Вы находитесь на странице: 1из 10
FABIO KONDER COMPARATO. ASPECTOS JURIDICOS DA MACRO- EMPRESA DEDALUS - Acervo - FD HROEAUENIT | 20400060051 EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS LTDA. | 586 eh * DIR. COMERCIAL, rE piBLIo Cath WALD. FERREIRA ‘a pratica dos atos relativos ao registro de agées e obrigagées nominativas, ou nominativas endossiveis” (art. 20):5 A Resolugdo n. 88, de 30.1.1968, do Banco Central, fixou as condiges para o registro de pessoas juridicas previsto no art. 19, n. II da Lei de Mercado de Capitais. Mas a necessidade désse registro até hoje ndo parece ser muito conhecida das Bélsas de Valéres do pais. J4 no que tange disciplina especi- fica das sociedades assim registradas, e objeto do art. 20 da lei que se acaba de transcrever, 0 Conselho Monetério preferiu se abster, por enquanto, de usar dos podéres que Ihe foram conferidos. A experiéncia de um estatuto miiltiplo para a sociedade” anénima esta, assim, ligada ao fendmeno de difusto de participagées acionarias no grande piiblico. © legislador entendeu, e com razio, que a companhia que faz apélo 4 poupanga dos investidores particulares deve ter um tratamento diverso da sociedade anénima que, muito embora dotada de importante capital e empregando grande mimero de assalariados, mantém a totalidade de suas ages con- centradas em poucas mios. ‘De um lado temos, por- tanto, companhias em que boa parte, sendo a maioria dos acionistas, tende a se desinteressar dos negécios sociais e que, de qualquer maneira, nfo tem a menor ambigao (nem a capacidade) para dirigir a emprésa. De outro, encontramos sociedades em que a. distingéo entre empresarios e capitalistas ndo se estabeleceu: so as companhias “proprietirias”, como se diz no direito australiano. 5S. As disposigtes legais apresentam acentuado sabor de tragucfo smal assimilada da lingua inglésa, 6 A. distinggo_entre a companhia “aberta” e a companhia “fechada” vai se fixando, assim, em fun- co de um critério estrutural extremamente impor- fante, mas cuja formulago delicada ndo deixa de suscitar dividas e discusses: a existéncia ou nao de uma separagio, no seio da companhia, entre “proprie- dade” e “contréle”, ou, em outros térmos, entre administrago empresarial e- participagdo capitalis- tica. ¢ “Propriedade” e “contréle” na grande sociedade ané- ima 28. A tese brilhantemente defendida por AnourHt Berte Jr. e Garpiner Means, nos Estados ‘Unidos, no inicio da década de 30,” foi a da tendéncia marcante, nas grandes companhias americanas, para se atribuir um poder soberano de gestio aos admi- radores, ainda que sustentados tao-sé por uma minoria aciondria. Enquanto os primeiros passavam a exercer 0 efetivo contréle da emprésa, os acionistas, embora proprietdrios, se resignavam a ocupar a posi- do de meros prestadores de capital. 6. Um outro Angulo de apresentacéo da mesma tese é aquéle dos autores que sustentam a existéncia de uma separagio entre a diresio © 0 isco na macro-emprésa organizada sob a forma de sociedade andnima: os acionistas perderam a primeira, mas conservam 0 segundo, justamente por serem “proprictirios” (ef, R. FeaNcescest, Imprese ¢ Imprenditori, 33 ed, Milio, 1964, pigs. 20 a 22, 36, 38 © 39, 42 ¢ 51; Mencont, Recenti Mutamenti nella Strutura ¢ Gerarchia dell Impreso, na “Riva delle Societa”, 1958, pig. 692 ¢ segs.). Quanto 20 tema, fem geral, cf. Ascanmtt, In Tema di Societd e Personal ca, fem “Saggi di Diritto Commerciale”, Milfo, 1955, pig. 137 € segs. 7. The Modern Corporation and Private Property, cit. 6 Pate Os conceitos de “propriedade” e “contréle” nao deixaram de ser severamente criticados em doutrina. * Observou-se que, admitida desde sempre a personali- dade juridica das sociedades anénimas, a propriedade dos bens sociais nunca é dos sécios mas da propria sociedade; os sécios apenas adquirem a propriedade do titulo acionario, incorporando seus direitos na companhia, direitos ésses cujo contetido esti muito longe de ser o do jus in re. Lembrou-se ainda que, seja qual for o poder dos administradores, éles o receberam originalmente da assembléia geral de acio- nistas, perante a qual continuam a prestar contas de sua gest4o, podendo ser destituidos a qualquer tempo. Tudo isto é verdadeiro na lei, mas falso na pritica, come se procurou mostrar nas paginas pre- cedentes. A discusso se estabelece, na verdade, em planos totalmente diversos, sem que os antagonistas empreguem a mesma linguagem. Convém salientar, alids, a ocorréncia de um certo equivoco na transposicio terminolégica do di- reito anglo-saxénico para os demais direitos ociden- tais, E sabido, assim, que a nogio de property nao se identifica com a nossa propriedade, aproximando-se mais da idéia de bens, corporais ou incorporais, susce- tiveis de apropriacdo ow titularidade.® Dai a razio, aparentemente paradoxal, de existir uma personal 8. Cl. sobretado Rireer, op. cit, pigs. 282 ¢ 283, e Gutoo Ross, Persona Giritica, Propreta ¢ Rischio d'mpresa, Milfo, 1967, pein. 9. Ch. R. Davie, Le Droit Anglais, Paris, 1965 (PUF, colegio Que sais jeP, n, 1.162) pig. 100 e sega; F. H. Lawson, Pour ane Etude Comparative de lo Propriié, na “Revue Internationale de Droit Compare", 1967, pig. 419 ¢ segs.; idem, Introduction to the Low of Property, Oxford, 1958; Hourern, Fundamental Legal Conceptions, New Haven e Londres, 1964, pig. 28 70 property ao lado de uma real property. A semelhanca do direito romano classico, a Common Law funda a nogdo de propriedade sdbre as coisas em si, e néo sdbre a idéia de direito subjetivo, tal como a elaborou o jusnaturalismo. Quanto ao térmo “contréle”, éle se origina do francés, surgindo em 1367, sob a grafia contrerole, para indicar um rélo, ou registro, que setvia para a verificagao de outro registro." A acepcéo primitiva do vocdbulo era, portanto, de fiscalizagao, e & éste ‘0 seu sentido primeiro em francés até hoje. Na lingua inglésa, porém, o térmo assumiu o sentido de govérno, de dominagio, e mesmo de repressio. Por outro lado, o fenémeno de separacdo entre “propriedade” e “contréle”, no seio da sociedade ané- nima, no constitui propriamente uma descoberta de Berte e Means, pois a sua formulacao ja havia sido feita, ha mais de meio século, por um pensador verda- deiramente obcecado pela critica do capitalismo. Com 10. Cf. 0. Buc ¢ W. Warrsunc, Dictionnoire Etymologique de la Langue Francaise, verbite réle. AL, Os consetheiros fiscais de uma sociedade ancnima so cha- rmados contréleurs, no Direito francés, Da mesma forma, os arts. 727 ¢ sequintes do Cédigo suigo das Obrigagées, em sua versio francesa, isciplinam 0 conselho fiscal das companhias como subtitulo de contréle. 12. Houve quem atribuisse a essa equivocidade de sentidos do vocibulo, nas duas linguas, 0 afundamento da esquadra francesa pelas fGrcas britinicas, em Mers-el-Kebir, no dia 3.7.1§0, No tratado de armisticio assinado entre a Franga ea Alemanha figunva a segui cliusula: “o govérno alemfo declara solenemente 20 govéeno francés que no tem a intengio de utilizar durante a guerra, para os seus ‘objetivos préprios, a frota de guerra francesa, estacionada nos portos 0b contréle alemio (sous contréle allemand)”, Os ingléses interpre- taram as palavras finais como significando que as belonaves francesas ‘ermaneceriam sob as ordens do govéeno alemio. a

Вам также может понравиться