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Edgard Carone * Roberto C.

Simonsen e sua Obra


Roberto Cochrane Simonsen, ou Companhia City - Simonsen
Roberto C. Simonsen, como instala a Companhia Santista de
gostava de assinar, nasceu em Habitações Econômicas, que
Santos a 18 de fevereiro de funda o bairro modelar de Vila
1889 e morreu no Rio de Janeiro, Belmiro e um outro, de mais
a 25 de maio de 1948. Filho luxo, próximo ao Hotel Parque
de Sidney Martin Simonsen e Balneário; no entanto, a cons-
Robertina Cochrane Simonsen, trução de casas populares
estudou no Colégio Tarquínio fica paralisada devido à crise
Silva (Santos) e colégio Anglo- de 1920.
Brasileiro (São Paulo), ingressan- Sua atividade como engenheiro
do com 15 anos na Escola civil atinge o ápice com a
Politécnica de São Paulo. construção de quartéis, sirnul-
Em 1910 forma-se engenheiro, tâneamente em 26 cidades e
indo trabalhar na Sothern Bra- nove estados. A encomenda foi
zilian Railway e, depois, na de Pandiá Calógeras, Minis-
Prefeitura de Santos. Em 1912 tro da Guerra do govêrno de
funda, com diversos compa- Epitácio Pessoa. As obras se
nheiros, a Companhia Cons- iniciaram em 1920 (ver porme-
trutora de Santos (1912-1940), nores e informações em A
firma pioneira, cujos planejamen- construção dos quartéis para o
tos urbanísticos deram feição Exército).
moderna à cidade; numa época
em que as construções eram Também as atividades industriais
feitas emplricamente pelos em- o preocupam: em 1912 já fun-
preiteiros, a companhia executa dara a Companhia Frigorífica
projetos técnicos e arquitetô- de Santos (que dura até 1919)
nicos modernos; pavimenta e, logo depois torna-se presi-
parte da cidade e constrói dente da Companhia Frigorífica
armazéns e bancos, a Bôlsa de e Pastoril de Barretos (1919-24).
Café e a Associação Comercial, t eleito diretor da Companhia
a Base da Aviação Naval, etc. Nacional de Artefatos de
Para cuidar espec1ficamente
da construção de casas - * Professor do Departamento de Ciências
o pioneirismo na capital paulista Sociais da Escola de Administração
Emprêsas de São Paulo, da Fundação
de

cabe aos inglêses, com a Getúlio Vargas.

Rio de Janeiro, 11(4) :23-28, out./dez. 1971


R. Adm. Emp.,
Cobre (1926-28),presidente da dois momentos básicos: antes vindicações momentâneas,
Companhia Nacional de Borra- e depois de 1930. A divisão dentro de um caráter imediatista.
cha (1926-27)e presidente se justifica porque no primeiro Apesar de básicas, sua com-
do Sindicato Nacional de período seus trabalhos se rela- preensão se limita ao tempo.
Combustíveis Líquidos (1923-28). cionam mais com problemas A restrição ou limitação torna-
Nessa época lidera a cisão específicos de sua profissão: se, então, o traço caracterlstíco
da Associação Comercial e a Prefeitura de Santos, o calça- do que poderíamos chamar
torna-se um dos fundadores do mento em São Paulo, a carne de primeiro momento ou fase
Centro das Indústrias do e pastagens no Brasil, missão do pensamento industrial
Estado de São Paulo (1928). à Inglaterra, a função dos brasileiro.
Enquanto se dedica às atividades homens de negócio, etc. Algu-
de construtor e industrial, mas questões teóricas já Roberto Simonsen representa um
outra tarefa o absorve, a do co- aparecem expostas em O tra- momento diferente. !:: verdade
mércio do café. Prosseguindo balho moderno ou no discurso que êle tem atrás de si um
a tradição de famflia - como de inauguração do Centro das número considerável de pen-
no caso de seu parente, o Indústrias do Estado de São sadores, que o antecedem e o
engenheiro Inácio Wallace da Paulo, mas o que predomina são ajudam a questionar o problema
Gama Cochrane - torna-se problemas imediatistas, preâm- industrial nascente.
sócio da Casa Comissária bulo à obra que irá realizar
Murray Simonsen Co., que du- na segunda fase. Mas, devido à sua visão mais
rante o govêrno de Washington larga, o que o preocupa é a
Luís representou os banqueiros ~ a partir de 1930 que teremos resolução não só dos problemas
inglêses Lazard Brothers, um reflexões mais profundas e cotidianos da indústria, mas a
dos financiadores do Insti- completas, nas quais o conhe- superação de obstáculos ine-
tuto Paulista de Defesa do Café. cimento prático - ou imediatis- rentes à nossa industrialização.
ta - alia-se ao conhecimento A racionalidade do trabalho
A sua ação se multiplica após histórico. A série de ensaios e a idéia do planejamento da
a revolução de 1930: participa publicados mostra a curiosidade economia são os dois pontos-
ativamente da mobilização in- múltipla de Simonsen chaves de sua contribuição,
dustrial paulista durante a pelos problemas brasileiros, elementos fundamentais de seu
revolta de 1932;é eleito deputado encarados de maneira global e pensamento, que fogem total-
pela Assembléia Nacional não mais particular. mente à tradição da fase
Constituinte (1934) e exerce o
anterior. ~stes elementos mar-
cargo até 1937. !:: presidente ~stes aspectos aparecem nas carão intelectualmente a pre-
do Instituto de Engenharia de diversas partes de seus livros. sença da nova elite industrial
São Paulo (1933-34)e da
Não podemos esquecer que esta brasileira, da qual Simonsen é o
Confederação Industrial do
é a razão maior do interêsse maior expoente.
Brasil (1935-36). Sua ação dire- de sua obra. !:: que, para Si-
tora alia-se às novas iniciativas, monsen, conhecimento histórico !:: verdade que a racionalização
como a fundação da Cerâmica é também análise dos fatôres do trabalho é posta em prática
São Caetano e da Companhia geográficos e demográficos, durante sua gestão na Com-
Imobiliária Nacional. econômicos e financeiros, de panhia Construtora de Santos;
Durante o Estado Nôvo per- problemas sociais, etc., fato e que o planejamento da eco-
tence ao Conselho de Expansão que torna sua contribuição gran- nomia só se realiza no Estado
Econômica do Estado de São demente superior à da maior Nôvo. No entanto, estas medidas
Paulo (1938-41), ao Conselho parte dos nossos teóricos ante- são preconizadas por Simonsen
Nacional de Política Indus- riores do pensamento desde 1930,e concretizam-se
trial e Comercial, ao Centro das industrial. E é esta soma que na fundação do IDORT e na
Indústrias do Estado de marca sua contribuição, tor- tentativa de ampliação das ati-
São Paulo, etc. nando-a fundamental e per- vidades do Instituto de Pesquisas
Após 1945,combate tenazmente manente. Tecnológicas. Por outro lado,
o comunismo, idealizando as as dificuldades da 11 Guerra
criações do SENAI e SESI, As obras de Antônio Felício dos Mundial levam o govêrno a
órgãos ligados à Federação das Santos, Amaro Cavalcanti, intensificar sua política de in-
Indústrias e destinados a me- Américo Werneck, Jorge tervenção na economia -
lhorarem as condições técnicas Street, etc. são essenciais para Instituto Brasileiro de Café,
e humanas dos operários. o conhecimento da problemá- Instituto do Açúcar e do Alcool,
Como senador - eleito em tica industrial entre 1880 e Volta Redonda - criando,
1946 - apóia a cassação dos 1930. Elas levantam questões afinal, a Comissão de Planeja-
mandatos comunistas em 1947. cruciais do nascente industria- mento Econômico, Conselho Na-
lismo brasileiro, como as de cional de Política Industrial e
Sua atividade prática sempre mercado interno, tarifas, câmbio, Comercial, etc. Assim, a teoria
foi acompanhada de reflexões imperialismo, etc. A maior e a prática do planejamento
teóricas. Grosso modo pode- parte desta contribuição limita- e a racionalização encontram
ríamos dividir a sua obra em se, porém, à análise de rei- um modus vivendi, resultado da
24 Revista de Administração de Emprêsa8
colaboração entre o particular mada de posição consciente das resultem da formação
e o governamental, para a so- a favor do progresso de sua de novas riquezas e não de um
lução de nosso impasse classe e dos interêsses brasilei- simples fogo de substituição
econômico. ros. Desde os seus primeiros es- de mercados. {O grifo é do autor}
critos, êle rebate as afirmações ( ... ) Do que precisamos, pre-
Preocupado com a difusão de de que a indústria é artificial e c1puamente, é de procurar
suas idéias, Roberto C. Si- que importa a maior parte obter a cooperação econômica,
monsen editou êle próprio tôda de sua matéria-prima do estran- de forma a elevar, substan-
a sua obra. Com exceção da geiro, o que oneraria o seu cialmente, as rendas nacionais
História econômica do Brasil, preço; que existiriam conflitos dos dois países." 1
sua produção teve divulga- permanentes entre a agricultu- A tecnologia e a planificação
ção restrita, o que limita o seu ra e indústria, etc. Por sua aparecem-lhe como elementos
conhecimento. Seus escritos vez, aplaude as medidas ou si- de afirmação para um nôvo surto
tratam de diversos aspectos da tuações favoráveis ao desenvolvi- industrial, contrapondo-se a
economia, num aprofundamento mento industrial, como a tôdas as vicissitudes existen-
de temas determinados. politica do câmbio baixo tes. Esta consciência técnica
{câmbio vil, de Washington Luís), manifesta-se já no início de sua
Apesar de seu didatismo, o que ou o protecionismo gover- carreira. E, ao contrário dos
não se pode negar é o fato de namental, etc. teóricos do pensamento indus-
que seus estudos são mais Clara é também a sua posição trial da primeira fase, êle
completos do que a maioria dos em relação ao imperialismo. . sublinha não só os limites do
trabalhos contemporâneos. Simonsen não é contra os capi- seu objetivo, mas indica o cami-
Além de uma boa biblioteca ge- tais externos, mas compreende nho da sobrevivência indus-
rai, que o mostra familiarizado que suas aplicações devem trial. A racionalidade do
com a história, Simonsen uti- ser feitas em benefício de ambos trabalho é corolário da raciona-
liza-se de fontes primárias, os participantes. Num mo- lidade da economia ou da
numa descrição eaprofunda- mento em que a influência eco- racionalidade tecnológica.
mento do processo de produção nômica americana substitui a Porém, a sua visão não é restri-
agrícola e comercial, que o européia, êle define clara- ta, o que o leva a sublinhar
dota de uma visão "marxista" mente o perigo da permanência nitidamente "que é baixo o nível
da história. do processo espoliativo capita- de vida do brasileiro e pouco
lista, preconizando novas elevada a renda nacional; que
Demonstra o mesmo cuidado fórmulas: "ora, a substituição o nosso aparelhamento econô-
quando se trata da indústria, dos artigos que habitualmente mico e, sobretudo, o nosso
procurando sempre encaminhar importávamos da Europa, por equipamento industrial é, em
os estudos para o conhecimento outros, de procedência norte- grande parte, insuficiente e anti-
dos seus fatôres determinan- americana, aumenta as cifras do quado; que a planificação
tes. ~ verdade que êle é um comércio exportador dêsse representa uma técnica econô-
determinista geográfico, posi- país, favorece, eventualmente, mica de melhoria da produção;
ção inicial que é esquemática o progresso econômico de que, no caso brasileiro, a pla-
e fàcilmente criticável. Mas a alguns de seus ramos industriais, ficação traduzirá, ainda, a re-
noção que dá dos diversos fatô- mas não concorre para o for- cuperação do tempo perdido;
res de desenvolvimento da talecimento da economia do que a planificação econômica na-
indústria - imigração, merca- Brasil. Os acôrdos de comércio cional deve abranger o trato
do interno, eletricidade, política ajustados sob essa inspiração dos problemas industriais, agrí-
tarifária, inflação, acúmulo não oferecem a segurança de colas e comerciais, bem como
de capitais agrícolas - e da uma larga, permanente e recípro- o dos sociais e econômicos, de
importância da cultura do café, ca interpenetração de ativi- ordem geral; que a observação
como fator primeiro e deter- dades produtoras e de consumo, do processo econômico inter-
minante para o processo in- segurança que deveria cons- nacional, no período anterior à
dustrial, torna-o um pioneiro. tituir o seu principal objeti- guerra, demonstrou, dentro
vo { ... }. Só existe um meio do ritmo normal da evolução
A falta de trabalhos posteriores seguro de aumentar, em caráter social e econômica, não ser
sôbre a matéria leva-nos, ainda, estável e de forma absoluta, possível para a maioria das na-
a utilizar o seu esquema, que as trocas de produtos entre ções, empobrecidas por falta
é aproveitado por quase todos os as nossas nações, com proveito de recursos naturais, baixa pro-
que fazem estudos a respeito real para ambas e com benefícios dutividade das populações,
de história industrial e eco- reflexos sôbre o comércio ambiente geográfico e outras
nômica. internacional em geral. ~ o que causas, alcançar, ràpidamente,
promana do fortalecimento um nível de renda nacional
Se o historiador é objetivo, o in- econômico dos nossos países, que lhes permita assegurar um
dustrial é nacionalista e cons- pela maior utilização e lntellgen-: padrão de vida conveniente". 2
ciente dos problemas de sua te desenvolvimento de seus 1 Simonsen, R. C. Elos da indústria.
época. Nacionalismo não recursos, de tal sorte que p, 14-19.
• Congresso Brasileiro da indústria. v. I,
significa aqui xenofobia, mas to- as correntes de negócios cria- p. 182-83.

Roberto C. Simonsen e sua obra 25


A perspectiva histórica também sôbre nossa produção agrícola predominam, como artigo de
é fundamental para seus es- e extrativa. exportação, os chamados produ-
tudos agrícolas. O que êle tos coloniais, promove-se, de
acentua é a idéia de que, sem ~ nos textos escritos durante fato, a troca de produtos fra-
uma visão passada, é impossível a 11Guerra Mundial, momento camente remunerados, por outros
superar os entraves presentes. crucial de um impasse econômi- altamente recompensados.
Daí o seu interêsse pelos co, que encontramos melhor Mesmo que se equilibrem, em
problemas gerais agrícolas, que desenvolvido o seu pensamen- valor monetário, os balanços de
transparece vivamente na to. Simonsen, em 1943, mostra comércio e de pagamentos
História econômica do Brasil que o ritmo do progresso entre essas nações, o inter-
(1500-1820). Em grande parte brasileiro, num aparente mo- câmbio realizado favorece, sem
pioneira, sua análise abrange a mento de prosperidade, é dúvida, o país mais industria-
economia da época e descre- ilusório, pois não dispomos de lizado. Em verdade, tais trata-
ve o seu processo dialético. "combustíveis, de indústrias bá- dos de comércio deveriam ser
sicas, de máquinas, capitais e completados por entendimentos
O mesmo se dá nos ensaios técnicos em número suficiente em que o país que coloca, em
sôbre o café, algodão, etc. O his- para levarmos a mobilização troca de produtos primários,
toriador aparece identificado industrial a um nível capaz de artigos densamente remunera-
com o geógrafo, o pesquisador assegurar um volume de pro- dos se obrigasse a uma coope-
social, etc. No ensaio Aspectos dução, na mesma escala da in- ração compensadora, de ordem
da história econômica do café, glêsas ou norte-americana". técnica e econômica, ao ex-
as condições naturais, a mão-de- Por sua vez, afirma lucidamente portador de produtos primários".
obra, o problema do custo, que o "saldo de dívidas estran- "Podemos considerar que, na
a questão do transporte, as vi- geiras de que dispomos re- ordem internacional, há uma
cissitudes do valor, a questão presenta a diferença dos valôres diferenciação hierárquica entre
portuária e das condições do exportados, em relação ao que as nações, a qual corresponde
mercado externo surgem cons- pudemos importar, o que, aliás, à estrutura e ao papel desempe-
tantemente como elementos não correspondeu às nossas nhado pela economia de cada
intrlnsecamente ligados. ~ necessidades efetivas. No ter- uma delas nas relações in-
esta visão que permitirá que êle reno da relatividade nos empo- ternacionais".
levante questões ou aplauda brecemos, de fato,
medidas. No entanto, quando comparativamente com os índi- Assim, seu pensamento sôbre
persiste a crise cafeeira após ces de enriquecimento das o impasse da economia atual
1930 seu realismo traduz-se na potências democráticas" demonstra uma visão
prec~nização de medidas drásti- (Alguns aspectos da polftica realista, mas uma solução
cas, quando pede o término da econômica mais conveniente ao utópica. Quando trata do pro-
política da queim~ do .café, Brasil no perfodo do após- blema social ou da relevância
pois o seu custo Implica em guerra). A conclusão é de que das camadas dirigentes brasilei-
grandes gastos e desvio de houve, simplesmente, diminuição ras, sua posição é a de um
mão-de-obra necessária a outras do volume de materiais e ma- tradicionalista. Num país de
atividades. A mesma política térias-primas exportadas e passado paternalista e autoritá-
é seguida quando afirma a aumento de exportação de alguns rio, onde as classes dirigentes
necessidade de um sistema artigos básicos aos países em sempre foram pequena mino-
cadrastal, que permita o levan- conflagração, e acompanhados ria, seria natural a permanência
tamento da realidade cafeeira de um aumento de seus preços. ou a transposição de seus ideais
entre nós. a fórmulas novas. Um exemplo
Mais contundente é a posição característico é a maneira com
Os textos mais incisivos e cla- exposta num de seus últimos que foi tratada a classe ope-
rividentes aparecem na parte que trabalhos. Em Direito interna- rária: no momento de sua as-
denominamos Questões econô- cional social, sublinha que censão - principalmente a
micas. Na sua análise, surge "não quisemos ou não pudemos partir do início do século - as
compreender, até hoje, que classes dirigentes tentam sufocar
claramente o problema da
tratados de reciprocidade, ba- suas reivindicações, adotam
limitação do nosso capitalismo seados na cláusula de nação tênues medidas em seu bene-
e de sua vassalagem ao capita- mais favorecida, contendo condi- fício ou criam fórmulas "ideoló-
lismo internacional. O autor ções jurídicas e teoricamente gicas" críticas sôbre os imi-
faz análise realista do problema, iguais para ambas as partes grantes e seus malefícios.
mas sua posição é somente contratantes, acarretam, de fato,
de inconformismo e não de sob o ponto de vista econômico, t::ste último aspecto tem sido
combate. A limitação é intrínse- uma progressiva vassalagem totalmente neglicenciado, o que
ca à nossa burguesia, que da nação menos aparelhada à nos impede de ter uma visão
sempre se identificou com os mais poderosa"; "quando se mais crítica do pensamento das
capitais externos e nunca se realizam tratados de comércio classes dirigentes. Não que
opôs às formas de sua aplicação entre uma nação fortemente faltem testemunhos ideológicos,
ou ao seu contrôle externo . industrializada e outra em que pois os jornais e outros meios

26 Revista ele AelministraçãoeleEmprêsas


de informação reproduzem cons- com a necessária flexibilidade sua direção. Possuindo esco-
tantemente a opinião dos in- permissiva de uma segura las superiores de incontestável
dustriais e fazendeiros sôbre a evolução econômica e social do valor, São Paulo precisa agora
"ingratidão" de uma classe povo" (o grifo é nosso). formar as suas elites, edu-
(imigrantes), que se beneficia cadas nas ciências sociais e no
das nossas riquezas e oportuni- A idéia de democracia limitativa conhecimento das verdadeiras
dades e, no entanto, levanta é própria de nossa formação condições em que evolui a
celeuma e questões sociais "ex- elitista, apesar das transfor- nossa sociedade, como meio de
temporâneas" ao Brasil. mações que a classe dirigente mais fàcilmente se aparelhar
e oligarca brasileira vem so- à conveniente escolha de seus
Simonsen é exemplo desta frendo historicamente. Não homens de govêrno." (Rumo
tendência. Para êle, os operá- se pode negar a grande contri- à verdade).
rios são "almas boas e simples" buição de um Simonsen, quando
que vêm ao Brasil por "neces- divulga e adota formas ra- Apesar de algumas limitações
sidades econômicas", ou cionais de trabalho (taylorismo, em seu pensamento, a obra de
pelo "sonho da fortuna", ou etc.), o ensino técnico e Roberto C. Simonsen permanece
à procura da "liberdade que sociológico, etc. Porém, há um pelo seu valor e interêsse
a Pátria recusava". Em com- limite entre concessão e direitos. básico. E seus estudos são
pensação, pensam em têrmos No entanto, as classes diri- marco de uma época, em grande
de "limitação da produção e de gentes sempre agiram em parte insuperados.
ilimitação de salários". Porém, têrmos de concessão, como so-
a epidemia da gripe espanhola luções políticas paliativas, o REFERtNCIAS
(1918) propiciou um movimento que as leva a encarar a desi- BIBLIOGRAFICAS:
de solidariedade entre as gualdade de classes, e até de
classes, que "deve sempre im- raças, como situação natural. Obras de Roberto C. Simonsen
perar entre os sêres humanos". A permanência dêsses valôres (em ordem cronológica).
Suas soluções paternalistas de classes é que permite a
logo são contraditas pelos fatos, Simonsen repetir, em 1940 - lhe meat & cattle industry of
o que o leva, mais tarde, a aplau- num brado saudosista - Brazil: its importance to
dir a luta contra a rebeldia que não se cultive "a ilusão de Anglo Brazilian Commerce.
operária, ser favorável à criação uma possível igualdade social London, Industrial Publicity
do Ministério do Trabalho, e material entre os homens. A Service, 1919.
à formulação hierarquia social, que se O trabalho moderno. São Paulo,
do salário mínimo e à estabelece em função da capa- Seção de obras do Estado, 1919.
tôda política trabalhista do cidade dos valôres individuais
Estado Nôvo. Após a redernocra- nunca poderá desaparecer, Orientação industrial brasileira.
tização de 1945, Simonsen em harmonia, aliás, com tudo (Discurso proferido na inau-
pensa em têrmos mais amplos quanto se observa na natureza". guração do Centro das Indús-
e preconiza a ação conjunta trias do Estado de São Paulo.)
do Estado e das classes patro- A esdrúxula permanência de São Paulo, Escolas Profis-
nais,' na luta contra o comunismo valôres do século XVIII é que sionais do Liceu Coração de
e as reivindicações revolucio- nos permite entender melhor Jesus, 1928.
nárias do operariado. Entretan- certas tentativas burguesas de
to, se o instrumento tornou-se afirmação intelectual. Quando As crises no Brasil: outubro de
mais amplo, a fórmula con- um Júlio de Mesquita Filho ou 1930. São Paulo, São Paulo
ciliatória permanece: "não há um Roberto C. Simonsen falam Editôra Ltda., s.d.
questão social - habitação, da necessidade de instalar
alimentação, educação, saúde e faculdades no Brasil, o que As finanças e a indústria.
outras - cuja solução exija pretendem é instrumentalizar, (Conferência realizada no Mac-
mais do que apenas boa vontade no sentido moderno, a velha elite kenzie College, em São Paulo,
e diligência por parte dos que brasileira. Em 1925,com A a 8 de abril de 1931.)São Paulo,
respondem pela preservação crise nacional, Júlio de Mesquita São Paulo Editôra Ltda., 1931.
do nosso patrimônio social anuncia seu intento. Oito anos
e histórico". Em 1947volta a depois, Simonsen diz que A construção dos quartéis
insistir na política "em tôrno de "a formação das elites deve para o Exército. São Paulo, 1931.
rumos definidos, à procura de pois constituir .uma das
A margem da profissão. São
um ideal comum". E, na hora preocupações primaciais das
Paulo, São Paulo Editôra Ltda.,
de preconizar o fechamento sociedades modernas. Qualquer
1932.
do Partido Comunista (1947), instituição social, qualquer es-
define democracia por "regime cola doutrinária que aspire a Rumo à verdade. (Discurso
político emanado direta e li- ser adotada, qualquer associa- oficial na fundação da Escola
vremente da vontade popular, ção industrial ou comercial Livre de Sociologia e Política de
orientando e solucionando para colimar seus objetivos, São Paulo, a 27 de maio de
problemas que decorrem das tôdas necessitam e exigem, cada 1933.) São Paulo, São Paulo
relações individuais e coletivas, vez mais, elementos de elite na Editôra Ltda., 1933.

Roberto c. Simonsen e sua obra 27


Ordem econômica, padrão de Elos da indústria. Quatro discur-
vida e algumas realidades brasi- sos pronunciados em junho
leiras. São Paulo, São Paulo de 1944. São Paulo, FIESP,
Editôra Ltda., 1934. 1944.

Aspectos da política econômica A planificação da economia


nacional. (Discurso pronun- brasileira. Parecer apresenta-
ciado na Câmara Federal dos dos ao Conselho Nacional de Po-
Deputados, em 11 de setembro lítica Industrial e Comercial,
de 1935.) São Paulo, Revista em 16 de agôsto de 1944. São
dos Tribunaes, 1935. Paulo, São Paulo Editôra S.A.,
1952.
História econômica do Brasil
1500-1820).3. ed. São Paulo, A engenharia e a indústria.
Nacional, 1957. (Biblioteca Pe- São Paulo, 1945.
dagógica Brasileira-Brasiliana, Roosevelt. Discurso pronun-
grande formato, v. 10.) ciado no Teatro Municipal, a
14-4-45,nas comemorações do
Possibilidades da expansão in- dia Pan-americano. São Paulo
dustrial brasileira. Parecer Edigraf, 1945. '
apresentado ao Conselho Federal
de Comércio Exterior. Rio de A indústria e seus problemas eco-
Janeiro, Jornal do Commercio, nômicos e sociais. Discursos
1937. pronunciados por ocasião da
solenidade de instalação
A indústria em face da eco- da 5.a Feira Nacional da Indús-
nomia nacional. São Paulo, Re- tria. São Paulo, FIESP, 1945.
vista dos Tribunaes, 1937.
O problema social no Brasil.
Saudação ao menor que traba- Discurso pronunciado a 25
lha: proferida ao microfone de julho de 1946,em São Paulo,
da P.R.B.6 Rádio Cruzeiro do Sul, na instalação do 1.0 Conselho
a 17 de outubro de 1939. Consultivo do SESI. São Paulo,
1947.
A evolução industrial do Brasil.
Memorandum preparado a As atividades do Serviço Social
convite do Conselho Federal de da Indústria no Estado de
Comércio Exterior, especial- São Paulo. Relatório apresen-
mente para a Missão Universi- tado ao Conselho Regional do
tária Norte-americana, em SESI, em 2 de maio de 1947. São
visita ao Brasil. São Paulo, Paulo, SESI, 1947.
Revista dos Tribunaes, 1939.
As classes produtoras do Brasil
Aspectos da história econômica e o Partido Comunista.
do café. Separata da Revista Discurso proferido na sessão
do dia 2 de junho de 1947, no
do Arquivo, São Paulo, n. 65,
Senado Federal. Rio de Janeiro,
1940. Imprensa Nacional, 1947.
Nfveis de vida e a economia Recepção de Roberto Simonsen
nacional. São Paulo, 1940. na Academia Brasileira de
Letras, em outubro de 1946:
As indústrias e as pesquisas discurso do recipiendário e res-
tecnológicas. Discurso profe- posta de José Carlos de Ma-
ferido na solenidade inaugural cedo Soares. São Paulo, 1947.
da IV Reunião da Associação de
Direito internacional social. Rio
Normas Técnicas realizada a
de Janeiro, 11 de maio de
13 de outubro de 1941,na sede 1948.
do Instituto de Engenharia
de São Paulo. São Paulo, O Plano Marshall e um nôvo

liVROS DA
FIESP, 1941. critério nas relações internacio-
nais. Conferência pronunciada
Ensaios sociais, polfticos e eco- no Clube Militar, no Rio de
nômicos. São Paulo, FIESP, Janeiro, a 28 de abril de 1948.
1943. Rio de Janeiro, 1949. Fundação Getúlio Vargas

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