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Papo com o Diabo

Colégio Notre Dame Brasília


Professora-Orientadora: Lana Guedes
Disciplina: Literatura
Aluno: Ícaro Raiol Lopes

Brasília-DF
Maio de 2019
Ao Professor Paulo Freire.

Ao Escritor paraense Walcyr Monteiro,


in memoriam, que me inspirou com
suas histórias amazônicas.
Papo com o Diabo

N
a tardezinha de agosto
saí de casa e sentei na varanda.
A quentura que fazia era tanta
que capotei com chapéu no rosto.

Logo que despertei da dormência


senti a presença do Diabo.
Ele me saudou com benevolência,
eu respondi com o mesmo agrado.

(4)
O velho cabra já disse de cara
que vinha para desabafar.
Sacou a viola numa trova rara
E chorou o que tinha pra chorar

Meu Deus, eu é fiquei


foi com medo do Tinhoso.
Não era por ser mau,
era pelo lamúrio doloroso.

Disse que estava entediado,


por isso importuna alguém como eu.
E se já não bastasse meu desagrado,
em palavras ele irrompeu:

“Pobre sou eu, o Diabo


pois Má Sorte veio em mim,

(5)
só porque faço o que faço
sou menor que um serafim.”

Falava da inveja que sentia,


do ódio que o cargo trouxe,
da alegria à apatia,
de prazer, qualquer que fosse.

Já na onda do Diabo,
comecei a falar também
que o motivo d’eu estar brabo
é que a chuva nunca vem.

Mas mais ainda é a pobreza


que meu Senhor cedeu a mim
Mas mais ainda é a esperteza
que não me deixa ser ruim.

(6)
Animado com o meu novo amigo
contei as histórias de infância,
coisas que aconteceram comigo
e os meus contos de criança.

Falei do bem que minha mãe fazia,


do amor que ela me dava
e da frase que sempre dizia:
“Meu filho, não volta tarde pra casa”.

Falei: “Hoje eu sou sozinho,


pois mamãe deitou no chão
e dizendo ‘Fica com Deus, filhinho’,
me largou nesse sertão.”

“Desde então nunca chove.


Eu planto e tudo seca.

(7)
E se um homem nunca colhe
morte lenta é quase certa.”

“Eu só não fui, senhor Diabo,


como mamãe, pra debaixo do chão,
porque um homem levou meu gado
em troca me daria pão.”

“Então, a fazenda que era minha,


logo em breve não terá madeiro
já que o doutor que comprou a quinta
só pensa em si e quer dinheiro.”

“É por isso, então, senhor Diabo,


que meu coração se esmiuçou,
eu vou morrer sem ser lembrado
como o sertanejo que sou.”

(8)

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