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Esta aula tem por objetivo apresentar o quadro geral dos estudos sobre os
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento1. Esperamos que seja possível a você
reconhecer os sintomas gerais dos TID, conhecer o grau de complexidade dos
diferentes transtornos, diferenciando-os mas sem perder de vista o que há de
comum entre eles, o que faz com que eles estejam todos sobre o mesmo “guarda-
chuva”, ou melhor, o que os agrupam sob a categoria de TID.
Segundo Braga e Ávila (2004) as desordens que compõem esse grupo são: o
transtorno autístico, o transtorno ou síndrome de Asperger, a síndrome de Rett, o
transtorno desintegrativo infantil e transtornos invasivos do desenvolvimento não
especificados de outra forma. Alguns autores discutem as diferentes formas de
classificação que a literatura apresenta, mostrando como esse quadro de estudos
vem sofrendo modificações nos últimos anos, e apontam para um avanço na
compreensão dessas desordens a partir da formulação de novos modelos
explicativos, apoiados principalmente pelo avanço da neurociência. (Klin &
Mercadante, 2006; Sacks, 2006; Mercadante, Van der Gaag & Schwartzman,
2006; Rodriguez, 2006)
As autoras lembram que se deve cuidar para que não haja confusão entre os
termos ‘autismo’ e ‘TID’, uma vez que na literatura de divulgação sobre os
transtornos, isto é, na literatura não-científica, certa falta de clareza no uso dessas
diferentes terminologias pode ser observada.
Assim, Valente e Valério (2004) esclarecem que o termo TID se refere a todo o
espectro e não significa autismo leve ou descarta o autismo (o termo autismo se
refere ao ‘autismo clássico’, um dos mais graves transtornos do espectro).
Características principais
A forma como os TIDs vêm sendo encarados mais recentemente, tem sido
substancialmente diferentes que em décadas anteriores. Tanto a literatura médica
como a psicológica ou educacional, vem procurando investigar que habilidades ou
quais as possibilidades de desenvolvimento dessas crianças: o que significam e
como podem ser tratadas as habilidades específicas de indivíduos (crianças ou
adultos) com síndrome de Asperger, por exemplo?
É importante não perdermos de vista que as crianças com TID, tanto quanto as
crianças com desenvolvimento típico, são muito diferentes entre si. Cada uma
deve ser vista individualmente, como alguém que tem necessidades e
possibilidades específicas. Olhar para essas possibilidades individuais e trabalhar
a partir delas, e não a partir das dificuldades, é essencial para que as crianças se
constituam como pessoas e tenham condições de se desenvolverem.
1
Passaremos, a partir de agora, a usar a sigla TID em substituição à
expressão ‘transtorno invasivo do desenvolvimento’ para simplificação do texto. Há
outras duas traduções para o português do termo ‘Pervasive Developmental
Disorder’, são elas: ‘transtorno global do desenvolvimento’ ou ‘transtorno
abrangente do desenvolvimento’. Escolhemos usar a palavra ‘invasivo’ por ter sido
utilizada pela editora Artmed na tradução dos manuais CID-10 e DSM-IV, que
conheceremos mais tarde.
4
Comentário feito em comunicação oral, publicado posteriormente nas Sessões de
Casos Clínicos da Revista eletrônica Casos Clin Psiquiatria [online]. A referência
completa (Almeida, Silva, Lauar, Carvalho, Pimentel & Assumpção, 2003) pode ser
encontrada ao término do texto.
O termo autistic, foi utilizado pelos dois autores para a caracterização da natureza
do quadro que descreviam, pois fora apresentado primeiramente em 1911 por
Ernst Bleuler, psiquiatra que o utilizou se referindo ao isolamento social encontrado
em adultos esquizofrênicos. Gadia, Tuchman e Rotta (2004) afirmam que Bleuler,
ao utilizar o termo autismo, fazia-o para designar a perda do contacto com a
realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de
comunicação.
Para compreender melhor a escolha do termo por Bleuler, cabe recorrer à
etimologia, que nos permite observar a adequação da palavra empregada:
Ainda sobre as conclusões de Kanner, cabe destacar que ele apontou que os
casos de autismo estavam ligados a um perfil específico de famílias: pais
altamente intelectualizados, emocionalmente frios e que dedicavam pouca atenção
às relações interpessoais da criança. Porém, com o tempo, essas conclusões
demonstraram-se infundadas, uma vez que, com a evolução das pesquisas,
constatou-se que o autismo não é um transtorno do contato afetivo e, sim, um
transtorno do desenvolvimento2 .
Sacks (2006) aponta que os indivíduos observados por Asperger e Kanner eram
muito distintos. Segundo Sacks,
O texto que a APA apresenta (DSM IV) traz, além de uma caracterização,
uma descrição detalhada com ênfase nos critérios diagnósticos que
preferimos reservar para discussão na próxima aula;
Antes de nos concentrarmos nos dois transtornos aos quais a próxima unidade
está destinada, propomos a observação da caracterização que a APA, através da
DSM.IV, apresenta para os TIDs em geral:
Fonte: http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=112acessado em
08/06/2008.
1
Grifos nossos.
2
As observações de Kanner sobre uma possível ligação entre o perfil das famílias
(principalmente o perfil afetivo das mães) e a presença do autismo geraram muitas
polêmicas.
Mais tarde, retomaremos esse tema.
• Interações sociais
Uma falta de reciprocidade social ou emocional pode estar presente: não haver
participação ativa da criança, não participar em jogos ou brincadeiras sociais
simples; haver preferência por atividades solitárias ou que envolvam os outros em
atividades apenas como instrumentos ou auxílios “mecânicos” (Critério A1d).
Freqüentemente, a conscientização da existência dos outros pelo indivíduo
encontra-se bastante prejudicada. Os indivíduos com este transtorno podem
ignorar as outras crianças (incluindo os irmãos), podem não ter ideia das
necessidades dos outros, ou não perceber o sofrimento de outra pessoa.
• Comunicação
• Comportamento
O Critério C do DSM.IV refere-se aos poucos casos nos quais os pais relatam
uma regressão no desenvolvimento da linguagem, geralmente manifestada pela
cessação da fala após a criança ter adquirido de 5 a 10 palavras. Por definição, se
houver um período de desenvolvimento normal, ele não pode estender-se além
dos 3 anos de idade. A perturbação não deve ser melhor explicada pelo
Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo da Infância (Critério C).
Características e associações
____
1
Adaptado de Gadia, Tuchman e Rotta, 2004.
Curso do desenvolvimento
O que é Asperger?
https://www.youtube.com/watch?v=-TrUUz4INH8
o respeito pelas diferenças das pessoas autistas, qualquer que seja o nível
de severidade do autismo;
respeito pelos pais e pelas associações de pais que atuam no projeto como
“co-terapeutas”;
Paul Trehin, no
endereço: http://www.ama.org.br/preview/html/apre_arti.php?cod=11. Lá você
pode encontrar o texto de 27/05/2008 intitulado
Outra forma de trabalho que tem sido utilizada é a aplicação do PECS (Siste-ma
de Comunicação por Figuras). Composto de desenho de linhas simples, incluindo
também alfabeto e números (no início), os PECS são importantes, pois estão fixos
no espaço e no tempo e podem representar muitos tipos de materiais impressos,
concretos e fotografias; facilitam a compreensão das ordens, servem como apoio
às escolhas, esclarecem informações e diminuem a dependência. Os seus
símbolos pictóricos são: cartões de comunicação, categorias (sociais, pessoas,
verbos...). Veja um modelo dos cartões abaixo.
Pedro Strecht (2003) aponta que é impossível não recordar a melhor máxima na
resposta terapêutica para crianças autistas, que é a necessidade de intervenção,
quase sempre multidisciplinar e essencialmente de longa duração.
Quanto mais cedo e melhor se começar a intervir, tanto mais benéfico para a
criança. Intervir quer sempre dizer estimular, quer isso diga respeito à interação
familiar, ao jogo ou à escola, por exemplo. É da precocidade e da qualidade dessa
intervenção que vai, seguramente, depender a evolução posterior.
Apesar das diferenças, também é importante que qualquer trabalho se inicie pela
avaliação das condições das crianças (capacidade de cognição, memória,
atenção, planejamento, execução etc,). A meta é descobrir suas dificuldades na
escola, no mundo social e na comunicação, assim como as dificuldades familiares
para lidar com a situação.
O objetivo do trabalho deve ser possibilitar que a criança aprenda a:
melhorar sua compreensão sobre o outro, percebendo que este outro pode
ter intenções diferentes das suas e que é necessário saber quais são essas
intenções;
descobrir como fazer para saber quais são as intenções alheias, como
fazendo perguntas, por exemplo;
promover uma crítica de seu desempenho para manter sua estima elevada;
generalizar o conhecimento.
Para estimulá-lo nesta busca, deixamos um link escolhido sob medida para que
você possa iniciar sua exploração das possibilidades de trabalho com essas
crianças. Vá até o endereço abaixo e boa leitura!
http://www.apsa.org.pt/backoffice/PresentationLayer/ResourcesUser//Documentos/
Ensinando_o_Estudante_SA.pdf
Para concluir nossa aula sobre formas de “tratamento” das crianças com
transtorno autista ou síndrome de Asperger é importante que algumas
considerações sejam feitas. Devemos lembrar que ainda não há nenhuma
medicação que comprovadamente trate o autismo ou a síndrome. Algumas vezes
recorre-se à medicação para que seja possível combater efeitos específicos como
a agressividade ou os comportamentos repetitivos. Assim, não há um tratamento
para o quadro autístico, o que é possível e desejável é um trabalho para o
desenvolvimento de uma vida tão independente quanto possível. Para isso, a
técnica mais utilizada tem sido a comportamental em combinação com programas
de orientação aos pais.
SUGESTÃO DE LEITURA
Autor: Ann Brendel Geraldine Dawson, Ph.D. Diretora científica, Autism Speaks
Professora pesquisadora, University of North Carolina, Chapel Hill
Nesta aula, não apresentaremos a você uma síntese do conteúdo desses sites,
pois perderíamos a riqueza dos detalhes e imagens que auxiliam na compreensão
dos relatos que são apresentados. O que proporemos é um exercício: segue uma
lista de sites para que você navegue e busque, direto na fonte, informações que
possam enriquecer e complementar as discussões que temos realizado até agora.
• http://www.autismo.com.br
• http://www.autismo-br.com.br/home/dep-cad.cgi
• http://www.autistas.org
• http://www.autismo.org.br
O “Arte Autismo” é um site criado pela mão do Filipe (autista que hoje já é adulto).
No site, você encontra as belíssimas telas pintadas pelo Filipe e a história da luta
de sua mãe. Recomendamos que você entre no Blog, onde é possível encontrar
vários depoimentos de famílias de outras crianças autistas.
• http://www.ama.org.br/html/home.php
Um dos sites mais completos sobre o autismo, que inclui discussões sobre a
síndrome de Asperger separadamente, o ama.org vale a pena ser visitado. No site
você pode encontrar algumas das descrições feitas pelo Dr. Kanner, orientações
em relação ao TEACCH, PECS e ABA(programas para apoio no trabalho com
autistas), vídeos da Turma da Mônica apresentando um personagem autista e
vários links.
• http://www.comvida.org.br/
Este site oferece gratuitamente um Guia de Ajuda para Pais de Crianças com
Deficiência Mental e Transtornos Abrangentes do Desenvolvimento.
• http://www.apsa.org.pt
Esta aula não tem como proposta apresentar esses estudos. Eles são diversos e
teríamos que estabelecer um critério de escolha do qual você não poderia
participar. Nossa proposta, ao contrário, é criar condições para que você possa
escolher os casos que julgar mais interessante, e conhecê-los com o detalhamento
que é inerente a cada caso.
A cada título sugerido, será também apresentada uma brevíssima sinopse, para
que seja possível a você fazer as escolhas que melhor lhe aprouver. Esta será
uma “bibliografia comentada”.
Relato da vida de Temple Grandin, que hoje é uma profissional respeitada na área
de equipamentos para gado. Temple foi uma criança com todos os sintomas de um
autista clássico. Ela amava os animais e apresentava grandes habilidades em
matemática, o que a levou a cursar engenheira e biologia em um excelente centro
universitário americano.
O livro retrata uma busca do contato perdido com a realidade ou de uma saída do
mundo do autismo.
• Um Antropólogo em Marte
Uma das histórias é sobre a cientista Temple Grandin, do livro citado acima, que
aprendeu a usar o autismo a seu favor.
• O Homem que fazia Chover e Outras Histórias Inventadas pela Mente Edson
Amâncio, Barcarolla.
Dalva Tabachi. Ed
• Autismo Infantil
Este livro tem um caráter técnico, diferente de todos os anteriores. Destina-se aos
leitores que buscam um maior detalhamento dos aspectos que envolvem o
autismo. Assim, recomendamos o livro do professor Schwartzman aos que
pretendem se aprofundar nos aspectos médicos e científicos da questão.
Gadia, Tuchman e Rotta (2004) apontam que, embora com os critérios do DSM-IV
tenha ficado mais fácil entender cada um dos TID, questões como a de se o
autismo e a síndrome de Asperger representam entidades clínicas distintas, ou se
são variantes de um mesmo distúrbio, e, também, se transtorno desintegrativo é
uma entidade diagnóstica válida, ainda não foram resolvidas.
Fazer prognósticos em relação aos quadros autístico ainda é tarefa muito difícil.
Gadia, Tuchman e Rotta (2004) apresentam vários estudos de diferentes
procedências e realizados em diferentes datas, mas com resultados semelhantes:
a conclusão desses estudos era de que o prognóstico de autismo é variável, com
uma tendência, em geral, para um prognóstico pobre, com 66% dos indivíduos
tendo deficiências severas, com nenhum progresso social ou sendo incapazes de
levar qualquer tipo de vida independente.
Estudos que têm acompanhado crianças autistas até a idade adulta revelaram que
há uma estreita ligação entre o prognóstico e o nível de habilidades de cada
criança, medido por meio de testes cognitivos e de linguagem.
Para dirigir nosso olhar, organizamos os dados do parágrafo anterior numa tabela,
com os valores estimados na margem superior de cada faixa, isto é, consideramos
as seguintes porcentagens:
Apesar deste quadro nada otimista, salientamos que na época em que essas
pesquisas foram realizadas, ainda não havia a tentativa de um trabalho efetivo
com essas crianças. Nossa expectativa é a de que, para as crianças de hoje, o
prognóstico para a fase adulta possa se diferenciar.
Encerraremos esta aula com a reflexão proposta por Pedro Strecht, realizada em
Comunicação Oral no 7º Congresso Internacional Autisme-Europe, em Portugal
(27 de Novembro de 2003), sobre a evolução das crianças autistas:
A primeira criança que conheci e acompanhei com uma perturbação deste tipo era
uma menina de quase quatro anos. Lembro-me que um dia lhe chamei a “menina-
concha” para designar o estado de isolamento e corte relacional em que vivia.
Vivia, como muitos outros, no fundo de um mar, num mundo silencioso, escuro,
onde era difícil chegar e, mesmo que fosse, era difícil entender. Tempos depois,
quando algumas, pequenas diferenças se notaram, sentimos que tinha arriscado
abrir a concha e que eventualmente era possível entrar. Com cautela, suavemente,
pois estas conchas fecham-se tão depressa quanto se abrem, mas, pela primeira
vez, sim, era possível. A esperança que este encontro deveria encerrar era esta:
que se pudesse cada vez mais “sair da concha”, e dar a estes problemas o olhar
que tanto merecem.”
1
Etiologia (ethos + logos) é o estudo das causas. Uma espécie de ciência das
causas. Não há que se falar em Etiologia como termo restritivo de uma ciência
isoladamente. A biologia, a criminologia, a psicologia, todas essas ciências
possuem em seu campo de atuação a presença de conhecimento etiológico,
visando a busca das causas que deram origem ao seu objeto de estudo. O
conceito abrange toda a pesquisa que busca as causas de determinado objeto ou
conhecimento.
A primeira, mais atual, diz respeito a uma intensa discussão sobre um possível
efeito de substâncias químicas no quadro autístico em duas situações: a vacina
MMR e o Vale do Silício nos EUA. Esta aula é dedicada a essa discussão.
Boa leitura!
Época – A vacina tríplice viral dada aos bebês aos 15 meses pode provocar
autismo?
Christopher Gillberg – Vários estudos demonstram que essa relação não existe.
Mas nos últimos seis anos o tema foi um dos principais assuntos da imprensa
britânica. Quase toda semana há pelo menos uma manchete falando em epidemia
de autismo e culpando a vacina. A imprensa ajudou a criar o pânico, que está
derrubando os índices de imunização no Reino Unido (de 92% em 1996 para 82%
em 2003). É uma irresponsabilidade.
Época – O artigo científico que deu origem a essa polêmica foi renegadopelos
próprios autores?
Gillberg – Acredito que não. Estima-se que 0,2% da população seja acometida
pelo autismo típico e que 0,8% apresente sinais mais brandos do distúrbio. Isso
significa que 1% das pessoas desenvolve alguma forma de autismo. Os estudos
demonstram que esse índice é muito similar ao verificado nos anos 70. As pessoas
passaram a prestar mais atenção ao assunto e novos critérios aumentaram o
número de diagnósticos corretos.
Época – Não está despontando, portanto, uma epidemia de autismo?
Época – O milionário Bill Gates (dono da Microsoft) pode ser considerado autista?
Gillberg – Não posso afirmar isso porque nunca o encontrei pessoalmente. Até
onde sei, nunca recebeu diagnóstico. Mas muita gente séria enxerga nele sinais da
síndrome de Asperger, forma mais branda de autismo. Em geral, os portadores
são muito formais, fixados em alguns assuntos, bitolados. Há pessoas brilhantes
que apresentam os sintomas. O cientista Albert Einstein, por exemplo. Baseado
nas biografias que descrevem o comportamento dele, acredito que tinha Asperger.
Mas fatores genéticos determinam a maioria dos casos. Um dos pais carrega dois
genes envolvidos numa maior susceptibilidade ao distúrbio. O outro cônjuge
carrega outros três. O autismo pode ser fruto da combinação infeliz desses genes.
Gillberg – Não existe um remédio que seja útil para todos os pacientes. Muitas
vezes o melhor a fazer é evitar a medicação. Mas escolas especializadas, como a
Associação de Amigos do Autista (AMA), oferecem educação personalizada e
intervenções interessantes na forma de comunicação. Infelizmente, os
governantes ainda não perceberam que o autismo é um grande problema. No
Brasil, não há serviços públicos que identifiquem o autista e ofereçam o tipo de
educação mais adequada.
Christopher Gillberg
SUGESTÃO DE LEITURA
Assim, para encerrar esta unidade, escolhemos saber o que é autismo através do
depoimento de um autista!
O que pensa uma pessoa autista, como reage ao mundo e o que espera das
reações alheias em relação ao seu comportamento é sempre uma pergunta que
devemos nos fazer. Este simples e brevíssimo relato mostra aspectos que poucas
pesquisas conseguem revelar!
Quando eu era criança (com cerca de quatro anos de idade), eu não percebia
nenhum outro ser humano além da minha mãe. Eu não brincava com as outras
crianças nem parecia desejar tal coisa. Eu não possuía uma teoria da mente, nem
qualquer outro tipo de teoria naquela época, e não pensava que existisse alguém
além da minha mãe. Minha mãe era um objeto que me dava o que eu queria. Ela
não era um ser humano com quem eu pudesse me relacionar.
Eu fazia também algo que mostra minha total falta de percepção das pessoas e de
como elas sentem. Eu era um “corredor”. Um corredor é uma criança que você não
consegue alcançar. Ninguém consegue ser suficientemente rápido para alcançá-la
quando ela decola. Não adiantava minha mãe trancar as portas. Se ela “vacilasse”
eu encontrava um jeito de escapar. Eu era este tipo de corredor. Eu corria para um
bar, alguns quarteirões acima , onde havia mesas de bilhar e luzes coloridas
diferentes . Eu me fixava nas bolas da mesa e nas luzes. Eu também corria para o
meu parque predileto para balançar nos balanços e escorregar nos
escorregadores. Havia dois parques próximos aonde nós vivíamos, mas este era o
que eu gostava. A terceira coisa que eu gostava de fazer era correr para a
universidade de Minnesota em Minneapolis e andar nos elevadores para cima e
para baixo. Mamãe ficava preocupada e apavorada que eu me perdesse ou
machucasse. Ela e os amigos (ou a polícia) me encontravam. Eu voltava como se
nada tivesse acontecido. Não percebia o medo que minha mãe sentia ou a sua
tristeza.
Outra área que evidencia a minha cegueira mental, é que eu não fazia ideia do que
era propriedade. Eu não sabia que havia um “eu” ou “meu”, então eu não me dava
conta que havia coisas que eram minhas. Eu ganhava presentes no Natal e não
fazia nada com eles. Minhas irmãs pegavam, brincavam, guardavam para elas,
mas eu não tinha ideia do que fosse meu ou de outra pessoa. Nos restaurantes, se
tivesse vontade, eu pegava as batatas fritas do prato de uma pessoa estranha. Eu
não sabia que não podia fazer isto. Eu queria batata frita, então eu pegava. Isto
não é aceito socialmente, mas eu não pensava nessas coisas naquela época.
A Teoria da Mente está muito presente na minha vida. Entretanto, cada pessoa
tem um tipo diferente de teoria da mente. Eu tenho minha própria teoria, que é
diferente das pessoas que não tem autismo. Comunicação é uma via de duas
mãos, e é necessário duas pessoas para haver um diálogo. É preciso também que
haja duas pessoas para estragar uma conversa. Nem todos os problemas que
acontecem numa conversa são causados por pessoas com autismo. As pessoas
sem autismo têm muito que aprender sobre a arte do diálogo com as pessoas que
não conversam de outra maneira, seja de forma verbal, não verbal ou língua de
sinais. Podemos pensar na ideia de teoria da mente como uma “teoria das
pessoas sem autismo”. As pessoas com autismo não pensam em formular uma
teoria sobre a nossa maneira de pensar. Eu sei como eu penso e sei que é
diferente de como as outras pessoas pensam. No entanto eu não teorizo sobre as
diferenças entre a minha maneira de pensar e a maneira de pensar de uma
pessoa sem autismo. Uma pessoa com autismo não faria isso. Não que não
sejamos capazes, mas isso não é o que fariam as pessoas com autismo que eu
conheço.
A Teoria da Mente tem o seu valor e observa aspectos interessantes, mas precisa
ser enriquecida pelas próprias pessoas com autismo, com a nossa maneira de
pensar, nossas experiências, nosso modo de vida. O modo de pensar das pessoas
com autismo é tão válido quanto o modo das pessoas que não tem autismo. São
duas opiniões válidas.
Para terminar, a Teoria da Mente é uma teoria válida e eu posso ver seu valor na
minha vida. Muitos fatos da minha vida demonstram a falta de percepção das
outras pessoas... Há sempre duas maneiras de se ver as coisas: a maneira
não autista e a autista. Eu quero que você pense sobre a segunda.
Última atualização: quinta, 28 Mar 2019, 15:35
Sobre o Transtorno Autista e os critérios de identificação com relação ao quesito
comunicação, podemos apontar como correta a alternativa:
Escolha uma:
Feedback
Sua resposta está incorreta.
A resposta correta é: Observa-se o uso estereotipado e repetitivo da linguagem:
como repetição de palavras ou frases, independentemente do significado e
repetição de comerciais ou jingles..
Questão 2
Não respondido
Marcar questão
Texto da questão
O autismo considerado atípico se diferencia dos demais diagnósticos porque surge
a partir da idade de :
Escolha uma:
a. um ano
b. três anos.
c. um ano e meio
d. dois anos
Feedback
Sua resposta está incorreta.
A resposta correta é: três anos..
a. A escola que seu filho frequentar deve ser especializada, pois, a escola regular
não irá atender às necessidades de seu filho.
Feedback
Sua resposta está correta.
A resposta correta é: Seu filho, do ponto de vista psiquiátrico, poderá apresentar
depressão, quadros obsessivos e quadros psicóticos em alguma fase da vida..
Questão 2
Correto
Marcar questão
Texto da questão
No que se constitui o TID? Escolha apenas UMA alternativa correta.
Escolha uma:
a. TID é uma patologia que se constitui com sintomas aversivos por parte da
paciente.
b. TID se constitui de um conjuntos de desordens fisiológicas que afeta
principalmente as habilidades de afeto dos indivíduos.
Feedback
Sua resposta está correta.
A resposta correta é: TID se constitui de um conjunto de desordens que se
revelam no curso do desenvolvimento e afetam as habilidades de cognição social,
de comunicação e o comportamento..
Com incidência de um caso para cada 10.000 a 15.000 nascimentos com vida, até
bem pouco tempo, acreditava-se que a SR afetava apenas crianças do sexo
feminino, sendo uma das causas mais frequentes de deficiência mental severa
dessas meninas. Hoje, é possível encontrar registros de SR em meninos, apesar
de serem muito raras as ocorrências. Habitualmente, encontra-se na literatura a
afirmação de que as crianças com SR apresentam nascimento e desenvolvimento,
dos 6 aos 18 meses, aparentemente normais. A partir de então, começariam a
surgir as primeiras demonstrações dos sinais clínicos da condição, que evolui em
quatro estágios progressivos, mas não degenerativos. Assim, apresentam-se
progressivamente comprometimentos das funções motoras, intelectual e distúrbios
de comportamento.
A SR foi descrita pela primeira vez em 1966 por Andreas Rett, que relatou uma
condição caracterizada pela deterioração neuromotora em meninas, com quadro
clínico bastante singular, acompanhado por hiperamonemia, tendo-o descrito como
uma “Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia”. Dito de outra forma, o que
Rett observou nas 22 meninas que estudou foi uma desordem neurológica
progressiva, com atraso do desenvolvimento psicomotor (DPM), ataxia,
estereotipias das mãos e convulsões. Segundo Schwartzman (2003), essa
caracterização se tornou melhor conhecida com a publicação do trabalho de
Hagberg, Aicardi, Dias e Ramos (1983). Trata-se de um estudo que descreve 35
meninas, e a partir do qual foi sugerido o epônimo. A presença da hiperamonemia
não foi confirmada como um sinal habitual da síndrome.
Na literatura científica, há uma clara preocupação com a descrição das etapas que
caracterizam a SR, uma vez que conhecê-las implica na possibilidade de
realização de diagnósticos precoces e consequente aumento de sucesso no
tratamento. Outras preocupações dignas de nota são: o conhecimento dos fatores
que alteram a sobrevida dos portadores; a dificuldade no diagnóstico inicial e,
principalmente, a etiologia da SR.
Em linhas muito gerais, a tabela 7 apresenta as principais etapas que podem ser
observadas na caracterização da SR, segundo Mercadante, Van der Gaag e
Schwartzman (2006).
Caracterização da CID-10
Caracterização da SR: comentários e complementações
Cabe ressaltar que essas caracterizações estão sob o “guarda-chuva” dos TIDs,
conforme já apontado quando caracterizamos o transtorno autístico e a síndrome
de Asperger. Outro aspecto que gostaríamos de salientar é que a CID-10, em sua
caracterização, considera apenas meninas como possíveis portadoras.
Lembramos que a CID-10 foi aprovada em 1989, quando os estudos ainda eram
poucos e todos os casos que retratavam eram do sexo feminino. Atualmente,
apesar de haver meninos diagnosticados como portadores da SR, ainda são casos
muito raros em comparação ao número de meninas. Apesar de não serem muito
detalhados pelo CID-10, Schwartzman (2003) aponta para a necessidade de se
observar com cuidado os aspectos.
• Fala
Crises epilépticas
Hagberg, Berg e Sttenferbug (2001) afirmam que nas séries por eles
acompanhadas não foi possível comprovar a ocorrência de epilepsia em 94% dos
casos, numa população cuja média de idade era de 20 anos, e variação entre 4 e
58 anos. Crises de perda de fôlego ou outras são diagnosticadas erroneamente
como epilepsia, o que pode contribuir para prevalências superestimadas de
epilepsia nessas crianças.
Seria como estivessem “presos” dentro de um corpo que não responde à própria
vontade. Mas infelizmente, não existe nenhum dado científico que corrobore essa
observação. Em relação à prevalência, os dados são limitados, em sua maior
parte, a séries casuísticas. Aparentemente a SR é muito menos comum do que o
Transtorno Autista. A condição é relatada no sexo feminino na esmagadora
maioria dos casos.
A SR apresenta, portanto, uma série de comprometimentos graves no desenvolvimento das crianças afetadas. A pesquisa
brasileira mostrou que nossas meninas com SR apresentam características similares às apresentadas pelas crianças de outros
lugares. Diferenças em relação à condição, provavelmente se devem a infraestrutura de apoio médico e educacional que os
países oferecem.
a síndrome de Angelman;
o autismo infantil;
Outro aspecto de altíssima incidência que pode ser observado quando as meninas
já estão com um pouco mais de idade é a escoliose. Diferentes estudos apontam
encontraram essa ocorrência com grande frequência. Na amostra brasileira a
escoliose apareceu em 61% dos casos na seguinte distribuição etária:
Esta é nossa última aula dedicada à SR. Você deve ter notado que, até agora, não
indicamos leituras de caráter ilustrativo para olhar a questão com o enfoque do
portador, como fizemos na unidade anterior. No caso da SR, esta é uma tarefa
quase impossível, uma vez que nenhuma dessas crianças preserva suas
habilidades de expressão oral. Contudo, insistimos na importância de olhar uma
situação, seja ela qual for, sob diversos pontos de vista. Neste caso, interessa-nos
mais que a palavra do pesquisador, que estuda e analisa o quadro; do médico que
faz o diagnóstico; do terapeuta (psicólogo ou fisioterapeuta) que acompanha a
criança; e do educador, que tenta, a partir das habilidades que encontra na
criança, alavancar seu desenvolvimento.
Neste caso, interessa-nos também a palavra das famílias, cujo olhar é menos
técnico e, portanto, diferente. Por ser um olhar diferente pode agregar novas
formas de compreender a SR e seus portadores. Assim, encerramos a unidade
dedicada à SR olhando para a síndrome do ponto de vista das mães e da
comunidade. Não estamos, com isso, desprestigiando ou minimizando a
importância da contribuição dos pesquisadores e outros profissionais que realizam
um trabalho técnico ligado à SR, afinal as aulas anteriores se apoiaram nessa
contribuição. Estamos, sim, agregando outro tipo de conhecimento ao nosso curso.
Foi difícil fazer uma escolha e decidir que depoimentos traríamos. Nosso objetivo
era que os textos mostrassem diferentes aspectos: que não fossem repetitivos,
mas realmente informativos. Para isso, escolhemos três critérios que deveriam
retratar: as dificuldades para acolher e cuidar das crianças com SR, mas também o
amor dos pais por elas; caminhos que só a experiência da luta familiar pode
apontar (como, por exemplo, a inclusão dessas crianças); que pelo menos um
caso fosse brasileiro.
Esclarecidos os critérios, passamos a apresentar os textos. Boa leitura!
1) Iniciaremos com a entrevista de Kathy Hunter, mãe de uma portadora, que tem
atuado intensivamente para a melhoria da compreensão da SR e das condições de
vida das portadoras. Esta entrevista foi concedida ao jornal da Associação
Brasileira de Síndrome de Rett em setembro de 2004, e pode ser encontrado no
endereço http://www.abrete.com. br/jornal/jornal_SR.pdf na coluna “Inclusão &
Síndrome de Rett”.
“Todos nós queremos que nossas filhas tenham amigos e sejam aceitas.
Outras crianças e a equipe escolar estão constantemente aprendendo sobre
nossas filhas quando as vêem. Isso faz bem ao meu coração. Acredito que
precisamos ensinar crianças e adultos que todos nós temos sentimentos, e
que, apesar de todos nós sermos muito diferentes uns dos outros, todos nós
somos a mesma coisa!”
Um número que cresce rapidamente de meninas com síndrome da Rett (SR) tem
frequentado classes do ensino regular nas escolas vizinhas de seus lares(*), desde
a pré-escola até o ensino médio. Esta tendência tem se mostrado bastante positiva
devido à interação bem sucedida entre pais-professores e ao suporte adequado da
equipe escolar.
Na inclusão, todos são convidados e todos são incluídos. Algumas meninas com
as mais sérias deficiências têm sido incluídas com sucesso em programas
regulares.
Estar incluída com pares não deficientes certamente aumentará a sua motivação.
Alguns pais têm relatado que suas filhas são capazes de atingir um tempo de
atenção maior e de desenvolver a habilidade de sentar-se e concentrar-se por
períodos mais longos, além de diminuir os comportamentos negativos.
Como a própria palavra diz, inclusão significa estar disponível para todos. No
entanto, algumas áreas não oferecem programas inclusivos, e alguns pais não
optam por ambientes inclusivos, preferindo um local mais especializado para suas
filhas. Na verdade, nenhuma situação é igualmente adequada para todo o mundo.
Cada família deve decidir o que é melhor para a sua filha. Além disso, a verdadeira
inclusão requer enorme comprometimento, trabalho de equipe e senso de
cooperação. A inclusão mal feita é muito pior do que nenhuma inclusão!
A maior parte das crianças não percebe o estigma social que geralmente está
associado às crianças com deficiências. Uma vez que a situação seja claramente
explicada, eles tratam uns aos outros simplesmente como crianças. Todavia, a
chave para o sucesso de uma sala de aula in-clusiva é e sempre será a reparação:
de todos os professores, de todos os alunos e de todos os pais.
Hunter, Kathy. Education and learning. In: The Rett syndrome handbook. Clinton,
Maryland: IRSA - International Rett Syndrome Association, 1999. p.202-7.
Através de seu amor, nos mantemos trabalhando e lutando por dias melhores...
um dia em que ela não será mais limitada, frustrada... e um dia em que ela não
sofra mais.
(...)
Aprendi muito do que sei sobre a Síndrome de Rett com vocês. É através de suas
experiências que começamos a colocar as coisas juntas e descobrir maneiras
significativas de ajudar nossas filhas. Tem sido sempre assim em todos os locais
que visito.
(...)
Eu vejo a menina com seus olhos curiosos e brilhantes, sua família, seu círculo de
amigos lhe dando carinho e amor. Estou profundamente endividada com todos
vocês por terem compartilhado suas ideias e experiências de vida, que muito
servirão para ajudar ao próximo. Alguns profissionais ressaltaram o profundo
compromisso de famílias com casos de Síndrome de Rett e ficaram a se perguntar
porque esse compromisso é bem maior do que em outras famílias, até mesmo do
que em famílias cujos filhos apresentem desordens fatais.
Nossa jornada com essas meninas é enfeitada por um tesouro sem preço, se
olharmos pelo caminho. Aprendemos muito sobre a Síndrome de Rett nos últimos
15 anos, desde que foi descrita pela primeira vez.
Minha filha Stacie tem hoje 25 anos. Provavelmente hoje está bem melhor do que
antes. Levamos muito tempo para entender seus sinais de comunicação e
responder a seus pedidos de ajuda. Ela se mostra muito paciente conosco.
Finalmente conseguimos descobrir a causa de seu desconforto, e ela se sente
bem na maior parte do tempo. Hoje temos uma casa cheia de luz e felicidade.
Famílias cujas vidas foram surpreendidas pelo diagnóstico da síndrome de Rett
sabem que, a partir desse momento, suas vidas não serão mais as mesmas.
Algumas vezes é mais difícil, outras vezes é mais fácil; mas, incontestavelmente, é
diferente.
(...)
SUGESTÃO DE LEITURA
Acesse: https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/sindrome-de-rett/
Trata-se de um transtorno cuja descrição foi feita por Theodore Heller, muito antes
das descrições de Kanner e Asperger, logo na primeira década do século XX (anos
1900). Por isso, também é chamado de Síndrome de Heller.
Características Diagnósticas
A característica essencial do TDI é uma regressão pronunciada em múltiplas áreas
do funcionamento, após um período de pelo menos dois anos de desenvolvimento
aparentemente normal (Critério A).
Prevalência
Os dados epidemiológicos são limitados, mas o TDI parece ser muito raro e muito
menos comum que o Transtorno Autista. Mercadante, Van de Gaag e
Schwartzman (2006) citam um estudo que revisou 32 pesquisas epidemiológicas
sobre autismo e TDI, que foi mencionado somente em quatro estudos, e afirmam
que a prevalência da estimativa total nesses estudos foi de 1,7 por 100.000
(Intervalo de Confiança 95%: 0,6-3,8 por 100.000).
Curso
O TDI só pode ser diagnosticado se os sintomas forem precedidos por, pelo
menos, dois anos de desenvolvimento normal e o início ocorrer antes dos 10 anos.
Diagnóstico Diferencial
Este transtorno deve ser diferenciado de outros TID. Para o diagnóstico diferencial
com os transtornos já estudados, observe a aula destinada a cada um deles.
O TDI deve ser diferenciado de uma demência com início durante a infância. A
demência ocorre como consequência de efeitos fisiológicos diretos de uma
condição médica geral (como traumatismo craniano), enquanto o TDI tipicamente
ocorre na ausência de uma condição médica geral associada.
Essa revisão esclarece que Heller relatou os casos de 6 crianças jovens que, após
um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros três a quatro anos de
vida, apresentaram uma perda muito grave das habilidades sociais e
comunicativas. Heller denominou a condição “dementia infantilis”. Para
Mercadante, Van de Gaag e Schwartzman (2006), essa definição é insatisfatória
por dois motivos: a condição não é comparável à demência, já que as
características de perda de memória e de habilidades executivas não são
proeminentes, e porque nenhuma causa orgânica da trajetória do prejuízo pode
ser encontrada.
Gilberg aponta que não se pode afirmar que isso é verdadeiro nas pessoas que
recebem esse diagnóstico. O que elas costumam apresentar é uma desordem na
área de comunicação social, mas não são “globalmente transtornadas”, por isso
questiona-se a apropriação do termo.
De certo modo, esses são traços (ser muito rigoroso, muito pedante, muito
perfeccionista) que, algumas vezes, podem ser considerados mais uma vantagem
do que um grande problema.
Como no caso dos TDI, são poucas as informações que a literatura apresenta
sobre os TID-SOE. São casos que, muitas vezes, tem recebido tratamento como
transtorno autístico. Algumas categorias foram propostas para a melhor
compreensão dos TID-SOE, são subcategorias dos TIDs. Os critérios de
categorização dos TID-SOE que podem ser observados na literatura e que
constituem subcategorias dos TIDs se baseiam em descrição clínica ou em outros
critérios.
Nos últimos 20 anos essa categoria que tem sido amplamente reconhecida na
prática clínica, apesar de não ser reconhecida no DSM. As distorções cognitivas
nomeadas na definição podem, examinando-se mais de perto, refletir déficits
comunicativos mais do que características psicóticas em crianças jovens.
O TDMC é altamente persistente. Há estudos que mostram que mais de 60% dos
pacientes apresentam um quadro clínico estável na adolescência, ainda que as
alterações bruscas de humor sejam menos proeminentes e os déficits sociais
fiquem mais em primeiro plano.
Discute-se que o TPM poderia ser uma variante de esquizofrenia com iní-cio muito
precoce e não de TID.
5) Transtornos de vinculação
Esses estudos indicam também que ambos os grupos não admitem facilmente
seus problemas de comunicação. Ainda que a maioria dos trabalhos publicados
tenda a favorecer a visão de que o SSP deve ser considerado como sendo parte
do espectro do autismo, outros consideram que, mesmo que o SSP afete
fundamentalmente indivíduos autistas, menos frequentemente ele também afeta
pessoas com hidrocefalia, com a síndrome de Williams e outras formas de
encefalopatia. Isso leva à discussão sobre a inadequação de utilizar o diagnóstico
de SSP em alguns casos com o propósito único de evitar o de autismo, que é
menos facilmente aceito.
SUGESTÃO DE LEITURA
Autores: Talita de Cassia Batista Pazeto Ana Clara Portela Hara Amanda Faria
Barrozo Juliana de Oliveira Laís Pereira Khoury Dulcinéia Bastos Duarte José
Salomão Schwartzman
Disponível em:
http://www.mackenzie.br/fileadmin/PUBLIC/UP_MACKENZIE/servicos_educacionai
s/stricto_sensu/Disturbios_Desenvolvimento/Cadernos_2013_vol_2/2_Sindrome_d
e_rett.pdf
Referências bibliográficas:
Feedback
Sua resposta está correta.
A resposta correta é: O psicólogo não só estará presente na inclusão para auxiliar
nas crianças diagnosticadas ou encaminhadas para diagnóstico médico como
deverá intervir com educadores para auxiliar na integração do aluno com o grupo,
ajudar o grupo de professores a vencer as resistências e dificuldades enfrentadas
em sala de aula e orientar familiares no sentido de estarem próximos da criança
nesse momento de integração e inclusão..
Questão 2
Correto
Texto da questão
O que é a Síndrome de Rett? Escolha a ÚNICA alternativa correta.
Escolha uma:
a. É uma doença neurológica provocada por uma mutação genética que atinge na
maioria dos casos, crianças do sexo feminino.
Feedback
Sua resposta está correta.
A resposta correta é: É uma doença neurológica provocada por uma mutação
genética que atinge na maioria dos casos, crianças do sexo feminino.
.
Silva Júnior (2012 apud Neto; Soares 2016), destacam o Teste de Coordenação
Motora (Körper koordinations test Für Kinder - KTK), para uso em avaliação para
autistas. Segundo os autores, o teste, apesar de não validado especificamente
para autistas, traz uma boa avaliação motora das crianças com transtorno do
espectro do autismo, medindo aspectos como: equilíbrio, ritmo, força e agilidade
motora.
Outro teste que normalmente avalia crianças com deficiência vem sendo usado em
crianças sem nenhuma deficiência física ou mental, é o KTK. Segundo (Ribeiro
et.al, 2012 apud Neto;Soares,2016), esse teste é capaz de avaliar coordenação
motora global e possíveis deficiências nessa coordenação.
Percebe-se, portanto, que para uma boa avaliação, sejam quais instrumentos vão
ser usados e que tipo de avaliação será feita, é importante um trabalho junto aos
pais e também com outros profissionais. Só uma equipe multidisciplinar e com a
orientação e colaboração da família da criança e/ou adolescente deficiente,
poderemos fazer um trabalho efetivo de inclusão.
Seja qual for a abordagem do psicólogo, sua ação poderá ser efetiva se ele seguir
um caminho de compreensão da criança e do adolescente podendo ver seu estado
emocional além de seu distúrbio, enxergando suas possíveis habilidades, suas
emoções e ajudando os mesmos nas suas relações e expressão no mundo.
Referências bibliográficas:
SOUZA,J.C; Fraga., L.L.; Oliveira, M.R.; Buchara, M.S.; Straliotto, N.C.; Rosário,
S.P.; Rezende,T.M. Atuação do psicólogo frente aos transtornos globais do
desenvolvimento infantil Psicol. cienc. prof. vol. 24 no.2 Brasília June 2004.
http://4.bp.blogspot.com/-0QHPc3-
R_F4/Ud8FQFyxb4I/AAAAAAAALH0/q364s8tVdNQ/s1600/Transtorno+Global+de+Desnvolvimento.jpg
Definição :
São distúrbios nas interações sociais de crianças, em relação ao seu meio familiar
e social, que costumam apresentarem-se nos primeiros cinco anos de vida. Suas
características são padrões de comunicação repetitivos e estereotipados, assim
como estreitamento nos interesses e nas atividades.
ESPECIFICIDADE TGD
Falta de empatia.
2 - Em relação à comunicação:
1. inabilidade na prosódia;
2. fala repetitiva;
-Interesse por números, datas, horários, figuras, fatos, mapas, leitura de palavras,
de forma sistemática/persistente;
É possível olhar para o corpo desta criança como base de contato com a realidade
exterior e com o mundo que o rodeia.
REFERÊNCIAS
Wajntal, M .(org.). Clinica com crianças: enlaces e desenlaces. São Paulo: Casa
do psicólogo, 2012.
- Síndrome do xfrágil;
- Problemas perinatais;
atenção;
funções executivas;
inteligência;
memória;
processamentos sensoriais, habilidades motoras.
Referências
http://rafaelfontenelle.blogspot.com.br/2012/07/transtorno-desafiador-opositor-tdo.html
É um transtorno que vem no DSM-5 como uma doença mental grave e traz os
transtornos disruptivos da infância e adolescência. O diagnóstico é feito pelo
psiquiatra ou neuropediatra.
Segundo o DSM-5, a criança com TOD a partir dos 2 aos 8 anos de idade, a
criança apresenta certos comportamentos como: a agressividade ao que é posto
como limite, um comportamento mais desafiante que causa um certo transtorno no
próprio ambiente, oposição que faz aquilo o que é dito, entre outros. Esses
comportamentos também podem ser confundidos com alguns apresentados em
casos de TDAH, pois se apresentam com algumas características parecidas
como, por exemplo, a impulsividade.
Referências:
Toda semana, todo dia vai bilhete no caderno dele pra mim, por
mau comportamento, que Tiago fez, que Tiago aconteceu…
Ontem mesmo eu falei: Tiago, eu já não aguento mais…
Sinceramente, tem horas que dá vontade de tirar ele do colégio;
que eu tenho mil e um problemas, eu tenho que pensar pra cinco
[referindo-se aos cinco filhos], não é só por ele. (PESCE; ASSIS;
AVANCI; 2008).
Frequentemente nos deparamos com relatos como esse, feitos por professores,
pais e outras pessoas que convivem com os “garotos-problema”, que normalmente
são vistos como causadores do caos e de um incômodo geral. Essas crianças se
comportam de maneira negativa, sempre se opondo às regras, desobedecendo
adultos, causando grande angústia e aflição aos que estão inseridos em seu
cotidiano.
De acordo com Relvas:
• É malvado ou vingativo.
Nota-se que a maior parte dos indivíduos com Transtorno Desafiador de Oposição
são do sexo masculino. Nas meninas, na maior parte das vezes as causas para
esse transtorno são de natureza genética (Camargo, 2008).
REFERÊNCIAS
MATTOS, P., Schmitz, M., Serra-Pinheiro, M. A., & Souza, I. (2004). Transtorno
desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e
ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. São Paulo: Revista
Brasileira de Psiquiatria, 26(4). Recuperado em 3 de maio, 2016
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem: as
múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak
Ed., 2010.
WEBGRAFIA CONSULTADA