Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
DOS
FRAGMENTOS
T*
SCHLEGEL
BIBLIOTECA PÓLE N
ILUMl^JRAS
Friedrich Schlegel
O DIALETO DOS
FRAGMENTOS
Tradução, apresentação e notas
Márcio Suzuki
da Universidade de São Paulo
ILUMtyÜRAS
Bib lio tec a Pólé n
Dirigida por Rubens Rodrigues Tor res Filho
Títulos srcinais:
Lyceums - Fragmente; Athenaums - Fragments; Ideen
Rev isão :
Ana Paula Cardoso
Composição:
Iluminuras
ISBN: 85-7321-057-5
1997
EDITORA ILUMINURAS LTDA.
Rua Oscar Freire, 1233
0142 6-0 01 - São P au lo-S P
Tel.: (011)3068-9433
Fax:(011)282-5317
SUMÁRIO
A GÊ NE SE DO FR AGMENTO.................................................. 11
Márcio Suzuki
Lyceum..............................................................................................19
Ath enäum.........................................................................................43
Idéia
N s............................................................................................... 167
otas............................................................................................... 143
APENDICÊS
absolutamente
de fragmentos,dar outro
porque échcintillon
eu mesmo [amostra] que um tal sistema
sou um”?
É sem dúvida um traço peculiar e surpreendente da filosofia
de Friedrich Schlegel que tente se firmar como um “caos de
fragmentos” exatamente num momento da história da filosofia
2) Esta c a tese de Claudio Ciancio em Friedrich Schlege l - Crisi delia filos ofia e rivelazione
(Milão, Mu rsia, 1984). Veja- se também , com uma pequena mudan ça de en foque, o
trabalho de Hinrich Knittermeyer em Schelling und die romantisc he Schule (Muni
que, Ernst Reinhardt, 1929).
12
mas tam bém o é pelo intuito d e respon der a uma questão decisiva
para os pensadores pós-kantianos, e que foi formulada de modo
bastante preciso pelo jovem Schelling: se a crítica, segundo suas
próprias palavras, é o sistema de todos os princípios da razão pura,
se é a idéia completa da filosofi a transcendental — e mbor a não a
própria filosofia transcendental3 — , então ela tem de acreditar
que o saber constitui um sistema ordenad o ou, em outras palavras,
que há uma form a da filosofia em geral.4 Para pode r dizer o que
disse, para pode r afirmar que esgotou todos os princípios sintéti cos
a priori, Kant certamente não precisa explicitar todo o conteúdo
da consciência, mas é necessário supor que conseguiu
circunscrever uma totalidade e, com isso, vislumbrar a
“protoforma” ( Urform) da f ilosofia ou a forma para toda e qualquer
forma sing ular de la. No entanto, o que justa me nte torna seu texto
“obscuro e difícil” é a ausência de um princípio a partir do qual
não somente se possa entender a presumida unidade e coerência
do saber, mas também como ocorre a “conexão necessária” daquela
form a srcinária da filosofia “ com todas as formas singulares dela
depe ndente s” — inclu indo, é cl aro, aquela sob a qual se apresenta
a própria crítica da razão pura.5
Se a Sfalta
segundo dong,
chelli princípio
leva os sistematizador
céticos Enesidemé aquilo que, eainda
o-Schulze Maim on
a questionar a solidez do sistema crítico e anima Reinhold e Ficht e
a tentar demonstrá-la, também se pode dizer que esse problema
está no centro das inquietações de Schlegel. Mas é certamente
indispensável
Ludovico, para
deve serque possa
pensada se manife
desde star. radical
sua srcem Se a poesia, comde o diz
a partir
um “protopoeta” — de um “proto-autor” ( Urheber) ou “proto-
escritor” (Urschriftsteller), de um “protótipo” ( Urbild ), de um
“poeta de todos os poetas” (Dichter aller Dichter) —, que dá
unidade e coesão a todas as suas particularizações, essa idéia, por
outro lado, não se dissocia de um fracionamento que lhe é
congenial? É dessa perspectiva que se pode entender o fragmento
24 do Athenaum: “Muitas obras dos antigos se tornaram
fragmentos. Muitas obras dos modernos já o são ao surgir”.
O modo c omo se articula a convers a entre o s amigos da p oesia
deixa então perc eber claramente que na verdade as falas de Amália
e Marcus não exprimem apenas duas opiniões contraditórias
excludentes, mas se combinam de uma maneira complementar.
As teses sobre a unidade e divisibilidade se contradizem e se
condicion am mutuamente, são os extremos entre os quai s oscila a
reflexão, segundo a operação que Fichte designou com o nom e de
8) Conversa sobre a poesia. In: KA, II, pp. 304-310; trad. bras., pp. 46-9. À página 306
(trad., p. 48), diz Marcus: “O csscncial são os fins determinados, a separação
[Absonderung] unicament e por meio da qua l a obra de arte ganha contorno e se tom a
perfeita e acabada em si mesma. A fantasia do poeta não deve se desfazer numa caótica
poesia genérica [chaoíisc/i e Überliauptpoesi e], mas cada obra deve ter, segundo a
forma e o gênero, um caráter inteiramente determinado”.
9) Ibidem, p. 305: trad. bras., p. 47.
15
alternância ou determinação recíproca. É, aliás, exatament e isso
que diz a versão abreviada da discussão, o fragmento 434 do
Athenäum: “Deve então a poesia ser pura e simplesm ente dividida?
Ou permanecer una e indivisível? Ou alternar [wechseln] entre
separação e vínculo?”
Essa mesma alternância entre termos opostos seria mais tarde
explicada po r Schleg el segundo um a antinomia própria ao eu finito:
“Se ao refletir não nos podemos negar que tudo está em nós, então
não podemos explicar o sentimento de limitação que nos
acompanha constantemente na vida senão quando admitimos que
somos somente um pedaço de nós mesmos ” .1 0 O indivíduo é como
que uma parte, um pedaço (Stück), fração, fratura ou fragmento
(Bruckstück)
tempo de si emes
o pressupõe mo,retornar
quer que se àdestaca
unidadedodo
todo, mas ao mesm
“proto-eu” ( o
Ur-
Ich)." É assim que, igualmente, quando estão trocando idéias,
Amália, Camila, Andrea, Antônio, Marcus, Ludovico e Lotário
efetuam, cada qual a seu modo, uma segmentação, uma divisão
(Einteilung) desse todo , mas somente compa rtilhando ( teilen mit)
suas visões parciais através da comunicação ( Mitteilung) podem
voltar a recompô-lo. Seria este, aliás, o objetivo declarado da
Conversa sobre a poesia: “confrontar visões completamente
diferentes, cada qual podendo mostrar, de seu ponto de vista, o
espírito infinito da poesia nu ma nova luz, e todos eles se esforç ando
mais ou menos, por um lado ou por outro, para penetrar no
verda deiro â mago” .12
A partir dessas indicações fica claro que a descoberta do
fragmento como forma é uma tentativa de solucionar problemas
de natureza filosófica, ainda que seja lícit o presu mir que com ele
já se pretende sair do âmbito de uma filosofia estritamente técnica
— e não é certamente um acaso que o romantismo venha ganhando
cada vez mais interesse no estudo das formas literária s. Se, como
se viu, é a própria atividade srcinária do eu que, pelo seu caráter
outra coisa
[da f ilos quecom
ofia] estabelecer
todas asa “conexão necessária
formas singul da protoforma
ares dela depend entes”
— embora já não se trate mais somente de filosofemas, mas
também de gêneros poéticos, em sua clássica pureza ou em suas
combinações mais srcinais. O romantismo pode ser es
quematicamente caracterizado como uma trajetória que
to m a por ponto de parti da a for ma primordial, s e desenvolve por
múltiplas formas particulares e busca novamente, pela combina ção
destas, a unidade da forma. Esse último movimento, que aliás,
como reconhece Schl egel, teria si do intuíd o por Schiller na div i
são dos gêneros da poesia sentimental (cujo início é sátira, o
percurso, elegia e o fim, idílio), foi admiravelmente reconstituído
por Walter Benjamin como uma passagem das form as-de-
exposição à idéia das for m as : das obras visíveis à obra invisível
ou idéia da arte.0
Resta perguntar, enfim, a que se deve a mudan ça de foco : p or
que o prob lema da forma da filosofia em geral se desloca para um
campo que se diria mai s literário ? Aqui Schlegel p arece mais uma
vez se inspirar diretamente em Fichte, quando este declara a
insuficiênc ia e provisor iedade do sis tema filosófico ao dizer , entre
tantas outras coisas, que “a forma sistemática não é o fim da
Márcio Suzuki
Lyceum
[1 ] Muitos daqueles a quem se cha ma de artistas são p ropria mente
obras de arte da natureza.
[2] Todo povo quer ver no palco apenas o padrão mediano de sua
própria superficialidade; seria preciso, portanto, entretê-lo com
heróis, música ou loucos.
[7] Meurado,
amanei ensem
aio prosa,
sobreàquilo
o estudo da poesinaa po
que é objetivo gregesia.
a4 éA um hino
comp leta
falta da indispensável ironia me parece o que nele há de pior; e o
melhor, a confiante suposição de que a poesia é infinitamente
valiosa, como se isso fosse uma coisa indiscutível.
[ 13] B odm er7 se comp raz em cha mar de homér ico qua lque r símile
que seja apenas longo . Do m esmo modo també m se ouve chamar
de aristofânico o chiste que, de clássico, tem somente o
desembaraço e a clareza.
[14] Também na poesia cada todo bem pode ser metade, e cada
metade pode no entanto ser propriamente todo.
[22] Uma única palavra analít ica, mesm o como elogio, pode apagar
imediatame nte o mais notável achado chistoso, cuja cha ma só iria
[27] Um crítico é um leitor que rumina. Por isso, deveria ter mais
de um e stô mago.13
23
[28] Sentido (p ara uma arte , ciência, um ho mem particular etc.) é
espírito dividido; autolimitação, resultado, portanto, de autocriação
e auto-aniquilamento.
[41 ] Em chiste e aleg ria social, pouc os livros são comp ará veis ao
romance Faublas ,26 É a champanhe do gênero.
oseguidores
condime dessa
nto damáxima,
reflexão.3
que1 no
Po entanto
r que Hippel não encontra mais
Kant aprovou?
crítica como
destruição desmembramento
da frui ção, pensasseme conseqüentem
todo desmembramento como
ente, então “Oh!”
seria o me lhor juíz o artístico sobre a obra de arte mais apreciáv el.
Também há críticos que , não dizendo nada além, o dizem apenas
mais demoradamente.
[63] Não são a arte e as obras que faz em o artista, mas o sentid o e
o entus iasmo e o im puls o.41
no máximo,
aquela esboços
trivialidade de fantasias;
artística no segundo
harmoniosamente caso, senamostra
cultivada, qual
os maior es críticos ingleses são tão clássicos. A marca característica
do primeiro gênero, do sentido negativo do espírito, é quando
alguém sempre tem de querer sem jam ais poder; sempre gosta d e
ouvir, sem jam ais escutar.
[78] Muitos dos romances mais notáveis são um compênd io, uma
encic lopé dia de toda a vida espiritual de um indivídu o genial; obras
que o sejam mesm o numa form a totalmente ou tra, como o Natã52,
ganham com isso um aspecto de romance. Todo homem que é
culto e se cultiva também contém um romance em seu interior.53
Não é, porém, necessário que o exteriorize e escreva.
[87] Uma vez que a poesia é infinitamente valiosa, não vejo por
que ainda deva ser meramente mais valiosa do que uma ou outra
coisa tam bém infinitamente valio sa. Artist a algum concebe a arte
de uma maneira excessivamente grandiosa, pois isso é impossív el,
mas há os que não são s uficientemente livres para se elevar acima
daquilo qu e há de mais alto.
[95] A trivialid ade ha rmoni osa pode ser muito útil ao filósofo com o
um claro farol para regiões ainda inavegadas da vida, arte ou
ciência. — Ele evitará o homem, o livro que alguém
harmoniosamente trivial admira e ama, e ao menos desconfiará
da opinião em que muitos dessa espécie firmemente acreditam.
[96] Um bom enigma deveria ser chistoso, senão nada sobra tão
logo se descubra a palavra; também não é sem atrativo se um
achado chistoso seja t ão enigmático a ponto de se querer decifrá-
lo, mas seu sentido tem de ser completamente claro, tão logo
encontrado.
34
[97] Sal na expres são é o picante, pulverizado. Há o sal gros so e o
fino.
[99] Aquele que não é ele m esmo inteiramente novo, jul ga o novo
como antigo; e o antigo se lhe torna cada vez mais novo, até que
[ 102] Que rer tudo jul gar é um gra nde erro ou um pequeno pecado.
[ 103] Muitas obras apreciadas pelo belo encad eamen to têm menos
unidade que uma diversificada porção de achados que, animados
apenas pe lo espírito de um espírito, apontam par a uma met a única.
Tais achados, no entanto, se vinculam por aquele convívio livre e
igual em que, conforme asseveram os sábios, também se
encontrarão os cidadãos do Estado perfeito; por aquele espírito
social incondicionado66 que, na presunção dos fidalgos, só se
encontra agora naquilo que tão estranha e quase puerilmente se
costuma chamar de alta sociedade. Em contrapartida, alguns
produtos, de cuja coesão ninguém duvida, não são, como bem
sabe o próprio artista , uma obra, mas apenas um ou muitos trechos,
massa, disposição. O impulso de unidade é , porém, tão poderoso
no homem, que freqüentemente , já durante a composição, o próprio
criador complem enta ao menos aquilo que não pode absolutamente
35
perfazer ou unificar; e freqüentemente o faz com grande riqueza
de sentido, mas de modo inteiramente antinatural. O pior nesse
caso é que tudo aquilo qu e, para dar uma aparência de totalidade,
se agrega às partes só lidas efetivamen te existentes geralme nte não
passa
eng dee guarnecid
anar remendososcoloridos. Se estes
com inteligência são pior.
, tanto bons,Então,
ornados para
de início
se enganará também o indivíduo privilegiado que tem sentido
profundo para o pouco de esmeradamente bom e belo que ainda
se encontra, parcimoniosamente aqui e ali, tanto nos escritos
quanto nas ações. Ele terá de chegar à justa sensação somente
mediante juízo! Por mais rápida que seja a disseca ção, o frescor
da primeira impressão já passo u.
algum comeoda
acreditam lidar com
qual essa constante
novamente autoparódia,
sempre na qual
desconfiam, sempre
até sentir
vertigens, tomando justamente o gracejo como seriedade, e a
seriedade como gracejo. A ironia de Lessing é instinto; em
Hemsterhuis é estudo clássico; a ironia de Hiilsen surge da filosofia
da filosofia e pode suplantar de longe a daqueles.72
[112]isso,
com O escritor analítico
faz seus observa
cálculos o leitor
e aciona suastalmáquinas
como é; para
de acordo
nele
produzir o efeito adequado. O escritor sintético constrói e cria
para si um leitor tal como deve ser; não o concebe parado e morto,
mas vivo e reagindo. Faz com que lhe surja, passo a passo, diante
dos olhos aquilo que inventou, ou o induz a que o invente por si
mesmo. Não que r produzir nenhum efeito determ inado sobre ele ,
mas com ele entra na sagrada relação da mais íntima sinfilosofia
ou simpoesia.74
[117] P oesia só pode ser criticada por poes ia. Um juíz o artístico
que não é ele mesm o um a obra de art e na matéria , com o exposição
da impressão necessária em seu de vir, ou mediante um a bela forma
e um tom liberal no espírito da antiga sátira romana, não tem
absolutamente direito de cidadania no reino da art e.
38
[118] Tudo o que pode ser banalizado já não era de início
equivocad o ou trivial ?
aqui:
tambémesse frio amantenão
é romântico, nada diz além
lírico. Mas de graciosas
mesmo generalidades;
que ainda houvesse
uma natureza tão conseqüentemente bela e clássica que pudesse
se mostrar nua, como Frine7* diante de todos os gregos, já não
haveria um público olímpico para tal espetáculo. E também se
tratava de Frine. Só cínicos amam no mercado público. Pode-se
ser cínico e grande poeta: o cão e os louros têm igual direito a
decorar o monumento de Horácio. Mas horaciano nem de longe
aind a é sáfico. Sáfico jam ais é c ínico .79
[ 123] É
sobre umaapresunçã
a arte partir da ofilosofia.*1É
irrefletida e im odesta
assim quequere r apren
procedem der algo
alguns,
como se esperassem experimentar algo novo aqui; a filosofia,
contudo, não pode nem deve poder fazer nada mais que tomar
ciência as experiências artísticas dadas e os conceitos artísticos
existentes, elevar e ampliar a visão artística com ajuda de uma
história da arte erudita e profunda, e produzi r, també m em relação
a esses objetos, aquela disposição lógic a que unifica liberalidade
e rigorismo absolut os.
[15] A filosofia também tem suas flores. São os pensamen tos dos
quais nunca se sabe se devem ser chamado s de belos ou chistosos .
[26] Uma vez que se tenha predileç ão pelo absoluto e não se possa
deixar disso, então não resta outra saída senão se contradizer
sempre e vincular extremos opostos. O princípio de contradição
está irrem ediavelmente perdido, e só se tem a escolha entre querer
se comportar passivamente diante disso ou querer enobrecer a
necessidade, elevando-a, pelo reconhecimento, a ação liv re.
[31 ] Par a tratar o comum, quando tam bém não se é comum , com
a força e leveza de que surge a graça, é preciso não achar nada
mais estranho que o comum, e ter sentido para o estranho, nele
buscando e pressentindo
que vive em muito.
esferas de todo Dessa
diversas maneira,
pode mesmodeum
satisfazer tal homem
modo
as naturezas costumeiras, que estas não o levam absolutam ente a
mal e não o consideram senão como aquilo que entre si chamam
de amável.
45
[1] S obre nenhu m objeto filosofam mais raram ente do que sobre
filosofia.3
[3] aKant
um introduziu
tentativa na filosofia
út il introduzir o conceito
agora do negativo.4
na filosofia também oNão seria
conceito
do positivo?
[7] Vocês sempr e desejam novos pensa mento s? Façam alg o novo,
e se poderá dizer algo novo a respeito. [A.W.]
[ 12] De mui to mon arca se disse : teria sido um hom em bem am ável
com o pessoa privada, só não servia para re i. Não ocorre p orventura
o mesm o com a Bíbl ia? Não é também apenas um amável livro de
uso privado, que só não deveria ser Bíblia?
desprezar
político eincondicionalmente
em afirmar corajotodo valor econômico
samente os direitosoudobrilho
arbítrio
autônomo: então o cristianismo outra coisa não poderia ser senão
cinismo universal.9
[ 18] Há escritores de mérito que, com ar dor juve nil, impulsio naram
a formação de seu povo, pretendendo, porém, fixá-la ali onde a
força os abandonou. Em vão: quem um dia se empenhou, tola ou
nobremente, para intervir na marcha do espírito humano, tem de
seguir com ela, ou não é nisso melhor do que um cão que, diante
do espeto, não quer avançar as patas. [A.W.]
[ 19] O meio mais seguro de ser ininteligível ou, antes, de ser mal
entendido, é quando se usam as palavras, especialmente as das
línguas antigas, em seu sentido srcinal.
[20] Duelos“’ obser va que há poucas obras no táveis que não são
da lavra de escritores de profissão. Há muito tempo ta l condição é
49
reconhecida com respeito na França. No passado, ser apenas
escr itor era , entre nós, menos qu e nada. Ainda hoje tal preconceito
dá sinais de vida aqui e al i, mas a força de exemplos respeitáveis
o enfraquece rá cada vez mais. Depe ndendo de como a exerçam, a
atividade
um ofício, literá
uma ria
arte,é uma
uma infâmi
ciênciaa,euuma
ma devassidão, um ganha- pão,
virtude. [A.W.]
[32] Dev e-se ter chiste, sem o qu ere r ter; senão surge z om baria 16,
estilo alexandrino no chiste.
[33] Mu ito mais difícil que fal ar bem é dar aos outros o ensej o de
falar bem.
[35] O cínico, na verdade , não deveria pos suir coisa alguma; pois
todas as coisas que um homem possui, o possuem de novo, num
certo sentido.
Portanto, se trata apenas de possuir as coisas como se a gente não
52
as possuísse. Ainda mais artificia l e cínico é, porém, não as possuir
com o se a gente as possuísse. [S.]19
[38] A paciência,
Chamfort, dissea religião
assim como S., está está
parapara
o a filosofia.
état d ’épigramme
[S.]20 de
respeitava infinitamente,
parte tivessem ficado nomas sempre
meio se queixa de que em toda
do caminho.27
[54] Pode-s e soment e vir a ser, não se r filósofo. Tão logo se acredita
sê-lo, se deixa de o vir a ser.
[56] Uma vez que agora a filosofia critica tudo o que lhe surge
pela frente, uma crítica da filosofia nada mais seria que uma justa
represália.32
renunciar
plenamentecompletam entepode
satisfeitos, a alguns de apreciar
ainda seus desejos, onde vê mesmo
severamente outro s
aquilo que é mais amado, aceita explicações quando necessário e
tem sentido para a história da arte.
operações ouentre
no contraste de uma física
forma experimental do espírito só pode residir
e matéria.38
[81] A maioria dos hom ens não conhece outra dignidade além da
representativa e, no entanto, só bem poucos têm sentido para o
58
valor repres entati vo. Mesmo aquilo que não é absolutamente nada
por si, será todavia uma contribuição para a caracterização de
algum gênero, e sob esse aspecto se poderia dizer: ninguém é
desinteressante.
[94] Todo grande filósofo ainda tem explicado, m uitas vezes sem
intenção, seus predecessores de tal modo que parece que, antes
dele, ningu ém os en tend eu.53
[96] Quem não filosofa por amor à filosofia, mas usa a filosofia
como meio, é um sofista.55
[102] As mulhere s não têm se ntido para a arte , mas para a poesia.
Não têm disposição para a ciência, mas para a filosofia.58 Não
lhes falta especulação, intuição interna do infinito, mas apenas
abstração, que se pode muito bem aprender.
que aniquila
tivamente a si mesma,
filosofia, semprelherenascerá,
causa pouco
comodano.5y Se é das
uma fênix, efe
próprias cinzas.
[104] Pelo conceito cósmico, kantiano é t odo aquele que tam bém
se interessa pela literatura filosófica alemã mais recente. Pelo
conceito escolar60, só é kantiano aquele que acredita que Kant
seja a verdade e que facilmente poderia ficar sem a verdade por
algumas semanas, se à mala-post a de Königsberg ocorresse algum
acid ente .61 Pelo antiquad o conc eito soc rático — os que s e
apropriavam autonomamente do espírito do grande mestre e
junto a ele se formavam eram chamados de discípulos, dele
recebendo o nome, como filhos de seu espírito — , só poderia haver
poucos kantianos.
[ 114] U ma defi nição d a poes ia só pode de term inar o que ela deve
ser, não o que efetivamente foi e é, senão diria da maneira mais
63
breve: poesia é aquilo que assim se chamou em alguma época e
em algum lugar.
[ 116] A poes ia rom ântic a é uma poesia universal progress iva. Sua
destinação não é apenas reunificar to dos os gêneros separado s da
poesia e pôr a poesia em contato com filosofia e retórica. Quer e
também deve ora mesclar , ora fundir poesia e prosa , genialidade e
crítica, poesia-de-arte e poesia-de-natureza, tornar viva e soci ável
a poesia, e poéticas a vida e a sociedade, poetizar o chiste,
preencher e saturar as formas da arte com toda espécie de sólida
matéria para cultivo, e as animar pelas pulsações do humor.
Abrange tudo o que seja poético, desde o sistema supremo da
arte, que por sua vez contém e m si muitos sistemas, a té o suspiro,
o beijo que a criança poetizante exala em canção sem artifício.
Pode se perder de tal maneira naquilo que expõe, que se poderia
crer que car acterizar indivíduos de toda espécie é um e tudo para
ela; e no entanto ainda não há uma forma tão feita para exprimir
completamente o espírito do autor: foi assim que muitos artistas,
que também só queriam escrever um romance, expuseram por
acaso a si mesmos. Somente ela pode se tornar, como a epopéia,
um espelho de todo o mundo circundante, uma im agem da época.
E, no entanto, é também a que mais pode oscilar, livre de todo
interess e real e ide al, no meio entre o expos to e aquele que expõe,
nas asas da reflexão poética, sempre de novo potenciando e
multiplicando essa reflexão, com o num a série infinita de espelhos.
É capaz da formaç ão mais alt a e uni versal, não apenas de dentro
para fora, mas também de fora para dentro, uma vez que organiza
todas as partes semelhantemente a tudo aquilo que deve ser um
todo em seus produtos, com o que se lhe abre a perspectiva de um
1'lassi cismocresce nd o sem limites. A poesia rom ântic a é, ent re a s
mies, aquilo que o chiste é para a filosofia, c sociedade,
relacionamento, amizade e amor são na vida. Os outros gêneros
poéticos estão prontos e agora podem ser completamente
ilissecados. O gênero poético romântico ainda está em devir; sua
ve rda dei ra ess ên cia é m esm o a de que só p ode vir a ser, jam ais se r
ile maneir a perfei ta e acab ada. Nã o p ode ser esgo tad o por nenhuma
leoria, e apenas uma crítica divinatória poderia ousar pretender
cnracterizar-lhe o ideal. Só ele é infinito, assim como só ele é
livre, e rcconhccc, como sua primeira lei, que o arbítrio do poeta
imo suporta nenhuma lei sobre si. O gênero poético romântico é o
tlnico que é mais do que gênero e é, por assim dizer, a própria
poesia: pois, num ccrto sentido, toda poesia é ou deve ser
romântica/’7
1117| Seria melhor não escrever obras cujo ideal não tem para o
poeta realidade tão viva e, por assim dizer, tanta personalidade
(|ua nt o a amada ou o am igo. A o m enos é c eito que não se to rn ar ão
ohras de arte.
ou umachineses.
bonzos contemplação
Nada édetida
mais do próprio enariz,
lastimável à maneira
desprezível dos
do que
essa esp eculação sent imenta l sem objet o. N ão se deveria cha mar
isso de mística, já que essa bela palavra antiga é bastante útil e
indispensável para a filosofia absoluta, a partir de cujo ponto de
vista o espírito observa, co m o m ist ério e m il agre, t udo aquilo que
de outros pontos de vista acha teórica e praticamente natural.
Especulação en clétail é tão ra ra quanto abstração en gro s, e contudo
são e las q ue engen dram tod a a m atér ia do c histe c ien tífico 71, são
os princípios da crítica mais elevada, os degraus supremos da
form ação espiritual. A grande abstração práti ca to rna propriamente
an tigos os an tigos, entre os quais er a instinto .72 Em vão teria m o s
indivíduos exprimido inteiramente o ideal de seu gênero, se os
próprios gêneros não fossem também rigorosa e nitidamente
isolados e, por assim dizer, deixados livremente à própria
66
srcinalidade. Mas pôr-se arbitrariamente quer nesta, quer noutra
lislera, como num outro mundo, não apenas com entendimento c
imaginação, mas com toda a alma; renunciar livremente quer a
usla, quer àquela parte de sua essência e se limitar inteiramente a
uma outra;
naquele procurar
indivíduo, e encontrar
e esquecer seu um e tudo
intencionalmente todosora neste, ora
os outros:
disso só é capaz um espírito que, por assim dizer, contém em si
uma multi plic idade de espíri tos e um sistema com pleto de pe ssoas,
i; em cujo interior cresceu e amadureceu o universo que, como se
diz, deve germinar cm cada mônada.73
1122] Quando lhe surgia pela frente um novo livro daqueles que
nem esfriamnanemBesquentam,
ser elogiado i b l i o t e c a d eBiirgcr
b e la s costumava dizer: merece
c iê n c ia s . [A.W.]74
M a g n a n im a m e n z o g n a , o v ’o r ’ è il v e r o
Si bell o, che si pos sa a te prep orre ?1 9[ A.W.]
[ 131 ] O poet a po uco pode aprender com o filó so fo , mas est e pod e
aprender muito com aquele. É mesmo de temer que a lamparina
do sáb io possa extr aviar alguém acostuma do a caminhar à luz da
revelação. [A.W.]
68
| H. i | Às v ez es se perc ebe uma con caten açã o entr e parte s separ adas
y licqüentemente contraditórias de nossa formação. É assim que
iiN melhore s seres hum anos de nos so s dr amas morais parec em
unir das mãos da pedagogia mais recente. [ A.W.l
[143] Nãs,oou
clássico se com
pode oobriga
antigo rs;ninguém a consi
af in al isso derar
depende de os
m anáximas.
tigos com o
[ 144] A épo ca de ouro da l itera tur a romana foi mais ge nia l e mais
favoráv el à poesi a; a chamada épo ca de pr ata, incom para velm ente
mais correta na prosa.*3
[ 145] Por ser t ão n atural c, contu do, tão poétic o, Ho m ero é bastant e
moral como poeta. Por isso mesmo é bastante imoral como
moralista, que é aliás como freqüentemente o consideravam os
antigos, a despeito dos protestos dos melhores filósofos mais
antigos.
1148 j A maior de todas as antíte ses jam ais hav idas é Césa r e Catão.
Snlíístio não a expôs indignamente.
115 11 Cada qua l ainda encontrou nos a ntigo s aqu ilo que p recisava
ou deseja va; sobr etud o a si m es m o.87
[153 ] Quanto m ais popular um auto r anti go, tant o ma is rom ântico.
Eis o princípio da nova seleção que, pela ação, os modernos
fizeram ou, antes, ainda continuam fazendo a partir da antiga
seleção de clássicos.
[ 157] O vídio tem muita sem elhanç a com Eurípides . A mesm a força
comovente, o mesmo brilho retórico e, com freqüência, a mesma
sagacidade intempestiva, a mesma abundância, vaidade e
tenuidade frívolas.
[ 159 ] Em alguns poem as dos antigos t ardi os, com o, por exem plo,
na M o s e ll a de Ausônio90, já não há nada de antigo além daquilo
que é anti quado.
11641Os erros dos sofistas gregos foram mais erros por excesso
do que por falta. Mesmo na confiança e arrogância com que
iiLTeditavam e pretextavam tudo saber e também tudo poder, há
iilco de bastante filosófico, não pela intenção mas pelo instinto:
pois o filó so fo só tem a alternativa d e quere r s aber tu do o u na d a. ‘;2
Aquil o a p ar tir do qual se d eve apre nder somen te algum a co isa ou
qua lq uer esp écie de coisas, seguramente não é filosofia.
quietude, ao epasso
pela metade que a obse
inacabado. rvaçã mero
Mediante o é algo que sempre
conceito, perman ece
Aristóteles
tornou o mundo esférico: não lhe deixou a menor saliência ou
concavidade. Por isso, também atraiu os cometas para a atmosfera
da terra e rejeitou sem mais os sistemas solares verdadeiros dos
pitagóricos. Por quanto tempo nossos astrônomos que observam
pelos telescópios de Herschel ainda terão de trabalhar para
74
novamente chegar a uma compreensão tão determinada, clara e
ofilórica do mundo? [A.W.J
i|iie por meio algum chegam a escrever suas memórias a não ser
i|iiando são destituídos do serviço? E quando é que essa mulher
ili: negócios crê ter sido afastada? Diante da rígida etiqueta da
vii lude fem inin a na Ingl ater ra e da vida retirad a a que mu itas ve ze s
Nilo condenadas pela falta de delicadeza do convívio com os
liomens, a freqüência com que as inglesas se tornam autoras de
ttmance parece indicar carência de relações mais livres. Quando
leme queimar a pele passeando à luz do dia, a gente ao menos se
bronzeia nos raios da lua. [A.W.]
objet
de umaos.narrativa.
À s v ezes, Outras
o momvezes,
ento que se exp õeuma
é necessária p odeprecisão
su rg ir vivamente
quase
matemática em indica ções locais. O tom da descrição tem em ge ral
de dar o melhor de si para que o leitor entenda o “como”. Nisso
Diderot é mestre. Ele musica muitas pinturas como o abade
Vogler.»* [A.W.]
[ 178] Se algum a cois a da pint ur a alemã p ode ser exp osta no átrio
do tem plo de Rafael, então Albrec ht Dii rer e H olbein certa mente
estarão mais perto do santuário que o douto Mengs." [A.W.]
1184] As bam boch atas de Pcter Laar101 são co lon os hola nd ese s na
lliília. O clima mais quente parece lhes ter bronzeado o colorido, eno
brecendo , porém, cará ter e exp ressã o pe la maior robustez. [A.W.]
1187] C ontra volú pia torpe não há rem édio m ais forte qu e adoração
da beleza. Por isso, toda arte plástica mais elevada é casta, sem
77
con sideraç ão dos objetos; purifica os sen tidos ta l co m o a trag édi a,
segundo Aristóteles, as paixões. Nisso não se levam cm conta os
efeitos contingentes dela, pois até uma vestal pode despertar
pintores
Ario sto seaquele com quem
encontram fort esMichelangelo
ve stígio s depodia aprender?
que viveu na ép Em
oca mais
floresce nte da p intur a; às ve ze s o go sto que por ela tem o arre bat a,
na descrição da belez a, par a fora dos lim ites da poesia . Isso jam ais
é o caso em Goethe. E ste po r vez es to rn a a s art es plásticas objeto
de suas poesias; fora disso, jamais se força ou busca uma alusão a
elas. A plenitude da po sse serena não urge po r apar ecer , tam pou co
por se ocu lt ar. M esm o sem levar em conta t odas essas passag ens,
nã o haveri a com o não reconhecer o amor à arte e o disce rnim ento
do poeta no agrupamento de suas figuras, na grandeza simples de
seus traços."1 5 [A.W.]
humano. |A.W.J
119 5] Por ter escrito seu livro sobre o p r o g r è s d e l ' e s p r i t h u m a in m
quando co rri a risco de vida, não sc deu C ondorcet um m onum ento
mais belo do que se tivesse empregado aquele curto espaço de
tempo pondo seu próprio indivíduo finito no lugar daquelas
perspectivas infinitas? De que melhor forma poderia apelar à
79
posteridade a não ser esqucccndo-se de si mesmo na companhia
dela? [A.W.1
| ?,()!]éNo
onde F a ta li sele
Diderot, ta , énos E n s a io s até
verdadeiro s o b or e despudor.
a p in tu r a Não
c cmraro
toda parte
Hiirpreendeu a natureza em atraente roupão de dormir; algumas
vc/.cs também a viu fazer suas necessidades. [A.W.]
1204] Por melhor que seja aquilo que se diz do alto da cátedra, a
melhor alegria se perde, pois não se pode intervir durante a fala.
O mesmo ocorre com escritores doutrinários. [A.W.]
[209] Um a língua, pri sio neira das conven iências co m o a f ranc esa ,
não deveria ser capaz de se republi canizar p or uma reivindicação
de poder por parte da vontade geral? É manifesto o domínio da
língua sobre os espíritos: mas disso não se segue sua sagrada
inviolabilidad e, Ião pouc o quanto se po de permiti r que , no direit o
nat ura l, valha a outr ora pretendida o rigem divina d e todo o poder
do Estado. [A.W.]
12 17] A rcaísm o nas p alavra s e ino va ção na sintaxe, densa con cisã o
e abundância de desenvolvimentos paralelos que reproduzem
lambém os traços menos definíveis de indivíduos característicos:
cis as qualidades essenciais do estilo histórico. De todas, a mais
essencial c nobreza, esplendor, dignidade. O estilo histórico se
notabiliza pela homogeneidade e pureza das palavras nativas de
autêntica raiz, pela escolha das mais significativas, mais
importantes e preciosas; pela construção de períodos longos,
claramente articulados, e mais duros que confusos, como os de
Tucídi des; pela despojada so lidez , sub lime celeridade e grandiosa
j o v ia li d a d e da a t m o s fe r a e da co r, à m a n e ir a d e C é sa r; m as
sobretudo por aquela elevada formação interna de um Tácito, a
qual precisa poetizar, urbanizar e elevar à filosofia, decantando e
83
generalizando, os fatos secos da pura empiria, de tal modo que é
com o se esta foss e apreen did a e m ulti plamentc ela bor ada po r
alguém que fosse ao mesmo tempo pensador, artista e herói
co ns um ad o115, sem que em parte algum a po esia grosseira, f ilos ofia
pura ou chiste isolado atrapalhassem a harmonia. Tudo isso tem
de esta r fundido na hi stór ia, assim co m o é p reciso que as im agens
e antíteses sejam apenas sugeridas o u n ovam ente dissolv idas, para
que a expressão oscilante e fluida corresponda ao vir-a-ser vivo
das figuras em movimento."6
i|iie
li veré.de
Certamente a filosofia
esperar por achados só estará bemnem
gen iais, constituída
de contarse com
já nãoele s, e
puder progredir constantemente apenas pela força entusiástica e
m in ar te gen ial, m as n um m étodo s eg ur o.120 D ev em os , porém,
desp reza r os ún icos produtos ainda exist ent es do g ên io sintetizante
porque ainda não existem arte e ciência combinatória? E como
estas podem existir, se ainda apenas soletramos a maioria das
ciências como segundanistas de liceu, e imaginamos ter chegado
h meta quando podemos declinar e conjugar num dos muitos
dialetos da filosofia, sem nada poder pressentir da sintaxe nem
construir o m enor do s pe río do s? 121
1223 ] A chamada hist ória dos Estados, que nada mais é que uma
85
definição genética do fenômeno do atual estado político de uma
nação, não pode ser considerada uma arte ou ciência pura. E uma
ocupação científica, que se pode enobrecer pela sinceridade e
op osiç ão à lei do mais forte e à moda. Também a hist ória uni versal
se torna sofística, tão logo prefere algo, mesmo que uma idéia
moral seja o princípio heteronômico, ao espírito de formação
universal de toda a humanidade, tão logo toma partido por um
dos aspectos do universo histórico; e numa exposição histórica
nada atrapalha mais do que desvios retóricos c aplicações
utilitárias.
[226]
se Já que
deveria sempre
tentar se fala
começar t ant o contra
a história sem elas.as Não
h ipóteses,
se pode algum
dizer a ve z
que algo é, sem dizer o que ele é. Ao pensar fatos, estes já são
refer idos a con ceito s, e não é indiferente a quais. S e is so é sabido,
então dentre conceitos possíveis se determinam e escolhem os
necessários, aos quais se deve referir fatos de toda espécie. Se
não se quiser reconhecer isso, então a escolha ficará relegada ao
instinto, ao acaso ou ao arbítrio: vangloriar-se-á de ter uma pura e
sólida empiria totalmente a p o s t e r i o r i, e se te rá uma visã o a p r i o r i
sumamente unilateral, sumamente dogmática e transcendente.
86
necessária o arbítrio incondicionado não tem nem poder
constituti vo, nem leg islativ o, m as apenas o tít ulo ilusório de poder
uxecuti vo e judiciário. Esb oçad o por Condorcet, o pensam ento de
uma dinâm ica histórica é tão glorifican te par a seu espírito qu anto,
pura seu coraç ão, o en tusia sm o m ais que francês p ela idéia, tornad a
i|uase trivial, de um aperfeiçoamento infinito.
!um
expor
todatambém a ,siaomesma
par te ser m esmem cadapo,uma
o tem po de
es iasuas
e poexposições
esi a da p eo e si a .131
1239] No fun dam ento do amor dos poetas alexan drino s e romanos
por matéria difícil e apoética está todavia o grande pensamento:
Indo dev e ser p oetizado, de m odo algum co m o intenção dos poetas,
mus como tendência histórica das obras. E na mescla de todos os
Hfincros artísticos dos ecléticos poéticos da antigüidade tardia está
n exigên cia de que só ha ja uma única poesia, co m o tam bém uma
única fi lo s o fi a .132
qual
iii idaderuinados,
designada.seUm
não ou
h ouout
vero
ssedeasn ossos poetas
Graças. seriam hom ens
[A.W.]
90
1246 j Os m eios pelos quai s a com édia moder na pode se tomar
«emelhantcà antiga comédia aristofânica são, internamente, magia,
caricatura e materialidade, assim como, externamente,
popularidade demagógica, e em Gozzi chega mesmo a lembrá-
ln.IJ*A ess ên ci a da arte côm ica , no entanto, co ntin ua se nd o semp re
espírito entusiasta e forma clássica.
91
a diferença absoluta da separação, eternamente irresolúvel, entre
art e e bele za bru ta. E la m esm a expo ria a lu ta de am bas e ter minari a
com a perfeita harmonia de poesia-de-arte e poesia-de-natureza.
Tal harmonia só se encontra entre os antigos, c cia mesma nada
m ais seria
Uma que uma
filosofia históriaem geral
da poesia superior do espírito
começaria, da poes
porém, comiaaclássica.
autonomia do belo, com a proposição segundo a qual está e deve
estar separado daquilo que é verdadeiro e daquilo que é moral, e
tem os mesmos direitos que estes; o que, para quem a pode em
geral com pree nde r, já decorre da pro po siçã o “eu = e u ”. 143 Ela
mesm a oscilaria e nt re unificação e separaçã o de filosofia e poesia,
prá ti ca e poesia, p oesia cm ger al e gênero s e esp écies , e te rmi nar ia
com a unificação total. Seu início forneceria os princípios da
poética pura; o meio, a teoria dos gêneros poéticos particulares
especificamente modernos, o didático, o musical, o retórico em
sentido m ais alt o etc. U m a filoso fia do romance, de que a d out ri na-
da-art e política de Platão conté m as primeiras linhas m estras, seria
a chave da abóbada. A diletantes desatentos, sem entusiasmo e
leitura dos melhores poetas de todo gênero, uma tal poética teria
certamente de parecer como um livro de trigonometria para uma
cri ança que qu isesse dese nha r. Só pode empregar a filos of ia sobre
um objeto quem conhece ou tem o objeto; só este poderá
com preend er o que ela pretende e o que quer di zer . A filos ofia não
pode produzir, por inoculação ou por magia, experiências e
sentidos. Mas também não o deve querer. Quem já sabia algo,
certamente não experimenta nada de novo com ela; no entanto,
somente por meio dela esse algo se torna um saber para ele e,
portanto , um sa ber em no va f igu ra.144
92
(In mesm a gr ande cadê ncia , pelas r epetiçõ es e refrãe s gigan tesco s;
ou, freqüentemente, pela paródia da letra e ironia do espírito do
ilraina romântico146, e, sempre, pela mais alta e completa
Individualidade e pela mais variada exposição dela, que unifica
Iodos os níveis da poesia, desde a imitação mais sensível até a
caracter ísti ca m ais espiritual.
1257] A socie da de entre os alem ães é sér ia; suas com éd ias e sáti ras
são sérias; sua crítica é séria; toda a sua bela literatura é séria.
Será que o jocoso nessa nação é sempre apenas inconsciente e
involuntário? [A.W.]
1258] Toda poesia que vise um efeito e toda música que, para agir
93
e aparecer, queira seguir a poesia excêntrica em seus abusos e
excessos cômicos ou trágicos são retóricas.
[262] Todo homem bom se torna cada vez mais Deus. Tornar-se
Deus, ser homem, formar-se, são expressões que significam a
mesma cois a.
[263 ] M ística genu ína e mora l na mais alt a dign ida de .155
[265] Alguns têm gênio para a verdade; muitos têm talento para
errar. U m talento que é aco mp anhado de uma ind úst ria i gualm ente
grande. Como numa iguaria, freqüentemente se combinam, com
arte incan sáve l, as pa rte s integrantes de todas as regiõe s cósm ica s
do espírito humano num único erro.
94
|266] A ntes q ue se re di ja a constituiçã o lógica, não poderi a have r
iiinda uma filosofia provisória, e toda filosofia não é provisória
nl6 que a constituição seja sancionada por aceitação?
1Não
267]saber,
Qu anto
ou mais
antes,jásaber
s e sabque
e, tanto mais
não se ainda
sabe, se tem
aumenta nodemesmo
apr ende r.
jjrau qu e o sabe r.
[275] Sempre lamentam que os au tor es alem ães escre vem ape nas
[277] Acredi tar nos gregos também é uma m oda da época. Gosta-
se muito de ouvir de clamar a res peito dos gr ego s. M as se apar ece r
alguém e disser: “Alguns deles estão aqui”, ninguém se sentirá
em casa.
[27 8] M uita co isa qu e parece tolice é louc ura 161, qu e é m ais com um
do que se pensa. Loucura é inversão absoluta da tendência, total
fal ta de espírito histórico.
[279] Segu nd o seu fim, o métod o da jurispr udênci a de L eib ni z162
é uma exposição geral de seu plano. Aplicou-o em tudo: como
prático, funcionário de chancelaria, professor, preceptor. O que
nele há de própr io é a mera com binaçã o d c matéri a jurídica com a
96
Comia teológica. A Teodicéia, ao contrário, é um escrito de
mlvog ad o nas pendên cias de D eu s c o n tr a B ay lc c conso rtes. [S .]163
|2 821 Qu ando o ser humano não con seg ue ir adiante, ele se aju da
com um decreto-lei, ou com uma ação-lei, uma decisão rápida.
| N . ] 167
[2 8 7 1Som ente mostr o que ent endi um escri tor quand o sou capaz
de agir dentro de seu espírito, quando sou capaz de, sem estreitar
sua individualidade, traduzi-lo e alterá-lo multiplamente. [N.|
[291 ] A lem ães há por t oda par te. A german idade, tão po uc o qu anto
98
a romanidade, a grecidade ou a britanidade, não está limitada a
um Estado particular; são caracteres humanos universais que só
aqui e ali sc tomaram eminentemente universais. Germanidade é
99
[296] Ap esar de ser uma natur eza tão idílica, F onte nelle tem fort e
antipatia com o instinto e compara o talento puro, que considera
im po ssíve l, com a aplicação art ís ti ca intei ramente não-int encional
dos castores. C om o é difícil não se enganar sobre s i me smo ! P ois,
quando Fon tenelle di z: L a g ê n e f a i t i e s s e n c e e t le m é r i t e b r i l l a n t
d e la P o é s i e m , parece dificilmente possível caracterizar melhor,
em pouca s palav ras, a poesia francesa . M as seguram ente um cast or
que foss e a c a d é m i c i e n não poder ia toca r no ponto certo com uma
inconsciência mais perfeita.
inesgotável;
e, no entanto,quando
sublimeé de tododefiel,
acima em todaNela,
si mesma. parteoigual
maisaelevado
si mesma
e
últi mo é, com o na educação de um jov em inglês, le gran d tour. ™
Tem de ter percorrido todos os três ou quatro cantos cósmicos da
hum anidade, não par a aplain ar seus ex trem os, mas pa ra ampliar a
visão e dar mais liberdade e pluralidade interna e, com isso, mais
autonomia e auto-satisfação a seu espírito.
|3()3] lr cada vez mais fundo, subir cada vez mais alto, é a
incl inaç ão predil eta dos filó so fos . O que con seg ue m , cas o se crei a
na pal avra de les, com admirável rapide z. Quanto ao a van ço, pelo
con tr ári o, a co isa é b astante lent a. Sobr etudo co m relaç ão à alt ura
Niiperam regularmente uns aos outros, como quando duas pessoas
Ifiin a recomendação expressa de fazer uma mesma compra num
li'ilão. M as toda filo so fia que é filo só fica ta lvez seja infinitam ente
elevada e infinitamente profunda. Ou Platão está abaixo dos
lilósofos atuais?
1305] Intençã o levada à ironia e com arb itrá ria aparên cia de auto-
101
aniquilam ento é tão ingênua quanto inst into levad o à ironi a. Assim
como o ingênuo brinca com as contradições de teoria e práxis,
assim també m o grotesco brinca com espantosas transposições d e
forma e maté ri a, ama a aparência do co nting ente e est ranho, e se
mostra, por assim dizer, coquete com o arbítrio incondicionado.
Humor tem a ver com ser e não-ser, e sua essência própria é a
reflexão. Daí sua afinidade com a elegia e com tudo aquilo que é
transcendental; mas daí também sua altivez e inclinação para a
mística do chist e. A ssim co m o ao ingênuo é necessário geniali dade,
assim também é necessário beleza severa e pura ao humor. Ele
pai ra de preferência sobre aquelas rapsódias da filo so fia ou po esia
que fluem leve e claramente, e foge de massas pesadas e
fragmentos destacados.
desi
nuisgna o que
aquilo queé óbv io ou
indica, o que t em emo com
essencialmente, um écom
que lhe out raNão
próprio. s coisa s,
kc pode pensar beleza sem caráter: m esm o que nã o tenha um carát er
dico, sempre terá um caráter físico, isto é, será a beleza de uma
certa idade ou sexo, ou deixará entrever certos hábitos corporais,
com o os corpo s dos luta dores . A a rte antiga não con ceb eu apenas
Mias figuras, criadas sob a guia da mitologia, no sentido mais
rlevado c digno, mas também ligou, ao caráter de cada uma das
103
conflitantes, na contradição aparentemente insolúvel entre a
nat urez a daqui lo que se ex põ e e a le i de exp osiçã o, que se mos tr a
mais divinamente a harmonia interna do espírito. Ou se negará
que há grandeza serena e nobre simplicidade nas tragédias de
S ófo cle s justamente porqu e são altament e trágicas? Winckelmann
reconheceu, de maneira bem precisa, que no corpo de Laoconte
está expr esso o mais violento estado de sofrimento e esgotamento;
apen as no rosto, afirma, aparece, inabalada, a alma do herói. Ago ra
sab em os qu e La oco nte não gri ta, porque já nã o po de gri ta r. Isto é,
por causa da apoplexia. É claro que não pode gritar, senão teria
levantado a voz contra uma tão deturpadora descrição e
desco nhe cim ento de sua gr ande za herói ca. [A. W.j
104
utilitária, também se terá de mostrar a utilidade da pintura de
retratos mediante uma referência à felicidade doméstica. Muitos
dos que se vêem um pouco cansados da própria mulher,
enc ontda
puros rarimagem
ão de n ov o o [A.W.]
dela. s primeiros estím ulo s diante dos traços mais
cpela profundidade
iência de h'i cht e enunca à crençaseránum magrande homem,
is d o qu e o tera ceiro
doutrina-da-
nú m ero do
J o rn a l f i l o s ó f i c o , a C o n st itu iç ã o .182
[33 1 ] H á homen s que não têm interesse por s i m esm os. Uns, porque
não são absol utamente capazes de nenhum interesse, ne m m esmo
pelo s outros. Out ros, p orque estão segu ros de seu p rogresso regular
e porque sua força autoconstituinle já não precisa de nenhum
in ter es se 1117re flex ion an te, visto q ue aqui a liberdade co m o que se
tornou natureza em suas exteriorizações mais elevadas e belas.
Assim, o mais baixo e o mais sublime também se tocam aqui, no
fenômeno. [S.]
103
como os comentários contínuos, não querem se deter nas pas
sagens difíceis.
[334| Para isso, dizem sempre, a época ainda não está madura.
Deve, por isso, desapare cer? — À qu ilo que ai nda não po de ser
lem ao menos de permanecer sempre em devir. [S.]
1335J S e mundo é o con junto daquilo que se afeta dinam icam ente,
sem dúvida o homem culto jamais chegará a viver apenas num
inund o. O melhor te ri a de se r aquele que som ente se de ve bu sc ar,
mas não se po de enc ont rar . A crença ne le é, porém , al go tão sagrado
quanto a crença numa única amizade e num único amor. [S.]
1336] Alguém que pode entreter uma sociedade com sua maneira
de traçar à mão livre pequenas silhuetas de si mesmo,
iipresentando-as, cm diferentes posturas, a seu círculo, ou que, ao
primeiro aceno, está pronto para ser o castelão de si mesmo c
mostrar aquilo que traz em si a qualquer um que pare à porta,
como um fidalgo do campo mostra os arranjos excêntricos de seu
jardim in g lê s : a lg u é m a ss im s e ch a m a um h o m e m fr a n c o . E st a é
certamente uma qualidade cômoda para aqueles que trazem para
a sociedade a própria preguiça e incidentalmenle gostam de
examinar e classificar aquilo que vêem ao redor. Também há
bas tan te s hom ens que satisf azem essa ex igê nc ia e são inte iramente
construídos no estilo de um pavilhão em que cada janela é uma
poria, e no qual todo mundo é convidado a ocupar lugar, sob
condição de não esperar encontrar mais do que aquilo que um
la dr ão poderia t irar à noite sem se enriquecer esp ecia lm en te. Um
homem propri amente dito, que ten ha em si alg o m ais do que esse
míser o suprim ento, natural mente não renun cia rá des se mo do a s i
mesmo, já que de resto seria inútil querer conhecê-lo a partir das
descrições que faz de si, mesmo as melhores e as mais cheias de
109
espírito. De um caráter não há outro conhecimento a não ser
intuição. Vocês mesmos têm de encontrar o ponto de vista exato
desde o qual podem abranger o todo e, a partir de fenômenos,
saber construir o interior segundo leis firmes e pressentimentos
seguros. Explicar a si mesmo é, portanto, supérfluo para um fim
real. E exigir franqueza nesse sentido é tão presunçoso quanto
insensato. Quem poderia dissecar a si mesmo como o objeto de
uma aula de anatom ia, qu em poderia arr anc ar aqui Io que é singular
do vín culo unicam ente no qu al é belo e com pre ensíve l, e d ebi li tar ,
por assim dizer, com palavras aquilo que é mais fino e delicado,
dilatando-o até o desfigurar? A vida interior desaparece nesse
tratamento; é o mais deplorável suicídio. O homem deve se dar
como uma obra de aite que, exposta ao ar livre, permita acesso a
qualquer um, e, no entanto, só seja fruída e entendida por aqueles
que ent ram com sua p ar te de sentido e estudo. D ev e ser livre e se
m over conform e sua nat ure za, sem per gun ta r quem o v ê, e com o.
Na ver dade , som ente essa sere na de spreocupação merece o nom e
de fra nqu eza: p o is fr an co 181-’ é o nd e ca da um po de en trar sem
nenhuma violência, desde que, é claro, trate com cuidado mesmo
aquilo que está fechado a sete chaves. Eis o que basta para a
hospitalidade que um homem tem de mostrar no interior de sua
mente : (udo o mais só não é despropositado nas efu sõe s e deleite s
de uma ínti ma am izade. Par a e ncont rar ess e círculo mais estreito
é decerto preciso uma comunicação um tanto mais solícita, uma
franqueza envergonh ada, tímida, tate ante, que d eixa ad ivinhar aqui
e ali, por um leve contato, sua existência mais íntima e seus
m otivos, revelan do sua tendênci a p ara o am o re a am iza de. N ão é,
porém, um estado permanente, mas, como uma varinha mágica,
toca apenas onde o instinto de am izade tem esperança de encontr ar
um tesouro. Dessa estreita linha do belo moral as almas amáveis
só se desviam um pouco, para um lado ou outro, por algum mal
entendido. Por tentativas malogradas desse belo instinto, se
desviam para aquele interessante retraimento, que não quer se
dissimular, mas apenas ocultar, e que tão magicamente intriga a
todo aqu ele que sabe pressent ir o qu e é excelen te; por esperanças
sangüíneas e uma excitabilidade posta em movimento à menor
110
afini dade, se d esvia m para aquela cordialidade ingênu a que pensa,
como os maçons, que ao menos o primeiro grau não pode ser
dado a muitos. Tais fen ôm en os alegram e são interessantes, por que
ainda estão no limite do que há de melhor , e som ente o não-iniciad o
os confundirá com maneiras que provem da pura incapacidade.
Assim como se prefere negar um livro que não foi entendido,
assim também muitos são retraídos apenas porque querem fugir
das questões sobre si mesmos; e assim como alguns não podem
ler soz inh os sem , ao m esm o tem po, fazer ouvir as pal avras, assim
lambém alguns não podem intuir a si mesmos sem dizer o que
vêem. Aquele retraimento, porém, é puerilmente acanhado, e
aquela franqueza apenas aparente não se importa se alguém ou
quem está pres ente, mas espalha sua matér ia ao long e e em todas
as direçõe s, co m o uma faísc a el étri ca. U m a ou tra f ranqueza tediosa,
mais voltada para os ouvintes, é a daqueles entusiastas que
apresentam, explicitam e traduzem a si mesmos por puro fervor
pelo reino de Deus, porque acreditam ser almas-padrão, nas quais
ludo é instrutivo e ed ifica nte . Entre est es , H einrich S ti lli n g 190pod e
facilmente ser o mais completo: mas como é que decaiu tanto?
Apena s com aquil o que temos, podem os nos mos tr ar muit o m ais
gen erosos sem tão grande ris co. A ninguém é perm iti do querer ter
apenas para si experiências e conhecimentos cuja aquisição
depende de circunstâncias locais e temporais: eles têm de estar
sempre disponíveis para lodo c qualquer homem justo. Há, sem
dúvida, uma maneira não exatamente invejável de ter opiniões,
sentimentos e princípios somente dessa forma e aquele a quem
isso ocorre lem, natura lment e, um esp aço de jo g o maior p ar a sua
franqueza desimportante. Em contrapartida, aqueles para quem a
singulari
muito maldade do Ésentido
nisso. preciso epermitir
do cará te r sempre
que sejam está
maiscm jog o, se dão
reservados
m esmo em relação àquilo que costum a ser po uco importa nte p ara
os outr os, at é que um conh ecim ento co m pleto de si me sm os e dos
outr os lhe s d ê o tat o segu ro par a se parar inteirame nte de sua v isão
individual as coisas que unicamente interessam às pessoas, c
encont rar, par a cada matéri a, a forma c om um , a ele s tão estra nha,
ma s por elas tã o des ejada . É assim que noçõ es e juízos podem se r
111
comunicados sem aludir a idéias e profanar sentimentos, e a
santi dade da m ente pode ser mant ida sem recusa r a ninguém aquilo
que só de lon ge lhe c abe. Q uem ch ega sse até aí poderia ser fr anco
a todos seg und o a medida que lhe con vém . Todo mund o acr edi ta ri a
tê-lo ou conhecê-lo, mas somente aquele que lhe fosse igual, ou
aquele a quem o con sentisse, o possui ria efet ivam ente. [S .]
[337 ] Arrogant e c quem tem ao m esm o tempo sen tido e car áter, e
deixa perceber, aqui e ali, que esse vínculo é bom e útil. Quem
ex ige ambas as coisas das mulheres é um m isógino . [S .]
1 14
plásticas dela por muito tempo trabalharam em esforços vãos e,
depois que se esgotaram em formas que não podiam ter uma vida
duradoura, engendraram ainda muitas outras que viviam, mas
linham de perecer porque lhes faltava a força para se reproduzir.
A força autoformadora da humanidade ainda se encontra nesse
estágio. São poucos os que vivem e, entre estes, a maioria tem
apenas uma existência efêmera. Se, num momento auspicioso,
encontraram seu eu, lhes falta força para o engendrar de novo a
partir de si m esm os. A morte lhes é o esta do habit ual e, se alg um a
vez vivem, acreditam estar, encantados, num outro mundo. |S.J
1353] A história daq uele francês d os tem po s antig os, que entregou
suas insígnias de nobreza aos tribunais para deles as exigir de
volta quando conseguisse alguma posse por meio do comércio, é
uma alegoria da modéstia. Quem pretende ter a fama dessa
apre cia da vi rtude, tem de fazer o m esm o com sua nobreza in te rior.
Deve dá-la a d d e .p o si ü im m à opinião comu m e obter o direi to de
a exigir de volta, caso faça, com êxito e aplicação, remessa
comercial de méritos, talentos e achados alheios, de mercadoria
íi na e m ediana, con form e o que cada um des ej ar. [S. ]
|354] Em alguém que quise sse vincul ar li beral idade e ri goris mo,
aquel a t er ia de ser algo mais que abneg ação e este , alg o mais que
parcialidade. Mas será que isso é mesmo permitido? [S.]
116
negra2()<), seria a d e tornar o con tra -se ns o f lu en te, clar o, m al eá ve l,
e de o cultivar em massa. Os franceses têm para mostrar obras-
primas no gênero. Em seu fundamento mais íntimo, todo grande
infortúnio é uma brincadeira séria, uma m a u v a i s e p l a i s a n t e r i e 2'".
Saúde e honra, pois, aos heróis que não se cansam de lutar contra
a tolice, cuja menor manifestação traz freqüentemente em si o
germe de uma série infinita de enormes devastações! Lessing e
Fichtc são os príncipes da paz dos séculos vindouros.
120
1371] A fim de determinar a diferença entre deveres para consigo
u deveres para com os outros, dificilmente se poderia encontrar
ou tr os sinais que aqueles que um hom em simp lório forneceu par a
a diferença entre t ragédi a e com édia. S e vo cê rir e ganhar algo no
íim, consi dere um dever p ara consigo ; se estiver próximo do choro
c se for out ro quem ganha, considere um dever par a com o próximo.
Que, afinal , toda a div isão co nsista nisso e que seja um a diferença
bastante imoral, é evidente. Daí resulta a visão de que haveria
duas disposições bastante diferentes em conflito, que ou teriam
de ser mantidas cuidadosamente afastadas ou ser artificialmente
comparadas por uma aritmética mesquinha. Daí resultam os
fantasmas da abnegação, do sacrifício, da generosidade e toda
espécie de infortúnio moral. Em geral a moral inteira de todos os
sistemas é tudo, menos moral. [S.]
1372] Das obras dos maiores poetas não raro emana o espírito de
uma outra arte. Isso tambcm não deveria ser o caso entre os
pintores: Michelangelo não pinta, num certo sentido, como um
escultor, Rafael como um arquiteto, Corregio como um músico?
li certamente não seri am m enos pintores que Ticiano, por este se r
apenas pintor.
13 7 3 1A f iloso fia est ava in ecclesia pre ssa ent re o s an tigos, a ar te,
entre os modernos; em toda parte, porém, a moralidade esteve em
apuros, com utilidade e legalidade lhe invejando até mesmo a
e x is t ê n c ia .2117
121
Contenta-sc cm atuar cm silêncio, sem acompanhamento c
gesticulação. O virt uose, o hom em genial, qu er con segu ir um f im
determinado, dar forma a uma obr a et c. O h om em enér gico sempre
utiliza apenas o mo me nto, está prepa rad o par a qualquer si tuação
e é infinitamente flexível; tem inumeráveis projetos ou nenhum:
pois energia é, de fato, mais do que mera agilidade, é força
eficiente, atuando determinadamente para fora, mas força
univ ersal, por m eio da qual tod o o hom em se form a e a g e.2(,if
[378] Nã o é raro que algué m, que por muit o temp o parece frio e é
tido como tal, posteriormente surpreenda a todos, em
circunst âncias ext raor din ári as, com violentas ex plo sõ es de paixão.
O hom em ver dadei rament e che io de senti m entos é aquele em que
as primeiras impressões não são fortes, mas continuam atuando
por muito tempo, penetram profundamente no âmago e crescem,
em silêncio, por força própria. Reagir logo, sempre, é sinal de
fraqueza, aquele crescendo interno das sensações é propriedade
de naturezas enérgicas. [S.]
[379 ] O Satã dos poetas itali anos e ing lese s pode ser mais poético ,
mas o Satã alemão é mais satânico e, nessa medida, sc poderia
dizer que Satã e uma invenção alemã. É certamente um favorito
dos p oetas e filóso fos alemães. Por i sso, também tem de te r al go
de bom, e se seu caráter consiste na arbitrariedade e inten
ciona lidade incondicionad a, na predileção em dest ru ir , enganar e
seduzir, não raro se encontra, indiscutivelmente, na mais fina
com panhia. M as não se ter ia at é agor a e rra do na s dim en sõe s? U m
grande Satã sempre tem algo de descomunal e grosseiro; condiz.
122
no máximo, apenas com as pretensões de perversidade daquelas
caricaturas que nada mais sabem e de nada mais são capazes que
al ctar entend im ento. Por que fal tam s a ta n i s c i à mitologia cristã?
'lalvez não haja palavra e imagem mais adequada do que esta
para certas m alda des en miniature, cuja aparênci a ama a ino cên cia,
u para aquela at rae nte e grotesca m iísica de cores da m ais su blim e
e terna malícia, que com tanto prazer costuma brincar com a
superfície da grandeza. Os antigos a m o r i n i são so m ente out ra r aç a
ilesses s a ta n i s c i .209
123
mal entendido, surge uma falsa tendência. Isso sucede a épocas e
nações não menos raramente que a indivíduos.
[384] Tod o filós ofo tem pontos insligantes, qu e não r aro o li mita m
realmente, cm q ue se aco mo da etc. É aí que, 110 sistema, ficam as
passa gens obscuras p ar a aquele que o iso la c não estuda a filoso fia
historicamente e no todo. Muitas controvérsias intrincadas da
fil oso fia moderna s ão com o as s agas c os deuses da poe sia ant ig a.
Reaparecem em todo sistema, mas sempre transformados.212
126
iln espírito entusiástico e do exterior barroco, ainda têm acento
liriode vida, fresco colorido e certa transparência cristalina, que
w poderia comparar à água dos diamantes, já não podem ter seu
|iivço estipulado de modo algum.
só pode
pode serser o clássico e entendido:
inteiramente pura e simplesmente eterno,
do contrário, que jamais
os filólogos, em
cuja maioria se observam os sinais mais comuns e seguros da
virtuosidade não-científica, mostrariam de bom grado sua
habilidade em qualquer outro material, tanto quanto nas obras da
antigüidade, pela qual, via de regra, não têm interesse e para a
qual não têm sentido. N o entanto, essa n ecessária limitação é tan to
menos censurável ou lastimável quanto, também aqui, somente
perfeição e acabamento artístico têm de levar à ciência, e a mera
128
ninda muito mais nece ssário, filo log ia à filoso fia é quando se c ao
mesmo tempo filólogo e filósofo. Mas, mesmo sem isso, a arte
lil ológica pode afi rma r seus direit os. Ded icar-se exclusiva m ente
no desenvolvimento
sábio dede
quanto o que há ummelhor
único impulso srcinal
e mais alto que oé homem
tão digno e
possa
escolher como ocupação de sua vida.228
uiiliza a benevolente
saquinhos disposição
de esmola pelos do [A.W.|
teatros? momento e não se passam
14 10] Rotina, econom ia, são o suplem ento nec essário de todas as
naturezas que não são pura e simplesmente universais. Com
freqüência, talento e formação se perdem totalmente nesse
elemento circundante.
129
[411] O ideal científico do cristianismo é uma característica da
divinda de co m infinitas varia ções.2 29
[415] Sentido par a poesia ou filoso fia tem aquele para quem são
um indivíduo.
130
|-| 17] N ão se d ev e quere r induzi r ou converter ningué m à filosof ia.
ointencion
sentido para
ais doa co
ironia
loride,o.principalmente,
Também aquiatudo
diversidade
é cl aro ee transpar
unidade ente,
e o espírito romântico parece fantasiar agradavelmente sobre si
mesmo.235
| 4 19] O mundo é sério dem ais, mas a ser iedade ainda é bast ante
rara. Seriedade é o contrário de jogo. A seriedade tem um fim
determinado, o mais important e entre todos os p oss íve is; não pod e
131
brincar e se enganar; persegue incansavelmente a meta até n
alcançar totalmente. Dela faz parte energia, força espiritual de
extensão e intensidade pura e simplesmente ilimitadas. Se não liíi
altura e amplitude absolutas para o homem, a palavra grandeza i
supérflua em significação moral. Seriedade é grandeza na ação,
Grande é aquilo que tem ao mesmo tempo entusiasmo c
genialidade, que é ao mesmo tempo divino e perfeito e acabado.
Perfeito e acabado é aquilo que é ao mesmo tempo natural e
artificial. Divino é aquilo que jorra do amor pelo puro ser e devir
eterno, amor que é mais alto do que toda poesia e filosofia. Há
uma div ind ade p lácida se m a força trituradora do heró i e a atividade
formador a do arti sta. A qu ilo que é ao m esm o tem po div ino, perfei to
e acabado e grande, é c om ple to.2 36
132
tompleta falta dc poesia da nação e da época, o homem de
Icndência universal pode sc deleitar com as grotescas figuras de
por ce la na de seu chiste m etafóri co, con voc ad o ao som de tambor
como as tropas imperiais, ou lhe idolatrar a arbitrariedade. É um
liMiômcno peculiar: um autor que não domina os primeiros
princípios da a rte , qu e não pod e exp rim ir um puro b o n m o t m , qu e
liem sequer sabe narrar bem uma história segundo aquilo que
habitualmente se chama narrar bem, e ao qual, no entanto, não se
poderia sem injustiça recusar o nome de grande poeta, mesmo
i|iie apenas por um ditirambo humorístico, como a carta sobre
Ad ão do teim oso, robus to, rígi do e esplêndido Leibgeber. S e suas
oobras
lodo não contêm
é como cultivo além dae medida,
a particularidade sãoem
vice-versa; no suma,
entantoelecultas:
eslá
pronto. É uma grande vantagem do Siebenkcis que execução e
exposição sejam o que nele há de melhor; uma muito maior, a de
que nele haja poucos ingleses. Sem dúvida, seus ingleses afinal
luinbém são alemães, embora em relações idílicas e com nomes
sentimentais: no entanto, sempre têm uma forte semelhança com
os poloneses de Louvet240 e fazem parte das falsas tendências em
134
positiva e à jurisprudência convencional, c uma ilimitada
excitabilidade da mente. Se a isso se acrescentam a negligência
Ifio própria a espíritos autônomos e fortes e a veemência e
ina bil ida de da juventud e, então são inevitáve is os ex ce ss os , cujas
conseqüên cias impr evisíveis muitas vezes en venenam toda a v id a.
(i assim que a plebe toma por criminosos e exemplos de
imoralidade aqueles que, para o homem verdadeiramente moral,
estã o en tre a s ex ce çõ es sumam ente ra ras que pode considerar co m o
sere s de sua esp éc ie, concida dãos de seu mundo. Q uem não pensa
aqui em Mirabeau e Chamforl?
Enigm a e m istéri
por entusiasmo o é t udo
e com aqu ilo
sentido que som
filosó fico,ente po deousermora
p oético apreendido
l.
136
caracterização dele; se exerceram por muito tempo uma ciência,
logo se elevam à fi losofia da ciên cia e, m esm o quando uma afeição
pessoal os cativa , correm o risco de tratar essa ter na ligaçã o co m o
meio, a fim de obter uma nova visão da natureza humana ou
filosofarme
alguém sobre
digaooamor
nomeadisso
partir
cmdealemão!
experiências próprias.
H cômodo falar Que
dos
efeito s e da impr essão d e um ta l cará te r: que é gran dioso afasiar o
finit o porque se visa o infinito; q ue é srcina l derr ubar as barr eiras
em que outros perm anecem preso s, ab rir novas tri lha s ond e outros
crêem ver um círculo fechado, percorrer grandes paixões num
vôo im petuoso e cons tru ir, com o que de pa ssagem , grandes ob ras
de arte; pois e stas são as ex ter ior izaç õe s naturai s de um tal car áte r,
se não sc extingue; para pintar algo assim, não faltam palavras à
língua. Há um terceiro caráter que unifica os outros dois; que,
enquanto tem em vista um fim, transforma em fim tudo o que faz
parte do sistema deste, mas nesse gozo finito não se esquece do
esforço mais alt o e a ele sem pre re tor na em m eio a seus passo s de
gigante. Vincula o talento de encontrar facilmente os próprios
limites e de nada querer, a não ser aquilo de que se é capaz, ao
lalento de ampliar seus fins úllimos simultaneamente com suas
forças: a sabedoria e a plácida resignação da mente voltada para
si à energia de um espír ito altamente elástico e exp an sivo, qu e, à
menor abe rtura que se ofere ça, esc ap a pa ra preencher num instante
um círculo mais amplo do que o anterior. Jamais faz tentativa vã
de escapar das barreiras conhecidas do momento e arde de ânsia
para se estender mais além; jam ais resis te ao destino, mas o d esafia
a cada momento para que lhe aponte uma ampliação de sua
existência; sempre tem à vista tudo o que um homem pode vir a
se r e desejar vir a se r, mas jam ais se emp enh a por alg o até que se
apresente o m om
prático perfeito ento fav oráv
e acabado, el. Qtudo
que nele ue um
sejataintenção
l ca rát ereseja um gên io
instinto,
arbítrio e natureza, isso se pode dizer, mas em vão se procurará
uma pal avra pa ra designar a es sê nc ia de sse caráter. |S . |
confusões arbitrárias
uma bizarria e esquisitas
do entusiasmo que entre pensar,
se concilia comcriar e agir. Há
a suprema
formação e liberdade, e não somente robustece, mas também
em bele za e, por assim dizer , divin iza o trág ico, co m o na N o i v a d e
Corinto 244 de G oeth c, que faz é po ca na h istóri a da poesia . N ela , o
comovente é dilaccrante e, no entanto, sedutoramente atraente.
Algumas passagens poderiam ser ditas quase burlescas, e mesmo
nestas o terrí vel se mostra de uma grandeza es maga dora.
[43 1 ] “O fereça sac rifício s às Graças” sign ifica , quando se diz isso
a um filós ofo : “Bu squ e a ironia e cu ltiv e-s c para a urbanidade”.2 46
138
produzi do, o salto até aquil o que é per feito e acabado perm anecerá
sempre infinito.
140
|442] Também se chama de juri sta s filosó fico s àqueles que, alem
de seus outros direitos freqüentemente tão injustos, também têm
um direito natural que não raro é ainda mais injusto.
pensamentos
(em sentido paraem sua
as música do queafinidades
maravilhosas sobre ela. Quem, noas
de todas entanto,
artes e
ciências ao menos não considerará a questão a partir do ponto de
vista trivial da chamada naturalidade, segundo a qual a música
deve ser apenas a linguagem da sensação; não achará em si
impossível certa tendência de toda pura música instrumental para
a filos ofia . A pur a mú sica inst rumental não tem de p roduzir por s i
mesma um texto? E nela não se desenvolve, confirma, varia e
cont rast a o lema, tal co m o se faz co m o ob je to de m editação numa
série de idéias filosóficas?257
[449J Não temos ainda um autor moral que possa ser comparado
aos primeiros da po esia e filoso fia. Ele ter ia de vincular a su bl imu
política anti ga de Müller à gr ande eco no m ia do unive rso de Fors tei
e à ginástica e música moral de Jacobi, e unir, na escrita, o estilo
grave, digno e entusiasmado do primeiro ao fresco colorido, à
amável delicadeza do segundo e à cultivada sensibilidade do
terceiro, que por toda parte ecoa ao longe como uma harmônica
|3] S om ente pela refe rênci a ao infi nito surgem conteú do e uti lida de;
aqu ilo que não se refere a ele é pur a e sim plesm ente vaz io e inú til.
14] R elig ião é a on i vi vifican te alm a cós m ica da form ação, o quarto
elemento invisíve l de filosofia, mor al e poesia, que, co m o o fogo ,
onde está estabilizado, é ubiquamente benéfico e só irrompe em
temível destruiç ão pela violê nc ia e excitação ext erna .
[7] D eixe m li vre a religi ão, e com eçará uma nova humanidade.
145
[9] O verdadeiro religioso sempre sente algo mais alto do que
compaixão.
[10] Idéias são pensam entos infinitos , autônomos, sem pre m óveis
em si, divinos5.
[11] Somente mediante religião se faz, da lógica, filosofia; so
mente dali provém tudo aquilo que, mais que ciência, esta é. E,
sem ela, em vez de uma poesia eternamente plena, infinita,
teremos apenas romances, ou a brincadeira que agora é chamada
de bela-arte.
[ 13] Só pode ser um artista aquele que tem uma religião própria,
uma visão srcinal do infinito.
da humanidade,
primeiro e o maismas
alto,o ocentro
pura edesimplesmente
todo o resto,srcinário.
em toda parte6 o
[ 18] E m toda pa rte a religião tem de env olv er7 o espírito do hom em
146
mo ra l com o seu eleme nto, e a es se lum inoso caos de pensam entos
c sentimentos divinos chamamos entusiasmo.
120 ] Arti sta é todo a quele par a quem meta e m eio da ex istên cia é
lormar seu sentido.
humanidade.
[2 2] Que f azem os pou cos m íst icos que ai nda existem? — Dão
mais ou menos forma ao caos bruto das religiões já existentes.
Mas apenas isoladamente, no pormenor, por meio de fracas
tentativas. Façam isso em grande escala, em todas as direções,
com toda a massa, e deixem-nos despertar todas as religiões de
suas tumbas, rcvivificar e formar as imortais mediante a
onipo tência da a rte e ciência.
isolada, não o é.
[34] Quem tiver religião, fal ará po esia .11 M as o órgão pa ra a
procurar e descobrir é a filosofia.
[35] A ssim com o o s generais antig os falavam aos guer rei ros an te s
da batalha, assim também o moralista deveria falar aos homens
no combate da época.
148
138] No mundo da linguagem ou, o que quer dizer o mesmo, no
mundo da arte e formação, a religião aparece necessariamente
como m it ologia o u com o B íb li a.
144] Não vemos Deus, mas por toda parle vemos o divino: antes
de tudo e mais propriamente, porém, no centro de um homem
149
cheio de sentido, na profundeza de uma viva obra humana. Vocí
pod e sentir imediatamente a nat ure za, o universo, p ode pensá-los
imediatamente, não a divindade. S ó o ho me m entre homen s p od e
poetizar c pensar divinamente e viver com religião. Tampouco
alguém pode ser mediador direto de si próprio, ainda que seja
para seu espírito, porque este tem de ser pura c simplesmente
objeto, cujo centro aquele que intui põe fora de si. Escolhe-se a
põ e-se o medi ado r, mas só se pode es colh er e pôr aqu ele que já se
pôs como tal. Um mediador é aquele que percebe em si o divino
e, aniq uilan do -se, abandona a si m esm o par a anunc iar , comunicai
e expor, nos costumes e ações, em palavras e obras, esse divino
aos ho men s. S e ta l im pulso não tem êxito, aquilo que se percebeu,
ou não era divino, ou não era próprio. Mediar e ser mediado ó
toda a vida superior do homem, e todo artista é mediador para
tod os o s resta ntes.1 4
150
uma mera vida: isto é, não se deve pensar um reino da rudeza
nléin dos limites da formação. Nenhum membro pensante da
organização sente seus limites sem sua unidade em referência ao
lodo. À filosofia, por exemplo, não se deve opor meramente a
nllo-filosofia, mas a poesia.
[56] Assim
nação, assimcomo os romanos
também nossa foram
é poc aaéúnica naçãoa époc
a pri meir inteiramente
a ve rda dei ra.
[62] O tan to de mor al que se tem é som ente o ta nto que se tem de
filosofia e poesia.
[64] Por m eio dos art is tas , na medida e m que vincu lam p assado e
futuro no presente, a humanidade se torna um indivíduo. São o
órgão superior da alma, onde se encontram os espíritos vitais de
toda a hum anidade externa, e nos qu ais a humanidad e int ern a at ua
primeiro.
152
165] Som ente med iante formação o hom em , que o é i nteiramente,
se tornará humano em toda parte e será imbuído de humanidade.
168 JF ormem sua vida hu manam ente, e te rão feito o basta nte : mas
kimais alcançarão a altura da arte e a profundeza da ciência sem
algo de divino.
|7 0 | M úsica te m m ais af inida de com mor al , hist ória com rel igião:
pois o ri tmo é a idéia da m úsica, mas a história vai até o prim itivo.
[78] Todo pens ar do hom em relig ioso é etim oló gic o, um a r emissilu
de todos os conceitos à intuição srcinal, àquilo que é próprio
[84] Excetuand o-se os exer cícios de devoç ão, o p ior p ass ate mpo
é se empenhar pela moralidade. Vocês podem transformar uma
alma, um espíri to, em algo hab it ual ? — É assim com a rel igião e
também com a mora l, que n ão devem influi r sem m ediação sobr e
a econ om ia e p olítica da vida.2 1
192] A única o posiçã o significativa à reli gião do s hom ens e art is tas ,
que aflora por toda parte, só pode ser esperada dos poucos
autênticos cri stãos que ainda existem . Mas m esm o estes cairão de
jo el h o s e ad or ar ão , qu an d o e fe ti v a m e n te su rg ir o so l da ma nh ã.
[96] Toda filoso fia é idealismo e não há ve rdade iro real ismo, ex ceto
0 da poesia. M as poesia e filosofia são apenas ext remos. Q uand o
se diz: uns são pura e simplesmente idealistas, outros deci
didamente realistas, isso é uma observação bastante verdadeira.
Expressa de outra maneira, quer dizer: ainda não há homens
inteiramente cultos, ainda não há religião.
156
1971 É um sinal favorável qu e m esm o um fís ico — o profundo
Itaad er29 — tenha se ergu ido em m eio à física par a pressentir a
poesi a, vener ar os elem ento s com o ind ivíduos orgân icos e indi car
o divino no cenlro da matéria!
199] S e quiser pene tra r no íntimo da física , in icie -se nos m istérios
da poesia.30
157
[10 7] E m impert urbada harmonia, a musa de Hiilsen criou belo s c
sub limes pensam entos da formação, humanidade e am or . É mor al
em sentido elevado, mas moral imbuída de religião, passagem da
alternância artificial do silogismo ao livre rio da epopéia.35
[ 110]
na A diferença
antiga ent re religiãoentendida,
divisão, corretamente e moral reside m as
de todas uito sim ples
coisas em m ent e
divinas e humanas.
[111] Sua meta é arte e ciência, sua vida, amor e formação. Você
está, sem o saber, a caminho da religião. Reconheça-o, e estará
seguro de alcançar a meta.
rem
e l i ghonra
i ã o 37do cristianismo
é um cristão. que: o autor dos D is c u r s o s s o b r e a
da ev
si ee ser meramente
a seu repreferência
gênero, em res ent ante de seudeterminando
ao todo, gênero , mase,d assim,
eve colocar,
dominando esse todo. Como os senadores romanos, os artistas
verdadeiros são um povo de reis.
158
1115] S c quiser ag ir em gra nde escala, inflame e form e o s jov en s
e as mulheres. É ainda aqui que se deve primeiro encontrar força
e saúde em seu frescor e, por essa via, realizar as reformas mais
importantes.
1143] Não há alia sociedade45 a não ser a dos artistas. Vivem vida
elevada. O bom tom ainda se faz esperar. Existiria ali onde cada
qual se exprimisse de modo livre e jovial, e sentisse e
KA - F r ie d r ic h S c h l e g e l K r i ti s c h e A u s g a b e s e i n e r W erk e (Edição
critica das obra s de F . S ch leg el). Editadas por Er nst Behler .
Paderborn/Munique/Viena, Ferdinand Schöningh, 1967
(seguem-se o volume e a página).
F P L - F r a g m e n t e z u r P o e s i e u n d L i t e r a t u r (Fragmentos sobre
poesia e literatura). Referem-se ao volume XVI da KA. A
167
indicação é seguida da época (algarismo romano), númcm
do fragmento e da página.
P h L - P h il o s o p h is c h e L e h rj a h re . F ra g m e n te z u r P h il o s o p h ie (Anos
de aprendizado filosófico. Fragmentos sobre filosofia). Re
ferem -se ao volume XVIII d a K A . A indicaç ão é seguida i ln
epo ca (algari smo romano), do núme ro do fragmento e da pá gina
Na tradução dos F P L e P h L , todas as fórmulas, símbolos
matemáticos e gregos foram transliterados, e todas
ab rev iaç ões do s ma nuscr itos foram interpr etadas e transcriliu.
segund o os editores da KA (ex ce çã o feita às notas 109 e 110
d o A th e n ä u m ).
K - Charakteristiken und Kritiken. Volume p ublicado com te xto s
de August e Friedrich em 1801, em Königsberg. Contém
uma seleção dos Fragmentos do L y c e u m e do A th e n ä u m ,
Foram assinaladas som ente as variant es mais significativas,
H - Cópia do manuscrito das I d é ia s , feita por Dorothea Schlegel
com alterações à margem propost as por Augu st.
168
lyceum
1) Sobre o Jac qu es, o Fatalista, de Diderot, pode-se consu ltar o fragmen to L 15 e também
a Conversa sobre a poesia , onde Antônio assinala, como traços ca racterísticos do livro,
o arabesco e o chiste. In: KA. II, p. 331. Tradução de Victor-Picrre Stirnimann. São
Paulo, Iluminuras, 1994, p. 63. Biblioteca Pólen. (Trecho reproduzido ab aixo na nota
234 aos fragmentos do Atheniium.)
2) FPL, V, 370, p . 115: “M uito daqu ilo que s e considera como p oem a absoluto é apenas
po em a im perfeito ou poem a de potência neg ativa ou po em a negativo. Aqu ilo que se
considera como uina obra p oética muitas vezes é apenas esboço, estudo ou fr agm ento ".
I) FPL, V, I, p. 85: “O que falta aos hexâmetros de Goelhe (a forma rigorosa), falta
indiscutivelmente também a seus raciocínios físicos. Também é anti-rigorisia na arte.
O rigor ismo surge som ente da místic a ou da crítica. — ”
'I) Sobr e o estudo da poesia grega (Übe r das Studium de r Griechischen Poesie) : iniciado
ein 1795, parcial men te pub licado na revista Ale manha, cm 1796, aparece cm 1797 no
volume Gregos e romanos. E nsaios históricos e críticos sobre a antigüid ade clássica.
In: KA, I, pp. 217-367.
1) PhL, II, 881, p. 102: “Chiste e uma faculdade sincrélicae eclética; mas isso também
parece se r o caso do gênio. Gênio é chist e + to itotev, a facul dade de formação [das
líildungsvermogen]. Portanto, chiste é propriamente genialidade fragmentária. —
FPL, V, 1038, p. 171: “Não é o chiste totalmente idêntico à genialidade?” Outros
fragmentos im portantes p ara entendei' a rel ação entre chiste, sociabilidad e e gênio são:
/. 16. 34, 51, 56. 59, 90, 104, 109 c 126; A 32, 116, 305, 366, e 394; I 26, 109 c 123.
Uma “definição " do chiste (como “ princíp io c órgão da filosofia universal”) será dada
em/l 220.
(>) -K. “Naquilo que se chama filosofia da arte falta ou a filosofia ou a arte, ou ambas".
Sob re a relação entre filosofia e arte, cf. abaixo L 123 (nota 81).
7) Joltann Jakoh Bo dm cr( 1698-1783), crítico s uíço, autor dos escritos Da influência e uso
tia imaginação (1727). D o mara vilhoso na poesia (1740) e Observações críticas sobre
os quadros poét icos dos poeta s (1741).
9) Em K aparece somente: “Dcvc-se exigir gênio de todo mundo, mas sem contar com el e”,
frase q ue se constrói sobre o pa r intencion alidadc-instinto — esses dois eleme ntos que
constituirão o paradoxo d a genialidade em Schlege l. Uma construção análog a ocorre cm
A 32 (tratando do chiste). Sobre a relação entre gênio e artc- ciência, cf. L 115 e A 220.
169
10) FPL. V, 671, p. 141: "Todos os escritos clássicos jamais são totalmente cntcndldoii
têm, por isso, dc poder ser eternamente criticados e interpretados de novo".
11) A realização do poema como obra dc arte, a passagem da poesia natural, ingenim, (i
po es ia artística (cf. acima os fragmentos L 1 e 16), constitui um a das prin clpiiln
aspiraçõe s do rom antismo. É nessa direção que se pode ler , por exem plo, a afin iiaçOo
de Novalis sobre a “inve nção dc um a espécie totalm ente nova de pensar", inau gurndii
po r Ficlite: “Podem na sc cr aqui pro digiosa s obra s d e arte — se um d ia se comc çnr n
p rati car art is ti cam ente o fi chtizar” (Fragmentos Logológicos 1, 11. In: Pólen
Fragmentos — Diá logos — Mon ólog o. Tradução, apresentação e notas de RubcuW
Kodrigues Torres Filho. São Paulo, Iluminuras, 1988, p. III).
12 )',FPL, V, 83, p. 92: “No artista genuíno, ao mesmo tempo intenção, propósito,
entendimento c gênio involuntário: cada um por sua vez em superioridade sobro i
outro. — ” Sobre o par imenção-insti nto, veja-se acima nota 9.
13) A image m do leitor que “rum ina” també m será, com o se sabe, cara a Nietzsche, quu
afirma no Prefácio
um modelo Genealogia
daquiloà que, d a Moral:
cm tal caso, “ Na‘interpretação’:
denomino terceira dissertação
essadeste livro, ofereço 6
dissertação
pre ced ida po r um af orismo, cia mes ma é com entário dele. Sem dúvida, para exerci liu'
dessa forma o ler como arte, é preciso antes dc tudo algo que hoje em dia foi
prec isam en te o qu e m elh or se des ap rend eu — e por isso tem tempo aind a, até a
'legibilidade' dc meus escritos — c para o qual se tem de ser quase vaca, cm totlo
caso, nã o ‘homem moderno’: o ruminar..." (In: F. Nictzsche, Obras Incom pletas . Silo
Paulo, Abril, 1978. Tradu ção de R ubens R odrigues Torres Filho, p . 312).
14) Graça no srcinal é Anm ut, ou seja, "beleza”, “formosura”, inas não Gnade, isto <í,
bênç ão ou dádiva divina. No en saio sob re Graça e dignidade (Üh er An mu t und Wiirde),
de 1793, Schiller entende a graça como análogo sensível da dignidade, como
“ fenômeno” da moralidade.
15) FPL, V, 97, p. 93: “Já que na tragédia sentimental o destino é freqüentemente
representado como Deus Pa i ou com o diabo, [c omo] destino arbitrário, ela se aproximn,
segundo o ponto dc vist a cláss ico, do gênero da com édia”.
16) Ingêntio e sentimental são as duas formas de manifestação do gênio poético, segundo
a tipologia de Friedrich Schiller no ensaio Poesia ingênua e sentimental, dc 1795
(São Paulo, Iluminuras, 1991. Biblioteca Pólen). Embora posteriormente o tenlin
considerado insatisfatório, no Sobre o estudo da poesia giega Schlegcl afirma: "A
dissertação de Schiller sobr e os poe tas sentimentais, além de am pliar minha vis ão do
caráter da poesia interessante, me propo rcionou uma nova luz sobre os próprios limites
do âm bito da poesia clássi ca" (KA, 1, p. 209).
17) “E agora os músicos vão tocar com límbales e trombetas.” Km latim no srcinal. A
expressão aparece em alemão nos Pensamentos solenes (172 0), ondeT hom asius fala
em celebrar o jubileu da Reforma “com trombetas c tímbales” (das Jubi liium we gen
derlieformation... mit Trompcten undPauken celebriret). Christian Thomasius (1655-
1728), jurista c filósofo, considerado um dos precursores da Ilustração na Alemanha,
escreveu os Fundam entos do direi to natural (1705).
170
IH) Em K somente: “A lguns bons escritores se petrificam, outros se liquefazem” .
' IV) Bfc m plo de c om posição “qu ímica", na edição K, o fragm ento <5prec edid o po r L 90, o
que dá tambdin uma boa indicação do enlace entre chist e, im aginação e espírit o ( Geixi ).
20) FPL, V, 73, p. 91: “O público existe apenas tão problematicamcnte quanto a Igreja".
PliL, IV, 597, p. 243: "Público e obra são con clatos, com o autor e leitor (toda obra é
llibliu, e todo público uma Igreja invisível)”. PliL, II, 1003, p. 113: “Talvez o público
alemão seja apenas um eus ralionix, nada m ais do que o lugar-c omum [Gemeirtplatz 1
do chist e alemão” .
A idéia, concrelam cnte inatingí vel, de uma Igreja como com unidade ética supre ma (supra-
scnsívcl) foi tomada de empréstimo de Kant: “Uma comunidade ética sob legislação
moral divina é uma Igreja, a qual, na medida cm que não c objeto de experiência
possível, sc ch am a Igreja invisível (uma mera idéia da unificação de Iodos os justos
sob o governo divino imediato, mas moral, do mundo, idéia que serve de protótipo a
todas [Igrejas] a serem fundadas por homens)” (A religião nos limites d a m era razão,
A Werkausgabc.
134. In: 1977,
Suhrkamp, p. 760). Editada por Wilhelm Weischedel. Frankfurt am Main,
21) “Lucidez”: em alemão Besonnen heit, vertida pela locução “clareza dc consciência”
por Rubens Ro drigues Torres Filho, que aponta a m atriz fichtiana da expressão, presente
também em Novalis (Pólen, O bservações entremes cladas , 23, nota 37 do tradutor, p.
208). Schlegel repensará a Beson ne nlie it juntamente com a ironi a, como se pode ver
c m /.42 c 10 8.
22) Esse trecho pode ser lido como um comentário à passagem da nota introdutória à
primeira ed ição da do utrina-da-cicn cia dc 1794. onde Ficlite afirma: “E m particular
tenho por necessário lembrar que não quis dizer tudo, mas deixar também a meu lei tor
algo para pensar. Há vários mal-entendidos que seguramente prevejo c que com um
par de palavras teria po dido remediar. Mcsino esse par d e palavras não disse, po rque
gostaria de favorecer o pensam ento nróo rio. A doulrina-da-ciên cia não se deüe iitinor.
mas sim ser uma carência, como o foi para seu autor" (A doutrina da-ciência de
Í7 94. Tradução dc Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo, Abril, 1984, 21 cd., p.
41). N uma passagem de seu ensaio sobre Lessing, escreve Schlegel: “U m autor, s eja
artista ou pensador, que pode pôr no papel tudo o que pode ou sabe, no mínim o não é
um gênio” (K/l, II, p. 112). Veja-se também L 112.
23))A ati vidade do escritor descrita pelo fragm ento é um a síntese “lúcida": não é uin limite
imposto, mas o livre estabelecimento de um limite (“uutolimitnção”) entre opostos
absolutos (“autocriação” e “auio-aniquilamenlo”). Assim se reconfigura, na forma da
escrita, a tríplice fundamentação da doutrina-da-ciência, pensada a partir de tese,
antítese e síntese incondicionadas (cu, não-eu, divisibilidade-limitação).
24) O fragm ento retoma a correçã o que Fichte propõe em relação aos poetas c a Rousseau:
"Está diante de nós aquilo que Rousseau, sob o nome de estado de natureza, e os
po etas, sob o no me de idade de ouro, co locain atrás dc nós’’ (Preleções sobre a
destituição do douto. Quinta Prelcção. In: Werke. Berlim, Waltcr de Gruytcr, 1965,
volume VI, pp. 342-3. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. In: Discu rso, n.
1, 1971,p. 15).
171
2 5 1 Estética é o título do livro do filósofo wolffiano A.G. Baumgarten, publicado um
1750. Em lugar dc estética, Schlegel falará geralmente de “doutrina-da-arlu"
( Kunstlehre ) ou “filosofia-de-arte" ( Kunstphilosophie ) — que não deve ser ident ifiendn
com a filosofia da arte (Philos ophie de r Kunst), condenada em L 12; da inesma maneir a,
cm vez de “ juízo s estcticos" usará a expressão “ juíz os artísticos" (Kunsturteile). FPL,
V, 110, p. 9 4 :/ ‘Durante m uito tempo, a estética moderna .consistiu meram ente em
j:xg[icnção p si cológ ica de f;nômenos estéticos. Nisso há ao menos uma indicaçllO
pa ra o im perativ o de qu e a arte deve se to m ar ciência. — Pelo cont rário, se de virln
proc urar cien tificam en te os meios de so luçã o pa ra os prob lemas estéticos. — \
26) L esA m o urs du Che va lie r de Fau blas (1789-1790), romance de Jean -Bap liste Louv ei
de Couvret (1760-1797).
21).Ka busca de novas formas de exposição filosófica, o século XVIII não foi meno»
p ró d ig o cm conversas (basta lembrar os diversos Entretienx de Diderot),
Intrinsecamente antidogmática, como pediam os temas e as questões, a conversa sc
opõe, conscientemente, ao sistema, como se nota, por exemplo, nessa passagem de
Humc: “Parccc pouco natural apresentar um sistema sob forma de conversação..."
( Diá lo go s sobre a religião na tu ra l. Tfaduçã o de José Osca r de Alm eida Ma rques. Si lo
Paulo, Martins Fontes, 1992, p. 3)/Conversa fa la d a e conversa escrita constituem,
assim, para Schlegel, formas de exposição que fogem h cadeia lógico-dedutiva do
sistema filosófi co. Sc, no primeiro caso, o diálogo socrático é naturalm ente o modelo
liter ário, a idéia dc uma relação d ialóg ica pe la es crita é predom inantemente moder na,
As conversas de Jacobi c Lessing, reproduzidas nas Cartas a Moses Mendelssohn
sobre n doutrina de Espinosa, podem ser consideradas os modelos mais ime diatos d c
SchlcgcL ouc cm 1800 publicará na revista Ath enäu m a famosa Conversa sobre a
poesia ,
28) ... addo urbanitatem, quae est virtus, ut Stoici rectissime putant (“... acrescento n
urbanidade, que é uma virtude, como bem justam ente a reputam os estóicos"). Cícero,
Carta a Appius. Epístolas III, 7.
29) Essa diferenciação entre um a fala com passagens irônicas e um discurso inteiramente
pe rpassado pela iro nia retom a, num contexto “tra ns ce nd ental”, a distinç ão ciceroniano
entre a mera tirada (dicacitas) c o discurso totalmente dissi mulado (cavilatio) do De
oratore, II, L1V-2I7.
31) Theod or Gottlieb von Hippel ( 17 4 1- 1796), escritor hum orístico e cons elheiro criminal
ein Königsberg, onde também fora aluno de Kant. Acusado de ter escrito os livros
Sobre o casam ento ( 1774) c Carreiras em ascensão ( 177 8- 1781), duas ob ras publicadas
anonim ame nte por Hippel, Kant se vê obrigado a fazer um anúncio púb lico na Gazeta
literária geral do dia 6 dc dezem bro de 1796, declarando n3o ser nem auto r nem c o-
autor dos trabalhos. Explicando por que inúmeras passagens desses livros tenham
reaparecido, literalmente, em obras que se seguiram à Crítica da razão pura (1781),
Kant avança a hipótese de que era comum seus al unos fazerem ca dernos com anotações
daquilo que, ainda de maneira deficiente c fragmentária, expunha cm seus cursos de
lógica, moral, direito natural e, pr incipalmente, antropologia. E sses cade rnos podem
172
ter c hegndo às mãos de Hippc l, que , deixando dc lado a m aior part e daqu ilo que era
aridamente científico, selecionou o que tinham de popular para “mesclar em seus
escritos humorísticos” e, assim, pode ter tido a "intenção dc, pelo condimento da
reflexão, dar ao prato do chiste um gosto m ais picante”. O texto está publicado, sob o
título de Erklär ung weg en der von Hip pe l’selten Autorscha ft, na C orrespondência dc
Kant, edição Aka dem ie, volume XII, p. 360.
33) “E no entanto est amos ameaçados de semp re perman ecer fr anceses". Em francês no
srcinal.
3 5 ) W , II, 633, p . 82: "Tudo o que é u m pouco valor oso t em de s er, ao mesmo tempo ,
isso c o oposto. — ”
37) "Os versos dão espírito a o pensam ento de um homem qu e algumas v ezes o t em muito
pouco; e é a isso qu e se ch am a talento.” Em francês no original. Seg und o Lacoue-
Labarthe e Jean-L uc Nancy, Schlegel faz um recorte bastante livre da frase de Cham fort,
que prossegue com a inversão da afirmação inicial: “Freqiientcmente eles [os versos]
tiram o espírito do pensamento daquele que dele te m o bastante, e e a melhor prova da
falta de talento para os versos” ( Pensées , maximes, anedoctes, dialogues, capítulo
VII. Cf. abaixo nota 40).
40) )‘Ein estado dc epig ram a” : em francês no or iginal. A passage m se en contra no capítulo
V dos Pensées, maximes. anedoctes, dialogues (1796), de Chamfort: "[O homem
huues tol deve se r mais alegre uu e um oulro porque eslá constantem ente em eslado de
epigram a contra seu próx imo” . O livro fo i traduzido para o alemão em 1797. Para se
afe rir o Im pa cto dã"’ofira"sôKr e"Tricdrich, convém lemb rar que , nu ma ca na a N ovalis
(27 de setembro de 1797), os Fragmentos do Lyceiun são por ele chamados de uma
“cham fortiada
fragmento, cr ítica”.
a idéia de queSobr e Chamfort,
o chiste i uinacf.espécie
também L 111.
de prova Me ncionada
da verdade no início
se encontra na do
seção 1de Sênsus communis ; an essay on the freednm o fw it and itumour (1709), de
Anthony A shlcy Cooper, Earl of Shaftesbur y (1661-1713) .
41) FPL, V, 36, p. 88: "<Não c a aitc que faz o artista, mas o entusiasmo inu.sical>”.
42) Laoco nte ou so bre os lim ites entre p in tu ra e poes ia , ensaio de Less ing publicado cm
1766.
43) Em alemão Grundwut, que remete à tentativa do pós-kantiano Karl Leonhard Reinhold
(1758-1823) de encontrar um fundamento (Grund) único, uma única proposição ou
173
princ íp io fundam ental ( Grundsatz ), para a filosofia de Kant. PUL, II, 910, p. 105:
“a p x a i — prin cíp ios , estão s empre 110 plural, sc constr oem entre si; jam ais apenas um
único, com o presumem os que têm fúria de fundamentação \die Gnm dw iithigc n] . — ”
44) “Dissolutos”: cm francês 110 srcinal. A seguir, wits (chistes, mesma raiz da palavra
Win. em alemão) está cm inglês no srcinal.
46)/f 'LP, IV (II), 155, p. 75: "Autor, público são conceitos literários. — Autor [Autor],
criador [Urheber], inventor [Erfinder] e prolo-escrilor [Urschrijtsteller], De terminar
iss o, quem é e quem não é , não é cois a comum. O mesmo ocorre co m públ ic o". FP L,
V, 643, p. 139: "Saber quem é ou não um autor (110 sentido srcinário) exigiria 11111
conhecimento literário infinito.—"
47) Sob re a formação do leitor c do público, cf. L 35 e 86. FPL, V, 641, p. 139: “Desprezar
e ofen der o público existente e ignorar o [públ ico] ideal é uma iná m aneira dc pensar
dos autores. — O público não existe; essa idéia pode no máxim o ser apenas representada
po r aquilo qu e é e m pi ricam en te assim de no minad o— ",
48) PL. II. 669, p. 85: “Pode-se ter sentido para chiste sem chiste, c sentido p ara alm a sem
alma e sem chiste”. Cf. também A 32.
49) Travo ( A nstoß ) e não-eu ( N ic ht-Ic h) são expressões fichtianas aqui retomadas 110
contexto da filologia. Em sua tradução do fragmento, Victor-Pierrc Stirniman vcite
A nstoß por “pretexto” — solução sugestiva que de certa forma pode se apoiar em
FPL, I, 218, p. 54, onde, cm lugar de travo, sc diz ensejo ( Veranlaßitng ): “Onde o
texto é apenas ensejo para dissertações, idílios filológicos. Controvérsias [são]
improvisos filológicos. Estes p ertecem íi STttSstçiç. Escritos em línguas m ortas també m
perten cem aos mimos filológ icos. Em am bos, a perfeição é inating ível. São d e natureza
progressiva. — M iscelâneas filológicas são sátiras fil ológica s.— Tradu ções são mimos
filológicos. Pensamen to bastante fér tilii"
50) “Gabriel, que entre os primeiros era o segundo.” O verso, cm italiano 110 srcina l, sc
encontra 11a Geriisalemme l.iberata, Canto I, 11,4.
5 1) Em K, falta “de tempos em tem pos” . Nessa versão, o fragmento co ntinua assim: “ Kant
foi entranha do de jurisprudê ncia. Isso agora s c chama moral” .
53) FPL,
— V. FPL,103,V,p.576,
9 3: “A
p. maioria dos romances
133: “Todo são apenas
home m pro gressivocotrazmpê
um ndios
roma dance
indivnecessário,
idualidadae
prio ri, em seu interior, que nã o é outra coisa senão a mais acabada expressão de toda
a sua ESSÊNCIA. Portanto, uma organização necessária, não uma cristialização
contingente. —" S obre o romance, não com o gênero, mas como “o elemento da poesia”,
com o forma de exposição da “ vida”, c f. 0 fragmento L 89 e a Ca rta sobr e o R omanc e,
na Conversa sobre a poesia.
174
54) N;i ediç ão K, aqui o fragm ento continua assim: “O m esmo v ale para as catego rias ‘por
assim d ize r’ [Gleiclisam] e 'tal v ez '. No espirito dos garvianos [seg uidores de Chri stian
Garve], são elas que tingem todos os demais conceitos c intui ções” .
57) ftatu rp hiloso phie, term o que normalmen te se traduz por filosofi a da natureza. A opção
da tradução se justifica pelo fato de que aqui não se tr ata tanto de um discurso filosófico
sobre a natureza, quanto de u ma reflexão natural . D a m esma forma, Ktmsipltilosophie
será vertida por filosofia-de-arté, marcando seu caráter de potenciação da filosofia-
de-natureza com o reflexão filosófica natu ral, j ’ortanto, tampouco se deve co nfund ir a
filosofia artificial, tecnicáTcom o discurso filosófico sobre a arte, com a filosofia da
arte ( Philo.mpliie der Kunsi), explici tamente condenada cin i, 12. A mesma potenciação
oc on erá entre poc sia-de-natuieza e poesia-de-arte (poesia nat ural e poesia arti ficial
ou artística).
58)jEm alemão: Manier. Ein todas as ocorrências, a tr adução em prega maneira (no sentido
do italiano manièra). um a vez que Schlegel distingue cuidadosam ente maneira e estilo.
No Estudo (la poesia íirega, a presença da maneira indica a poesia individual
interessant e dos m odern os, que carece justame nte da unidade formal dada pelo estilo.
Traço característico do acabamento artístico dos antigos. Sobre o "estilo”, cf. A 432
(nota 229).
60) Cf. acima L 70 .0 text o pod e ser uma al usão às Curt as para o fom ento da humanidade
de H erder (resenhadas por Schlegel na revist a Alemanh a cm 1796): “ O escrito r escreve
para leitores', sc estes são corrompidos , ele cscr cve e o editor imprime para seu gosto
corrompido. Os m uitos aut ores ruins da Alemanha escrevem, todos, para seu público
c o conhecem muit o bem; do mesmo modo, ta mbém os editores. Forma r leitor es tem,
portanto, de scr o primeiro esfo rç o dos ju íz es da arte [Kunstrichter]', os escritores
segu irão, m esm o a contrag osto” (H erder, Wi imanitalsbriefe, 1797, ed. Suphan . XVIII,
p. 173. A pu d KA. XVI, p. 535).
61) FPL, V, 449, p. 122: “Muitos romances dc um autor freqüentemente são apenas um
(enquanto sistema de obras complementares ou enquanto repetição de uma única c
mesm a.)”. Sobre o romancce, cf. L 78.
621)Na ediçã o K, esse fragmento foi publicado junto coin L 34. Como indicam Lacoue-
Labaithc e J.-L. Nancy, o particípio gebunden (do verbo binden: atar, ligar, prender)
designa, num processo químico, “uni corpo cm geral estável ou estabilizado, fixado”.
PhL, IV. 1119, p. 297: “Letra é espírito fixado [fixirier G eist] , Ler significa libertar o
espír ito est abi lizado, por tan to uma ação mágic a — No nú mero 252 d as Pliysikcdisclie
Beinerkun geii, diz N ovali s: “O m undo é um pensamento estabili zado [ein gebunde uer
Gedanke). Se algo sc consolida, os pensame ntos sc tornam livres . — Se algo se dissolve,
os pensamentos s e establ izam [werden geb undeti] " (ed. cit., Ill, p. 595). Sobre a natureza
química do chiste, cf. tam bíni A 366.
175
63) S óbre os antigos e modernos, cf. L 84. As palavras “perfeita e acabad a”, que adjetivam
' a leira dos antigos, traduzem aqui o alemão vollendel, no que se segue a sug estão de
Rubens Rodrigues Torres Filho: “Dois adjetivos para tradu zir um , pois o alemão mostra
com inai s evidênci a que 'perfeição ' ( Vollendug ) e ‘perfeito ’ ( vollendel ) síio derivado s
do verbo ‘perfazei’” (ln: Novalis, Pólen, nota 47, p. 210). Co mo dirá o fra gm ento ”/!
419 : "P eflSnõ e acaba do é aquilo que c ao mesmo temp o natural c artificiar’.
64) “Eis o maior elefante do mundo, mas não ele inesmo.” Em inglês no srcinal.
65) t ) ori ginal alemão jog a aqui com os verbos mitteilen (comunicar, participar alguma
coisa a alguém) e leilen mil (compartil har, partil har algo com alguém). Com o já indicava
dc certo modo o fragmento L 37, a comunicação ( M ille iliing) depende de uma
autolimilação, dc uma partilha ( Teilung ) do eu, como síntese de duas ações opostas
dele (autocriação e aulo-aniquilamento).
66) “Espírito socia l incondiciona do” : retomada lit eral daquilo que o fra gm en to/. 9 afir ma
sobre o ch iste.
67) PhL, II, 89, p. 26: “No fun dam ento da repressão às mu lheres há um ceito tem or dc um
ridículo supostame nte absoluto, que dom ina mais os hom ens que a morte e a Bíbli a, o
que revela pueril fraqueza de espírito c perversão bárbara. Platão conh ecia isso” . Cf.
PhL,U, 109, p. 28; 114, p. 29.
68) Sobre a “luci dez”,/. 37 (nota 21); sobr e sua rel ação com a iro nia, í, 4 2 c /6 9 . Verstellung
é traduzida por “dissimulação”, pois parece natural aqui a referência a Cíccro. que
vertia a palavra grega ironia pur urban a dis.ii miil alio (De nratore, II, LVI1I-270). O
fragmento remete, naturalmente, à “sublime urbanidade da musa socrática” dc L 42.
69) ^Sentido artístico da vida” traduz o substantivo composto Leb en sk un stsinn . Cf. FPL,
IV (II), 206, p. 80: “ Ironia soc rática = sentido artístico da _vida” . Sobre esse sentido
artíst ico da vida, veja-se também A 22 5, onde Schlegel falará de uma “dou trina-da-
aríc-da-\i&à"(Leben!:kiinstlelire). O objetivo é naturalmente combinar/Csse senso
artístico e o espírito científico, como se vê cm PhL, II, 157, p. 84^'Somente o
filósofo crítico pode conh ecer corretame nte a s i mesm o no todo c por part es. Somente
ele pode reu nire m si mai s espírito de ciência que F ich tee inais senti do artísti co que
Goetli e — p o fil ósofo críti co se pode dizer tudo o que os est óicos afirmavam do
sábi o — ”
71) A expressão sich iiber sich selbst wegselzen (literalmente: pôr-se acima, além dc si
mesmo) também tem o senti do dc “não se importar com”, “nã o f azcrcaso de si m esmo”.
72) O trecho final (“A ironia de L essing... de l onge a daqu eles”) não consta da edição K.
Gotthold Ephraim Lessing ( 1729-178 1): críti co, dramaturgo, autor de escritos estéti cos
e teológicos; suas obras Na lã, o Sábio e L aoanite yã foram citadas acima, em L 64 e
78. So bre ele, cf. A 99 ,25 9 e / 95. Franz Hemsterhui s (172 1-1 790): fi lósof o hola ndês,
conhcccu toda uma geração de ilustres leitores na Alemanha, entre os quais Hcrdcr,
Lessing, Jacobi, os irmãos Schlcgcl c Novalis. Sobre cie, cf. PhL, I, 21, p. 6:
“ Hem sterhuis é um m ísti co eclético, mas o único socrático genuíno de sua época. —
176
” August Ludwig Hiil scn (1765-1810 ): aluno e amigo de Fichte, colabor ou coin dois
artigos na revista Aihencium: Sobre a ig ualdade natu ra l d os homens e Observações
sobre a natureza durante uma viagem à Suíça. Sobre a virtuosidade dialética c ironia
socrática de Hülsen, cf. A 2 9 5 c l 107.
73) Jogo de palavras, intraduzível, entre dese nvolvime nto ( Au sbild un g ) e ficção ( Einbildung
ou aquilo que é atividade ou produto da atividade da im aginação = Einbildungskraft),
ambos compostos a pa nir da palavra Bild ung, formação.
74) As duas palavras são criação de Schlcgel. Poderiam ser vertidas, novalisianamente,
po r filosofar ou poctar-em-conjunto. Novalis explica o sentido do filosofar-cm-conjunto
como "uma expedição em comum cm direção a um mundo amado” ( Fragmentos
logológicos I, 3, trad. cit., p. 110). Em F riedrich, a poss ibilidade dessa “a m izade
filosófica” está ligada à paradoxal alternância entre ent ende r e não entender, entre espírit o
e letra, ao "sentimento do conflito insolúvel entre incondicionado e condicionado, da
impossibil idade e ne cessidade de uma c om unica ção total” (L 108). Não se deve esquecer
ainda que tanto Novalis quanto Schlegel tamb ém insist irão sobre a necessi dade de uma
sinfilosofia o u simpoe sia "interior” (por exemp lo, cm A 119).
75) Johann Heinrich VoB ( 1751-1826), poeta, tradutor, em versos, da Odisséia (1781) e da
Ilíada ( 1793), foi adversário d os roinânticos. Lnísa é uma epopéia burguesa, publicada
em 1795.
76) FPl., V, 92, p. 9 2: “A ssim com o a me ta da ciên cia e se lom ar arte, ass im ta mb ém a arte
lem enfim de se tornar ciência —
ouro prussiana,
Grande cujo nome
(por a nalogia com Friedrichsdor
louts d'or). foi dado cm homenagem a Frederico, o
78) Cortcsü ateniense do séc ulo IV a.C. Ter ia sido o m odelo par a a Afrodite de Apeles e de
Praxílelcs.
79) PhL, V, 422, p. 120: “Já não se pode faz er poemas sáficos. — Não são de todo
verdadeiros e própri os, nada valem. Mas se ainda houvesse também uma na tureza tã o
conseqüentem ente bela e clássica que pudesse surgir nua, como Frine diante de todo s
os gregos, por isso mesmo se conve rteria em Frin e. (Já não há um público olímpico
pa ia um a Frine <clássica>.) Po em as líricos não podem se r feitos [neinachtV. precisam
crescer [waclisen] c ser encontrad os - .
80) Samuel Johnson, autor de uma Vida dos poeta s ingleses ( 17 79-8 1) e edito r das obras
de Shakespeare, para as quais escreveu seu famoso Prefácio 1765 (Tradução, estudo
e notas de Enid Abreu Dobránszky. São Paulo, Iluminuras, 1996. Biblioteca Pólen).
Sobre Johnson, cf. A 389 (nota 2 18).
8 l/S o b re a relação entre fi losofia c arte, FPl., V, 256, p. 106: "Ve rdade ira filosofia da arte
é ap enas míst ica pura e polêmic a pura. — <Nada de positi vo, certamente, se pode
apren derem part e alg um;: a parti r da filosof ia— >”. FPL, V .2 9I , p. 108 : “<De filosofia
pura o po eta se guram en te não ap rend e nada — >”.
177
82) Essa ccna entre a velha Bárbara e Wilhelin, que ocorre no livro VII. capítulo 8, do
Wllielm M eistcròz Goethe, é repetição de uma cena do livr o I, capítul o 3, ond e contudo
estava presente Marianne, atuada de Wilhelm.
ÜD FPL , V, 163, p. 98: "Os antigos representaram apenas o empírico em demasia. Nflo
representaram nenhum Sócrates etc., nenhuma Diotima; mesmo Sófocles não [os|
represe ntou. Os modernos freqüentemente caem no extremo op osto. — <Def endoi
cm algum lugar a exposição d ireta do absoluto na poesia; em algum lugar tem de s ei
imperativo que a matéria da poesia seja absoluta .—>
8 4 ) Além de ; ;ua significação literal, a palavra latina nasus também tem o sentido du
esperteza. finura e zom baria, com o se pode 1er em I lorácio {.Sátiras 2 ,8,64: suspendens
omiiia ntiso) e Marcial (Epigramas 1. 42.1 8: No n cuicitm qu e dantm es t habere n asum ),
Cabe lembrar que o gr ego ji w n ip (nari z) ta mbém tem um sent ido pare cido, sendo
mykterismós a “ironia acompanhada de uin movimento e contração signficativa dns
narinas” (A. Haury, L'iro nie et l'h um our chez Ciceron . Lcidcn, Brill, 1955, p. 6 ). Ein
Schlcgel, essa capacidade “divin atória” est á ligada ao chiste, com o se vê lambem em
FPL, V, 776, p. 152: “ílá quatro espécies de chiste prosai co: 1) o com binatório,
Athenaum
3) Kem etcndo à idéia de crítica ou filosofia da filosofia, a referên cia do fragm ento é bastante
precisa : no Prefácio à segun da ed ição do Conceito du tloitiiïiui-tla-ciênciti (1798),
Fichte afirma que este livro c até então “o único texto cm que se filosofa sobre o
próp rio filoso fa r da do utrin a-da-ciên cia e que, po r isso, serve de intro duç ão a esse
sistema” (trad. cit., p. 7), e na Wisseii schaft slehre no ta metiioil o dirá: “Já na própria
tarefa para toda a filosofia está uma síntese. Já se sai do fa clu in para o fundamento;
mas como chego a sair do fa ctu m para o fundamento? A questão é importante; pois
filosofar significa pôr tais questõe s c respondê-las, e uma vez que essa questão está no
fundamento da filosofia, responder tal questão significa: filosofar sobre a filosofia”
(edição de Erich Fuchs. Hamburgo, Felix Meiner, 1982, pp. 12-3). Numa carta a
Ke inho ldde 4 de julh o de 1797, Fi chte afirma que Kanl parece “ter em gera l filosofa do
bem pouco so bre seu pró prio filo so fa r” (Briefwechsel. Edição de Hans Schulz.
! lildeshcim, Gcorg Olms, 1967, p. 562).
Sobre a crítica ou filosofia da filosofia cm Schlegel, FLP, IV (II), 47, p. 64: “A
178
crítica filosófica lalvez nada m ais seja que lóg ica a segunda potênciu. <A ntesjá muita s
vezes se fizeram investigações acerca dos limites da human a capacidade de conhecer .>
A crít ica filosófica e lógica do filósofo críti co não se vo lta meramente p ara o filosofema
isolado, para o indivíduo filosófico isolado, para massas históricas da filosofia, para
classes e gêneros filosóficos, mas para a própria filosofia. Nesse aspecto, a crítica
filosófica nada mais é que filosofia da filosofia. —
Somente mediante a idéia de totalidade crítica, de uma filosofia absolutamente
crilicizada e criticizante, e mediante o progresso regular, a aproximação artística
[hmstmiifiige] dessa idéia i natingível, o filósofo merecerá o epíteto de filósofo crítico.
Kant não e um filósofo crítico, mas apenas criticizante', R chte, um filós ofo criticizado.
<A tivamente críti co e passivamente crítico — Kant e Ficht c. Todas as passagens de
Kant sob re a essê ncia da crítica cuidado sam ente rcunidas>". /ViZ., II , 603, p. 78: “Toda
filosofia que não e criticizante, mas apenas crilicizada, não é filosofia crítica —
PhL, 11, 99 1, p. 112: “U ma filos ofia se torna crítica pela síntes e com sua crítica da
filosofia —
5) Herma nn e Dorotéia (1797), dra ma d e Gocthe. A ccna é narrad a no Canto VII, inti tulado
Eruto.
6) Ilíada, IV, 405. A célebre tradu ção de Vo B (179 3) diz, num a versão literal: “M ais valen tes
nos vangloriamos [de se r], muito mais que nossos antepassados”.
7) “Um e tudo ” traduz literal mente a expressão Ein un d Alies, com que o ideali smo alemão
traduz a fórmula panteísta Ev kou flav. Para um histórico da expressão desde
Xcnófanes, cf, Xavier Tilliette, Sclielling — Une phitosophie en devenir. Paris, Vrin,
1970, vol. I, pp. 70-1.
Qu anto ao excesso de moral da fi losofia kantia na, pode-se lere m PhL, II. 12, p. 20:
“ Kant é um hiperm orali sta que sacri ficou a verdad e ao dever".
8) Os Id ílios são poemas bucólicos do poeta, pintor c desenhista suíço Salomon GeUne r
(1730-1788). Mais adiant e, liaut goíit (gosto por com ida picant e, temperada) está em
francês no srcinal.
9) PhL, II, 848, p. 99: “O cinismo é filosofia-de-natureza e gênio ético clássico, com
polem ica an iq uilad ora co ntra economia e po lítica; indiferen tis ino ab so lu to — ”.
10) Charles Pinot Duelos (1704-1772), escritor francês, autor das Considératio ns sur les
moeurs de ce siècle.
12) Schlcgc l u sa gedacht (“pensados” ), parti cípio da mesm a raiz de Gedanke (pensamento).
Implicando um redobro da ação de pensar ('‘ pensam entos pensados"), a redund ância
também pode reforçar o aspecto intencional, premeditado, da ação (com o cin português
se diz que algo foi bem '‘pensado”).
179
13) No srcinal, jogo dc palavras entre aualegen (interpretar) e einlegen (inserir), e entre
Ableitim ge n (deduções) e Aus leitun gen (desvios).
14) PliL, II, 1020, p. 114: “Só se pode caracterizar, isto 6, criticar uma nação que n!Ui
esteja pronta, o que não é possível sem magia —
15) PltL, II, 156, p. 34: “Meus pontos elásticos foram lógica material, história práticn,
po lítica po sitiv a. — História da m inha filoso fia ”. PhL, II, 737, 91: “Meu primeiro
germ e de filosofia fo i ética sistemática — m eu primeiro presse ntimento uma poéti en
poética, uma lógica material, mna política pos itiva c um a histór ia pr ática —
16) Em alemão: Wilzelei, substantivo formado a partir da palavra Witz (chiste), com a
desinência pejorativa ei.
18) PhL, II, 111, p. 28: “Somente no matrimônio ocorre amizade ple na. Somente ali o
vínculo pode dc alguma m aneira se aproxim ar sem pre do Abs oluto pela sensuali dade,
pela s cria nças , porq ue a m ulh er é a antíte se absolu ta do hom em ; — convív io
insepará vel, uma espécie de comunhão de bens — não pode o correr entre homens.
Aqui tudo sempre permanece provisório — isto é, um vínculo estagnado, que nunca
aumenta e só se fixa na memória. Mestria recíproca e discípulos da eticidadc. —
Todavia, o m atri mônio pode aprender muito c om a amizade, mais do que com o amor
sentimental c o galanteio cavalheiresco, sobretudo com a amizade antiga. Quem não
tem sentido para amizade, não é capaz do matrimônio propriamente dito —
19) Fricdrich escreveu o início do fragmento, até “num ccito sen tido”. O com plem ento i í
de Schleiermacher.
Sobre o étal de épigramme (em francês no texto) dc Cham fort, cf. L 59.
21) No lugar dc “sintetizá-los com seus antípodas", se diz em K : “vinculá-los com suas
inetades invisíveis."
22) Con vém lem bra rqu e drama e d rásticos são termos grego s da m esma raiz 5 poc<o (agir ).
23) Em PhL, II, 133, p. 31, a referência é Fichtc: “O andamento cm Fichte ainda é
dem asiadam ente em linha r eta, n ão absolutamente progressivo, cíclico”. PhL, II, 131,
p. 31: “A filoso fia dc Fichte é simultaneamente po nto, círculo e linha reta — ”, A
rem issão a Fichtc não é casual, pois a circularidade é o ideal dc cientificidade, ap ro va
da correção do sistema estabelecido pela douliina-da-ciência, na qual o princípio de
qu e sc parte “é também o último resultado": “Quando um dia for est abelecida a ciên cia,
vcrificar-se-á que ela efetivamente perfaz esse circuito..." (O conceito da doutrina-
da-ciência, trad. cit., p. 22).
24) PhL, II, 680, p. 86: “Toda resenha filosófica tem dc se r ao m esmo temp o filosofia das
resenhas, isto é, resenha absoluta —
180
25) O tema volta a ser tratado cm A 82. F.n parade (em revista, em formação) está eirt
francês no srcinal.
26) Per antiphrasin (por antífrase) c epilheton ornans (epíteto ornamental): em latim no
srcinal.
27) Em PliL. II, 398, p. 59. Schlcgel usa a expres são p ara descrever Kanl: “Ein tod a parte ,
Kant ficou no meio do caminho".
28) FPL, V. 426, p. 120: “O ingênuo que é meramente instinto, é estulto; meramente
intenção, af etado. O ingênuo belo te m de sc r ambos ao m esmo tempo. — (Ainda que
Hom ero não lenha tido intenção alguma, su a ohra e a natureza que a fez nascer têm
intençã o.)— Todo ingênuo é exteri orização da indivi dualida de absolut a, é diretamente
opo sto àq uilo que <5objetivo. — <Nota. - O ingênuo é chiste ét ico positivo, a sát ira
chiste éti co negativo, a urbanidade chiste ético universal —>”.
29) PliL, II, 614. p. 80: “Todo fil ósofo também tem sua linha — tendência, assi m com o seu
punclu m (salien s) e seu cicl o. / Quem tem um sistema, está espirit ualmen te tão perdido
quanto quem não te m nenhum. É precis o justam ente vincular as duas coisas — ",
30) Divisão consagrada na expressão latina belli domique , que em alemão se traduz
literalmente: Vm Ha as an d Ini Kriege. PliL , IV. 748, p. 256: "Fich te c Go ethe, cônsules:
aquele bello, este domi".
31) Plil., III, 38, p. 125: “A div isão entre este e outro mundo faz parte de uma história
grotesca".
33) L atomias: pedreiras que serviam de prisão em Siracusa, o nde D ionísio, o Vel ho (± 430
- 367 a.C.), foi tirano. August von K otze bu e(l76 1-1 81 9), autor de peças populares.
34) Gesinider Mensclienverst and: tradução alemã consagrada de “bom senso”. O fragmento
explora as possibil idades da expressão, que quer dizer, li teral mente, “entendimento
humano sadio", com a inevitável remissão ao hiiman understanding da filosofia
cinpirista. PhL, IV, 1078, p. 286: "<A filos ofia de Kant [não é] no fundo nad a inai s
que um essay or t liuman understanding a nd m oraI senli ment >” .
35) Moderantismo: linha política de moderação adotada por alguns grupos durante a
Revolução Francesa. Cf. A 276.
36) Jogo de palavras entre Ubenicht (panoram a, visão geral, si nóptica) e liberselien (ver
por alto, não ver, não reparar).
181
37) PhL, II, 264, p. 45: ''Verossímil é uma sentença dc prudência; verossimilhança é o
dom ínio da prudênc ia; o que alguns lógi cos assim denominaram é — soment e
po ss ib ilidad e —
39) PhL, II, 462, p. 66: “<Juízo, um conceito bastante grotesco. Intuição intelectual, o
imp erativo categórico da teori a, ü único fundam ento e meta . Análise da intuição
intelectual para a filosofia absoluta>” . PhL, II, 986 , p. 111: “A intuição in telectual e o
impera tivo categó rico são manife sta mente a tos da facul dade absol uta — A res pei to
da afinidade e ntre le i moral e intuição intelectual, Fichle diz, na Segunda intr odução
à doutrina-da-ciência, que o ideali smo transcen dental se m ostra “como o único modo
de pensar conforme ao dever na filosofia, como aquele modo dc pensar em que
especulação e lei moral se unificam mais intimamente. Devo partir do meu pens ar do
eu puro
inas e o pensar
como como absolutamente
determinando as coisas” auto-ati
(Werke. vo, não de
Edição como determinado
Immanuel pelas coisas,
Ilcrmann Fichtc.
Berlim, Walter de Gruyter, 1971, vol. I, p. 466).
40) PhL, II, 829, p . 98: “M emó rias (Memorabilien) [são] apenas um sistema subjetivo de
fragmentos, tem de haver também um ob jeti vo — ” . PhL, II, 832, p. 98: “ Um verdadeiro
sistema de fragmentos teria dc ser ao mesmo tempo subjeti vo e objetivo — ”,
182
42) PhL, II, 669, p. 85: “Pode-se ter sentido para chiste sem chiste, e sentido para alma
sem alma e sem chiste. A distinçã o entre parvoíce e loucura consiste m eramente cm
que a ú ltima é arbitrária como a tolice". S obre a tolice e a loucura, cf. L 15 (nota 8).
43) O fragmento aparece exatamente assim em PliL, II, 667, p. 8 5. Im portante para perc eber
o que se entende por profeta e historiador é o fragmento anterior, PhU II. 666, p. 85:
“Oeta".
po profeta c o histori ador são, ambos, ambas as coi sas: ao mesmo tempo fi ló so fo e
44) PliU I, 93, p. 13: “O essencial da dedução é legitimar, não apenas legalizar, a
genuin idade da estirpe espiritual. <(Diferenç a importante que a maioria dos kantian os
deseonhece)>”.
45 PhL, I, 85. p. 12: "Definições GENU ÍNAS são tão raras devido à falta ger al de m atéri a
histórica e espírito crítico. — A respeito das definições, portanto, o filósofo poderia
aprender muito com as cabeças chistosas — PliL, II, 672, p. 86: “Eito colossal,
segun do o qual só é possível uma única definição para cada conceito. Antes, inúmeras,
reais, sintéticas — ”. PhL, II, 698. p. 88: “ Defin içõe s (reai s) — não se deixam de
maneira alguma fazer dc improviso; elas têm de ocor rer [kommen ] — ”,
47) PhL, II, 410, p. 60: “Na construção dc conceitos filosóficos e para cada proposição
existem inúmeras provas, mas cada uma dessas provas tem dc ser completa [...]” Cf.
a carta de Friedrich a August W ilhclm de 28 de novem bro de 1797: “Nada mais com um
que definições realmente boas que não ajudam nada, porque são usadas em afirm açõe s
ruins. Kant e Leibniz afirmam: Reinhold e Wolff demonstram. C ’est tout dire...
Considero demonstrações some nte um luxo ou uma eti queta na ciência” (Apud KA ,
II, p. 177).
48 )PhL, II , 626. p. 82: “A filosofi a [é] um Efioç, começa no me io— Utilizando a célebre
observação horaciana sobr e o gênero épico em Hom ero — o narrador "arrasta o ouvinte
para o meio da ação ", como con sta n a Arte po ética, 148-9 — , esse fragmen to repropõe
o problema da coincidência entre princíp io lógico, hipo tético , e início histórico , real ,
da filosofia. PliL, Apêndice II, 16, p. 518: “No fundamento da filosofia tem de estar
não apenas uma prova recíproca [Weclixelerweis], mas também uni conce ito recí proco
[Wechselbegriff]. A cada conceit o, assim como a cada prova, se pode perguntar por
um conceito e prova deles. Por isso, a filosofia tem de começar no meio, como o
po em a épico, e é im po ssível ap rese ntá-la e acresce ntar parte po r paitc, d e modo qu e o
que é por si primeiro já esteja completamente fundado c explicado. É um todo, e o
caminho para o conhecer não é, portanto, uma linha reta, mas um círculo. O todo da
ciência fundamental tem de ser tir ado de duas idéia s, proposições, conceitos, in tuição
sem nenhum outro materi al". Esle é o mesmo problema que levará à rej eição dc uma
pr im eira prop os ição fund am en tal (erster Crundsatz) na filosofia — como se pode
verificar no fragm ento seguinte (/I 86).
49) A traduçã o verte assim Gnmdsatz. tentando m anter a difer ença que o idealism o alemão
faz entre uma "proposição fundamental” — propo sition -d e- fo nd para os tradutores
franceses de Heidegger — c um “princípio” ( Prinzip ). Sobre isso, veja-se a nota
anterior.
183
50) Segundo os cdilores da KA, fragmento de atribuição duvidosa a Schleiermachcr.
5 1) PhL, II, 506, p. 7 1: “A filosofia nada mais [é] que uma gramática universal e vice-
versa”.
52) Sob re as relações entre filologia e filosofia, filologia c críti ca, vejam -se, entre outros,
54) O problema foi assim exposto por Fichte: “A douirina-da-ciencia é, ela mesmn, uma
ciência. Portanto, também ela deve ter, em primeiro lugar, um princípio, que n ão pode
ser demonstrado no interior dela, mas é pressuposto em vista de sua possibilidade
com o ciência” ( Sobre o conceito de doutrina-da-ciência ou da assim cham ada filosofia,
trad. cit., pp. 15-6).
56) PhL, Apêndice II. 10, p. 518: “Filosófico é tudo aquilo que contribui essen cialmen te
— co m inten ção, não ca sualmente — para a realização do imperativo lógico. Filosofia,
arte, ciência, gênio etc."
57) Ato III, cena I. Sobre o Natil, o Sá bio, de Lessing, L 78. PhL, Apêndice 1,73, p. 512:
"P. 80. Sclielling. Sobre o eu. E um egoísmo empírico grosseiro dizer sobre o eu
absoluto: m eu eu”.
58 )PliL, II, 684, p. 86: “As m ulher es não são feitas para a ciência, mas p ara a filoso fia; cm
toda pane paia o tnais elevado —”,
59) A referencia do fragmento (com o adendo propriam ente schlegcliano) é a polêm ica de
Fichte com o profes sor de filosofia K.C. E. Schm id. Depois de apresen tar argumentos
contra a interpretação equivocada que Schmid fizera de sua filosofia no número III,
volume 2, do Jo rn al filo só fi co ( 1795), Fic hte en cen a a resposta publica da no m esmo
jo rnal co m um "ato de aniquilaçã o” (Annihilationsa ct), declarando que, a partir de
184
então, nii o apenas as afirmaçõ es, m as “o pró prio s r. Schmid, enquant ofilóso fo" já não
mais existiria para cie. In: Werke. Vol. II, p. 475.
60) A distinção entre co nceito escolar c conceito cósm ico ( am cep tus c osmici ts) da filosofia
é estabelecida por Kant na Crítica da razão pura. Doutrina Transcendental do Método:
“Conceito cósmico [Weltbef>riff] sc cham a aqui aqu ele que diz respei to a tudo aquilo
que n ecessariamen te interessa a todos; por conseguinte, determ ino a intenção de uma
ciência segundo conceitos escolares [Schulbegrijfe] quando só é considerada como
uma das habilidades para ccrtos fins arbitrários” (B 867).
61) PhL, II, 34, p. 21: “Sc a mala-posta de Konisbcrg virar, Jacobi ficará a seco”.
62) Em alemão: kritisirter Mystizismus. Schlegel faz disti nção entre uma filosofia que é o
próprio ob jeto de sua crítica c um a filosofia que crítica as o utras, em bora a “totalidade
crítica” só seja at ingida po r uma filosofia absolutamente criticizada c criricizanie (cf.
acima nota 3). Com o dá a enten der a expressão “ misticismo criticizado”, o fragmento
sc reporta às Cartas sobre o dogm atismo e o critici smo, onde Sch elling mostra que o
misticismo,situando-se,
criticismo, o dogmatismo prátic
no nível o, não prátic
da decisão pode ser ref
a, em pé deteoricamente
utado igualdade compelo
ele. Eideal ismo-
mbora
não faça menção ao Prometeu d e Esquilo, na décima carta Schelling compara a escolha
de um sistema íi livre decisão de um herói trágico diante da fatalidade do destino. In:
Obras E scolhi das. Seleção, tradução c notas de Rubens Rodrigues Torres Filho. São
Paulo, Abril, 1980.
63) Bienfa isant b ourni ("bruto de bom coração” ) está em francês no ori ginal.
64) PhL, IV, 309, p. 220: ''Sublime e atraente são os pólos da poesia. Belo, o ccntro c
corrente magnética (oceano) que tudo envolve. — O poeta sempre visa o sublime
ou o atraente; apenas o homem v isa o belo. - No bom, os análogos são justo , amável
— div in o, útil. — Do verdadeiro'? — Ciência c história. O filóso fo visa s om ente ou
uma parte divina ou uma parte terrena da verdade. Apenas o homem encontra a
diagonal —".
65) PhL, II, 485, p. 69: “Toda amizade tem dc sc fundarem proporções, cm simetria do
espírito, não em simpatia. Se dois espíritos sc encontram lado a la do, eles se tocam e
tem sentido um para o outro. A antipatia faz parte do amor, só ali a gente pode se tocar
dc dois lados —". PhL, II, 486, p. 6 9: “Podem homen s idênticos ser amigos? — N ão,
eles podem apenas se comunicar. Verdadeira sociedade é infinitamente rara; boa é a
sociedade onde não se está sozi nho — ".
66) Cf. L 49 c Conversa sobre a poesia, KA, II, 290 (trad, cit., pp. 33-34).
68) FPL, V, 214, p. 102: “O anseio dc que haja UM ÚNICO herói 6 romântico', muito
cinbora no romance perfeit o cada qual lenha de se r o herói —", FPL, V, 39 3, p. 117:
“dcNo
scrromance filosófi
heróis. Senão issoco, não h bem
seria á herói c nem
ilibcral —”hom, Esens
sa inteirame
eqüidad e nte
quepassivos; todosentre
se estabelece têm
os heróis de um romance também é assinalada por S dilege l para m arcar a diferença
entre um herói épico e um herói trágico na literatura grega: “Na tragédia helénica o
herói do poema é aquele (freqüentemente também são mais de um) que pratica a ação
ou sup orta o destino. Todo o r esto tem de pare cer esíur em referência necessá ria a ess e
centro. D ecert o, também a epopéia helénica ama te r um herói: acarretari a pobreza e
confusão se não houvesse um que se destacasse m ais da m assa; no entant o, ele é tão
pouco o fim do todo, quan to se ria dc no vo po bre sc sobress aísse isolad am en te, se não
houvesse m uitos que dc diverso s m odos sc aproximassem dele. o acompanhassem, o
cercassem ou a ele se opusessem, se as figuras e grupos não alternassem. O herói de
uma epop éia c od e uma tragédia helén ica são coisas inteir amente diferentes!” (KA, I,
pp. 47 4- 5.)
69) PtiL, II, 985, p. II I: “Muito do que é capricho da linguagem parec e bastante feli z,
firme e necessário. Talento, capacidade que um hoinem apenas possui , que ele própri o
no fundo não e; e, no entanto, é ao mesmo tempo alg o tão compac to, uma p ura massa.
— ” Sob re a po sse de talentos (na Grécia, med ida de va lor cm ou ro ou prata) co mo
coisas, veja-se o que diz o fragmento /l 35 a respeilo do cínico.
70) Plil., 11,465, p. 67: “Sc um srcinal só pode fa zer sistemas, sem se r ele mesmo um,
isso é apenas talento — " PliL, II, 996, p. 112: “Gênio é, indivisivelmentc, uma coisa
só. Aqu i nunca se pode dize r como o homem tem talentos. Está na cssência do gênio
que seja um sistema por si, que, portanto, um gênio não entenda nenhum outro". O
gênio como sistema de talentos também aparece na resenha do Woldemar dc Jacobi:
“ Pois que outra cois a é o g ênio senão a comunidade interna legalmente livre dc muitos
talentos?” (KA, vol. II, p . 73.) V eja- se também o frag me nto ded icado à caracterização
dc Georg Forsler: “Gênio é espírito, unidade viva de diferentes com ponen tes naturais,
artíst icos c livres da formação dc uma determinada cspé cie” (Ibidem, p. 98). FPL, IV,
707, p. 252: “Gênio é organismo espiritual. Só o gênio pode organizar indivíduos.
Filosofar signifi ca pensar id ealment e. — <C histeé espírito químico>” . FPL, V, 1029,
p. 170: “Talento é an títes e dc cará tc rc é gênio incomplet o. — Virtuose é o dete ntor de
uin talento, o profissional dc uma bcla-artc liberal. — Originalidade é dupla
individualidade, ou genialidade individual —"
Ideia semelhante ocorre no fragmento 63 do Borrador un iversa l, dc Novalis:
“DOUTRINA-DAS-PESSOAS. Uma pessoa genuinamente sintética é uma pessoa
que é ao m esmo tempo m ais pes soas — um gênio. Toda pessoa é o germe de um gênio
infinito. Pode ser desmembrada em m ais pessofas l, mas tam bém ser uma só. A genuí na
análise da pessoa, com o tal, produz pessoas — a pes soa só pode se iso lar, desmem brar
e desag regare m pessoas. Uma pessoa é uma harmonia — nem mescla, nem movimento
— nem subs tânc ia, com o a ‘al ma ’. E spírito c pess oa são um só” . In: Schriften, III, pp.
250-1. Cf. também o fragmento 282 (III, p. 290) c o número 172 dos Fragmentos e
est ud os J 799 -1SOO: “Um verdadeiro amor por uma coisa sem vida é perfeitamente
pensável — c também po r plantas, an im ais, pela nat ure za — até po r si mesmo. Se o
scr humano tem um verdadei ro tu i nterior— nasce um convívio sumamente espir itual
186
e sensual e a mais veemente paixão é po ssíve l — Génio nada é, talvez, senão resultado
de um tal plural interior. Os mistérios desse convívio são ainda inuilo pouco
ihmiin ados”(tradu zido ü p . 238 , nota 17. de Pólen).
71) i/i détail e en gros estão em francês no srcinal. PliL, II, 757, p. 92: “A filosofia de
Kant meramente abstrata na teoria; meramente especulativa na prática. Especulação
en détail é tão difícil c tão rara quanto abstração en gros —”, PhL, II, 781, p. 94:
“Especulação en détail e abstração en gros são propriamente matéria do chis te, que
tem de ser sempre paradoxal — Sobr e es pec ula ção e abs tração, pode -se consul tar /.
107 e /l 102.
72) PliL. III, 58, p . 127: “A poesia dos antigos é tão abstrata quanto a filosofia dos mod ernos.
Assim, a qualidade da abstração e da universalidade é distribuída vice-versa —".
PhL. III. 110, p. 131: “<A bs traçã oe especu lação de modo algum lim itadas à fi losofia.
Os poetas ti nham abstração em alta medida>”.
75) FLP, V, 154, p. 97: “< Me smo a expos ição do martírio absoluto (a Re lig iosa de Diderot)
faz par te essenci almente da poesia m oderna e dos prolcgômenos ao romance — >” .
76) Petcr Leberccht é o pseudônimo utilizado por Ludwig Ticck, dramaturgo e integrante
do grupo ro mân tico de Jena. O escritor Friedrich Richtcr é mais conhecid o pelo nome
Jean Paul, adotado cm homenagem à Revolução Francesa. FPL, IX, 268, p. 276:
“Nos arabescos um a sínte se da forma de Richter e Tieck”.
77) FPL, V, 837 , p. 156: “Todos os dram as que devem causa r efeit o, têm d e se aproxim ar
do romance absoluto; talvez quanto mais, tanto melhor''. FPL, V, 34 6. p. 113: “O
drama retór ico deve imitar os mimos clássicos na forma, mas deve romantizar essa
forma <segundo o gênero do romance psicológico> e tal vez então se aproxim ar tanto
quanto possível da forma de Shakespeare”.
78) Gottlieb Friedrich Klopstock (1724-1803), poeta, autor do poema épico O Messias.
No número I, volum e I , da revista Athenä um , A ugust public a um texto inti tulado At
línguas. Um conversa sobre as conversas gramá ticas de Klopstoc k.
79) “Magnífica mentira, onde está o verdadeiro tão belo que te possa suplantar?" Tasso,
Gerusalemme Liberat a, II, 22.
80) Karl P hillip Mo ritz (1757-1793), ens aísta e escritor, autor das novelas autobiográfica s
A ndre as H artk nopf (1794) e A nton Reiser (4 volumes. 1785-1790) e do ensaio Pa
imitação plástica da natureza. No fragmento A 203, August fará referência a dois
outros trabalhos seus: M ito logia c Antliusa, ou Ar antigüi dades de Rum a, ambos de
1791.
187
81) Na edição K: “uma retórica do ent usiasmo".
82) Na edição K. em lugar disso se lia : “A dcstinaçüo d ela é co nstituir o divino c aniquil ai
realmente o que é ruim”. A última frase do fragmento não aparece em K.
83) Friedrich diz em seu curso sobre a Histó ria da liter atur a européia'. “O verdadeiro
floresc imento [da lite ratur a romana] só começou a partir da segund a guerra púnica,
ou cerca de duas g erações antes de Cícero, c durou até Trajano. Pode ser dividida em
duas épocas, a de Cícero e a de Sêneca, ou — como com umente costum a ocorrer — n
época dc ouro, de Augusto — embora isso não seja de t odo correto, pois já começou
algum tempo antes dc Augusto — , c a dc pra ta , de Nero". In: KA , vol. XI, p. 127.
84) FLP, V. 32, p. 88: “Três gêneros po éticos do minantes. I) Tragédia entre os grego s. 2)
Sátira entre os romanos. 3) Rom an ce [entre ] os modernos” . Nas Ane dotas, diz Novalis:
“Schlcgcl tem raz3o, o genuíno romance tem de ser uma sátira" (trad. cit., p. 252).
Com o lemb ra o t radutor (nota 87, p. 247), num a carta a Fricdrich de 11 de maio de
1798, Hardenberg lhe manifesta gratidão por esse conceito dc sátira romana.
85) Em A 16, Schlcgcl explica qual seria a “esscncia do cinism o”, a partir da qual se pode
com preender melhor o fragmento. Na m esma linha, veja-sc L 105.
86) FLP, IV (I ), 1. p. 35: “A diferença entre clássico e prog ressivo é de srcem histórica,
Por isso falta à maioria dos filólogos. Também nesse aspecto começa, com
Winckelmann, uma época inteiramente nova. <Mcu mcstre.> Viu a diferença
imensurável, a natureza toda própria da antigüidade. No fundo permaneceu sem
seguidores”. FPL, V, 236, p. 104: “Winckelmann foi o primeiro a sentir a antinomia
do antigo e do moderno” .
87) Nu ma lingu agem ainda marcada pela preocupação estética, Schlegel diz no Estudo da
poesi a grega: “No todo, porém, o interessante ainda 6 o verdadeiro padrão moderno
do valor esté tico. Transferir esse pon to de vist a para a poesia greg a significa moderniztí-
la. Quem acha Homero apenas interessante, o profana. O mundo homérico é uma
pintura tão co mpleta quan to fácil de ap reen de r; a mag ia origina l da époc a heróica se
eleva infinitamente na m ente que está familiarizada com as desarran jos da má formação,
mas que não perdeu completamen te o sentido para a natureza; e um cidadão d escontent e
dc nosso século pode facilmente crer que encontra, naquela visão grega dc atraente
simplicidad e, liberdad e c intimidade, tudo aquilo de que tem estad o privado. Ta l visão
wcrthcriana do venerável poeta não é fruição pura do belo, não é apreciação pura da
arte" (KA, I, p. 346).
88) FPL, V, 130, p. 95: “<N o escrito so bre o chiste, uma A polo gia de Cícero, que foi uma
cabeça chistosa, quis ser muita coisa que não era c sempre foi julgado erroneam cnte>” .
89) FLP, V, 786, p. 153: “Ch iste épico c chistc jâm bico grosseiros se encontram co m bastan te
frequência na tragédia clássica, mas não estão fundidos; a mescla e mais íntima na
comédi a. — "
90) D ccimus Magnus Ausonius (±31 0-39 5), poet a e profess or de re tóri ca romano.
188
91 )PliL, II, 297, p. 48: “<Assim como as forinas cíclicas estão personificadas cm Platão
c Aristóteles, assim em Leibniz a pr ogressão com o forma da críti ca>” .
92) PhL, Apêndice II, 21, p. 520: “O sistema só pode ser comunicado àqueles que podem
e querem filosofar; o que se pode dem onstrar não ser o caso cm muitos daqueles que
tomam part e da conversa [mitreden], A fil osofia tem a alternativa de sa ber tudo o que
se sabe, ou nada. Da própria totalidade do saber pelo qual o filósofo se esforça, resulta
que não e possível mais que um único sistema”.
93) FI.P, V , 883, p. 160: "Qu anto à universalidade, Platão é o Shakespear e da prosa grega.
Escreve de form a dial ética, dilir âmbica, panegírica, ana líti ca, lógica, mítica e mesmo
titica (Icgislalória). Só não [temj o estilo mesclado de Tácito nem o combinatório-
crít ico. — <Platão não compôs nenhuma obra. <Notu> apenas estudos>”.
94) FI.P, V, 601 , p. 135: “Também exis te um a autêntic a prosa biográfica, diferente mesmo
da histórica, que se aproxima bastante da crítico-satírica; nela, Suetônio é mestre;
mais carac terística do que história — ” , Sobre Tácito e o estilo dos historiadores, veja-
se A 217.
95) PliL, II, 749, pp. 91-2: "Toda ciência tem de ter sua própria teologia; também a poética,
de que Winckclm ann teve presságios. O habitual é uma m escla de t eologia da física c
da moral. — Da teologia poética também faz parte a visão artística de Deus como
poeta, do inun do co m o um a ob ra de arte”.
99) Anthon Raphael Mc ngs ( 1728 -1779 ), pintor neoclássico, autor dos Pensamen tos sobr e
a beleza e sobre o gosto na pintura (1762), que dedicou a Winckelmann.
100) William Hogarth (1697-1764), pintor e retratista inglês, autor de The analysis of
beauty (1753).
101) Peter van Laar (1599-1642), foi chamado de Bamboccio (boneco) pela pequena
estatura. O epíteto
composições dá srcein
inspiradas do dia-a-dia. bambocciata,
ao noine
em cenas usado para caracterizar
102) Jan Steen (16 26 -1679), pintor holandês de cenas realistas c burlescas. Du rante certo
período , foi taberneiro.
103) O título está em francês. Os Essais sur la peinture suivis des observations sur le
Salon de Peinture de 1765 foram publicados postumamente em 1795. O título no
189
singular aparece pela primeira vez nas Obrus editadas ein 1798 por Naigeon. Cf. A
182 c 201. Goethe escreveu um comentário ao livro, intitulado O ensaio sobre it
pin tu ra cie Diderot.
104) L úcio iV Iúmio Acaico , cônsu l rom ano d o século II a.C. que, ap ós a tom ada de Corinto,
saqueou a cidade, levando suas obras dc arte para Roma.
105) Sob re os fragmentos A 192 e 193, diz a can a de Friedrich a Wilhelm d e 27 de fevereir o
de 1798: “Seus fragmentos mais recentes tnc deram uma grande alegria,
prin cipalmen te os so bre a arte. Como sã o belos isolada men te, e quan to mais em
massa. Sem dúvida, têm dc ficar juntos... Mas que dirá você se eu for insolente o
ba stan te pa ra sintetizar o Múm io com um ou tro fragmento seu, um tanto redu zido, o
pr oce der a um a op er aç ão semelha nte co m o gr ande [fragmento] sobre o espírito
plástico dos poetas?” (C itado em KA, 11, p. 195.)
106) Progrès de l 'espr it humain (progresso do esp írito humano ), cm francês n o srcinal, i i
o títul o da obra do Marques deCo ndo rcet, publicada em 1794, que Friedrich també m
com entará a seguir, em A 227.
107) Acima, pí adoye rs (discursos em defesa de uma causa) está em francês no srcinal.
Aitlopseitsla s, p alavra formada a partir do grego autos + pse úte s : aqueles qu e mentem
sobre si mesmos.
108) “Nay, /'// ne'er believe a madman till I see his brains", palavras do bobo Feste u
Malvólio na Noi te de Reis, ato IV, 2, 102. Abaixo, papie r m âché (papel machS) está
em francês no srcinal.
109) Sob re M itologia e Anth usa , cf. acima nota 80. O humano, o sagrado, o pensante e o
simbólico estão no neutro cm alemão.
110) So bre a biblioteca de belas ciênci as, veja-se acima A 122 (nota 74). Os co ribantes do
templo da deusa Cibele costumavam se emaseular e vestir trajes femininos.
113) PliL, III, 80, p. 129: “ Espan a, Ro ma e Atenas talvez dessem juntas uma república
perfe ita— ".PhL, III, 8 3, p. 129: "A adm inistração deveria ser monárquica, adircç3 o
democrática e a representação aristocrática —
190
extremamente geral, para um romance, assim como a doutrina-da-ciência para a
filosofi a e Revoluçã o Francesa para a mudança absoluta”.
A esse fragm ento, Schlegel dc dica um longo trecho dc um texto i ntitulado Sobre
a inintel igibil idade: “Escrevi esse fragmento com a mais honesta das intenções e
quase sem ironia. O modo como foi mal entendido me surpreendeu de uma maneira
indi/.ível, porque esperava o mal-entendido dc um lado inteiramente outro. Que
considere a arte como o ccme da humanidade c a Revolução Francesa como uma
notável alegoria do sistema do idealismo transcendental, é dc fato apenas uma de
minhas visões extrem am ente subjetivas. Mas já dei a conhecer isso tantas vezes e dc
tão diferentes m aneiras, que poderia esperar que o leit or ti vesse afinal se acostumado.
Todo o resto é apenas linguagem cifrada. Quem não puder encontrar também todo o
espírito de Goethe no M eister , inutilmente o procurará cm qualquer outra parte. A
poes ia e o idealis mo são os centros da arte e form ação alem ã...
Certam ente, há ainda um a outra coisa no f ragmento que podia ser mal entendida.
Ela se encontra na palavra tendências, e aqui também já c om eça a ironia. Quer dizer,
po de ser enten dida co mo se eu co ns ideras se, por ex em plo, a do utrin a-da-ciên cia
somente como uma tendência, como uma tentativa provisória como a Crítica da
razão pura de Kant, tentativa que eu mesm o planejasse exe cutar m elho re finalmente
concluir, ou, para falar nn linguagem artificial que é a comum e também a mais
adequada para esse modo dc representar, como se eu quisesse me colocar sobre os
om bros de Fichte, como este está nos ombros dc Kcinho ld, Reinhold nos ombros de
Kant, este nos ombros de Lcibniz, e assim ao infinito, até os ombros primordiais...
Abro mão, portanto, da ironia c declaro abertamente que, 110 dialeto dos fragm ento s,
a palavra significa que tudo ainda é apenas tendência, a época é a época das
tendências...
Goethe e Fichte, eis a fórmula mais simples e adequada para todo o escândalo
que o Athen äum causou, e p ara todo o desentendim ento que o Athenäum provocou... "
(KA, II, p. 367).
116) PliL, II, 173, p. 35: “O verdadeiro estilo histórico sistemático é simultaneamente
fluente e fixo, oscilante c estático [stehend], — T oda intuição contém um infinit o, é
= iiifmico. — A doutrina-da -ciência não somente // «/ [ fließt ] mas tai nbém transborda
x
[fließt iiber] — Phi, II, 472, p. 68: “Os historiadores gregos são de abstração.
Tucídides — transcendental. Heród oto— clci nentar . Xenofonte — sist emático. Tácit o
é o que m ais tem tom. L ívio, mais esti lo".
118) Cf. a definição que Kant dá do riso na Críticli do juízo (B 225): "O riso é uma
afecção da súbita transformação de uma expectati va tensa em nada". Tradução dc
Rubens Rodrigues Torres Filho, ln: Kant, I. A crítica da razã o pur a e ou tros textos
filo só ficos. São Paulo, Abril, 1974, p. 360.
119) Échappées de vue (literalmente: esp aços livres, embora estreit os, p or meio dos quais
se pode observar um lugar, uma paisagem): ein francês no srcinal.
120) PhL, Apêndice II, 17, p. 519: “A única pressuposição correta se descobre pela via
191
analítica; a pa rtir daí tudo cam inha sinteticamente. A an álise tem ac ascend er, lin iin
quanto possível, até o eu deve ser. A ampliação da ciência em Fichte foi no cnliinln
apenas um achado genial em Kaiil, nJo de sco heit a metó dica. A filosofia só estm n i i
bom estado qu an do já n3o pr ec isar co ntar co m ac had os ge niais e pu der proin<’illi
apenas pela força genial, mas metodicamente por via segura”.
121) PhL, II, 1018, p. 114: “Muitas vezes já se pode co njug ar e declinar e a té cscrav«
orto grafica me nte uma língua, is to é, uma ciência, mas ainda não construí-la ; a sinln i
é o mais difícil —”.
122) Doutrin a-d a-a rte- du- vida : cm alemão Leb en sk im stlehr e, substantivo que podo >oi
decomposto cm seus três termos elementares (vida, arte e doutrina) ou também nu
duas outras palavras já compostas, Leb en sk unst (literalmente “arte de viver") o
Kunstlehre (do utrina -da-a rte), esta última re m etend o à doutrina-dn-ciín< In
(Wissenschajtslehre). A di ferença entre essas duas “do utrinas” é assinalada cm l' l
V, 228, p. 103: "Dou trina-da -ai 1 e como antítese abso luta de douir ina-da -cisncio ' "
É claro que a pretensão do rom antismo é unificá-las num a síntese superi or, como m
verifi ca cm PhL, II, 632. p. 82: “Que tud o (toda arte) dev a ser c iência, é um a proposlçflii
da lógica da doutrina-da-ciência; que tudo, todas ciências devam se tom ar arte s, il
uma propo sição da doutrina-da-arte. Ambas, no entanto, também uma piop osiçüo i ln
po lítica superior— ”. PhL, II, 9 6 1, p. 109: “Form ação [Bildung] é a questão da filos olln
absoluta, doutrina-da-ciência c doutrina-da-arte junta s são doutri na-da- formaçll o
[Diidungslehre]. A ironia tem sua verdadeira sede na filosofia sistemática; ainbni
têm algo cíclico. Filosofia universa l é filosofia histórica” . E iu í, 108 (nota 69), oco rro
a construção análoga Leb en skun sts inn.
123) FLP, IV (II), 170, p. 76: "Aos árabes deve ter faltado comp letamen te o con ceito d o
clássico. Senão seria imp ossível que, depois de feitas as traduções, pudessem desprezar
por co mpleto o original”. FLP. IV (II), 172, p.77: “Os árabes absolutizam em lodu
parte. O que não lhes pa recia útil, destruíam imediatamente. <Aniquiladures>".
124) PhL, II, 658, p. 84: "Com uma faísca de filosofia, o cristianismo leva à filosofia
crítica. Para admitir o conceito de um mediador , se tem dc ser filósofo crítico ou
totalmente tolo.
Filósofo crítico ou 0 Pois somente a partir do idealism o ubsoluto se deixa
0 filósofo crítico
conceber um único ao mesmo tempo Deus e a o mesmo tem po homem. — "
125) PhL, 11,6 31, p. 82: “Catolicismo é cristianismo ingênu o. P rotestan tismo é cristianismo
sentimen tal. O progressivo só agora c omeça. — Ain da não há propriamente
cristianis mo verdadeiro; resolução do bom senso”. PhL, I I, 732, p. 90 : "O cato licismo
6 m ais político, estético e conseqüente do que o lutcranism o, que só tem m érito pel a
po lêm ica e pe la fi lo lo gia — FLP, IV (I), 107, p . 43: “ Há uma filolo gia prog ressiva
e uma filologia clássica. — P ara a caracterí stica da filologia progressiva é m uito
impo rtante a história da herm enêutica patríst ica, da taimúdica e finalmente também
da protestante. — A fil ologia progressiva come çou, parccc, com a interpretação da s
Escrituras Sagradas”.
126) PliL, II, 6 6 1, p. 85: “Nada é tão exatamente um que não seja três; por que com Deus
192
deveria scr difer ente?" PhL, II, 664, p. 85 : “Deus tam bém é um a coisa, não um mero
pensam ento. É ao mesmo tempo coisa c pensamento, como todos os pens amentos e
todas as coisas —
127) PhL, II, 369, p. 56: “Erro blasfemo de que só haja um deus. É disparate qu e só deva
haver um único mediador; para o cristão genuíno tudo é mediador. Quantos deuses
alguém queira ter depende simplesmente de seu arbítrio absoluto”. O texto retoma a
idéia novaliana de “mediador” ( M ittler ), expressa no número 73 das Observações
entremesciudas: “É uma idolatria, no sentido mais amplo, quando eu considero de
fato esse mediador como Deus mesmo. É irreligião, quando não admito nenlium
mediador — c nessa m edida super stição, ou idolatr ia — e de scrença — ou teísmo,
que também se pode chamar de judaísmo primitivo — são ambos irreligião. Em
contrapartida, ateísmo 6 apenas ne gação de toda religião em ger al e portanto não tem
nada que v er com a religi ão. Verdadeira rel igião é aquela que adm ite aquele m ediador
como mediador — toma-o como que pelo órgã o da divinidade — por s eu fenômeno
sens ível” (irad. cit., p. 77).
PliL, oII,
128) Crist ". p. 85: “Maria 6 uma idéia necessária
— 659, da razão pura feminina, como
129) Personag em principal da novela The history o f Sir Charles Grandi son (1753-1754),
de Samuel Ricliardson.
130) Sátira, elegia c idílio são os gêneros da poesia sentimental, segundo a classificação
de Schiller em Poesia ingênua e sentimental (São Paulo, Iluminuras, 19 9 1, pp. 64 c
scgs.). Cf. FI.P, V, 1050, p. 172: “Belo é poesia poética. — A poesia transcendental
começa com a diferença absoluta entre ideal e real. Aí se encontra Schiller, que [é]
po rtan to um iniciado r da po esia transcendental c só metad e po es ia tran scen de ntal,
que tem de terminar com a identidade fdo id eal c real]”.
131) FPI., V, 317, p. 110: “Os poetas antigos já gostavam de filo sofar, c então s ua filosofia
era tão transcendental e nov a quanto podia se r, sem prejuízo da popularidad e; Píndaro,
os trágicos, em Ésquilo e Eurípedes a filosofia freqüentemente não está poetizada.
Finalmente se isolou essa tendência c surgira m os poemas didáticos alexandrinos; esse
isolamento já é algo m oderno . Aqui, não havia disposição alguma de poetizar o todo".
132) PhL, I, 14, p. 5: “As sim com o só há um único sistema e uma única filo so fi a, também
só há UM MÉTODO—”.
133) FLP, V, 634, p. 138: "Tudo aquilo qu e deve scr crilicado tem de ser um indivíduo —
mas na caracterização a individualidade não tem de ser exposta historicamente, c
sim mimicamente —
134) PliL, II, 812, p. 96 : “ Aquilo que já não se pode m ultiplicar é, cm sen tido filosófico,
indivíduo absoluto (elemento indivisíve l) tanto quanto aquilo que não se pode mais
dividir—",
138) FLP, V, 62, p. 90: “A poesia de Gozzi [é] esboçada de modo rápido e grosseiro
poes ia de deco ra çã o. — Rin Gozzi, estr anho conceito da necessidade de se r novo. -
O demagógico em Gozzi é o que mais se assemelha a Aristófanes: o maravilhoso
mágico, m érito próprio”. Cario Gozzi (1720 -1806), dram aturgo italiano, defe nsor t in
commedia deli'arte, auto r de Turandoi ( 1762). Cf. acima A 244.
139) FPL, V, 76, p. 91: "A comé dia de Dantc é um romance". FPL, V, 520, p. 128: "Pontos
para o estiulo de Shakespeare. — Ironia— esfor ço pela uni dade — espíri to român tico
— in tencion alidad e, arte, perfeiçã o c ac aba mento <( co ns truç ão )> — un iversalidade
em todos os gêneros do romântico — poesia da poesia — sua doutrina-da-ar te —
indi fer ença da fo rma dramática— suas manei ras — seu classi cismo— sua moral idad e
individual”. FPL,V, 692, p. 143: “Sh akesp eare tem moralidade romântica. Suumescln
dc poesia e prosa romântica indica romântico absoluto”. FPL, V, 717, p. 146: “A
essência dc Sha kespeare é rom ântica, sua tendência, trans cendental. É româ ntico e
classiciza. A essência de Gocthc c abstração e poesia, sua tendência, romântica; &
clássico c romantiza. — <Gocthc vai, através do clássico, até o progressivo.
Shakespeare, através do romântico, ao transcendental. Dan le, Shake sp ea re brotam
da terra como gigantes >". FPL, V, 1102, p. 176: “Goc the não é rom ântico . — É
poesia po ética un iversal, não po es ia un iversal — ”,
141) FLP, V, 33 1, p. 112: “Profeta é todo filósofo poético e todo poe ta filosófico” . Cf. A 80
(nota 43).
142) FLP, V, 107, p. 94: “Quem tem fantasia, tem dc po der aprende r poesia; ainda se tem
de chega r ao ponto cm que todo filósofo escreva um romance Cf. abaixo o
fragmento A 255. A possibil idade dc ensinar e aprender poesi a — q ue deve se tom ar
“arte”, n o sentido em que a e mprega Schlcgcl — também é uma das questões centrai s
discutidas na Conversa sobre a poesia, como sc pode observar, por exemplo, na
seguin te fala dc Antônio: “ Primeiro c preciso ter investigado c esclarecid o se a poesia
é algo q ue se deixa ens inare aprend erem ger al” (KA, II, p. 310; trad, cit., p. 50).
143) A afi rmação de que a auton om ia do belo possa decorrer do primeiro p rincípio de toda
a doutrina-da-ciência (“eu = eu; eu sou eu”. A doutrin a-d a-c iê nci a de 1794, (rad.
cit., p . 45) tem respaldo na explicação que Fichtc dá dos juíz os téticos. Da inesma
forma que o juízo “o hom em é livre”, um “ juízo dc gosto: A é belo (o mesm o que:
A contém um índice que está também contido no ideal do belo) é um juízo tético;
pois
Mu itonão
pelopo ss o com
contrário, para
meu r ess etem
espírito índice por
co m o idproven
t arefa, ea l, já iente
que denã oseucopôr
nheç o o ideal.
absoluto,
cnco ntrá-lo; mas essu tarefa só poderia ser solucionada d epois de uma aproxim ação
perfeita e term in ada do in fini to . — Kant e se us se guid ore s cham ara m , por isso ,
muito corrctamentc, esses juízos de infinitos, embora nenhum deles, ao que eu
saiba, os tenha explicado dc maneira mais clar a e determina da” ( ibidem, p. 59). Cf.
FPL, V, 188, p. 100: “O com eço de um a obra lóg ica tem de ser tético; na verdad e,
194
pod e tão po uc o com eçar quanto term inar. — <T esc abso lu ta co mo fu nd am en to ;
então puras antíteses e hipóteses. —> Começo: que b eleza e arte devam ser, enquanto
seres isolados. — A conclusão: que não devem ser, isto é, enquanto tais. — <A
bel ez a, uma fi cçã t» Unificação de beleza, verdade, moralidade, sociabilidade —
pe lo ro m an ce . — To das as so lu çõe s da s antíte se s c antino mias de ss a fund açã o [da
doutrina-da-arte] só podem cm geral ser hist óricas —",
144) PliL, II, 95, p. 27: “O verdadeiro romance tem de vincular também o gênero mais
abrangente, mais puro e mais completo da poesia-de-arte a todos os gêneros da poes ia-
de-natur eza e da poesia- de-art e mista ; ele tem dc ser dram a— ". FPL, V, 193, p. 101:
“Deve-se filosofar sobre a arte, pois se deve filosofar sobre tudo; mas se tem ao
menos de saber algo sobre a art e. — Sem dúvida, tudo aquilo que se experimen tou na
arte som ente se tom a saber pela filosof ia. Que os antigos sejam clássicos, isso não se
sabe a pa rlir tla filosofia; pois Goethe também o sabe; mas, sem dúvida, se sabe
disso apenas co m filosofia”.
145) FPL, II, 172, p. 99: “Shakespeaiv é correto” e FLP, V, 372, p. 115: “A'a escollm das
fo rn ia s, na mes cla do s co m ponen tes e no m étodo de co nstruç ão , nenh um poeta
moderno
Sliakespcareainda é correto
prima —”. Atem
pela correção inversão que Schlegel
evidentemente como opera aoa afirmar
alvo estética cque
o teatr o
francês. Segundo o Estudo da poesia grega, o padrão de gosto que rege a crítica
itali ana, inglesa c francesa seria, respectivamente, o a trativo, a verdade e a correção
(Korrektheit). KA, I, p. 220 c pp. 249-250.
146) FPL, V, 509, p. 127: “A pa ró dia da forma dramática em Shakcspeare surge dc sua
improp riedade pa ra a obra de arte romântica. — A ironia torna o cli istc de Shakespe are
subli mem ente delicado — ",
149) FPL, V, 285, p. 108: “O poeta perfeito ta mb ém tem dc scr filólog o” . PliL, IV, 1326,
p. 304: “O verdad eiro raciocinar não se opõe ao filosofar — ao co ntrário , teria de
significa r o método da razão pura. — Inquestionavelmente o poeta perfeito deve
filosofar c também deve ser filólogo — mas por isso não há ainda uma constituição
filosófica da poesia. <lsonomia da poesia c da filosofia >”.
150) "Man eiras-de-ação srcinárias [urspi iingli clie Ilaiidlungsweise) do espírito hum ano” :
segundo Fichtc , a tarefa da doutrina-da-ci ência é mostrar justame nte com o as
“man ciras-de-ação ” necessárias do espírito huma no são acolhidas na forma sistemática
do saber. Em A 252, Schlegel já sugeriu a conexão entre a autonom ia do belo c a ação
suprema do espírito.
151) PhL, II, 754, p . 92: “ As fonnas da filosofia moderna são inteir am ente individuais —
caitas, autobiografias, romances, fragment os. — Rousseau fundou a filosofia retór ica;
Espinosa, a sistemática — ”. PhL, II, 771, p. 93: ‘‘A desinência ismo não pode jam ais
designar um sisieina, inas apenas espírito de uma ccrta espécie, ou exteriorização.
195
exposição desse cspíri lo. — Mistic ismo — empirismo — sistenialis ino — ceti cismo
— cr iticismo nã o sã o sistemas, mas somente exposições do e spíri to, que certamente
tem de ser tão completas quanto possível. — A forma adequada c rapsódia — fra g
mento é a forma para a filosofia t ranscen den tal, massa para a filosofia real — " PhL,
II, 1029, p. 114: “A verdadeira forma da filosofia universal são fragmen tos —
153) Christoph Marti n W iela nd (1733-1813), poeta suíço, autor da História d eA gatã o.
154) Claudine von Villabella: dram a cantado ( Singspiel ) em 3 atos de Gocthc, que com eçou
a ser escri to em 1775 e teve sua primeira apresentação em 1795.
155) Os editores da KA dão indicação de um fragmento parec ido em PhL, 1,68, p. 10: “O
insuficiente princípio da mo ral em Kant festá ] bem aba ixo dos místicos. —” Já Novalis,
se é exata a indicação dada por Hans-Joachim Máhl, atribui o fragmento a
Schleiermacher: "D[OUT RINA ]-DA-REL [lGIÃOJ. Pessoas telizes são aquelas que
em toda pane ouvem Deus — em toda parte encontram Deus — essas pessoas são
pro priam ente religiosas. Religião é moral na mais alta dignidade, como disse
notave lmente Schlei ermacher” (0 borrador universal, 257, cd. cit., vol. III, p. 286;
nota, p. 920).
160) Frag men to de atribuição duvido sa a Fri edrich e Schleiermacher. A expressão “Lcibniz
é inteiramente moderantista” aparece em PhL, II, 260, p. 212. S obre o m oderantismo,
A 64 (nota 35).
196
162) O novo método da jurispru dênc ia de Leibniz (Nova M ethodus dis cendae docendaeque
Ju risp ru den tia e) é de 1667. Citada mais abaixo, a Teodicéia foi publicad a em 1710.
165) Da nova expos ição da doutrina-da-ciência ( 1797-98) foi pu blicado apenas um capítulo
no Jorm ü filo só fico, tradu zi do p ara o português com o título O princípio da doutrina-
da-ciência (cd. cit „ pp. 17 7-185). Schlegel , no entant o, acomp anhou o cur so de Fichte
em Jcna, dedicado à nova exposição intitulada Wissenschafisíehre nova methodo
(1798). Que, nesta, filosofia e filosofia da filosofia se apresentem mais intimamente
ligadas, é um a dife rença qu e observa cm relaçã o à Fundação de toda a do utrina-da-
ciência de 1794, pois, segun do ele, nesta última "filosofia e filosofia da filosofia não
se fund em o bastante: ambas estão isoladas” (PhL, II, 143, p. 32). PhL, II, 201, p. 37:
"A filosofia da filosofia de Fichte é mais fichtiana do que sua filosofia, portanto
também melhor ” . PhL, II, 197, p. 37: “O espírito dc um a filosofia é sua filosofia da
filosofia”. Sobre o eriticismo à segunda potência da frase anterior, sobre a crítica ou
filosofia da filosofia (“a filosofia crítica nada mais [é ] do que filosofia da filoso fia"),
a que fará alusão a frase seguin te, cf. A 1 (not a 3).
166) No va variação do Evkou ia v (cf. A 10, no ta7). Aqui, contudo, a referência é bastante
precisa: no Conceito da doutrina-da-ciência, Fichte diz que nela “um conduz ao
tudo c tudo co ndu z ao u m " (trad. c it., p. 22, nota) .
168) O concurso do ano de 1791 da Academia Real de Ciências de Berlim tinha como
título: “Quais são os progressos efetivos que a metafísica fez na Alemanha desde os
tempos de Leibniz c Wolff?” O prêmio foi dividido entre o leibniziano Schwab,
Keinhold e Abicht. A questão despertou interesse entre personalidades do mundo
filosófi co alemão, entre os quais, Kant e M aimon, que redigiram m emórias, mas não
participaram do con cu rso. Schellin g tam bém tccc um co m en tário no Panorama geral
da liter atura fil osófica mais m ente (cf. abaixo nota 175). Sobre August Ludwig
Hü lse n, Z. 108 c I 107.
169) “A dificuldade faz a essênc ia e o mérito brilhante da poesia ", cm francês no srci nal.
Abaixo, íicailémicien está cm francês. Bernar d Le B ov ierd e Fontenc lle (1657-1757),
secretário permanente
Conversações sobre a plda Academia Real
uralidade dos m deundos
Ciências da França, autor das
(1686).
171) Passagem de A t mu lheres de Weinb erg (Die Frauen von Weinberg ), balad a de Bürger.
Sob re este, cf. A 122 (nota 74).
172) PhL, II, 785, p. 94 : “Os filósof os superam de m uito longe os poetas em inconsciência
genial”. PhL, II, 319, p . 50: “O pouco que hä de bom cm Lcibniz é um protótipo de
inconsciênci a genial”.
175) A "crítica liter ária da filosofia” é uma referência ^Allgem eine Obers icht der neues ten
ph ilos op hisc he n Liter atu r (Panorama geral da literatura filosófica mais recente) dc
Schelling, texto que ficou conhecido na versão da segunda edição de 1809:
Disse rtaç õe s par a a elucida çã o do id ea lism o da do utrina- da- ciên cia. Cf. PhL, II,
154, p. 33: "<Os panoramas [Übersichten] de Schelling são hipermetropes
[übersichtig]’’ (jogo de palavras semelhante cm A 72). Na última frase de /I 412,
Schlegel voltará a se referir à Natur ph ilosop hie de S chelling, dizendo que ainda não
é temp o para uma “ física d a filosofi a” . No Discurso sobre a M itologia da Conversa
sobre a poesia, Lud ovico— personagem cm que se pode identificar traç os dc Schelli ng
— afirm a qu e já se vê a grande revolução da ép oca "a tu ar na física, na qual o idealism o
no fundo já irrompeu por si mesmo, antes que fosse tocada pela varinha mágica da
filosofia”. In: KA, II, p. 314; trad. cit., p 52.
198
176) Gadarcnos: referência à cidade dc Gadara. onde, segundo Mateus (VIII, 28), uma
manada inteira de porcos sc lança ao mar, tomada dc demônios exorcismados por
Cristo. Gênios de força ( Kraftgenies ) c uma a lusão aos poetas c escritores do Siurm
and Drang, “a época dc ouro dc dezesseis quilates dc nossa literatura (a época dos
gênios de força)", como diz Jean Paul, que “agora infelizmente se converteu numa
época esclcrosada". No mesmo sentido, Kant usa a expressão Kraftmãnner (homens
de força) para designar aquel es que anunciam “com entusiasmo um a sabedoria que
lhes custa pouco esforço”, empregando um “lom altaneiro” na filosofia (Von einem
neuerdings erhobenen vornelimen Tim in der Philosophie, A 4 15. nota ).
177) O Gato dc Botas faz parle dos Contos popu lares de Peter Leberecht, publicados por
Tieck em 1797. Sobre o pseudônimo P eter Leberecht, cf. A 125.
180) Maria Anna Angc lica Kauffma nn, p intora neoclí íssica suíça (1741-1807).
181) Oskar Walzel c Sulgcr-Gcbing (apud KA , II, p . 219, n. 313) atribuem o fragm ento a
Fricdrich devido ao seguinte trecho dc uma carta que envia ao irmão: “Sc íSopliic
Mercau] pudesse expor, faria como Angclica Kauffmann, dc cujos dedos também
sempre emanam, como que por si mesmos, seios e ancas” (27 dc maio dc 1796).
182) Jo rn al filo só fico d e um a socied ad e de doutos alemães ( Philosoph isclies Journ al ein er
Uesellschaft Teutscher Gelehrteii), publicação que durou de 1795 a 1800, editada
po r F. J. Niethatnm mer (p rofessor da un iversidade de Jcna e ex -aluno do Stift de
Tiibingen) e Fichtc. Friedrich resenhou os quatro primeiros números para a Gazeta
literária ge ral cm 1797.
184) Diógenes Laércio, Vidas d os f ilósofos , IX, I: “Muita instrução não ensina a ter
inteligência; pois teria ensinado Hesfodo c Hitágoras, Xcnófanes e Hecatcu”. In:
Os pré-socráticos. T radução de José Ca valcante d e S ouza. São Paulo, Abril. 1978,
p. 80.
185) FPL, V, 882, p. 160: “<A s repetições mu sicai s do mesmo tema em Kant . — O ch iste
com binatório em Kant é o m elhor >” . Sob re a musicalidade dos kantianos, cf. também
A 220.
186) Des criptiv e poetry (poesia descritiva): cm inglês no srcinal. A menção de Lessing
ao poeta Simônides, o “Voltaire grego” (556-467/66 a. C.) sc cncontra na primeira
seção do La oco nt e (ed. cit ., vol. III, p. 8). As palavras a respeito de Apo io, citadas um
pouco an tes, seriam de Hcráclito, co nfo rm e repo rta Plutarco : “O se nhor d e qu em é o
oráculo de Dclfos, nem diz nem oculta, mas dá sinais" (In: Os pré-socráticos. Ed.
cit., p. 88).
199
187 ) Em alemão Teilnahme. Com o lembra Rube ns R odrigues Torre s Filho (Pólen. p. 211,
n. 55), no alemão o vernáculo Teilnahme (participação, simpatia) equivale ao termo
culto In teresse, tema do fragmento.
189) Tentando preservar o parentesco com o substanti vo OJfciilieit (franqu eza), a tradução
verte offen (literalmente “aberto”) por “franco”, adjetivo que ainda conserva em
por tu guês a idéia de “a ber tu ra ”, com o se vê, po r ex em plo, em “e ntrad a fran ca " e
“zona franca”.
190) H cinrichS tilli ng (pseudônim o de Johan n H cinrich Jung (1740-1817)): escritor pieti sta,
autor de A ju ven tu de. Os a no s d e juventu de e A s viag en s de H. Stilling .
191) Sobre o sentido ( Sinn ), cf. A 78 (nota 41). So bre a relação entr e Sinn e Geisl (espírito),
cf. FPL, IV (II), 79, p. 67: “No entanto, tam bém o men or filologema pode ser referido
ao absoluto filológico sob infinitos aspectos, em infinitas direções. — Hoder fazer
isso é espirito ou sentido filológ ico? <Q ue <5 espirito ou sentidol> Será que espírito
é senti do ù segunda p otêneia?>” Sobre alma, espírito e ânimo, cf. PliL, II, 831, p. 98:
“Alma é vida atrativa, excitabilidade do ânimo, espírito é vida do entendimento;
pru dê nc ia é entendim en to moral — " PliL, IV, 972, p. 276: “Espírito é crít ica, alm aé
história (grandeza das almas) c ânimo é ética — ".Ânimo traduz aqui Gemiit, palavra
que, na terminologia técnica kantiana, abarca o conjunto de iodas as faculdades
superiores (faculdade de conhecer, de desejar e senlimento de prazer e desprazer) e
que cm outras passagens também foi traduzida por “menle”. Na Crítica do juízo,
Kant fala , por exemplo, dos “poderes” e “ facul dades da mente (ou do âniino)” que
com põem o gênio ( B 192 e segs) .
194) Schlcgel se apropria de duas imagens das Cartas a Mos es Menclelssolm sobre a
doutrina de Espinosa. Ali Jacobi afirma que, p ara poder crer na existência de uma
causa inteligente e pessoal do mundo, é preciso um salto mortale. Também lança
mão de um a descri ção que Mendelssohn — numa das carta s publicadas por J acobi
—
inteirfaamen
z de teLcs
de sing:
acordo “A
comid éi a humor,
seu que L ess6 in
umg apro põecambalhotas
dessas su bitam ente
comem se guid
as quais faziaa es tá
menção de, por assim dizer , saltar por sobre si m esmo e, por essa razão, não saía do
lugar". In: Oeuvres philos ophiq ues de F.-/ I. Jacobi. Tradução, introdução e notas de
J. J. Anstett. Paris, Aubier, s.d., p. 111. A metáf ora do im pu lso que se deve to m ar para
dar o salto pode ter sido sugerida pela famosa recomendação de Leibniz: “Qu’on
recule pour mieux sauter". (De l'srcine radicale des choses, 15). Trechos do
200
fragmento aparecem , ligeiramente diferent es, cm PhL, II 1047, p. 115, c 1049,
p. 116.
196) PhL, II, 428, p. 62: “Kant raramente constrói e jamais caracteriza. No entanto, sempre
quer as duas coisas. — Ideal da confusão — coro do caos de Kant . — Nele, porém,
a confusão é ao me nos ordenadamente construída; é o prim eiro caos de arte filos ófico.
<N cslc senti do, pode o filósofo prestar o s m esmos serviços que, seg undo Le ssing, a
Bíblia presta ao gênero humano? —>" Sobre Lessing c a Bíblia, cf. / 95.
197) Cela peut aller ju sq u ’au sentiment (isso pode ir até o sentimento) c cela peut aller
ju sq u '« la philosophie (isso pode ir até a filosofia): em franc cs no srcinal. A pritneira
expre ssão é usada p or Leibniz, falando da inônada , nos Princ ípios da natureza e da
graça, IV, também citada por Jacobi nas Cartas a M oses Mendelssohn sobre a doutrin a
de Espinosa (Irad. cit., p . 185). De acor do com os editores d a KA (II, p. 229, n. 358),
o fragm ento é de Schl egel, mas calcado em passagens dos estudos de Schlcierm acher
sobre Leibni z, por exemplo, D, 72: “Le ibnizjuntou uma porção d e perc ep tion es non
satis dixtinctas e vibrações monádicas e pensou: cela peut aller ju sq u ’à la
ph iloso ph ie’’. D, 73: “O que pode surgir de um a ciência que é tratada por seus maiores
adeptos como um jogo de charadas? É assim que Leibniz e os Bernouillis procedem
com a matemática".
198) PhL, 11, 311, p. 49: “Tudo aquilo que ainda 6 bom nele [Leibniz], ó instinto. Sua
intenção = 0. Assim também sua form a e seu interior . Não h á nada aí. a nulidade aí é
absoluta—”. PhL, II, 312, p. 49: “Seu talento era de talento puro; sabia tão pouco do
que fazia, quanto o castor de sua art e. Sua m ania dc s egredo s, mais diplom ática que
teológica; gostava muito de saber os s egredos dc gabinete da natureza. Seus escritos
têm algo de despachos — PhL, II, 314, p . 49: “cL eib n iz é um filósofo por inst into,
contra a sua intenção, e um alemão por acaso". PhL, IV, 1134, p. 290: “A
universalidade de L eibni z consiste em que unifi ca em si o pedantismo e a charlatanice
dc todas as tr ês faculdades. — É o ideal de um autor ruim. — Ganhou seus melhores
pe ns am en tos na loteria — ”.
199) PliL, II. 49, p. 126: “A mor ó am izade universal, e amiza de é am or abstrato, casam ento
parcial — PhL, III, 53, p. 126: “Am izade é uni pedaço dc casam ento, a m oré amizade
da cabeça aos pés — ”.
200) M agia negra se di z cm alemão schwa rze Kunst , que significa literalmente “arte negra",
mas também, cm sentido figurado, “imprensa" ou a “arle de imprimir".
203) PhL, III, 70, p. 128 : “I lá três unidades no espírit o, com o na natureza, a me cânica, a
química, bei n como a orgân ica— PhL, IV, 295, p. 218: “Sentido [él universalidade
filosófica, ânimo universalidade ética, razão universalidade mecânica, chiste
universalidade química, espírito universalidade orgânica”.
201
204) Em K\ “mais ordinárias”.
205) PhL, III, 78, p. 128: “O poder sacerdotal no Estado é mítico, o com anda nte é físi co,
o juiz é históri co, polític o. Juntos, dãu uin rei espartano. A pa atX fiia de Platão é uma
idéia semelhante. — Muitas vezes, o rei (príncipe mítico, físico, histórico) [é]
representant e. O comandante [é] sempre um déspota lega l — ”, PhL, III, 79, p. 129:
"A constituição espartana é inteiramente roinSntica —”. PhL, III, 82, p. 129: “Um
deputado e uin repres entante são conceitos essencialmente disti ntos".
206) PhL, III, 87, p. 129: “O conce ito oposto ao de gabin ete é parlamento', muitas vezes
existe sem o nome. — A qui (no gabinete) se quer, se ordena, sem se voltar para as
formas, se têm segredos etc. e se deixa que seja m ditos. — O Diretório francês é uin
verdadeiro gabinete. Os administradores têm de ser pagos. Os deputados não o podem
ser; só eles são capazes de crime de lesa-majestade. Os rep resentantes são sacrossantos
207) FPL, V, 1090, p. 175: “A ssim como os filóso fos entre os antigos, assim tamb ém os
artistas formam, entre os modernos, um Estado no Estado. — No mais das vezes,
porém, os ho men s ve rdade iram en te morais també m es tão in ecclesia pressa contra
os filósofos — PhL, IV, 689, p. 251: “A filosofia atual é militans, a próxima será
triuinphtins." PhL, IV, 896, p. 269: “Até agora filósofos e poetas viveram tão in
ecclesia pressa quanto os prime iros cris tãos — ".
208) PhL, III, 47, p. 126: "O virtuoso, o homem genial quer conseguir um fim
determinado, con stituir uma obra etc.. O homem enérgico sempre utiliza o momento,
está sempre pronto, tem inumeráveis projclos ou nenhum; infinitamente flexível.
— <Energia é força universal, o princípio da formação, do progresso.(A flexibidadc
pro porc io na aquilo q ue flui bel am ent e.) O hom em en ér gico, um mun do de mun do s
cm seu interi or — >” .
209) A tradução emprega a palavra italiana satanisci (diabretes) para verter Satanisken
(forma germanizada também usada por Ticck), assim como amorini (do italiano
amoríno: criança, pintada ou esculpida, que representa o deus do Amor) para verter
Amorinen . En miniature está em francês no ori ginal. Sobre o satanismo como invenção
alemã. cf. PhL, II, 1052, p. 116: “O ncgócio de Satã c desencaminhar, aniquilar
interiormente, esp alhar pecado. Satã [é] , por instinto, pura intenção. Satanismo < uma
invenção alemã> , um conceito da estética grotesca, só verdadeiramente desen volvido
na Alemanha”.
210) PhL, III, 378, p. 154: “O físi co tem de lidar com a n atureza, o ma temático com o
universo. A físi ca é uma arte — nela, chiste e crenç a igualm ente bastan te dominantes.
— <Nad a mais dep lo ráve l qu e um físico se m ch istc.> Toda física qu e nã o visa a
astrologia é ninharia . Na verdade , o esp inosisino da físi ca significa somente a afinidade
dela com a poesia. O método do físico tem de se r histórico — se u fim último, mitologia.
— ” PhL. III. 379, p. 155: “A suprema exp osiç ão da física se torna necessa riamente
um romance. Idéias da mitologia', os fragmentos [Bruchstücke] da história da natureza.
Mas isso já e mitologia”.
211) FPL, V, 1162, p. 180: "Sem conhecer novelas, não se pode entender, na forma, as
202
peças de Shake sp ea re —” , As conversas de emigrados alemães (Unrerhaltungen
deutscher Ausgewanderler) foram escritas por Goethe em 1795.
212) PliL, II, 608, p. 80 : “Bacon cra quase um pré-Leibniz, assim com o D escartes um pré-
Espinosa — PliL, 11, 609, p. 80: “Há um a mística + críti ca — como o po nlo de Fichtc.
0 era verossimilmente
Todo filósofo tem, precisa ter um tal ponto. Em Espinosa,
m ístic a + éiica + lóg ica, poi s Espinosa é uma natuivza extremamente ética. Um filósofo
0
progre ssiv o pode te r mais do que um tal ponto , sucessiv os. Em F ic htc , ta lv ez
mística + skensis. •-
0
Todo filósofo tem outros pontos instigantes [reninlajl er.de Piinkle ] , que não raro
o limitam realmente, cm que se acomoda ctc. — Assim [é] Descar tes para E spino sa,
Kant para Fichtc etc. É em tais pontos que ficam enlão, no sistema, as passagens
obscuras". PliL, II, 61 1, p. 80: "Lockc o pré-Rou sscau, M ontaignc o pré-Voltairc —
”. PhL, II, 891, p. 103: “Fichtc não está para Kant, assim como Espinosa para
213) PhL, II, 624, p. 81- 2: "O hom em trivial julga todos os outros homens c om o homens,
porém os trata c om o coisa s e não co m preende que os ou tro s homen s s ão co mo ele. A
necessidade da polcinica deve ser deduzida principalmente de que um não pode ser
tudo. S e um dev e ser ist o, o outro, aquilo, então já surge, de si mesm o, o conflito, a
fim de que tudo o que deva ser por si se conserve cm sua clássica diferença c no
rigorismo que lhe é necessário, e s e preserve cm seus direitos em re lação ao ou tro” .
214) PhL, II. 645, p. 83: “A filosofia alemã também leria podido se tornar crítica sem
Kanr, mas assim é certamente melhor. <Geralmcntc se considera a filosofia crítica
com o se tend
po ética tivesse
ia, caído
muitodoancéu Kant, PhL,
tes de—>". para II, 654, p. 84:
a filosofia "A poesia
crítica, alem
c igua lm en ãte—a afilosofia-
crítica
de-ari e alem ã —".
215) Phl., 11,634, p. 82 : “ Nada é absolutam ente transcendente; tudo tem su a esfera. Aquilo
que seria absolutamente transcendente, não pode existir — Phl., II, 636. p. 82:
“Transcendente é apenas quando alguém ultrapassa seu fim, suplanta suas forças; o
homem m t ’ £^ ox nv nü o pod e sê-l o. Seri a inj úria pensá- lo —",
216) Em K: "arabescos”. PhL, II, 884, p. 103: “Moral c direito natural [são] formas
transcend entais para matéria abstrat a, ou ontologia, cosmo logia c psicolo gia, formas
abstratas para matéria tr anscende ntal — arabescos e grotescos da filosofia”. PhL,
II, 886, p. 103: “Teologia é um conceito contraditório — não há cicncia de Deus.
— A leol ogia é um trai am ento ira nsccn de nlal c abs trat o da m até ri a da filoso fia
absolut a. Port anto, também grotescos — chave da abóboda do sistema dos grotes cos
fil osófi cos — ”.
218) FPL. V, 1082, p . 174: “A filosofia do bom senso (um g rotesc o), aplic ad a à poesia sem
203
sentido para a poesia, dá a crítica inglesa. —> <Uma transposição de filosofia-de-
arte e filosofia-de-natur ezu>". Os autores citados no texto, James H arris (1709- 1780),
Hcnry H ome (1796-17 82) e Samuel Johnson (1 709 -1784), são críticos e ensaístas. A
condenaç ão da crít ica ingle sa, que ocorre t ambém na Conversa sobre a poesia (trad.
cit., p . 34), se deve em grand e parte à diferença de aprecia ção da ob ra de Shakespeare,
em quem Friedri ch vê “o clássico da geniali dade, isto é, aquele au tor cm que se pode
construir esse conceito... Genialidade consiste na artificialidade involuntária c nn
naturalidade voluntária —", (FPL, V, 1223, p. 186). Além de L 121, pode-se ler
também a referência a S . Johnson em FPL, V, 165, p. 98: “Shakespeare, diz Johnson,
escrevia without rules. — Quem então jamais escreveu com rtilesT’
219) Em alemão õkonomen, assim traduzido para preservar a raiz que aparecerá também
no adjetivo “cconômico". A palavra foi anteriormente ( A 150) vertida por
“administrador”.
220) FPL, IV (I I), 82, p. 68: “L ír significa satisfazer o impu lso filológico. N ão se pode ler
po r pura filos ofia sem filologia. Também dificilm ent e por pu ro sentimento e impulso
artísticos”. FPL, IV (II), 80, p. 68: “ L er significa afetar, limitar, determinar
fil ologicamente a si mesmo. M as isso t ambém é possível sem ler — ", FPL, IV (II),
83, p. 82 : “<S ó se lê por tédio ou por filologia. — Distinção entre ler e ler alguma
coisa>”. Plil., IV, 1229, p. 297: “ Letra é esp írito fixado . Ler significa liberta r o espírito
estabil izado, porta nto uma ação mágica”. Sobre a fi lologia, cf. ab aixo /l 4 04 .0 pap el
da leitura no romantismo, estudada em particular no caso de Novalis, é o temu do
ensaio “For que estudamos?", de Rubens Rodrigues Torres Filho (in: Revista cia
USP.n. 10, jun/jul/ago. de 1991, pp. 189-190).
221) FPL. V, 988, p. 167: “Num a massa tudo tem de se r sublinhado, com o no fragmento,
mas não naquilo que é rapsódico” .
222) Misticismo, ccticismo e empirismo são temas das primeiras reflexões filosóficas de
Schlegel, ligadas ao estudo da doutrina-da-ciência. PhL, I, 9, p. 4: “O místico põe
somente um a contradição, admitindo espontaneamente que seja uma; o einpirista
[põej uma porção indeterminada e o cético uma porção infinita, uma totalidade de
contradições. — Portanto, entre todos os desvarios, o misticismo é o mais módico e
ba rato. — A es sê nc ia e início d o c eticismo é pfir u m a po rção infinita de co ntradiçõ es ,
o que só pode ser inteiramente arbitrário —". PhL, I, 13, p. 5: “O místico é mais
livr e que o cétic o e o empirist a; ele engendra sua con tradição; aqueles deixam que
ela lhe seja dada — aquilo é contradição h terceira potência — uma contradição
po sitiva . — O empirista constr ói sobre o vazio , sobre contradições negativas. — O
misticismo [é] também o mais sóbrio e sólido de todos os delírios, assim como o
mais módico — PliL, 1, 32, p. 7: “ Quan do se po stula ciênc ia e se busca som ente a
condição de sua
conse quente possibilidade,
e única se cai nodomisticismo
sol ução possível problema c, desse ponto éde—vista,
[Auf^abe] pôr aummais
eu ab so luto
— , co m iss o estão ao mosino tempo da do s a fo rm a e o co nteúd o da do utrina -da-
cicncia absoluta —
204
224) Cf. acima nota 222.
225) FPL, IV, 992, p. 168: “Na verdade, crítica nada mais é que com paração entre espírito
c letr a de uma obra, que é tratada c omo infi nito , como absoluto c como indivíduo. —
Criticar significa entender um autor melhor do que ele próprio se entendeu”. Cf.
PliL, II, 434, p. 63: "Para entender alguém é preciso, primeiro, ser mais esperto
[klug] do que ele, depois tão esperto e tão tolo quanto ele. Não é suficiente que se
entenda o verdadei ro sentido de uma obra confusa m elhor do que o próprio autor a
entendeu. É preciso também con hecer a própria confusão até os princípios, é preciso
po der caracterizá-la e até construí-la. <Idéia de uma caracteri zação pu ra e aplicada>".
PliL, 11, 651, p. 84: "Ninguém entende a si mes mo, enquanto é apenas ele mesmo e
não ao mesmo tempo também um outro. For exemplo, quem é ao mesmo tempo
filólogo e filósofo, entende su a filosofia por meio de sua filologia e sua filologia por
meio de sua filosofia — PhL, II, 997, p. 112: “Um filósofo entende um outro tão
po uc o quan to e ta lv ez até menos que um poeta o outro . So mente o cr ítico histór ico
entende a ambos. Sem crítica absol uta, porém, o historia dor não é nada” .
228) Correspondendo à imp ortânci a estratégica da filologia em seu “ sistema”. Fricdr ich
dela se ocupou cm duas séries de reflexões publicadas nos Fragm entos sobre poesia
e literatura, nas quais se podem identificar passagens retomadas neste fragmento:
FPI., IV (I), 14, p. 36; 61, p. 40; 1 27,1 28, p .45 ; 14 0,p .46; 153, p .47; IV (I I) ,75. C f.
também acima A 391 (nota 220).
229) Phl., II, 351, p. 54: “Teoria (característica) da divindad e com v ariações —
230) PliL, III, 4, p. 123: “Sempre é importante distin guir fantasmas m atemático s e ideais.
Ideais são atingíveis, pois repousam, todos, cm síntese e contradição, oscilação,
flutuação. Sem dúvida, sempre se pode sintetizar de novo; permanecem, porém,
scmpie atingíveis— ”. Phl., III, 112, p. 131: “Ge ralm ente se con cebe m ideais apenas
de mo do matcmático-niecãnico: também com Ireqiiênci a de modo quím ico-mecânico,
agora aqui e ali de modo químico, mas ai nda rar amente de modo orgâ nico— ” Sobra
a última frase, onde se faz re ferência a Schd ling , (“um a físic a da filosofia”) cf . acima
A 304 (nota 175).
231) Sobre o “paradoxo” da moralidade, cf. / 76. Sobre a Igreja invisível, cf. L 35 (nota 20).
233) W illiam Lovcll é a personage m principal do romance, em três volumes, A histó ria do
senh or Willi am Loveil ( 1795-96), assi m como Frnnz Stcrnbald, cit ado abaixo, o é em
/U pereg rina çõ es de Sie m bald , ambos os romances de autoria dc Johann I.udwig
205
Ticck. 0 “M onge", citado a seguir , é a personagem-título das Efusões de um monge
am aine ilas artes, escritas cm 1797 pelo am igo dc Ticck, Wilhelm W ackcnroder .
235) FPL, V, 526, p. 128: “Em muitos romances (como no Lovcll), [há] um homem cm
segund o plano que jog a xadrez com todos os outros, e é t ão grande cm es pírito que
não entra pela porta —" FI.P, V, 527. p. 128: “O único caráter cm Lovcll é ele
mesmo, um hom em sem car áte r. — Sentime nto dominante no L ove ll — aversão à
vida c medo da morte; pensament o dominante — tudo e despr ezível c tudo é a
mesma coisa. — Seu caráter, no entanto, é poesia da poesia. — Espírito do livr o,
desprezo incondicionado da prosa c auto-aniquilainento da poesia. —
Transitoriedade de todo jogo , sentime ntos e imagens poéticos. Se permanece ssem,
tanto pi or: desaf inari am com a vida — ” ,
236) A respeito dos últimos fragmentos e do pro blem a da “serieda de'’ , diz Fricdricli numa
carta a August (6 de março de 1798): “P enso ainda em en cerrar a massa no n úme ro I
[do Athen iiitm ] com surpreendente seriedade; com alguns [fragmentos] não muito
longos, mas bem grande s: — sobre o entusi asmo c geniali dade, onde F ichte d eve ser
elevado ao céu — sobre a grandeza — sobre a sagrada seriedade” (KA, p. 245, nota).
237) PhL, IV, 576. p. 241: “O caráter de Kousscau, uma mescla de infantilidade e
feminil idade. Não um herói , como cie mesm o freqüentemente sonhava, mas também
nenhum misérable. Mais comum e mais singular do que o sabia; po is sua singular idade
não está ali onde a busca. — Aventureiro apenas num reino de falsas tendências do
idealismo— ".PhL, II, 1041, p. 115: “A doutrina-da-feminil idade [Weibliclikeitslehre],
uma parte int egrante da estéti ca grotesca” .
238) Sobre Jean Paul (Friedrich Richter), criador da personagem Leibgeber do romance
Siebenküs (ambos citados mais abaixo), cf. A 125 (nota 76).
239) “Boa tirada": a expressão aparece na forma germ anizada Bon mot.
240) Louvei de Couvrait, autor de Les um ours du ch ev alier de Fa itb las, romance citado
também em Z.41.
241) Wie ein aiifyeklãrter Kandidat. Aqui, “candidato" é alguém prest es a fazer os exames
finais na universidade. Em FPL, V, 826, p. I55, fica mais claro de que candida to se
trata: “Richter nos descreve Maria como uma mulher de chantre sentimental, mas
Cristo como um candidato de teologia —
242) PhL, II, I 06 I, p. 11 6: "Descartes e Mnlebranclie dc modo algum são franceses — tão
206
pou co quan lo Esp inosa pe rtence a um a na ção. — Foi Richclicu qu em pro priam en te
fez a França —
243) PhL, 11, 380, p. 57: “A Revolução [ é] o arabesc o tr ágico da época — Sob re a
Revolução Francesa, cf. A 2 16.
245) PhL, 719, p. 89: “ Há re al idade que n ão sc pode tratar melhor do q ue quando é tratada
como poesia. Inimizade, a chamada infelicidade, desequilíbrio. Existe muitíssimo
dessa poesia no mundo. Todos os termos intermediários [Mitteldinge] entre homem
e coisas são poesia. Teórica e artisticamente, o homem tem de poder se afinar a seu
bel-p raze r."
247) Sobre o tom e estil o cm relaç ão ao Geist, cf. FPL, V, 443, p. 122: “O espirito de unia
obra é semp re algo indeterminado, portant o incondicionado. — Espírito é a unidade e
totalidade determinada de uma maioria indeterminada de singularidades
incondicionadas. — To m é a unidade indeterminada das cspecificidades
[ F-inentii mlichkeiten]. Forma é uma totalidade de limit es absolutos. — Matéria [Stoff
é um a parte da realidade absolut a. — Escritos cl ássi cos, com o tais, não têm tom. mas
apenas estilo". FPL, V, 447, p. 122: “Forma e estilo são intencionais, mas não espírito,
tom e tendência — ",
248) Na Conversa sobre a poesia, a primeira posição — a poesia deve ser dividida em
gêner os — 6 defendida por Marcus , Lotár io e Ludovico, a segund a — a poesia é una
e indivisível — , por Aindli a. Ludo vico, explicitando o ino do de agir de um poeta cm
geral, afirma que este, “por força de sua própria at ividade e me diante ela m esma, tem
necessaria mente de se limitare dividir [sich beschränk en u nd teilen muß]" ( KA , 11, p.
305; trad. cit„ p. 47) . Assim. no prop rio alo de criar se dá um a cisão (Teilung) que é
a srcem da divisã o (Einteilung) dos gêneros. Am ália, ao con trário, diz: “Po r qu e de
novo apenas espécies e meios? — Porq ue não poesia intei ra c indivisí vel [unteilbare]...
Nosso am igo [referindo- se a M arcu s)... tem se mpre de se para r e div id ir [sondern
und teilen] onde, no entanto, somente o todo como força indivisa pode atuar c
satisfazer” (ibid., p. 3 10; tra d. cit„ p. 49). É claio que, tanto no fragm ento quan to na
Conversa, se pensa a ação da refl exão como u ma oscilação, um “alternai” (wechseln),
entre uma coisa e outra. Sobre essa “alternância”, cf. a apresentação a este volume.
249) Schlegel est á pensando num a “revolução copcmicana" da poesia? C omo esta poderá
se tornar uma ciência, uma arte? Seria então possível “construir a priori poemas
futuros?” (Conversa sobre a poesia, KA II, p. 350; trad. cit., p. 79.)
250) Fiirstenspiegei. livr os para inst rução dos governantes, segun do o modelo do Príncipe
de M achiave l. Na Alemanha, Wieland escr eveu um a novela no gênero, intit ulada O
espelho doura do on o s reis da Silésia, em 1772.
207
252) In usam de iphini (para uso do delfim): palavras inscritas nas edições de clássicos
latinos que Luis XIV m andava imprimir para uso de seu filh o, nas quais se eliminavam
as passagens mais "picantes”. Em latim no srcinal.
255) FPL, V, 629, p . 183: “A caracterizaç ão é um gê nero próprio, específico, difere ntel
cuja totali dade não é hist órica, mas CRÍTICA. — <Um a obra de arte crítica — >".
FPL, V, 676, p. 142: “Na caracteriza ção se unificam poe sia, história, filosofia, críti ca
hermenêutica, crítica filológica. — <Panorama, uma soma de características.
Paralelos, um grupo crít ico. Da junç ão de ambos nasce o delectus classicorum [seleção
de clássicos] —>”. PliL, II, 486, p. 99: “Caracteri zação 6 a obra d a crítica. Delectus
classicorum, o único sistema crític. —",
256) PliL, 11,971, p. 110: "As deduções cst3o propriamente em casa na filosofia s istemática .
São com o se apresenta a pr ova ge ne aló gi ca da genuína descendência de um teorema
a partir da intuição intelectual, de um problema a partir do imperativo categórico.
Construção e caracterização fazem parte da filosofia absoluta. A demonstração, da
filosofia transcendental —”.
257) FPL, V, 1130, p. 178: “Toda música pura lêm de se r fil osófi ca e i nstr umental (música
para pe nsar) — ".
258) FPL, V, 1114, p. 177: “Ainda não há, rigorosamente, um autor moral (assim como
Gocthc £ poeta, F ichte, filósofo) — (para isso se teria de sintetizar Jacobi, Forster e
Miiller). Schillerc um filósofo poético, mas não poeta filosófico. M iiller è ético do
com eço ao fi m. — <Moritz era inteiramente mitólogo tam bém na psicologia e históri a
— um filósofo-de -naturez a. Fred erico, o Grande , tinh a pr ed ispo sição para um bo m
escrito r moral. — Kant é o mitólogo da filosofia-de-ar lo grotesca. La vater, também
um mitólogo da filosofia:»”. Sobre MUI ler, cf. A 171; sobre Georg Forstcr, Schlegel
escreveu um Fragmento de uma característica dos clássicos alemães, publicado no
número I, volume I, do Lyceunr, e sobre Jacobi escr eveu uma resenha ao romance
Woldemar (cf. A 96, nota 55).
260) PhL, II, 637, pp. 82-3: “Formação [llildung] 6 síntese antitética, c perfeição e aca
ba m ento até a ironia. — Num ho m em qu e alca nço u certa a ltura e univ er salidad e da
formação, seu inlerio ré uma cadeia ininterrupt a das mais terr íveis revoluções — ",
208
Id éi as
1) Publicadas na revista Athen iium, número III, volume I (Berlim, 1800). Assinaladas nas
notas com a letra //, as variantes mais importantes são de uma cópia do manuscrito
feita por Dorothca Selilegel, na margem da qual August Wilhclm propõe algumas
alterações. Sobre o tí tulo, convém lem bra ra diferença entre idéias c fragm ento s. Numa
das cartas cm que relata estar escrevendo uma nova leva de pensamentos p ara a revi sta,
Fricdrich escreve ao irmão: “NSo silo propriamente fragmentos, pelo menos não na
maneira antiga” . K pouco m ais tar de, ao lhe env iar o manuscrito: “Aqui estão as Idéias,
pois é as sim que, co m mais propried ad e, as qu ero den om in ar” (A pu d KA, II, p.
LXXX1II). Friedrich também dá uma definição de idéia na Idéia de número 10.
2) Em alemão: ein Geistlicher, que po de ser um sacerdote, pastor ou padre (os tradutores
franceses sugerem “clérigo” ). A palavra é cogna ta do substantivo Geist (espírito).
4) Em H, “o orador da Religião" (Redner der R eligi on) aparece cm lugar de “o autor dos
D iscu rsos sobre a religião". A referência é Friedrich Schlciermacher, que publicou
uma obra c om esse título cm 1799. A propósito desta, Schlegel diz num a caria a ele de
20 de setembro de 1797: “Aquilo que, nas 'Idéias', parece estar em referência mais
direta aos seus ‘Discursos’ do que o restant e, não é propriamente nem para você nem
contra você; mas apenas... propiciado por você [aus Gelegenheit Deitier], As ‘Idéias’
todas se afastam certamente de você ou, antes, de seus ‘Discursos’; tendem para outro
lado dos ‘Discursos’. Já que você pende fortemente para um lado, me coloquei do
outro e. ao que parece, me juntei, por assim dizer, a I Iardcnbcrg” . (Sobre essa última
afirmaçã o, sobre as diferenças entre Schlegel c Novalis e m m atéria d e religião, vejani
se as Anotações rleste no final do volume.)
6) H: “em geral ” .
7) H: “cingir”.
8) PhL, IV. 1475, p. 315: “T er gênio, se r um dainwn, é o estado nnt ural do homem. Mas ele
teve de sair robusto da mão da natureza; na época de ouro todos tinham gênio — que
ele se tenha perdido é explicável pelo princípio srcinal da corrupção; que não tenha
desaparecido completamente, pela condição humana [Mensclilichkeit]. <Fantasia sobre
a época de outro, visões sobre o mundo dos espíritcs>”.
11) FPL,
p o esiaIX,—298, p. 278: “O único reconhecimento válido do sacerdote é que fale
12) PliL, IV, 1075 , p. 286: “Em vez de virtudes — um a virtude. Em vez de preceitos,
máximas, deveres — um ideal. — Há apenas um dever, o de se formar [siclt zu
bilden], — Forma ção [Bildung] é o sumo bem para esta e para a outra vida. — D ev er
oscila cnlr e destinação, vocação c formação”.
15) Não <5dem ais lem brar que, cm sua clim olo gia, religio 6 termo cognato do verbo religare
(ligar).
16) O fragm ento contém um jog o dc palavras intraduzível: o espírito ( Geist ) tem de tornar
a usar sua varinha mágica (Txmber + Stab). que não é outra senão a leira (Buch +
Stab, literalmente: varinha, bastão do livro). PliL, IV, 846, p. 265: “<A letra é a
verdadeira varinha mágica>". No número 191 dos Fragmentos ou tarefas de
pen sa m ento . Novalis diz: “Todo contacto espiritual compara-se ao toque dc uma
varinha mágica" (trad. cit., p. 164. Cf. também Fragmentos I e II, 189, p. 159).
17) Em H não consta a vírgula cnlre "agilidade” e “do caos”. Sobre a ironia c clareza de
consciência, PliL, IV, 411 , p. 228: "Ironia é claro caos ein atividade, intu ição intelectual
de um caos eterno, de um caos infinitamente pleno, genial, eternamente cíclico. —
<Ainor talvez o caos antes da ironia. — Onipotência de forças modorrentas num
jo vein >” . Veja-se também L 37 (no ta 21).
20) Em H, as duas últimas frases (“Se o... ” c "O infinito... ”) eslão cm ordem inversa.
21) As duas frases aparecem, ligeiramente modificadas, cm PliL, IV, 643, p. 246. Sobre o
final, PliL, IV, 644, p. 246: “ Arte c ciência são mediadores. Religião, moral, poesia,
filosofia dc modo algum podem ser diretamente aplicadas a política c economia.
Woldemar é uma exposição baslante impura do amor puro. iacobi, mais moral que
reli gioso — ".
210
24) O fragmento 87 não consta em II.
27) H: “ela”.
28) FPL, IX, 605, p. 304: “Aquilo que é distintivo na form a da poesia reside na idéia de
que todos os poem as devem ser um poema. Essa idéia, poré m, só se deixa compreen der
a partir <la referência da poesia à religião”.
29) Frnnz Xav er Baader ( 1765 -184 1). filó sofo naturalista e místi co, autor das Contribuições
á fisiologia elementar (1797), também foi lido por Schclling e Novalis.
30) PltL, III, 493, p. 164: “O poeta tem muitas boas idéias combinatórias, visões
transcendentais da natureza, c melhores que as do filósofo. —”
31) Em H se propõe a correção intellektual (em vez de intellectuell), grafia usada por
Schelling que. como lembra Rubens Rodrigues Torres Filho, remete ao amor
intelleciiiíilis Dei de Espinosa. Fricdrich oscila entre essa grafia (/I 76, 342,448) c a
outra (A 443).
32) Segundo Kichard Samuel (III, p. 1011), trata-se de uma referência ao conceito de
sagrada m elancol ia (lieilige Wehmitt), que aparece no Quinto discurso sobre a religi ão,
de Schleieriiiacher.
34) A referência de Friedrich são os fragme ntos de Novalis, intitulados Fé e amor, ou o rei
e a rainha. Hardenberg responde nas Anotações às Id éias (traduzidas no final deste
volume) dizendo: “Seguirei essas palavras, caro amigo”.
35) Em H, o número 107 de Idéia s diz: “Quase ninguém ouvirá a musa solitária daquele
que pe nsa apenas na harm onia e fala da pura luz da human idade eternam ente hela. Se
já tiv essem sentido form ado para relig ião c moral, e ntão também teriam sentido para
aquilo que é ambas as coisas ao mcsino tempo no limite da filosofia para a poesia”.
38) PltL, IV, 1322, p. 304: "A representaç ão da filosofia que cabe nes ta época é a de um a
elipse com dois centros , um ideal, da razão, outro real, do universo”.
211
39) Em H o texto continua assim: “Vocês justam ente não devem mc entend er [versiehen],
mas desejo muito que possam mc ouv ir [vernehmen]".
40) Três foram as gerações dos Décios que se devotaram aos deuses infernais a fim do
obte r vitórias para as forças romanas.
42) PliL, IV, 1527, p. 319: “O cristianismo, mais uma religião da morte, opõe vida o
religião — A rel igião da m orte deve cessar e com eçar a da vida. — Não é a m orte, mas
o mundo, que 6 o oposto da vida —".
45) Em alemão: grofie Welt, que si gnifica l iter almente “ grande mundo” .
212
APÊNDICES
[15] 5 .4 N o n li q u e t.
[17] 6 .5 Confuso.
[69] 18.5 N e s c io .
[89] 23.3 N on li q u e t.
[91] 23.5 N e s c io .
[266] 73 .6 I[n]I[nteligível].
216
[322] 90 .2 A m úsica de Kan t eu nã o entendo.
No todo I[n]I[nteligível],
[4 3 9 ] 1 4 3 .1
[44 0] 1 4 3 .2 I[n]I[nteligívelJ.
[44 5 ] 1 4 4 .3 N ã o p ercebo.
[447] 145.2
[449] 145.4
218
Títulos dos fragmentos"
1.
2.
3.
O Kant negativo.
4.
5.
6.
7.
Postulado e contrapostulado.
8.
10.
O que é dever pa ra Kan t — com um episódio.
11.
12 .
13.
14.
15.
Do suicídio.
16.
17.
222
18 .
19.
20.
21.
22.
Que é um projeto?
23.
24.
25 .
26.
Por qu e a german idade tem tanta força atraente para o s caracteiiz adores.
223
27.
Há poucos e xislentes.
28 .
2 9.
3 0.
31.
32 .
Zombaria.
32. [34]
33. [35]
34. [36]
224
35. [37]
36. [38]
Paciência e É ta t d ’Ê p ig r a m m e .
uma proporç ão.
37. [39]
Perfis de pensamentos.
38. [40]
39. [41]
40. [42]
Bo ns dramas — em que ru br ic a da M a t é r i a m e d i c a 6 têm de estar?
41. [43]
42. [44]
43. [45]
225
44. [46]
45. [47]
Por que a fiI[osofia] d[os] kantianos se chama crítica?
46. [49]
47. [50]
Verdadeiro amor.
48. [51]
Ingenuidade.
49. [52]
Entusiasmo do tédio.
50.153|
Veneno e co n\ .x av en en o espiritual.
51. [54]
52. [55]
Classificações características.
226
53. [56J
54. [57]
55. [58]
56. [59]
57. [60]
58. [61]
60. [63]
61. [64]
Moderantismo?
227
62. [65]
63. [66]
Fazer e julgar.
64. [67J
Pressuposiç ão dif eren te no fil óso fo e poeta — com uma exce ção.
65. [68]
66. 169]
67. [70]
68. [71]
69. [72]
70. [73]
228
71. [74]
Do verossímil.
72. [75]
73. [76]
74. [77]
D iálogo , car ta e mem órias, uma sé rie geométric a.
75. [78]
76. [79]
77. [80]
78. [81]
80. [85]
81. [84]
82. [85]
83. [86]
84. [87]
O que vem em primeiro e o mais elevado no amor.
85. [88]
86. [89]
230
87. [90]
O objeto da história.
88.[91J
89. [92]
90. [93]
Que dout ri na põe fil[ osofia] e filologia em r a p p o r t.
91. [94]
92. [95]
93. [96]
O sofista.
94. [97]
95. [98]
97. [100]
98. [101]
99. [102]
100. [103]
101. |104]
Kant ia nos s egundo o conc eito cósm ico, segundo o conceito escolar
e segun do um co nceito anti go.
102. [105]
103. [106]
232
104. [107]
105. [108]
Aquilo que simultaneamente excita e deprime.
106. [109]
107. [110]
108. [111]
O romance didático.
109. [112]
Simpatia filosófica.
110.1113]
111. [114]
Da definição da poesia.
112.[115]
233
113.[116]
114.[117]
115. [118]
116. [119]
117. |120]
118. [ 121]
119. [122]
120. [ 123]
121. [124]
Inconsequência de leit ores psicoló gico s de roman ce .
234
122. [125]
122. [124]
Mimos romantizados.
123.[127]
124. [128]
125. [129]
126.|130]
127.[131]
128. [132]
Eternos narcisos.
129. [133]
131. [135]
132. [136]
133. [137]
134. [138]
Dramas proféticos.
135. [139]
136. [140]
137.[141]
A grande violação, ou as tragédias francesas.
236
138. [142]
139.[143]
140. [144]
141. [145]
Moral como poeta, imoral como moralista.
142. [ 146]
143.|147]
144. [148]
145. [149]
146. [150]
237
147. [151]
148. [152]
149. [153]
Popularidade e romantismo.
150. |154]
151.[155]
152. [156]
153.[157]
154. [158]
238
156. [160]
157. [161]
Per sonificação de u ma manei ra fil[ osó fica] — em Platã o e
Aristóteles.
158. [162]
159. [163]
160. [164]
161. [165]
162. [166]
163.[167]
239
164 . [ 168]
165. [169]
A bem-aventurança dc demonstrar a p r í o r i.
166. [170]
167.[171]
168. [172]
169. [173]
O hieroglifista.
170. [174]
17 1. - 18 9.[1 75 - 19 3]
Das a r t e s p l á s t i c a s .
171.[175]
240
172 . [ 176]
173. [177]
174. [178]
175. [179]
Consolo para o gosto holandês.
176. [180]
177.[181]
178. [182]
179. [183]
O b i z a r r o Hogarth.
180. [184]
182. LI86]
Os chineses e os cimérios.
183. [187]
U m a n ti v e n e re u m .
184. [188]
185.[189|
O E s s a i d e p e i n t u r e de Didcrot.
186. [190]
187.[191]
188. [192]
O destino da a rte — um re v e n a n t.
189. [193]
Os artistas plásticos.
242
190. [194]
191. [195]
Monumento a Condorcet.
192. [196]
193. [197]
Prova literária de que somos hiperbóreos.
194. [198]
195. [199]
Quem observou pri meir o asu blim idad e do ca rá te r naci onal inglês?
196.[200]
197.[201]
198. [202]
243
199. [203]
200.|204]
201.[205]
A c r í t i c a c m p e s s o a s . Um retrato.
202. [206]
O porco-espinho — um ide al .
203.[207]
A escala do livre-pensamento.
204. [208]
205. [2091
206. [210]
244
208. [212]
209. [213]
[9,] (D e fato, ele abrang e com a vist a t oda a com po siçã o, na qua l
essa com paixão é apen as a no ta de uma voz .)
[10.] (Elas são pensamen tos na tu rai s — pensam entos nece ssários,
ídolos de mundos por nascer.)
[12.] **
(I lu st rar fazia parte da dou trina-da -dom esticaçã o-do-sen tido.)
[15.] (De D eus nada sei — de deu ses quero f ala r e então a
proposição é verdadeira em cada religioso.)
espiritual.)
[18.] (De fato, a religião é um mar envolvente, onde cada
m ovim ento, em vez de uma o nda , produ z uma visão.)
dizer o entusiasmo,
aplicação.) de que a religião é somente uma
**
(Tu mba é muito pr opr ia ment e um co nceito religi oso - Só a
rel igi ão e seus con fessos jazem em tu mbas . A foguei ra faz
par te do rit o dos co nfe sso s do universo.)
[ 2 9 .] ( in t u i1-*)
[51.] (Nã o sei por que sempre se fala de uma hum anidade isolada.
An ima is, plant as e pedra s, astr os c atmosferas não pertencem
também à humanida de e não é ela um mero feixe de nervos
em que se cruzam infinitos fios em diversas direções? Pode
ser com preendida se m a nat ureza — ? é então assim tã o
diferente das demais espécies naturais?)
250
[91.] ** (Assim como você pensa, tem razão, de resto não há,
certamente, d iferença entre o nat ur al e o divin o e o hu man o.)
[96.] (Ativa inati vidade, genuíno quietismo é o idea lism o crít ico.
Você facilmente perc eber á qua nto a d[cutrina-da]-c[iência]
de Fichte nada mais é que o esquema de um ser artístico
interior. Realismo é a s te n ia — s e n ti m e n to — Ide al is mo —
estenia, visão ou f i c ç ã o . )
[1 31 .| (Ao verd adei ro Deu s todos nós dever íamos ser s acrif icados,
mas não é terrível que a flor do mundo ainda seja
diariamente sacrificada a falsos ídolos ou mutilada para
honra deles?)
25 2
Notas
1) O tít ulo n âo está nas obras de N ovalis. É no n úm ero 414 dos Fragm entos de Teplil z que
Nov alis faz referência it idéia de um “p re fá cio e crítica dos fragm entos cm frag m en tos”
(ed. cit., p. 613).
2) Esta Crítica se encontra no fragmento 443 dos Fragmentos de Teplilz (edição de P.
Kluckhohn c R. Samuel, pp. 623-4) . O núm ero entre colchet es remete aos fragmentos
do Athenäum-, os número s que antecedem o comentário indicam a página da revista e o
número d o fragmento ness a página. Os acréscimo s em co lchete s são dos editore s.
3) Agnes von Lilien , romance escrito pela cunhada de Schiller, Karoline von Wolzogen, e
pu blica do na r evista At horas em 1796. À época do lançamento, hou ve rumo res de que
Friedrich teria atribuído a autoria a Goethe.
4) N úmero 444 dos Fragmentos de Tepii tz (ed. cit., pp. 625-639). A numeração é de N ovalis;
correções c acréscimos, entre colchetes, são dos editores do volum e II das Werke. No
número 328 dos Fragm entos de Tepiit z, Novalis anot a: “Títulos para os fragmentos. O
que deve ser um tí tulo? uma pa lavra orgânica, i ndivid ual— ou um a definição genéti ca
— ou o p lano com um a única palavra — um a fórm ula un iv[crsal]. Mas po de aind a ser
mais — e ainda algo inteiramente o utro ” (ed. cit ., p. 597).
5) Abreviatura novaliana para cristianismo.
6) Assim, em lati m, no srcinal.
7) Assim, ein lati m, no srcinal .
8) Publicadas na edição de R. Samuel, volum e III, pp. 481-49 3. As anotações se encontram
nas margens da cópia feita por Dorothea Schlegel. De acordo com o editor, Novalis
assinala as Id éias com um , dois ou três asteriscos, segund o uma ordem de importância
para ele. Com *: 1 1, 4-6, 21, 39-41,49, 61,77 c 117. Com **: / 2, 12,22, 24,27,35.
38 .47, 6 4,8 0,9 1, 107 e 120 . Com ***: 1 1 , 44, 50,60,69,71,94, 104, 123, 127-129
e 137. R. Samuel afirma que esses asteriscos indicariam conc ordân cia de Novalis com
as idéias expostas, ainda que as anotações sejam em geral críticas c as diferenças em
relaçSo à religi ão bem marcadas (sobretudo q uanto á signific ação do pecado) .
9) O verbo “intui” se refere a “produz ou toma Deus visível” de 1 29.
253
Friedrich é um homem profundo, freqüentemente ensimesmado, um grande homem em seu
interior, mas que parece exteriormente um tolo.
C a ROU NE SCHEEGEL-SCHEI I INO
Muitas veze s Friedrich Schl egel perm anec eu incompreensível, mesm o para seus amigo s.
W alter B enja mi n
9 788573 210576