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MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DE LEITOS DE

MACRÓFITAS

ESTUDO REFERENCIADO EM DADOS DE INSTALAÇÕES PROTÓTIPO EM


PORTUGAL (PROJECTO FCT SPESSA)

João Paulo Lopes Ribeiro


(Licenciado)

Dissertação para a obtenção do grau de mestre em


Engenharia do Ambiente

Júri
Presidente: Prof. José Manuel de Saldanha Gonçalves Matos
Orientador: Prof. José Manuel de Saldanha Gonçalves Matos
Co-Orientadora: Eng. Ana Fonseca Galvão
Vogais: Prof. Ramiro Joaquim de Jesus Neves,
Prof. Jorge de Saldanha Gonçalves Matos

Outubro de 2007
ÍNDICE DO TEXTO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1.1 Perspectiva Histórica ........................................................................................ 1
1.2 Panorama Nacional........................................................................................... 3
1.3 Objectivos......................................................................................................... 5
2. CARACTERIZAÇÃO DOS LEITOS DE MACRÓFITAS ................................................. 6
2.1 Considerações Gerais ....................................................................................... 6
2.2 Vantagens Comparativamente aos Sistemas Convencionais ........................... 6
2.3 Classificação dos Leitos de Macrófitas ............................................................ 7
2.4 Espécies Botânicas ......................................................................................... 12
2.5 Mecanismos Envolvidos no Processo de Tratamento em Leitos de Macrófitas
com Escoamento Sub-superficial ................................................................... 14
2.6 Eficiências de Tratamento .............................................................................. 15
3. COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DOS LEITOS DE MACRÓFITAS ............................ 17
3.1 Considerações gerais ...................................................................................... 17
3.2 Balanços Hidrológicos.................................................................................... 18
3.3 Problemas Mais Frequentes............................................................................ 20
3.3.1 Colmatação do Leito............................................................................... 20
3.3.2 Existência de Caminhos Preferenciais.................................................... 20
4. CUSTOS DE INVESTIMENTO E EXPLORAÇÃO ....................................................... 21
5. MODELAÇÃO SIMPLIFICADA DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DOS LEITOS DE
MACRÓFITAS .......................................................................................................... 23
5.1 Equação da Continuidade e Lei de Darcy ...................................................... 23
5.2 Modelo da Curva de Regolfo.......................................................................... 26
6. CASO DE ESTUDO – TRABALHO DE CAMPO ....................................................... 29
6.1 Abordagem e Método ..................................................................................... 29
6.2 Apresentação das Instalações e Equipamentos............................................... 30
7. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS DO CASO DE ESTUDO .................................... 38
7.1 Hidrogramas Construídos com Valores de Caudais Medidos ........................ 38
7.2 Hidrogramas de Caudais Após Tratamento Estatístico .................................. 42
7.3 Balanço de Massa ao Leito de Macrófitas – Efeito da Evapotranspiração .... 46
8. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA HIDRÁULICA DOS ESCOAMENTOS ............ 49
8.1 Modelo de Continuidade – Darcy (COND).................................................... 49
8.2 Modelo da Curva de Regolfo – Darcy (REGD) ............................................. 54
8.3 Comparação Entre os Dois Modelos .............................................................. 59
9. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS........................................................................ 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 63

ii
ÍNDICE DOS ANEXOS

Anexo I – Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes (Pesquisa


Bibliográfica)..........................................................................................................A1
Anexo II – Hidrogramas .................................................................................................A8
Anexo III - Compilação dos Resultados das Análises Químicas e Microbiológicas
Efectuadas às Amostras Recolhidas Durante o Período de Verão nas ETAR de
Fataca e Malavado ................................................................................................A25

ÍNDICE DE FIGURAS DO TEXTO

Figura 2.1 – Leito de macrófitas com escoamento superficial ......................................... 8


Figura 2.2 – Leito de macrófitas com escoamento horizontal sub-superficial................. 8
Figura 2.3 – Leito de macrófitas povoado com espécies flutuantes................................. 9
Figura 2.4 – Leito de macrófitas povoado com espécies submersas ................................ 9
Figura 2.5 – Leito de macrófitas povoado com espécies emergentes ............................ 10
Figura 2.6 – Leito de macrófitas com escoamento vertical (descendente)..................... 10
Figura 2.7 – Classificação dos leitos de macrófitas........................................................ 11
Figura 2.8 – Esquema ilustrativo dos diversos tipos de macrófitas................................ 12
Figura 3.1 – Esquema representativo do balanço hidrológico aplicado ao leito de
macrófitas. .............................................................................................................. 18
Figura 4.1 – Custos por habitante associados ao investimento em leitos de macrófitas
construídos.............................................................................................................. 21
Figura 5.1 – Curva que representa a evolução do nível de água no leito, construída com
base na Lei de Darcy .............................................................................................. 24
Figura 6.1 – Vista geral da ETAR de Malavado ............................................................ 30
Figura 6.2 – Órgão de entrada da ETAR de Malavado. Note-se a grelha de gradagem
para separação dos sólidos de maiores dimensões ................................................. 31
Figura 6.3 – Fossa séptica da ETAR de Malavado, com chaminé de arejamento e caixa
de saída ................................................................................................................... 31
Figura 6.4 – Leito de macrófitas da ETAR de Malavado............................................... 32
Figura 6.5 – Pormenor de uma planta do leito de macrófitas......................................... 32
Figura 6.6 – Descarregador triangular, com lei de vazão conhecida, para cálculo do
caudal...................................................................................................................... 33
Figura 6.7 – Sonda ultra-sónica, localizada sobre o descarregador................................ 33
Figura 6.8 – Posto de centralização dos dados recolhidos pelas sondas ........................ 34
Figura 6.9 – Data logger, equipamento com interface digital, utilizado para o registo e
armazenamento da informação recolhida pelas sondas.......................................... 34
Figura 6.10 – Piezómetro instalado na ETAR da Fataca................................................ 35
Figura 6.11 – Equipamento utilizado na recolha e transporte das amostras .................. 36
Figura 6.12 – Amostras recolhidas na ETAR de Fataca a 20 de Junho, correspondentes
aos pontos F1, F2 e F3............................................................................................ 37
Figura 6.13 – Amostras recolhidas na ETAR de Malavado a 8 de Agosto,
correspondentes aos pontos M1, M2 e M3............................................................. 37

iii
Figura 7.1 – Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Abril de 2006, à
entrada da ETAR de Fataca (ponto de medição F1)............................................... 38
Figura 7.2 – Hidrograma do caudal real medido durante o dia 5 de Abril de 2006, à
entrada da ETAR de Fataca (ponto de medição F1)............................................... 39
Figura 7.3 – Hidrogramas de caudal real medido durante o mês de Dezembro de 2005,
nos pontos F1, F2 e F3 ........................................................................................... 40
Figura 7.4 – Hidrogramas dos caudais de ponta diários registados em F1 e F2, durante o
mês de Dezembro de 2005...................................................................................... 41
Figura 7.5 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída do leito de macrófitas
da ETAR de Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. . 44
Figura 7.6 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída do leito de macrófitas
da ETAR de Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.
Valores corrigidos. ................................................................................................. 44
Figura 7.7 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída do leito de
macrófitas da ETAR de Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio
de 2006. .................................................................................................................. 45
Figura 7.8 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída do leito de
macrófitas da ETAR de Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio
de 2006. Valores corrigidos.................................................................................... 46
Figura 8.1 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para um caudal afluente de 0.0005 m3.s-1 (0,5 l.s-1). .................... 50
Figura 8.2 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para um caudal afluente de 0.0002 m3.s-1 (0,2 l. s-1). ................... 51
Figura 8.3 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para um caudal afluente de 0.0001 m3.s-1 (0,1 l. s-1). ................... 51
Figura 8.4 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para um caudal afluente de 0.00005 m3.s-1 (0,05 l. s-1). ............... 52
Figura 8.5 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para uma condutividade hidráulica saturada de 0.01 m.s-1. ......... 52
Figura 8.6 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo COND, para uma condutividade hidráulica saturada de 0.005 m.s-1. ....... 53
Figura 8.7 – Integração gráfica utilizada no modelo REGD .......................................... 55
Figura 8.8 – Representação do nível de água no leito utilizando o modelo REGD, para
um caudal afluente de 0.0005 m3.s-1 (0,5 l.s-1)........................................................ 56
Figura 8.9 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo REGD, para um caudal afluente de 0.0002 m3.s-1 (0,2 l. s-1). ................... 56
Figura 8.10 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo REGD, para um caudal afluente de 0.0001 m3.s-1 (0,1 l. s-1).................. 57
Figura 8.11 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo REGD, para um caudal afluente de 0.00005 m3.s-1 (0,05 l. s-1). ............... 57
Figura 8.12 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo REGD, para uma condutividade hidráulica saturada de 0.01 m.s-1........... 58
Figura 8.13 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo
modelo REGD, para uma condutividade hidráulica saturada de 0.005 m.s-1......... 58

iv
ÍNDICE DE QUADROS DO TEXTO

Quadro 2.1 – Valores médios de eficiências de remoção............................................... 16


Quadro 7.1 – Tratamento estatístico dos valores de caudal médio diário e caudal de
ponta diário, necessários à construção dos respectivos hidrogramas corrigidos.... 43
Quadro 7.2 – Cálculo da Evapotranspiração (ET) por simplificação da equação de
balanço hidrológico. ET* corresponde à evapotranspiração calculada com base na
expressão 7.1. ......................................................................................................... 47
Quadro 8.1 – Parâmetros introduzidos no modelo hidrológico...................................... 49
Quadro 8.2 – Nível de água nas 10 secções do leito, calculado ..................................... 49
com base nos parâmetros indicados no Quadro 8.1........................................................ 50
Quadro 8.3 – Parâmetros de dimensionamento do modelo. ........................................... 54
Quadro 8.4 – Parâmetros adimensionais calculados. ..................................................... 54
Quadro 8.5 – Dados resultantes da aplicação do modelo da curva de regolfo – Darcy
(REGD)................................................................................................................... 55
Figura 8.7 – Integração gráfica utilizada no modelo REGD. ......................................... 55

ÍNDICE DE FIGURAS DOS ANEXOS

Figura A2.1 – Hidrograma do caudal registado à entrada da ETAR de Fataca durante


o mês de Abril de 2006...........................................................................................A9
Figura A2.2 – Hidrograma do caudal médio diário registado à entrada da ETAR da
Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006............................A10
Figura A2.3 – Hidrograma do caudal médio diário registado à entrada da ETAR da
Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores
corrigidos. .............................................................................................................A10
Figura A2.4 – Hidrograma do caudal de ponta diário à entrada da ETAR da Fataca no
período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. ...........................................A11
Figura A2.5 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à entrada da ETAR da
Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores
corrigidos. .............................................................................................................A11
Figura A2.6 – Hidrograma do caudal real registado à saída da fossa séptica da ETAR
de Fataca durante o mês de Abril de 2006............................................................A12
Figura A2.7 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída da fossa séptica
da ETAR de Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.......A12
Figura A2.8 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída da fossa séptica
da ETAR de Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.
Valores corrigidos. ...............................................................................................A13
Figura A2.9 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída da fossa séptica
da ETAR de Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.......A13
Figura A2.10 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída da fossa
séptica da ETAR de Fataca no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de
2006. Valores corrigidos. .....................................................................................A14

v
Figura A2.11 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Fataca (ponto F3)
durante o mês de Abril de 2006............................................................................A14
Figura A2.12 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto F3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 .......................................A15
Figura A2.13 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto F3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos. ......A15
Figura A2.14 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto F3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 .......................................A16
Figura A2.15 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto F3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.Valores corrigidos. .......A16
Figura A2.16 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto
M1) durante o mês de Outubro de 2005.. .............................................................A17
Figura A2.17 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto
M1) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 ...............................A17
Figura A2.18 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto
M1) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal
em l/s. Valores corrigidos.....................................................................................A18
Figura A2.19 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto
M1) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.. .............................A18
Figura A2.20 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto
M1) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal
em l/s. Valores corrigidos.....................................................................................A19
Figura A2.21 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto
M2) durante o mês de Outubro de 2005.. .............................................................A19
Figura A2.22 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto
M2) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 ...............................A20
Figura A2.23 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto
M2) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal
em l/s. Valores corrigidos.....................................................................................A20
Figura A2.24 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto
M2) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 ...............................A21
Figura A2.25 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto
M2) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal
em l/s. Valores corrigidos.....................................................................................A21
Figura A2.26 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto
M3) durante o mês de Outubro de 2005.. .............................................................A22
Figura A2.27 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto M3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.. .....................................A22
Figura A2.28 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto M3)
no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.
Valores corrigidos. ...............................................................................................A23
Figura A2.29 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto
M3) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006 ...............................A23
Figura A2.30 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto
M3) no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal
em l/s. Valores corrigidos.....................................................................................A24

vi
ÍNDICE DE QUADROS DOS ANEXOS

Quadro A1.1 – Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes (Pesquisa


Bibliográfica)..........................................................................................................A2
Quadro A1.2 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de
Macrófitas Existentes). ...........................................................................................A3
Quadro A1.3 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de
Macrófitas Existentes). ...........................................................................................A4
Quadro A1.4 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de
Macrófitas Existentes). ...........................................................................................A5
Quadro A1.5 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de
Macrófitas Existentes). ...........................................................................................A6
Quadro A1.6 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de
Macrófitas Existentes). ...........................................................................................A7
Quadro A3.1 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras
recolhidas na ETAR de Fataca durante o Verão de 2005.....................................A26
Quadro A3.2 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras
recolhidas na ETAR de Malavado durante o Verão de 2005. ..............................A27

vii
SIMBOLOGIA

CBO5 – Carência bioquímica em oxigénio ao fim de 5 dias [mg/L]


CQO – Carência química e oxigénio [mg/L]
SST – Sólidos suspensos totais [mg/L]
ETAR – Estação de tratamento de águas residuais
PE – População equivalente
2
As – Área de dimensionamento do leito [m ]
3
Q – Caudal [m /dia]
C0 – CBO5 no Influente [mg/L]
Ce – CBO5 no efluente [mg/L]
Kt – Constante dependente da temperatura
d – Profundidade do leito [m]
3 3
n – Porosidade do leito [m /m ]
3
Qout – Caudal à saída do leito [m /dia]
3
Qin – Caudal à entrada do leito [m /dia]
3
P – Precipitação [m /dia]
3
I – Infiltração [m /dia]
3
ET – Evapotranspiração [m /dia]
3
ET0 - Evapotranspiração padrão [m /dia]
-1
U – Velocidade de escoamento [m.s ]
-1
k – Condutividade hidráulica saturada [m.s ]
J – Perda de carga unitária [m/m]
z – Cota do nível de água [m]
x – Comprimento do leito [m]
l – Largura total do leito [m]
2 -1
g – aceleração da gravidade [m .s ]
hm – altura média [m]
i – Declive do perfil longitudinal do leito [m/m]
Fr – número de Froude [ - ]
Pe – Número de Péclet [ - ]
PFR - Reactor de fluxo-pistão (“plug flow”)
CFSTR - Reactor de escoamento contínuo em estado estacionário
TRH - Tempo de residência hidráulico
REGD – Modelo da curva de regolfo com lei de Darcy
COND – Modelo da continuidade com lei de Darcy

viii
RESUMO

No âmbito do saneamento básico, têm-se registado, nas últimas décadas, melhorias significativas
quer na implementação de tecnologias convencionais, como na pesquisa e desenvolvimento de
novas tecnologias que se adaptem às especificidades de cada situação. Os leitos de macrófitas
constituem uma tecnologia eficiente e economicamente viável para o tratamento de efluentes
domésticos de pequenos aglomerados populacionais. O tratamento consiste, genericamente, na
passagem do efluente pelo leito, uma depressão preenchida por um meio que serve de substrato
ao desenvolvimento de espécies botânicas adaptadas aos meios aquáticos (macrófitas), onde
ocorrem fenómenos de remoção dos poluentes. Estes sistemas apresentam eficiências de
tratamento significativas, principalmente na redução da CBO5, da CQO e dos SST, bem como ao
nível dos parâmetros microbiológicos.
O domínio desta dissertação foi o estudo do comportamento hidráulico e hidrológico destes
sistemas, com base na recolha e análise de dados provenientes de duas ETAR localizadas no
Concelho de Odemira, na região Sudoeste de Portugal. Para o efeito procedeu-se à análise dos
dados de caudais recolhidos durante o período de Julho de 2005 e Maio de 2006. Procedeu-se à
elaboração de hidrogramas de caudais reais, caudais médios diários e caudais de ponta. Com
base numa análise estatística, procedeu-se à correcção dos valores de caudal, com vista à
eliminação de valores discrepantes, provocados por fenómenos perturbadores, como a formação
de espuma. A análise destes hidrogramas permitiu um estudo do comportamento hidráulico destes
sistemas. Verificou-se a existência de um padrão diário na evolução dos caudais afluentes às
ETAR, em função directa da actividade humana das populações servidas, tendo-se observado
uma redução significativa dos caudais de ponta entre cada órgão da ETAR. Através do balanço de
massa hidráulico efectuado ao leito de macrófitas concluiu-se que a evapotranspiração tem um
contributivo significativo na redução do volume de água no leito, podendo esta redução atingir
valores superiores a 80% do caudal afluente ao leito. Outro objectivo desta dissertação consistiu
na elaboração de um modelo matemático simplificado para o estudo do comportamento hidráulico
dos leitos de macrófitas, função de alguns parâmetros, como o caudal afluente e a condutividade
hidráulica saturada do meio. Os leitos de macrófitas construídos são sistemas de tratamento em
que o escoamento ocorre em regime lento, controlado por jusante. Por este facto, um modelo
baseado na curva de regolfo em regime lento constitui uma boa aproximação para determinar a
altura do escoamento ao longo do leito. Concluiu-se que a condutividade hidráulica do meio é um
parâmetro importante na determinação do comportamento hidráulico do leito, influenciando o
tempo de residência do efluente.

Palavras-Chave: saneamento de pequenos aglomerados, leito de macrófitas, comportamento


hidráulico, balanço de massa hidráulico, perfil hidráulico.

ix
ABSTRACT

In the last decades some important measures as been taken to improve the wastewater treatment,
like the implementation of conventional technologies, as well at the research and development of
new technologies, which can be adapted to the specifications of the populations served. The
constructed wetlands are an efficient and economically feasible technology to treat domestic
wastewater of small villages. The treatment consists in the flow of the wastewater within the
medium that fills de wetland, in which occurs the development of the hydrophytes plants
(macrophytes), removing the pollutants presents in the water. These systems present high
treatment efficiencies, mainly in the reduction of BOD5, COD and TSS, as well as microbiological
concentrations.
The main domain of this work consisted in the study of the hydraulic and hydrologic behavior of
these systems of treatment, based in the collection and analyses of flow data coming from two
treatment plants, situated in Odemira, southwest region of Portugal. The data was collected
between July 2005 and May 2006. Three types of Hydrograms were constructed with this
information: real flow rate, daily average flow rate and daily maximum flow rate. A statistical study
permitted to add a correction to some inaccurate values of flow rate, caused by some disturbing
phenomena, like the formation of foam. The observation of these hydrograms showed a daily
pattern in the evolution of the flow entering the treatment plant, characterized by the human activity
of the populations served. It was also observed a reduction of the peak flow entering each
component of the treatment plant. Performing a water balance to the constructed wetland, it was
possible to evaluate the high importance of the evapotranspiration in the loss of water in this part of
the treatment plant, reaching, in some periods, more than 80% of the entering volume. Another
objective of this work consisted in the creation of a simplified mathematical model to study the
hydraulic behavior of the constructed wetland, considering parameters like the flow entering the
wetland and the hydraulic conductivity of the filling medium. Constructed wetlands are treatment
systems in which the flow is hydraulically controlled by downstream, in subcritical flow, which is
why it can be modeled in a simplified approach using a water surface profile curve. One of the
principal conclusions was that the hydraulic conductivity is an important data in the determination of
the hydraulic behavior of the constructed wetland, influencing the hydraulic retention time of the
wastewater.

Key words: sanitation in small villages, constructed wetlands, hydraulic behaviour, hydraulic mass
balance, water surface profile.

x
AGRADECIMENTOS

Na execução desta Dissertação de Mestrado o autor contou com a colaboração de diversas


pessoas e entidades, para as quais ficam algumas linhas de agradecimento e apreço.

Ao orientador desta Dissertação, Prof. José Saldanha Matos e à co-orientadora, Engª. Ana
Fonseca Galvão, pelas sugestões, orientações e correcções sempre pertinentes e repletas de
rigor formal e científico.

Ao Sr. Luís Ramos, funcionário sempre disponível da Câmara Municipal de Odemira.

Aos funcionários dos departamentos de Química e de Metrologia do Instituto de Soldadura e


Qualidade de Oeiras, por algumas horas extra de trabalho e pela simpatia e prontidão sempre
demonstradas.

Aos familiares e amigos que demonstraram uma infindável paciência em todos os momentos.

A todos os que, de alguma forma, directa ou indirectamente, contribuíram para o desenvolvimento


desta Dissertação de Mestrado.

A todos um muito obrigado!

xi
1. INTRODUÇÃO

1.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA

Os leitos de macrófitas de origem natural, ou seja, as zonas húmidas colonizadas por espécies
de plantas hidrófitas, têm sido utilizados mundialmente como meio de deposição de águas
residuais, há mais de 100 anos. Por exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA), desde
1912 que o leito natural de Great Meadows, nas proximidades do rio Concord, em Lexington,
tem servido de local de descarga de efluentes resultantes da actividade humana. No início,
estes sistemas eram utilizados estritamente como meio de deposição final, passando numa
fase posterior a servir como sistemas de tratamento de águas residuais. Na realidade, apenas
quando a qualidade da água e a integridade biológica destes ecossistemas passou a ser
monitorizada, entre 1960 e 1970, é que se tornou notório o potencial de depuração associado
à utilização destes sistemas. De facto, na Europa, já no início da década de 50 se iniciavam os
primeiros estudos experimentais para analisar a viabilidade destes sistemas naturais de
tratamento, por parte de dois investigadores do Instituto Max Planck na Alemanha, Seidel e
Kickuth, decorria o ano de 1952 (Börner et al., 1998e; Wallace e Knight, 2006). No início do
ano de 1960, estes dois investigadores a trabalhar na Universidade de Göttingen, na
Alemanha, desenvolveram um processo de tratamento designado por método da zona
radicular (Brix, 1994). Nestes sistemas considerava-se que o tratamento primário era
efectuado pelo solo. A origem do nome deste método deve-se ao facto de se pensar, na
altura, que o desenvolvimento das raízes iria promover um aumento da condutividade
-5 -3
hidráulica da matriz do solo de 10 m/s para 10 m/s, entre 2 e 4 anos. Estes leitos eram
geralmente colonizados com juncos (Phragmites australis) por dois motivos: o elevado
desenvolvimento radicular destas espécies botânicas e o facto de se pensar que estas plantas
promoviam a transferência de oxigénio no meio, através da passagem de elevadas
quantidades deste gás desde o sistema radicular até à rizosfera circundante, criando uma
série de zonas aeróbias, anóxicas e redutoras (Brix, 1996). Este método deu um impulso
significativo ao desenvolvimento dos sistemas implementados na Alemanha, sendo que no
início da década de 80 a maioria dos leitos de macrófitas existentes neste país eram baseados
neste método (Cooper and Boon, 1987), apesar de se ter provado, entretanto, que o aumento
da condutividade hidráulica e os níveis de transferência de oxigénio não eram tão elevados
como se supunha (Brix e Schierup, 1990). Mesmo assim, em 1973, Seidel obteve uma patente
americana para este método, o que facilitou a introdução destes sistemas nos Estados Unidos
da América.

1
Entre 1967 e 1972, iniciou-se um estudo com cinco anos de duração, elaborado por Howard T.
Odum e A. C. Chestnut, da Universidade da Carolina do Norte, que consistia na análise da
viabilidade de depuração e reutilização de águas residuais municipais utilizando sistemas
constituídos por lagoas costeiras colonizadas com vegetação do litoral (Odum, 1985). Em
1972, Odum and Katherine Ewel iniciaram outro trabalho experimental de cinco anos para
estudar a eficiência efectiva da utilização de pântanos naturais colonizados por ciprestes, no
tratamento de águas residuais municipais. Também no ano de 1972, iniciou-se a introdução
de água e nutrientes em campo de turfa (“peat-based wetland”) situado próximo da
comunidade de Houghton Lake, nos EUA. Durante cinco anos consecutivos foram efectuadas
descargas sazonais de 360 metros cúbicos por dia. Em 1978, construiu-se um sistema
protótipo em larga escala, com um caudal diário de 6.410 metros cúbicos. Este sistema de
tratamento em leito de turfa natural do lago Houghton ainda hoje opera e os dados recolhidos
durante este período constituem uma das mais extensas e completas bases de dados
existentes na actualidade.
Em 1981, Barry Wolverton e os seus colegas da National Aeronautics and Space
Administration (NASA), começaram a focar a sua investigação nos sistemas de escoamento
sub-superficial, após se terem debruçado sobre os sistemas baseados em plantas flutuantes
(Wolverton, 1983). Estes investigadores desenvolveram um sistema de filtração que utilizava
como meio partículas grosseiras, calhaus e mesmo rochas, cobertas com uma camada de
solo plantado com caniços, e desenvolviam-se longitudinalmente, tomando uma forma similar
a canteiros de flores, o que permitia que fossem adoptados em jardins públicos e casas
individuais. Entre 1983 e 1984, um investigador da Califórnia, Richard Gersberg, iniciou um
estudo sobre as transformações do azoto em estações-piloto e estações reais, com
escoamento sub-superficial (Gersberg et al., 1986). Em 1988, a EPA publicou um manual de
dimensionamento de leitos de macrófitas construídos, que incluía os procedimentos de
construção de sistemas de tratamento com escoamento sub-superficial.
Em 1984, iniciou-se no Reino Unido, um projecto de investigação baseado no método da zona
radicular, tendo sido feito um esforço para que este estudo envolvesse outros países europeus
como a Alemanha, a Dinamarca, a Espanha a Holanda e a França (Cooper e Boon, 1987). As
experiências executadas no âmbito destas parcerias permitiram melhorar significativamente os
conhecimentos a respeito, principalmente, dos sistemas de escoamento sub-superficial.
Durante a década de 90, implementaram-se, principalmente na Europa, os sistemas de
escoamento vertical, devido à sua elevada capacidade de desenvolver processos de
nitrificação (Cooper et al., 1997). Já no início do século XXI começaram a desenvolver-se
sistemas híbridos, com uma componente de escoamento vertical e outra de escoamento
horizontal, ligados em série, com o objectivo de promover tanto os processos de nitrificação
(sistema de escoamento vertical) como os processos de desnitrificação (sistema de
escoamento horizontal). Na Áustria, República Checa e Reino Unido, os sistemas de
escoamento horizontal têm sido desenvolvidos maioritariamente utilizando como meio de

2
enchimento partículas de granulometria relativamente pequena, como areia fina, com
dimensões da ordem dos 0.2 a 1.0 mm, por se pensar constituir o melhor compromisso entre a
área superficial disponível para o desenvolvimento do biofilme microbiano, as condições de
desenvolvimento radicular e a condutividade hidráulica (Geller, 1996). Em alguns países da
Escandinávia, como a Noruega, utiliza-se com frequência, em alternativa à gravilha, argila
expandida (LECA) como meio de enchimento (Jenssen et al., 1994). Os dados relativos ao
desempenho destes sistemas indicam que a LECA possui uma elevada capacidade de
adsorção do fósforo (Jenssen et al., 2002) o que constitui, juntamente com a sua relativa
abundância, razão para a preferência, nesses países, por este meio de enchimento dos leitos
construídos.

1.2 PANORAMA NACIONAL

Em Portugal, apenas em meados da década de setenta se iniciou a implementação destes


sistemas de tratamento de água residuais, com a construção de um leito de macrófitas na
região de Viseu, seguido por outro sistema na região do Algarve, nas instalações do antigo
Instituto Politécnico de Faro. Durante a década seguinte, e contrariamente ao que se passava
na maioria dos países do centro e norte da Europa, bem como nos Estados Unidos da
América, registou-se um reduzido investimento nestes sistemas, por parte das autoridades
ambientais nacionais. Já no início da década de noventa, começou a registar-se um aumento
da preocupação com o tratamento dos efluentes produzidos por pequenas comunidades
(população equivalente igual ou inferior a 500 hab. eq.), as quais abrangem uma dimensão
considerável da área total do país, especialmente na região centro. A grande maioria destas
comunidades encontra-se situada em zonas rurais do interior do país, apresentando um
povoamento disperso, escasso em recursos económicos e técnicos. Com o objectivo de atingir
a sustentabilidade dos sistemas de saneamento destas comunidades, começaram a analisar-
se soluções descentralizadas de tratamento, adaptadas a cada caso específico, as quais
tendem a fazer face a condicionalismos característicos destes meios, como a acentuada
dispersão dos povoamentos em terrenos acidentados, o que dificulta soluções “centralizadas”
de saneamento; a ausência de economias de escala favoráveis, que conduzam a custos per
capita de investimento e de exploração dos sistemas aceitáveis; a elevada variabilidade de
caudais e de cargas poluentes dos efluentes produzidos por essas comunidades; o elevado
valor paisagístico e ambiental dos meios receptores. Uma das soluções encontradas para
satisfazer esses objectivos foi a implementação da tecnologia dos leitos de macrófitas (Matos,
2003).
O Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais
(PEAASAR) para o período 2000-2006 apontava como uma das metas a atingir, uma
cobertura de 90% da população servida com drenagem e tratamento de águas residuais
(INAG, 2007). Estes objectivos obrigaram à implementação de mais sistemas de tratamento

3
de águas residuais, tendo a tecnologia dos leitos de macrófitas sido escolhida, em regra, para
aglomerados populacionais mais reduzidos (até 2000 habitantes).
O inventário nacional, com dados até Julho de 2006, apresenta um total de cerca de 300
sistemas operacionais, que incluem sistemas de dimensões diversas, desde pequenos
3
sistemas uni-habitacionais com um caudal inferior a 1 m /d (cerca de 176), até sistemas
municipais com capacidade entre 30 e 12.000 PE (aproximadamente, 128). Analisando os
dados referentes aos sistemas construídos nos últimos 13 anos, de 1993 a 2006, verifica-se
que no triénio 1999-2001 se registou o maior número de construções, cerca de 50 sistemas
implementados, seguido do biénio 1996-1998, com 30 construções. Desde o Final de 2006 e
início de 2007, concluíram-se mais 40 a 50 sistemas (INAG, 2007). A distribuição geográfica
destes sistemas no país denota uma maior incidência, do ponto de vista de perspectivas de
construção, na região centro. No entanto, a maioria dos sistemas de menores dimensões (até
500 PE), encontra-se localizada na região Sul, predominantemente no Algarve e Litoral
Alentejano (Dias, 2000; Silva, 2006).
A maioria dos sistemas construídos em Portugal são baseados em leitos de macrófitas
emergentes com escoamento horizontal sub-superficial, tendo como objectivo a obtenção de
um tratamento secundário. Alguns sistemas apresentam, no entanto, escoamento vertical e
outros efectuam um tratamento terciário. Relativamente ao tipo de águas residuais tratadas, a
maioria dos sistemas trata efluentes de origem doméstica ou municipal, apesar de existirem
alguns sistemas concebidos para o tratamento de efluentes industriais e de lixiviados, por
exemplo, provenientes de aterros de resíduos sólidos, sistemas em que o Departamento de
Química e Biologia do Instituto Superior Técnico (IST) tem larga experiência. Ao nível do pré-
tratamento, existe uma diversidade de elementos, entre os quais, as fossas sépticas, as
câmaras de gradagem, as câmaras de areia (“grit chambers”) e tanques de Imhoff. Podem
ainda ocorrer outros elementos de pré-tratamento, com correcção de agressividade (pH),
como é o caso da ETAR de Estarreja.
Os resultados referentes às eficiências de tratamento da maioria dos leitos de macrófitas
construídos existentes em Portugal são ainda recentes e encontram-se ainda em fase de
compilação e análise estatística. No entanto, os dados já obtidos e tratados confirmam a
tendência geral quanto ao potencial da eficiência de tratamento destes sistemas: elevados
níveis de redução da CBO5, SST e microrganismos patogénicos. Relativamente aos níveis de
redução de N Total e P Total, os resultados obtidos revelam, em regra, eficiências menos
elevadas (Dias et al., 2006).
Uma análise económica aos custos de construção destes sistemas demonstra que estes não
diferem muito dos custos de construção dos sistemas convencionais (por exemplo, lamas
activadas com arejamento), para o mesmo grau de tratamento. Esta mesma análise denota,
por outro lado, uma redução considerável nos custos de operação e manutenção face aos
sistemas convencionais (Galvão et al., 2007).
O objectivo actual terá de passar pela monitorização e recolha de dados do maior número
possível de sistemas, com vista ao tratamento analítico dos dados recolhidos, de forma a obter

4
uma base de dados consistente e abrangente de todos os tipos de sistemas implementados,
no que diz respeito ao tipo de escoamento, espécies de plantas utilizadas, tipo de efluente a
tratar, processos de pré-tratamento utilizados, entre outros. No caso específico de Portugal,
tem especial interessa avaliar a aplicabilidade destes sistemas ao tratamento de efluentes
provenientes de indústrias localizadas em meios mais dispersos e que possuem um peso
significativo nas economias locais, como é o caso da produção de queijo, azeite e vinho, bem
como a indústria pecuária, especialmente a criação de porcos. Outra possível aplicação de
interesse diz respeito à implementação destes sistemas em aglomerados populacionais
localizados em regiões montanhosas, a altitudes superiores a 1000 metros (Dias et al., 2006).
Esta breve perspectiva histórica ajuda a entender o desenvolvimento relativamente tardio da
tecnologia dos leitos de macrófitas aplicados ao tratamento de efluentes, observando-se que
mesmo os mais antigos sistemas de tratamento construídos são relativamente recentes. Este
período curto de experiência, em termos de projecto e operação destes sistemas, bem como
da análise de dados de eficiências de tratamentos obtidos, é razão suficiente para assumir
que ainda existe um longo caminho por percorrer no que diz respeito à maximização dos
resultados de eficiências de remoção, entre outros factores.

1.3 OBJECTIVOS

Nos últimos 20 anos foi elevado o investimento no desenvolvimento e implementação de leitos


de macrófitas, tendo-se construído, mesmo em Portugal, diversas unidades, em regra, de fluxo
horizontal sub-superficial para o tratamento de efluentes domésticos de pequenos
aglomerados rurais. Existe informação diversa, embora não muito abundante, referente à
eficiência deste tipo de sistemas, nomeadamente no que se refere à CBO, CQO, SST e
também no que respeita a nutrientes. No entanto, no que se refere aos balanços hidrológicos
e à hidráulica dos escoamentos nos leitos, a situação é bem mais incipiente.
O principal objectivo deste trabalho consiste no estudo do comportamento hidráulico dos leitos
de macrófitas, de forma a contribuir, do ponto de vista teórico e prático, para o aumento do
conhecimento nesse domínio.
Os dados utilizados na elaboração deste trabalho resultaram da execução de campanhas de
recolhas em duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) com tratamento por
leitos de macrófitas localizadas no concelho de Odemira, realizadas no período compreendido
entre Julho de 2005 e Maio de 2006. Foram igualmente realizadas campanhas de
amostragens entre Maio e Setembro de 2007. As ETAR em estudo servem as populações de
Fataca e Malavado, situadas na região do Sudoeste Alentejano. O objectivo deste trabalho é
proceder ao estudo do comportamento hidráulico e hidrológico de um sistema de tratamento
de águas residuais baseado em leitos de macrófitas construídos. Para este estudo realizaram-
se diversas medições com o auxílio de equipamento de medição de caudal instalado à entrada
e à saída dos principais órgãos de tratamento das ETAR, que registaram os valores de caudal
em contínuo com uma periodicidade de 5 minutos.

5
2. CARACTERIZAÇÃO DOS LEITOS DE MACRÓFITAS

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Nos últimos 50 anos, tem vindo a verificar-se um aumento da necessidade de tratamento de


efluentes resultantes das actividades humanas, quer de origem doméstica, quer de origem
agrícola e industrial, levando à projecção e execução de infra-estruturas de tratamento
complexas, que acarretam custos financeiros e técnicos, inerentes à sua construção e
operação, designadas por Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Com o
passar do tempo e à medida que os níveis de atendimento e serviço se aproximavam dos
objectivos traçados pelas autoridades competentes, tomou-se consciência de que não seria
técnica e economicamente viável a instalação de sistemas de tratamento convencionais para
os aglomerados populacionais de menores dimensões e/ou mais dispersos, devido à
inexistência de economia de escala, o que aumenta os custos per capita destes sistemas. Por
outro lado, a ligação aos sistemas convencionais (como as ETAR baseadas em lamas
activadas com arejamento) de uma rede populacional muito dispersa, leva a custos técnicos e
financeiros elevado, tanto maiores quanto maior for a distância percorrida. Deste modo, surgiu
a necessidade de adaptar os sistemas de tratamento às características, não apenas do
efluente a tratar, mas igualmente da população abrangida. Assim, para aglomerados de
pequenas dimensões, com menor densidade populacional e muito distanciados dos principais
sistemas de tratamento (ETAR), optou-se por soluções mais específicas, com menores custos
financeiros e técnicos, de manutenção simples e consumos energéticos desprezáveis, como a
construção de leitos de macrófitas.

2.2 VANTAGENS COMPARATIVAMENTE AOS SISTEMAS CONVENCIONAIS

Estes sistemas de tratamento diferem dos sistemas convencionais, como os baseados em


lamas activadas, em diversos aspectos, principalmente relacionados com a operação e
manutenção. Contrariamente ao que sucede com os sistemas convencionais, não existe a
necessidade de um controlo a tempo inteiro do funcionamento do sistema, permitindo que este
controlo seja efectuado através de visitas periódicas de um operador menos especializado,
com uma frequência mínima de uma a duas visitas mensais (Wallace e Knight, 2006).
As principais vantagens destes sistemas face aos sistemas convencionais são:

 Baixos custos de construção. Estes custos dizem respeito maioritariamente ao valor


de aquisição dos terrenos de implantação, das terraplanagens e escavações
necessárias e das estruturas de controlo hidráulico;

6
 Baixos custos de exploração. O facto de não se recorrer ao uso de reagentes
químicos em qualquer fase do processo de tratamento, bem como a ausência de
equipamentos electromecânicos que consumam energia eléctrica, são factores que
baixam consideravelmente os custos de exploração quando comparados com os
sistemas convencionais;

 Manutenção relativamente simples, pois constituem sistemas de baixa tecnologia,


podendo ser mantidos por pessoal não qualificado e dispensando o
supervisionamento a tempo integral, contrariamente aos restantes sistemas, que
requerem um acompanhamento técnico persistente, devido à tecnologia utilizada;

 Boa integração paisagística e ecológica. Os impactes ambientais negativos


associados a estes sistemas são praticamente nulos, podendo registar-se apenas a
existência de odores provenientes das fossas sépticas, especialmente nos dias mais
quentes e para efluentes com elevada carga orgânica; relativamente aos impactes
positivos, para além da óbvia melhoria da qualidade do efluente a introduzir no meio
aquático natural, é de referir a criação de um habitat para inúmeras espécies da fauna
local, estabelecendo-se ao fim de pouco tempo um ecossistema próprio, para além do
excelente enquadramento paisagístico dos leitos de macrófitas comparativamente
com os sistemas convencionais.

 Podem ser construídos em locais de baixas cotas, mesmo que inundáveis, sem
inconvenientes muito graves do ponto de vista ambiental.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS LEITOS DE M ACRÓFITAS

Os leitos de macrófitas, também designados por zonas húmidas construídas, são sistemas
constituídos, geralmente, por pequenas depressões escavadas no terreno, ou pequenas
lagoas, impermeabilizadas, parcialmente preenchidas por um leito artificial de materiais
permeáveis, tais como solo arenoso, areia grossa, gravilha fina, ou areão, contendo à
superfície uma estreita camada de solo, que serve de substrato a espécies botânicas
adaptadas à vida em terrenos inundados, denominadas macrófitas.

A classificação destes sistemas baseia-se em determinadas características, tais como:

O tipo de efluente a tratar,

• Águas residuais domésticas ou de excedentes de sistemas unitários

7
• Lamas

O tipo de escoamento,

• Superficial

• Sub-superficial

Na Figura 2.1 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas com escoamento


superficial.

Afluente
Efluente

Solo

Figura 2.1 – Leito de macrófitas com escoamento superficial.


(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

Na Figura 2.2 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas com escoamento


horizontal sub-superficial.

Afluente

Efluente

Figura 2.2 – Leito de macrófitas com escoamento horizontal sub-superficial.


Legenda: 1 – zona de distribuição, constituída por grandes pedras, 2 – tela impermeabilizante, 3 – meio de
enchimento (ex. gravilha), 4 – vegetação, 5 – nível da água no leito, 6 – zona de recolha, preenchida com
grandes pedras, 7 – tubo de recolha e drenagem, 8 – estrutura de saída para regulação do nível de água no
interior do leito. As setas indicam a direcção geral do escoamento. (Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

8
As características das espécies de plantas que colonizam o meio,

• Espécies flutuantes

Na Figura 2.3 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas colonizado por


espécies flutuantes.

Afluente
Efluente

Solo

Figura 2.3 – Leito de macrófitas povoado com espécies flutuantes.


(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

• Espécies submersas

Na Figura 2.4 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas colonizado por


espécies submersas.

Afluente

Efluente

Solo

Figura 2.4 – Leito de macrófitas povoado com espécies submersas.


(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

9
• Espécies emergentes

Na Figura 2.5 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas colonizado por


espécies emergentes.

Afluente

Efluente

Solo

Figura 2.5 – Leito de macrófitas povoado com espécies emergentes.


(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

A orientação do escoamento,

• Escoamento horizontal (Figuras 2.1 a 2.5)

• Escoamento vertical (ascendente ou descendente)

Na Figura 2.6 apresenta-se um esquema de um leito de macrófitas com escoamento


vertical (descendente).

Afluente

Efluente

Areia

Gravilha

Escoamento

Figura 2.6 – Leito de macrófitas com escoamento vertical (descendente).


(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

10
Na Figura 2.7 representa-se a classificação dos leitos de macrófitas, baseada nas
características descritas.

Tipo de Águas Lamas


Efluente Residuais

Hidrologia Escoamento Escoamento


Superfícial Subsuperfícial

Vegetação Espécies Espécies Espécies Emergentes


Flutuantes Submersas

Tipo de Escoamento Horizontal Escoamento Vertical


Escoamento

Fluxo Fluxo
Ascendente Descendente

Tipo de Uso Sem LSH LSSH Sem LFV “Reed


Leito Raro Uso (1) (2) Uso (3) Bed”

Figura 2.7 – Classificação dos leitos de macrófitas. (1) Leito de macrófitas emergentes de escoamento
superficial com fluxo horizontal; (2) Leito de macrófitas emergentes de escoamento sub-superficial com fluxo
horizontal; (3) Leito de macrófitas emergentes de escoamento vertical com fluxo ascendente.
(Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

11
2.4 ESPÉCIES BOTÂNICAS

Como referido anteriormente, as espécies botânicas utilizadas podem ser classificadas como
flutuantes, submersas e emergentes, conforme se encontrem dispostas as suas estruturas
supra-radiculares relativamente à água. A figura seguinte apresenta diversas espécies de
macrófitas que se encontram vulgarmente nos meios naturais, sendo parte delas utilizadas no
povoamento de leitos construídos destinados ao tratamento de efluentes.

I. Macrófitas Emergentes

II. Macrófitas Flutuantes

III. Macrófitas Submersas

Figura 2.8 – Esquema ilustrativo dos diversos tipos de macrófitas, classificadas como emergentes (I),
flutuantes (II) e submersas (III). As espécies representadas são: (a) Scirpus lacustris, (b) Phragmites australis,
(c) Typha latifolia, (d) Nymphaea alba, (e) Eichhornia gramineus, (f) Hydrocotyle vulgaris, (g) Eichhornia
crassipes, (h) Lemna minor, (i) Potamogeton crispus e (j) Litorella uniflora. (Adaptado de Brix e Schierup,
1989)

12
As espécies de plantas usualmente mais utilizadas para povoamento de leitos de macrófitas
construídos são os caniços (phragmites australis), os juncos (scrirpus lacustris) e as
espadanas (typha latifolia). No nosso país utiliza-se com frequência as espadanas, devido ao
facto de serem relativamente abundantes nos meios húmidos naturais.
As macrófitas contribuem para oxigenação do meio, devido a possuírem raízes e rizomas
extensos que favorecem o arejamento do solo e o consequente desenvolvimento de
microrganismos aeróbios, responsáveis pelos processos de oxidação da matéria orgânica.
Para além disso, as plantas contribuem para a condutividade hidráulica do meio, ao formarem
canais de escoamento à medida que as suas raízes e rizomas se desenvolvem. É comum a
associação de diferentes espécies no mesmo sistema, quer seja em série, isto é, em troços
distintos do leito, quer seja em conjunto, partilhando o mesmo leito, alternadamente, ou não.
Um dos factores tomados em consideração na escolha das plantas é a profundidade do leito,
devido ao facto de existirem espécies cujas raízes apresentam um maior desenvolvimento
vertical, como o caso dos caniços, cujas raízes chegam a atingir os 100 cm de profundidade,
favorecendo os processos de tratamento em leitos mais profundos. Outro factor a ser tomado
em consideração é a salinidade do efluente a tratar, sendo que, no caso de águas residuais de
povoações situadas próximas do litoral, a carga elevada em sódio, devida a possíveis
infiltrações de águas salobras, pode ser prejudicial ao desenvolvimento de algumas espécies.
Nestas situações recomenda-se a utilização de caniços, nomeadamente dos géneros
Phragmites australis e Phragmites vulgaris, cujos metabolismos se encontram mais adaptados
a condições de salinidade extremas. Os ensaios efectuados até à actualidade confirmam que
as plantas utilizadas no tratamento de efluentes domésticos não apresentam sinais de
toxicidade relevantes, excepção feita a situações em que não existe um pré-tratamento do
influente (Gersberg et al., 1986). Verificou-se que os efluentes resultantes de destilarias e
adegas apresentaram efeitos toxicológicos nas plantas, devido ao excesso de poluição
química com baixa biodegradabilidade (Finlayson and Mitchell, 1982). Estes efeitos também
se verificaram no tratamento de efluentes provenientes de pocilgas, devido ao excesso de
nutrientes (Bowmer, 1985).
Durante a Primavera e o Verão, ocorre o desenvolvimento e crescimento das plantas. No
Outono e no Inverno verifica-se uma diminuição do seu crescimento, com morte de alguns
componentes das plantas, resultando num acréscimo de matéria orgânica no leito, o que pode
interferir nos processos de tratamento.
Para além da sua influência positiva nos processos de tratamento de águas residuais, é de
salientar o enquadramento paisagístico alcançado em sistemas de tratamento baseados
nestas espécies, bem como o benefício para a fauna e flora locais, devido ao ecossistema
assim criado.

13
2.5 MECANISMOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE TRATAMENTO EM LEITOS DE MACRÓFITAS COM
ESCOAMENTO SUB-SUPERFICIAL

O processo de tratamento que ocorre nos leitos com escoamento sub-superficial possui
diversas etapas distintas. Parte dos poluentes é removida por acção do leito, ou seja, do meio
de implantação das macrófitas – o solo. É à sua superfície que ficam retidos os flocos de
microrganismos e ocorre a sedimentação dos sólidos suspensos, e nos seus interstícios
ocorrem fenómenos químicos de absorção dos nutrientes (Reed e Crites, 1984 e Reed et al.,
1998).
A remoção dos sólidos suspensos e dos microrganismos, por filtração e adsorção, encontra-se
directamente relacionada com a granulometria do solo, aumentando a eficiência de remoção
com a diminuição do tamanho do grão. De facto, se o principal objectivo for a remoção dos
microrganismos, dever-se-á optar por um solo arenoso de baixa granulometria, o qual também
contribui para uma maior clarificação do efluente tratado, pois maximiza o processo de
filtração e de adsorção dos sólidos suspensos. No entanto, os sistemas constituídos por leitos
com solos desta natureza, exigem grandes áreas de implantação, devido ao aumento do
tempo de retenção do efluente, com consequente redução do caudal a tratar. Por outro lado,
os sistemas baseados em solos mais grosseiros apresentam uma maior permeabilidade,
permitindo cargas hidráulicas superiores, reduzindo os riscos de colmatação do meio, facto da
maior importância nos primeiros dois anos de operação, apresentando a desvantagem de não
ser um meio tão favorável ao desenvolvimento das plantas (macrófitas), assim como da
clarificação do efluente. Por exemplo, se o objectivo do tratamento passar pela remoção de
metais pesados, obter-se-ão rendimentos de remoção inferiores com solos de elevada
granulometria. Durante o primeiro ano de exploração é frequente ocorrerem fenómenos de
inundação superficial dos leitos de macrófitas, devido à baixa condutividade hidráulica (Brix,
1987). Estes fenómenos tendem a desaparecer progressivamente ao longo do tempo, devido
ao desenvolvimento dos processos de percolação pelo meio. Um método eficiente para reduzir
estes fenómenos consiste na utilização de uma camada de gravilha junto ao fundo, sobre a
qual se coloca uma camada de cerca de vinte centímetros de espessura em gravilha fina, ou
em areão. De facto, a constituição do leito pode ser muito variável, quanto à sua composição
química, como em relação à granulometria. Existem sistemas constituídos por camadas de
granulometrias crescentes de cima para baixo e outros com leitos mais homogéneos. Em
alguns países, existem sistemas que utilizam o solo local como meio, o que, em geral,
constitui uma desvantagem devido à baixa permeabilidade da maioria dos solos, o que se
traduz em baixas cargas hidráulicas. De salientar que as cargas hidráulicas admitidas em
-2 -2 3 2
sistemas de leitos com gravilha e areão variam entre 2,5 x 10 a 6 x 10 m /m .dia (Brix,
1987).

14
O sistema de tratamento de águas residuais através da utilização de leitos de macrófitas com
escoamento sub-superficial consiste em promover o escoamento do efluente a tratar, em fluxo
horizontal ou vertical, geralmente após uma decantação prévia em decantadores ou fossas
sépticas, através de um meio poroso, que constitui o leito, à superfície do qual se
desenvolvem as plantas. No decorrer do processo de passagem do efluente através do meio
poroso e nos interstícios das raízes e rizomas das macrófitas, desenrolam-se processos
físicos (filtração, adsorção) e químicos (oxidação-redução, precipitação), o que origina uma
remoção de matéria orgânica e nutrientes, particularmente de azoto e fósforo, para além de
uma redução significativa dos microrganismos patogénicos.
Os leitos de macrófitas podem ser aplicados em ETAR como sistemas de tratamento terciário,
complementando um sistema com tratamento secundário. No entanto, a maior vantagem
destes sistemas refere-se à sua utilização para complementar o tratamento primário em
pequenas povoações, dispersas e com caudais de efluentes reduzidos, situação frequente em
Portugal, o que aumenta o interesse da aplicação destes sistemas no nosso país.

2.6 EFICIÊNCIAS DE TRATAMENTO

Diversos factores influenciam a eficiência dos processos de remoção de poluentes que


ocorrem num leito de macrófitas, alguns dos quais são intrínsecos ao processo, tais como, as
concentrações do afluente a tratar em CBO5, CQO e sólidos suspensos, a espessura e
porosidade do leito e as espécies de plantas utilizadas. Outros factores têm influência nas
eficiências de tratamento, como as condições ambientais (tais como precipitação, vento,
exposição solar ou formação de gelo). Por exemplo, quando ocorrem chuvadas fortes, e não
existe uma recolha e drenagem selectiva das águas pluviais, o volume de efluente que chega
ao sistema é maior e a carga poluente encontra-se mais diluída. Estas circunstâncias vão
conduzir a duas situações distintas: por um lado, o aumento do volume de afluente pode levar
à criação de curto-circuitos devido ao aparecimento de escoamentos superficiais, o que
conduz à redução do tempo de residência no sistema, levando à diminuição da eficiência de
tratamento. Por outro lado, a diminuição da carga orgânica devida ao efeito de diluição
produzido pelo aumento do volume de água pode conduzir a melhores eficiências de
tratamento, mas apenas em situações em que o tempo de residência não é afectado, o que
pode ser obtido se existir um tanque de retenção ou uma fossa séptica com elevada
capacidade a montante do leito. Outro factor ambiental a considerar na eficiência de
tratamento é a evapotranspiração (ET), a qual está directamente relacionada com o vento e a
exposição solar. O aumento destes dois factores, produz um aumento da evaporação da água
presente no leito e da transpiração das plantas, que constituem dois fluxos de saída de água
do sistema, contribuindo para o aumento da concentração dos poluentes no leito. A recolha e
análise dos dados existentes na bibliografia existente permitem obter valores médios das
eficiências de tratamento associados a estes sistemas (Anexo I).

15
No Quadro 2.1 apresentam-se os valores médios de eficiências calculados com base nos
dados recolhidos na bibliografia disponível.

Quadro 2.1 – Valores médios de eficiências de remoção obtidos por tratamento de efluentes através de
sistemas baseados em leitos de macrófitas construídos, para os parâmetros físico-químicos e
microbiológicos, resultantes de pesquisa bibliográfica (Anexo I).

Parâmetro CBO5 CQO SST Col. Totais Col. Fecais Estreptococos Virus E. Coli
Eficiência
77.5 70 80.72 77.76 76 63.80 99 92.5
(%)

16
3. COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DOS LEITOS DE MACRÓFITAS

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

No dimensionamento de um leito de macrófitas é necessário tomar em consideração diversos


parâmetros, alguns dos quais são fundamentais para garantir o bom funcionamento dos
sistemas e evitar situações prejudiciais para a eficiência dos processos, como a colmatação
do meio ou a formação de caminhos preferenciais. Para calcular o volume do leito é
necessário tomar em consideração os parâmetros biológicos, as características das plantas
controlam a profundidade e as relações hidráulicas determinam a configuração espacial do
leito.
Actualmente, o dimensionamento destes sistemas baseia-se principalmente em métodos
semi-empíricos, utilizando uma componente quantitativa e outra componente empírica.
Quando se pretende dimensionar uma solução a larga escala, utiliza-se geralmente um
método quantitativo (Kadlec and Knight, 1996). No entanto, para sistemas de dimensões mais
reduzidas, não existem actualmente dados suficientes que permitam um dimensionamento
baseado somente em métodos quantitativos, pelo que existe a necessidade de se utilizarem,
nestes casos, fórmulas empíricas ou equações provenientes do dimensionamento de outras
tecnologias de tratamento, como as lagoas facultativas (Wallace e Knight, 2006).
O funcionamento óptimo do leito de macrófitas depende da época do ano, visto que os
processos de tratamento dependem da temperatura. Assim, as eficiências máximas de
tratamento registam-se no Verão, quando a temperatura do ar é mais elevada e aproxima-se
da temperatura óptima para os processos biológicos envolvidos no tratamento. É também
neste período que se verifica um crescimento mais acentuado das plantas, o que também
parece favorecer os processos. Na prática, os processos de tratamento de águas residuais
são, antes de mais, microbiológicos, e a actividade destes microrganismos depende da
temperatura. Pode-se escrever a seguinte equação de dimensionamento, que depende da
temperatura (Kadlec and Knight, 1996):

Q × (ln C o − ln C e )
As =
Kt × d × n
(3.1)
Com,
2
As – Área de dimensionamento [m ]
Q – caudal, em m3/dia
C0 – CBO5 no Influente [mg/L]
Ce – CBO5 no efluente [mg/L]
-1
Kt – constante dependente da temperatura [dia ]
d – profundidade do leito [m]
3 3
n – porosidade do leito [m /m ]

17
3.2 BALANÇOS HIDROLÓGICOS

O caudal que entra num leito de macrófitas (Qin) não corresponde, em regra, ao caudal que sai
(Qout), devido à existência de fluxos de entrada e saída de água ao longo do leito. Esses fluxos
têm principalmente três origens: a precipitação (P), a infiltração (I) e a evapotranspiração (ET).
A Figura 3.1 esquematiza o balanço hidrológico associado a um leito de macrófitas (Wallace e
Knight, 2006).

Figura 3.1 – Esquema representativo do balanço hidrológico aplicado ao leito de macrófitas.


Legenda: Qin – caudal afluente ao leito; Qout – caudal que sai do leito; ET – evapotranspiração; P –
precipitação; I – Infiltração; W – largura do leito; L – comprimento do leito; H – espessura do leito; η –
porosidade. (Adaptado de Wallace e Knight, 2006)

Deste modo, assumindo que o armazenamento no interior do leito é desprezável, é possível


escrever a seguinte equação de balanço (Wallace e Knight, 2006):

Qout = Qin + P − ET − I
(3.2)
Sendo:
3
Qout – caudal à saída do leito [m /dia]
3
Qin – caudal que entra no leito [m /dia]
3
P – precipitação [m /dia]
3
I – infiltração [m /dia]
3
ET – evapotranspiração [m /dia]

Com base na equação anterior pode escrever-se a equação diferencial que permite
determinar o caudal (Q) em função da distância (x) percorrida ao longo do leito, admitindo
uniformes a precipitação e as perdas por infiltração e evapotranspiração (Kadlec, 2003),

18
dQ
= ( P − ET − I ) × W
dx
(3.3)
Sendo,
x – distância à secção de entrada no leito [m]
W – largura do leito [m]

A condição fronteira necessária à resolução desta equação corresponde à definição do caudal


de entrada (Qin), (Kadlec, 2003).

EVAPOTRANSPIRAÇÃO (ET)

A evapotranspiração (ET) consiste na perda combinada de água resultante da evaporação


directa e da transpiração das plantas. Este fenómeno segue um ciclo diário que depende
directamente da temperatura do ar e da radiação e exposição solar. Assim, verifica-se, em
regra, um aumento gradual da ET ao longo do dia, à medida que a temperatura do ar
aumenta, com um valor máximo no início da tarde, após a qual este valor vai diminuindo,
atingindo um mínimo de madrugada. Em ambientes propícios a elevados índices de ET e
durante períodos mais secos, é possível ocorrer uma redução de efluente à saída do sistema,
até atingir-se caudais nulos. Para sistemas de grandes dimensões pode-se utilizar um valor de
evapotranspiração padrão (ET0). No caso de sistemas mais pequenos, torna-se necessário
utilizar um coeficiente de cultura ( ), específico de cada espécie de plantas e de densidade
de cultura, por forma a verificar a equação seguinte (Kadlec, 2003):

ET = K c × ET0
(3.4)

As perdas por ET reduzem o volume de água, aumentando a concentração dos poluentes, o


que não conduz, no entanto, a um aumento da carga de poluentes no efluente à saída do leito
de macrófitas.
A evapotranspiração desempenha um papel fundamental no comportamento hidrológico
destes sistemas, promovendo a diminuição do volume de água que sai do leito de macrófitas
para a linha de água.

19
3.3 PROBLEMAS M AIS FREQUENTES

3.3.1 COLMATAÇÃO DO LEITO

A porosidade do meio tem tendência a diminuir com o passar do tempo, devido ao acumular
de sedimentos nos interstícios e ao desenvolvimento das raízes das plantas, que passam a
ocupar esses espaços (Kadlec, 2003). O acumular de matéria orgânica resultante do
catabolismo das plantas também contribui para este efeito. Este problema pode levar à
acumulação de efluente à superfície do leito, produzindo uma situação de encharcamento e
escoamento superficial. Este efeito reduz o tempo de retenção do efluente no interior do
sistema, diminuindo a eficiência de tratamento. Este problema pode ser resolvido através da
remoção e substituição de uma camada superficial do meio até determinada profundidade,
que depende do grau de colmatação. Em casos extremos de colmatação, geralmente em
sistemas a operar há alguns anos ou cujo efluente possui uma elevada carga orgânica, a
única solução é a remoção completa do meio, que poderá ser depositado em aterro sanitário
ou no solo, e a sua substituição por um novo meio.

3.3.2 EXISTÊNCIA DE CAMINHOS PREFERENCIAIS

Outro problema comum nestes sistemas consiste na existência de caminhos preferenciais de


escoamento, ou seja, a formação de zonas do leito onde se verifica um aumento do caudal
escoado face ao restante leito. Esta situação pode originar “zonas mortas”, regiões do leito
onde não existe passagem do efluente, o que conduz a uma diminuição das eficiências de
remoção, devido à diminuição do tempo de retenção hidráulica. Este problema pode dever-se
à heterogeneidade do meio, quer na sua constituição, quer na sua distribuição espacial no
leito. Para fazer face a este problema apenas se pode actuar preventivamente, na fase de
enchimento do leito, que deve ser executado de forma a garantir a homogeneidade do leito. A
existência ou não de caminhos preferenciais de escoamento é de fácil observação na maioria
dos casos, visto reflectir-se no desenvolvimento das plantas, verificando-se a ocorrência de
zonas com plantas mais desenvolvidas nos locais onde ocorre este fenómeno, e zonas onde
se verifica um desenvolvimento menos acelerado ou até uma maior mortalidade das plantas,
que correspondem às “zonas mortas”.

20
4. CUSTOS DE INVESTIMENTO E EXPLORAÇÃO

Os custos globais inerentes a um sistema de tratamento de águas residuais baseado num leito
de macrófitas emergentes construído dependem de diversos factores, os quais são
influenciados pela economia local da região de implantação, visto estes sistemas serem
maioritariamente construídos utilizando materiais e mão-de-obra locais. Um dos factores que
influencia o custo global destes sistemas é a sua dimensão, sendo que sistemas maiores
podem beneficiar de uma economia de escala, pois o custo global do sistema é apresentado
em função da população servida. Este facto encontra-se patente na Figura 4.1, que representa
o custo do investimento per capita, dos sistemas baseados em lamas activadas e dos leitos de
macrófitas, em função da população servida.

3.500,00
xActivated
Lamassludge
activadas com
- extended
arejamento
aeration
3.000,00 *Constructed
Leitos dewetlands
macrófitas
(€/hab)

construídos
cost (€/inhab.)

2.500,00
do investimento

2.000,00
Investment

1.500,00
Custo

1.000,00

500,00

0,00
0 500 1000 1500 2000 2500
Population served
População servida

Figura 4.1 – Custos por habitante associados ao investimento em leitos de macrófitas construídos com
escoamento sub-superficial e em sistemas de lamas activadas com arejamento, em função da população
servida. (Galvão, 2007)

A observação da Figura 4.1 permite verificar que o custo por habitante de ambos os sistemas
varia entre os 200 e os 3000 euros, apresentando, no entanto, os sistemas baseados em
lamas activadas com arejamento, custos por habitante ligeiramente superiores (Galvão, 2007).

21
O custo dos materiais ou componentes utilizados na construção de um sistema de tratamento
depende igualmente dos preços praticados na região do projecto. Os principais componentes
necessários à implementação destes sistemas são: (Wallace and Knight, 2006)

• Terreno
• Projecto e planificação do sistema
• Terraplanagens e escavações (construção civil)
• Membrana impermeabilizante
• Meio de suporte das plantas
• Plantas
• Estruturas de controlo hidráulico, que incluem:

 Elementos de gradagem e desarenadores


 Fossa séptica
 Descarregadores
 Caixas de visita
 Outros

• Equipamentos electrónicos de controlo e manutenção do sistema, como data loggers,


sondas, medidores de pH, temperatura e oxigénio dissolvido, entre outros.

22
5. MODELAÇÃO SIMPLIFICADA DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO DOS LEITOS DE
MACRÓFITAS

5.1 EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE E LEI DE DARCY

Pretende-se obter um modelo que permita estimar a altura da água ao longo do leito, desde a
entrada do afluente (“inlet”) até à sua saída do leito (“outlet”). Para este efeito consideram-se
determinados parâmetros como o declive do leito, a velocidade de escoamento e o nível de
água no leito, que poderá ser superior à altura de gravilha no leito.
Por definição,

Q =U × A
(5.1)
e, pela lei de Darcy
dz
U = −k
dx
(5.2)

Sendo,
-1
Q – caudal diário de entrada do afluente [m3.d ]
-1
U – velocidade de escoamento [m.s ]
2
A – área [m ]
-1
k – condutividade hidráulica saturada [m.s ]
dz/dx – perda de carga unitária (J) , sendo,
z – cota do nível de água [m]
x – comprimento do leito [m]
l – largura total do leito [m]

Logo,
dz
Q = −k lz
dx
(5.3)
E

x z 1
2Qx  2Qx  2
Q ∫ dx = − kl ∫ zdz ⇒ z − z =
2
⇒ z =  z 02 −
2

kl 
0
0 z0
kl 
(5.4)

23
Sendo z0 a cota do nível de água (m) no leito, à entrada do afluente (Chazarenc et al., 2003).

A aplicação desta expressão permite construir a curva de evolução da altura da água no leito,
para caudal constante, conforme se representa na Figura 5.1.

z0 z
Zs

0 x
Figura 5.1 – Curva que representa a evolução do nível de água no leito, construída com base na Lei de Darcy.
(Adaptado de Chazarenc et al., 2003).

Este modelo consiste na aplicação da equação da continuidade, com a perda de carga


estimada a partir da Lei de Darcy.

DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE RETENÇÃO HIDRÁULICO (TRH)

Um dos métodos mais utilizados para determinar e analisar o escoamento através dos
canalículos existentes num leito de macrófitas construído refere-se à avaliação da distribuição
do tempo de residência hidráulica, ou tempo de retenção hidráulico, através do método do
traçador por impulsos (“impulsion tracer method”), vulgarmente utilizado nos processos de
engenharia química. Existe a possibilidade de criar modelos mais complexos recorrendo à
utilização de software específico para o estudo de comportamento hidráulico em leitos de
macrófitas naturais (Mansell et al., 2000) ou construídos (Somes et al., 1999). É frequente
utilizar dois reactores ideais: o reactor de (fluxo-pistão) “plug flow” (PFR) e o reactor de
escoamento contínuo em estado estacionário (CFSTR).
Todos os reactores, biológicos e/ou químicos, incluindo os leitos de macrófitas, podem ser
considerados teoricamente, como uma combinação de múltiplos reactores ideais de
escoamento contínuo em estado estacionário. O escoamento saturado de um leito de
Macrófitas não apresenta o comportamento de um escoamento ideal.
Chazarenc et al. (2003) procederam à utilização de um leito de macrófitas de escoamento
horizontal sub-superficial, para a determinação experimental do tempo de residência hidráulico
(TRH) recorrendo ao método clássico de estímulo-resposta. O objectivo foi comparar as
variações do comportamento hidráulico, devidas às diferentes épocas do ano, com as
características do afluente. O uso dos modelos clássicos permitiu obter uma aproximação dos
níveis de dispersão e de mistura no leito de macrófitas.
O método utilizado baseia-se na injecção rápida de 120 litros de uma solução concentrada de
cloreto de sódio (67 g/l) no afluente e na medição da condutividade no efluente. Os dados

24
obtidos permitiram traçar a curva de resposta (“answer curve”), a partir da qual se observaram
os valores do tempo de residência (TRH), através da expressão (Chazarenc et al., 2003):

C (t ) − CW
E (t ) =
Ce × τ
(5.5)

Onde C(t) é a variação da condutividade no efluente, Cw é a condutividade devida à


composição do afluente, Ce corresponde à concentração equivalente e τ refere-se à
distribuição teórica do tempo de residência, com τ = V/Q.
O valor de TRH (ts) observado é determinado utilizando a expressão:


1
A ∫0
ts = E (t )tdt

(5.6)
Onde

A = ∫ E (t )dt
0

(5.7)
Por comparação entre os valores de TRH teóricos e observados, revelaram-se alguns
comportamentos hidráulicos:
• , indica que o afluente atravessa o leito em curto-circuito. Ocorrem escoamentos
preferenciais e o primeiro pico aparece num fase inicial da curva experimental, o qual só
ocorre posteriormente na curva teórica.
• , nestas condições o fluído estagna, em parte, no reactor, processo que ocorre
devido à existência de zonas “mortas” ou estagnadas.
Um modelo mais realístico pode ser obtido tomando em consideração a dispersão axial: o
modelo de “plug flow” com dispersão (DPFM). Neste modelo, é utilizado o número de Péclet,
número adimensional:

Ul
Pe =
D
(5.8)

-1
Onde U é a velocidade de escoamento (ms ), l é o comprimento do leito (m) e D é o
2 -1
coeficiente de difusão (m s ).

Para a determinação do tempo de retenção hidráulico (TRH), consideram-se constantes a


porosidade do leito e o caudal de afluente,

25
ficando assim:
dU
dτ =
Q
(5.9)

Considerando o caudal (Q) e a porosidade (ε) constantes, fica

1
1
x
ε  x
2Qx  2
τ = ∫ εlzdx = ∫ l  z 02 −  dx
Q0 Q0  kl 
(5.10)

x
εl  kl  2 2Qx  2 
3

⇒ τ = − z0 − 
Q  3Q  kl  
 0
(5.11)

Finalmente,

εkl 2  
3
 2Qx  2
τ = 2  z −  z 02 −
3

kl 
0
3Q 
  
(5.12)

Ou seja,

  3
2
εkl 2 2Qx 
τ = 2 z 03 1 − 1 − 2  
3Q   klz 0  
 
(5.13)

5.2 MODELO DA CURVA DE REGOLFO

O modelo desenvolvido nesta dissertação para estudar o comportamento hidráulico do leito de


macrófitas consiste na determinação das alturas de escoamento, com base na curva de
regolfo, com escoamento controlado por jusante, em regime lento (modelo REGD). Nesse
sentido, utilizou-se a seguinte expressão, que permite obter a altura do escoamento (h) em
função da distância percorrida (s) (Quintela, 1998),

26
dh (i − J )
=
ds (1 − Fr 2 )
(5.14)

Sendo,

i – declive do perfil longitudinal do leito, dado por i= tg θ [m/m]


J – perda de carga unitária [m/m]
Fr – número de Froude [ - ]

Substituindo na expressão anterior o parâmetro J obtido pela lei de Darcy,

 dz 
U = − k   = kJ
 dx 
(5.15)

E introduzindo o número de Froude, dado por

U Q
Fr = =
ghm A3
g
b
(5.16)
Sendo,

-1
U – velocidade média do escoamento [m.s ]
-2
g – aceleração da gravidade [m.s ]
hm – altura média [m]
3 -1
Q – caudal [m .s ]
2
A – área da secção líquida [m ]
b – largura [m]
-1
k – condutividade hidráulica saturada do meio [m.s ]
Obtem-se,

Q
i−
dh kA
=
ds bQ 2
1−
gA 3
(5.17)

27
O segundo membro da equação é apenas função de h, ou seja,

dh
= ψ (h)
ds
(5.18)

Podendo escrever-se
dh
ds = = φ (h)dh
ψ ( h)
(5.19)

Integrando o segundo membro da equação entre as secções com alturas h2 e h1, obtém-se a
distância s2-s1, ou seja,
h2
s2 − s1 = ∫ φ ( h) dh
h1

(5.20)

Com,

bQ 2
1−
gA 3
φ ( h) =
Q
i−
kA
(5.21)

A determinação deste integral pode ser obtida de duas formas distintas: por integração gráfica
ou por integração numérica, sendo a segunda a forma mais expedita e prática de integração.
Os parâmetros que intervêm neste modelo são os seguintes: o caudal (Q), a área da secção
líquida (A), a condutividade hidráulica saturada do meio (k) e o declive do leito (i). Deste modo,
torna-se possível modelar diferentes sistemas, variando estes quatro parâmetros.

28
6. CASO DE ESTUDO – TRABALHO DE CAMPO

6.1 ABORDAGEM E MÉTODO

Os dados utilizados na elaboração deste trabalho resultaram da execução de campanhas de


recolhas em duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) com tratamento por
leitos de macrófitas localizadas no concelho de Odemira, abrangendo o período compreendido
entre Julho de 2005 e Maio de 2006. As ETAR em estudo servem as populações de Fataca e
Malavado, situadas na região do Sudoeste Alentejano. O objectivo deste trabalho é proceder
ao estudo do comportamento hidráulico e hidrológico de um sistema de tratamento de águas
residuais baseado em leitos de macrófitas construídos. Para este estudo realizaram-se
diversas medições com o auxílio de equipamento de medição de caudal instalado à entrada e
à saída dos principais órgãos de tratamento das ETAR, que registaram os valores de caudal
em contínuo com uma periodicidade de 5 minutos. Assim, foram designados três pontos de
medição para cada sistema de tratamento: ponto 1 – correspondente à entrada do sistema, a
jusante da gradagem e a montante da fossa séptica (F1 e M1); ponto 2 – localizado à saída da
fossa séptica (F2 e M2); ponto 3 – à saída do leito de macrófitas e a montante da linha de
água de descarga (F3 e M3). Para cumprir o objectivo deste trabalho, traçou-se um plano de
execução do trabalho que consistiu em diversas tarefas:

• A análise e tratamento estatístico dos caudais obtidos nos pontos de recolha: entrada
do sistema (pontos de medição F1 e M1), à saída da fossa séptica (pontos F2 e M2) e
à saída do leito de macrófitas (F3 e M3);

• Elaboração de um modelo matemático hidráulico em Excel, calibrado com base nos


valores reais obtidos, que permita obter uma aproximação ao comportamento
hidráulico real;

• Com base na comparação entre os valores reais obtidos e os valores resultantes da


utilização dos modelos, realizar uma análise empírica e crítica dos parâmetros a
equacionar na elaboração de um modelo mais sofisticado e aplicável a cenários mais
extensivos.

29
Dispõe-se, igualmente, de resultados de qualidade de campanhas de amostragem semanais
realizadas entre Julho e Setembro de 2005 em ambas as ETAR, relativas aos seguintes
parâmetros: Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5), Sólidos Suspensos Totais (SST),
Carência Química de Oxigénio (CQO), coliformes totais, coliformes fecais, enterococus e
oxigénio dissolvido, que se encontram apresentadas no Anexo III. As campanhas de
amostragem coincidiram com a realização de um festival de verão (festival Sudoeste) entre 1 e
8 de Agosto de 2005, cujos efluentes, com características domésticas, foram parcialmente
descarregados nas ETAR de Fataca e Malavado, de forma pontual. Foram ainda recolhidos
registos de precipitação da estação meteorológica de Odemira para o mesmo período em que
se dispõe de registos de caudal, de forma a identificar períodos de tempo seco.

6.2 APRESENTAÇÃO DAS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

De seguida, apresenta-se algumas fotografias tiradas nos locais de execução das actividades
de campo. A Figura 6.1 retrata a vista geral de uma das ETAR (Malavado), sendo possível
distinguir alguns elementos, como a fossa séptica e o leito de macrófitas.

Figura 6.1 – Vista geral da ETAR de Malavado.

A Figura 6.2 mostra o órgão de entrada da ETAR de Malavado, notando-se a grelha de


gradagem para separação dos sólidos de maiores dimensões.

30
Figura 6.2 – Órgão de entrada da ETAR de Malavado. Note-se a grelha de gradagem para separação dos sólidos de
maiores dimensões.

A fossa séptica da ETAR de Malavado encontra-se representada na Figura 6.3, onde se


observa a chaminé de arejamento e a caixa de saída (canto inferior esquerdo).

Figura 6.3 – Fossa séptica da ETAR de Malavado, com chaminé de arejamento e caixa de saída.

31
Na Figura 6.4 pode observar-se uma vista ampla sobre o leito de macrófitas. A espécie
botânica dominante é a Phragmites australis, existindo alguns exemplares de Typha latifolia. A
Figura 6.5 apresenta um pormenor de um elemento de reprodução desta espécie.

Figura 6.4 – Leito de macrófitas da ETAR de Malavado.

Figura 6.5 – Pormenor de uma planta do leito de macrófitas.

32
A Figura 6.6 representa um descarregador triangular localizado a montante do leito de
macrófitas e a jusante da fossa séptica. Conhecida a lei de vazão do descarregador, torna-se
possível, através da medição em contínuo da altura do escoamento na crista do
descarregador, determinar o caudal ao longo do tempo. A medição da altura do escoamento é
efectuada com o auxílio de uma sonda ultra-sónica, representada na Figura 6.7, instalada
sobre o canal que antecede o descarregador.

Figura 6.6 – Descarregador triangular, com lei de vazão conhecida, para cálculo do caudal.

Figura 6.7 – Sonda ultra-sónica, localizada sobre o descarregador.

33
Os dados recolhidos de cinco em cinco minutos pelas três sondas ultra-sónicas colocadas nos
três pontos de medição são enviados para um posto de centralização da informação, onde os
dados são registados e armazenados em equipamentos apropriados (Data Loggers)
permitindo a recolha posterior dos registos contínuos relativos a períodos relativamente longos
(cerca de dois meses). Um destes postos de centralização e posterior recolha da informação
encontra-se representado na Figura 6.8. Os Data Loggers apresentam uma interface digital,
conforme se pode observar na Figura 6.9.

Figura 6.8 – Posto de centralização dos dados recolhidos pelas sondas.

Figura 6.9 – Data logger, equipamento com interface digital, utilizado para o registo e armazenamento da
informação recolhida pelas sondas.

34
Ambos os leitos de macrófitas das duas ETAR possuem piezómetros, equipamentos de
medida do nível da água no leito, que consistem num tubo de plástico graduado que possui
um elemento flutuador (bóia) no interior acoplado a um fio e um contrapeso de chumbo. Cada
tubo encontra-se instalado no meio de enchimento do leito, introduzido até uma profundidade
que permite que o flutuador transmita ao contrapeso as oscilações do nível de água no leito.
Desta forma é possível medir a altura do nível da água no leito, através da escala graduada do
tubo. A Figura 6.10 apresenta uma fotografia de um destes piezómetros, instalado na ETAR
da Fataca.

Figura 6.10 – Piezómetro instalado na ETAR da Fataca.

35
No âmbito deste trabalho de campo, foram efectuadas campanhas semanais de recolha de
amostras nos três pontos de medição de caudal, em ambas as ETAR. Estas campanhas foram
efectuadas pelo autor desta dissertação de Mestrado no período de Maio a Setembro de 2007,
complementando as campanhas efectuadas entre Julho de 2005 e Maio de 2006, cujos
resultados das análises químicas se apresentam no Anexo III, para o período de Verão. As
amostras recolhidas foram encaminhadas para o Departamento de Análises Químicas do
Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) localizado no Tagus Park, em Oeiras. As análises aí
efectuadas versaram sobre a determinação de parâmetros físico-químicos: CBO5, CQO, SST,
e microbiológicos: coliformes totais, coliformes fecais e enterococus. As amostras eram
recolhidas em recipientes específicos, conforme as análises a efectuar, armazenadas em
geleiras e mantidas a temperaturas baixas para não ocorrer a alteração das características
originais das amostras, principalmente no que se refere aos parâmetros microbiológicos. Estes
equipamentos encontram-se apresentados na Figura 6.11.

Figura 6.11 – Equipamento utilizado na recolha e transporte das amostras.

Nas Figuras 6.12 e 6.13 é possível observar três amostras recolhidas em cada ETAR e
correspondentes aos três pontos de recolha. De notar que as amostras se encontram
dispostas de forma a observar-se a atenuação, ou não, da opacidade do efluente nos três
pontos de recolha (orientação: da esquerda para a direita, corresponde a: de montante para
jusante da ETAR). A Figura 6.12 apresenta as amostras recolhidas no dia 20 de Junho de
2007 na ETAR de Fataca e a Figura 6.13 mostra as amostras recolhidas a 8 de Agosto de

36
2007 na ETAR de Malavado. Na primeira figura nota-se uma atenuação da opacidade do
efluente de montante para jusante da ETAR, devido aos processos de tratamento,
principalmente no que se refere à diminuição dos Sólidos Suspensos Totais (SST). No
entanto, no caso das amostras recolhidas na ETAR de Malavado verifica-se precisamente a
situação inversa, ou seja, a opacidade das amostras aumenta de montante para jusante,
contrariamente ao que seria de esperar. Na realidade este facto apenas se registou após a
descarga pontual de águas residuais provenientes de uma festival de música (Festival do
Sudoeste) realizado na semana anterior às recolhas. Desta forma, na altura da amostragem, o
leito ainda se encontrava saturado destes efluentes mais carregados, enquanto que o efluente
que entrava na ETAR era já o efluente comum, proveniente das actividades da povoação.

Figura 6.12 – Amostras recolhidas na ETAR de Fataca a 20 de Junho, correspondentes aos pontos F1, F2 e F3 (da
esquerda para a direita).

Figura 6.13 – Amostras recolhidas na ETAR de Malavado a 8 de Agosto, correspondentes aos pontos M1, M2 e M3
(da esquerda para a direita).

37
7. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS DO CASO DE ESTUDO

7.1 HIDROGRAMAS CONSTRUÍDOS COM VALORES DE CAUDAIS MEDIDOS

Os dados de caudal recolhidos a cada cinco minutos pelos equipamentos localizados nos três
pontos de medição em cada ETAR permitiram construir os hidrogramas de caudais reais que
representam a evolução dos caudais num determinado período de tempo. A título de exemplo,
apresenta-se na Figura 7.1 o hidrograma de caudais reais correspondente ao ponto de
entrada do efluente na ETAR de Fataca (ponto F1) relativo ao mês de Abril de 2006.

Hidrograma F1 - Caudal Real Medido (Abril 2006)

5
4,5
4
3,5
Caudal [l/s]

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
6

6
6

6
-0

-0
r-0

r-0

r-0

r-0

r-0

r-0

ai
ar

Ab

Ab

Ab

Ab

Ab

Ab

M
M

-
-

03

08

13

18

23

28

03
29

Dia do ano

Figura 7.1 – Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Abril de 2006, à entrada da ETAR de Fataca
(ponto de medição F1).

Observando o hidrograma da Figura 7.1, verifica-se a existência de um ciclo característico na


evolução dos caudais afluentes à ETAR. Os três “picos” pontuais registados, com caudais
superiores a dois litros por segundo podem ser desprezados. Pelo contrário, o aumento
significativo de caudais registado no final do mês (dia 29 de Abril) não é desprezável, visto se
tratar de um período em que ocorreu precipitação, conforme se pode comprovar pelos dados
da estação meteorológicas mais próxima. De forma a verificar se existe algum ciclo diário
característico dos caudais afluentes às ETAR, analisou-se os registos diários de caudais
medidos nos pontos de medição localizados nos órgãos de entrada das ETAR (pontos F1 e
M1). A título ilustrativo, a Figura 7.2 representa o hidrograma construído com base nos
caudais reais medidos no ponto F1 durante o dia cinco de Abril de 2006.

38
Hidrograma F1 - Caudal Real Medido (05-04-2006)
2
1,8
1,6
1,4
Caudal [l/s]
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
21:36 0:00 2:24 4:48 7:12 9:36 12:00 14:24 16:48 19:12 21:36 0:00 2:24
Hora do dia

Figura 7.2 – Hidrograma do caudal real medido durante o dia 5 de Abril de 2006, à entrada da ETAR de Fataca
(ponto de medição F1).

A observação do hidrograma anterior permite verificar a existência de uma tendência de


evolução dos caudais que afluem à ETAR. De facto, os valores de caudal mais baixos são
registados durante a madrugada (das 0h00 às 7h00) e o meio da tarde (das 15h00 às 18h00),
enquanto que os valores mais elevados são medidos a meio da manhã (das 7h00 às 15h00) e
no final da tarde (das 18h00 às 22h00). Os valores mais elevados dos “picos” de caudal foram
registados às 8h36, às 19h06 e às 21h51. De facto, uma análise atenta aos hidrogramas
permitem afirmar que existe um padrão dos caudais afluentes às ETAR, que acompanha os
hábitos do quotidiano das populações abrangidas, ou seja, nos períodos do dia em que existe
maior consumo de água nas tarefas comuns (por exemplo, banhos, preparação de refeições,
utilização de máquinas de lavar roupa/louça), registam-se os caudais de afluência mais
elevados. Este padrão não se verifica, no entanto, nos dias em que ocorrem situações
susceptíveis de alterar os caudais habituais, como a precipitação abundante ou a ocorrência
de descargas pontuais (como durante o festival de música).
Verifica-se, igualmente, que existe uma relação intrínseca entre a evolução dos caudais
medidos nos três pontos de cada ETAR. Esta relação, demonstrada na comparação dos
hidrogramas de caudais medidos durante o mesmo período, conforme se encontra
representado na Figura 7.3, que apresenta, como exemplo, os hidrogramas dos caudais reais
registados nos pontos F2 e F3, durante o mês de Dezembro de 2005.

39
Hidrogramas F2 e F3 (Dezembro 2005)

0,9
Hidrograma F2
0,8 Hidrograma F3
Caudal medido [l/s] 0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
29-Nov 4-Dez 9-Dez 14-Dez 19-Dez 24-Dez 29-Dez 3-Jan
Dia do mês

Figura 7.3 – Hidrogramas de caudal real medido durante o mês de Dezembro de 2005, nos pontos F2 e F3.

A análise da Figura 7.3 permite verificar a redução significativa de caudais que ocorre no
interior do leito de macrófitas. Por outro lado, verifica-se igualmente uma atenuação importante
das oscilações do caudal ao longo do tempo em F2 e F3, comparativamente com F1. De facto,
a fossa séptica constitui um elemento regulador do caudal, especialmente no que diz respeito
aos caudais de ponta, conforme se pode observar na Figura 7.4, que estabelece a
comparação entre o hidrograma de caudal de ponta diário de F1 (entrada da ETAR) e F2
(saída da fossa séptica).

Hidrogramas de Caudal de Ponta Diário


F1 vs F2 (Dezembro 2005)
4

3,5 Hidrograma de ponta F1


Hidrograma de ponta F2
3

2,5
Caudal [l/s]

1,5

0,5

0
29-Nov 4-Dez 9-Dez 14-Dez 19-Dez 24-Dez 29-Dez 3-Jan

Dia do mês

40
Figura 7.4 – Hidrogramas dos caudais de ponta diários registados em F1 e F2, durante o mês de Dezembro de
2005.

Este fenómeno de atenuação de pontas é tão mais visível quanto maiores forem os caudais à
entrada da ETAR e deve-se exclusivamente ao efeito regulador do armazenamento da fossa
séptica. A título de exemplo, no período considerado no hidrograma anterior, ou seja durante o
mês de Dezembro de 2005, verifica-se que o caudal à saída da fossa séptica é
aproximadamente 10 vezes menor do que à entrada da ETAR.

41
7.2 HIDROGRAMAS DE CAUDAIS APÓS TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Procedeu-se à determinação de parâmetros fundamentais ao estudo hidráulico dos sistemas,


entre os quais, o caudal médio diário e o caudal de ponta diário, calculados para os períodos
correspondentes aos dados recolhidos.
O caudal médio diário, definido como o caudal fictício, uniforme, que num dado intervalo de
tempo produz um volume de escoamento igual ao da sucessão real do caudal (Quintela,
1996), foi calculado através da média aritmética simples dos 287 valores de caudal obtidos por
cada dia. Procedeu-se igualmente à determinação dos caudais de ponta diários, ou seja, ao
registo de caudal mais elevado em cada dia, correspondente ao maior dos 287 registos
diários. Todos os valores de caudal foram apresentados nas unidades do Sistema
3
Internacional: m /s e l/s.
Com base nos valores obtidos, construíram-se hidrogramas de caudais médios diários e de
caudais de ponta diários, os quais representam a evolução temporal dos caudais médios e
dos caudais de ponta diários, no período considerado. A análise dos valores e dos gráficos
obtidos permitiu verificar a existência de picos de caudal registados ocasionalmente e sem
motivo aparente, principalmente na secção F3. A observação directa no local permitiu concluir
que estes valores elevados se deviam à formação e acumulação de espuma na câmara de
visita de saída da ETAR, conduzindo a leituras erradas da altura de água pela sonda ultra-
sónica, pelo que estes valores não deverão ser incluídos nas análises efectuadas. Para fazer
face a este problema optou-se por incluir uma correcção aos valores de caudais médios e
caudais de ponta registados. Esta correcção baseia-se na determinação do valor médio e do
desvio padrão dos caudais para o período de estudo. Com base nestes parâmetros
estatísticos estabeleceu-se um intervalo de valores válidos para análise, sendo o limite
superior do intervalo dado pelo valor médio calculado no período de estudo com um
incremento dado pelo desvio padrão calculado nesse período. O limite inferior do intervalo
obteve-se de modo semelhante, sendo o incremento ao valor médio dado pelo inverso do
desvio padrão no mesmo período. Para os valores que se encontravam fora do intervalo,
optou-se por considerar o valor médio calculado no período de estudo, pois muitos dos valores
fora deste intervalo correspondiam, para além dos resultantes da situação já referida
(formação de espuma), a dias sem valores registados. O Quadro 7.1 apresenta os valores
calculados para os 3 pontos de estudo, no caso da ETAR de Malavado, durante o período de
Julho de 2005 a Maio de 2006.

42
Quadro 7.1 – Tratamento estatístico dos valores de caudal médio diário e caudal de ponta diário, necessários
à construção dos respectivos hidrogramas corrigidos.

Média
Ponto de Média Qm Desvio Qponta Desvio
Intervalo de valores Intervalo de valores
Medição diário [l/s] Padrão diário Padrão
[l/s]
M1 6,29E-01 6,44E-01 0,00E+00 1,27E+00 1,17E+00 1,11E+00 0,00E+00 2,29E+00
M2 6,36E-01 6,38E-01 0,00E+00 1,27E+00 1,18E+00 1,10E+00 0,00E+00 2,28E+00
M3 4,29E-01 7,10E-01 0,00E+00 1,14E+00 1,79E+00 7,61E+00 0,00E+00 9,40E+00

No Anexo II encontram-se todos os hidrogramas construídos com base em:

• Caudais reais,
• Caudais médios diários,
• Caudais de ponta diários,
• Caudais médios diários corrigidos,
• Caudais de ponta diários corrigidos.

A título de exemplo, apresentam-se de seguida os hidrogramas de caudais médios diários e


de caudais de ponta diários, bem como as suas correcções, referentes ao ponto de medição
correspondente à saída do leito de macrófitas da ETAR de Malavado – Ponto M3.
A Figura 7.5 representa o hidrograma construído com base no caudal médio diário registado à
saída do leito de macrófitas da ETAR de Malavado. Pode verificar-se a existência de “picos”
de caudal pontuais, que não se devem a aumentos reais do caudal à saída do leito de
macrófitas, mas antes à espuma formada pela queda de água no ponto de medição do caudal.

43
Hidrograma M3 - Caudal Médio Diário
7

5
Caudal [l/s]
4

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura 7.5 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída do leito de macrófitas da ETAR de
Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.

Para eliminar este “picos” de caudal que não traduzem com exactidão os caudais reais
procedeu-se à correcção dos valores, os quais permitiram construir os hidrogramas de caudais
corrigidos, como por exemplo, o hidrograma do caudal médio diário corrigido para o ponto de
medição localizado à saída do leito de macrófitas – Figura 7.6.

Hidrograma M3 - Caudal Médio Diário (Corrigido)


2

1,8

1,6

1,4
Caudal [l/s]

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura 7.6 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída do leito de macrófitas da ETAR de
Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

Comparando os dois hidrogramas é fácil constatar que, após a correcção dos valores, regista-
se uma acentuada redução dos caudais médios diários em algumas regiões do hidrograma, e

44
a supressão dos “picos” de caudal, que chegavam a valores acima dos 6 litros por segundo e
que passam para valores máximos ligeiramente superiores a 1 litro por segundo.
O efeito da correcção dos valores de caudal medidos é ainda mais significativo no caso dos
caudais de ponta diários. A Figura 7.7 representa a evolução dos caudais de ponta diários ao
longo do tempo, registados no ponto de medição à saída do leito de macrófitas na ETAR de
Malavado – Ponto M3.

Hidrograma M3 - Caudal de Ponta Diário


100
90
80
70
Caudal [l/s]

60
50
40

30
20
10

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura 7.7 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída do leito de macrófitas da ETAR de
Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.

A observação da Figura 7.7 permite verificar a existência de caudais de ponta diários muito
díspares. Por exemplo, no início do mês de Agosto de 2005, registaram-se caudais de ponta
da ordem dos 60 litros por segundo (período seco), contrastando com valores registados, por
exemplo, em Fevereiro de 2006, valores abaixo dos 2 litros por segundo (período de chuvas).
Os valores registados no início de Agosto encontram-se obviamente desprovidos de
significado e devem-se à já referida formação de espuma à saída do leito de macrófitas. A
Figura 7.8 apresenta a correcção ao hidrograma de caudais de ponta diários registados em
M3.

45
Hidrograma M3 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)
9

6
Caudal [l/s]

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura 7.8 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída do leito de macrófitas da ETAR de
Malavado, no período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

Com os valores dos caudais de ponta diários corrigidos, o hidrograma representado no Figura
7.8 permite uma leitura mais aproximada à realidade, apresentando, no entanto, um valor de
caudal de ponta diário ainda algo elevado (cerca de 8,5 litros por segundo) registado no início
de Novembro, o que, apesar de se tratar de um período com precipitação, ainda constitui um
valor de caudal de ponta algo elevado.

7.3 BALANÇO DE M ASSA AO LEITO DE MACRÓFITAS – EFEITO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO (ET)

Pretende-se obter uma aproximação ao real contributo da Evapotranspiração (ET) na redução


do volume de efluente que entra numa ETAR. Partindo da expressão 3.2,

Qout = Qin + P − ET − I
(3.2)

que constitui a equação de balanço hidrológico ao leito de macrófitas, fazem-se algumas


simplificações:

1ª - Escolhe-se um período de tempo em que não ocorreu precipitação no local da ETAR,


eliminando o termo da Precipitação (P) da equação;
2º - Considera-se que não existem fenómenos de infiltração, devido à eficiente
impermeabilização do leito de macrófitas, eliminando da equação o termo da Infiltração (I);
Deste modo, temos que,

46
ET = Qin − Qout
(7.1)

Ou seja, a evapotranspiração é dada pela diferença entre o caudal afluente e o caudal


efluente do leito de macrófitas.

Pela definição de caudal, vem

V
Q= ⇔ V = Q×t
t
(7.2)

Deste modo, calcula-se o volume de afluente que entrou e saiu do leito de macrófitas (pontos
F2/M2 e F3/M3, respectivamente) a partir dos caudais registados durante um período em que
não ocorreu precipitação.

Optou-se por efectuar vários balanços de massa, para diversos períodos de tempo seco, todos
correspondentes a uma semana de caudais em contínuo. Os resultados obtidos encontram-se
registados no Quadro 7.2.

Quadro 7.2 – Cálculo da Evapotranspiração (ET) por simplificação da equação de balanço hidrológico. ET*
corresponde à evapotranspiração calculada com base na expressão 7.1.

Período ETAR de Fataca


de Volume F2 Volume F3 ET* ET*
Tempo %Vol.F2
(L) (L) (L) (L/dia)
1-09-05 a 7-09-05 3,68E+04 3,47E+04 2,08E+03 2,97E+02 6%
24-09-05 a 30-09-05 2,52E+04 1,79E+04 7,28E+03 1,04E+03 29%
1-10-05 a 7-10-05 4,25E+04 7,19E+03 3,53E+04 5,05E+03 83%
Período ETAR de Malavado
de Volume M2 Volume M3 ET* ET*
Tempo % Vol.M2
(L) (L) (L) (L/dia)
1-09-05 a 7-09-05 8,52E+04 2,70E+04 5,82E+04 8,31E+03 68%
24-09-05 a 30-09-05 7,54E+04 2,30E+04 5,24E+04 7,49E+03 70%
1-10-05 a 7-10-05 7,26E+04 2,65E+04 4,61E+04 6,58E+03 64%

Segundo os valores calculados, pode-se afirmar que a evapotranspiração tem um contributo


significativo na redução do volume que sai do leito de macrófitas para a linha de água a
jusante, correspondendo essa redução, nos períodos analisados, a um máximo de 83% do
volume de entrada (na semana de 1 a 10 de Outubro de 2005, na ETAR da Fataca). Esta

47
percentagem varia, naturalmente, com as condições climáticas e com a magnitude dos
caudais afluentes. No que se refere ao volume de água que deixa o leito de macrófitas através
do fenómeno da evapotranspiração, o maior valor registado nesta análise foi de cerca de 8300
litros por dia. Estes dados demonstram a elevada importância do efeito de “sumidouro”
produzido por estes ecossistemas, explicando o facto de não existirem amplitudes térmicas
significativas nas proximidades destes sistemas. Os valores de evapotranspiração dependem,
em grande medida, das condições climatéricas, sendo tanto maiores quanto mais seco e
quente for o ambiente.

48
8. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA HIDRÁULICA DOS ESCOAMENTOS

8.1 MODELO DE CONTINUIDADE – DARCY (COND)

Seguindo a metodologia descrita anteriormente, utilizou-se um modelo estacionário (modelo


COND), para obter o perfil do escoamento, isto é, a evolução da altura da água ao longo do
leito. Os parâmetros introduzidos no modelo são o caudal de entrada (Qin), a altura do
escoamento à entrada do leito (zo), a condutividade hidráulica saturada (k) e o comprimento do
leito (l). De seguida apresenta-se um exemplo de modelação do escoamento, utilizando
valores para os parâmetros aproximados aos valores para as duas ETAR em estudo. Por
razões de simplificação de apresentação dos resultados, apresenta-se os dados para um leito
com 10 metros de comprimento. Os Quadros 8.1 e 8.2 apresentam os parâmetros inseridos no
modelo e o nível da água calculado para cada secção do leito, respectivamente.

Quadro 8.1 – Parâmetros introduzidos no modelo hidrológico.

Parâmetro do Modelo Valor Unidade


Caudal de entrada
0,0005 m3.s-1
(Qin)
Altura do escoamento
0,9 m
(z0)
Condutividade
hidráulica 0,005 m.s-1
(k)
Comprimento do leito
10 m
(l)

Com base nestes valores correu-se o modelo e obtiveram-se os valores do nível de água em
10 secções do leito. Optou-se por dividir o leito em 10 secções por questões de simplificação
na apresentação dos valores. No entanto, o leito pode ser seccionado em tantas secções
quanto seja pretendido.

Quadro 8.2 – Nível de água nas 10 secções do leito, calculado

49
com base nos parâmetros indicados no Quadro 8.1.

Secção Nível da água


(m) (m)
0 z0 0,90
1 z1 0,89
2 z2 0,88
3 z3 0,87
4 z4 0,85
5 z5 0,84
6 z6 0,83
7 z7 0,82
8 z8 0,81
9 z9 0,79
10 z10 0,78

As Figuras 8.1, 8.2, 8.3 e 8.4, representam os perfis de escoamento obtidos por aplicação do
modelo COND, com base nos parâmetros indicado no Quadro 8.1, exceptuando o caudal, que
se fez variar para verificar a influência no comportamento hidráulico do leito, obtendo-se assim
os perfis de escoamento para diferentes caudais afluentes: 0.0005, 0.0002, 0.0001 e 0.00005
3 -1
m .s , respectivamente.

Perfil do Escoamento para


Caudal Afluente de 0,0005 m3.s-1
Nível da água
Altura do Escoamento (m)

1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.1 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para um
caudal afluente de 0.0005 m3.s-1 (0,5 l.s-1).

50
Perfil do Escoamento para
Caudal Afluente de 0,0002 m3.s-1
Nível da água

Altura do Escoamento (m )
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.2 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para um
caudal afluente de 0.0002 m3.s-1 (0,2 l. s-1).

Perfil do Escoamento para


Caudal Afluente de 0,0001 m3.s-1
Nível da água
Altura do Escoamento (m)

1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.3 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para um
caudal afluente de 0.0001 m3.s-1 (0,1 l. s-1).

51
Perfil do Escoamento para
Caudal Afluente de 0,00005 m3.s-1
Nível da água

Altura do Escoamento (m)


1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.4 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para um
caudal afluente de 0.00005 m3.s-1 (0,05 l. s-1).

A observação destes gráficos permite verificar que, para caudais diminutos, o leito não se
encontra completamente preenchido de efluente (Figuras 8.3 e 8.4). Sendo por este meio
possível prever qual o caudal que permite um preenchimento total do leito (Figura 8.2), sem
provocar inundação à sua superfície, possibilitando, deste modo, prevenir a ocorrência de
escoamentos superficiais (curto-circuítos) que implicam a consequente redução das
eficiências de tratamento.
Para avaliar a influência da condutividade hidráulica saturada na evolução do perfil do
escoamento no leito, procedeu-se a alteração deste parâmetro no modelo. Os Perfis de
escoamento registados nas Figuras 8.5 e 8.6 representam os perfis de escoamento obtidos
-1
para condutividade hidráulica de 0.01 e 0.005 m.s , respectivamente, mantendo os restantes
parâmetros representados no Quadro 8.1.

Perfil do Escoamento para


Condutividade Hidráulica Saturada de 0,01 m.s-1
Nível da água
Altura do Escoamento (m)

1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.5 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para uma
condutividade hidráulica saturada de 0.01 m.s-1.

52
Perfil do Escoamento para
Condutividade Hidráulica Saturada de 0,005 m.s-1
Nível da água

Altura do Escoamento (m)


1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.6 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo COND, para uma
condutividade hidráulica saturada de 0.005 m.s-1.

A análise das Figuras 8.5 e 8.6 permite verificar que a condutividade hidráulica saturada do
leito é um parâmetro importante no comportamento hidráulico deste, visto condicionar o fluxo
do efluente, influenciando não apenas o total preenchimento do leito pelo efluente, mas
também alterando o tempo de residência deste no leito, o que condiciona as eficiências de
tratamento. No limite, um leito com baixos valores de condutividade hidráulica pode apresentar
problemas de colmatação, que provocam a ocorrência de escoamento superficial e fenómenos
de estagnação (ou “zonas mortas”), situações que podem conduzir a significativas reduções
de eficiências de tratamento. De facto, dois dos principais parâmetros a levar em linha de
conta no dimensionamento de um leito de macrófitas construído são, o caudal afluente e a
condutividade hidráulica do meio de enchimento.
Verifica-se que o modelo COND pode constituir uma aproximação ao comportamento
hidráulico do leito, para condições bem definidas. O facto de ser necessário definir à partida o
comprimento do leito constitui uma limitação deste modelo, pois embora permita a
determinação do perfil do escoamento para leitos já existentes ou, pelo menos, com
dimensões conhecidas, não constitui uma mais valia no dimensionamento de leitos a construir,
com base no conhecimento prévio dos caudais afluentes. Por outro lado, a análise deste
modelo permite verificar a evolução da altura da água ao longo do leito, sem qualquer
condicionamento de jusante, partindo da condição inicial dada pelo nível de entrada do
afluente no leito, ou seja, com o escoamento a ser controlado por montante, o que na verdade
não se verifica, visto o regime ser controlado, de facto, por jusante (regime lento). Deste modo,
não se considera este modelo como o mais adequado à modelação hidráulica destes
sistemas. Para resolver esta questão, optou-se por construir um novo modelo, descrito no
Ponto 5.2, baseado na curva de regolfo em regime lento, com o escoamento a ser controlado
por jusante, integrando neste modelo a Lei de Darcy para estimar a resistência de
escoamentos em meios porosos.

53
8.2 MODELO DA CURVA DE REGOLFO – DARCY (REGD)

Conforme o descrito no Ponto 5.2, este método hidrológico aproxima o perfil da água no leito
de macrófitas a uma curva de regolfo, em regime lento e com o escoamento a ser controlado
por jusante. Os quadros seguintes apresentam os parâmetros utilizados na construção do
modelo. O Quadro 8.3 representa os parâmetros de dimensionamento do leito, enquanto o
Quadro 8.4 refere os parâmetros adimensionais calculados em função dos parâmetros de
dimensionamento.

Quadro 8.3 – Parâmetros de dimensionamento do modelo.

Q 0,0005 m3.s-1
g 9,8 m2.s-1
A 150 m2
b 10 m
K 0,005 m.s-1
i 0,005 m.m-1

Quadro 8.4 – Parâmetros adimensionais calculados.

J Fr
0,022222 2E-05
0,02 1E-05
0,018182 1E-05
0,016667 1E-05
0,015385 1E-05
0,014286 9E-06
0,013333 8E-06
0,0125 7E-06
0,011765 6E-06
0,011111 6E-06
0,010526 5E-06

54
Com base nos dados anteriores, correu-se o modelo e registou-se os dados obtidos. Para
exemplificar a aplicação, apresenta-se no Quadro 8.5 os dados das iterações produzidas.

Quadro 8.5 – Dados resultantes da aplicação do modelo da curva de regolfo – Darcy (REGD).

h1 A1 h2 A2 φ (h1) φ (h2) ∫φ (h) dh s1 s2


0,45 4,5 0,5 5 58,06 5,1282 1,579818027 0 1,579818
0,5 5 0,55 5,5 66,67 5,6555 1,808054838 1,579818 3,3878729
0,55 5,5 0,6 6 75,86 6,1856 2,051190896 3,3878729 5,4390638
0,6 6 0,65 6,5 85,71 6,7183 2,310815797 5,4390638 7,7498796
0,65 6,5 0,7 7 96,3 7,2539 2,588754555 7,7498796 10,338634
0,7 7 0,75 7,5 107,7 7,7922 2,887112885 10,338634 13,225747
0,75 7,5 0,8 8 120 8,3333 3,208333331 13,225747 16,43408
0,8 8 0,85 8,5 133,3 8,8773 3,555265446 16,43408 19,989346
0,85 8,5 0,9 9 147,8 9,4241 3,931254267 19,989346 23,9206
0,9 9 0,95 9,5 163,6 9,9738 4,340252921 23,9206 28,260853
0,95 9,5 1 10 181 10,526 4,786967417 28,260853 33,04782

Calculando o integral dado pela expressão (5.20), obtém-se a área do gráfico representado na
Figura 8.7 (integração gráfica).

Integração Gráfica

200

150
φ (h1)

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Comprimento do Leito (m)

Figura 8.7 – Integração gráfica utilizada no modelo REGD.

A integração numérica da expressão (5.20) permite obter os valores de s, ou seja a distância


ao ponto de saída do leito (cálculo de jusante para montante) em função de valores arbitrados
para h. Deste modo, através de cálculos sequenciais é possível obter a evolução da altura da
água no leito (perfil dos escoamento) de jusante para montante. De notar que o comprimento
do leito é medido de jusante para montante, facto que explica os valores decrescentes no eixo

55
horizontal. Neste modelo arbitra-se o nível de água à saída do leito, pois o escoamento é
controlado por jusante (regime lento). Nos exemplos apresentados, considera-se a mesma
altura da água à saída do leito, correspondente a 0.45 m.
As Figuras 8.8, 8.9, 8.10 e 8.11, representam os perfis de escoamento obtidos por aplicação
do modelo da curva de regolfo – Darcy (REGD), com base nos parâmetros indicado no
Quadro 8.3, exceptuando o caudal, que se fez variar para verificar a influência no
comportamento hidráulico do leito, obtendo-se assim os perfis de escoamento para diferentes
3 -1
caudais afluentes: 0.0005, 0.0002, 0.0001 e 0.00005 m .s , respectivamente.

Perfil do Escoamento para


Caudal Afluente de 0.0005 m3.s-1 Nível da água
0,8
Altura do Escoamento (m)

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.8 – Representação do nível de água no leito utilizando o modelo REGD, para um caudal afluente de
0.0005 m3.s-1 (0,5 l.s-1).

Perfil do Escoamento para


Caudal Afluente de 0.0002 m3.s-1 Nível da água
0,8
Altura do Escoamento (m)

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.9 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo REGD, para um
caudal afluente de 0.0002 m3.s-1 (0,2 l. s-1).

56
Perfil do Escoamento para
Caudal Afluente de 0.0001 m3.s-1 Nível da água
0,8

Altura do Escoamento (m)


0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.10 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo REGD, para um
caudal afluente de 0.0001 m3.s-1 (0,1 l. s-1).

Perfil do Escoamento para


Caudal Afluente de 0.00005 m3.s-1 Nível da água
0,8
Altura do Escoamento (m)

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.11 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo REGD, para um
caudal afluente de 0.00005 m3.s-1 (0,05 l. s-1).

A observação das Figuras 8.8 a 8.11 permite concluir que, quanto maior for o caudal afluente,
maior é a altura da água a jusante da entrada do leito. Por outro lado, quanto menor for o
caudal afluente, mais o perfil do escoamento se aproxima a uma recta horizontal, ou seja,
menos importante é o factor de amortecimento provocado pela porosidade do meio. De facto,
caudais afluentes mais elevados originam perfis de escoamento menos lineares (Figura 8.8).

Para avaliar a influência da condutividade hidráulica na evolução do perfil do escoamento no


leito, procedeu-se a alteração deste parâmetro no modelo. As Figuras 8.12 e 8.13
representam os perfis de escoamento obtidos para condutividade hidráulica de 0.01 e 0.005,
respectivamente, mantendo os restantes parâmetros representados no Quadro 8.3.

57
Perfil do Escoamento para
Condutividade Hidráulica Saturada de 0,01 m.s-1
Nível da água
0,8

Altura do Escoamento (m)


0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.12 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo REGD, para uma
condutividade hidráulica saturada de 0.01 m.s-1.

Perfil do Escoamento para


Condutividade Hidráulica Saturada de 0,005 m.s-1
Nível da água
0,8
Altura do Escoamento (m)

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 8 6 4 2 0
Comprimento do Leito (m)

Figura 8.13 – Representação do nível de água do leito de macrófitas calculado pelo modelo REGD, para uma
condutividade hidráulica saturada de 0.005 m.s-1.

A análise das Figuras 8.12 e 8.13 permite concluir que, para o modelo REGD, quanto maior for
a condutividade hidráulica do meio, menor é a altura da água à entrada do leito. Este facto
deve-se ao aumento da velocidade do escoamento que conduz a uma maior e mais eficiente
drenagem do leito.

58
8.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS MODELOS

A análise comparativa entre os dois modelos permite concluir que ambos apresentam
características úteis ao estudo do comportamento hidráulico do leito de macrófitas. No
entanto, os âmbitos de aplicação de cada modelo são bem distintos.
A análise comparativa entre os dois modelos, no que se refere à evolução do perfil do
escoamento em função do caudal afluente, permite concluir que o modelo COND é
significativamente mais sensível às variações do caudal afluente, comparativamente com o
modelo REGD. De facto, variações da ordem dos 50% no caudal afluente, por exemplo dos
0,2 l/s para os 0.1 l/s, provocam alterações significativas no perfil dos escoamento
(comparação entre as Figuras 8.2, 8.3 e 8.9, 8.10). No que diz respeito às alturas da água à
entrada e à saída do leito, torna-se difícil proceder a uma comparação rigorosa, visto o
escoamento ser controlado por montante, no modelo COND, e por jusante, no modelo REGD.
O modelo do COND é válido para, conhecidas as dimensões do leito, analisar o perfil do
escoamento em função dos caudais afluentes e da condutividade hidráulica, permitindo prever
as condições nas quais poderão ocorrer problemas tais como a colmatação e o escoamento
superficial. O modelo REGD é mais adaptado ao estudo pretendido. Para além disso, este
modelo permite o estudo prévio do comportamento do escoamento, sendo mais adequado ao
dimensionamento dos sistemas. De facto, conhecendo o caudal afluente ao leito é possível
determinar as suas dimensões. Verificou-se também que o modelo COND é mais sensível a
variações da condutividade hidráulica saturada do meio, notando-se que pequenas variações
de k conduzem a grandes variações no comportamento do escoamento (Figuras 8.5 e 8.6),
contrariamente ao que sucede com o modelo REGD. De facto, a redução da condutividade
hidráulica saturada de 0.01 para 0.005 produziu em ambos os modelos a diminuição da
velocidade do escoamento, sendo este efeito mais acentuado no modelo COND, levando a
uma diminuição significativa da velocidade de escoamento, que pode ocasionar fenómenos de
escoamento superficial.

59
9. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Esta dissertação de mestrado teve três componentes distintas: a componente de caso de


estudo prático, no campo, realizada em duas Estações de Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) localizadas no Concelho de Odemira, servindo duas povoações do Sudoeste
Alentejano: Fataca e Malavado. Esta componente mais prática envolveu campanhas de
recolha de amostras em cada ETAR que foram encaminhadas para posterior análise físico-
química e microbiológica. A segunda componente consistiu na análise estatística dos valores
de caudais recolhidos em três pontos distintos de cada uma das ETAR, tendo como resultado
os hidrogramas correspondentes a: caudais reais medidos, caudais médios diários e caudais
de ponta diários. Foram também apresentadas correcções a estes caudais, de forma a
eliminar dados incoerentes. Foi ainda possível obter uma aproximação à contribuição da
Evapotranspiração (ET) na redução do volume de água que sai do leito de macrófitas, através
do balanço hidrológico. A terceira componente desta dissertação consistiu na elaboração de
um modelo matemático que permitisse determinar o perfil do escoamento ao longo do leito,
através da determinação da altura da água em diferentes secções.

Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas referentes às campanhas


realizadas durante o período de Maio a Setembro de 2007 não se encontram actualmente
todos disponíveis, pelo que se apresentam os resultados correspondentes às campanhas
realizadas durante os meses de verão de 2005, compilados no Anexo III, não sendo
apresentados no corpo do trabalho visto não fazerem parte, de facto, do âmbito desta
dissertação.

Os dados de caudais registados em cada um dos três pontos de medida, localizados em cada
ETAR, permitiram elaborar os hidrogramas de caudais reais, caudais médios diários e caudais
de ponta diários. A análise destes hidrogramas permite um estudo do comportamento
hidráulico da ETAR como um todo, mas também de cada órgão individualmente. Esta análise
permitiu chegar às seguintes conclusões:

A existência de um padrão diário de caudais afluentes à ETAR, inerente à actividade humana


das populações servidas. Este padrão é caracterizado pela existência de dois “picos” de
caudal ao longo do dia, registados a meio da manhã e ao final da tarde, enquanto que os
valores de caudal mais baixos se verificam durante a madrugada e o meio da tarde. Este
padrão apenas pode ser considerado em dias em que não ocorram situações susceptíveis de
alteração dos caudais habituais, como é o caso de precipitação intensa e descargas pontuais
de volumes elevados de efluentes.

60
A redução significativa dos caudais entre cada órgão da ETAR, bem como a atenuação das
oscilações de caudais ao longo do sistema. Este fenómeno regulador é mais relevante na
fossa séptica e tanto maior quanto maiores forem os caudais afluentes à ETAR, chegando a
registar-se caudais à saída da fossa séptica 10 vezes menores do que à entrada da ETAR.

O tratamento estatístico dos dados de caudal medidos permite verificar a coerência dos
valores obtidos por medição e a eliminação de valores absurdos ou desprovidos de significado
real. Deste modo, é possível construir hidrogramas de caudais corrigidos, com eliminação de
“picos” devidos a erros de medição ou à existência de fenómenos perturbadores (como a
formação de espuma). Estes hidrogramas corrigidos permitem análises mais fidedignas e
realísticas do comportamento hidráulico dos sistemas em estudo.

O balanço de massa efectuado ao leito de macrófitas permite concluir que a


evapotranspiração tem um contributivo significativo na redução do volume de água no leito. De
facto, chegaram a registar-se valores de redução do volume superiores a 80%, entre a entrada
e a saída do leito. Estes dados permitem concluir que estes sistemas podem apresentar um
efeito de “sumidouro” significativo.

O estudo dos dois modelos matemáticos (COND e REGD) utilizados para simular o
comportamento hidráulico do leito de macrófitas, através da determinação do perfil do
escoamento, permitem chegar às seguintes conclusões:

a) A condutividade hidráulica do leito é um parâmetro importante na determinação do


comportamento hidráulico, influenciando o tempo de residência do efluente no leito, o que
condiciona as eficiências de tratamento. Valores de condutividade hidráulica elevados
conduzem a tempos de residência hidráulica reduzidos, diminuindo a eficiência do
tratamento. Por outro lado, valores de condutividade hidráulica reduzidos acarretam
problemas de colmatação do meio, podendo levar a fenómenos de escoamento superficial
e estagnação (“zonas mortas”), que podem reduzir significativamente as eficiências de
tratamento;

b) Os leitos de macrófitas construídos são sistemas de tratamento em que o escoamento


ocorre em regime lento e controlado por jusante. Por este facto, o modelo baseado na
curva de regolfo em regime lento, constitui uma boa aproximação para determinar a altura
do escoamento ao longo do leito.

61
Conclui-se que um modelo hidráulico e hidrológico eficiente deverá ser capaz de:

a) Estabelecer a relação necessária entre os caudais afluentes ao sistema e a


condutividade hidráulica óptima do meio de enchimento, com vista a evitar
fenómenos de colmatação, que provoquem a ocorrência de escoamento
superficial e fenómenos de estagnação (ou “zonas mortas”), situações que podem
conduzir a significativas reduções de eficiências de tratamento;

b) Dimensionar todos os componentes do sistema, em particular a área, declive e


profundidade do leito de macrófitas, partindo de caudais afluentes médios e de
ponta, entre outros parâmetros, tendo igualmente em atenção as necessárias
eficiências de tratamento;

c) Incorporar todos os termos da equação de balanço hidrológico (3.2),


principalmente a Precipitação (P) e a Evapotranspiração (ET), parâmetros
dependentes de condições externas ao leito, principalmente climatéricas;

d) Adaptar-se a diferentes situações e condições de aplicação: zonas climáticas


distintas (regiões húmidas, temperadas, áridas), fenómenos extremos pontuais
(períodos de precipitação elevada, descargas pontuais de grandes volumes de
efluentes carregados, variações significativas dos parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos dos efluentes a tratar, entre outros);

O passo seguinte desta dissertação consiste no estabelecimento de um modelo hidráulico e


hidrológico aplicado aos leitos de macrófitas, devendo ser calibrado e validado com dados de
medições obtidos em estudos de campo.

62
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65
ANEXO I – COMPILAÇÃO DE DADOS SOBRE LEITOS DE MACRÓFITAS EXISTENTES
(PESQUISA BIBLIOGRÁFICA)

A1
Publicação Localização Estação-piloto Dimensões Pop. Projecto
Tipo de afluente Tipo de Leito Séries Experimentais
[país, cidade…] Estação real [m2] [hab.]

Water Science & Technology Vol 51 Nº 9 - Retencion of


Escherichia coli in municipal sewage by means of planted
Alemanha, Leipzig-Halle Estação-piloto Municipal
soil filters in tow-stage plant systems (pp. 205-212); Baeder-
Bederski, O. et al; 2005
Water Science & Technology Vol 51 Nº 9 - The effect of the
scale of horizontal subsurface flow constructed wetlands on
Noruega Estação real 200
flow and transport parameters (pp 259-266); Suliman, F. et
al; 2005
Water Science & Technology Vol 51 Nº 9 - Sediment
deposition in constructed wetland ponds with emergent
Austria Estação real
vegetation: laboratory study and mathematical model (pp
307-314); Schmid, B. H. et al; 2005
Water Research - Fate of physical, chemical and microbial
contaminants in domestic wastewater following treatment by
USA, Morgantown Estação real
small constructed wetlands (pp. 921-927); Hench, K. R. et
al.; 2003

Série 1 (70 L/dia)


Estação-piloto 1.1 1637
Science Direct - Ecological Engineering 21 - Experimental Série 2 (235 L/dia)
and full-scale pilot plant constructed wetlands for municipal Espanha, Leon
wastewaters treatment (pp. 43-52); Ansola, G. et al.; 2003
Estação real 890 250 a 400

Série 1 (150 mm/dia)

Science Direct - Biosystems Engineering - Constructed


Wetlands as a Sustainable Solution for Wastewater
Espanha, Soria Estação real 80
Treatment in Small Villages (pp. 109-118); Solano, M.L. et
al.; 2003

Série 2 (75 mm/dia)

Quadro A1.1 – Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes (Pesquisa Bibliográfica).

A2
Tratamento Duração\Época do Tempo de Residência pH Caudal
Porosidade Profundidade Enchimento Plantas Declive Temp. Caudal in N.º
Montante ano Hidráulico out
[m] [m/m] ºC [m3/dia] amostras
[P/S/T] [dias] [m3/dia]
In Out

5 cm cascalho +
Setembro - Octubro
1.3 100 cm areia + Inexistentes
de 2003
25 cm cascalho

cattails (Typha
latifolia); rush
(Juncus
effusus); bulrush
(Scirpus validus)
30 U/m2 Typha Ensaios durante 1 0.07 25 (de 15
latifolia + 2 x 15 ano (de Agosto de
0.55 25 cm cascalho 1.1 7.52 19.23 em 15
U/m2 Salix 1997 a Julho de 0.23 dias)
atrocinerea 1998)
Ensaios durante 1 9.5
algae + Typha 25 (de 15
ano (de Outubro de (Inverno)
latifolia + Iris 10.5 7.69 14.43 em 15
1999 a Setembro 19
pseudacorus dias)
de 2000) (Verão)
Primavera

cattails (Typha Verão


latifolia) Outono
Inverno
1.5 6
Primavera
reed Verão
(Phragmites 18
australis) Outono (recollhidas
1 vez por
1 40 cm cascalho Inverno 8.3
mês
Primavera durante 18
meses)
cattails (Typha Verão
latifolia) Outono
Inverno 3 3
Primavera
reed
(Phragmites Verão
australis)
Outono
Quadro A1.2 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes).

A3
Coliformes Totais Coliformes Fecais Streptococus Fecais
CBO5 [mg O2/L] CQO [mg O2/L] SST [mg/L] Enterococus E. Coli Virus
[col/100 mL] [col/100 mL] [col/100 mL]

Ef. Ef. Ef. Ef. Ef. Ef. Ef.


In Out In Out In Out In Out In Out Ef. [%] In Out In Out Ef. [%] In Out In Out
[%] [%] [%] [%] [%] [%] [%]

208 430 40 1E+07 1E+02 99,999

5 87.48 11.79 89.09 11.05 66.51 5 99.997


33.18 65.96 32.31 14034
7.5 81.71 21.76 79.38 9 74.26 52 99.91

154.8 21.7 61.44 294.8 81.38 59.47 188.2 34.21 60.93 19 E6 4E+05 96.45

70 68 58 62 57 33
83 77 94 80 69 62
75 50 69 81 71 71
63 51 81 65 50 41
74 48 64 40 59 51
83 68 75 75 77 62
63 52 67 82 86 74
616 63 905 54 83 3.41E6 40 4.17E5 43 1.0E4 49
70 77 85 80 85 43
92 88 93 91 93 76
83 76 69 98 93 84
64 67 88 78 85 50
84 87 90 82 85 58
93 85 91 97 93 85
90 77 83 91 92 80
Quadro A1.3 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes).

A4
Pop.
Publicação Localização Estação-piloto Séries Dimensões
Tipo de afluente Tipo de Leito Projecto
[país, cidade…] Estação real Experimentais [m2]
[hab.]
Science Direct - Process Biochemistry 39 - Effect of sem recirculação
effluent recirculation on the performance of a reed bed Reino Unido, Fluxo
Estação real Agrícola 33.28
system treating agricultural wastewater (pp. 351-357); Staffordshire vertical com recirculação
Sun, G. et al.; 2003
First International Seminar on the Use of Aquatic Sem recirculação
Macrophytes for Wastewater Treatment in Constructed Fluxo
Dinamarca, Aarhus Estação-piloto Doméstico 6,79
Wetlands - Experimental System in Denmark Built by vertical Com recirculação
Johansen, Brix and Arias (pp. 205-218)
First International Seminar on the Use of Aquatic
Macrophytes for Wastewater Treatment in Constructed
Dinamarca
Wetlands - Danish Experiences With Wastewater
Treatment in Constructed Wetlands (pp. 327-361)
First International Seminar on the Use of Aquatic
Macrophytes for Wastewater Treatment in Constructed Fluxo
França Estação real Doméstico 1550 1250
Wetlands - Constructed Wetlands for Wastewater horizontal
Treatment: The French Experience (pp. 437-466)
10 th International Conference on Wetland Systems for
Water Pollution Control - Subsurface Constructed
Fluxo
Wetlands for Wastewater Treatment and Reuse in Itália, Sicília Estação real Agrícola 1100
horizontal
Agriculture - Five Years of Experiences in Sicily, Italy
(pp. 375-383); Cirelli, G. et al.; 2006
10 th International Conference on Wetland Systems for
Water Pollution Control - Behavior of Selected
Fluxo
Framework EU Directive Priority Pollutants in Espanha, Barcelona Estação-piloto Doméstico 55
horizontal
Subsurface Flow Constructed Wetlands (pp. 559-575);
Matamoros, V. et al.;2006
10 th International Conference on Wetland Systems for
Water Pollution Control - Characterictics of a Well Fluxo
Israel, Sakhnin Estação-piloto Municipal 130
Established Horizontal Flow Constructed Wetland (pp. horizontal
567-576); Krasnits, E. et al.; 2006
10 th International Conference on Wetland Systems for
Water Pollution Control - Continuous and Intermittent Fluxo Série 1
Espanha, Barcelona Estação-piloto Doméstico 0.77
Operation of Shallow Horizontal Subsurface Wetlands horizontal
(pp. 577-585); Caselles-Osorio, A. et al.; 2006 Série 2
10 th International Conference on Wetland Systems for
Water Pollution Control - The Removal of Pathogens in USA (47), Europa (13), Doméstico (54) Fluxo Série 1 (Doméstico)
Estações reais
Constructed Wetlands and its Implications for Water Austrália (6) horizontal
Reuse (pp. 385-397); Ghermandi, A. et al.; 2006 Agrícola (14) Série 2 (Agrícola)
10 th International Conference on Wetland Systems for Ponto 1
Water Pollution Control - Vulnerability of Urban Wetlands Ponto 2
Camarões, Yaounde Lago natural Doméstico 6.5 ha
for Pollution Control: Cas of Messa Wetlands (Yaounde- Ponto 3
Cameroon) (pp. 131-140); Ngoutane Pare,M. et al.; 2006 Ponto 4
10 th International Conference on Wetland Systems for Fluxo
Water Pollution Control - A Comparison of Bacterial horizontal
Espanha, Leon Estação-piloto 1.1
Removal Efficiencies in Constructed Wetlands an Algae- sub-
based Systems (pp. 355-365); García, M. et al.; 2006 superficial
Quadro A1.4 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes).

A5
Tratamento Duração\Época do Tempo de Residência pH Caudal N.º
Porosidade Profundidade Enchimento Plantas Declive Temp. Caudal in
Montante ano Hidráulico out amostra
[m] [m/m] ºC [m3/dia]
[P/S/T] [dias] [m3/dia] s
In Out
reed
1 cascalho (Phragmites
australis)

18.4
4.9
~7.6
0.6 - 1 reed 7
cascalho (Phragmites de 1998 a 2001 amostra
australis) s diárias

de Março de 2001 a
P, S 151.2
Setembro de 2005

reed
0.3 cascalho (Phragmites P 7.5 7.7 19.9 75
australis)

reed
0.45 0.6 cascalho (Phragmites P, S 4 7.4 7.3 8.5
australis)

reed
Outubro a
0.40 0.3 cascalho (Phragmites
Dezembro de 2005
australis)

Janeiro a Abril de
2006

Typha spp.,
Phragmites spp.,
Scirpus spp., P
cascalho
Lemna spp., P,S
Eicchornia
crassipes
P,S
64 géneros e 28
6 meses 6.62 27.44 17429
famílias de
macrófitas P,S 6.32 27.26 3758
7.32 27.33 51
8 26.9 21738
cascalho de 7ºC/27º
0.35 Scirpus lacustris 3
sílica C

Quadro A1.5 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes).

A6
Coliformes Totais Coliformes Fecais Streptococus Fecais
CBO5 [mg O2/L] CQO [mg O2/L] SST [mg/L] Enterococus E. Coli Virus
[col/100 mL] [col/100 mL] [col/100 mL]

Ef. Ef. Ef. Ef. Ef. Ef. Ef.


In Out Ef. [%] In Out Ef. [%] In Out In Out In Out In Out In Out In Out In Out
[%] [%] [%] [%] [%] [%] [%]
593 167 71.8 1365 669 51.0

427 14 96.7 1173 263 77.6

322 3.7 98.85 400 1.4 99.65

252 2.0 99.21 282 3 98.93

94* 20* 78.72* 75* 7.6* 90*

405 6 98 792 42 95 341 6 98

190 19 89 283 49 82

2.5
170 52 70 430 165 62 130 22 83 1.7E3 99.3
E5

286 71 75

327 126 61

5E+0 1.9 99. 62 9.4


4.3E6 91.4 1.7E4 94 84.9 1.6E6 83 3.1E5 3.3E3 99 3.9E5 5.2E3 98.7
7 E6 1 2 E6
8E 94. 1.9
1.1E6 4.6E4 95.8 4.5E3 3 75 -24 5.7E2 97 6.4E3 1.1E3 82.8
+04 4 E4
4.2 89. 7.6
2.3E6 3.2E5 86.1 4.6E4 8.3E4 89
E5 1 E5
27.66 97 27
553. 19.6
64.33 186
727.3 2417.2 1 6
39.81 60.43 178. 3.16
(kg/dia) 68.66 (kg/dia) 541 (kg/d
ia) 7
24.6
20 48
7

5.8
36* 75* 6.7* 99 99 4.8* 99
*

Quadro A1.6 – Continuação do Quadro A3.1 (Compilação de Dados Sobre Leitos de Macrófitas Existentes).

A7
ANEXO II – HIDROGRAMAS

A8
1. HIDROGRAMAS DE CAUDAL REAL, CAUDAL MÉDIO DIÁRIO E CAUDAL DE PONTA DIÁRIO

De seguida apresentam-se os hidrogramas de caudais reais, de caudais médios diários e de


caudais de ponta diários, bem como as suas correcções, organizados por ETAR: Fataca e
Malvado, e por ponto de medição: F1, F2, F3 e M1, M2, M3.

1.1. ETAR de Fataca

Com base nos registos de caudal obtidos por medição directa de cinco em cinco
minutos, através do uso de sondas ultrasónicas e armazenamento dos dados em data
loggers, construíram-se os hidrogramas de caudais diários reais, caudais médios e
caudais de ponta. Apresenta-se, a título exemplificativo, os hidrogramas de caudais
reais medidos durante o mês de Abril de 2006 na ETAR de Fataca e durante o mês de
Outubro de 2005 na ETAR de Malavado.

1.1.1.Ponto de medição do caudal – F1

1.1.1.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Abril de 2006 à entrada da
ETAR de Fataca

Hidrograma F1 - Caudal Real Medido (Abril 2006)


5
4,5
4

3,5
Caudal [l/s]

3
2,5
2
1,5

1
0,5
0
29-Mar 3-Abr 8-Abr 13-Abr 18-Abr 23-Abr 28-Abr 3-Mai
Dia do mês

Figura A2.1 – Hidrograma do caudal registado à entrada da ETAR de Fataca durante o mês de Abril de 2006.

A9
1.1.1.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente à entrada da ETAR de
Fataca

Hidrograma F1 - Caudal Médio Diário


3

2,5

2
Caudal [l/s]

1,5

0,5

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.2 – Hidrograma do caudal médio diário registado à entrada da ETAR da Fataca no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006.

1.1.1.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente à entrada da ETAR de


Fataca, após correcção

Hidrograma F1 - Caudal Médio Diário (Corrigido)


1,4

1,2

1
Caudal [l/s]

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.3 – Hidrograma do caudal médio diário registado à entrada da ETAR da Fataca no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

A10
1.1.1.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente à entrada da ETAR de
Fataca

Hidrograma F1 - Caudal de Ponta Diário


8

5
Caudal [l/s]

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.4 – Hidrograma do caudal de ponta diário à entrada da ETAR da Fataca no período de 1 de Julho de 2005
a 1 de Maio de 2006.

1.1.1.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente à entrada da ETAR de


Fataca, após correcção

Hidrograma F1 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)


3

2,5

2
Caudal [l/s]

1,5

0,5

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.5 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à entrada da ETAR da Fataca no período de 1 de
Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

A11
1.1.2. Ponto de medição do caudal – F2

1.1.2.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Abril de 2006 à saída da
Fossa Séptica da ETAR de Fataca

Hidrograma F2 - Caudal Real Medido (Abril 2006)


2

1,8

1,6

1,4
Caudal [l/s]

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
29-Mar 3-Abr 8-Abr 13-Abr 18-Abr 23-Abr 28-Abr 3-Mai
Dia do mês

Figura A2.6 – Hidrograma do caudal real registado à saída da fossa séptica da ETAR de Fataca durante o mês de
Abril de 2006.

1.1.2.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente à saída da fossa séptica da


ETAR de Fataca

Hidrograma F2 - Caudal Médio Diário


2

1,8

1,6

1,4
Caudal [l/s]

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.7 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída da fossa séptica da ETAR de Fataca no período
de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.

A12
1.1.2.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente à saída da fossa séptica da
ETAR de Fataca, após correcção

Hidrograma F2 - Caudal Médio Diário (Corrigido)


0,5

0,45

0,4

0,35
Caudal [l/s]

0,3

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
1-Jul 1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.8 – Hidrograma do caudal médio diário registado à saída da fossa séptica da ETAR de Fataca no período
de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

1.1.2.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente à saída da fossa séptica


da ETAR de Fataca

Hidrograma F2 - Caudal de Ponta Diário


3,5

2,5
Caudal [l/s]

1,5

0,5

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.9 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída da fossa séptica da ETAR de Fataca no
período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006.

A13
1.1.2.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente à saída da fossa séptica
da ETAR de Fataca, após correcção

Hidrograma F2 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)


1

0,9

0,8

0,7
Caudal [l/s]

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
1-Ago 1-Set 1-Out 1-Nov 1-Dez 1-Jan 1-Fev 1-Mar 1-Abr 1-Mai
Dia do ano

Figura A2.10 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado à saída da fossa séptica da ETAR de Fataca no
período de 1 de Julho de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores corrigidos.

1.1.3.Ponto de medição do caudal – F3

1.1.3.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Janeiro de 2006 em F3

Hidrograma F3 - Caudal Real Medido (Abril 2006)

2
1,8
Caudal médio diário [l/s]

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
6
6

6
-0

-0
r-0

r-0

r-0

r-0

r-0

r-0

ai
ar

Ab

Ab

Ab

Ab

Ab

Ab

M
M

-
-

03

08

13

18

23

28

03
29

Dia do ano

Figura A2.11 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Fataca (ponto F3) durante o mês de Abril de 2006.
Valores de caudal em l/s.

A14
1.1.3.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto F3

Hidrograma F3 - Caudal Médio Diário

Caudal médio diário [l/s]


5

0
05

05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
7

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1- Dia do ano

Figura A2.12 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto F3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

1.1.3.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto F3, após


correcção

Hidrograma F3 - Caudal Médio Diário (Corrigido)

2
Caudal médio diário [l/s]

1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
5

5
05

05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
7-

8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.13 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto F3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

A15
1.1.3.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto F3

Hidrograma F3 - Caudal de Ponta Diário

40

Caudal de ponta diário [l/s]


35
30
25
20
15
10
5
0

5
05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1- Dia do ano

Figura A2.14 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto F3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

1.1.3.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto F3, após


correcção

Hidrograma F3 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)

10
Caudal de ponta diário [l/s]

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
8

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.15 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto F3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

A16
1.2. ETAR de Malavado

1.2.1. Ponto de medição do caudal – M1

1.2.1.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Outubro de 2005 em M1

Hidrograma M1 - Caudal Real Medido (Outubro 2005)

4
3,5
Caudal médio diário [l/s]

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
5

5
5

-0

-0

-0

-0

-0

-0

-0
-0

-0

ut

ut

ut

ut

ut

ut

ov
et

et

-O

-O

-O

-O

-O

-O
-S

-S

-N
25

30

05

10

15

20

25

30

04
Dia do ano

Figura A2.16 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto M1) durante o mês de Outubro de
2005. Valores de caudal em l/s.

1.2.1.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M1

Hidrograma M1 - Caudal Médio Diário

3,5
Caudal médio diário [l/s]

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
05

05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
7

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.17 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto M1) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

A17
1.2.1.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M1, após
correcção

Hidrograma M1 - Caudal Médio Diário (Corrigido)

2
1,8
Caudal médio diário [l/s] 1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
05

05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
7

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1- Dia do ano

Figura A2.18 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto M1) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

1.2.1.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M1

Hidrograma M1 - Caudal de Ponta Diário

10
Caudal de ponta diário [l/s]

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
8

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.19 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto M1) no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

A18
1.2.1.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M1, após
correcção

Hidrograma M1 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)


3

Caudal de ponta diário [l/s]


2,5

1,5

0,5

5 0

5
05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-
Dia do ano

Figura A2.20 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto M1) no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

1.2.2. Ponto de medição do caudal – M2

1.2.2.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Outubro de 2005 em M2

Hidrograma M2 - Caudal Real Medido (Outubro 2005)

2
1,8
Caudal médio diário [l/s]

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1
0

24

7
2

9
0

-2
-0

-1

-2
t- 0

-1

t- 1
-0

-0

-1

o-
ov

ai
ar

ar
ez
n

n
Se

Se

Ag
Ja

Ju

Ju

M
M

N
D
-

-
-

-
-

-
-

-
26

08

18
00

22

04
18

01

25
13

21

Dia do ano

Figura A2.21 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto M2) durante o mês de Outubro de
2005. Valores de caudal em l/s.

A19
1.2.2.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M2

Hidrograma M2 - Caudal Médio Diário

1
0,9

Caudal médio diário [l/s]


0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
05

05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
7

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-
Dia do ano

Figura A2.22 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto M2) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

1.2.2.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M2, após


correcção

Hidrograma M2 - Caudal Médio Diário (Corrigido)

0,2
0,18
Caudal médio diário [l/s]

0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
5

5
05

05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
7-

8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.23 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Malavado (ponto M2) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

A20
1.2.2.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M2

Hidrograma M2 - Caudal de Ponta Diário

Caudal de ponta diário [l/s]


2,5

1,5

0,5

0
05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
8

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-
Dia do ano

Figura A2.24 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto M2) no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

1.2.2.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M2, após


correcção

Hidrograma M2 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)

1
0,9
Caudal de ponta diário [l/s]

0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
8

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.25 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Malavado (ponto M2) no período de 1 de Julho
de 2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

A21
1.2.3. Ponto de medição do caudal – M3

1.2.3.1. Hidrograma do caudal real medido durante o mês de Outubro de 2005 em M3

Hidrograma M3 - Caudal Real Medido (Outubro 2005)

2,5
Caudal médio diário [l/s]

1,5

0,5

0
5

5
t-0

t-0

-0

-0

-0

-0

-0

-0
ut

ut

ut

ut

ut

ut
Se

Se

O
-

-
25

30

05

10

15

20

25

30
Dia do ano

Figura A2.26 – Hidrograma do caudal real registado na ETAR de Malavado (ponto M3) durante o mês de Outubro de
2005. Valores de caudal em l/s.

1.2.3.2. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M3

Hidrograma M3 - Caudal Médio Diário

7
Caudal médio diário [l/s]

6
5
4
3
2
1
0
5

5
05

05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
7-

8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.27 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto M3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

A22
1.2.3.3. Hidrograma do caudal médio diário correspondente ao ponto M3, após
correcção

Hidrograma M3 - Caudal Médio Diário (Corrigido)


2
1,8
Caudal médio diário [l/s]

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
05

05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
7

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.28 – Hidrograma do caudal médio diário registado em Fataca (ponto M3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

1.2.3.4. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M3

Hidrograma M3 - Caudal de Ponta Diário

100
Caudal de ponta diário [l/s]

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
5

5
05

05

06

06

06

06

06
00

00

00
20

20

20

20

20

20

20
-2

-2

-2
8-

9-

1-

2-

3-

4-

5-
10

11

12
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.29 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto M3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s.

A23
1.2.3.5. Hidrograma do caudal de ponta diário correspondente ao ponto M3, após
correcção

Hidrograma M3 - Caudal de Ponta Diário (Corrigido)

9
Caudal de ponta diário [l/s]

8
7
6
5
4
3
2
1
0
05

05

06

06

06

06

06
5

5
00

00

00
0

0
-2

-2

-2

-2

-2

-2

-2
0-

1-

2-
8

5
1

1
1-

1-

1-

1-

1-

1-

1-
1-

1-

1-

Dia do ano

Figura A2.30 – Hidrograma do caudal de ponta diário registado em Fataca (ponto M3) no período de 1 de Julho de
2005 a 1 de Maio de 2006. Valores de caudal em l/s. Valores corrigidos.

A24
ANEXO III - COMPILAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS E
MICROBIOLÓGICAS EFECTUADAS ÀS AMOSTRAS RECOLHIDAS DURANTE O PERÍODO DE
VERÃO DE 2005 NAS ETAR DE FATACA E MALAVADO

A25
Total coliforms [n/100 ml] Feacal coliforms [n/100 ml] Enterococos [n/100 ml] BOD5 COD TSS O2 [mg/l] T [ºC] pH T
Date
F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 F1 F2 F3 %

11-07-2005 5,80E+07 2,70E+06 - 1,10E+07 1,90E+06 - 3,20E+05 25 - 155 135 - 894 439 - 150 55 - - 0,4 - - 27,4 - 7,66 6,94 - -

18-07-2006 1,00E+08 4,80E+06 2,70E+04 2,50E+07 1,20E+06 8,10E+04 3,00E+06 2,80E+04 100 165 151 28 522 345 102 74 55 3 1,6 0,7 2,7 27,4 25,9 19,9 7,88 7,11 7,03 23

25-07-2005 1,40E+07 3,60E+06 1,00E+04 1,40E+07 2,60E+06 5,00E+02 3,70E+06 2,00E+01 <10 410 209 44 1900 488 104 320 75 39 0,1 0,7 2,5 28,2 26,5 20,1 7,95 7,04 7,04

01-08-2005 9,79E+07 1,20E+07 4,00E+03 6,69E+07 1,30E+06 7,82E+02 4,00E+05 1,00E+02 <10 262 137 45 718 396 144 91 43 7 1,9 0,7 1,2 26,9 25,7 19,9 8,45 7,23 7,09 17

04-08-2005 1,20E+08 2,20E+06 1,20E+04 7,00E+07 1,50E+06 4,40E+02 2,30E+06 <100 <10 258 131 37 729 463 184 101 52 3 0,3 0,5 1,3 29,1 26,1 21,3 7,94 7,12 7,05

08-08-2005 1,60E+08 9,30E+05 9,50E+03 2,00E+07 6,20E+05 3,10E+03 1,50E+06 7,20E+03 <2 406 507 55 890 984 180 139 94 4 1,7 0,1 0,9 27,1 26,1 20,2 8,33 8,40 7,13 23

16-08-2005 1,90E+08 3,70E+06 2,00E+04 4,00E+07 1,20E+06 1,10E+04 1,10E+06 8,00E+02 30 207 293 225 571 594 507 94 49 9 3,3 0,7 0,6 26,8 26,2 19,9 - - - 18

22-08-2005 5,79E+07 5,50E+06 1,50E+04 5,49E+07 2,60E+06 1,40E+04 3,60E+06 3,60E+03 <10 570 231 105 1300 610 299 210 42 39

29-08-2005 1,60E+08 2,30E+06 2,20E+04 1,40E+07 1,50E+06 5,10E+03 6,50E+05 5,60E+03 <10 437 248 91 887 610 259 109 41 8 0,7 0,5 0,3 26,1 25,0 19,9 8,8 7,2 7,5 12

07-09-2005 1,10E+07 1,80E+06 2,10E+04 1,50E+06 1,20E+06 4,90E+03 3,40E+05 6,00E+01 <2 307 277 98 820 600 267 222 68 22 2,5 0,6 1,1 24,0 24,4 19,6 8,0 7,3 7,5 11

12-09-2005 7,80E+07 3,70E+06 1,80E+04 2,90E+07 2,80E+06 5,60E+03 1,00E+05 2,40E+03 <2 228 282 102 696 616 232 133 82 22 1,9 0,8 0,5 24,7 23,5 20,0 8,7 7,2 7,5 14

19-09-2005 5,00E+07 2,30E+06 2,40E+04 1,90E+07 7,00E+04 1,10E+04 7,30E+06 1,50E+03 <2 384 235 91 772 548 272 200 38 8 1,8 0,5 0,4 - - - 8,0 7,2 7,3 1

26-09-2005 2,50E+07 2,50E+06 2,50E+03 7,60E+06 2,30E+06 2,50E+03 8,90E+06 4,90E+02 <10 238 214 106 520 578 240 102 28 16 0,1 0,4 0,4 - - - 8,3 7,2 7,5 9,9
Quadro A3.1 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras recolhidas na ETAR de Fataca durante o Verão de 2005.

A26
Total coliforms [n/100 ml] Feacal coliforms [n/100 ml] Enterococos [n/100 ml] BOD5 CQO SST O2 [mg/l] T [ºC] pH T
Date
M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 M1 M2 M3 %

11-07-2005 7,60E+07 6,20E+06 3,90E+04 7,50E+07 4,80E+06 3,40E+04 5,80E+05 3800 2,60E+02 124 102 20 549 431 157 80 52 17 2,6 0,2 0,7 25,6 26,2 21,2 7,87 6,89 6,79 28

18-07-2006 4,79E+07 4,10E+06 8,00E+03 8,90E+06 1,70E+06 3,70E+02 1,70E+06 2,00E+02 <10 192 192 53 1300 486 141 63 70 42 1,1 1,3 1,2 25,0 25,3 19,9 7,99 7,96 7,02

25-07-2005 7,00E+07 1,00E+07 6,00E+04 2,06E+09 7,00E+06 4,30E+04 7,00E+05 1,40E+04 1,70E+03 199 157 22 472 380 78 78 45 3 0,4 1,1 1,9 25,3 25,8 20,4 7,79 7,00 6,95

01-08-2005 1,40E+08 7,50E+06 7,30E+04 8,69E+07 7,50E+06 7,30E+04 1,90E+06 1,20E+04 1,50E+03 196 139 16 489 381 89 141 77 9 2,2 0,4 1,7 24,9 25,0 20,5 7,76 7,04 6,98

04-08-2005 2,40E+07 2,30E+07 2,60E+06 1,50E+07 1,20E+07 2,60E+06 1,20E+06 4,20E+05 6,00E+04 32 60 25 161 314 176 140 67 4 4,4 0,2 0,4 25,6 25,2 22,3 8,50 7,75 7,06 16

08-08-2005 6,10E+06 1,10E+07 6,60E+07 3,50E+06 5,50E+06 2,80E+07 9,19E+05 3,20E+07 3,40E+06 246 322 144 498 694 416 34 66 10 1,8 0,2 0,2 25,9 25,8 22,4 7,84 8,43 7,44 14

16-08-2005 2,60E+07 2,40E+07 2,80E+05 2,00E+07 3,20E+05 3,50E+05 5,10E+06 9,00E+05 1,60E+05 275 346 89 659 705 347 76 80 23 0,3 0,6 0,5 25,3 26,0 21,0 - - - 13

22-08-2005 1,00E+08 3,60E+06 7,50E+05 1,60E+07 2,20E+06 5,80E+04 1,20E+06 2,00E+04 1,60E+04 312 153 77 789 465 270 93 44 19 35

29-08-2005 1,20E+08 1,00E+07 1,50E+05 4,20E+07 5,40E+06 4,70E+04 1,90E+06 7,30E+04 4,00E+03 445 146 61 910 444 198 398 51 5 0,4 0,3 0,4 25,7 25,5 21,3 7,75 6,93 7,10 0,5

07-09-2005 3,10E+07 4,10E+06 4,00E+04 2,00E+07 3,80E+06 3,60E+04 7,90E+06 8,00E+03 4,00E+03 324 122 16 624 388 494 155 73 9 1,4 0,5 1,2 14,6 24,9 20,2 7,75 7,00 7,11 0,79

12-09-2005 6,49E+07 7,50E+06 3,00E+04 2,40E+07 4,60E+06 1,50E+04 3,20E+06 3,40E+03 4,00E+03 318 154 25 536 352 108 138 93 11 0,8 0,3 0,7 24,3 24,3 19,8 7,96 7,96 7,10

19-09-2005 7,40E+07 8,00E+06 2,70E+04 3,00E+07 4,50E+06 1,40E+04 1,90E+06 2,20E+03 2,20E+03 353 89 14 708 368 120 112 58 5 1,8 0,5 0,7 23,9 24,0 20,6 7,93 7,05 7,04 13

26-09-2005 2,70E+09 1,10E+07 1,60E+05 3,00E+06 5,20E+06 4,90E+04 1,00E+05 1,80E+04 1,50E+04 678 150 23 936 396 128 622 63 7 0,2 0,2 0,4 - - - 7,67 7,10 7,10 17

Quadro A3.2 – Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras recolhidas na ETAR de Malavado durante o Verão de 2005

A27
A28

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