as folhas velhas, danificadas mecanicamente e/ou afetadas por pató-
genos ou pragas.
Limpeza: as alfaces são levadas à área limpa, onde são realizadas todas as demais operações
subsequentes. O local deve ser limpo, higienizado, refrigerado, em condições de cumprir todas as
normas da legislação de segurança alimentar, com alvará de funcionamento da vigilância sanitária.
Este local deve dispor de tanques com água corrente. As folhas são lavadas em água clorada, gela-
da, a 5°C, para diminuir a atividade respiratória, como vimos no capítulo anterior. Podem-se uti-
lizar detergentes apropriados para uso em alimentos, e neste caso enxaguar muito bem, para não
deixar resíduos. Finalidade: eliminar sujidades, insetos, impurezas e outros materiais inertes vindos
do campo.
Enxágue: 5,0 mg por litro de cloro ativo, a uma temperatura de 5 °C, para retirada de resí-
duos celulares (suco celular, resíduos de parede celulares, pigmentos e outros) e cloro residual,
diminuindo o substrato para o crescimento microbiano. Se necessário, colocar aditivos que evitem
o escurecimento enzimático e crescimento de fungos e bactérias.
Centrifugação: o tempo para remoção do excedente de água absorvido pelos tecidos é de 3 a
10 minutos, em centrífuga. Excesso de água dentro da embalagem facilita crescimento bacteriano,
favorecendo a deterioração mais rápida do produto.
Embalagem: com luvas, colocar a alface em sacos plásticos transparentes e selar em sela-
dora, ou embalagens de polietileno rígido, ou ainda em bandejas de isopor cobertas com fil-
me plástico de PVC. É recomendado para uma maior vida útil de prateleira utilizar atmosfe-
ra modificada (concentração de CO2 elevada e baixa concentração de O2) e embalagem tipo
“almofada” (Figura 3.3).
gcpics/Shutterstock.com
34 Produção Agroindustrial
Recepção Pré-seleção Limpeza
Mark Herreid/Shutterstock.com
Figura 3.5 - Cenoura minimamente processada em torneador mecânico (minicenoura).
»» Evitar oscilações de temperatura após a embalagem, pois isso causa condensação da água, com
formação de gotículas na superfície das cenouras, facilitando o crescimento de bactérias.
»» Ter cuidado com a temperatura de armazenamento: ocorrem maiores perdas de betacaro-
teno (descoloração) em temperaturas de armazenamento superiores a 5 °C.
»» Quando as embalagens não tiverem rótulo impresso, logo após a embalagem o produto
deve ser rotulado, colando-se etiquetas, seguindo as regras da legislação. Quanto ao período
de validade das minicenouras, é em torno de vinte dias.
36 Produção Agroindustrial
Qual o seu posicionamento em relação ao uso de aditivos em vegetais minimamente processados?
Vamos conhecê-los e suas funções?
Os aditivos podem ser químicos ou naturais. A finalidade do seu uso é garantir qualidade e
maior validade de prateleira. Eles podem retardar o crescimento de microrganismos e evitar reações
físico-químicas e enzimáticas do metabolismo dos vegetais, podem também melhorar a aparência e
o valor nutritivo deles, mas sempre deve ser respeitada a legislação e não escolher os que têm efeito
acumulativo no organismo humano e ainda comprar de fornecedores idôneos.
Redutores de pH: ácidos cítrico, málico e tartárico, para alimentos com pH de 5 a 7.
Quelantes: atuam bloqueando o sítio ativo do Cu+2 da enzima polifenoloxidase. É usado o
EDTA (limite 0,01% a 0,015%) para conservação da cor, sabor e textura. A aplicação de cloreto de
cálcio preserva a integridade dos tecidos, mantendo a textura.
Conservantes: benzoato de sódio (atividade ótima em pH de 2,5 a 4,0); é conservante natural,
usado para evitar fungos. Ácido cítrico: (limite legal 0,1% a 0,3%). Tem várias finalidades. Ácido sór-
bico: é conservante sintético (limite legal 0,10g).
4) Sanitização: após a lavagem, os frutos são imersos por cinco minutos em água gelada a 5 °C
contendo 200 mg de cloro. L-1, para desinfecção e remoção do calor de campo.
5) Redução do calor interno dos frutos: colocar em câmara fria a 10 °C, previamente lavada
e higienizada com solução de cloro a 200 mg. L-1, por um período de 12 horas, para o
abaixamento da temperatura dos abacaxis.
38 Produção Agroindustrial
3.3 Tecnologia de produção de polpa de fruta e sucos
40 Produção Agroindustrial
Antes, porém, é importante termos informações técnicas sobre as operações básicas de proces-
samento de polpa de frutas. Vamos conhecê-las?
Descascamento e corte: algumas frutas, como acerola, goiaba e morango, após a lavagem,
irão diretamente para o despolpamento. Outras, como o abacaxi, a banana e o maracujá, precisam
ser descascadas ou cortadas em pedaços manualmente, com facas inox. Existem equipamentos
apropriados para o descascamento contínuo e rápido: são constituídos por um cortador circular
com lâminas de aço inox e um separador de cascas com fundo perfurado, que não permite a pas-
sagem da casca.
Despolpamento: para separar as sementes e os restos de cascas da polpa são utilizadas des-
polpadeiras verticais ou horizontais, de aço inox, com peneiras diferenciadas quanto aos furos.
Quanto à qualidade sanitária, o maior problema para sucos são as leveduras termorresistentes,
mas nas análises é verificado o indicador de qualidade. A legislação (ANVISA, 2001) permite índi-
ces de coliformes totais 1.000\g de amostra indicativa e ausência de salmonela em 25 g.
Embalagem: para o envase pode ser utilizada dosadora automática ou semiautomática que
enche a embalagem em quantidades previamente definidas. Quando usada a dosadora semiautomá-
tica, é necessário usar a termosseladora para o fechamento das embalagens.
Etapas:
Recepção das frutas: é feita em local fresco e arejado. Deve-se fazer uma pré-seleção, descartar
frutos podres e impurezas (pedaços de folhas, caules, pedras etc.) Os frutos devem estar maduros
para obter um rendimento máximo em °Brix, melhores características de sabor e aroma. Os funcio-
nários devem estar treinados e o local bem iluminado.
Seleção: retirar as folhas e as partes defeituosas ou amassadas.
1) Pré-lavagem: em água corrente clorada de torneira (em grande escala, por aspersão). Exis-
tem lavadores com aspersão no mercado e tanques de inox. Pode-se ainda usar escovas para
maior eficiência.
2) Lavagem ou Sanitização: em água clorada (100 ppm de cloro livre) durante 20 a 30 minutos.
3) Enxágue: 5,0 mg por L de cloro ativo, a uma temperatura de 5 °C, para diminuir o cloro residual.
4) Despolpamento: passar pelo despolpador mecânico de aço inox.
5) Envase: utilizando dosadora de enchimento automático, colocar em sacos plásticos e selar
(duplos), com volume de 100 ml a no máximo 1.000 ml.
42 Produção Agroindustrial
3.3.2 Tecnologia de produção de sucos de frutas
Os sucos já fazem parte da cultura brasileira. O crescimento do mercado é de 10% ao ano. Há
novas categorias de produtos, como: mistura (blends) entre sucos e mistura de sucos de várias frutas
com vegetais; néctares e drinques de baixa caloria. Outros, como leite com suco de fruta; soja com
suco de frutas; sucos e drinques enriquecidos com vitaminas A, C e E; sucos e drinques adicionados
de fibras (FERNANDES, 2006).
victoriaKh/Shutterstock.com
A produção e a comercialização dependem das exigências de mercado para cada tipo de suco,
que levarão em conta as características de turbidez, acidez, os nutrientes presentes e o perfil de aro-
mas. No caso de exportação, dependem da legislação do país importador.
Suco de frutas: é o líquido límpido ou turvo extraído da fruta por meio de processo tecno-
lógico adequado, não fermentado, de cor, sabor e aroma característicos, submetidos a tratamento
que assegure a apresentação e conservação até o momento do consumo (Lei no 8.918, de 14 de
julho de 1994).
Sucos integrais frescos: são os estabilizados por meio de técnica adequada que garanta a
estabilização. A designação integral é somente válida para sucos sem adição de açúcar e na sua
concentração natural.
Sucos conservados: são sucos integrais adicionados de agente conservador químico. Estes
conservantes são agentes fungistáticos ou bacteriostáticos com ação inibidora da proliferação
Suco reconstituído: é o suco obtido pela diluição de suco concentrado ou desidratado, até a
concentração original do suco integral ou até o mínimo teor estabelecido de sólidos solúveis nos res-
pectivos padrões de identidade e qualidade para cada tipo de suco integral.
Sucos concentrados: são aqueles dos quais são retirados até 50% de sua água de constitui-
ção através dos seguintes processos: evaporação a vácuo – o mais usado na indústria de sucos;
crioconcentração – água removida na forma de gelo; osmose inversa – água removida na forma
líquida.
Suco desidratado: é o suco no estado sólido, obtido pela desidratação do suco integral, deven-
do conter em seu rótulo a expressão: suco desidratado.
Néctar: é o produto não fermentado, obtido pela dissolução da polpa ou suco da fruta integral
em água, adicionado de açúcares (sacarose, glicose e/ou frutose) acidulantes ou conservantes e que
se destina a consumo direto.
Refrescos: são bebidas gaseificadas, não fermentadas, obtidas pela diluição do suco de fruta, pol-
pa ou extrato vegetal de sua origem em água potável, adicionada de açúcares, mas sem adição de aditi-
vos ou conservadores. Por exemplo, os refrescos de laranja, tangerina e de uva devem conter, no míni-
mo 30% de suco natural. O refresco de maracujá 6% e o de limão ou limonada 5% do suco de limão.
Sucos compostos ou blends: são obtidos a partir da mistura de diferentes tipos de sucos como
de laranja, mamão, abacaxi e maracujá.
O sistema de produção de sucos de frutas é similar ao processamento de polpa de fruta nas eta-
pas de recepção, seleção, lavagem, descascamento, corte ou trituração, despolpamento e acabamento.
O suco é separado das cascas, fibras, sementes e outras partes não comestíveis em despolpadei-
ras ou extratores do tipo prensa. Pode ser associado a tratamento enzimático da polpa. Após despol-
pamento, faz-se o tratamento térmico para inibir ou minimizar a ação de enzimas e reduzir a carga
microbiana. No caso de frutas sensíveis, usa-se a extração a frio, seguida de inativação enzimática
com exposição ao calor com temperaturas de 75 a 80 °C por 15 a 30 segundos; no caso de frutas
resistentes, usa-se a extração a quente com temperaturas maiores que 65 °C, que aumenta o rendi-
mento em 5 a 10%, mas pode ter o inconveniente de alterar um pouco o sabor, perdendo a caracte-
rística de fruta fresca.
44 Produção Agroindustrial
Refino: visa à remoção da polpa de algumas frutas, como manga e abacaxi, composta de mate-
rial fibroso e sólidos, como pectina e celulose, que podem alterar a qualidade do produto. Podem ser
usadas centrífugas, filtros, ou despolpadeiras com malha bem fina.
Desaeração e conservação combinadas: o desaerador é colocado em linha com o pasteuriza-
dor, para que o suco só atinja a temperatura de pasteurização após a eliminação do oxigênio.
Para manter um padrão de qualidade e cumprir exigências da legislação, os sucos podem ser
pasteurizados, ou esterilizados, com uso de conservantes e/ou acidulantes, refrigerados, congelados,
concentrados, microfiltrados. Algumas dessas técnicas já foram descritas anteriormente, mas agora
as abordaremos especificamente para sucos.
Pasteurização na embalagem: o suco já embalado é mergulhado em tanques de imersão, em
cozedores rotativos ou em túneis de pasteurização a uma temperatura de 115 °C a 125 °C durante 15
a 20 minutos e resfriados a seguir.
Enchimento a quente: pasteurização em trocadores de calor ou de placas. O suco é aquecido e
depois envasado e resfriado.
Processamento asséptico: sob temperaturas altas, acima de 100 °C, durante pouco tempo, 1
a 2 segundos. Em seguida o produto é resfriado, colocado em recipientes esterilizados e fechados
hermeticamente.
Formulação: adição de produtos químicos de acordo com a legislação. Limites máximos: ácido
benzoico: benzoato de sódio a 0,1%; e ácido sórbico: sorbato de potássio a 0,1%.
Tipos de embalagens: as mais usadas são: garrafas de vidro, PET e embalagens (caixas) de
papel revestidas por dentro com alumínio e plástico.
No rótulo deve constar fruta, tipo de suco, data de fabricação e validade, nome e endereço do
fabricante, CNPJ e inscrição estadual.
Armazenamento: 1. Só pasteurizados: sob refrigeração. 2. Com acidulantes e conservantes, ou
esterilizados: a temperatura ambiente.
Exemplo de um suco mais conhecido e comercializado no Brasil e outro menos popular: o
suco de maracujá é um dos mais consumidos no Brasil. Encontrado como suco simples integral, na
faixa de 11 a 16 °Brix e como suco concentrado com 28 a 55 °Brix, como refresco ou néctar.
Suco de banana: o escurecimento ocorre minutos depois da trituração, sendo necessário realizar tratamentos associados
para evitá-lo. Geralmente utilizam-se antioxidantes, como o metabissulfito de sódio e os ácidos ascórbico e cítrico e inati-
vação da enzima pela redução de pH; aquecimento; eliminação de oxigênio; emprego de aditivos; e ultrafiltração. No des-
cascamento perde-se 50%, a polpa é triturada e tratada termicamente, originando o purê de banana. Através da clarifica-
ção por tratamento enzimático obtém-se o suco clarificado, utilizando enzimas pectinase de origem fúngica (Aspergillus
niger) que hidrolisam polissacarídeos, transformando-os em moléculas menores, facilitando sua solubilização na solução.
Leia mais sobre este assunto em SIMONE, L.C.R. et al. Avaliação de parâmetros de ultrafiltração de suco de banana.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612003000400018>.
46 Produção Agroindustrial
3) Colocar em solução cloreto de cálcio nas proporções de 1,0% em relação ao peso inicial de cal-
da (10 g/l); deixar em repouso durante aproximadamente 30 minutos. A finalidade é a forma-
ção de uma película consistente, para que os pedaços fiquem inteiros durante a cocção.
4) Escorrer e lavar muito bem em água corrente.
5) Ferver durante 5 minutos em panela inox, escorrer, repetir a operação. O objetivo é retirar
o sabor amargo.
6) Cocção: colocar na panela inox com solução a 50% de açúcar, cobrindo os cubos com a
sobra (que vai evaporar durante a cocção); adicionar cravo-da-índia e canela; cozinhar
durante 1 hora em fogo baixo (opcional): colocar glicose de milho a 25% de concentração
de sólidos, para diminuir a doçura da calda e dar brilho as frutas.
7) Deixar esfriar e no dia seguinte ferver novamente e embalar (a quente) em vidros esteri-
lizados cobrindo com a calda. Inverter os vidros, para verificar se ficou hermeticamente
fechado e com formação de vácuo.
8) No dia seguinte (no terceiro dia) desvirar e rotular, colocando data de envase. Pesquisar
quanto à validade.
48 Produção Agroindustrial
Processamento de Geleia de Morango
Quantidade de açúcar
Teor de pectina Quantidade da fruta em relação ao peso
em relação ao peso
Rica 1 1
Médio 1 ¾
Pobre 1 ½
pH
Teor de sólidos solúveis em
Graus Brix. Características organolépticas
Discriminação
inicial corrigido (consistência, cor, sabor, aroma etc.)
Inicial Corrigido
Polpa
Polpa + açúcar
Geleia teste 1
Geleia teste 2
Geleia teste 3
No Brasil, popularmente as geleiadas são chamadas de geleia. As geleias são elaboradas somente a partir do suco ou
da polpa concentrada, filtrada, sem fibras. Nesta aula foi processada a geleiada. Ambas são produtos obtidos à base de
polpa de fruta, que depois de processada apresenta-se em forma de gel devido ao equilíbrio entre a pectina, o açúcar e
a acidez. A pectina constitui elemento necessário à formação do gel e deverá ser adicionada quando a fruta não é sufi-
cientemente rica nesse elemento. O ácido também é necessário para a formação do gel e poderá ser adicionado dentro
dos limites legais permitidos. O açúcar deverá ser adicionado em quantidade suficiente para se ter uma geleia com 65 a
70% de sólidos solúveis. Para pesquisa e leitura: Manual para produção de geleias de frutas em escala. Disponível em:
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/doc29-1998_000gc3pmnuc02wx5ok01dx9lcy4av4k9.pdf>.
50 Produção Agroindustrial
Picles são conservas de olerícolas e até de algumas frutas, em solução de salmoura ou em vinagre,
com ou sem fermentação lática e com ou sem adição de açúcar ou especiarias (LIMA, 2006).
A maioria das olerícolas possui pH de acidez moderada, em torno de 4,5, o que possibilita
crescimento de microrganismos, especialmente as bactérias, que normalmente não crescem em
valores de pH abaixo de 3,5. Por este motivo são mais perecíveis se comparadas às frutas ácidas.
Microrganismos patogênicos como Listeria monocytogenes e Clostridium botulinum estão presen-
tes no solo e podem contaminar os vegetais. Outros microrganismos enteropatogênicos, como a
Escherichia coli, podem contaminar os vegetais através dos manipuladores. Para impedir a conta-
minação microbiana devido à diminuição do pH, utiliza-se a redução do pH (LIMA, 2006).
Entrieri/Shutterstock.com
Figura 3.9 - Picles mistos em conserva de água, vinagre e sal.
Tipos de picles
Picles fermentados: por ação de bactérias láticas, que produzem ácidos orgânicos, aldeídos,
cetonas e outros compostos orgânicos, os picles adquirem sabor e aroma característicos. Por acidi-
ficarem, também impedem o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis. Os picles fermen-
tados são produzidos em salmoura de concentração constante, na qual se desenvolvem as bactérias
láticas. (LIMA, 2006).
Picles não fermentados: a salmoura apresenta alta concentração de sal para inibir o desenvolvi-
mento fermentativo (CAMARGO, 1989).
Picles em vinagre são classificados em: picles ácidos (vinagre final com 3 a 4% de NaCl)
e picles doces (vinagre final com 3% de açúcar), picles aromatizados (vinagre aromatizado)
(CAMARGO, 1989).
Na maior parte das indústrias de picles, os picles são obtidos pela imersão das hortaliças em
uma solução de vinagre condimentado, tendo como tratamento preliminar apenas o branqueamento
(GOLDONI, 1977). Os produtos vegetais mais utilizados são: pepino, cebolinha, couve-flor, cenoura
(GAVA, 1984), sendo o pepino o mais consumido entre eles (COSTA, 2000).
52 Produção Agroindustrial
3.6. Tecnologia de produção de vegetais desidratados
O uso de desidratação para conservação de alimentos é muito antiga, a técnica mais simples
é exposição do alimento ao sol. Com o decorrer do tempo várias técnicas e equipamentos foram
desenvolvidos, visando processar grandes quantidades mantendo qualidade.
Branqueamento e Corte e
Desidratação descascamento
tratamento químico
São denominadas de frutas secas aquelas em que a água é removida parcialmente, ficando com 15%
a 25%, podendo ser inteiras ou em pedaços. Exemplos: banana passa, caqui, ameixa, uva, figo, nectarina
e frutas cristalizadas em pedaços (mamão verde, laranja, abacaxi, goiaba etc.). São denominadas frutas
Sergey Dubrov/Shutterstock.com
(a)
Richie Chan/Shutterstock.com
(b)
Figura 3.12 - Frutas em processo de secagem. Secador elétrico com pedaços de maçã (a); caqui secando ao sol (b).
54 Produção Agroindustrial
superfícies sólida para transferência de calor aos vegetais e podem trabalhar a vácuo. Há os secado-
res adiabáticos, que são desidratadores nos quais o calor é em forma de ar quente, que podem ser de
cabine, de túnel, atomizador, leito fluidizado e fornos secadores (OETTERER et al., 2006).
Andrelix/Shutterstock.com
wiktord/Shutterstock.com
JIANG HONGYAN/Shutterstock.com
Figura 3.13 - Salsa desidratada; banana passa em rodelas; e uva-passa, respectivamente.
Técnica de secagem ao sol: é indicado o uso de bandejas inox e telas de náilon, cobertos com
protetor talagarça, para evitar contato de insetos. Colocam-se os alimentos até que percam 50% a
70% de umidade. Ao final do dia recolher para local ventilado. Se necessário voltar ao sol no dia
seguinte, até obter o nível de umidade desejado. Para o produto ficar uniforme, deve-se revolvê-lo
periodicamente.
Para secagem de plantas medicinais e condimentos são indicados desidratadores fechados com
coletor de radiação solar, que aumentam a temperatura em 11 a 17 °C em relação à temperatura
ambiente e que funcionem a 30 °C e baixa umidade relativa do ar. Alguns possuem ventiladores para
aumentar a velocidade de secagem, outros funcionam por convecção (sistema de ar aquecido ligado
ao equipamento), com uma abertura na parte inferior (entrada de ar quente) e outra lateral (saída do
vapor úmido) (OETTERER et al., 2006).
Técnica de liofilização: neste processo a água contida no alimento é retirada por sublimação
(a água passa direto do estado sólido para vapor) em equipamentos que congelam, sublimam, secam
a vácuo na ausência do ar atmosférico, diminuindo o volume do alimento, o que possibilita armaze-
namento por muito tempo. Os produtos obtidos são de boa qualidade.
A reação de Maillard é uma reação de escurecimento não enzimática, que ocorre em presença de grupos carbonila
de um açúcar redutor, e o grupo amino (NH2) de proteína, ácido aminado ou peptídeo na presença de calor. No ali-
mento, essa reação vai depender da presença do açúcar redutor, que dará o grupamento carbonila C=O, vindo de
um aldeído ou de uma cetona. Geralmente, o escurecimento de alimentos sob aquecimento ou durante a estocagem
se deve a reações químicas entre o açúcar redutor, principalmente a D-glicose, e um grupo amina primário (um
aminoácido livre ou grupo aminoacídico da cadeia lateral de uma proteína). Esta reação é conhecida como reação
de Maillard ou escurecimento não enzimático, produzida pela reação entre um açúcar redutor e um aminoácido (ou
proteína). A reação também pode ser favorável no caso de produção de doce de leite, carne assada, formação de cor
na crosta do pão, melhorando o sabor e o aspecto visual do produto. Ainda pode ser utilizada para a fabricação de
aromas sintéticos. Para leitura sobre Reação de Maillard: <www.mundodaquimica.com.br/.../reacao-de-maillard-e-
-a-caramelizacao/>.
1) Explique por que alguns tipos de frutos devem ser colhidos quando maduros e
outros não.
2) Por que é importante conhecer os fatores biológicos e ambientais que provocam a
deterioração pós-colheita de frutas e hortaliças?
3) Explique por que a respiração é o processo metabólico mais importante que ocorre
nas hortaliças e nas frutas após a colheita.
4) Como o vegetal pode ser afetado por fatores próprios da planta (internos)?
5) Como o vegetal pode ser afetado por fatores do ambiente (externos)?
6) Explique a importância dos estudos de fisiologia dos vegetais pós-colheita para
a agroindústria.
7) Explique os objetivos da sanitização de material já cortado.
8) Explique qual o objetivo de diminuir a temperatura nas várias etapas de todo o pro-
cesso e no armazenamento.
56 Produção Agroindustrial
4
Estudos
Fundamentais
dos Alimentos
Para começar
Uma das principais fontes da nutrição humana são os alimentos de origem animal, fontes de
proteínas de alto valor biológico.
As carnes e o leite são alimentos perecíveis e apresentam vida de prateleira variável em função
das condições de armazenamento. Desde a antiguidade, busca-se a preservação das características de
qualidade da carne e do leite para manter a provisão de alimentos, o desenvolvimento e a conservação
da espécie. Isso deu origem aos processos e tecnologias de transformação, inicialmente rudimentares e
atualmente controláveis por padrões tecnológicos que permitem manter a qualidade do produto.
57
a composição do leite de cada quarto do úbere separadamente, devendo-se, nesse caso, tomar os
mesmos cuidados, além de identificar as amostras referentes aos quartos do úbere.
Leite de rebanho: refere-se ao leite de uma propriedade, ou seja, de todas as vacas de uma
determinada criação. Caso se vá analisar o leite de apenas uma vaca, deve-se identificar quais vacas
aquela amostra representa. A coleta da amostra do leite de rebanho é muito comum nos laticínios,
onde o que interessa é o leite entregue na plataforma por uma determinada propriedade.
Leite de mistura: é o leite proveniente de várias propriedades. Normalmente, a coleta da amos-
tra é feita no laticínio, para avaliar a composição do leite com que se vai trabalhar, seja no processa-
mento do leite de consumo, seja na elaboração de derivados. Quando um estabelecimento resfria o
leite para remetê-lo a uma usina de beneficiamento, faz-se necessária a análise do leite, que normal-
mente está em um tanque isotérmico. Esse leite é também um leite de mistura.
58 Produção Agroindustrial
Sólidos totais (extrato seco total): os sólidos totais do leite, também denominados de “extra-
to seco total”, podem ser definidos como sendo “todos os componentes do leite menos a água”.
Determinam a qualidade nutricional e o rendimento industrial de um leite. O valor nutritivo de
um leite está em função dos componentes que ele possui, como as proteínas, gordura, lactose, sais
minerais, etc. Do mesmo modo, o rendimento de um leite em produtos (queijo, doce de leite, leite
em pó etc.) está em função, dentre outros fatores, do seu conteúdo em sólidos. No caso particular
da manteiga, seu rendimento está em função do teor de gordura, que também faz parte dos sóli-
dos totais do leite.
Sólidos desengordurados (extrato seco desengordurado): os sólidos desengordurados do leite
podem ser definidos como sendo “todos os componentes do leite menos a água e a gordura". Em
outras palavras, o extrato seco desengordurado é o extrato seco total menos a gordura. É importante
para a verificação de fraude por aguagem do leite, alguns laticínios o incluem em seus sistemas de
pagamento de leite pela qualidade. O limite varia entre regiões, na prática, tem-se observado que o
limite pode ser estabelecido como 8,5% para o leite de mistura.
Fique de olho!
O teor de gordura no leite cru varia entre 3,5 e 5,3%, em razão de diferenças entre raças e alimentação dos animais,
assim como, o estágio da lactação. Já o leite industrializado pode ter de 0-0,5% de gordura (desnatado), de 0,6-2,9% de
gordura (semidesnatado), e pelo menos 3% de gordura (integral) (BRASIL, 1999).
A qualidade do leite cru está relacionada ao número inicial de bactérias no úbere do animal e no ambiente externo, no
ato da ordenha. Um leite é de boa qualidade quando, ao sair do úbere do animal, contém aproximadamente de 1.500
a 2.500 bactérias por cm3. Leia mais sobre esse assunto em Prioridades de pesquisa sobre a qualidade do leite no
Brasil (VARGAS, 1976). Portanto, para que o leite atenda às exigências higiênico-sanitárias, algumas práticas têm que
ser observadas, levando em consideração o animal, o material de coleta que entra em contato diretamente com o leite, o
ambiente geral e o ordenhador.
PREMIUM Alexkava/Shutterstock.com
FRESCO
ADE
QUALID
L
NATURA
Entre as carnes, as que projetam maiores taxas de crescimento da produção no período 2013 a 2023 são a carne
de frango, que deve crescer anualmente a 3,9%, e a carne bovina, cujo crescimento projetado para esse período é de
2,0% ao ano. A produção de carne suína tem um crescimento projetado de 1,9% ao ano, o que também representa um
valor relativamente elevado, pois consegue atender ao consumo doméstico e às exportações. Essas taxas correspondem a
acréscimos na produção entre 2013 e 2023 de 46,4% na carne de frango, 22,5% na carne bovina e de 20,6% na carne
suína. A produção total de carnes deve passar de 26,5 milhões de toneladas em 2013 para 35,8 milhões em 2023, um
acréscimo de 34,9% (BRASIL, 1999).
60 Produção Agroindustrial
4.2.1 Composição e valor nutricional
Os componentes químicos da carcaça e da carne são: água, proteína, gorduras e cinzas.
Esses componentes aparecem na carcaça na forma de tecidos (muscular, conjuntivo e ósseo)
cuja relação deve beneficiar a produção primária (animais terminados no início da maturidade
resultam em maior aproveitamento da fase de crescimento), a indústria e o consumidor (bovinos
abatidos com, no mínimo, 3 mm de gordura de cobertura reduzem a perda de peso da carcaça
durante o resfriamento e a incidência de encurtamento pelo frio, cold shortening, melhorando a
maciez). Além disso, o conhecimento da composição da carne (cortes ou produtos transforma-
dos), em termos tecnológicos, determina a escolha dos processos de transformação e conserva-
ção, bem como a adoção de medidas de proteção (tipo de embalagem) que podem aumentar a
vida de prateleira do produto.
Na descrição da composição química da carne serão consideradas as massas muscula-
res. Nessas porções, a variação na quantidade da gordura determina variações nos percen-
tuais de proteína, sais minerais e conteúdo de água. Os fatores responsáveis por variações na
composição química da carne são raça dos animais, alimentação, condições ambientais e
músculo utilizado.
a) Água: é o constituinte mais importante quantitativamente e pode atingir percentuais
próximos a 76% na carne vermelha magra. Esse componente varia conforme o conteúdo de gor-
dura, de maneira que quanto maior o teor de gordura do músculo, menor o teor de água. Essa
variação no teor de água em função da gordura pode alcançar percentuais de 10%. Outro fator
que determina variações no percentual de água da carne é a idade do animal. Animais mais
jovens apresentam maior quantidade de água. As proteínas ligam-se à água devido à atração
entre a carga positiva de suas moléculas e a carga negativa da molécula de água e vice-versa.
Como a intensidade de cargas positivas e negativas das proteínas dependentes do pH, a ligação
da água pelas proteínas varia também de acordo com o pH do meio. Porém, de modo geral,
a água fixada mediante hidratação atinge 20-25g para cada 100g de proteína. Outros fatores
podem influenciar a capacidade das proteínas para se ligarem à água, como a presença de poli-
fosfatos e do cloreto de sódio.
b) Gordura: a deposição das gorduras nas carcaças acontece nos depósitos subcutâneos, vis-
cerais ou na musculatura, com uma distribuição dispersa entre as fibras musculares ou, ainda,
fazendo parte integrante da célula. No tecido muscular, a gordura está presente em quantidades
que variam de 1,5% a 13%. Quando a proporção de gordura no músculo situa-se na faixa entre
3% a 5%, o músculo apresenta o marmoreio. A condição genética do animal tem influência sobre
a região de deposição das gorduras. Enquanto as raças europeias apresentam maior predisposição
para o marmoreio da carne, as raças zebuínas depositam quantidades menores de gordura entre
fibras musculares.
As gorduras são formadas, em sua maioria, por glicerol mais ácidos graxos. Nessa estrutura,
o número de átomos de carbono e de duplas ou triplas ligações, além da combinação desses ácidos
na molécula do glicerol, é o fator que determina as características físicas e químicas das gorduras.
Quanto maior o número de átomos de carbono na cadeia dos ácidos graxos, mais sólida é a gordura;
62 Produção Agroindustrial
d) Sais minerais: a carne é geralmente uma boa fonte de sais minerais, exceto cálcio. A maior
quantidade do cálcio no corpo animal está presente nos ossos e nos dentes e em pequenas quantida-
des no músculo e em outros tecidos comestíveis. Na carne, os minerais são associados com a fração
de água e proteína da carne, de forma que as porções mais magras contêm maior quantidade de sais
minerais do que as porções mais gordas. O conteúdo de sais minerais da carne é em torno de 1,0%
(WATT; MERRILL, 1963, apud PRICE et al., 1994).
Os ácidos graxos insaturados, como oleico, linoleico e araquidônico, são essenciais para a
saúde humana. Enquanto o corpo pode produzir o ácido oleico a partir de precursores saturados,
ele não pode produzir os demais ácidos graxos essenciais, a não ser que um deles seja fornecido
pela dieta.
As vitaminas, que são reguladoras das funções orgânicas, não podem ser sintetizadas no corpo
humano. Por isso, elas devem ser fornecidas regularmente em quantidades suficientes por meio do
alimento. Na carne, todas as vitaminas do complexo B estão
presentes, e tiamina, riboflavina e niacina estão em maiores
quantidades. Também a carne é uma fonte de vitaminas lipos-
solúveis A, D, E e K. Entretanto, a vitamina C está presente A carne é uma fonte de:
a) proteína de alta qualidade,
em quantidades baixas na carne.
b) de vitaminas do complexo B e
A carne é uma fonte de ferro, nutriente essencial para c) alguns minerais, especialmente o ferro.
o organismo, usado na síntese da hemoglobina, da mioglo- A carne magra fornece nutrientes que
bina e de certas enzimas. Desde que em pequenas quanti- contribuem para o equilíbrio dietético das
refeições. Cem gramas de carne magra
dades, o ferro é armazenado no organismo: uma ingestão preenchem metade das necessidades
regular de ferro na dieta é importante, e a carne fornece esse diárias de proteína, e o seu conteúdo em
elemento numa forma que é facilmente absorvida. A absor- aminoácidos é tal que compensa as defi-
ciências nesses elementos, em cereais e
ção de Fe na carne é alta e estima-se que seja de 3 a 5 vezes
vegetais (FORREST et al., 1979).
maior para a carne do que para outros alimentos.
Com o advento da globalização, alguns organismos até então inexistentes em algumas regiões
do mundo passaram a ser introduzidos, causando grandes problemas socioeconômicos e ambien-
tais (efeitos deletérios no ecossistema ou no setor socioeconômico da região). Barreiras naturais e
Fique de olho!
O processo de agregação de valor busca atender um mercado mais qualificado, em que se valoriza mais os produtos ofer-
tados, seja pela disponibilização da sua função principal de uso, que é o atendimento das necessidades fitais do organis-
mo, seja pelo consumo diário de minerais, carboidratos, vitaminas e proteínas, via injeção de alimentos.
64 Produção Agroindustrial
4.3 Métodos de conservação
Conservação de alimentos são técnicas utilizadas para evitar a deterioração dos alimentos. O
principal objetivo é evitar as alterações provocadas pelos microrganismos, os quais ocasionam modi-
ficações na aparência, no sabor e no conteúdo nutricional, além de produzir toxinas responsáveis
por prejudicar a saúde do consumidor.
»» Pasteurização: é uma etapa fundamental que garante a qualidade dos produtos e aumenta
consequentemente o tempo de conservação. Tem a finalidade de destruir microrganismos
patogênicos ao homem, acidificantes e gaseificantes presentes no leite. Consiste no binô-
mio tempo/temperatura, ou seja, o leite deve sofrer aquecimento a 65 °C por 30 minutos
(LTLT) ou por 74 °C por 15 segundos (HTST), dependendo da disponibilidade dos laticí-
nios. Tanto uma como a outra fazem o mesmo efeito, quando bem manuseada. Após este
tratamento térmico, o leite é resfriado a 30 °C.
»» Resfriamento: o tratamento pelo frio industrial é a técnica mais utilizada para a con-
servação de carnes. A redução da temperatura na carcaça atua inibindo ou destruindo
parcialmente os microrganismos da putrefação; controlando os agentes responsáveis
pelas toxi-infecções alimentares e retardando a atividade enzimática, responsável pelas
proteólises do tecido muscular. Assim, o frio é um tratamento físico que mantém as
características da carne in natura e que é capaz de aumentar a vida de prateleira. Con-
siderando as temperaturas de resfriamento, as carnes tratadas pelo frio artificial são
denominadas: a) carnes refrigeradas, quando mantidas em temperatura acima de 1 °C;
b) carnes resfriadas, aquelas que permanecem a temperatura de 0 °C + 1 °C e c) carnes
congeladas, quando tratadas e mantidas em temperaturas abaixo do ponto de conge-
lamento (-1,5 °C). Os fatores que devem ser controlados na câmara fria durante o res-
friamento são: temperatura, umidade relativa do ar e velocidade da circulação do ar. A
velocidade da ação do frio e o desencadeamento do encurtamento pelo frio evitam o
ressecamento superficial dos músculos e reduzem as taxas de perda de água na carcaça
(CIA & FELÍCIO, 1978).
»» Salga: é um método tradicional usado na preservação de alimentos que atua na pre-
servação de três modos distintos e simultaneamente: a) como agente desidratante, por
meio de seu poder de absorção de água interna dos tecidos; b) como bactericida, agindo
sobre os microrganismos proteolíticos e c) influenciando a ação das enzimas. A pene-
tração do sal no interior dos tecidos é governada por fatores físicos e químicos como
difusão, osmose e uma série de processos bioquímicos principalmente na proteína.
Essas mudanças ocorrem quando o percentual de sal atinge, no músculo, valores entre
8% a 10%, desencadeando uma redução na solubilidade das proteínas e na capacidade
de retenção de água nos tecidos. A atenção deve ser redobrada quanto ao conteúdo de
gordura apresentada na peça (o índice de penetração do sal nos tecidos é inversamente
proporcional ao conteúdo de gordura no músculo, além de retardar o processo de salga,
podendo produzir rancidez, que confere o sabor desagradável) e a espessura do mús-
culo (quanto maior a espessura do músculo, mais longo será o processo de salga; por
66 Produção Agroindustrial
»» Liofilização: liofilização é um processo de estabilização, no qual uma substância é previa-
mente congelada e então a quantidade de solvente (geralmente água) é reduzida, primeiro
por sublimação e posteriormente por dessorção, para valores tais que impeçam atividade
biológica e reações químicas, e passam pelos processos de congelamento inicial, secagem
primária e secagem secundária (MARQUES, 2008). O processo de liofilização se mostra
eficiente comparado com outros meios de desidratação, frente a características como con-
tração do produto, perda de voláteis, decomposição térmica, ações enzimáticas e desnatu-
ração de proteínas, por isso merece destaque (GARCIA, 2009).
»» Desidratação: a desidratação ou secagem de um alimento (sólido ou líquido) é a opera-
ção de remoção de água, ou de qualquer outro líquido na forma de vapor, para uma fase
gasosa insaturada através de um mecanismo de vaporização térmica, numa temperatura
inferior à de ebulição. Esta desidratação é realizada através de calor produzido artificial-
mente em condições de temperatura, umidade e corrente de ar cuidadosamente contro-
lado. O ar é o mais usado meio de secagem dos alimentos, ele conduz calor ao alimento,
provocando evaporação da água, sendo também o veículo no transporte do vapor úmido
literalmente do alimento.
Vamos recapitular?
Entre os períodos de 2013 a 2023, as carnes bovina e suína liderarão as taxas de crescimento anual
das exportações – a taxa anual prevista para carne de frango é de 1,6%, e para a carne suína, de 2,6%. As
exportações de carne bovina devem situar-se numa média anual de 2,5%. A carne é uma fonte de ferro,
nutriente essencial para o organismo, usado na síntese da hemoglobina, da mioglobina e de certas enzi-
mas. Desde que em pequenas quantidades, é armazenado no organismo. Uma ingestão regular de ferro
na dieta é importante, e a carne fornece esse elemento numa forma facilmente absorvida. A absorção de
Fe na carne é alta e estima-se que seja de 3 a 5 vezes maior para carne do que para outros alimentos.
Conservação de alimentos são técnicas utilizadas para evitar a deterioração dos alimentos. O prin-
cipal objetivo é evitar as alterações provocadas pelos microrganismos, os quais ocasionam modificações
na aparência, no sabor e no conteúdo nutricional, além de produzir toxinas responsáveis por prejudicar
a saúde do consumidor. Dentre as principais técnicas estão a pasteurização, a desidratação, a salga, a
defumação, a liofilização e o resfriamento.
1) Atualmente as exportações lácteas brasileiras são ínfimas. Nos últimos anos não pas-
saram de US$ 25 milhões. Mas bastou um pequeno esforço, em 2002, para saltarem
para US$ 40 milhões. Alguns especialistas confirmam que com esforços a produção
poderá chegar a US$ 500 milhões até 2014. Quais os pontos devem ser vistos para
que o produtor consiga exportar sua produção.
2) De acordo com o que foi visto durante o Capítulo 2, a qualidade do leite é defini-
da por parâmetros de composição química, características físico-químicas e higiene.
Como você orientaria o pequeno produtor a melhorar a qualidade do leite produzi-
do, visando o melhor pagamento no litro de leite pelos laticínios?
3) Células somáticas são primariamente leucócitos ou células brancas do sangue
(macrófagos, linfócitos e neutrófilos), que passam para o leite em resposta a uma
agressão sofrida pela glândula mamária. A principal causa do aumento da conta-
gem de células do leite é devida à resposta inflamatória da glândula mamária, que na
maioria dos casos é resultado de uma infecção bacteriana. Quais os cuidados que o
pequeno produtor deve seguir para evitar que ocorra o aumento dessas células?
4) Através de uma pesquisa regional, verifique os principais entraves em produzir ani-
mais aptos à produção de carne.
5) Faça uma pesquisa sobre os principais tipos de carnes consumidas no Brasil, verifi-
cando as principais regiões produtoras.
6) Em busca de melhorar as condições dos alimentos, agregando valor ao produto final,
algumas tecnologias podem ser utilizadas para a melhoria da conservação, quais os
passos que o produtor de queijo poderia utilizar?
68 Produção Agroindustrial
Noções de
5
Tecnologia
de Fabricação
de Produtos
de Origem Animal
Para começar
5.1 Processamento
Os consumidores estão atentos principalmente aos alimentos de conveniência, dotados de pra-
ticidade, valor nutricional e qualidade. Para atender estas exigências, as agroindústrias processadoras
têm evoluído de maneira a subsidiar esta demanda do mercado, apresentando produtos inovadores
com qualidade e preços acessíveis.
Os produtos derivados da carne são, de preferência, obtidos a partir de carne fresca que
sofra um ou mais tipos de processo, entre eles, cozimento, salga, defumação ou mesmo somente a
adição de condimentos e temperos. O processamento da carne fresca visa, além da elaboração de
novos produtos, à redução da perecibilidade, de problemas com o transporte e com o armazenamen-
to, além de vantagens com relação ao aumento da vida de prateleira (BRASIL, 2011).
O processamento não modifica de forma significativa as qualidades nutricionais originais, no
entanto, atribui características como cor, sabor e aroma, próprias de cada processo. A agregação de
valor ao produto com a utilização de cortes que não são aproveitados para o consumo in natura,
gerando alternativas para a sua comercialização.
69
5.2 Tecnologia de produtos derivados do leite
Art. 667 – O leite em pó para consumo humano direto deve atender às exigências
destes Regulamentos;
4 – revogado;
70 Produção Agroindustrial
Art. 668 – Quanto ao teor de gordura, fica estabelecida a seguinte classificação do
leite em pó.
4 – revogado;
5 – revogado;
Leite concentrado: segundo o artigo 649 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Pro-
dutos de Origem Animal (RIISPOA), leite concentrado pode ser definido como sendo “o produto resultan-
te da desidratação parcial em vácuo do leite fluido seguida de refrigeração”. Dependendo da maneira como
é elaborado, o leite concentrado recebe diferentes denominações “leite evaporado” ou “leite condensado”.
Evaporado: no artigo 654 do RIISPOA, consta: “Entende-se por leite evaporado ou leite con-
densado sem açúcar o produto resultante da desidratação parcial, em vácuo de leite próprio para
consumo, seguido de homogeneização, enlatamento e esterilização”. A composição do leite evapora-
do é variável, mas, no geral, o produto deve apresentar sólidos totais em torno de 28% com teor de
gordura em torno de 8%, quando for comercializado como “leite evaporado integral”.
Leite condensado: segundo o artigo 657 do RIISPOA, entende-se por “leite condensado” ou “leite
condensado com açúcar” o produto resultante de desidratação em condições próprias do leite adicio-
nado de açúcar. A evaporação a vácuo de parte da água contida no leite, deve ser de 87% a 88,5% de
água. Quando transformado em leite condensado, esse índice é diminuído para cerca de 25%.
Doce de Leite: o RIISPOA, em seu artigo 659, reza que: “Entende-se por doce de leite o produ-
to, com ou sem adição de outras substâncias alimentares, obtido por concentração e ação do calor a
pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído, com ou sem adição de sólidos de origem
láctea e/ou creme e adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/
ou outros dissacarídeos)”.
Queijo: segundo o artigo 598 do RIISPOA, “Entende-se por queijo o produto fresco ou matu-
rado que se obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou
totalmente desnatado) ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, enzimas específi-
cas de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta
para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condi-
mentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e materiais corantes”. Enten-
de-se por queijo fresco o que está pronto para o consumo logo após a sua fabricação. Entende-se por
queijo maturado o que sofreu as trocas bioquímicas e físicas necessárias da variedade do queijo. A
denominação queijo está reservada aos produtos em que a base láctea não contenha gordura e/ou
proteína de origem não láctea.
Manteiga: o RIISPOA, em seus artigos 668 e 587, descreve assim sobre a manteiga: Art. 568
– Entende-se por manteiga o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem,
com ou sem modificação biológica do creme pasteurizado, derivado exclusivamente do leite de vaca,
72 Produção Agroindustrial
por processos tecnologicamente adequados. A matéria gorda da manteiga deverá estar composta
exclusivamente de gordura láctea.
Parágrafo único. Deverá ser atendido o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade espe-
cífico, oficialmente adotado.
Iogurte: pode ser definido como sendo o produto resultante da ação de certos microrganismos
sobre o leite, conferindo-lhe características físico-químicas e sensoriais próprias.
Existe um grande número de classificação de iogurtes, dando origem a uma série de diferentes
tipos. Porém, a mais utilizada é a classificação em três categorias:
2 – Iogurte batido (tipo suíço): ao contrário do anterior, o leite é colocado num tanque (com
ou sem adição de açúcar, aromatizantes, sabores, corantes), e depois de completa a fermentação, o
iogurte é batido e posteriormente embalado.
3 – Iogurte líquido: Também conhecido como “iogurte para beber”. Seu consumo vem aumentando
consideravelmente nos últimos tempos, podendo também ser consumido de forma natural ou adicionado
de açúcar, aromatizantes, sabores e corantes. Normalmente é comercializado em embalagens plásticas do
tipo garrafa e embalagem do tipo “longa vida”, sendo sua fermentação conduzida em tanques.
1a
ordenha do leite
2a pasteurização
3a
pesar ingredientes necessários para a produção
4a
uso de aditivos quando necessária à coagulação
repouso/desoragem/fermentação
6a
modelagem
7a
embalagem
8a
armazenagem e refrigeração
9a
10a
controle de qualidade
74 Produção Agroindustrial
5.3 Controle de qualidade
O controle de qualidade é feito em todas as etapas da
produção. Desde a chegada do leite à fábrica até o acon-
dicionamento do produto final, cada fase de produção é A exigência do consumidor faz com a
acompanhada por sistemáticos controles, com o objetivo indústria alimentícia se adéque e esta-
de garantir que os produtos cheguem ao consumidor com beleça procedimentos para assegurar
a agregação de valor e a oferta de ali-
aspecto, textura, consistência, sabor e as qualidades nutri- mentos nutritivos e saudáveis. Quando
cionais característicos. O acompanhamento inclui desde o produto final não atende as exigências
análises sobre as condições organolépticas (cor, sabor, aspec- do consumidor o valor agregado é zera-
do. Com isso o uso de tecnologias está
to, textura, consistência etc.) até exames microbiológicos, cada vez mais frequente para o proces-
para assegurar a pureza do produto. Ao final, existe ainda a samento de alimentos, facilitando a pro-
etapa de degustação por especialistas, que só devem liberar dução, garantindo a padronização.
o produto após se certificarem de que o padrão de qualidade
foi alcançado.
76 Produção Agroindustrial
cobertura, resultando numa cobertura seca e rígida, depreciando a sua aparência geral
(SUNDERMAN, 1992). Após as operações de mistura de ingredientes com a massa, moldagem e
resfriamento, as porções são empanadas e submetidas à operação de pré-fritura, que tem por
objetivo posicionar a cobertura, inibir a desidratação e contribuir para o gosto e a cor das por-
ções de nuggets (DIETERICH, 2003).
nito/Shutterstock.com
Figura 5.3 - Nuggets de frango congelados.
Fique de olho!
As regras da União Europeia em matéria de segurança dos alimentos destinam-se a garantir a proteção da saúde humana
e dos interesses dos consumidores, enquanto as regras da União Europeia relativas aos alimentos para animais visam
proteger a saúde humana e animal e também, até certo ponto, o ambiente. Verifique sempre a referência da legislação de
acordo com o Regulamento específico das normas da legislação alimentar.
Patê: é um produto cozido com tradições gastronômicas importantes e com propriedades sen-
soriais bastante apreciadas. Os primeiros patês elaborados foram os de fígado de ganso (foie gras)
ou fígado de porco. São conhecidas duas denominações para patês: patê cremoso e pastoso, sendo o
cremoso produzido com parte de carne crua e outra cozida, e o pastoso é processado com matéria-
-prima cozida. A quantidade ótima de gordura do produto deve estar entre 20 e 60%, pois sabe-se
que os extremos influenciam na qualidade final do produto. Um patê com menos de 20% de gordura
perde sua untuosidade característica, ou seja, resseca com facilidade, ao ser embutido forma-se uma
camada externa cinzenta. Se possui gordura em quantidade ideal e a massa está bem homogeneiza-
da, evita-se a perda de água e o patê resiste a longos períodos de conservação sem deteriorar-se. O
excesso de gordura deixa-o muito mole. A gordura empregada deve ser fresca, já que determina o
aroma do produto final. Os melhores estabilizadores são as proteínas miofibrilares (miosina e acti-
na), existindo uma preocupação e certos cuidados na fabricação dos embutidos de massa fina na
Presunto cozido: entende-se por presunto cozido, seguido das especificações que couber,
o produto cárneo industrializado obtido exclusivamente com o pernil de suínos, desossado, adi-
cionado de ingredientes, e submetido a um processo de cozimento adequado (BRASIL, 2001). O
presunto é um produto alimentar obtido a partir das patas traseiras do porco ou suíno, salgado
em cru e curado de forma natural. As condições naturais de criação destes porcos conferem à
sua carne características próprias e diferenciadas, sendo o abate do porco compreendido entre
os dezesseis e os dezoito meses e a sua exploração feita em regime extensivo, com alimentação
constituída pelos produtos naturais.
78 Produção Agroindustrial
Amplie seus conhecimentos
No terceiro degrau da pirâmide alimentar estão carnes, leite e derivados e leguminosas, que são alimentos fontes de pro-
teínas. As proteínas desempenham papel estrutural, isto é, são responsáveis pela construção e manutenção dos tecidos
do nosso organismo. As carnes (carne bovina e suína, aves, peixes, miúdos e vísceras), além de serem fontes de proteí-
nas, também contêm ferro, zinco, vitamina B12 e outras vitaminas do complexo B. A gordura de origem animal contém
colesterol e um tipo de gordura prejudicial ao organismo (gordura saturada), por isso, deve ser consumida com modera-
ção. Leia mais sobre o assunto em (MENDONÇA, 2009).
Segundo Woortmann (2004), a comida por excelência é a carne, e não devido apenas ao seu preço. O componente cen-
tral das refeições constitui-se sempre num alimento de origem animal, notadamente nas refeições cerimoniais e/ou públi-
cas. Fiddes (1991) afirma que, em diferentes contextos, culturas, grupos sociais e períodos históricos, a carne é sobera-
na. Na hierarquia da comida, ela estaria no topo, particularmente a carne vermelha, pelo fato do status e do significado
da carne estarem essencialmente ligados a ela. Com menor status estariam as carnes brancas (frango e peixe) e, abaixo,
outros produtos de origem animal (ovos e queijo). Mais abaixo estariam os vegetais, considerados insuficientes para for-
mar uma refeição e, portanto, representando apenas um papel auxiliar.
Vamos recapitular?
O leite possibilita a agregação de valor de várias formas, podendo ser pasteurizado ou transfor-
mado em queijos, em iogurtes, em manteiga, em leite em pó e em creme de leite. Além disso, é utilizado
na indústria de alimentos, em massas, em doces e em outros produtos. A qualidade do leite cru está rela-
cionada ao número inicial de bactérias no úbere do animal e no ambiente externo, no ato da ordenha.
Um leite é de boa qualidade quando, ao sair do úbere do animal, contém aproximadamente de 1.500 a
2.500 bactérias por cm3 (VARGAS, 1976). Portanto, para que o leite atenda às exigências higiênico-sani-
tárias, algumas práticas têm que ser observadas, levando em consideração o animal, o material de coleta
que entra em contato diretamente com o leite, o ambiente geral e o ordenhador.
Dentre os principais derivados do leite estão: leite condensado, doce de leite, leite concentrado,
leite em pó, iogurtes, manteiga e o queijo.
Dentre os principais derivados da carne estão: embutidos, salsichas, presuntos, nuggets, patês,
polpas, hambúrgueres e linguiças.
A importância do controle de qualidade na produção dos derivados é o ponto mais acentuado,
pois estes produtos manipulados intensamente e a utilização de equipamentos pode contribuir para ele-
vada contaminação do produto final.
80 Produção Agroindustrial
6
Noções de Higiene
e Boas Práticas
de Fabricação
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar os princípios de higiene e boas práticas de fabricação na
produção de alimentos para obtenção de alimentos seguros, sem risco à saúde dos consumidores, com
base nas normas de legislação vigentes.
Figura 6.2 - Tipos de animais e insetos que não podem estar presentes na indústria de alimentos.
82 Produção Agroindustrial
Higiene pessoal dos manipuladores: os funcionários que manipulam os alimentos precisam ter
cuidados com a própria higiene, estar sempre com as unhas cortadas e limpas, sem esmalte, cabelos
presos e cobertos com touca, sempre com uniformes limpos, não usar anéis, brincos, pulseiras, nem
outro tipo de adorno. Não devem ser escalados para linha de produção os funcionários com feridas,
cortes, machucados, sintomas de gripe, tosse ou outras doenças. As mãos e antebraços devem ser
lavados com sabão bactericida, escovar as unhas antes de entrar na área de preparação de alimentos
ou quando mudar a atividade de manipulação.
Fique de olho!
É muito importante realizar treinamentos periódicos com os funcionários, para eles estarem conscientes de que eles
podem provocar contaminações no alimento que está sendo processado.
Manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF): documento que descreve as operações realiza-
das pela pessoa física ou jurídica e que inclui, no mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a
manutenção da higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle de quali-
dade da água para consumo humano, o controle integrado de pragas urbanas, o controle da higiene e
saúde dos manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto final.
Agentes de higienização
Enxague: deve ser feito com água morna ou com altas temperaturas.
Sanitização: a finalidade é eliminação dos microrganismos, deve ser seguida de remoção do
produto sanitizante com água.
Sistema clean-in-place ou CIP: para a higienização de equipamentos de difícil desmontagem,
tubulações extensas e tanques de grandes dimensões. No sistema CIP, as soluções de higienização
84 Produção Agroindustrial
(Figura 6.3) circulam sobre as superfícies dos equipamentos sem ser preciso desmontá-lo. No
sistema CIP as soluções utilizadas são mais concentradas; apresenta desvantagem de um maior
consumo de água e diminuição de reutilização de soluções; os funcionários deverão ser capa-
citados (exige maior qualificação). Restrições: Só é possível usar em equipamentos projetados
para serem higienizados por esse método. Alguns equipamentos, como homogeneizadores e
bombas de deslocamento positivo, não podem ser higienizados por esse método. A circulação
do detergente ácido nunca deve ser realizada antes da remoção de proteínas, caso contrário elas
podem coagular sobre a superfície e dificultar a sua remoção, especialmente no caso do leite
(COSENTINO, 2013; e MARGALHO, 2014).
Robert Kneschke/Shutterstock.com
Espaço físico: manter o ambiente de processamento sempre limpo, com limpezas programadas
periódicas, por exemplo, no caso de processamento mínimo, ao final das operações dedicar um tem-
po para lavar todo o piso, equipamentos como torneadoras, cortadores automáticos, despolpadeiras,
mesas, utensílios (facas, bandejas), deixando limpo para utilização no dia seguinte, evitando cresci-
mento de microrganismos sobre os restos de alimento. Faz parte das BPF o controle de temperatura
ambiente durante o processamento.
Os produtos mais utilizados para desinfecção química são o hipoclorito de sódio (100-250
ppm), o cloro orgânico (100-250 ppm), o quaternário de amônio (200 ppm), iodóforos (25 ppm) e
álcool (70%). O tempo de contato mínimo deve ser de 15 minutos, menos o álcool. Enxaguar após a
desinfecção química, para eliminar os resíduos químicos. No caso de desinfeção por calor e imersão
em água a 80 °C por no mínimo 15 minutos, não há necessidade de enxaguar.
Sanitários: limpar e desinfetar diariamente os sanitários rigorosamente, mantendo-os sem-
pre limpos, com disponibilidade de água, sabão ou sabonete líquido. A localização deve ser de for-
ma que não tenham comunicação direta com as áreas de produção; as portas devem ter sistema de
fechamento automático. O lixo deve ser retirado com frequência, em recipientes adequados somente
para este fim e depositados no local de coleta, que também deve permanecer limpo e inodoro.
86 Produção Agroindustrial
Introdução ao
7
Estudo das
Embalagens e
Rotulagem
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar os principais tipos de embalagens, suas características,
finalidades e usos, vantagens e desvantagens e rotulagem dos produtos agroindustriais.
Fique de olho!
Você notou que as embalagens dos azeites são de vidro escuro e esverdeados (para usar na mesa), ou em latas (para a
cozinha)? É para preservar suas qualidades organolépticas, sem necessidade de aditivos, pois sendo escura não permite
passagem de luz. Essa é uma característica desejável, uma vez que o azeite tem propriedades que atraem os consumido-
res por ser um alimento saudável, com antioxidantes naturais. Também tem a propriedade de ajudar a eliminar o coles-
terol ruim dos vasos sanguíneos. Como este nicho de mercado consumidor tem preferência por alimentos sem aditivos, é
melhor embalagens que não permitam passagem de luz em vez de usar transparentes e ter que usar aditivos.
pogonici/Shutterstock.com
Richard Peterson/Shutterstock.com
donatas1205/Shutterstock.com
Maxx-Studio/Shutterstock.com
indigolotos/Shutterstock.com
Figura 7.1 - Embalagens de vidro com polpa de tomate, picles misto, azeitonas,
garrafas de cerveja e de vinho, e compota de maçã, respectivamente.
Para um fechamento adequado das embalagens de vidro, as tampas devem permitir que a
embalagem fique hermeticamente fechada, ou seja, não permita a penetração de outras substân-
cias e microrganismos e nem a saída, evitando o vazamento do produto e contato com o ambiente.
88 Produção Agroindustrial
Existem no mercado tampas e gargalos padronizados. As tampas devem ser de fácil abertura e fecha-
mento (ZANON, 2011).
Chepe Nicoli/Shutterstock.com
Isuaneye/Shutterstock.com
Avatar_023/Shutterstock.com
Figura 7.2 - Embalagens plásticas. Enchimento de garrafas plásticas de óleo comestível, frutas desidratadas
em sacos de polietileno e garrafa plástica (PET) com água mineral, respectivamente.
Você sabia que o nome técnico do ISOPOR é poliestireno expandido (PSE), material muito utilizado no segmento de
embalagem devido a sua baixa densidade e as suas boas características como acolchoamento e isolante. Anvisa. Legisla-
ção específica de alimentos: embalagem. Brasília, DF, [200-?]. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/embalagens.htm
Embalagens tipo sachês: são utilizadas para embalar alimentos em pequenas porções de uma
dose, por exemplo: sal, açúcar, molhos, geleias, maionese etc. São fabricados com laminados transpa-
rentes ou opacos. Estes materiais fazem barreira contra gases, vapores e luz, conservando o alimento
(Figura 7.4.).
Robbi/Shutterstock.com
Figura 7.4 - Embalagens tipo sachê com laminado opaco, para uma dose.
90 Produção Agroindustrial
fundo e uma tampa (Figura 7.5). As latas de três peças são normalmente feitas em folha de flandres,
e as latas de duas peças podem ser feitas em folha de flandres, folha cromada ou alumínio. São muito
comuns as embalagens flexíveis como os sacos de salgadinhos.
stable/Shutterstock.com
Figura 7.5 - Tipos de latas metálicas utilizadas pela indústria de alimentos.
Quanto ao formato, podem ser redondas, retangulares, ovais, trapezoidais. A lata redonda pos-
sui a vantagem de facilitar a soldagem e ainda propicia melhor aproveitamento da chapa metálica,
economizando metal. A lata retangular é preferencialmente utilizada para embalar conservas de pei-
xe (Figura 7.6), e as latas trapezoidais são utilizadas para azeite (BARÃO, 2011).
Africa Studio/Shutterstock.com
Enmanuel/Shutterstock.com
A embalagem Tetra Pak conserva as qualidades de alimentos líquidos sem gás, pastosos e
doces, como sucos, leites, creme de leite, extrato de tomate, molhos, leite condensado, goiabada,
achocolatados etc.
92 Produção Agroindustrial
utilizados, procedência, (CNPJ e endereço da empresa onde foi processado), data de embalagem e de
validade, tudo de acordo com a legislação específica para cada tipo de produto.
O Ministério da Agricultura fiscaliza a descrição do rótulo a partir de amostras do alimento
embalado, uma vez que os produtos não podem induzir o consumidor a erro ou engano.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável pela fiscalização das
informações nutricionais do produto e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) é responsável pelo tamanho da embalagem e pela regulamen-
tação da Rotulagem de Alimentos Industrializados. Muitas portarias regulam o que um rótulo
deve ou não conter.
Estes regulamentos têm a finalidade de garantir alimentos seguros e de qualidade aos consu-
midores brasileiros, preservando sua saúde. A Política Nacional de Alimentos e Nutrição definiu a
rotulagem nutricional obrigatória como uma das estratégias para redução dos índices de sobrepeso,
obesidade e doenças crônico-degenerativas associadas aos hábitos alimentares da população.
Não devem constar nos rótulos dos alimentos palavras, sinais ou desenhos que possam tornar
a informação falsa ou incompreensível, ou destacar a presença ou ausência de componentes que já
são próprios dos alimentos, por exemplo, que o iogurte é rico em cálcio, ou que determinado óleo
vegetal não tem colesterol, ou que tem vitamina E, pois essas propriedades são comuns a todos os
óleos vegetais. É proibido discriminar o alimento como medicinal, mesmo que este realmente tenha
propriedades medicinais, neste caso é permitido designar como alimento funcional. Também é proi-
bido colocar que é um alimento orgânico se a agroindústria não for certificada por entidades reco-
nhecidas como certificadoras (CORSO, 2007).
Segundo a Resolução RDC no 359, de 23 de dezembro de 2003, que Aprova Regulamento Téc-
nico de Porções de Alimentos Embalados para fins de Rotulagem Nutricional, a RDC no 360 e a
RDC no 359, são necessárias as seguintes informações nos rótulos:
»» Nome do produto; por exemplo: óleo de milho, biscoito recheado sabor chocolate.
»» Lista de ingredientes em ordem decrescente de quantidade. Isto é, o ingrediente que esti-
ver em maior quantidade deve vir primeiro, e assim por diante; com exceção de alimentos
com um único ingrediente, por exemplo: arroz, amido de milho.
»» Conteúdo líquido é a quantidade ou volume que o produto apresenta.
»» Identificação da origem, Identificação do lote.
»» Prazo de validade, o dia e o mês para produtos com prazo mínimo menor de 3 meses e o
mês e o ano para produtos prazo superior a 3 meses.
»» Instrução para o uso quando necessário. Identificação do lote.
Informações nutricionais: de acordo com a Resolução no 40, de 21/03/01, todos os alimentos
e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao
consumidor devem ter as informações nutricionais presentes no rótulo. Excluem-se deste Regula-
mento, as águas minerais e as bebidas alcoólicas. As empresas têm 180 dias, a partir da data da Reso-
lução, para se adequarem.
Neste capítulo foram apresentadas as características principais das embalagens, suas finalidades e
usos, vantagens e desvantagens e rotulagem dos produtos agroindustriais. Os principais tipos de emba-
lagens vidro, plástico, metal (latas), suas utilizações, vantagens e desvantagens. Embalagens de vidro são
inertes, não reagem com os produtos, resistem a tratamentos térmicos e são ótimas para preservação
do alimento em conservas que necessitem de tratamento térmico para sua conservação. Embalagens de
plástico são recicláveis, leves, inquebráveis, portanto facilitam o transporte e têm melhor relação custo-
-benefício. Embalagens tanto de vidro, quanto de plástico, quando transparentes, apesar do bom visual,
permitem passagem de luz, o que altera a qualidade do alimento, necessitando do uso de aditivos, o que
não ocorre com as latas metálicas, que possibilitam tratamentos térmicos já com o produto embalado e
maior prazo de validade mesmo sem aditivos, desde que se utilize técnica de conservação adequada.
1) Explique como devem ser as embalagens para produtos sem uso de aditivos e os
motivos.
2) Faça uma análise comparativa entre embalagens metálicas e de vidro.
3) Explique por que o uso de embalagens plásticas tem aumentado cada vez mais.
4) Em sua opinião, por que embalagens de alumínio são utilizadas, mesmo tendo um
custo maior?
5) Qual a importância da utilização dos rótulos, considerando a segurança alimentar?
94 Produção Agroindustrial
8
Noções de
Refrigeração e
Congelamento
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar as principais técnicas de refrigeração e congelamento
dos produtos agroindustriais.
nito/Shutterstock.com
testing/Shutterstock.com
Figura 8.1 - Carne bovina e de salmão embaladas a vácuo em polietileno
e nuggets de frango, congelados respectivamente.
Cada espécie de bactéria cresce sob determinadas faixas de temperaturas, sendo classificadas em grupos fisiológicos:
pisicrófilos, que são capazes de crescer a 0 °C, ou menos, embora o seu ótimo seja de 15 ou 20 °C. As mesófilas cres-
cem melhor na faixa de 25 e 40 °C, e as termófilas, em temperaturas de 45 a 60 °C. Todos os processos de crescimento
dependem de reações químicas, que são influenciados pela temperatura. É denominado de “temperatura ótima de cres-
cimento” a temperatura de incubação que possibilita o mais rápido crescimento durante 12 a 24h. Para se aprofundar
mais neste assunto leia o livro Microbiologia dos autores Pelczar, Reid e Chan.
Fique de olho!
A finalidade de refrigerar ou congelar determinado alimento é manter sua qualidade, portanto, a matéria-prima tem que
ser de boa qualidade. Por exemplo, não é possível transformar uma fruta deteriorada em uma polpa de fruta de qualidade.
96 Produção Agroindustrial
(perda de água para o ambiente), mas umidades relativas muito altas facilitam o crescimento
de bactérias, favorecendo a deterioração. Portanto, deve-se seguir as recomendações técnicas.
Existem dados de pesquisa sobre umidade ideal de armazenamento para cada tipo de alimento.
É melhor que a umidade relativa não oscile mais que 3 a 5%, e para maioria dos alimentos fique
na faixa de 80 e 90%.
Tempo de armazenamento: para períodos mais longos é recomendado acondicionar os ali-
mentos em embalagens apropriadas.
Antes do congelamento, as hortaliças e frutas devem passar pelos mesmos processos de pro-
cessamento já estudados nos capítulos anteriores, como obtenção da matéria-prima, transporte,
recepção, seleção, corte (Figura 8.2), sanitização, enxague, branqueamento, resfriamento e embala-
gem. Depois disso sofrerão o congelamento, seguido de armazenamento em câmaras frias, distribui-
ção (transporte em veículos com refrigeração, para não descongelarem) e varejo (estandes de vendas:
gondolas com refrigeração, ou freezers com portas de vidro).
Algumas frutas pequenas, como morangos (Figura 8.2) podem ser congeladas inteiras; outras
maiores, como abacaxi, maçãs, manga, devem antes ser descascadas, cortadas em pedaços menores
padronizados, e retirada as sementes.
Dudarev Mikhail/Shutterstock.com
Chanclos/Shutterstock.com
Vira Mylyan-Monastyrska/Shutterstock.com
Figura 8.2 - Mix de hortaliças processadas, morangos inteiros congelados, e batatas semifritas, respectivamente.
Escurecimento enzimático
As reações de escurecimento são um dos fenômenos mais importantes que ocorrem durante
o processamento e armazenamento de alimentos vegetais como maçãs, bananas e batatas – tornam-
-se escurecidos quando suas superfícies entram em contato com o ar. O escurecimento oxidativo ou
enzimático é uma reação entre o oxigênio e um substrato fenólico catalisado pela enzima polifeno-
loxidase. Durante o processamento (corte, descascamento) ela é liberada devido à desintegração de
estruturas celulares e exposta ao oxigênio, sendo desta forma ativada. A polifenoloxidase, também
conhecida como catecol-oxidase, catecolase, oxidase difenol, fenolase e tirosinase, polifenolase, cate-
col oxidase, é encontrada na maioria das frutas e vegetais, e a localização da enzima na célula vegetal
depende da espécie, idade e grau de maturidade. Alguns tratamentos retardam a reação como o uso
98 Produção Agroindustrial
de temperaturas baixas, ou ainda com o uso de ácido orgânico (limão); ácido cítrico, ácido ascórbico e
do bissulfito de sódio (aditivo), mas somente o aquecimento (branqueamento) inibe a ação enzimática,
que é paralisada a temperaturas de aproximadamente 95 °C.
O pH ótimo para atuação das polifenoloxidases é 6,0, portanto, a redução de pH pode alte-
rar a atividade enzimática, por tornar menos favorável a atividade das enzimas desnaturando parte
delas, sendo, portanto considerado por alguns autores como inibidor enzimático. O ácido ascórbico,
se usado em quantidade suficiente, elimina o oxigênio em recipiente fechado.
Como aparece a coloração escura?
Devido à reação bioquímica de oxidação catalisada pela enzima polifenoloxidase: a hidroquinona
(liberada das células com o corte) reage com o oxigênio do ar, produzindo a quinona, que é marrom.
As hortaliças ricas em clorofila, pigmento verde, perdem a coloração quando sua cocção for feita em recipiente tampado
e durante tempo prolongado. Neste caso, os vacúolos se retraem e liberam ácidos orgânicos que agirão sobre a clorofila.
Para evitar essa reação, pode-se utilizar um agente alcalino (bicarbonato se sódio) ou manter o recipiente semitampado
para evaporação dos ácidos orgânicos. Do ponto de vista nutricional, é melhor a segunda opção, pois o bicarbonato pre-
judicará a absorção de ferro e da vitamina C. Pode haver interferência da água de cocção, a água clorada pode tornar-
-se mais ácida pela ação da fervura, com formação de HCL. O congelamento de hortaliças cruas poderá alterar sua cor,
quando o pH for baixo, como no caso da vagem e couve-de-bruxelas. As técnicas visam valorizar as hortaliças quanto ao
seu pigmento e evitar reações desagradáveis quanto à cor e ao sabor.
Para leitura: OETTERER, M. et al. Fundamentos de ciência de tecnologia de alimentos. São Paulo: Manole,2006.
Svetlana Foote/Shutterstock.com
Figura 8.3 - Hortaliças congeladas embaladas em sacos plásticos de polietileno, em vácuo parcial dentro da câmara de
armazenamento e carne moída congelada embalada a vácuo em polietileno, respectivamente.
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar aspectos fundamentais da gestão da industriali-
zação, agregação de valor, custo benefício e comercialização na agroindústria. Com o intuito de
auxiliar no planejamento, organização, direção e controle destes processos.
Preço
Comportamento
Valor
do Consumidor
Estratégia
Sendo assim, preço é o desembolso monetário, percebido e avaliado diretamente pelo consu-
midor. Esta avaliação consiste em comparar os benefícios recebidos e os investimentos realizados.
Na perspectiva do comportamento do consumidor, entram em ação algumas ferramentas de marketing,
pois o valor envolvido tem relação com a satisfação das necessidades e desejos do consumidor pelo
produto adquirido. Já na perspectiva estratégica o valor é quanto os consumidores estão dispostos a
pagar pelo o que a empresa está disposta a oferecer. Neste sentido, a empresa pode se destacar traba-
lhando estratégia de redução de custos ou ainda melhorar a performance de seus produtos.
A agregação de valor garante à empresa vantagem competitiva e sucesso em longo prazo, além
de mostrar ao consumidor que ele também tem o poder de agregar o valor ao produto adquirido.
Quando se agrega valor aos produtos de origem rural, abre-se uma porta para novos nichos de
mercado. Esta agregação pode ser trabalhada com embalagens adequadas e bem elaboradas, indus-
trialização de qualidade e desenvolvimento de uma marca própria.
Muitas das vezes a comercialização do produto in natura é mais complicada, pois o mercado
exige produtos perfeitos e padronizados, mas isto nem sempre é possível, devido à grande vulnerabi-
lidade dos produtos rurais.
Então, a grande vantagem competitiva da agregação de valor, está atrelada, não na questão do
plantio para o produto, mas o produto para evitar perdas.
Um produtor de morango, por exemplo, pode utilizar o que o mercado supostamente rejei-
ta por padronização estética (descarte) como matéria-prima de uma geleia. Logo, ele não produz
morango para geleias, mas a geleia vem para evitar a perda do produto in natura.
Materiais,
Instalações, Processo de
Pessoas, Produto acabado
transformação
Informações.
Amoras Processo de
selecionadas, transformação:
açúcar e demais
insumos. Processamento
da fruta;
Laboratório,
mesas, utensílios, Misturas
entre ouros; e preparação
de ingredientes;
Técnicos Geleia pronta
responsáveis, Controle para distribuição
operários e toda de qualidade e consumo.
mão de obra e testes;
direta e indireta;
Legislação, Elaboração
Informações de rótulos;
nutricionais,
rotulagem e Embalagem
demais e estocagem
informações. para distribuição.
Figura 9.2 - Geleia de amora: exemplo de processo de transformação dentro da cadeia de produção agroindustrial
Este processo de transformação acontece somente se a cadeia de produção estiver bem defini-
da, com seus fornecedores, processadores, distribuidores e consumidores. Sem estes agentes, não há
Quando se trata de qualidade, considera-se que quanto mais necessidades e expectativas do cliente o produto puder
atender, mais qualidade este produto terá. Portanto, a qualidade está ligada diretamente à percepção do cliente.
Sendo assim, alguns aspectos fundamentais devem ser considerados sobre a gestão da qualidade. Leia mais sobre o
assunto em Princípios da Gestão de Qualidade. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/administracao_/
principios-da-gestao-da-qualidade/> . Acesso em setembro 2014.
Fique de olho!
A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou
abusiva, sempre às expensas do infrator.
A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no
mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
Vamos recapitular?
Neste capítulo foram abordados aspectos importantes para produção, agregação de valor e
comercialização de produtos agroindustriais; a importância da percepção e compreensão da necessidade
de agregação de valor ao produto; a relação com os aspectos econômicos; e a busca por aperfeiçoamento
e conquista do mercado. Toda a base para o entendimento do processo de transformação dos produtos
agroindustriais, o planejamento e controle das operações em função da qualidade do produto final.
Foram mostrados os caminhos para que, além da formulação correta do preço, também seja pos-
sível atingir menores custos com maiores vantagens para a empresa, e que esta busque regularidade e
qualidade no fornecimento de insumos, garantindo a produção e o atendimento duradouro da demanda.
Materiais,
instalações, Processo de
Produto acabado
pessoas, transformação
informações.
Para começar
Este capítulo tem por seu objetivo demonstrar conceitos sobre a administração de empre-
endimentos agroindustriais, bem como apresentar as ferramentas básicas de gestão, com intuito
de agregar valor ao conhecimento do leitor.
Suprimentos Processos
e Materiais Produtivos
Empreendedor
Agroindustrial
Capital Pessoas
Entrada
Matéria Prima no Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5 Produto Acabado
Processo
»» Direção
Com base em um plano preestabelecido quanto aos objetivos a serem perseguidos pela agroin-
dústria, e com a estrutura física de máquinas, equipamentos e materiais devidamente alocados, e, por
sua vez, possuindo os colaboradores alinhados com estes objetivos, contemplados pelas suas atribui-
ções e responsabilidades, dá-se então o momento do processo administrativo denominado direção.
A direção representa a implantação daquilo que foi planejado e organizado. Para tanto, a
direção é a função administrativa que envolve o uso de influência para ativar e motiva as pessoas
a alcançar os objetivos organizacionais. Ela envolve relacionamento, interação, influência, lide-
rança, comunicação e motivação das pessoas que desempenhem as tarefas essenciais ao negócio
(CHIAVENATO, 2008).
O processo de Direção em uma Agroindústria pode ser observado nas ações operacionais,
diante das demandas produtivas, onde o gerente ou responsável local pela operação, com base
nos acompanhamentos e relatórios produtivos, faz uso de suas atribuições através do poder ou de
seu carisma, para, como líder de determinada equipe, realocar pessoas para perseguir o melhor
desempenho, com intuito de atingir patamares desejáveis de produção e/ou de qualidade na
manufatura do produto.
»» Controle
Acompanhar, monitorar, aferir, estes são verbos que traduzem o conceito do quarto processo
administrativo, denominado Controle. Através deste pilar da administração, os produtos agroindus-
triais chegam ao consumidor com qualidade e dentro de padrões estabelecidos.
Fala-se em medições antes do processamento, pois esta pode demonstrar a qualidade da maté-
ria-prima, ou seja, se está nos padrões estabelecidos pela Agroindústria para seguir aos processa-
mentos. Geralmente ela é realizada no setor de recebimento da Agroindústria, também chamado de
Área Suja. Este setor é onde são recebidos os produtos agrícolas oriundos de seu local de produção,
ou seja, das roças e das lavouras onde foram produzidos. Este tipo de controle é essencial, pois a sua
sequência dependerá diretamente da qualidade de entrada, podendo comprometer lotes de produ-
ção, caso não sejam identificadas não conformidades no processo.
Durante a produção, também é viável que haja sistemáticas de controle, pois estes produtos
agrícolas a serem processados podem ser constantemente acompanhados, pois muitos dos processos
produtivos agroindustriais passam pelas mãos dos colaboradores, e se estes forem capacitados para
tal, poderão ser, independentemente de sua função, inspetores de qualidade de produto na linha de
produção, apontando produtos que não estejam em conformidade, durante toda a cadeia de proces-
samento interno.
PLANEJAMENTO
ORGANIZAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
DIREÇÃO
CONTROLE
Acredita-se que, diante das características desenhadas anteriormente, com base no panorama
apresentado sobre o Empreendedor Agroindustrial, adicionando competências técnicas organizacio-
nais de gestão, como o Planejamento, a Organização, a Direção e o Controle, o poder e a possibilida-
de de este Empreendedor tornar-se eficaz em seu projeto, aumenta vertiginosamente, aumentando
também o percentual de sucesso em praticar, ou colocar em prática, um negócio deste ramo.
O termo estratégia foi originado das questões militares, onde os grandes generais traçavam
seus planos de batalha para conquistarem território e buscarem expandir seus reinados, ou para a
defesa destes mesmos territórios da malevolência de conquistadores e outros desbravadores. Desde
então, guerras e batalhas eram traçadas em tabuleiros, buscando a melhor performance, o melhor
desempenho de suas tropas, para a defesa de seus ideais.
A arte da guerra e a organização das tropas são de suma importância para o Estado. São ques-
tão de vida e de morte, delas dependem a conservação, a expansão ou a ruína do Império. Não refle-
tir profundamente, não trabalhar conscientemente demonstra uma culpável indiferença com a posse
ou a perda daquilo que é essencial, e isso não é permitido (TZU, 2008).
Estratégia então passou a ser uma palavra também muito utilizada nos temas empresariais,
pois elas são elaboradas com intuito de manter organizações sustentáveis em seus negócios, e até
expandir seus mercados.
Um instrumento que favorecerá grandiosamente este estudo para a realização deste plano
macro está calcado em quatro principais fatores, os quais merecem uma dedicação de tempo exclusi-
va, são eles:
Pontos fracos: quais são as situações em que o Empreendimento Agroindustrial possui pon-
tos a melhorar? Aquilo que outras organizações do mesmo ramo de atuação podem fazer melhor.
São apontamentos internos, e que estão mais propriamente nas mãos dos Empreendedores Agroin-
dustriais para serem solucionados do que os outros anteriores citados. Máquinas e equipamentos
obsoletos, impedindo melhoramento de índices de produtividade; força de trabalho não capacitada e
motivada para as atividades laborais da Agroindústria, dentre outros, são exemplos de pontos fracos,
neste pensamento estratégico.
Pontos fortes: quais são as forças da Agroindústria? Quais são suas virtudes que fazem
diferença nas atividades do Empreendimento Agroindustrial? Os pontos fortes são as situações
que diferenciam o negócio de seus concorrentes. Como exemplos deste quarto fator de estudo
estratégico podem-se citar fortes parcerias comerciais com fornecedores de suprimentos e maté-
ria-prima, localização privilegiada na distribuição e na logística dos produtos agro industriali-
zados, etc.
Analisar profundamente e com uma dedicação especial estes quatro fatores, descrevendo-as
e alinhando-as em um plano que demonstre a busca do Empreendimento são estudos que podem
direcionar o negócio para o futuro, e sua promissão depende das ações e decisões que o Empreende-
dor Agroindustrial tomará.
Conhecer ou não desprezar as ameaças que possam surgir, buscar crescimento e sustentabili-
dade do negócio nas oportunidades em que o mercado lhe demonstrar, reconhecer os pontos fracos
e diante deles modificar sua filosofia para enfrentá-los, buscar dirimir as falhas existentes e saber
aproveitar os pontos fortes com destreza e astúcia são situações que certamente podem favorecer
positivamente os rumos de uma organização e estruturar beneficamente a Agroindústria, sistemati-
zando suas ações de longo prazo em um plano estratégico.
Outas definições são importantes quando se fala em Planejamento Estratégico, sendo
elas a definição de Missão e da Visão do empreendimento. A missão é a razão da existência do
negócio, os motivos que levam ás suas operações. São as situações ou palavras que justificam
o porquê do empreendimento existir. Já a Visão é a busca da organização, é onde ela quer che-
gar, suas pretensões. A Visão é determinada ou definida pela condição do presente em relação
ao seu futuro, pois ela demonstra onde o Empreendimento Agroindustrial quer estar, e em que
posição estar.
“Ser um empreendimento que preze pela qualidade dos produtos agroindustrializados, dentro
dos padrões higiênico-sanitários, respeitando o meio ambiente, as pessoas e os parceiros, com intui-
to de satisfazer plenamente os nossos clientes”.
“Através do respeito ao meio ambiente, as pessoas e aos parceiros, buscamos fortalecer nossos
negócios e oferecer nossos produtos agro industrializados em todo o território nacional”.
MISSÃO VISÃO
Presente Futuro
A razão do Onde o Empreendimento
Empreendimento Agroindustrial quer
Agroindustrial existir. chegar.
Apoiados nestes conceitos básicos, nas análises realizadas e nos estudos desta etapa fundamen-
tal para a realização do Plano Estratégico de uma Agroindústria, certamente estes parâmetros norte-
arão os passos seguintes na construção deste empreendimento, do tempo presente para o seu futuro.
Planos Estratégicos
Planos Táticos
Departamentos
ou Áreas
Funcionais
PLANO DE AÇÃO
Quando
Situação
N.O O que Como Quem Início Fim Onde Porque Quanto
Atual
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
chrupka/Shutterstock.com
Planejamento
Estratégico O planejamento estratégico é o princi-
pal norteador das organizações e prevê
objetivos organizacionais de longo prazo,
Planejamento Tático
enquanto o planejamento tático delineia-
-se nas ações dos departamentos, das
seções, e desdobra os objetivos estraté-
Planejamento Operacional
gicos em ações táticas, de médio prazo.
Por sua vez, os planos operacionais des-
membram os objetivos táticos para serem
operacionalizados cotidianamente, sendo
Figura 10.9 - Desdobramento dos níveis de planejamento. estes realizados em curto prazo.
Competência
Conhecimento
Habilidade
Atitudes
Longe das pretensões de urbanizar a gestão de pessoas no meio agrícola, porém, fatores agre-
gadores são comprovadamente observados, em termos produtivos e em termos comportamentais,
pois além de características técnicas (habilidades de fazer), o favorecimento de capacitações e desen-
volvimento das pessoas em Empreendimentos Agroindustriais favorecerá certamente questões de
relacionamento entre as pessoas, sensação de estar sendo valorizado diante do seu papel no negócio,
em questões éticas nas relações de trabalho, além é claro, de propiciar melhor resultado em termos
qualitativos e quantitativos em suas atividades.
Falar então em gerir pessoas em Empreendimentos Agroindustriais parte do princípio de que
o enfoque da preparação das pessoas que irão desenvolver as operações diárias de uma Agroindús-
tria é, sem dúvida, o grande desafio deste Empreendedor.
Estudos permeiam novos e agregadores conceitos no conjunto de atributos CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes)
que compõem ou determinam a competência do capital humano. Outros dois atributos traduzidos pela sigla VE (Valores e
Emoções) devem ser considerados, pois observar e conhecer os valores e as emoções são fatores cruciais para identificar
reais necessidades de desenvolvimento das pessoas, sendo que neste mais amplo olhar forma-se um novo conjunto de
atributos que traduzem a Competência, conhecido como CHAVE.
Essa transformação cultural vem atender novas demandas das famílias, em que o papel da
mulher está totalmente preponderante na formação da renda familiar, o que há décadas anterio-
res era função estritamente realizada pela figura masculina. Isso pode ser justificado, pois com
menos tempo para a preparação dos alimentos e das refeições familiares, estas devem possibili-
tar uma preparação rápida, e os agroindustrializados são produtos que vislumbram uma maior
praticidade, atendendo aos quesitos higiênicos e sanitários, em preparações alimentares saudá-
veis e práticas.
10.5.1 O cliente
Cultura, hábitos e costumes em constante modificação, buscando produtos saudáveis,
com praticidade na preparação e com preços acessíveis. O valor agregado será a grande busca,
ou seja, o cliente buscará saúde, rapidez, beleza e todos os benefícios possíveis que o produto
lhe oferecerá.
10.5.2 O produto
Questões legais quanto à higiene e à sanitização são situações obrigatórias para os produtos
agroindustrializados, podendo-se também citar questões de manutenção de qualidade destes pro-
dutos. Além de requisitos obrigatórios, o papel do Empreendedor Agroindustrial será o de sofisti-
car seu produto, dando-lhes condições especiais como diferenciação e atendimento.
Ter um produto e manter-se competitivo nos dias atuais é sinônimo de agregação de ele-
mentos que diferenciem o produto agroindustrializados da concorrência. A própria agroindustria-
lização é uma forma de favorecer esta agregação, pois os processos agroindustrializados propiciam
a melhoria de condições do produto, que vão desde o aumento da vida útil destes alimentos, até a
higienização e a garantia de produtos processados para o uso prático.
10.5.3 As pessoas
O fator que pode estabelecer uma vantagem competitiva, valendo dizer que, sobressai diante
de todos outros fatores, pode-se afirmar que as pessoas são bens valiosíssimos dos Empreendi-
mentos Agroindustriais.
Contemporaneamente, falar sobre os colaboradores é referir-se a Parceiros, pois a relação
moderna se esmera em situações em que ambos os lados devem ter sucesso, relação esta também
conhecida como “ganha/ganha”, pois tanto as Organizações, que necessitam de pessoas compro-
missadas com o negócio; doutro lado, as Pessoas, também precisam de Empreendimentos respei-
tadores e cumpridores de obrigações.
As pessoas são consideradas parceiros e colaboradores e não funcionários batedores de car-
tão de ponto (CHIAVENATO, 1999).
Um capital humano preparado, em âmbitos técnicos e comportamentais, favorece o cresci-
mento com sustentação dos negócios de qualquer organização, e isso não é diferente nos empre-
endimentos agroindustriais.
10.5.4 A tecnologia
A busca por novas técnicas, novos processos, novos equipamentos deve ser incessante nas
organizações modernas. Avaliar, analisar e buscar extrair o máximo dos recursos disponíveis e,
diante de seu melhor desempenho, observar preceitos de melhoria contínua são questões determi-
nantes para a manutenção de competitividade empresarial.
A tecnologia nos empreendimentos agroindustriais pode oferecer situações favorecedo-
ras de inovação e de criatividade, e estas determinam também a manutenção e novos negócios
das organizações.
Vale lembrar que as pessoas também têm grande preponderância neste assunto, pois elas
serão as operadoras das tecnologias implantadas no empreendimento agroindustrial.
10.5.5 Os resultados
Diante dos objetivos anteriormente traçados, no momento do planejamento organizacio-
nal a perseguição ao alcance destes deve ser ponto principal da gestão de um Empreendimen-
to Agroindustrial, pois o resultado somente será obtido com muito esforço, disciplina e trabalho.
A visão do futuro seguida de foco nas metas a serem buscadas é ponto crucial para sucesso
no empreendimento.
Res ul tados
Com o embasamento nestes quatro pilares a) uma dimensão traçada em valorização do clien-
te, como importante elemento no negócio; b) criação e agregação de valor nos produtos, buscan-
do a satisfação daqueles que o consomem, através dos benefícios que este propicia; c) ter pessoas
parceiras, compromissadas e verdadeiramente preocupadas com o seu papel diante dos objetivos do
empreendimento; d) e atualizado em padrões tecnológicos, favorecendo a inovação e a criatividade
nos processos e nos produtos, estes são, certamente, elementos que possibilitarão o sucesso e o resul-
tado em qualquer empreendimento, e nas agroindústrias serão estabilizadores de crescimento eco-
nômico deste tipo de organização promissora.
Bibliografia 133
CASTRO, A. P. D. O retrato do treinamento no Brasil 2013/2014. Revista T&D Inteligência
Corporativa. São Paulo, n. 181, p. 5, 2013.
CASTRO, T. G. Lipídeos. Disponível em: <http://www.fsp.usp.br/~marlyac/lipideos.pdf >.
Acesso em: 1 set. 2014.
CHIAVENATO, I. Administração para não administradores: a gestão de negócios ao alcance de
todos. São Paulo: Saraiva, 2008.
______ . Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro:
Campus, 1999.
CIA, G.A.; FELÍCIO, P. E. Revisão sobre o resfriamento e congelamento de carnes. Boletim técnico
– CTC, ITAL. Campinas, número 1, p. 1-45, 1978.
CORSO, M. P. Embalagens. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Medianeira,
Tecnologia em Laticínios, 2007. 79 p.
COSENTINO R.O. Conheça o funcionamento do sistema de lavagem Cleanin place. Disponível
em: <boaspraticasnet.com.br/?p=993>. Acesso: 24 ago. 2014.
COSTA, A. J. D. O. O poder da agricultura empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007.
DIETERICH, F. Avaliação de nuggets de pescado de tilápias-do-nilo (Oreochromis niloticus) e
armado (Pterodoras granulosus). 49 f. Monografia (Engenharia de Pesca) – Universidade Estadual
do Oeste do Paraná, 2003.
FAO STAT FAO/WHO. Statistic Database Colletions, EUA, Disponível em: <http://www.apps.fao.
org. 2013>.
FARIA, C. Princípios da gestão de qualidade. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.
com/administracao_/principios-da-gestao-da-qualidade/>. Acesso em: 30 set. 2014.
FIDDES, N. Meat: a natural symbol. London: Routledge, 1991. 261 p.
FORREST, J. C.; ABERLE, E. D.; HEDRICK, H. B. Fundamentos de ciência de la carne. Traduzido
por Bernabé Sanz Pérez Zaragoza. ACRIBIA, S.A. (ed.) 1979.
GARCIA, L. P. Liofilização aplicada a alimentos. 45 p. Trabalho acadêmico (Graduação Bacharelado
em Química de Alimentos). Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2009.
GAVA, A. J.; SILVA, C. A. B.; Frias, J. R. G. Tecnologia de alimentos: princípios e aplicações. São
Paulo: Nobel, 2008.
GEPAI: Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais/Coord. BATALHA, M.O. Gestão agroindus-
trial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
LINO, G. C. L; LINO, T. H. L. Congelamento e refrigeração. Londrina: UTFPR, 2014.
MARENDA, F. R. B. Higiene na indústria de alimentos. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/
content/ABAAABkrgAA/higiene-na-industria-alimentos>. Acesso em: 15 abr. 2014.
MARGALHO, L. Limpeza e sanitização na indústria de alimentos. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABL50AJ/limpeza-sanitizacao-na-industria-alimentos>.
Acesso em: 24 ago. 2014.
Bibliografia 135
SANCHEZ, L. Pescado: matéria-prima e processamento. Campinas: Fundação Cargill. Série técnico
científico, n. 164. 1989. 61 p.
SANTOS, G. J.; MARION, J. C. SEGATTI. S. Administração de custos na agropecuária. São Paulo:
Atlas, 2008.
SARZI, B. Conservação de abacaxi e mamão minimamente processados: associação entre o preparo,
a embalagem e a temperatura de armazenamento. 2002. 100p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.
SCHMIDT, E.C. Avaliação de filés de tilápias com e sem off-flavor submetidos ao processo de
defumação. Toledo, 2004. 31 f. Monografia (Engenharia de Pesca) – Universidade Estadual do Oeste
do Paraná, 2004.
SILVA, C. L. Processos agroindustriais de produção de alimentos. Disponível em: <http://correio-
gourmand.com.br/info_01_cultura_gastronomica_01_10.htm>. Acesso em: 1 set. 2014.
SILVA, R. S. S. Como congelar alimentos corretamente. Disponível em <http://maisequilibrio.com.
br/nutricao/como-congelar-os-alimentos-corretamente-2-1-1-60.html>. Acesso em: 25 ago. 2014
SIMONE, L. C. R. et al. Avaliação de parâmetros de ultrafiltração de suco de banana. Disponível
em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612003000400018>. Acesso em: 25 ago. 2014.
STEELE, H. L. FILHO, F. M. V. WELSH, R. S. Comercialização agrícola. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1971.
SUBASINGUE, S. Smoking and drying – New Tecnology for olde Worde products. INFOFISH
International, v. 3, 1993.
SUNDERMAN, D.R. Effective use of flavorings and seasoning in batter and breading systems. In:
KULP, K. LOEWE, R. (ed). Batters and breadings in food processing. Minnesota: American Asso-
ciatino of Cereal Chemists. 1992. p. 73-91.
TAKEITI, C. Y. Cereais e grãos. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/tec-
nologia_de_alimentos>. Acesso em: 1 set. 2014.
TOCCHINI, R. P.; NISIDA, A. L. A. C., MARTIN, Z. J. Industrialização de polpas, sucos e néctares
de frutas. Campinas: Fruthotec, ITAL, 1995.
TZU, S. A arte da guerra. Tradução Helena Moysés, Graciema Pieres Therezo e Aline Marques.
Campinas: Átomos, 2008.
USDA. Disponível em: <http://www.usda.gov>. Acesso em: 15 mar. 2014.
VARGAS, O. L.; Prioridades de pesquisa sobre a qualidade do leite no Brasil. Revista do Instituto de
Laticínios Cândido Tostes. Juiz de Fora, v. 31, n. 183, p. 3-17, 1976.
VIEIRA, S.L. Conceitos atuais de qualidade em produtos de frango: efeito da nutrição inicial.
Simpósio Internacional de Tecnologia, Processamento e Qualidade da Carne de Aves, Anais.
Concórdia: Embrapa, p. 60-68, 1999.
VILKAS, M. NANTES, J. F. D. Planejamento e Agregação de valor nos empreendimentos rurais.
Agronegócios, Gestão e Inovação. São Paulo: Saraiva, 2006.
WOORTMANN, K. Hábitos e ideologias alimentares de grupos sociais de baixa renda: relatório
final. Brasília: UNB, 1978. 114 p. (Série Antropologia 20).
ZUIN, L. F. S. et al. Agronegócio: gestão e inovação. São Paulo: Saraiva, 2006.