Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
O que é a medicina
Introdução
Praticamente todas as pessoas da sociedade, de todos os estratos
sociais e de todos os graus de instrução, empregam a palavra me-
dicina com bastante desembaraço, sem aparentar qualquer dúvi-
da ou hesitação. A Medicina é uma daquelas expressões – comuns
nos idiomas de todas as culturas – que são muito faladas, ainda
que possam ser relativamente pouco conhecidas, de fato, pela
maioria. O significado essencial da palavra medicina está mais ou
menos entranhado na consciência coletiva das pessoas de todas
as culturas civilizadas, ainda que de forma superficial, pela rama,
sem grande precisão e sem exata consciência de suas particulari-
dades. Por exemplo, é comum que seja pensada como instrumen-
to de tratamento de doenças, o que, em termos, seria um absurdo
(induzido pela indisciplina verbal do senso comum), vez que sua
destinação é tratar doentes, como se pode concluir, com facilida-
de e sem grande esforço.
Mas o pior, não é que tenham opinião diversa de seus colegas. Isto
é normal e desejável. O pior é que aderiram à argumentação da
oposição sem pensar e sem notar que estavam assumindo uma
inverdade, sem estudar os textos legais pertinentes, ultrapassan-
do os limites da calúnia.
Tudo isso deve ser considerado porque a Medicina não pode ser
entendida de forma desconexa da sociedade em que ela é pra-
ticada, da sua história, sua economia, sua cultura e seus valores.
A Medicina não existe para banir a morte, o que ela combate são
as mortes evitáveis ou prematuras, que a partir do século XVI vêm
diminuindo progressivamente graças ao avanço dos conheci-
mentos da profilaxia e da terapêutica. “La medicina acepta (¡y más
le vale!) que al final la muerte siempre es inevitable, porque es parte
de la condición humana”.
Este talvez seja um dos motivos pelos quais o médico deva lutar
pela vida do paciente quando a morte for evitável, mas respeitar
e aceitar a morte inevitável. Mas, sobretudo, não deva prolongar
a vida para além de motivos aceitáveis para atender qualquer
interesse que não seja o do doente. O melhor interesse do pa-
ciente. Independente de seus motivos e condicionamentos.
Sabe-se que a morte é parte da vida. Não existe vida sem morte.
E a única maneira de se acabar com a morte é pondo fim à vida.
A extinção da vida vem a ser a única maneira viável de extinguir
a morte e a possibilidade da morte. Só morre quem vive e todos
os vivos findam por morrer. A aliança antiga e imemorial dos mé-
dicos com a vida de boa qualidade não os impede de aceitar a
morte como algo irrecorrível. A inevitabilidade e a naturalidade
da morte são fatos aos quais os médicos devem se habituar desde
cedo. E sua inseparabilidade da vida.
2. O conceito e a conceituação
A conceituação da Medicina é coisa que se vem fazendo ao longo
deste trabalho, na medida em que levantam as características da
atividade, destacando as que seriam mais essenciais e mais gerais.
Da mesma maneira que se opera quando se elabora o conceito
de um objeto ou fenômeno qualquer; quando se identificam suas
qualidades e atributos o mais extensamente possível, selecionan-
do-lhe as mais características ou típicas, até chegar àquela ou
àquelas que possam ser consideradas as mais gerais e mais essen-
ciais e, por isto mesmo, as mais características ou caracterizado-
Ars sine scientia nihil (a arte sem ciência é nada, não tem qualquer
importância). Neste provérbio cunhado pelos romanos, as pala-
vras latinas “ars” e “sciencia” (ou episteme, como diziam os gregos)
não têm os mesmos significados que atualmente designam “arte”
e “ciência”. Os sentidos que estão sendo buscados aqui são os
seguintes: a profissão sem conhecimento (sem saber meditado,
sem conhecimento científico) não é coisa alguma, pode ser com-
parada a nada. Sem forçar nada, somente ajustando os sentidos
das palavras, poder-se-ia dizer, uma profissão sem teoria científica
não tem qualquer valor.
Pero todavía hay otra reflexión que vale la pena tener en cuenta
al justificar la elección.
O direito à liberdade pessoal que faz com que cada um deva ter
reconhecido sua capacidade de decidir as questões que lhe digam
respeito e que interessem à sua realização pessoal. Liberdade que
é qualidade essencial de liberdade humana e complemento indis-
pensável de sua dignidade. A isso se denomina liberdade ou au-
tonomia pessoal. O direito que tem cada pessoa de decidir por si
mesmo sobre o que lhe diz respeito, sobre seu destino, sobre seu
futuro. Desde que sua decisão não venha a prejudicar outra pessoa
ou a sua comunidade (de acordo com a melhor concepção latina).
O direito à liberdade, exercido em termos socialmente aceitáveis,
completa-se no direito a ver este direito respeitado por todos. Nis-
to reside a tônica do direito à autodeterminação dos indivíduos e
coletividades (que muitos preferem chamar de autonomia).
O pendor pela Medicina deve ser sentido pelo médico como uma
vocação e não como o interesse por um negócio ou por uma ativi-
dade sócio-laboral qualquer, nem sequer como curiosidade técni-
ca. A solidariedade humana, especialmente a solidariedade para
quem está enfermo deve ser considerado o fundamento mais ex-
pressivo da vocação médica. Não há bom médico sem esta quali-
dade. Ainda que possa ser um bom técnico ou um bom mercador
de tratamentos.
O ato profissional de médico que não for marcado por amor, por
estes três amores, na verdade, não é ato médico, com o sentido
que esta expressão deve ter desde sua origem clássica, na cons-
ciência dos médicos hipocráticos. Mas esta dimensão restrita se
soma à anterior. Não se excluem, completam-se. Este caráter de
Como se viu logo acima, Hipócrates pode ter sido o primeiro mes-
tre de medicina a destacar a importância do amor para o trata-
mento médico e do conteúdo amoroso do trabalho médico. Para
ele, o amor (philo) deveria preencher todas as dimensões mais
importantes da vida do trabalhador da Medicina: Filantropia, Filo-
técnica e Filosofia. Continua sendo.
[Do lat. ars, arte.] S.f. Capacidade que tem o homem de pôr
em prática uma ideia, valendo-se da faculdade de dominar a
matéria;
A utilização de tal capacidade, com vistas a um resultado que
pode ser obtido por meios diferentes;
Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados
de espírito de caráter estético carregados de vivência
pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de
prolongamento ou renovação;
Tal qual estas atividades laborais manuais até final do século de-
zenove e início do século vinte eram denominadas artes manuais,
artes úteis e artes mecânicas (depois, sendo chamadas ofícios) em
contraposição às artes do espírito ou artes intelectuais (como o ora-
tória, a jurisprudência, a gramática e a Medicina, atualmente deno-
minadas profissões). Se diferenciavam significativamente das cha-
madas belas artes (música, poesia, artes cênicas, artes plásticas).
Outro fator que assegurou aos médicos uma posição social des-
tacada no passado há de ter sido a consciência que as pessoas
tinham, não somente da necessidade do trabalho do médico, mas
da consciência da necessidade de voltar a necessitar dele para si
mesmo ou para alguém próximo. A reabilitação sócio-laboral. Não
do quanto ele poderia ser importante para as pessoas, que é uma
tese que ainda está e em aberto. Mas, concretamente, para cada
um deles e as pessoas de seu círculo de bem querer. De alguma
Outras conotações de doceo (ou, ui, octus, ere) são: avisar de algu-
ma coisa, compor uma comédia que outros representarão, ensinar
equitação. Depois, no latim medieval, passou a denominar um grau
superior da carreira universitária. Aquela que dava acesso à cátedra.
Pode parecer que não, mas são duas situações muito di-
ferentes, apesar de aparentemente serem iguais: quando
alguém trabalha para ganhar dinheiro e quando ganha
dinheiro porque trabalha. A cupidez revelada na conduta
Talvez por isto, o paciente seja mais do que um cliente (termo que
destaca historicamente o vínculo socioeconômico da relação en-
tre dois sujeitos em uma interação mercantil). Os comerciantes se
relacionam comercialmente com seus clientes, enquanto o mé-
dico interage com seus pacientes. Porque, neste caso, a vertente
principal é a da humanidade.
Pois, para definir algo com o rigor exigido pela ciência, é preciso
descobrir-lhe ou, ao menos, atribuir-lhe uma qualidade essencial
(a que se puder julgar como mais essencial e mais geral); e, depois,
se lhe acrescentar uma diferença especificadora que faça com que
ela seja diferenciada especificamente de todos os que pertençam
àquele gênero. E esta característica deve ser aceita como mais ge-
ral e mais essencial ao menos por um relativo consenso, se isto
não puder ser comprovado à margem de qualquer dúvida. Como
em algumas definições clássicas dos seres humanos. O homem
é um animal racional; o homem é um animal que fala; o homem
é um animal político (à moda de Aristóteles) ou o homem é um
animal que trabalha, opera (que age intencionalmente, como na
concepção de Engels24). Cada uma destas definições usa o gêne-
ro animal, que aí é posto como o gênero mais característico do
ente definido e que abrange todos os seus espécimes. Ao qual se
acrescentam outras qualidade especificadoras, de modo a fechar
a definição.
Esta, aliás, é uma das diferenças que pode e deve ser estabelecida
entre uma palavra (expressão do conhecimento vulgar) e um ter-
mo (que designa um conceito científico). Os mesmos vocábulos
têm usos bastante diversos nestes dois universos cognitivos.
Nem toda a vez que alguém critica uma mulher, está sendo
machista; verbera um judeu está sendo anti-semita, critica
um negro está sendo racista. Mas pode ser que esteja, mas
não é só pela apreciação negativa que faz daquela pessoa.
O racismo encerra uma avaliação coletiva dos membros de
uma raça. Muita conduta antimédica se disfarça de crítica
pessoal. Mas nem toda, é verdade.
Medicina
As condutas sociais, por sua vez, ainda por força de sua definição,
devem ser consideradas atividades responsáveis. Isto é, os agen-
tes sociais são responsabilizáveis, porque respondem pelos danos
que ocasionarem a qualquer direito de outrem. Notadamente
Sem consciência moral não há nem pode haver ética e sem ética
não há nem pode haver ciência. Muito menos profissão nem, mui-
to menos, profissão médica. Assim o entenderam os hipocráticos
há cerca de vinte e cinco séculos. Assim o entendem os médicos
até hoje.
Os pares são entidades sociais que estão sujeitas às leis que regem
a existência e o funcionamento dos grupos, além das influências
que atuam sobre cada tipo de díade.
Não existe, nem deve existir arte (entendida como profissão, tra-
balho elaborado e remunerado) e aplicação da ciência (sua di-
mensão tecnológica) distanciadas do encontro intersubjetivo de
ajuda (interação de dois sujeitos) com omissão de dois dos aspec-
tos mais valorizados da relação inter-humana.
Não obstante, deve-se deixar bem claro que aquilo que, guarda-
das as proporções, o que se chama hoje Medicina Científica, Me-
dicina Baseada em Provas ou Medicina Baseada em Evidências
corresponde exatamente, atualizando-se semanticamente seu
o significado, ao que antigamente se denominava Medicina Ra-
cional e que no Iluminismo passou a ser denominada Medicina
Científica. Pois, posteriormente, o conceito contemporâneo que
substituiu o da antiga Medicina racional foi enriquecido com o
notável desenvolvimento do pensamento científico em todos os
seus aspectos, especialmente da metodologia da ciência.
Introdução
Desde que existem doentes e feridos entendeu-se que alguém
deveria cuidar deles uma vez que seus impedimentos costumam
prejudicar sua possibilidade de autocuidado. Inicialmente, o de-
ver de cuidar recaiu sobre os familiares do paciente, seus compa-
nheiros e companheiros de grupo mais próximos. Em quase todas
as culturas primitivas eram as mulheres mais experientes do gru-
po que os tratavam. Depois, alguns agentes sociais considerados
mais aptos passaram a ser especificamente treinados e credencia-
dos para desempenhar estas tarefas. Os xamãs, pajés, feiticeiros,
curandeiros que, na antiga Grécia foram chamados de terapeutas.
ca
Talvez por causa disso tudo, deve ficar clara a necessidade de di-
zer também, aqui e agora, o que não é Medicina, depois de ter
visto como ela é (ou deve ser). Por isso, convém que se esclareça
convenientemente o que não é Medicina, senão para evitar de-
sencontros, quando nada com o propósito de fazer a profilaxia
de encontros indesejados. Pois, como sucede com os agentes de
todas as profissões, os médicos necessitam que o legislador fixe
os limites de seu objeto de trabalho, como já o fez com as demais
profissões do setor de saúde no Brasil. Sem a regulação legal, o
campo de trabalho se desorganiza de tal modo que se torna im-
possível administrá-lo adequadamente de acordo com os interes-
ses da sociedade.
• O técnico-científico;
• O jurídico-mercantil; e
• O ético-político.
dirigir sua ação. Normas que imperam nesses três planos da sua
minimamente aceitável.
• Aspectos organísmicos
As ciências médicas não são ciências exatas. Em geral,
os resultados de sua aplicação são estimados em termos
probabilísticos. Estando sujeitos a incontáveis influências,
principalmente aquelas relacionadas com as possibilida-
des do organismo, sua dinâmica e, sobretudo, sua reativi-
dade e a influência dos fatores psicológicos, conscientes
e inconscientes, voluntária e involuntárias, no funciona-
mento do organismo. Tanto em condições normais quan-
to nas patológicas.
Os médicos, não devem ser assim; não devem ter sequer o ganho
quanto mais o lucro, como objetivo mais importante de seu tra-
balho. A Medicina não é predominantemente um negócio. Os mé-
dicos não devem trabalhar principalmente para ganhar dinheiro;
ainda que os médicos devam ganhar dinheiro porque trabalham
Veja-se como.
• Razão técnica
A maior parte dos diagnósticos de sintomas e síndromes
pode ser feito por qualquer um. Só os diagnósticos no-
sológicos, especialmente, os casos mais difíceis exigem
saber médico. Diagnosticar doença hipertensiva é mui-
to mais complicado que constatar um nível elevado de
tensão arterial. Além de verificar que a pressão está com
este ou aquele valor, importa identificar os fatores etio-
patogênicos, dos quais o nível tensional é apenas indício.
E cuidar dos riscos e peculiaridades do caso. Tratar um
paciente com doença hipertensiva é bem mais compli-
cado do que parece, bem mais complicado que repetir
um esquema terapêutico padrão adotado pelos serviços
públicos de saúde. Tanto que não se sabe de nenhum dos
autores destes esquemas “terapêuticos” que os apliquem
em si mesmos, em seus filhos ou em seus netos sem
acompanhamento médicos. Como muitos recomendam
aos doentes pobres que o façam.
• Razão jurídica
Importa porque diagnosticar e tratar um caso, mesmo que
aparentemente simples, ultrapassa os limites da técnica.
Só o médico pode ser responsabilizado profissionalmen-
te se cometer um erro profissional no tratamento de um
doente. Seria bem divertido ver um médico ser acionado
no CRM por ter dado uma opinião equivocada acerca de
um procedimento técnico na reforma de uma casa. Quan-
do um médico recomenda a um paciente que use certo
remédio, isto é uma receita médica. Um ato profissional
responsável, por cujas consequência ele responde profis-
sional, civil e penalmente. Esta mesma recomendação fei-
ta por quem não é médico mostra-se apenas um palpite
sem qualquer responsabilidade. O exercício do clichê, “de
médico e louco, todo mundo tem um pouco”, tão praticada
em todo mundo. Ele só responderá por um eventual de-
sastre que provoque se ficar provado que ele provocou
deliberadamente aquele dano, sabendo do que iria acon-
tecer. Afinal, não se trata de um médico.
Não é fácil ser médico, repita-se. Talvez a Medicina seja a mais ab-
sorvente e a mais ingrata das profissões. A que mais exige de seu
cultor, em termos de dedicação e de estresse. O médico tem que
estar sempre pronto para atuar. Em geral, não pode se dar ao luxo
de estudar o problema técnico com que se depara. Tem que lhe
dar resposta imediata. Não se trata apenas do atendimento das
situações de urgência e emergência. Os pacientes quase sempre
esperam que sua consulta lhes resulte em um benefício imediato.
Em geral, esperam que seu mal seja diagnosticado e que as pri-
meiras medidas terapêuticas funcionem mais ou menos imedia-
tamente.
Veja-se como.
Uma das razões deve ter sido a visível preferência dos mé-
dicos que se destinavam a esta área de trabalho para a
Outros já o fizeram.
I - privativamente: