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MARQUES, Eduardo. As políticas públicas na ciência política. In: MARQUES, E. e FARIA, C. (org.). A política
pública como campo multidisciplinar. São Paulo, Editora Unesp, 2013.
_ As políticas públicas na Ciência Política
Objetivo do texto: Mapear os referenciais teóricos que formaram os estudos sobre PPs no Brasil.
O autor destaca que ao longo do tempo houveram mudanças de enfoque nesses estudos, passando desde o
papel das instituições ao papel das ideias:
“(...) se pudesse destacar um elemento, (...) este seria a crescente politização do processo de produção de
políticas, entendidas cada vez mais como processos complexos, atravessados por diversas dinâmicas de poder,
embora em constante interação com os ambiente institucionais, relacionais e cognitivos que as cerca, ambientes
esses também construídos ativamente pelos atores.” (p.24)
As políticas públicas são em muito momentos consideradas como efeitos do “Estado em Ação”, eis a definição
delas pelo autor: “"PPs são um conjunto de ações implementados pelo Estado e pelas autoridades
governamentais em sentido amplo".
Marques enumera diferentes fases das contribuições da Ciencia Política para as PPs, a primeira delas seria
através da Administração Pública, onde as preocupações eram mais operacionais e “propositivas” para a
eficiência do Estado, porém, para a devida análise das PPs é necessário considerar ir além da normatividade
deste tipo de literatura, é preciso analisar as causas dos problemas que serão objetos das políticas e também o
efeito desta última sobre o problema, é o papel dos modelos análiticos demonstrar essas causalidades.
Etzioni (1967) critica Lindblom apenas por considerar que alguns momentos gerariam decisões fundamentais geradoras
de novas linhas de desenvolvimento, a partir da nova configuração (caminho estruturante) os gestores retornariam ao
incrementalismo, este é o conceito de “mixed scaning”.
Outros conceitos:
Conflitos latentes (Stephen Lutz - 1974)
“(...) Certos atores influenciaraiam o que os outros atores desejam, e certos conlfitos não chegariam nem mesmo a se
tornar ocultos, pois permanceriam “latentes”.
Outros autores: Cohen, March e Olsen (1972)
● Modelo de lata de lixo
● Antecede a crítica neoinstitucionalista
● Processo de decisão de PPs feito de forma inercial e de acordo com as capacidade ou soluções acessíveis
pelo Estado
“(...) dada as restrições orçamentárias e operacionais que ceram a produção de políticas na quase totalidade das vezes, o
processo de decisão ocorreria ao contrário, com os gestores escolhendo o problema a enfrentar em função das
capacidades administrativas já instaladas e existentes.” (p. 32)
Para a 2ª geração de autores dessa linha, o desenvolvimento de políticas por decisores do “alto clero”,ou seja, a partir de
cima (top-down) seria impossível. Isto por conta de políticas antecessoras as que se desejam implantar, e também por
forças de baixo (bottom-up), gerando complexidade e tornando a implementação uma “ordem negociada” (Barret - 2004).
A defesa da implementação final de PPs foi realizada por Lipsky (1980), que introduziu o conceito de “burocracia de nível
de rua”, que considera que implementadores são também sempre decisores (possuem discriocionariedade).
“ Essa teoria parte da constatação da necessária adaptação de regras e procedimentos de políticas para a sua aplicação
final, (...) sempre existe razoável espaço para decisões do implementador final” (p. 34)
Burocratas de rua podem ter a lealdade despersonalizada as regras do Estado (Weber) ou a personalização completa
(contato com usuários), existem portanto conflitos entre os níveis de chefia.
Existem estudos específicos sobre o processo de implementação de políticas no Brasil, entre eles Faria (2012), Costa;
Bronzo (2012) e Lotta (2012).
Há também uma linha de literatura, que foi fundada por Heclo (1978) sobre as “issue networks”, ou as redes sociais das
PPs. “A análise de redes é uma perspectivas teórica e metodológica que considera que os mais variados fenômenos socias
devem ser analisados levando em conta os padrões de relação entre as entidade sociais envolvidas com o fenômeno.”
(p.35). No Brasil, há alguns estudos sobre as policy communities, considerando a importância das redes pessoais dos
burocratas para a implementação, ou dessas mesmas redes para beneficiados de políticas de habitação, por exemplo.
Há também estudiosos específicos para a avaliação de políticas públicas, porém estas são consideradas muito orientadas
para a ação ou preposições, a literatura portanto seria “ingênua” e ainda não consideraria a complexidade dos processos de
produção de PPs.
O deslocamento nos estudos de PPs causado pelo institucionalismo é descrito por este trecho:
“(...) operação de um giro teórico que permitisse destacar a importância das instituições em todas as fases do processo de
produção de políticas, enquanto nas análises da implementaação desenvolvidos no interno do pluralismo na década de
1970, tratava-se de destacar a importância de uma fase específica do processo de produção de políticas.” (p.39)
Após o neoconstitunalismo, temos a diferença entre as fases dos ciclos sendo gradativamente diluídas.
Os três fluxos ocorrendo ao mesmo tempo denominam a “Janela de Oportunidades”, na maior parte das vezes, essa janela
é aproveitada através da “ação concreta de um empreendedor político” (Capella, 2010). As novas políticas surgem também
através da difusão das ideias sobre elas, mas é somente entendendo os grupos de defesa das ideas que elas passam a
explicar as políticas, como explica o autor:
“Se o modelo de Kingdom nos indica como ideias novas de pol´ticas podem ser articular com o mainstream das pol´ticas
antriores, é cm a construção do modelo de coalizações de fesa - “advocacy coalision framework” (AFC) - que as ideias
caminham para o centro da explicação das pl´ticas, integradas aos conflitos pol´tiicos entre os atores”. (Sabatier, 1988)” (p.
41)
Os grupos possuem seus próprios valores e crenças que determinam os principios das políticas defendidas.
“Para Sabatier (1988), mudanças podem ser motivadas por três grupos de razões:
1) Transformações em condições econômicas e pol´ticas mais amplas do que o subsistema (mudanças de
governo, da opinião pública ou em outras políticas.
2) Mudanças nas agências e burocracia responsáveis pelas políticas
3) Aprendizado de políticas (policy learning).”(p. 41)
“(...) esse modelo introduz mudanças fubndamentais na interpretação pluralista dos grupos de interesse, ao integrar aos
interesses e estratégias de poder os posicionamentos pol´ticas, as crenças sobre as pol´ticas e as identidades na
constitução dos grupos (...)”(p. 42)
Haas (1992) fez o modelo de análise do papel das comunidades epistêmicas. Essas são “(...) redes de profissionais e
especialistas que clamam autoridade sobre conhecimento associado a pol´ticas específicas e comungam um conjunto de
crenças normativaws, modelos causais, noções de validação empírica e obejtivos de política.” (p. 42)
Baumgartener e Jones (1993) defendiam que longos períodos de incrementalismo eram interrompidos por mudanças, no
que chamavam de “equilíbrio pontuado”. “(...) a estabilidade também seria reforçada pela inérica advianda do desenho das
instituições, mas, a exemplo dos modelos anteriores, também aqui as ideias ganharam destaque.” (p. 43), isto é, quando as
ideas entram no macrossistema conseguem achar eco nas instituições.