AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.211.416 - SP (2017/0304776-0)
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE:
Cuida-se de agravo interno interposto por QUINTA DO GOLFE 2
EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO SPE LTDA. contra decisão monocrática desta relatoria que conheceu do agravo para não conhecer do recurso especial, nos termos da seguinte ementa (e-STJ, fl. 199):
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA
CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE VALORES. APONTADA VIOLAÇÃO AO ART. 26, VI, DA LEI N. 6.766/1979. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356 DO STF. AGRAVO CONHECIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO ESPECIAL.
Em suas razões (e-STJ, fls. 204-208), a agravante sustenta não inciderem
as Súmulas 282 e 356 do STF, uma vez que houve o prequestionamento implícito do dispositivo legal apontado como contrariado, o que foi, ainda, corroborado pela decisão do Tribunal de origem que não admitiu o processamento do recurso especial por não ter sido demonstrada a suscitada ofensa ao art. 26, VI, da Lei n. 6.766/1979, e não por ausência de prequestionamento.
Apresentada impugnação (e-STJ, fls. 212-216), na qual requer o agravado a
majoração dos honorários sucumbenciais, bem como a aplicação de multa por litigância de má-fé.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.211.416 - SP (2017/0304776-0)
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE (RELATOR):
A irresignação não merece prosperar.
Com efeito, malgrado as alegações da agravante, não há como afastar, de
fato, a incidência das Súmulas 282 e 356 do STF, pois verifica-se que o Tribunal de origem reconheceu a responsabilidade do promitente comprador, ora agravado, pelo pagamento do IPTU relativo ao imóvel objeto de compra e venda, somente a partir da efetiva imissão de posse do recorrido, com supedâneo na vedação ao enriquecimento sem causa, não apreciando a questão sob o viés do dispositivo legal apontado como contrariado (art. 26, VI, da Lei n. 6.766/1979).
Desse modo, não está mesmo presente o indispensável prequestionamento
do artigo de lei federal arrolado.
Ademais, quanto ao juízo de admissibilidade do apelo nobre realizado pelo
Tribunal de origem, enfatiza-se que tal cognição é provisória, uma vez que não vincula o STJ, ao qual compete a apreciação, de forma definitiva, dos pressupostos do recurso especial.
Nesse sentido (sem grifo no original):
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 1.042 DO CPC/15) - AUTOS
DE AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA DA PRESIDÊNCIA DO STJ QUE NÃO CONHECEU O RECLAMO - IRRESIGNAÇÃO DO AGRAVANTE. 1. O juízo de admissibilidade do recurso especial na instância ordinária é provisório e não vincula o Superior Tribunal de Justiça, a quem compete o exame definitivo 2. O art. 1.003, § 6º, do CPC/2015, dispõe que a ocorrência de feriado local deve ser comprovada no ato da interposição do recurso. 3. A previsão das Leis Federais 5.010/1966 e 11.697/2008, de que a segunda-feira de carnaval é feriado, não é aplicável à justiça comum estadual, mas apenas à justiça federal e ao TJDFT, respectivamente. Nesse contexto, a eventual ocorrência desse feriado no Tribunal a quo imprescinde da comprovação, por documento idôneo, pela parte quando da interposição do recurso especial. Precedentes. 4. Os recursos interpostos na instância de origem, mesmo que direcionados a esta Corte Superior, observam o calendário de funcionamento do tribunal local. Precedentes.
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Superior Tribunal de Justiça 5. O "fundamento" ao qual se refere o art. 10 do CPC/15 é o fundamento jurídico - circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação - não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de lei regente da matéria). A aplicação do princípio da não surpresa não impõe, portanto, ao julgador que informe previamente às partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da causa. (EDcl no REsp 1280825/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017). 6. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp 1182486/MS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 26/04/2018)
Assim, não havendo nenhum reparo a ser realizado, impositiva a
manutenção da decisão monocrática.
Relativamente ao pleito da parte agravada para aplicação de multa, esta
Corte Superior tem entendido que o mero não conhecimento ou improcedência do agravo interno não enseja a necessária imposição da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, sendo imperioso para tal que seja nítido o descabimento do recurso.
Veja-se:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO CONFIGURADA. HONORÁRIOS RECURSAIS. ART. 85, § 11, DO NCPC. DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DE 18/MAR/16. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 7/STJ. NÃO CABIMENTO. RECURSO INTERNO. NÃO CONHECIMENTO OU IMPROCEDÊNCIA. MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. ANÁLISE CASUÍSTICA. INOCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS, SEM EFEITOS INFRINGENTES. 1. Nos termos do Enunciado Administrativo nº 7/STJ, "Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC". 2. O mero não conhecimento ou improcedência de recurso interno não enseja a automática condenação na multa do art. 1.021, § 4º, do NCPC, devendo ser analisado caso a caso, sob pena de afronta ao próprio direito de petição, estabelecido no art. 5º, XXXIV, da CF. 3. Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão, sem efeitos infringentes. (EDcl no AgInt no REsp 1480859/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/04/2017, DJe 03/05/2017)
Por fim, no que tange à majoração dos honorários recursais, constata-se
que a Segunda Seção do STJ firmou entendimento de não ser cabível sua majoração no Documento: 84965742 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 4 Superior Tribunal de Justiça julgamento de agravo interno ou de embargos de declaração (cf. AgInt nos EREsp n. 1.539.725/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, julgado em 9/8/2017, DJe 19/10/2017).
Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno.
É como voto.
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