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SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS
CONSULPLAN
“Porque esse é o meu nome! Porque não posso ter outro em minha vida! Porque estaria mentindo e
assinando mentiras. Porque não valho a poeira dos pés daqueles que mandou enforcar! Eu já dei a
minha alma ao Senhor, deixe-me ficar com meu nome!”. A citação acima foi retirada da obra As
Bruxas de Salém, de Arthur Miller, que também foi tema de filme, lançado em 1996. O trecho em
questão, porém, também foi utilizado como argumentação em uma decisão judicial a favor da autora
que reclamava de atentado à honra.
A argumentação não só mostra como a Literatura ajuda a fundamentar a realidade, mas como o
próprio Direito se utiliza dessa ferramenta para interpretar a sociedade. Essa relação entre Direito e
Literatura pode ser analisada de três formas: o Direito na Literatura; o Direito da Literatura, que
trata dos direitos do autor ou de uma obra e de temas relacionados, como a liberdade de expressão;
e, ainda, a utilização de práticas da crítica literária para compreender e avaliar os direitos, as
instituições e procedimentos judiciais, o que seria o Direito como Literatura.
Esta última relação do Direito com a Literatura, como explica Vera Karam, professora da disciplina
de Direito e Literatura da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é o estudo
de temas jurídicos – e da própria realidade em que estão inseridos – com a ajuda das obras literárias.
“A Literatura surge como uma metáfora que o direito usa para tentar articular uma boa solução para
aquilo que é chamado a responder”, explica. [...]
“O aplicador do direito é constantemente demandado a dar respostas a conflitos concretos e
diversos, e a Literatura justamente abre um espaço de reflexão e de ação mais crítico, porque é mais
sensível às especificidades do humano”, aponta Vera.
“A Literatura amplia os horizontes, já que possibilita ao leitor experimentar, de um modo seguro,
situações que ele provavelmente jamais viveria. A boa literatura estimula a reflexão e desperta o
senso crítico”, complementa Lenio Streck, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e professor de
Pós-Graduação em Direito na Unisinos-RS.
Para Vera, além de trazer novas perspectivas aos operadores do Direito, a Literatura antecipa temas
relacionados ao universo jurídico. “A ficção literária tem essa riqueza, essa sutileza, essa
sensibilidade que permite que o Direito às vezes fique até mais bem preparado para o enfrentamento
de conflitos que seriam inimagináveis fora da ficção”, diz.
A linguagem, que no Direito encontra suas especificidades e na Literatura é registrada de maneira
mais diversa e livre, também é apontada pelos especialistas como um ponto-chave da interpretação
jurídica por meio das obras. “Olhando a operacionalidade, a realidade não nos toca, as ficções, sim.
Com isso, confundimos as ficções da realidade com a realidade das ficções. Ficamos endurecidos. A
Literatura pode ser mais do que isso. Faltam grandes narrativas no Direito, e a Literatura pode
humanizá-lo”, finaliza Streck.
(Katna Baran, especial para a Gazeta do Povo 21/03/2013. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/
vidapublica/ justica-direito/onde -o-direito-e-a-literatura-se-encontramb2yn714yocf2hz62cladr6p1q>Acesso em
janeiro de 2017. Adaptado.)
1) Em “a poeira dos pés daqueles que mandou enforcar!” (1º§) o termo destacado
indica, sintaticamente, a mesma função exercida pelo termo grifado em:
b) “o Direito da Literatura, que trata dos direitos do autor ou de uma obra [...]” (2º§)
c) “A Literatura surge como uma metáfora que o Direito usa para tentar articular uma boa solução
[...]” (3º§)
promover discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de decisões dos governantes e na
proliferação de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e exercendo a
cidadania de forma democrática no ciberespaço. [...]
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol do meio ambiente, com adaptação e
intermédio do novo padrão de democracia participativa fomentado pelas novas mídias, a fim de
enfrentar a gestão dos riscos ambientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, são
necessárias discussões aprofundadas sobre a complexidade ambiental, agregando a
interdisciplinaridade para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja
inúmeros desafios a percorrer com a utilização das tecnologias de comunicação e informação (novas
TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias é de suma importância, pois possibilita a expansão
da informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contribuindo, dessa forma,
para a proteção do meio ambiente.
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção do meio ambiente no ciberespaço. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/site/?n_link=
revista_artigos_leitura&artigo_id=13051& revista_caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
a) I e II.
b) I, III e IV
c) II e IV.
Mentes livres
Atualmente, já está muito claro que nossas experiências mentais estão sempre criando estruturas
cerebrais que facilitam a resposta rápida a futuras demandas semelhantes. O tema mais importante,
no entanto, não é que as estruturas se ampliem sempre, é a liberdade natural da mente, que opera
além das estruturas.
Um motorista não é seu carro, nem por onde circula. Ele tem a liberdade de deixar o carro e seguir
por outros meios e também de repensar seus trajetos. Ainda assim, se as estradas ficarem
bloqueadas ou o carro quebrar, ele terá dificuldade em andar a pé e usará o tempo arrumando o
3) À frente das frases citadas a seguir, está indicado o tipo de circunstância que elas
expressam no texto. A indicação está correta em
O coronel, que então morava já na cidade, tinha um compadre sitiante que ele estimava muito.
Quando um filho do compadre Zeferino ficava doente, ia para a casa do coronel, ficava morando ali
até ficar bom, o coronel é que arranjava médico, remédio, tudo.
Quase todos os meses o compadre pobre mandava um caixote de ovos para o coronel. Seu sítio era
retirado umas duas léguas de uma estaçãozinha da Leopoldina, e compadre Zeferino despachava o
caixote de ovos de lá, frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: CUIDADO É OVOS – e cada ovo era
enrolado em sua palha de milho com todo cuidado para não se quebrar na viagem. Mas, que o quê: a
maior parte quebrava com os solavancos do trem.
Os meninos filhos do coronel morriam de rir abrindo o caixote de presente do compadre Zeferino;
a mulher dele abanava a cabeça como quem diz: qual...Os meninos, com as mãos lambuzadas de clara
e gema, iam separando os ovos bons. O coronel, na cadeira de balanço, ficava sério; mas, reparando
bem, a gente via que ele às vezes sorria das risadas dos meninos e das bobagens que eles diziam: por
exemplo, um gritava para o outro – “cuidado, é ovos”!
Quando os meninos acabavam o serviço, o coronel perguntava:
– Quantos salvaram?
Os meninos diziam. Então ele se voltava para a mulher: “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos aqui
no Cachoeiro?” A mulher dizia. Então ele fazia um cálculo do frete que pagara, mais do carreto da
estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado:
– Até que os ovos do compadre Zeferino não estão me saindo muito caros desta vez. [...]
(BRAGA, R. O Compadre Pobre. In. BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 2013. Fragmento.)
b) III.
c) I e II.
d) II e III.
d) “E, mesmo assim, têm sido as famílias a instituição protetora dos mais novos!” (9º§)
Em março deste ano, cinco meses antes da imagem do corpo do menino Aylan Kurdi, de três anos,
estirado nas areias da praia de Bodrum dar um tapa na cara da humanidade, o Alto Comissário das
Nações Unidas para Refugiados, o português Antônio Guterres, classificou a guerra civil da Síria como
“a pior crise humanitária da nossa era" – ou pelo menos a mais grave pós‐Segunda Guerra. Em quatro
anos e meio, o conflito insano que destruiu o país árabe deixou mais de 250.000 mortos e espalhou 4
milhões de refugiados pelo mundo – 25% deles menores de idade. Do grupo que arriscou cruzar o
Atlântico rumo às Américas, a maioria desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na
região metropolitana de São Paulo. No Brasil, o primeiro destino foi bater à porta da mesquita de
Guarulhos, a 10 quilômetros de onde aterrissaram, em busca de abrigo.
Foi esse o caminho percorrido no ano passado por Marah Khamis, de 23 anos, ao lado do marido,
dos pais e de três irmãs, que deixaram Damasco depois que um familiar desenvolveu um câncer em
consequência de uma bomba química. Os bens foram convertidos em passagens aéreas para o Brasil.
Desembarcaram com poucas malas e economias suficientes para algumas semanas. O único endereço
em mente era a mesquita de Guarulhos, onde foram acolhidos e se juntaram a cerca de 150
conterrâneos que seguiram o mesmo itinerário – hoje, o país contabiliza 2.077 refugiados sírios,
segundo a ONU.
Uma tragédia também foi o motivo que trouxe ao Brasil a síria Fateh Saymeh, de 29 anos, o
marido, Mohamed Saymeh, e as duas filhas de cinco anos. “Minha casa explodiu na minha frente",
lembra Fateh, de fala calma e serena ante as memórias da guerra. A indignação fica por conta do
marido, que assumiu uma dura rotina para sustentar a família. Saymeh é funcionário de um
restaurante das 9h às 18h, o que lhe rende 1.000 reais por mês – dinheiro que tem como destino o
aluguel da casa. Para complementar a renda, ele trabalha na Feira da Madrugada, no Brás. Embora
ainda não consiga se comunicar em português, ele já aprendeu a pronunciar as únicas palavras que
definem sua realidade – e a de milhares de brasileiros: “Muito cansado".
c) “No Brasil, o primeiro destino foi bater à porta da mesquita de Guarulhos, [...]" (1º§)
d) “[...] o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, o português Antônio Guterres, classificou
a guerra civil da Síria [...]" (1º§)
Todo escritor é útil ou nocivo, um dos dois. É nocivo se escreve coisas inúteis, se deforma ou
falsifica (mesmo inconscientemente) para obter um efeito ou um escândalo; se se conforma sem
convicção a opiniões nas quais não acredita. É útil se acrescenta à lucidez do leitor, livra-o da timidez
ou dos preconceitos, faz com que veja e sinta o que não teria visto nem sentido sem ele. Se meus
livros são lidos e atingem uma pessoa, uma única, e lhe trazem uma ajuda qualquer, ainda que por
um momento, considero-me útil. E como acredito na duração infinita de todas as pulsões, como tudo
prossegue e se reencontra sob uma outra forma, essa utilidade pode estender-se bastante longe no
tempo.
Um livro pode dormir cinquenta anos ou dois mil anos, em um canto de biblioteca, e de repente
eu o abro, e nele descubro maravilhas ou abismos, uma linha que me parece ter sido escrita apenas
para mim. O escritor, nisso, não difere do ser humano em geral: tudo o que dizemos, tudo o que
fazemos se conduz mais ou menos. É preciso tentar deixar atrás de nós um mundo um pouco mais
limpo, um pouco mais belo do que era, mesmo que esse mundo seja apenas um quintal ou uma
cozinha.
(Marguerite Yourcenar. De olhos abertos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.)
b) entre as quatro ocorrências podem ser identificadas apenas duas funções distintas do “se”.
c) a primeira ocorrência pode ser substituída por “já que”, sem que haja alteração quanto ao sentido.
d) as duas últimas ocorrências representam ênfase quanto à condição para que haja nocividade no
trabalho do escritor.
O rápido e significativo crescimento das cidades brasileiras, nas últimas seis décadas, ocasionou três
fenômenos de grande relevância:
• transição de um país predominantemente rural para o patamar atual onde aproximadamente 80%
da população passa a residir em áreas urbanas;
• triplicação da população ao longo deste mesmo período;
• crescimento da frota de veículos, a partir do desenvolvimento industrial com foco na indústria
automobilística.
questão indiscutível, exigindo atuação e colaboração entre os diferentes setores de governo e ação
integrada nos três níveis de poder, sob pena de não alcançar a desejada inclusão social com
qualidade de vida nas cidades.
A experiência mundial aponta para a importância dos sistemas sobre trilhos como uma solução
eficiente para estruturação das redes de transporte urbano nas médias e grandes cidades. O setor
metro ferroviário é capaz de proporcionar impactos muito relevantes e positivos sobre os aspectos
anteriormente mencionados. Ao mesmo tempo, exige vultosos investimentos para sua implantação e
expansão, tornando imprescindível o apoio da União, em conjunto com os poderes locais, num
planejamento mais amplo e consistente de priorização de investimentos no setor.
(Disponível em: http://www.cbtu.gov.br/estudos/evol_inst/evolucao.pdf.)
a) “questão” (2º§).
b) “inclusão” (2º§).
c) “experiência” (3º§).
d) “planejamento” (3º§).
CONSULPLAN/2014/MAPA/Administrador
As verdades da razão
Raciocinar não é algo que aprendemos na solidão, mas algo que inventamos ao nos comunicar
e nos confrontar com os semelhantes: toda razão é fundamentalmente conversação. “Conversar” não
é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando. Só se conversa - sobretudo só se
discute - entre iguais. Por isso o hábito filosófico de raciocinar nasce na Grécia, junto com as
instituições políticas da democracia. Ninguém pode discutir com Assurbanipal ou com Nero, e
ninguém pode conversar abertamente em uma sociedade em que existem castas sociais inamovíveis.
[...] Afinal de contas, a disposição a filosofar consiste em decidir-se a tratar os outros como se
também fossem filósofos: oferecendo-lhes razões, ouvindo as deles e construindo a verdade, sempre
em dúvida, a partir do encontro entre umas e outras.
[...]Oferecemos nossa opinião aos outros para que a debatam e por sua vez a aceitem ou
refutem, não simplesmente para que saibam “onde estamos e quem somos”. E é claro que nem todas
as opiniões são igualmente válidas: valem mais as que têm melhores argumentos a seu favor e as que
melhor resistem à prova de fogo do debate com as objeções que lhe sejam colocadas.
[... ]A razão não está situada como um árbitro semidivino acima de nós para resolver nossas
disputas; ela funciona dentro de nós e entre nós. Não só temos que ser capazes de exercer a razão em
nossas argumentações como também - e isso é muito importante e, talvez, mais difícil ainda -
devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões, venham de quem
vierem. [...] A partir da perspectiva racionalista, a verdade buscada é sempre resultado, não ponto de
partida: e essa busca incluía conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. Não como
afirmação da própria subjetividade, mas como caminho para alcançar uma verdade objetiva através
das múltiplas subjetividades.
(Fernando Savater. “As verdades da razão”. In: As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001.)
d) “‘Conversar’ não é o mesmo que ouvir sermões ou atender a vozes de comando.” (1º§)
CONSULPLAN/2014/MAPA/Agente Administrativo
Campanha da ONU tenta mudar estereótipos femininos que se propagam em sistemas de buscas
na internet.
Dessa os internautas de língua portuguesa escaparam por pouco. O órgão das Nações Unidas
para a igualdade de gênero lançou campanha mundial em novembro deste 2013 contra o machismo
entranhado nos sistemas de busca da internet. O preenchimento automático do Google sugere ao
usuário uma lista dos termos mais procurados ligados aos termos digitados.
Ao digitar “women shouldn’t” (mulheres não devem) no campo de pesquisa, o
publicitário Christopher Hunt (diretor de arte da agência Ogilvy & Mather, em Dubai, nos Emirados
Árabes) percebeu que a ferramenta autocompletar frases sugeria construções como “mulheres não
devem trabalhar”, “ter direitos”, “votar”, “falar na igreja”, “serem dignas de confiança” ou como
“mulheres precisam ser disciplinadas”. A busca pela mesma expressão, com a palavra “homem”
como sujeito, traz resultados bem diferentes: “homem não deve chorar”, “ser bonzinho” etc.
Em português, a expressão “mulheres não devem” não enumera sugestões sexistas ao Google, ao
menos nas buscas mais populares no Brasil. Os estereótipos emergem, na verdade, quando o termo
pesquisado é “mulherada”.
(Língua Portuguesa, Dez/2013.)
10) De acordo com o texto, a expressão “mulheres não devem” era autocompletada
com expressões prontas. A respeito dos complementos, é correto afirmar que
“trabalhar” e “votar” constituem:
a) complementos nominais exigidos pelo verbo dever.
11) Assinale a palavra que, no texto, desempenhe função sintática idêntica à de marca (L.
27).
a) amor (L. 26)
d) caro (L. 9)
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a
diabetes.
Todos os dias deve‐se tomar ao menos dois litros de água. E uriná‐los, o que consome o dobro do
tempo.
Todos os dias deve‐se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas
que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto
também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro
bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e
tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve‐se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um
pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar
pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes
depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental,
massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e
aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai
passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são
vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três
horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência
própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente,
o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve‐se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as
informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo,
inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não
tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo,
tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos
junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos,
uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!
c) No fragmento “Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.” (5º§), o
conector “mas” estabelece relação semântica de adversidade e pode ser substituído pelo termo
“porquanto”, sem alteração semântica.
d) No trecho “Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som,
porque (...) você vai passar ali várias horas por dia.” (8º§), o termo “inclusive” tem a função de
introduzir uma retificação relacionada à informação anteriormente apresentada no texto. No
contexto, pode ser substituído pelo “aliás”, sem mudança semântica.
Conversa de grego
Tinha recebido pequena herança de uma tia. Queria aplicar o dinheiro numa atividade que lhe
desse algum lucro, porém, mais que lucro, satisfação intelectual. Descartou a ideia de abrir uma
banca de jornal. Jornaleiro tem que acordar de madrugada. Queria coisa mais suave. Foi pedir
conselho a um amigo. Ainda há pessoas que acreditam em conselhos. O amigo era criativo.
– Abra um curso de grego. Todo mundo está abrindo cursos de línguas. Inglês, espanhol... Hoje,
com o Mercosul, são comuns jogos de futebol contra a Argentina, o Uruguai, o Chile, o espanhol está
em alta. Não se admite mais o portunhol de antes. O negócio de hoje é abrir um curso de espanhol.
Inglês também, é claro. Atualmente até para comer um sanduíche é preciso saber inglês. McDonald’s,
Coca, Blue Life... Não se diz mais apartamento. É loft. Daqui a uns vinte anos, quando o Brasil tiver
liquidado sua dívida externa, as relações pessoais com o resto do mundo serão feitas no idioma de
Cervantes, de Carlos Gardel e, claro, na língua do Clinton... Entendeu?
– Não.
– É simples. É preciso alargar os horizontes. É a razão por que em qualquer esquina da cidade
surgem placas de cursos de línguas. Você tem que ser esperto... Entendeu?
– Ainda não.
– Serei mais objetivo. A cidade está saturada de cursos de inglês e de espanhol... Percebe?
– Percebo.
– Muito bem. Agora me diga: quantos cursos de grego você conhece na cidade?
– Bem...
– Taí. Nenhum... Nem um, cara. O que existe é escola de inglês, de espanhol, de informática...
Até de ikebana. Mas de grego, rapaz, não existe. Então é isso. Você tem que aproveitar as brechas que
o mercado oferece. Abra um curso de grego.
– Mas...
– Não tem mas. Já pensou formar classes de alunos interessados em ler Xenofonte no original?
O problema do Brasil é que todo mundo quer ir pelo caminho mais fácil. O sujeito abre uma pizzaria,
no mês seguinte outros doze cidadãos resolvem abrir o mesmo tipo de negócio na mesma rua. Desse
jeito é claro que não vai dar certo... Veja o caso da comida por quilo. Está arruinando com o negócio
do prato feito. O tradicional prato feito elaborado com carinho, artesanalmente, cada bar com seu
tempero peculiar... Hoje o prato feito está indo pro brejo. Só tem comida por quilo. O mercado vai
acabar saturado de comida por quilo. Escute o que lhe digo: daqui a cinquenta anos, ou um pouco
mais, quando o Brasil tiver se safado da dívida externa, ninguém vai poder nem olhar comida por
quilo... Entendeu?
– Hum...
– Vou explicar melhor, Anaxágoras. Teu pai não era comandante da marinha mercante grega?
– Foi.
– E tua genitora? Nasceu onde?
– Em Chipre.
– Era cipriota. Eu sabia. Perguntei por perguntar. Veja bem. Teu pai era comandante de navio
grego, tua mãe era cipriota, você se chama Anaxágoras, passou a infância ouvindo os pais falando
grego. Cursou a universidade... Que curso você fez na faculdade?
– Grego, ué. Você sabe disso...
– Aí é que está. Você tem tudo para abrir um curso de grego.
– Você acha que há alguém disposto a aprender grego? Qual a utilidade prática? Inglês vá lá...
Até jogador do Palmeiras precisa disso para disputar a taça Toyota...
– Taça Mitsubishi.
– Mitsubishi, Honda, tanto faz... Tem o torneio Mercosul...
– Mercosur.
– Tanto faz. Mas, grego? Nem sei se a Grécia tem time de futebol.
– Claro que tem. Mas não estamos falando de futebol. As pessoas precisam alargar seus
horizontes culturais.
Quantas pessoas sabem quem foi Alexandre, o Grande? A vida de Alexandre é uma novela.
Novela – você entendeu o que quero dizer? No‐ve‐la. Já imaginou emplacar uma novela grega na TV?
Quem dominou o mundo? Quem chegou a Roma e a Cartago? Quem atravessou as Colunas de
Hércules? Os gregos mudaram a face do mundo, rapaz. Ainda hoje, quando se quer falar que uma
mulher é de fechar o comércio, o que se diz?
– Que é boazuda.
– Isso quem fala é a ralé. Gente educada diz: “É uma mulher de beleza helênica”. As pessoas
ainda têm muito o que aprender com Tucídides, com o general Brásidas, com o cerco de Esfactéria,
com a guerra do Peloponeso... A Grécia dá samba, amigo. Infelizmente, as pessoas estão sendo
induzidas a se entreter com histórias de macarronada, de amores entre fazendeiros e mucamas... Vá
por mim, Anaxágoras. Abra um curso de grego. Você vai faturar uma nota. Daqui a cem anos, quando
o Brasil...
– ... zerar a dívida externa...
– Exato. O grego vai voltar a ter a importância cultural do passado. Mas alguém tem que iniciar
o processo. Entendeu?
– Entendi...
– Então o próximo passo é bolar o nome da escola. Que tal Ágora? Ágora era a praça onde os
gregos discutiam filosofia. Me parece um bom nome para um curso de grego. Gostou da ideia?
– Não é ruim. Apenas precisa de uns ajustes técnicos...
Três meses depois Anaxágoras inaugurava o Ágora, um restaurante especializado em delivery
de prato‐feito grego.
(DIAFÉRIA, Lourenço. Conversa de grego. In.: PINTO, Manuel da Costa. Crônica brasileira contemporânea. São Paulo:
Moderna, 2008. p. 52‐56.)
Refletir
[...] Consumir é quase um vício atualmente. Claro que não estamos falando dos produtos
indispensáveis do dia a dia, mas de objetos que compramos por simples impulso, condicionados pela
vontade de consumir – os chamados produtos supérfluos.
Um dos problemas dessa atitude consumista é seu impacto ambiental, que na maioria das
vezes nem percebemos. Qualquer item comprado em uma loja ou supermercado exige recursos para
ser produzido – como água e energia – além de gerar resíduos que devem ser tratados e eliminados:
sobras de matérias‐primas, embalagens etc. Portanto, toda vez que decidimos comprar alguma coisa,
é bom pensar que estaremos automaticamente aumentando a quantidade de lixo no ambiente e os
problemas decorrentes de seu acúmulo.
Para muita gente, no entanto, ser consumista não parece ser um defeito. Pelo contrário, parece
que se dá mais valor a quem possui a maior quantidade de bens. Mas será que isso é mesmo verdade?
Só pelo fato de possuir mais bens uma pessoa deve ser mais valorizada?
A oferta de bens é muito maior atualmente do que no passado, mas isso não significa que
nossas necessidades tenham aumentado na mesma proporção. Claro que muitos desses produtos
facilitam a vida, mas é preciso avaliar com cuidado o que de fato é importante para a gente.
(MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa – 10. ed. – São Paulo: Saraiva, 2009. p. 373 )
Em “Hagar, você já pensou no que poderia realizar...”, o “que” possui a mesma função sintática vista no
termo destacado em:
a) Seu chefe felicitou‐a.
b) Puxou‐me para a escada.
c) O homem estendeu‐me a mão.
d) Não soube quem cumprimentar primeiro.
Degraus da ilusão
Fala‐se muito na ascensão das classes menos favorecidas, formando uma “nova classe média”,
realizada por degraus que levam a outro patamar social e econômico (cultural, não ouço falar). Em
teoria, seria um grande passo para reduzir a catastrófica desigualdade que aqui reina.
Porém receio que, do modo como está se realizando, seja uma ilusão que pode acabar em
sérios problemas para quem mereceria coisa melhor. Todos desejam uma vida digna para os
despossuídos, boa escolaridade para os iletrados, serviços públicos ótimos para a população inteira,
isto é, educação, saúde, transporte, energia elétrica, segurança, água, e tudo de que precisam
cidadãos decentes.
Porém, o que vejo são multidões consumindo, estimuladas a consumir como se isso
constituísse um bem em si e promovesse real crescimento do país. Compramos com os juros mais
altos do mundo, pagamos os impostos mais altos do mundo e temos os serviços (saúde, comunicação,
energia, transportes e outros) entre os piores do mundo. Mas palavras de ordem nos impelem a
comprar, autoridades nos pedem para consumir, somos convocados a adquirir o supérfluo, até o
danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas ou em nossas péssimas estradas.
Além disso, a inadimplência cresce de maneira preocupante, levando famílias que compraram
seu carrinho a não ter como pagar a gasolina para tirar seu novo tesouro do pátio no fim de semana.
Tesouro esse que logo vão perder, pois há meses não conseguem pagar as prestações que ainda se
estendem por anos.
Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira
impiedosa, até cruel. Em lugar de instruírem, esclarecerem, formarem uma opinião sensata e
positiva, tomam novas medidas para que esse consumo insensato continue crescendo – e, como
somos alienados e pouco informados, tocamos a comprar.
Sou de uma classe média em que a gente crescia com quatro ensinamentos básicos: ter seu
diploma, ter sua casinha, ter sua poupança e trabalhar firme para manter e, quem sabe, expandir isso.
Para garantir uma velhice independente de ajuda de filhos ou de estranhos; para deixar aos filhos
algo com que pudessem começar a própria vida com dignidade.
GABARITO
11 - C 12 - B 13 - B 14 - C 15 - D
16 - D 17 - C 18 - A 19 - A