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de Organização e Gestão
Estratégica e Tática da
SESA
Outubro, 2008
Sumário
Apresentação .............................................................................................................. 3
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Apresentação
Na sua essência, o presente Relatório tem como objetivo promover uma revisão do
modelo de gestão da SESA, com base no diagnóstico da sua situação atual (etapa 2
do Programa de Trabalho) e nas diretrizes resultantes da consolidação da proposta
estratégica da Secretaria para o período 2008-2010 (etapa 4). Da presente revisão do
modelo de gestão, deverão resultar propostas para serem incorporadas à carteira de
projetos prioritários (etapas 7 e 8) e subsídios para o plano de ação de curto prazo
visando ao aprimoramento imediato da gestão da Secretaria.
O conceito de gestão, até pouco tempo restrito exclusivamente ao domínio das em-
presas privadas, ampliou-se de forma bastante significativa, em dois sentidos. Extra-
polou o mundo privado dos negócios, tendo sido adotado não apenas nas instituições
públicas, mas igualmente no mundo das relações interpessoais e familiares. Expandiu-
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se muito fortemente dentro das próprias organizações, onde passou a ocupar um pa-
pel-chave na promoção das mudanças e da eficácia das instituições.
De um modo geral, podem ser consideradas duas situações extremas para modelo de
gestão:
a) Uma perspectiva abrangente, na qual o modelo de gestão confunde-se
com a própria organização ou, pelo menos, com seus instrumentos bási-
cos;1
b) Uma perspectiva mais restrita, segunda a qual o modelo é constituído por
um conjunto de princípios e critérios que, uma vez adotados pela organi-
zação, garantiriam as mudanças necessárias e os padrões de excelência
requeridos.2
1
Como exemplo típico da primeira perspectiva, o sistema de gestão seria constituído pelos subsistemas institucional
(missão, propósitos e princípios), humano-comportamental (motivação, ativação e integração) e tecnológico (organi-
zação e sistemas gerenciais, de comunicação, operacional e de informação). (ARANTES, Nélio – Sistema de Gestão
Empresarial. Atlas. São Paulo, 1998)
2
É a perspectiva adotada Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) para concessão, às instituições de saúde, do Prê-
mio Nacional da Gestão em Saúde, cuja base é um conjunto de Fundamentos, aplicados por meio de uma série de
Critérios gerais sobre fatores internos da organização e suas relações com o ambiente. O pressuposto é que o aten-
dimento aos critérios levaria a uma “gestão de excelência”. (FNQ – Rumos à Excelência: Prêmio Nacional da Gestão
em Saúde – FNGS 2007-2008).
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Em segundo lugar, tais perspectivas voltam-se para a modelação da organização, no
seu conjunto. Não se busca a formulação de um instrumento organizacional específi-
co, capaz levar a organização a determinados patamares de efetividade, eficácia, efi-
ciência e qualidade.
Confundir ou associar a organização com um dos seus instrumentos tem sido uma
prática freqüente no campo da administração, com conseqüências bastante negativas.
Uma das associações indevidas mais freqüentes foi e ainda é a confusão entre os
conceitos de “organização” e “estrutura”. Confusão que foi objeto de alerta de três dos
mais proeminentes especialistas no campo da administração, através de um artigo já
clássico: “A Estrutura não é a Organização” 3. Os referidos atores defendem a idéia de
que a estrutura é apenas um dos sete componentes de uma organização. Da mesma
forma, poderia ser dito: o modelo de gestão não é a organização, mas apenas um de
seus instrumentos.
Abordagem Adotada
Para isso, o primeiro passo consistiu na identificação dos desafios mais estratégicos
ou prioritários para a gestão da SESA, tendo em vista seus desafios atuais e os com-
promissos assumidos perante o SUS-ES, a sociedade e o governo. Foram então se-
lecionados os seguintes desafios a serem abordados:
a) A gestão do SUS-ES, considerando o papel de gestora do Sistema Estadu-
al de Saúde formalmente atribuído à Secretaria;
b) O Planejamento da SESA, tanto para atender às suas demandas internas
de planejamento, quanto para prover direcionamento e coordenação ao
SUS-ES;
c) A Coordenação e Integração da SESA, tendo em vista que a fragmenta-
ção da Secretaria tem sido considerada com um dos principais desafios in-
ternos a enfrentar.
d) Gestão da Regulação e da Atenção à Saúde, não apenas pelo papel cen-
tral que desempenha no Sistema Estadual de Saúde, quanto pelas mudan-
ças radicais que estão sendo impostas pelo novo modelo do SUS;
3
PETERS, Thomas & WATTERMAN, Robert & PHILLIPS, Julien – Structure is not Organization. Business Horizons,
Elsevier, june 1980
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e) A Gestão da Assistência Hospitalar, por sua relevância intrínseca para o
Sistema, associada ao fato da função ter sido objeto de significativas mu-
danças institucionais e organizacionais na Secretaria, que estão a exigir um
novo modelo de gestão;
Estrutura do Relatório
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mento que é analisada a situação atual da Secretaria. A recomendação básica, então,
é a implantação do sistema de planejamento da SESA, incluindo todos os elementos
propostos no referencial. Dada a necessidade de melhorias urgentes, são igualmente
propostas várias medidas de efeito imediato.
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Capítulo I.
Gestão do Sistema Estadual de Saúde
a) Regulação;
b) Financiamento;
c) Prestação de Serviços
1.1.2. Todavia, a menos que a função Regulação assuma uma conotação bem mais ampla do
que a normalmente observada, este conjunto de funções não atende plenamente as
necessidades de gestão do Sistema Estadual de Saúde. Para isso, seria necessário
que a função Regulação contivesse atividades como planejamento do Sistema, articu-
lação com atores estratégicos externos, apoio institucional e tecnológico às instâncias
regionais e municipais, entre outras, o que foge às próprias práticas das secretarias
4
estaduais de saúde .
4
De um modo geral, o significado de Regulação, derivado das estruturas das secretarias estaduais de saúde analisa-
das (Minas Gerais, Paraná, Bahia e mesmo o Espírito Santo) é restrito às suas atividades nucleares e não cobre
uma série de funções fundamentais para a gestão do Sistema. Este tema será aprofundado no capítulo IV, deste Re-
latório.
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1.1.3. Por outro lado, adotar um conceito muito abrangente de Regulação, de modo a dar co-
bertura a todas as necessidades de gestão do Sistema, pode levar a sérias conse-
qüências. A mais grave seria centrar a atenção preferencialmente no núcleo mais es-
pecífico da Regulação, relegando a um segundo plano atividades que, embora não
pertencentes ao referido núcleo, são indispensáveis à gestão do SUS estadual. Isso
de certo modo já pode ser observado, inclusive na SESA-ES, como se verá mais adi-
ante.
1.1.4. Vale destacar que o próprio SUS reconhece e confere ao Planejamento do Sistema um
status específico e diferenciado em relação à Regulação. Em consonância com esta
linha, todas as secretarias estaduais de saúde analisadas, inclusive a SESA-ES, fa-
zem a separação estrutural das unidades de planejamento e de regulação. Ou seja,
para as referidas secretarias, o Planejamento não é parte integrante da Regulação.
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Funções de Gestão do Sistema Estadual de Saúde (Continuação)
7
1.2.1. Segundo a legislação e documentações oficiais pertinentes , o planejamento do SUS
deverá ser desenvolvido com bases nos seguintes os planos, programas e relatórios
gerenciais seguintes:
5
As análises e o detalhamento da função de Regulação são tratados no Capítulo IV
6
As considerações a respeito da função Prestação de Serviços serão destacadas no Capítulo V.
7
Foram consultadas as seguintes fontes: MS-Portaria 399, PlanejaSUS (Cadernos 1 e 2)
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Instrumentos Formais de Planejamento do SUS
Instrumentos Descrição
Programação Anual
Operacionaliza as intenções expressas no Plano de Saúde.
de Saúde
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Fontes Básicas: Portaria 399 do Ministério da Saúde e Cadernos 1 e 2 do PlanejaSUS
1.2.2. Cabe ainda destacar o conjunto de planos e programas de saúde formulados pelo Mi-
nistério da Saúde e que incidem fortemente sobre o Planejamento da SESA. Assim,
cabe destacar, além do Plano Nacional de Saúde, um amplo conjunto de programas
nacionais elaborados pelo MS, tais como Programa Farmácia Popular, Programa Sa-
úde da Família, Programa de Combate à Dengue, Programa Controle do Câncer do
Colo, Útero e Mama.
1.2.3. Por sua importância para a análise do Planejamento da SESA, serão apresentados al-
guns detalhes do Plano Estadual de Saúde e da Programação Anual e Saúde.
1.2.4. O Plano Estadual de Saúde deve ser elaborado tendo em vista os eixos norteadores, a
estrutura do Plano e os subsídios indicados na tabela seguinte:
1.2.5. A partir das definições e descrições anteriores referentes ao Plano Estadual de Saúde,
podem ser extraídas algumas conclusões relevantes para a análise do planejamento
da SESA e para as eventuais recomendações tendo em vista seu aperfeiçoamento:
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a) Pela orientação adotada, as análises situacionais e as formulações (objetivos, di-
retrizes e metas) do Plano de Saúde devem ser desenvolvidas para cada um dos
8
eixos norteadores ;
b) Os Planos de Saúde, no modelo SUS, são desenvolvidos a partir dos problemas
ATUAIS (“Apresenta, a partir de uma análise situacional, as intenções e os resul-
tados...”), não se baseando, pelo menos explicitamente, em visões ou estudos
prospectivos;
c) Por outro lado, os Planos de Saúde são centrados exclusivamente nos aspectos
diretamente vinculados à saúde, não levando em consideração variáveis e fato-
res externos que atuam, positiva ou negativamente, na saúde da população, tais
9
como saneamento, meio ambiente, habitação e transporte, entre tantos outros.
d) Ainda segundo a formulação do SUS, os Planos Estaduais de Saúde, embora
devam considerar como subsídios os planos municipais e regionais, entre outros,
são destinados exclusivamente a orientar as ações das respectivas Secretarias
de Saúde, não se constituindo em um instrumento de planejamento e coordena-
10
ção para o Sistema Estadual de Saúde, como um todo.
8
Na prática, foi esta a linha a adotada nos Planos Estaduais de Saúde de São Paulo e de Santa Catarina, embora não
seja evidente para o Plano de Saúde do Espírito Santo, no qual as Diretrizes são colocadas anteriormente aos Eixos,
inclusive ficando um tanto soltas no contexto.
9
Este fato apenas confirma a constatação feita em relatório anterior (“Diagnóstico do SUS-ES”) de que o SUS é, neste
sentido, um “sistema fechado”.
10
É justamente, o contrário da PPI que, segundo a formulação do SUS, deverá “explicitar dos recursos financeiros das
três esferas de governo.”
11
Além de questões operacionais, existe aqui certa ambigüidade conceitual. De um lado, consoante à filosofia do
SUS, não deve existir qualquer relação de subordinação entre as áreas de planejamento das três esferas de gover-
no. Por outro lado, às Secretarias Estaduais de Saúde foi atribuído o papel de gestora do SUS estaduais, o que de-
veria envolver algum tipo de orientação ou supervisão sobre as demais instâncias, inclusive municipal
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Programa Anual de Saúde
1.2.8. Cabe ainda destacar, em termos de suas relações externas de planejamento, que a
Secretaria é parte integrante do Sistema de Planejamento do Governo do Estado,
com o qual mantém relações diretas, principalmente através do Plano Plurianual
(PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PDO) e do Orçamento Anual do Governo.
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O Planejamento do Sistema Estadual de Saúde
2.1. Tendo em vista que as três últimas funções de gestão do Sistema indicadas
anteriormente serão objeto de análise à parte, em capítulos posteriores, as
considerações aqui desenvolvidas dizem respeito apenas às três primeiras
(governabilidade, planejamento e desenvolvimento).
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Governabilidade do Sistema
2.3. Assim, o SUS-ES não mantém relações efetivas (formais ou não) com atores
não pertencentes à comunidade da saúde, mesmo que suas atuações produ-
zam impactos relevantes na saúde da população. É o caso dos setores de a-
bastecimento de água e de esgotamento; de habitação; de indústria e agrope-
cuária; de trânsito e transporte; de educação e cultura; entre tantos outros.
Nem os referidos atores externos participam das decisões político-estratégicas
do SUS, nem a Secretaria se faz representar em seus fóruns decisórios.
12
Ajustamento no Modelo de Organização e Gestão Estratégica e Tática da SESA – Diagnóstico do SUS-ES. Julho,
2008.
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b) Apoio ao planejamento e à gestão regional e municipal do Sistema, in-
clusive aos planos macrorregionais, microrregionais e municipais de
saúde.
2.9. Por outro lado, a SESA está submetida às diretrizes, estruturas e rituais do sis-
tema de planejamento-orçamento do Estado, o que gera novas demandas e e-
xigências para seu Planejamento. Muitas vezes tais demandas e exigências
implicam em uma trabalhosa tradução dos planos de saúde, para atender à es-
trutura e cronogramas do planejamento estadual, ou requerem, até mesmo, a
elaboração de programas específicos.
13
“Diagnóstico do SUS-ES”, tema IV: Crise de Identidade da SESA – A crise das lógicas de ação.
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2.11. Pelo lado interno, a SESA não dispõe de estrutura e competências em plane-
jamento, como será analisado no capítulo seguinte (“O Planejamento da
SESA”), capazes de conduzir um processo em um contexto tão amplo, diver-
sificado e complexo como o apresentado. Além disso, não deve ser esqueci-
do o fato de que estas mesmas competências e estruturas devem suprir i-
gualmente as necessidades do planejamento interno da Secretaria.
14
A SESA-MG possui uma Assessoria de Gestão Regional, ligada diretamente ao Secretário, que inclusive apóia as
Gerências Regionais. Já a SESA-BA, dispõe de uma Diretoria de Apoio à Organização e Gestão dos Sistemas Muni-
cipais de Saúde, que igualmente presta assistência às suas Diretorias Regionais.
15
Tema abordado no relatório Ajustamento no Modelo de Organização e Gestão Estratégica e Tática da SESA – Diag-
nóstico do SUS-ES. pag. 25-26.
16
As funções Regulação e Assistência Hospitalar e Ambulatorial apresentam igualmente esta característica “sistêmica”,
como será indicado nos Capítulos IV e V, deste Relatório.
17
Ajustamento no Modelo de Organização e Gestão Estratégica e Tática da SESA – Diagnóstico do SUS-ES, pag. 29-
30.
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a) Modernização institucional e gerencial do Sistema e de seus agentes
– embora esta função deva estar voltada para todo o SUS-ES, se-
gundo a legislação estadual pertinente, não há unidade formal na
SESA com esta finalidade. As atividades de desenvolvimento institu-
cional desenvolvidas são bastante limitadas e se voltam exclusiva-
mente para a Secretaria.
b) Desenvolvimento da tecnologia de informação e telecomunicação pa-
ra o Sistema – existência “formal”, assumindo, porém, na prática, um
caráter eminentemente operacional na sua principal atividade de a-
poio ao usuário interno. Existem políticas e estratégias de tecnologia
de informática e telecomunicação para o Sistema e para a Secretaria,
não estando, porém, explicitamente formalizadas em documento a-
propriado. O apoio técnico-operacional às demais instâncias do Sis-
tema necessita ser aperfeiçoado e ampliado.
c) Desenvolvimento dos recursos humanos do Sistema – embora limita-
da formalmente às questões internas da Secretaria, a função de Re-
cursos Humanos tem se voltado, na prática, pelo menos em determi-
nados momentos, para todo o Sistema. Todavia, não houve a opção,
como em outras Secretarias congêneres, por uma unidade ou uma
fundação especial de educação permanente, estando todas as ativi-
dades de RH, internas ou externas, concentradas na Gerência cor-
respondente, o que pode inibir sua abertura para o Sistema.
2.17. Todavia, muitas das medidas pactuadas nas CIBs macro e microrregionais
não poderão ser executadas órgãos municipais ou estaduais, tendo em vista
o critério da co-gestão. Como as comissões regionais, por sua vez, não são
entidades executoras (nem possuem estruturas para isso) fica a dúvida so-
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bre a responsabilidade pela execução de atividades de cunho inerentemente
regional, uma vez que não existe instância formal de poder neste nível.18
18
No Brasil, o modelo usualmente adotado, para casos similares, consiste na transferência da execução para uma
instituição pertencente ao nível institucional mais elevado. Foi o caso, por exemplo, da SUDENE, na qual um nível
colegiado, composto por representantes dos governos federal e estaduais, tomava as decisões, que eram implemen-
tadas por uma agência federal (no caso, a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste). Este modelo se
repete atualmente em vários setores, como meio ambiente, energia elétrica etc. Mas em nenhum momento a questão
da co-gestão na execução das decisões encontra-se presente.
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Projeto de Fortalecimento da Gestão do Sistema Estadual de Saúde
a) Objetivo:
Promover o desenvolvimento institucional, a estruturação organizacional e a capa-
citação de articulação e de gestão da SESA , tendo em vista o exercício do papel
de gestora do Sistema Estadual de Saúde.
b) Escopo:
Fortalecer e implantar as seguintes funções:
i. Governabilidade do Sistema;
ii. Planejamento e monitoramento do Sistema;
iii. Desenvolvimento Institucional, da Infra-estrutura Tecnológica e dos
Recursos Humanos do Sistema
c) Atividades Básicas
i. Análise dos aspectos institucionais e legais que restringem ou potenciali-
zam a gestão do SUS-ES, especialmente sua governabilidade, e proposição
de medidas pertinentes;
ii. Análise do modelo, instrumentos e instâncias de planejamento do SUS es-
tadual e avaliação dos ajustamentos necessários para forlalecer e viabilizar
o papel da SESA de gestora do Sistema;
iii. Análise do atual estágio institucional, organizacional gerencial e tecnológico
das instâncias regionais e municipais, tendo em vista o atendimento de su-
as responsabilidades pelo planejamento e a gestão do SUS-ES, indicando
as mudanças e condições requeridas.
iv. Análise e diagnóstico de aspectos e condições organizacionais dos setores
da estrutura da SESA diretamente vinculados às funções de gestão do
SUS-ES e proposição de revisão e/ou criação de unidades pertinentes;
v. Identificação das competências gerenciais requeridas para as funções con-
sideradas, análise da situação atual e indicação de subsídios para o desen-
volvimento de um programa pertinente de desenvolvimento gerencial;
vi. Formulação de políticas e estratégias relativas:
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produzam efeitos de curto prazo, sem prejuízo do desenvolvimento do referido
Projeto, com destaque para as seguintes:
a) Criação, fortalecimento ou implantação efetiva de comissão intersetorial
vinculada ao Conselho Estadual de Saúde, composta por representan-
tes de setores relevantes, tendo em vista a realização de estudos, dis-
cussões e formulação de propostas para subsidiar a política de saúde
do Estado;
b) Efetivação da representação da SESA em fóruns estaduais relevantes
para as questões de saúde, especialmente nos setores de saneamento
básico, em atendimento a atribuições legais da SESA, meio ambiente e
trânsito;
c) Formulação de Plano Diretor de Tecnologia de Informação e Comuni-
cação, tendo em vista apoiar a implantação, descentralização e regio-
nalização do SUS-ES, e a reorganização, no sentido amplo, da Gerên-
cia de Informática;
d) Fortalecimento do Núcleo de Desenvolvimento Institucional para o efeti-
vo desempenho de seu papel de apoio à organização, planejamento e
gestão das instâncias regionais e municipais do SUS-ES;
e) Análise da capacidade institucional, organizacional, gerencial e técnica
da Gerência de Recursos Humanos (GRH) para o desenvolvimento de
pessoal de todo o Sistema Estadual de Saúde, avaliando a necessidade
de implantação de uma unidade especial, direta ou indiretamente vincu-
lada à Secretaria, para assumir as referidas responsabilidades.
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Capítulo II.
O Planejamento da SESA
1. Referencial Básico
b) Princípios básicos;
e) Contexto externo;
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Objetivos e Requisitos
1.4. De modo geral, o Sistema de Planejamento tem por objetivo agregar valor, ra-
cionalidade e qualidade às decisões organizacionais, através da inserção nos
respectivos processos decisórios dos seguintes requisitos básicos:
a) Efetividade – garantindo que os processos decisórios considerem expli-
citamente os efeitos e as conseqüências das decisões sobre os usuá-
rios, a sociedade e a própria organização;
b) Eficácia - zelando para que as decisões sejam realmente implantadas e
postas em funcionamento, segundo metas, padrões de qualidade, es-
pecificações técnicas e prazos previamente definidos;
c) Eficiência – provendo as condições necessárias para o uso racional de
recursos e insumos durante a implantação e execução das decisões;
d) Integração, alinhamento e sincronização – proporcionando as condi-
ções para que os diferentes processos decisórios da organização este-
jam e se mantenham devidamente articulados, alinhados e sincroniza-
dos no tempo.
Princípios Básicos
1.5. Por sua vez, os princípios que orientam a atuação, a organização e o funcio-
namento do Sistema de Planejamento podem ser formulados nos seguintes
termos:
Princípio Descrição
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Princípio Descrição
Perspectiva Pragmá- Planejamento como instrumento voltado para a resolução de problemas e para a
tica obtenção de resultados, e não apenas como uma instância de análise e reflexão
Estrutura Interna
Aprovação final:
Conselho Superi-
• Políticas, estratégias e planos gerais da organização
or da Organiza-
• Orçamento de investimento e custeio
ção
• Medidas estratégicas ad hoc
(continua)
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Elementos Básicos da Estrutura Interna de um Sistema de Planejamento (Continua-
ção)
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Instâncias Atribuições em planejamento
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Ciclo Geral de Planejamento – Níveis Básicos
19
A alternativa a esta abordagem ficou conhecida como “planejamento de longo prazo”, onde se adota um processo
unificado e contínuo, desde as decisões estratégicas superiores, até as atividades e projetos operacionais.
20
No caso de uma empresa privada, este nível corresponderia ao “plano de negócio”.
21
O que significa, por sua vez, que o responsável por uma área fim, por exemplo, não é apenas um gerente técnico,
mas igualmente um gestor de recursos orçamentários, materiais e humanos à sua disposição.
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2. Análise da Situação Atual do Planejamento da SESA
2.2. De fato, observa-se uma flagrante incapacidade da SESA para formular, articu-
lar, alinhar, atualizar e sincronizar seus planos e programas internos. Constate-
se igualmente a ausência ou a insuficiência de utilização de mecanismos de ar-
ticulação e animação dos seus processos de planejamento
| P á g i n a 30
2.4. Várias são as razões que levam às deficiências e lacunas no Planejamento da
SESA, cujos destaques mais relevantes serão apresentados nos itens seguin-
tes.
22
Por exemplo, o Plano de Ação 2008 do LACEN, elaborado com vista ao PPA, contém um Programa cuja descrição e
conteúdo não significam explicitamente um desdobramento das duas “ações”, referentes ao LACEN, contidas no
Plano Estadual de Saúde 2008-2011.
| P á g i n a 31
c) Falta de condições informacionais, técnicas, organizacionais e culturais pa-
ra operar adequada e conseqüentemente um processo sistemático de mo-
nitoramento das entregas programadas, no que se refere à responsabiliza-
ção, orçamento, prazos e custos.
2.7. De certo modo, algumas dessas deficiências foram percebidas e relatadas por
entrevistados, como indicado abaixo:
• “a ausência de indicadores de qualidade e de resultados é outro ponto falho na
SESA. Somos uma organização muito mensurável, mas não somos orientados
para resultados.”
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2.9. Esta questão do posicionamento da Gerência de Planejamento foi verbalizada
por um dos entrevistados como uma de suas fragilidades, ao lado da postura
reativa e da falta de atuação estratégica, como abaixo indicado:
“A área de planejamento deveria se reportar diretamente ao Secretário, o que não
acontece hoje. Ainda age de forma muito reativa às mudanças nas outras áreas. De-
via ter uma atuação estratégica.”
3.1. A eliminação das deficiências que geram restrições ao pleno exercício das
funções de planejamento da SESA-ES recomendam a formulação, estrutura-
ção e implantação de um Projeto de Desenvolvimento e Implantação do Siste-
ma de Planejamento da Secretaria Estadual de Saúde, considerando, pelo me-
nos, os seguintes elementos:
a) Objetivos do Projeto
Promover a concepção, a organização, a instrumentalização e a implantação de um
Sistema de Planejamento da SESA-ES, que atenda às necessidades de planejamento
e coordenação das decisões básicas da Secretaria Estadual de Saúde, enquanto insti-
tuição de saúde e gestora do SUS-ES.
b) Escopo Básico do Projeto:
Conceber, desenvolver, formalizar e implantar os seguintes elementos componentes do
Sistema de Planejamento da SESA-ES:
Considerar, pelo menos, a efetividade, a eficácia, a eficiência e a articulação dos processos decisó-
rios básicos do SUS-ES e da Secretaria, bem como o alinhamento e a sincronia dos planos e pro-
gramas através dos quais as decisões são formalizadas
Destacar, entre outros, a visão sistêmica, prospectiva e estratégica que deve prevalecer no Siste-
ma, bem como a dimensão política, a co-gestão, a participação, a legitimidade e a aprendizagem
coletiva como condições indispensáveis aos processos decisórios da Secretaria
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Projeto de Desenvolvimento e Implantação do Sistema de Planejamento da Secre-
taria Estadual de Saúde (Continuação)
Conceitos e Metodologias
Explicitar os principais conceitos que deverão ser utilizados no planejamento da SESA (plano, pro-
grama, projeto, estratégia, indicadores, metas, monitoramento, avaliação etc.), visando à obtenção
de uma linguagem comum, e da metodologia a ser empregada na elaboração de planos, programa
e projetos, bem como dos processos de monitoramento, avaliação, entre outros.
Público-Alvo
Definição dos papéis dos integrantes e das unidades da SESA quanto às funções, instrumentos e
processos do Sistema de Planejamento. Estabelecer o grau de autonomia dos gerentes quanto à
formulação de políticas e estratégias específicas para suas áreas e ao planejamento de recursos e
custos.
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3.2. A implantação do Sistema de Planejamento, segundo parâmetros similares aos
propostos, seria suficiente para atender às necessidades de planejamento da
SESA. Todavia, implantar e pôr em funcionamento modelo de planejamento
com as características propostas, principalmente em uma organização com a
complexidade e dimensão da SESA, constitui uma imensa tarefa, cujos resul-
tados requerem um considerável tempo de maturação.
| P á g i n a 35
Capítulo III.
Coordenação e Integração das Ações na SESA
1. Referencial Básico
1.1. Por muito tempo, a estrutura foi vista como o instrumento fundamental para a
coordenação e integração das ações organizacionais. No entanto, embora fun-
damental para promover a divisão interna do trabalho, a estrutura não constitui
um instrumento eficaz de coordenação. De fato, a linha hierárquica de autori-
dade, única via disponível pela estrutura para operar a coordenação, não tem
se mostrado suficiente para esse propósito, pelo menos nos dias de hoje.
1.3. Dessa forma, as organizações têm lançado mão, cada vez mais, de uma ampla
variedade de mecanismos e instrumentos para a coordenação e integração de
suas ações, que podem ser resumidos nos seguintes termos:
| P á g i n a 36
1.4. No domínio da Coordenação Interpessoal, a organização lança mão de vários
mecanismos para promover diretamente a integração das pessoas, visando ao
desenvolvimento e à execução das tarefas organizacionais, conforme destaca-
do a seguir.
Mecanismos Descrição
Convergência entre indivíduos através da comunicação informal entre executantes de
1. Ajustamento
ações organizacionais, visando a troca ou transferência de conhecimentos, habilida-
Mútuo entre
des, experiências, know-how e informações, sem o controle ou a interferência da hie-
Pessoas
rarquia
4. Homogeneiza-
Homogeneização e uniformização de conhecimentos, conceitos, métodos, habilidade e
ção da Qualifi-
experiências entre os executantes, visando à criação de uma linguagem comum entre
cação dos Exe-
eles.
cutantes
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1.5. A Coordenação Intersetorial visa à integração de áreas organizacionais ou de
pessoas de diferentes unidades, responsáveis por tarefas que se complemen-
tam e/ou que estão fortemente interrelacionadas, através dos seguintes meca-
nismos:
Mecanismos Descrição
1. Linha Hierár- Exercício do poder e da autoridade formal pelos dirigentes e gerentes da organização,
quica de Auto- tendo em vista a obtenção e a manutenção de visões e ações coordenadas e integra-
ridade das entre as unidades que lhes são subordinadas.
Utilização e criação de mecanismos organizacionais formais visando à convergência das ações e
projetos que envolvem ou requerem o concurso de integrantes de várias unidades:
a) Cargos de ligação – postos de trabalho inseridos em unidades descentralizadas, às
quais estão formalmente subordinados, mas que respondem e são orientados tecnica-
mente por uma unidade central;
b) Grupos ou comitês permanentes - reunião de representantes de diversas unidades para
2. Cargos, Comi- o desenvolvimento permanente de atividades de interesse comum ou fortemente interre-
tês e Grupos lacionadas;
c) Forças-tarefa ou equipes de trabalho – reunião de representantes de diferentes unida-
des, sob a direção de um agente de coordenação ou integração, visando o desenvolvi-
mento de tarefas específicas e de duração delimitada.
d) Esquema matricial – mecanismo estrutural que interliga diretamente unidades funcio-
nais, pertencentes a vários setores, a unidades ou equipes encarregadas de projetos ou
de atividades permanentes.
| P á g i n a 38
1.6. Enfim, a Coordenação informal como instrumento de integração de unidades e
pessoas dentro da organização. Até recentemente, esta perspectiva soava co-
mo um contra-senso, uma vez que a organização informal era considerada
uma grave anomalia, que precisava ser combatida e extirpada a qualquer cus-
to.
Mecanismos Descrição
Adotada tradicionalmente para o desenvolvimento de pessoal, a rotação de gerentes
por diferentes unidades da organização ajuda na criação e no fortalecimento de redes
1. Rotação Inter- e canais informais de contato e comunicação. Redes e canais que podem ser utilizados
setorial de pes- pelos gerentes para aproximar as várias áreas pelas quais passaram. Para os propósi-
soas tos de integração, a rotação deve ser programada para ocorrer entre unidades que
desenvolvem tarefas similares ou complementares e que, portanto, exigem fortes rela-
cionamentos e troca de informações.
A redução das distâncias e barreiras físicas estimula e facilita as relações e a comuni-
2. Aproximação
cação entre as pessoas e, conseqüentemente, pode promover a integração intersetori-
Física entre U-
al. No entanto, a aproximação física entre pessoas e unidades, com o propósito de
nidades e Pes-
integração, deve ser devidamente planejada, em função dos fluxos de trabalho e das
soas
estratégias da organização.
A tecnologia da informação, amplamente empregada para a melhoria e o controle do
desempenho da organização, pode também ser utilizada na criação de redes informais
e no seu direcionamento para a integração organizacional. Tais redes informais, apoia-
3. Redes Infor- das na tecnologia da informação, possuem um grande potencial para remover barreiras
mais de Infor- espaciais, hierárquicas e intersetoriais à comunicação e à articulação interna. Podem
mação igualmente viabilizar o desenvolvimento de comunidades informais de interesse comum
(“comunidades de prática”) e facilitar a troca de informação e conhecimento entre os
integrantes da organização, promovendo um maior entrelaçamento entre especialistas
de vários segmentos do conhecimento.
(Continua)
| P á g i n a 39
Mecanismos Descrição
As organizações realizam inúmeros eventos coletivos (treinamentos, seminários, ofici-
nas, workshops), com o propósito de desenvolvimento de pessoal, planejamento ou
avaliação de resultados. As organizações descobriram que tais eventos, além de seus
4. Eventos Orga-
propósitos explícitos, constituíam excelentes instrumentos para a criação e fortaleci-
nizacionais e
mento de relações informais direcionadas à integração organizacional. Para isso, no
Intersetoriais
entanto, seminários e oficinas precisam ser explicitamente estruturados para viabilizar
contatos informais entre integrantes de áreas que, no interesse da organização, reque-
rem uma maior aproximação.
“Há uma grande fragmentação na SESA, com nichos criados internamente e que
não se falam”;
2.3. O primeiro e mais relevante fator externo responsável pela desarticulação in-
terna da Secretaria é o modelo de planejamento e gestão do SUS, conforme já
foi destacado no item 2.8 do Capítulo I deste Relatório.
| P á g i n a 40
informação, de âmbito nacional, estabelece relações diretas com segmentos da
SESA, sem a interveniência de suas instancias de decisão ou coordenação,
como ilustrado por alguns entrevistados:
“O programa (...) conta com muitos recursos financeiros, mas sua coordenação é
independente, não tem visão de conjunto, não tem ligação com a SESA, suas de-
cisões não passam pela Gerência do Núcleo.”
“As áreas adotam os sistemas do Governo Federal, sem comunicar nada (...). Os
sistemas elaborados pelo Governo Federal são frágeis em seu desenvolvimento,
são instalados na própria estação do usuário (...). Foram construídos pensando-se
no que era melhor para a União, em relação a tipo e formato de dado”.
23
Este fenômeno, bastante conhecido e estudado por especialistas, chega a gerar verdadeiras redes ou teias de in-
teresse particulares entre segmentos internos e do ambiente, podendo até mesmo levar à “captura” da organização
por atores externos. Estabelecimento de contratos explícitos e públicos entre a organização e os referidos atores
externos tem sido uma solução recomendada, principalmente em se tratando de interesses comerciais e profissio-
nais.
| P á g i n a 41
a) Falta de uma supervisão firme que exerça maior controle sobre os colabora-
dores:
“Contamos com um alto nível técnico, mas temos um baixo nível de gestão. Não
existem regras aqui, por exemplo, com relação ao cumprimento da carga horária.
Ninguém cumpre a carga horária integralmente.”
“Os gerentes não costumam bater de frente com as equipes... Na minha área,
busco comprometimento e, ás vezes, entro em conflito com a equipe para conse-
guir isso, mas essa prática não parece ser comum nas outras áreas da Secretari-
a.”
“Na SESA também não existe a prática de cumprimento de prazos, nada se cum-
pre e o não cumprido não é justificado.”
“Os Subsecretários não conseguem ter uma agenda própria, sempre são convo-
cados para ajudar na agenda do Secretário. (...) Os Subsecretários precisam de
uma agenda livre para tocar seus projetos, se não eles não vão acontecer.”
“Uma proposta para o futuro seria (...) a organização e homogeneização dos pro-
cessos de trabalho, para cada setor envolvido. Precisamos rotinas de trabalho.”
| P á g i n a 42
d) Falta de envolvimento e percepção dos gestores quanto à sua responsabili-
dade pela administração dos recursos alocados na sua área:
“Não se trata de capacitação, o meu gargalo são os servidores efetivos, eles po-
dem ser intensamente capacitados, mas não querem aplicar o conhecimento que
recebem.”
“Na minha área, tenho que negociar com os servidores para que participem de pa-
lestras e eventos, dando folga e outras coisas em troca – toda hora tenho que ne-
gociar, fico refém dos servidores.”
“Precisamos fazer com que o servidor vista a camisa. Infelizmente, hoje que veste
mais a camisa são os servidores contratados.”
2.9. Por outro lado, a análise comparativa atual Situação da SESA com o Referen-
cial Básico revela a precariedade dos principais mecanismos responsáveis pela
Coordenação Intersetorial.
| P á g i n a 43
“As pessoas não sabem o que são dentro da SESA. Os cargos de gerência e che-
fia não são valorizados dentro da Secretaria, não têm autoridade – não participam
de reuniões estratégicas, as decisões referentes às suas áreas não passam por
eles. Resultado: ninguém quer esses cargos. “
“Na SESA, um problema que acontece o tempo todo e em todas as áreas é que as
tarefas não têm um dono, os problemas são delegados para mais de uma pessoa,
que tomam ações distintas para resolvê-los.”
“As coisas não têm dono dentro da SESA, as pessoas não se responsabilizam pe-
los problemas ou tarefas complexas – só quando o trabalho dá IBOPE, aí todo
mundo quer pôr o nome.”
“Há uma pressão interna e externa no Secretário – ele não conta com uma Área
de Assessoria Técnica. As Subsecretarias acabam assumindo esse papel, função
que concorre com as responsabilidades dos subsecretários.”
“Deveria existir aqui um ponto de apoio, uma espécie de “pára-raios” no nível cen-
tral, que faria diretamente o encaminhamento e atenderia às solicitações das Re-
gionais. Se tivéssemos o “embaixador” das Regionais, isso ajudaria muito, pois
traria agilidade às solicitações.”
2.12. Vale salientar que o atendimento aos requisitos do modelo SUS – integralida-
de das ações de saúde, descentralização, regionalização, redes assistenciais
integradas, co-gestão, ampla participação, entre outros – requer o uso inten-
sivo e amplo de comitês permanentes e de grupos de trabalho na SESA.
Dessa forma, a instalação de comitês e grupos intersetoriais deverá se consti-
tuir numa prática freqüente na Secretaria, tendo em vista a promoção da co-
ordenação intersetorial.
| P á g i n a 44
2.13. É nessa mesma linha que se colocam os sistemas e processos organizacio-
nais – o terceiro dos mecanismos de coordenação intersetorial previstos no
Referencial. Todavia, é justamente aqui que residem as maiores e mais vari-
adas deficiências de articulação interna da Secretaria, como indicam as en-
trevistas:
a) Falta generalizada de organização e padronização de processos e siste-
mas:
“Na SESA (...) os fluxos organizacionais são ruins; há poucas coisas informatiza-
das; não há controladoria interna; ninguém sabe se as equipes estão fazendo o
que deveriam fazer; não temos quantitativo de funções e tarefas que cada um de-
veria fazer; a máquina não comunica, a linha de produção fala outra linguagem.”
| P á g i n a 45
c) Desintegração e fragmentação de processos e sistemas específicos: plane-
jamento, compras, informação, escuta dos clientes:
“A relação institucional interna na SESA não é boa. Temos que trabalhar isso.”
| P á g i n a 46
2.16. Portanto, persistem entre segmentos da Secretaria diferenças e até mesmo
conflitos de visão e valores a respeito de questões fundamentais para a saú-
de da população e para o funcionamento da SESA. Essas diferenças de visão
e valores constituem importantes fatores de fragmentação, devendo ser en-
frentados urgentemente, porém com uma visão realista de sua complexidade
e das dificuldades de superação imediata.
3.1. A elevada importância e necessidade para a SESA fortalecer sua integração in-
terna, aliadas à amplitude e diversidade das causas da atual fragmentação, re-
querem uma abordagem completa do problema, em termos de um projeto es-
tratégico – Projeto Estratégico para o Fortalecimento Coordenação e Inte-
gração da SESA – contendo as seguintes definições básicas:
a) Objetivo:
Promover a integração do funcionamento e da atuação da Secretaria por meio
da instalação, melhoria e fortalecimento dos mecanismos formais e informais de
coordenação dos seus setores, ações e integrantes.
b) Escopo:
| P á g i n a 47
Projeto Fortalecimento da Coordenação e Integração da SESA (Continuação)
| P á g i n a 48
i. Comitê de Planejamento, conforme indicado no Capítulo II;
ii. Comitê Técnico, visando à formulação, implantação e monitora-
mento de políticas de saúde que envolvam várias unidades e seto-
res;
iii. Esquemas especiais para a articulação às Superintendências Re-
gionais e com as áreas técnicas e administrativa da SESA;
iv. Revisão e retomada do Colegiado de Diretores dos Hospitais;
v. Comitê de Informática, voltado para a formulação, discussão e
monitoramento das políticas, estratégias, planos diretores e proje-
tos estratégicos de informatização da Secretaria e do Sistema Es-
tadual de Saúde;
| P á g i n a 49
Capítulo IV.
A Gestão da Regulação e da Atenção à Saúde
1.3. A descrição abaixo, retirada de textos oficiais da área de saúde24, descreve al-
gumas das conotações básicas que o conceito de Regulação pode assumir:
24
FESP/SUS – Glossário de Termos do Instrumento de Avaliação
| P á g i n a 50
1.5. Mais apropriadas para este fim são as formulações que o Ministério da Saúde25
preconiza para a Regulação, visando orientar as diretrizes operacionais do
SUS, cujos conceitos básicos estão consolidados no box seguinte:
Conceito de Regulação
Regulação da Atenção à Saúde - produção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde,
dirigida aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados, compreendendo:
4. Avaliação da Atenção à Saúde - operações que permitem emitir um juízo de valor sobre as
ações finais da atenção à Saúde e medir os graus de qualidade, humanização, resolubilida-
de, satisfação
5. Auditoria Assistencial ou Clínica – processo regular que visa aferir e induzir qualidade do
atendimento amparada em procedimentos, protocolos e instruções de trabalho normatiza-
dos e pactuados.
25
MS – Pactos pela Vida e Defesa do SUS e de Gestão: Diretrizes Operacionais. Série Pactos pela Saúde, vol. I,
09/02/2006 e MS – O SUS de A a Z.
| P á g i n a 51
1.6. As Secretarias Estaduais de Saúde têm traduzidos e aplicado estes conceitos,
do ponto de vista de suas estruturas organizacionais, segundo diferentes arran-
jos estruturais, como mostram os organogramas seguintes, extraídos de algu-
mas das instituições que mais tentaram se aproximar dos conceitos de Regula-
ção preconizados pelos SUS.
| P á g i n a 52
Secretaria de Saúde do Paraná – Estrutura da Regulação, Gestão de Siste-
mas e Atenção Primária
1.7. A observação das soluções adotadas pelas referidas Secretarias permite extra-
ir duas conclusões de grande importância para a construção do Referencial
para a Gestão da Regulação da SESA
a) As estruturas adotadas pelas Secretarias para a Gestão da Regulação e
para a Gestão da Atenção à Saúde (ou dos Sistemas e Ações de Saúde),
embora possam divergir nos detalhes, estão abrigadas em uma mesma
macro-estrutura26. Colocar as duas estruturas sob um mesmo comando
constitui um indicador significativo da forte interação entre ambas as fun-
ções e, portanto, da necessidade de uma coordenação comum;
b) Embora colocada sob a mesma macro-estrutura, as funções de Gestão da
Regulação e de Gestão dos Sistemas e Ações de Saúde, em todas as Se-
cretarias analisadas, possuem estruturas próprias e diferenciadas, evitan-
do assim superposições e indefinições de competências, com conseqüên-
cias negativas bastante conhecidas.
26
É igualmente o caso da SESA-ES com a Subsecretaria de Regulação e de Atenção à Saúde, como se analisará
mais adiante.
27
Inclusive da própria SESA-ES
| P á g i n a 53
1.9. Em função das premissas acima mencionadas, o Referencial para a Gestão da
Regulação e da Atenção à Saúde contém as atividades básicas indicadas na
tabela seguinte:
| P á g i n a 54
2. Situação Atual da SESA na Gestão da Regulação e da Atenção à
Saúde
| P á g i n a 55
Estrutura da Gestão da Regulação na SESA
| P á g i n a 56
d) Dificuldades do Núcleo de Sistemas de Informações Assistenciais para atender
adequadamente seus usuários, como destacaram alguns entrevistados:
• Insuficiências nos sistemas de informação existentes;
f) Todavia, a situação mais crítica diz respeito à Gestão da Atenção à Saúde (ou
gestão dos sistemas e ações de saúde) que, embora conste da denominação
da Subsecretaria, não é exercida, pelo menos na perspectiva do Referencial
proposto (item 1.9), uma vez que inexistem espaços formais claros para o de-
senvolvimento das seguintes atividades básicas:
• Formulação e monitoramento de políticas e estratégias para a atenção
à saúde, em seus diferentes níveis de complexidade e especializações;
• Formulação e monitoramento de indicadores e metas para o desempe-
nho e eficiência operacional e financeira dos sistemas e ações da aten-
ção à saúde;
• Coordenação e articulação de programas, ações e agentes da atenção
primária;
• Coordenação, implantação e apoio relativos às políticas e ações de sa-
úde para segmentos especiais;
• Sistemas de informação gerenciais para o monitoramento e a avaliação
do desempenho e eficiência operacional e financeira dos sistemas, re-
des e ações de saúde.
| P á g i n a 57
2.3. Dessa forma, a grande deficiência estrutural referente à Gestão da Regulação
e da Atenção a Saúde da SESA-ES consiste, justamente, na ausência quase
completa de funções e unidades organizacionais associadas à Gestão da A-
tenção à Saúde, fato já percebido por alguns entrevistados:
“Mais que reguladora, a SESA deve ser gestora de sistema: a regulação não é a
gestão em si, mas uma ferramenta para a gestão. A SESA precisa melhorar a
capacidade gestora de suas atribuições.”
“Não cabe à GERA dizer o modo como o hospital deve funcionar, mas dizer que
quero tantos hospitais, de alta complexidade em tais região e monitorar a sua
instalação.”
2.4. Outra deficiência apontada por alguns entrevistados consiste na falta de nitidez
entre regulação e assistência, aliada às dificuldades para promover sua sepa-
ração, tanto no nível central, quanto regional:
“Na SR (...) só tenho uma pessoa na Gerência de Regulação, que não consegue
desempenhar todos os papéis de regulação como deveria, ficando refém das ur-
gências ligadas à prestação de serviços.”
| P á g i n a 58
2.5. Além das causas e deficiências estruturais, os entrevistados apontaram outros
fatores prejudiciais à Gestão da Regulação e da Atenção à Saúde, tais como
a) Ausência de uma cultura ou tradição em regulação:
2.7. Por sua vez, a implantação das redes constitui uma iniciativa com fortes reper-
cussões e implicações em todo o funcionamento da Secretaria. De fato, trata-
se de um projeto através do qual o processo de descentralização-
regionalização da SESA é concretizado, com fortes reflexos não apenas nas
áreas de prestação de serviços e ações, mas também nas atividades de provi-
são de meios e de desenvolvimento de recursos humanos e tecnológico.
| P á g i n a 59
2.8. Todavia, o que se percebe é um processo de implantação que apresenta um
conjunto de insuficiências e desarticulações, cujas causas básicas são as se-
guintes:
a) Ausência de estratégias e prioridades completas e de longo prazo de im-
plantação das redes, capazes de promover sua integração com as inicia-
tivas de descentralização-regionalização dos serviços e ações de saúde e
orientar a alocação e o desenvolvimento de recursos das unidades meio;
b) Inexistência de espaço organizacional e processo sistemático que integre
todas as principais instâncias e áreas interessadas e envolvidas, em rela-
ção ao planejamento e monitoramento da implantação das redes de aten-
ção à saúde e dos insumos estratégicos e apoios logísticos e tecnológi-
cos requeridos.
3.3. Evidentemente, as medidas propostas a seguir (da mesma forma que grande
parte da análise da situação atual, objeto do item 2 deste capítulo) tomaram
por base o mencionado Referencial Básico. Dessa forma, alterações substan-
ciais nas premissas e composição do Referencial implicariam, por si mesmo,
na necessidade de revisão das análises anteriores e das proposições apresen-
tadas a seguir.
| P á g i n a 60
a) Focalização do Núcleo de Normalização no estabelecimento e monitora-
mento de normas, regulamentos e critérios para o acesso, organização,
processos, procedimentos técnicos e padrões para os sistemas e ações de
saúde, retirando-o das funções de implantação de redes e de prestação de
assistência;
b) Redimensionamento e fortalecimento das competências gerenciais, técni-
cas e tecnológicas do Núcleo de Programação Assistencial e Contratualiza-
ção, com a transferência da sua atribuição de “controle e avaliação dos sis-
temas de saúde do Estado”;
c) Redimensionamento e fortalecimento das competências gerenciais, técni-
cas e tecnológicas do Núcleo de Informação Assistencial, com ênfase na
implantação, modernização e integração dos sistemas de informações as-
sistenciais;
d) Criação e implantação de espaços organizacionais na Subsecretaria para o
desenvolvimento e os exercícios das funções específicas de Gestão da A-
tenção Á Saúde, com especial ênfase nos seguintes pontos:
28
Um ponto a ser discutido é se a formulação e monitoramento das políticas e estratégias da assistência hospitalar-
ambulatorial de alta complexidade ficam sob a coordenação da Subsecretaria de Regulação e Atenção à Saúde ou à
Subsecretaria de Assistência Hospitalar, como discutido no capítulo correspondente.
| P á g i n a 61
3.4. A segunda medida consiste na criação e implantação de uma função ou unida-
de organizacional voltada para a economia e custos da saúde, alocada de pre-
ferência na Subsecretaria de Regulação e Atenção à Saúde, como fator fun-
damental para o planejamento, monitoramento e avaliação dos sistemas, redes
e ações de saúde, tendo como objetivos:
d) Orientação dos projetos e iniciativas das áreas meio da SESA para apoio
às estratégias e iniciativas de implantação das redes de atenção à saúde;
29
Esta medida foi objeto das recomendações inseridas no relatório “Ajustamento no Modelo de Organização e Gestão
Estratégica e Tática da SESA – Diagnóstico do SUS-ES”, julho 2008.
| P á g i n a 62
e) Fortalecimento das instâncias regionais de pactuação e de apoio técnico,
inclusive e principalmente suas próprias Superintendências Regionais,
tendo em vista a coordenação e o apoio à implantação das redes nas
respectivas macrorregiões.
| P á g i n a 63
Capítulo V.
A Gestão da Assistência Hospitalar e Ambulatorial
1.1.2. Portanto, não resta dúvida de que à Secretaria Estadual de Saúde competem
formalmente a gestão e a execução, exclusiva ou complementarmente aos muni-
cípios, de um conjunto amplo e diversificado de serviços e ações de saúde.
1.1.3. Todavia, existe uma orientação estratégica, preconizada para todo o SUS, de
que as Secretarias Estaduais de Saúde deveriam se retirar da execução de ser-
viços e ações de saúde, concentrando sua atuação no papel de Gestora do Sis-
tema de Saúde. Acontece que a Prestação de Serviços, ao lado da Regulação e
| P á g i n a 64
Financiamento, constituem as funções básicas30 da Gestora do Sistema, o que
gera certa ambigüidade.
1.1.8. Todavia, é irrealista pretender que isso ocorrerá a curto ou médio prazo, por duas
razões básicas. Primeiro, pode ser conveniente e estratégico que a SESA man-
tenha sob sua responsabilidade direta algumas tarefas executivas, principalmen-
te as que envolvam complexidade elevada. Segundo, dificilmente os pequenos e
médios municípios deterão condições e competências gerenciais e técnicas para
a execução de determinados serviços e ações, mesmo que sejam formalmente
de sua alçada.
30
Ou papeis institucionais, como no caso da SESA-ES (Lei Complementar 317/2004, art. 11)
| P á g i n a 65
1.1.9. Conseqüentemente, a SESA deve igualmente desenvolver e manter competên-
cias para a gestão e execução de serviços e ações efetivas, eficazes, eficientes
e de qualidade.
1.2.1. Com base no Quadro Geral da Prestação de e Ações de Saúde, descrito no item
anterior, pode-se deduzir que os objetos da atuação da SESA, especificamente
quanto à prestação de serviços de assistência hospitalar-ambulatorial são os se-
guintes:
a) o conjunto da rede hospitalar-ambulatorial no estado do Espírito Santo;
b) a rede hospitalar-ambulatorial própria, compreendendo:
1.2.3. Com base em uma perspectiva sistêmica, o REFERENCIAL BÁSICO a ser ado-
tado para a função Prestação de Serviços Hospitalares e Ambulatoriais da
SESA-ES deveria contemplar o seguinte conjunto de atribuições, segundo cada
um dos objetos de atuação anteriormente indicados:
31
Assim, a SESA-MG transfere formalmente todas as responsabilidades pelos serviços hospitalares para a Fundação
Hospitalar do Estado de Minas Gerais, cuja finalidade tem como foco “prestar serviços de saúde e de assistência
médico-hospitalar” por meio da sua rede própria. Na SESA-PR, a estrutura contempla apenas o Departamento de
Gerência de Unidades Próprias, cuja função é a coordenação, entre outros, dos Hospitais da Rede Própria. Já a
SESA-SC dispõe de uma Diretoria de Assuntos Hospitalares voltada exclusivamente para a coordenação, o desen-
volvimento, os custos operacionais e os serviços técnicos das unidades assistenciais próprias.
| P á g i n a 66
Referencial para a Função Prestação de Serviços Hospitalares e Ambulatoriais da
SESA - Atividades Básicas
| P á g i n a 67
2. Situação Atual da SESA na Prestação da Assistência Hospitalar e
Ambulatorial
2.1. Até o ano de 2007, a gestão e o funcionamento das unidades hospitalares pú-
blicas do Estado estavam sob a responsabilidade do Instituto Estadual de Saú-
de Pública-IESP, autarquia de direito público interno, criado em 09/09/1967,
com a finalidade de “formulação e elaboração do planejamento, da organiza-
ção, da coordenação, da execução e do controle da prestação de serviços das
unidades próprias do Estado pertencentes ao SES”.
2.3. Para isso, o IESP dispunha de uma estrutura organizacional que, além dos ór-
gãos tradicionais de direção, assessoramento e gerência superiores, contem-
plava um nível de execução programática, composto das seguintes unidades:
a) Superintendência Central Administrativa e Financeira:
• Coordenação de Materiais e Patrimônio;
• Coordenação de Suprimento;
• Coordenação de Administração e Finanças.
| P á g i n a 68
b) Recursos Humanos:
• Coordenação de Cadastramento, Seleção e Promoção;
• Coordenação de Administração de Pessoal;
• Coordenação de Processo Administrativo Disciplinar.
c) Centros Regionais de Especialidades.
d) Hospitais, divididos em classes (A e B).
32
Lei 5.341, regulamentada através do Decreto I289-R
| P á g i n a 69
2.7. Para isso, a Subsecretaria é composta por duas Gerências (Serviços de Diag-
nóstico por Imagem e Laboratorial e Gestão Hospitalar) e pelo conjunto dos
hospitais públicos estaduais.
2.8. A Gerência de Serviços de Diagnóstico por Imagem e Laboratorial tem por fina-
lidade planejar, coordenar, supervisionar subsidiar e padronizar as atividades
de diagnóstico por imagem e laboratorial da rede hospitalar e ambulatorial do
Sistema Estadual de Saúde;
2.9. A Gerência de Gestão Hospitalar, composta pelo Colegiado de Dirigentes Hos-
pitalares e por Núcleos Regionais de Especialidades, tem por finalidade a co-
ordenação das ações de:
| P á g i n a 70
administração geral e de recursos humanos das unidades hospitalares
sob sua responsabilidade.
2.14. Gera-se assim um vácuo de coordenação dos meios e recursos para as uni-
dades, a menos que se pretenda que a Subsecretaria para Assuntos de Ad-
| P á g i n a 71
ministração e de Financiamento e a Gerência do Fundo Estadual de Saúde
assumam esta responsabilidade.
2.15. Por sua vez, as entrevistas realizadas junto a integrantes da SESA revelaram
uma série de problemas no desempenho, gestão e funcionamento da assis-
tência hospitalar, que em parte coincidem ou são decorrentes das deficiên-
cias apresentadas nos itens anteriores, mas destacam igualmente outros as-
pectos e fatores, como indicado a seguir:
33
Na ocasião das entrevistas a Secretaria de Assuntos de Gestão Hospitalar estava sem chefia
| P á g i n a 72
Opiniões dos Entrevistados (Continuação)
iii. Monitoramento
d) Recursos e insumos
i. Deficiências na gestão de recursos humanos para os hospitais
| P á g i n a 73
b) A formulação de políticas, planejamento e organização da rede hospita-
lar-ambulatorial (própria ou do Sistema Estadual de Saúde, dependen-
do da questão anterior) deveria ser uma atribuição da Subsecretaria ou
esta responsabilidade caberia à Subsecretaria de Regulação e Organi-
zação da Atenção à Saúde?34
c) São de responsabilidade da Subsecretaria as questões relativas a mo-
delos institucionais, organizacionais e de gestão das unidades hospita-
lares próprias ou se tratam de atribuições da Gerência de Planejamento
e Desenvolvimento Institucional?
d) A formulação, negociação e monitoramento de contratos de gestão (ou
“acordos de resultados”) são de responsabilidade da Subsecretaria ou
do Núcleo de Programação Assistencial e Contratualização35?
e) Cabe à Subsecretaria coordenar e articular, junto aos setores compe-
tentes da SESA, os insumos e apoios administrativos, financeiros, re-
cursos humanos e materiais, ou cada unidade hospitalar deve se rela-
cionar diretamente com as unidades meio da Secretaria?
34
Segundo a Lei Complementar 317/2004, cabe ao Núcleo de Normalização, integrante da Subsecretaria de Regula-
ção e Organização da Atenção à Saúde, “a organização, a coordenação, o acompanhamento e o controle das re-
des de atenção em saúde em nível primário, secundário e terciário”. Por outro lado, o Núcleo de Programação As-
sistencial e Contratualização tem como finalidade o “controle e avaliação dos sistemas de saúde no Estado”. Em
contraparte, a Lei Complementar 407/2007 estipula que à Subsecretaria de Gestão da Assistência Hospitalar com-
pete a “formulação e elaboração do planejamento, da organização, da coordenação, da execução e do controle da
prestação de serviços das unidades próprias do Estado, pertencente ao SES”. Embora seja tudo uma questão de
interpretação, não há dúvida de que, pelo menos no nível de política, planejamento e organização da rede hospita-
lar, persiste uma forte conexão entre as duas Subsecretarias mencionadas.
35
Pela Lei Complementar 317/2004, compete ao referido Núcleo “elaborar e monitorar os contratos que devem fixar
compromissos quantitativos e qualitativos avaliáveis por meio de indicadores e resultados.”
| P á g i n a 74
3.5. Como terceira medida, tem-se a definição, formulação e desenvolvimento de
novos modelos institucionais para as unidades hospitalares da rede própria
(fundação pública de direito privado, organização social, OSCIP, ONG etc.),
mais condizentes com a orientação para resultados, a autonomia gerencial e a
flexibilidade e agilidades operacionais – requisitos fundamentais para o ade-
quado atendimento à população. A etapa seguinte consiste na formalização le-
gal, negociação política e elaboração de estratégia de implantação dos novos
modelos, antes de passar ao processo de implantação.
3.7. A quinta e última medida diz respeito à capacitação gerencial tanto da Subse-
cretaria, quanto das unidades hospitalares próprias, principalmente tendo em
vista os novos modelos institucionais em vista. No entanto, embora imprescin-
dível, não basta desenvolver gerentes e promover sua capacitação – é funda-
mental a criação de mecanismos e incentivos ao desempenho gerencial e fun-
cional dos integrantes da Subsecretaria e de suas unidades hospitalares. Esta
medida, inclusive, constitui elemento essencial para o sucesso dos novos mo-
delos de organização orientada para resultados, pretendidos pela SESA.
3.8. Também neste caso é importante revisitar uma antiga solução instituída, pelo
menos formalmente, para estimular o desempenho funcional dos servidores da
saúde. Trata-se da mesma Lei 5341, anteriormente mencionada, que institui,
descreve e operacionaliza um conjunto de critérios, voltado para incentivar o
desempenho dos funcionários e atrelado a Acordos de Resultados firmados en-
tre a Secretaria e as unidades nas quais estão lotados.
| P á g i n a 75