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o Direito é separado da moral, sendo o seu problema a técnica social, e não um problema
prático. Para ele, a questão da moralidade deveria ser responsabilidade do campo político.
Hegel, em seu trabalho maciço, tratou o sistema jurídico de uma forma antiontológica, no
sentido de que é difícil apreender o objeto (o ordenamento jurídico) de uma maneira em que a
essência real não possa ser totalmente visualizada, nem mesmo de maneira cognoscível ao
procurar a realidade com a teoria do conhecimento.
Mark, tal como Hegel, também acreditava numa dificuldade de se apreender o objeto no
esquema sujeito-objeto no uso da dialética.
Lukács, por sua vez (e utilizando também a teorização marxiana), apostou na questão social
ligada a ontologia, criando a ontologia social. Para ele, o objeto (que seria o ontológico) tem
suas formas-de-ser/Daseinform, sendo assim determinadamente existentes. O ente/sujeito
como ser humano continua a ser o único capaz de pensar e, por isso, autorreferente no sentido
de sua existência. Porém, ao relatar que o ente é parte integrante do objeto, percebeu-se que
esse objeto também poderia ser chamado de ente. Afinal, ambos ser humano e Direito se
relacionam, em sociedade, efetiva e ontologicamente inseparáveis.
Nesse sentido, a consciência não é um mero epifenômeno, possuindo uma função ativa na
constituição da objetividade (Gegenständlichkeit), havendo uma necessária inserção das
formações ideais na conformação da sociabilidade de uma determinada época. E, neste sentido
específico, concordamos com Lukács quanto diz em seu A destruição da razão que “não há
nenhuma ideologia inocente”. Para uma posição materialista, como a que adotam Marx e
Lukács, o Ser (Sein) tem uma efetividade (Wirklichkeit) que é, até certo ponto, autônoma frente
ao sujeito, ao mesmo tempo em que, sob certos aspectos, esta última não é senão fruto da
atividade consciente, uma atividade social e realizada em meio a condições objetivas e materiais
de existência. Portanto, mesmo ao se tratar de temas, por vezes, áridos como aqueles da teoria
do Direito, só tendo em vista as condições concretas já efetivas - e a base real da sociedade - é
possível analisar com o devido cuidado determinadas formações ideológicas, como a jurídica,
indissociáveis da práxis social.
Para Kelsen, o tratamento científico da teoria do Direito estaria restrito à descrição do fenômeno
jurídico, em verdade do “Direito positivo em geral”, sendo o objeto desta a compreensão de um
específico dever-ser (Sollen) conformado nas normas jurídicas.
“Normas jurídicas gerais, cujo conteúdo corresponde aos princípios da Moral, Política ou
Costume, podem ser produzidas não somente pela via legislativa como também por via de um
Costume constituído pela permanente judicatura dos tribunais.” Teoria Geral das Normas, Hans
Kelsen.
Kelsen, assim, aproxima-se de uma posição realista segundo a qual “tal pessoa diz: ‘sou contra
essa regra porque ela é injusta’. O que deveria dizer é: ‘esta regra é injusta porque sou contra
ela.