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Buridan, Sofismas Trad.

Ernesto Perini Santos


Versão preliminar - circulação restrita História da Filosofia Medieval, 19/1

João Buridan, Sobre a prática dos sofismas


II- Sobre as causas da verdade e da falsidade das proposições

O segundo capítulo tratará das causas da verdade e da falsidade das


proposições absolutamente categóricas. No capitulo precedente, foram tratadas
algumas dificuldades, e sobre tais dificuldades, como se fossem retomadas, serão
postos alguns breves sofismas.

Primeiro sofisma
O CAVALO DE ARISTOTELES NÃO EXISTE
Posto o caso que Aristóteles tivesse um cavalo que andava muito bem, mas que
foi morto e destruído pela potência divina.
O sofisma é assim claro pelo caso posto.
O.1 Argumenta-se no entanto no sentido oposto, a saber, que é falsa a
proposição « o cavalo de Aristóteles não existe ». Argumenta-se a partir do fato de
ser verdadeira uma proposição porque como quer que ela signifique, assim é nas
coisas, e pelo fato de ser falsa uma proposição por não ser como ela significa. Isto é
comumente aceito e disto se persuade pelo uso ordinário. De fato, quando nos
parece que alguém disse algo verdadeiro, dizemos que é assim como esta pessoa
disse ; e se nos parece que ele disse algo falso, dizemos que não é assim como ele
disse. E em visto disto Aristóteles diz, nos livros quinto e sexto da Metafísica, que
num sentido de ser e não ser, ser significa o que é verdadeiro, e não ser, o que é falso.
Não nos parecer que se possa atribuir outra causa de verdade ou falsidade às
proposições.
Logo, isto posto como verdadeiro ou provado, parece que a proposição « o
cavalo de Aristóteles não existe » é falsa, pois não é, na coisa significada, como ela
significa, pois a coisa significada, a saber, o cavalo de Aristóteles, nada é, e no que
nada é, não é deste modo nem de outro modo.

Segundo sofisma
O CAVALO DE ARISTÓTELES ANDOU
P.1 Prova-se pelo caso posto no início do sofisma anterior.
O.1 Argumenta-se no sentido contrário como anteriormente, pois não é nas
coisas como é significado pela proposição. Argumentar-se-ia assim sobre esta
proposição, « o cavalo de Aristóteles andou », como sobre a proposição « o cavalo de
Aristóteles morreu », e sobre « nenhum cavalo é um asno », posto que não existam
cavalos nem asnos, mas todos sejam destruídos. De fato, acerca de qualquer uma
destas proposições, é verdadeiro que não é nas coisas significadas como ela significa.

Terceiro sofisma
UMA QUIMERA É UMA QUIIMERA
P.1 Prova-se pelo que diz Boécio, « nenhuma proposição é mais verdadeira do
que aquela na qual algo é predicado de si mesmo ».
P.2.1 Ainda, se não fosse verdadeira, isto seria porque o termo ‘quimera’ por
nada supõe. Mas isto não impede [que seja verdadeira], pois é verdadeira « o cavalo

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de Aristóteles andou » e, no entanto, o sujeito por nada supõe.


P.2.2 Provo: pois não supõe por outra coisa senão pelo cavalo de Aristóteles, e
ele nada é pelo caso posto inicialmente, logo por nada supõe.
O.1 Defende-se o oposto, pois aqui há uma proposição afirmativa e os termos
por nada supõem, e tais proposições afirmativas são falsas.
<...>

<Conclusões>
Para a solução dos sofismas acima e de similares, ponho algumas conclusões
para que se veja como proposições são ditas verdadeiras ou falsas. Para falar de
maneira compreensível, suponho, segundo o que foi dito anteriormente, que
palavras têm duas significações: uma na mente, pois significam imediatamente os
conceitos que lhes são correspondentes a partir dos quais, ou similares àqueles a
partir dos quais foram impostas para significar. <As palavras> têm outra
significação, pois através dos ditos conceitos, significam as coisas que são por eles
concebidas, pois freqüentemente as coisas concebidas estão fora da alma, como as
pedras e os asnos. Logo, chamarei, arbitrariamente, a primeira significação
« <significação> na mente » e a segunda, « <significação> nas coisas fora da alma ».

<Primeira conclusão>
Ponho assim como primeira conclusão que não é necessário que seja
verdadeira uma proposição vocal se como quer que signifique na mente, assim seja
na mente, pois assim se seguiria que toda proposição seria verdadeira. De fato, a
toda proposição vocal, verdadeira ou falsa, corresponde uma proposição similar na
mente.

<Segunda conclusão>
A segunda conclusão é que não é necessário para a verdade de uma
proposição vocal que, como quer que signifique nas coisas fora da alma, deste modo
seja nas coisas significadas fora da alma. A conclusão pode ser posta da seguinte
forma : existe uma proposição verdadeira para a qual não é nas coisas significadas
fora da alma como quer que ela signifique fora da alma.
Prova-se a conclusão : ponho que o Anticristo ainda não exista, mas existirá e
andará, então é verdadeira a proposição « o Anticristo andará ». Por esta proposição
o Anticristo e sua marcha são significados nas coisas exteriores e, no entanto, nada
são, pois nem o Anticristo, nem sua marcha existem. E no que nada é, não é deste
modo nem de outro modo; logo, nas coisas significadas fora da alma por esta
proposição, não é como é significado pela proposição. Ainda, argumenta-se de
maneira similar sobre a proposição « Aristóteles argumentou », posto que Aristóteles
tenha sido destruído. E assim argumenta-se sobre a proposição « o Anticristo pode
andar », e ainda sobre a proposição negativa « o cavalo não é um asno », posto que
Deus tenha destruído todos os cavalos e todos os anos, do que se segue que as coisas
significadas não existem e nem é nelas de um modo ou de outro. <...>

<Décima conclusão>
A décima conclusão é que para a verdade de uma proposição categórica
afirmativa é necessário que os termos, a saber o sujeito e o predicado, suponham
pelo mesmo ou pelos mesmos, logo para sua falsidade basta que não suponham pelo
mesmo. Talvez esta não seja uma conclusão, mas um princípio indemonstrável ou, se

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é uma conclusão, está ela mesma próxima de um princípio indemonstrável. Nos


Segundos Analíticos, no entanto, aparece algumas vezes que os princípios
indemonstráveis bem necessitam de alguma explicação, através de exemplos, por
indução, ou de algum outro tipo. Logo eu explicarei assim a décima conclusão : é
certo que na proposição « A é B », ou bem o termo « A » por nada supõe, ou supõe
por A, e do mesmo modo para « B ». De modo similar, se digo « Aristóteles
debateu » ou « o Anticristo andará », o termo « Aristóteles » ou bem por nada supõe,
ou supõe por Aristóteles, e assim para « Anticristo » e para outros. Em seguida, é
também claro que ao dizer « A é B », posto que os termos não são ampliativos para o
pretérito e para o futuro, é equivalente dizer « A é B » e dizer que A é o mesmo que B
– assim como dizer que A não é B é equivalente a dizer que A não é o mesmo que B.
E se é verdadeiro que A é o mesmo que B, é necessário que os termos « A » e « B »
suponham pelo mesmo ou pela mesma coisa, a saber, que algum A seja posto ser o
mesmo que B. E assim é, de modo similar, sobre o passado e o futuro. É equivalente
dizer « Aristóteles estava debatendo » e « Aristóteles foi igual àquele que estava
debatendo», logo os termos « Aristóteles » e « aquele que estava debatendo »
supõem pelo mesmo nesta proposição, não porque sejam o mesmo Aristóteles e o
que estava debatendo, mas porque foram o mesmo. Do mesmo modo para o futuro e
para o possível.

<Décima-primeira conclusão>
A décima-primeira conclusão é que para a verdade de uma proposição
categórica negativa basta que o sujeito e o predicado não suponham pelo mesmo
nem pelos mesmos, embora sejam verdadeiras algumas proposições <categóricas
negativas> nas quais o sujeito e o predicado supõem pelo mesmo ou pelos mesmos,
como « um animal não é homem ». Assim, para a falsidade de uma <categórica>
afirmativa é necessário que o sujeito e o predicado suponham pelo mesmo, embora
não se siga <se> o sujeito e o predicado supõem pelo mesmo, então a proposição
negativa é falsa.
Esta conclusão é clara a partir do que precede, pois contraditórias são sempre
uma afirmativa e outra positiva, e é necessário que uma seja verdadeira e outra falsa,
se existirem ao mesmo tempo, e nunca podem ser ao mesmo tempo verdadeiras e
falsas. E isto não é por outra razão senão porque quantas sejam e quaisquer que
sejam as causas da verdade de uma delas, tantas e as mesmas serão as causas da
falsidade da outra e inversamente. Logo, o que quer que seja necessário para para a
verdade da afirmativa, o mesmo será necessário para a falsidade da negativa
contraditória, e também o que quer que seja suficiente para falsidade da afirmativa,
será suficiente para a verdade da negativa contraditória.

<Décima-segunda conclusão>
A décima-segunda conclusão é que para a verdade de uma proposição
categórica afirmativa indefinida ou particular, é necessário e suficiente que o sujeito
e o predicado suponham pelo mesmo, a não ser que, pela refexão da proposição
sobre si mesma, siga-se dela e das circunstâncias adjacentes que ela mesma é falsa.
<...>

<Décima-terceira conclusão>
A décima-terceira conclusão é que para a verdade de uma proposição
universal afirmativa é necessário e suficiente que por tudo pelo que supõe o sujeito,

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ou por todas as coisas pelas quais supõe o sujeito, por isto ou por estas coisas
suponha o predicado, a não ser que <haja> uma reflexão, como foi dito em outra
conclusão.
E isto prova-se por indução, de modo similar à conclusão anterior. A partir do
que foi dito, já aparece como toda proposição verdadeira é dita verdadeira ou <de
onde> é dita falsa toda proposição falsa, feita a exceção das chamadas insolúveis, das
quais se tratará posteriormene em especial.
Parece de fato que não se deve dizer de modo similar sobre todas <as
proposições>, mas de um modo sobre as universais, de outro sobre as particulares,
de outro sobre as afirmativas, de outro sobre as negativas.

<Décima-quarta conclusão>
Retomando <o que foi dito>, ponho assim a décima-quarta conclusão, que
toda proposição particular afirmativa verdadeira é verdadeira pelo fato do sujeito e
do predicado suporem pelo mesmo ou pelos mesmos. E toda proposição universal
afirmativa verdadeira é verdadeira pelo fato de pelo que quer que suponha o sujeito,
ou por quaisquer coisas pelas quais suponha o sujeito, pelo mesmo ou pelas mesmas
suponha o predicado.
E toda proposição particular afirmativa falsa é falsa pelo fato do sujeito e do
predicato não suporem pelo mesmo, nem pelas mesmas coisas.
E <toda> proposição universal afirmativa falsa é falsa pelo fato de o sujeito não
supor por tudo ou por todas as coisas pelas quais supõe o predicado.
E toda proposição particular negativa verdadeira é verdadeira pelo fato da
universal afirmativa que lhe é contraditória ser falsa, e foi dito como esta proposição
é falsa.
<E toda proposição universal negativa verdadeira é verdadeira pelo da
proposição particular afirmativa que lhe é contraditória ser falsa, e foi dito como esta
proposição é falsa>.
E toda proposição particular negativa falsa é falsa pelo fato da universal
afirmativa que lhe é contraditória ser verdadeira, e foi dito como isto ocorre.
E toda proposição universal negativa falsa é falsa pelo fato da proposição
particular que lhe é contraditória ser verdadeira, e foi dito como isto ocorre.
A décima-quarta conclusão, que contém oito conclusões parciais, parece ser
inteiramente verdadeira a partir das precedentes, pelo princípio que o que quer que
seja a causa da verdade de uma contraditória ou seja necessário para sua verdade, é
a causa da falsidade da outra contraditória, ou necessário para sua falsidade. <...>
Agora deve-se então responder aos sofismas na forma própria.

Resposta ao primeiro sofisma


Em relação ao primeiro sofisma, concedo que o cavalo de Aristóteles não
existe.
O.1 E quando se argumenta que esta proposição é falsa, porque não é assim
como é por ela significado, concedo, pois isto não é necessário, sobretudo nas
proposições negativas. Mas esta proposição é verdadeira, pois o sujeito por nada
supõe, e logo o sujeito e o predicado não supõem pelo mesmo, o que é suficiente
para a verdade de uma proposição negativa.
Objeta-se no entanto: você nega Aristóteles, que diz no quinto livro da
Metafísica : « mais amplamente, "ser" e "é" significam o mesmo que o verdadeiro, e
"não ser" também significa o mesmo que o não verdadeiro, isto é, o falso, de modo
similar em proposições afirmativas e negativas ». Estas são as palavras de

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Aristóteles, e parecem dizer claramente que toda proposição verdadeira, seja ela
afirmativa ou negativa, é dita verdadeira porque assim é na coisa. Daí também ele
dizer nas Categorias que pela coisa ser ou não ser, a oração é dita verdadeira ou falsa.
Respondo que Aristóteles bem sabia que esta não é a significação principal do
ser, segundo a qual o ser se diz das dez categorias, pois, segundo esta acepção
principal, não apenas uma proposição verdadeira é dita um ser ou muitos seres, mas
uma proposição falsa é um ser ou muitos seres. Mas como os nomes são
arbitrariamente impostos para significar, houve uma outra imposição, a saber, que o
nome ‘é’ ou ‘ser’ significa o mesmo que o nome ‘verdadeiro’, assim como ‘não ser’ e
‘não verdadeiro’. Isto fez os homens errarem muito, a saber, que se alguém disser
uma proposição verdadeira, dizemos que assim é como ele diz. Alguns, entendendo
mal, acreditam que foi dito que é nas coisas significadas como a proposição significa.
Eles compreendem mal este dito. Na verdade, por ‘ser assim’ não se deve
compreender senão que a proposição diz algo verdadeiro. E Aristóteles exprime isto
mais claramente no sexto livro da Metafísica, onde diz « que o ser enquanto
verdadeiro e o não ser enquanto falso, porque são segundo a composição e a divisão,
estão totalmente em contradição ». Depois diz que a composição e a divisão existem
na mente, não nas coisas ; logo é absurdo acreditar que por « ser assim » devemos
entender que assim é nas coisas significadas.

Resposta ao segundo sofisma


Em relação ao segundo sofisma, responde-se que devem ser concedidas « o
cavalo de Aristóteles andava » e « o cavalo de Aristóteles morreu », não porque seja
nas coisas significadas como elas significam, mas porque o sujeito e o predicado
supõem pela mesma coisa que, no entanto, não existe, mas existiu. De fato, é o
mesmo o morto, o que andou e o que foi o cavalo de Aristóteles ». E não é necessário
que sejam o mesmo, mas que tenham sido o mesmo, porque o verbo ‘foi’ e o
particípio ‘morto’ são relativos ao tempo passado. De modo similar, digo que é
verdadeira « um cavalo não é um asno », embora não exista cavalo ou asno algum,
não porque assim seja no mundo, mas porque o sujeito e o predicado por nada
suporiam, logo não suporiam pelo mesmo.

Resposta ao terceiro sofisma


P.1 Em relação ao terceiro sofisma, diz-se que é falsa « uma quimera é uma
quimera », a autoridade de Boécio deve ser entendida apenas em relação à situação
na qual os termos supõem pelo mesmo.
P.2.1 Mas quando se diz que é verdadeira « o cavalo de Aristóteles andava »,
concedo. E quando se diz que o sujeito, a saber, « o cavalo de Aristóteles », por nada
supõe, eu nego, embora ele não suponha por algo que exista, mas por algo que
existiu.

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