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Lição 6
A Magia da Cor
Está a imaginar esta cena, não é verdade? O fenómeno pode ser explicado
facilmente: a luz do sol, ao incidir nas gotas de humidade decompõe-se nas
seis cores do arco-íris. As gotas da chuva actuam assim como um filtro de
prismas cristalinos decompondo a luz branca naquilo que ela é na realidade:
- LUZ COLORIDA -
— Mas o que é que eu estou para aqui a dizer? A luz não é branca?
— Não, a luz não é branca, a luz somente “pinta” dá “vida” a tudo o que nos
rodeia!!
Vamos ver como. Na realidade a luz é composta por três cores: vermelho,
verde e azul escuro, as chamadas cores luz primárias que, ao serem
misturadas duas a duas, formam um novo grupo de três cores, as cores luz
secundárias: amarelo, púrpura e azul claro.
Estas são as seis cores do arco-íris, três cores que ao serem misturadas duas
a duas nos dão outras três cores completamente distintas.
Luz verde + luz azul + luz vermelha = luz branca ( luz do dia ) ou seja, a
recomposição da própria luz.
— Não!!
A resposta mais lógica seria porque existe uma ausência total de luz, mas aqui
entra em jogo uma outra pergunta, um outro porquê que pode ser explicado da
seguinte forma: ao apagar a luz todos os objectos que nos rodeiam, neste caso
no nosso quarto, perdem a cor, tornam-se “transparentes”, invisíveis pois falta-
lhes a cor. Eles existem, estão lá, mas não tendo cor não os podemos ver e
neste ponto podemos dizer com toda a certeza que a luz não ilumina mas tinge
de cor tudo o que ela possa atingir. A ausência total de cor é, portanto, o negro,
o escuro, tal como nesse pedaço de cartolina negra sobre a minha mesa de
trabalho.
— Quem diria!?
Chegados aqui peço-lhe que esqueça todas estas normas e misturas para
evitar confusões na pintura pela razão de que um artistas não pinta com cores
luz mas sim com cores pigmento, que são algo diferentes, embora estas
reajam à cor da luz.
Reconheço que estamos a fugir um pouco daquilo que é a BD mas como hoje
em dia ela é cor, senti a necessidade de o fazer entrar neste maravilhoso
mundo para que no futuro você possa colorir as suas pranchas com alguma
segurança na matéria.
Teoria da cor
Existem três cores que fazem parte obrigatória da paleta de um artista, são as
chamadas cores primárias. (Não confundir com as cores luz primárias). As
primárias pigmento são: amarelo limão, magenta e azul ciano ou azul claro,
como é vulgarmente conhecido. Estas três cores misturadas entre si nas
proporções exactas dão-nos as cores SECUNDÁRIAS.
Amarelo, verde claro, verde médio, verde esmeralda, azul ciano, azul ultramar,
azul intenso, violeta, magenta, carmim, vermelho e laranja.
Como se poderá dar conta as cores primárias são únicas e não poderão ser
conseguidas com nenhuma outra mistura, por essa razão são as três cores que
fazem parte obrigatória da paleta de um artista. Todas as outras podem ser
conseguidas por mistura.
Para que a gama fique completa deveremos utilizar o branco que ajudará na
mistura, aclarando as cores.
Chegado a este ponto dou-me conta que estamos numa aula de pintura, mas
não estou a esquecer a banda desenhada, como possa parecer, somente o
quero fazer entrar num mundo maravilhoso, o da cor.
É certo que nada disto é muito importante para o seu futuro como artista visto
que hoje em dia o mercado nos oferece uma gama ilimitada de cores e, assim,
estas misturas não fazem sentido mas é sempre bom saber algo mais sobre
aquilo que nos interessa. Ser profissional num qualquer ramo requer saber tudo
o que diga respeito à nossa escolha.
Cor Fria, Cor Quente
Por exemplo: um verde construído por partes iguais de azul e amarelo pode ser
associado tanto à gama de tons quentes como àquela de tons frios, mas pelo
contrario se o azul interferir em maior quantidade na mistura, então esse verde
seria uma cor fria ou vice-versa, sendo o amarelo a dominar a mistura, o verde
seria de tonalidade quente.
Do Contraste ao Equilíbrio
Quando colorimos uma vinheta com tons quentes e nessa vinheta queremos
fazer realçar o centro de interesse, o mais aconselhável seria pintar o dito
centro de interesse com tons frios ou vice-versa.
Um ciano contrasta com um amarelo, mas mais com um laranja e muito mais
com um vermelho; para isso veja na figura 75 as mesmas cores do círculo
cromático da figura anterior alinhadas duas a duas provocando assim o
máximo contraste de cor.
O contraste de cor dentro da vinheta dá um maior dramatismo à cena que esta
narra.
Para cenas repousadas sem nada que deva saltar à vista é aconselhável o
equilíbrio cromático com cores todas da mesma gama, quentes ou frias. Uma
paisagem, por exemplo, a tons quentes obriga-nos a tingir parte das cores frias
nela existente, tais como o azul do céu ou o verde da vegetação, com
amarelos, terras e vermelhos. Assim o verde pode tomar um matiz mais quente
se misturado com amarelo, e o céu, um violeta se lhe juntar-mos um pouco de
vermelho.
Na maioria dos casos não é obrigatório que as coisas tomem a sua cor própria.
O importante é dar à cena a importância de que ela necessita para melhor ser
entendida. Por exemplo, o primeiro plano de um indivíduo em cólera pode ser
completamente vermelho já que só assim é que se poderia entender o seu
estado de alma.
A Luz na Noite
Como colorir uma vinheta nocturna sem qualquer fonte luminosa? Aqui teremos
de falsear a realidade: a cor das coisas não existe; assim, tudo será
completamente azul e violeta com sombras a negro. Veja figura 76. A cor da
carne, as roupas, a natureza... Tudo, tudo é negro, azul e violeta, não receie
exagerar.
Técnicas de Coloração
Hoje em dia existem diversos tipos de coloração, desde os mais simples aos
mais complicados que nos apresentam as vinhetas como se fossem quadros
de Rembradt, Renoir ou Dali expostos num qualquer museu. Vejamos algumas.
Com este processo fica-se, então, por um lado, com a história completa a tinta
da china e, pelo outro, com uma história a cores, sem traços negros. O passo
seguinte será dado pelo fotogravador que sobreporá ambas as técnicas.
Cores Planas
Fig 78 - © Le Lombard
Pintura Sobre o Original
O processo mais perfeito é sem dúvida o que encontramos na figura 80. Veja
esta página de Enki Bilal da história “A Caçada”. Ele utilizou vários materiais
sobre o desenho a lápis, a tinta da china é utilizada somente para alguns
contornos. A prancha é tratada como se pintássemos um quadro com cores
opacas.
A Capa
Para criar uma capa não basta saber desenhar, pintar ou compor, há que ter
um “DOM” especial, e artistas especialistas como Frank Frazetta existem
poucos, infelizmente.
Quando criamos uma capa sabemos a priori que ela vai ser exposta junto a
muitas outras numa livraria ou quiosque; então, a nossa primeira preocupação
deverá ser a de desenhar uma capa que, no meio de tantas outras, possa gritar
mais alto, chamar a atenção do futuro comprador, que o faça reter-se uns
momentos, a contemple, porque por isso a desenhámos, e por fim compre a
obra. A capa deve portanto atrair, seduzir e convencer. Quantos de nós não
fomos já seduzidos por boas capas? Eu pessoalmente já várias vezes e,
nesses casos, posso dizer que comprei a obra seduzido por uma boa capa,
porque a história era de baixa qualidade e de outra maneira não a compraria.
Elas fizeram a sua missão, não a de enganar, mas a de atrair e convencer
alguém, até mesmo quem do assunto tenha um certo conhecimento.
O centro de interesse deverá ser claríssimo, ou seja, deve ser entendido com
uma simples passagem de olhos. A confusão desvia o olhar do futuro
comprador.
Os fundo deverão ser pouco trabalhados, mais homogéneos, para assim fazer
realçar o centro de interesse.
Quase todos os materiais podem ser utilizados para pintar uma capa: aguarela,
guache, etc. mas, ultimamente, a pintura a óleo ganhou terreno e já são poucas
as obras que não contam com uma capa pintada com este material. A capa a
óleo é, sem duvida, a mais cotada do mercado e, se o seu criador é realmente
um artista na matéria, pode ser chamado a realizar trabalhos muito variados
tais como capas de discos, vídeos, DVD's ou, até, das mais variadas revistas.
Deve, para isso, impregnar o cartão com tinta acrílica branca antes de começar
a desenhar pois o cartão absorve muito rapidamente o óleo e torna-se difícil
pintar.
Na verdade esse não é trabalho que nos compita, mas sim, do impressor. Nós
limitamo-nos somente a aplicar sobre a capa já pintada um papel transparente
com uma dobra, que é colada no verso da ilustração; sobre esse papel que
cobre assim a figura pintada escrevemos a lápis de cor o título no sítio preciso
onde ele deva figurar e para o qual, como disse anteriormente, foi deixado um
espaço livre de desenho. Há casos em que um título pode ser pintado por nós
mas isso somente quando queremos um tipo de letra por nós inventado, que
não exista para impressão, como na Figura 84 pintada por Victor Mesquita.
E estamos a chegar ao fim desta aventura, vou ainda deixar alguns conselhos
de interesse para o guionista, será a última lição de guião desta viagem
alucinante, espero que tenha aprendido algo, se assim é fico imensamente
feliz.
Guião
Lição 6
Temas de Interesse Para o Guionista
Para poder escrever um bom guião o guionista tem de estar preparado. Esta
preparação consegue-se ao longo de anos de intenso trabalho de estudo e
pesquisa. No fundo é um trabalho que pode divertir mas, seja como for, é um
trabalho que deve ser feito sempre com a finalidade da busca e do estudo.
Ao ver um filme não devemos somente viver a sua história para a poder
entender, devemos, sim, ver como essa história foi escrita, as situações, as
três partes fundamentais do guião que lhe falei anteriormente, os planos, as
frases etc.
Nos filmes, por exemplo, pode aprender que o drama, a parte escaldante, o
“desenvolvimento” do argumento se inicia um pouco antes do meio da história
sendo o princípio dedicado inteiramente a apresentar personagens e situações
aparentemente sem interesse mas que terão o seu papel fundamental do meio
do filme em diante, não apenas inicie o drama no qual o guião criou as suas
bases. Veja nas aventuras de 007 ou Indiana Jones aquilo que acabo de dizer:
um início calmo que aumenta de intensidade à medida que o guião vai
desenrolando.
Nada deve ser copiado de um filme ou romance, velam por eles os direitos de
autor, o famoso © Copyrigth.
Exactamente! Com isto digo tudo. Estamos no fim deste tratado e penso que
nada mais há a dizer, só espero que tenha aprendido o bastante para encarar a
Banda Desenhada ou como se chama por esse mundo fora: the Comic, i
Fumetti, a Manga, los Tebeos, las Historietas, os quadrinhos ou les Bandes
Dessinés... Enfim, a 9ª arte, uma arte jovem, embora velha quanto o homem,
que ainda está em desenvolvimento.
Agradeço ter chegado comigo a esta meta, agora só nos resta lutar, lutar, lutar
para que a BD no nosso país alcance os níveis e as metas que conseguiu na
América ou nos países europeus.
Chegou a hora de deixar o passado para trás e olhar o futuro, que não está
muito nítido; comemorar o passado não melhora o amanhã e é hora de que
todos, até mesmo os governantes deste país, se mentalizem de que no futuro
está o nosso futuro.
Uma pintora portuguesa disse um dia: “Um artista vem ao mundo para deixar
uma mensagem do seu tempo às gerações futuras”.
Vamos pois lutar por isso. Os países fazem-se com homens, e estes, com os
livros numa simbiose perfeita. Seguiremos, pois, o exemplo dos desenhadores
italianos, franceses, americanos, fazendo histórias de ficção relativas à
humanidade e que possam interessar outras culturas, só assim poderemos
glorificar o nosso bom nome além fronteiras.
Amigo, amiga, colega, até lá passe muito bem e... Bom trabalho.